Memórias de uma identidade:
Folia de Reis de Paracatu
de Baixo
Trabalho apresentado ao Estágio
Supervisionado do curso de História na
Universidade Federal de Ouro Preto
pela discente
Diana Costa Poepcke.
Apresentação
Esse livreto é o produto final da disciplina Estágio Supervisionado, do curso
de História, da Universidade Federal de Ouro Preto. O estágio foi realizado na
Escola Municipal de Paracatu de Baixo, subdistrito de Monsenhor Horta,
município de Mariana, Minas Gerais.
A intenção deste consiste em realizar uma pesquisa por meio de fontes orais
sobre uma identidade local. O tema escolhido foi a Folia de Reis de Paracatu
de Baixo. A partir de um questionário elaborado em conjunto
com os alunos, eles entrevistaram pessoas que fazem ou
fizeram parte da Folia e os que a conhecem
externamente.
Tal método foi escolhido pela crença em que as fontes orais constituem um
meio para a permanência das tradições culturais. A Folia é uma tradição
um tanto quanto importante e que não pode cair no simples
esquecimento, é necessário incentivar a interação dos jovens e crianças
com esse tipo de costumes, pois eles que darão continuidade a mesma.
Na introdução daremos seguimento a uma definição básica de Folia de Reis
no âmbito geral e depois especificaremos as características
da Folia de Reis de Paracatu de Baixo que
conseguimos a partir das entrevistas.
Introdução
Inicialmente vamos caracterizar como funciona uma Folia de Reis e depois
especificaremos as características peculiares da Folia de Paracatu de Baixo.
A Folia de Reis tem como intenção reproduzir e relembrar a viagem dos Magos
à Belém quando foram encontrar o Menino Jesus. Geralmente os foliões partem
no Natal e retornam no dia dos Reis. O horário mais tradicional da saída
Folia é a meia noite em virtude de ter sido o momento em que os Três
Reis Magos teriam recebido o tão misterioso
aviso.
da
Usualmente a folia é organizada em conseqüência de uma
promessa e, para cumpri-la, a folia tem que sair por sete anos.
Para compor uma folia precisamos de cantores, músicos e
dançarinos. Temos também o mestre, o contramestre e os alferes
que também são chamados de alferes da bandeira, ou
bandeirista, ou bandeireiro. Não se pode esquecer dos palhaços,
que são a representação dos que tentaram atrapalhar a chegada
dos Magos até Jesus.
A história da Folia contada por
quem já fez, por quem faz parte e
pelos que cresceram
acompanhando-a.
Segundo as entrevistas os organizadores da Folia de Reis de Paracatu
de baixo são: João Antônio, Antônio Alexandre, José Patrocínio (Zezinho),
José Marcelino, José Batista e Alfredo. Porém na entrevista do Zézinho é
citado o nome de Antônio João que provavelmente deve ter sido mestre
antes de Zezinho já que a Folia foi fundada a muitos anos atrás. Ao
perguntarmos sobre quanto tempo tem a Folia apareceram variadas datas.
Uns responderam 70 anos, outros 45, 48 ou 35 anos. Isso acontece pois a
Folia é muito antiga e a idade dos entrevistados é diferente
o que influencia na percepção de tempo de cada um já
que não tem um material completo sobre a
Folia, pois ela se permanece até os
dias de hoje por tradição que é
passada de pai para filho.
Ao perguntarmos a respeito do dia que a Folia sai tivemos uma variação
de resultados entre os dias 24 e 26 de dezembro, porém foi unanime a
informação de que a Folia retorna no dia 6 de dezembro. Todos também
falaram que o homenageado é o Menino Jesus.
A Folia, em seu percurso, passa por Monsenhor Horta, Águas Claras,
Paracatu de Cima, Cuiabaé, Furquim, Ribeirão do Carmo, Pedras Borba,
Chaves, Cachoeira do Brumado, Bandeirantes, Campinas, Ponte do Gama
e Castro. As vezes, vai até Mariana quando são chamados
para alguma festa.
Como instrumentos disseram o violão, o
pandeiro, a sanfona, reco-reco, bumbo
e triangulo.
Ao questionar os nomes dos que já fizeram parte da Folia tivemos os
nomes: Antônio Lisboa, Antônio Henrique, Adão Geraldo, Nilo Geraldo,
Antônio Esquinal, Viviano, Zezinho, Nestor, Nié, Lisboa, João Eloi, José
Valdecir, Antonio Vicente, Alfredo, José Teodoro, Afonso de Bela, José
Bernardo, José de Sena, João Caetano e Elias Geraldo.
Já ao questionarmos os nomes de quem faz parte atualmente da Folia
citaram: Romário, Junior, Arlei, José, Elias, Garcya, João Eloi, Antônio,
Alan, Nestor, José Bernardo, Matheus, Nié, Antonio Ramos,
Romário, Maurício, Antônio José, Joel, Antônio
Geraldo, José Geraldo, Mário e José Patrocínio.
Podemos ver que alguns nomes se
repetiram nas duas listas.
Isso se dá novamente por entrevistarmos pessoas de idades
diferentes que provavelmente acompanharam e se lembram da
Folia em épocas diferentes.
Pedimos, também, aos entrevistados que falasse uma música da
Folia se caso lembrassem e o José Valdecir da Paixão nos trouxe
uma:
Nesta casa cheira rosa,
E dentro dela tem roseira,
E que Deus lhe pague a boa esmola.
Deus lhe pague a boa esmola
E dentro dela tem roseira...
Para finalizar essa pequena história sobre a Folia de Paracatu de Baixo,
a Maria Geralda Oliveira Silva escreveu um breve texto contando o que
conhece da Folia.
Folia de reis de Paracatu de Baixo
Maria Geralda Oliveira Silva
A Folia de Reis de Paracatu de Baixo foi fundada em 1961, trazendo o
Menino Jesus como homenageado, antes tinha líderes, mas já se foram,
agora o novo líder é José Patrocínio (Zezinho).
A Folia de Reis vem trazendo também o palhaço que é para animar não
só as crianças, mas os adultos também.
Todo mês de setembro tem festa homenageando o Menino Jesus.
No sábado há fogueiras, levantamento do mastro,
celebração, leilões é claro, sem som na praça fica sem
graça.
No domingo há missa, procissão com o
Menino Jesus, sorvetes, muita música.
A comunidade de Paracatu convida folias e congados vizinhos,
havendo também banquete na casa do Senhor José Patrocínio
(Zezinho).
A Folia de reis de Paracatu de Baixo sai dia 24 de dezembro para
comunidades vizinhas, dando uma parada no dia 30 de dezembro
para 1º de janeiro, para fazer um momento de oração e retorna
para casa no dia 6 de janeiro, comemorando o dia de Santos Reis.
Entrevistados:
José Valdecir Paixão
Antônio Geraldo de oliveira
José Geraldo Teixeira
Maria Geralda Oliveira Silva
José Patrocinio de Oliveira
João Elói
As entrevistas se sucederam no período de 29
de setembro até 6 de outubro.
Entrevistadores
Andréia, Cátia, Janaína, Larissa, Leandro, Lídia,
Lidiana, Fabrícia e Michelle.
Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, à Escola Municipal de Paracatu de
Baixo por terem me recebido tão bem, a todos os
funcionários e principalmente à professora Cibele pela sua
ajuda, paciência e simpatia.
E logicamente agradeço aos alunos por terem colaborado
com o material para esse livro que, sem eles, não seria
possível a realização desse material.
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Folia de Reis de Paracatu de Baixo