FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS – FGV ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO – EESP UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIRÓZ” – ESALQ EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA AUGUSTO GOMES DE CASTRO JUNIOR BIODIESEL DO DENDÊ: um estudo de viabilidade econômico-financeira no estado do Pará SÃO PAULO 2012 AUGUSTO GOMES DE CASTRO JUNIOR BIODIESEL DO DENDÊ: um estudo de viabilidade econômico-financeira no Estado do Pará Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA e Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz” - ESALQ/USP, como requisito para obtenção do título de Mestre em Agroenergia. Campo de conhecimento: Agroenergia Orientador: Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad SÃO PAULO 2012 Castro Junior, Augusto Gomes de. Biodiesel do Dendê: um estudo de viabilidade econômico-financeira no Estado do Pará / Augsuto Gomes de Castro Junior – 2012 137f. Orientador: Eduardo Delgado Assad Dissertação (MPAGRO) - Escola de Economia de São Paulo. 1. Biocombustíveis. 2. Óleos vegetais como combustível. 3. Óleo de palma. 4. Dendê. 5. Agricultura familiar - Pará. 6. Usinas - Pará. I. Assad, Eduardo Delgado. II. Dissertação (MPAGRO) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título. CDU 620.95(811.5) AUGUSTO GOMES DE CASTRO JUNIOR BIODIESEL DO DENDÊ: um estudo de viabilidade econômico-financeira no estado do Pará Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA e Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiroz” - ESALQ/USP, como requisito para obtenção do título de Mestre em Agroenergia. Campo de conhecimento: Agroenergia Data de aprovação: _____/_____/_____ Banca examinadora: __________________________________ Orientador: Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad Embrapa __________________________________ Prof. Dr. Angelo Costa Gurgel FGV __________________________________ Dr. Edson Barcelos Biopalma 2012 “Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda.” Paulo Freire AGRADECIMENTOS Primeiramente, quero agradecer a Deus pela oportunidade de concluir mais esta etapa de crescimento pessoal, que é a conclusão desta dissertação do Mestrado Profissional. Aos meus pais, Augusto e Osmarina, primeiramente pela vida, para poder buscar as oportunidades ao longo desta incrível e longa caminhada até os dias atuais em que realizei muitos sonhos e conquistas, as quais sempre acreditei que eram possíveis de serem atingidas. Simplesmente quero dizer muito obrigado! À minha esposa Elizabeth, pelo apoio incondicional ao longo de todos este anos para o meu desenvolvimento pessoal e profissional. Aos meus filhos Lucas e Beatriz deixo a mensagem que a educação é a chave para o sucesso e o passaporte para o futuro, portanto, nunca deixem de investir na sua educação. Ao meu amigo Prof. Dr. Carlos Eduardo Ferreira Coelho, pelo incentivo para fazer o Mestrado Profissional e pelo apoio nos momentos mais difíceis desta jornada, e a todos aqueles que, diretamente e indiretamente, contribuíram para a realização deste projeto. Ao meu orientador Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad e Dr. Edson Barcelos da Silva por serem fundamentais para a realização desta dissertação. Foi uma honra muito grande ter a oportunidade ver verdadeiros Mestres, cada um no seu campo de atuação, apontando os caminhos e corrigindo as rotas, muito atentos, gentis e sempre presentes, e sempre permitindo o desenvolvimento do trabalho de forma assertiva e produtiva. Aos professores membros da Banca de Avaliação, Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad, Prof. Dr. Angelo Costa Gurgel, Dr. Edson Barcelos da Silva, por sua dedicação, trabalho incansável de contribuição com o desenvolvimento da atividade acadêmica e científica do Brasil, visando valorizar a educação, a ciência como fonte do conhecimento, desenvolvimento econômico e social sustentável para contribuir com as futuras gerações de brasileiros. Aos colegas do curso de mestrado profissional em Agroenergia, representados pelos integrantes do grupo mais permanente formado por Nilton, Omar, Marcelo Avanci, Fernando Vicente, Fernanda Vicente, Luis Person, Tathiana, pelo companheirismo, apoio nas horas difíceis e longas horas de estudos em grupo, registro aqui meu muito obrigado a todos vocês. Aos amigos Alexandre de Angelism, da FGV, Murilo Vianna, Dr. Wanderlei Lima, da Embrapa Ocidental e Thiago Zorzenoni, da Dedini, que gentilmente me auxiliaram de todas as formas possíveis para a realização desta pesquisa. Fico muito agradecido por todas as contribuições recebidas, apoio prestado e profissionalismo. Um grande abraço a todos! “Um país se faz com homens e livros.” Monteiro Lobato RESUMO O objetivo deste estudo é analisar três modelos de operação de uma usina de extração de óleo de palma, de óleo de palmiste, e de biodiesel, respectivamente, em conjunto com a produção de dendê pela agricultura familiar, visando o fornecimento exclusivo de matéria-prima para a indústria através da parceria com Programa Nacional da Agricultura Familiar. O projeto consiste na construção de uma usina de grande porte, a partir de investimentos de fontes públicas e privadas voltados à construção do complexo industrial e ao financiamento da implantação do cultivo de dendê pelos agricultores. Foram construídos quatro cenários, onde foram analisados os indicadores de performance econômico-financeira de avaliação do arranjo produtivo da indústria e da parte agrícola. Esses cenários visam a tomada de decisões de investimentos, através da utilização dos indicadores econômicofinanceiros clássicos para avaliação da viabilidade do dendê como matéria-prima para o complexo industrial da usina. Entre os indicadores utilizados neste trabalho podemos citar como principais: o VPL (Valor Presente Líquido) e a TIR (Taxa Interna de Retorno), e indicadores secundários utilizados como suporte para as análises, tais como Payback Descontado, TIRM (Taxa Interna de Retorno Modificada), dentre outros. Além de indicadores sociais, como geração de renda para as famílias de agricultores, com o objetivo principal de criar valor monetário, gerar emprego e renda e pagar os recursos dos investidores púbicos. A implantação do dendezal está fundamentada no Zoneamento Agroecológico do dendê e será executada em áreas degradas por pastagens para garantir a sustentabilidade, contribuir para a recuperação ambiental através do sequestro de carbono e diminuir a pressão sobre as florestas nativas. Consequentemente, espera-se que o projeto contribua para evitar o avanço do desmatamento na região da Amazônia legal. Para tanto, foram realizadas visitas às plantações de dendê e à usina da Biopalma. Também foram realizadas visitas à Embrapa Ocidental na cidade de Manaus e Embrapa na Cidade de Campinas. Foi proposto um modelo de análise econômica financeira baseado em implantação de uma usina de grande porte para a produção de Biodiesel no Estado do Pará. O estudo apresentou, dentre suas limitações, o fato de ser complexo e amplo. A inexistência de projetos de usina grande envergadura totalmente implantados e funcionando com emprego de tecnologia e capital intensivo, como também a impossibilidade de se realizar esta pesquisa de amplo espectro sem um número consideravelmente maior de organizações envolvidas. Como resultado, os indicadores economicos analisados mostram que há viabilidade do projeto em três dos quatro cenários construídos, demonstrando que o capital dos investidores públicos, privados e do agricultor familiar serão remunerados utilizando às taxas de juros, prazos, condições do mercado de capitais. O objetivo é atrair investimentos para a produção de biodiesel, implantação de empreendimentos agrícolas, indústriais, geração emprego e renda para Agricultura Familiar na cadeia produtiva do dendê. Palavras-chave: Biocombustíveis; Viabilidade econômico-financeira; Geração de renda; Agricultura familiar. ABSTRACT The goal of this study is to analyze three operational models of an extraction plant of palm oil, palm kernel oil and biodiesel, respectively, together with palm oil production by family agriculture looking forward the exclusive supply of raw material to the industry through a partnership established by the National Program of Family Agriculture (“Programa Nacional da Agricultura Familiar”). The project consists in the construction of a large-scale production plant financed with public and private investments applied in the construction of an industrial complex and in the funding of the implementation of cultivation of palm oil by the farmers. Four scenarios were constructed, in which were evaluated economic performance indicators of the financial assessment of the productive arrangement and the agricultural industry. These scenarios aim the investment decision making through the use of classic economic indicators to assess the viability of palm oil as a raw material for the plant’s industrial complex. Among the indicators used in the work we can cite as main NPV (Net Present Value) and IRR (Internal Rate of Return), and as secondary indicators, used as support for the analyzes, indicators such as Discounted Payback, MIRR (Modified Internal Rate of Return) among others. Besides social indicators like potential of income generation for the farmers families, with the main objective of creating monetary value, generate employments, income and payment of public investor’s resources applied. The implementation of palm oil culture is based on the Agroecological Zoning of the Palm and will be implemented in areas degraded by grazing to ensure sustainability to contribute to the environmental recovery through carbon sequestration, and to reduce the pressure on native forests. Consequently, the project is expected to contribute to prevent the advance of deforestation in the Legal Amazon region. In order to do so, visits were carried out to palm oil plantation and to Biopalma plant. Also visits were carried out to Western Embrapa, located in the city of Manaus, and Embrapa located in the city of Campinas. An economic analysis model, based on the implementation of a Biodiesel large scale production plant, located in the State of Pará, was proposed. Among its limitations, the study could classify its complexity and broadness; the inexistence of available large-scale plant projects fully implemented and operating with the use of technology and intensive capital; and also the inability to conduct this research in a broad spectrum without considerably larger number of organizations involved. As result, the economic indicators show that there is analyzed viability of the project in three of the four scenarios constructed, demonstrating that the equity investor public, private and family farmers will be paid using interest rates, terms, conditions of capital markets. The goal is to attract investments for the production of biodiesel, implementation of agricultural enterprises, industrial, employment and income generation for Family Farming in the supply chain of palm oil. Key words: Biofuels; Economic Viability; Income Generation; Family Agriculture. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Cadeia produtiva do óleo de palma. ....................................................... 48 Figura 2 – Rotas Etílica e Metílica para Produção de Biodiesel .............................. 51 Figura 3 – Bases de Distribuição da Petrobrás no Brasil. ....................................... 69 Figura 4 – Área degradada na Amazônia Legal por Atividade Antrópica. ............... 75 Figura 5 – Ilustração do sistema radicular e foliar de uma planta de Dendê. .......... 77 Figura 6 – Mapa da Amazônia Legal. ...................................................................... 80 Figura 7 – Zoneamento Agroecológico da Cultura da Palma de Óleo nas Áreas Desmatadas Amazônia Legal – Estado do Pará – Nível de Manejo B. ............................................................................................... 83 Figura 8 – Zoneamento Agroecológico da Cultura da Palma de Óleo nas Áreas Desmatadas Amazônia Legal – Estado do Pará – Nível de Manejo C. ............................................................................................... 84 Figura 9 – Mapa de Localização de Usinas e Malha Viária Estado do Pará. .......... 91 Figura 10 – Meso Região Metropolitana de Bélem. ................................................ 92 Figura 11 – Municípios Área Potencial ZAE Dendê – Manejo C – Pará.................. 96 Figura 12 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Moju. ...................................................................................... 97 Figura 13 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Tomé-Açu............................................................................... 98 Figura 14 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Acará. ..................................................................................... 99 Figura 15 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Concórdia do Pará. .............................................................. 100 Figura 16 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Tailândia............................................................................... 101 Figura 17 – Ranking dos Municípios cruzamento de variáveis estradas, áreas degradadas por pastagem e áreas potenciais. .................................................................................. 102 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Índice de Preços Alimentos .................................................................. 26 Gráfico 2 – Preços Óleo de Soja como uma função do Preço de Óleo de Soja Usado para a Produção de Biodiesel. ............................................ 31 Gráfico 3 – Matérias-prima para a produção de biodiesel 2008-2011. .................... 35 Gráfico 4 – Matérias-primas para a Produção de Biodiesel Perfil Região Brasil. ..................................................................................................... 36 Gráfico 5 – Participação Produção Biodiesel B100 por Região do Brasil 2011. 37 Gráfico 6 – Participação Produção Biodiesel B100 por Estado do Brasil 2011. 38 Gráfico 7 – Vendas de óleo diesel pelas distribuidoras por região do Brasil 2011. 41 Gráfico 8 – Vendas de óleo diesel pelas distribuidoras por região do Brasil 2010. 42 Gráfico 9 – Participação na Produção Mundial dos Principais Óloes Vegetais em Volume 2011 (Ton Métricas). ............................................ 44 Gráfico 10 – Principais Produtores Mundiais de óleo de Palma em Volume e a Participação de Mercado. .................................................... 45 Gráfico 11 – Volume de Produção Óleo de Palma Brasil, Colômbia e Equador 1975-2011. ............................................................................... 46 Gráfico 12 – Preço Médio Global Anual de Óleo de Palma. .................................... 49 Gráfico 13 – Valor Total Arrematado do 1º ao 24º Leilão de Biodiesel B100 ANP 2005-2011. ..................................................................................... 65 Gráfico 14 – Volume Arrematado do 1º ao 24º Leilão de Biodiesel (B100) ANP 2005-2011. ..................................................................................... 65 Gráfico 15 – Valores Totais Arrematados com e sem Selo Combustível Social por tipo de adição BX% (bilhões de Reais).................................. 66 Gráfico 16 – Volumes Arrematados com e sem Selo Combustível Social por tipo de adição BX%. ............................................................................... 67 Gráfico 17 – Taxa geométrica de crescimento de preços de biocombustíveis dos volumes arrematados com e sem selo combustível social. ................................................................................. 69 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Plantas de Biodiesel em Operação nos Estados Unidos....................... 30 Tabela 2 – Relação Produção por Capacidade Estimada Biodiesel por Região (m3) 2011. .................................................................................. 38 Tabela 3 – Relação Consumo por Capacidade Estimada Produção Biodiesel por Região (m3) 2011. ............................................................. 39 Tabela 4 – Tamanho Médio das Usinas de Biodiesel por Região (m3) 2011. ......... 40 Tabela 5 - Balanço Energético - Comparação Oleaginosas com Etanol ................. 52 Tabela 6 - Tributos Incidentes sobre Usinas portadoras do Selo combustível Social.................................................................................. 60 Tabela 7 - Número de Usinas Portadoras do Selo Combustível Social .................. 61 Tabela 8 - Áreas Correspondentes de Cada Classe do Mapeamento Comparando o Estado do Pará com Amazônia Legal ............................ 74 Tabela 9 - Classes de Zoneamento Obtidas a Partir do Cruzamento das Classes de Aptiddas Terras com as Classes de Aptidão Climática ................................................................................................. 86 Tabela 10 – Ranking dos 10 Maiores Municípios com Base na Existência de Estradas Pavimentadas e Usinas Instaladas .................................... 89 Tabela 11 - Lista dos 5 Municipios com Área Potencial no ZAE Manejo C, com Áreas Regular e Preferencial .......................................................... 92 Tabela 12 - Municípios com Área Potencial no ZAE Manejo C, com Àreas Degradadas por Pastagem ..................................................................... 93 Tabela 13 - Municípios com área potencial no ZAE Manejo C, Comparado com áreas Degradadas por Pastagem ................................................... 94 Tabela 14 Pesos e Notas Atribuídas ás Variáveis do Fator Locacional para Determinação do Local de Implantação da Usina ............................... 104 Tabela 15 - Resultados Obtidos pela Ponderação dos Pesos pelas Notas do Fator Locacional para Determinação do Local de Implantação da Planta da Usina ............................................................................... 105 Tabela 16 - Pemissas Gerais do Projeto Complexo Industrial da Usina ............... 115 Tabela 17 - Pemissas Gerais do Projeto Complexo Industrial da Agricultura Familiar ................................................................................................. 116 Tabela 18 - Investimentos Construção Unidade de Extração de Óleo de Dendê e Palmiste, Produção de Biodiesel, Tratamento de Efluentes e Produção de Biogás .......................................................... 118 Tabela 19 - Fases do Investimentos para Implantação do Dendezal Agricultura Familiar............................................................................... 120 Tabela 20 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 1 - Pessimista ........................ 122 Tabela 21 - Tabela Análise Cenário 1 - Pessimista............................................... 122 Tabela 22 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 2 - Neutro ............................... 124 Tabela 23 - Tabela Análise Cenário 2 - Neutro ..................................................... 124 Tabela 24 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 3 - Otimista............................. 125 Tabela 25 - Tabela Análise Cenário 3 - Otimista ................................................... 125 Tabela 26 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 4 - Pró Biodiesel Dendê ......... 127 Tabela 27 - Tabela Análise Cenário 4 – Pró Biodiesel Dendê .............................. 127 LISTA DE ABREVIARURAS AF – Amarelecimento Fatal ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis APP – Área de Preservação Permanente APP – Área de Preservação Permanente BEP – Barris Equivalentes de Petróleo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Social BRICS – Brasil, Rússia, Índia e China CFF – Cachos de Frutos Frescos CFTC – Comodity Future Trade Comission CIRAD – Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement CNT – Confederação Nacional dos Transportes CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz EU – União Européia FCD – Fluxo de Caixa Descontado FNO – Fundo de Investimento do Norte IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change IRHO – Institut de Recherches pour lês Huiles et Oleagineux IRR - Taxa Interna de Retorno MDA – Ministério de Desenvolvimento Agrário MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MMA – Ministério do Meio Ambiente NPV - Valor Presente Líquido OPALMA – Óleo de Palma S/A PNPB – Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel PRODES – Programa de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal PRONAF – Programa Nacional de Agricultura Familiar SAF – Secretaria da Agricultura Familiar SIFRECA – Sistema de Informações de Frete SIG - Sistemas de Informação Geográfica SRF – Secretaria da Receita Federal SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste TEP – Toneladas Equivalentes de Petróleo TIR – Taxa Interna de Retorno TIRM – Taxa Interna de Retorno Modificada TMA – Taxa Mínima de Atratividade UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar USP – Universidade de São Paulo VPL – Valor Presente Líquido ZARC – Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos ZEE – Zoneamento Ecológico-Econômico SUMÁRIO 1 Introdução 18 1.1 Formulação do Problema e Questões de Pesquisa 19 1.2 Justificativa, Relevância do Tema e Contribuição Esperada 21 2 Objetivos 24 2.1 Objetivo Geral 24 2.2 Objetivos Específicos 24 3.1 O Mercado Global de Alimentos 26 3.2 O Mercado Global de Biocombustíveis 28 3.2.1 O mercado de biocombustíveis na Europa 3.2.2 O Mercado de Biocombustiveis nos Estados Unidos da América 3.2.3 Mercado de bicombustíveis no Brasil 28 29 33 3.3 Produção de Dendê 43 3.3.1 Produção de Biodiesel de Dendê 3.3.2 Cadeia Produtiva do Dendê 3.3.3 Processo de produção de Biodiesel 47 47 50 3.4 Logística 53 3.4.1 Localização da Planta de Processamento 54 3.5 Desenvolvimento da Cultura do Dendê 55 3.5.1 Problema Fundiário no Estado do Pará 3.5.2 Selo Combustível Social 3.5.3 Leilões Agência Nacional do Petróleo (ANP) 3.5.4 Risco Climático 3.5.5 Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia Legal 3.5.6 Zoneamento Econômico Ecológico do Dendê 3.5.7 Economia de Escala e economia de Escopo 56 57 64 70 73 75 78 3.6 Amazônia Legal 79 3.7 Zoneamento Agroecológico de Dendê 80 4 Materiais e Métodos 88 4.1 Definição das Áreas Potenciais 88 4.3 Definição do Local de Instalação da Usina - Fator Locacional 103 4.4 Avaliação EconÔmico Financeira 106 4.4.1 Valor Presente Líquido (VPL) 106 4.4.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) 107 4.4.3 Fluxo de Caixa Descontado (FCD) 107 4.4.4 Taxa Mínima de Atratividade (TMA) 108 4.4.5 Período de Recuperação do Investimento (Payback) 108 4.4.6 Análise de Sensibilidade 109 4.4.7 Análise de Cenários 110 5 Resultados e Discussão 112 5.1 Objetivo do Projeto da Usina 112 5.2 Dados Gerais do Projeto 115 5.2.1 Projeto da Indústria 5.2.2 Projeto Agricultura Familiar 5.2.3 Alocação de Financiamento para Construção do Complexo da Usina 5.3 Apresentação e Discussão dos Resultados 5.3.1 Cenário 1 – Pessimista 5.3.2 Cenário 2 – Neutro 5.3.3 Cenário 3 – Otimista 5.3.4 Cenário 4 – Pró Biodiesel de dendê (100%) 115 116 118 122 122 123 125 127 6 Conclusões 129 Referências 133 Anexos 139 18 1 INTRODUÇÃO Essa pesquisa é um estudo da viabilidade econômica de uma planta de produção de biodiesel utilizando óleo de palma do dendê Elaeis guineensis Jacq, Elaieis oleifera e o híbrido resultante do cruzamento das duas espécies, como fonte de matériaprima para produção de Biodiesel no estado do Pará, onde está concentrada mais de 85% da produção nacional do dendê. A questão do desenvolvimento social e econômico desta parte da região Norte do Brasil também se faz relevante neste estudo, pois esta cultura exige emprego de mão-de-obra local e contribui de forma relevante para a geração de emprego dos agricultores que participam do Programa Nacional de Agricultura Familiar. A produção do Dendê deve ser estimulada também pelas políticas públicas do selo combustível social, que visa o desenvolvimento da produção de oleaginosas para fornecimento de matéria-prima para a cadeia produtiva do biodiesel, especialmente na região Norte do Brasil. Existe, também, uma grande oportunidade para recuperação de áreas degradadas na Amazônia Legal pela atividade pecuária, que hoje possui 11,085 milhões de hectares de áreas para serem recuperadas, com a plantação de oleaginosas – especialmente com a plantação de dendezal – contribuindo para a fixação de dióxido de carbono e com a redução de emissões de gases de efeito estufa. Assim, é possível diminuir a pressão sobre a floresta nativa, pois a geração de renda deixa de ser focada no extrativismo e passa a ser sustentável. Importante ressaltar que, por ser uma palmácea perene com vida útil estimada entre 25 a 30 anos, o balanço energético da cultura é muito superior ao de qualquer outra oleaginosas utilizada para a produção de biodiesel. Há um grande potencial para a obtenção de créditos de carbono através do mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) estabelecido pela Organização das Nações Unidas no protocolo de Kyoto, do qual o Brasil é signatário, que definiu a legislação referente às mudanças climáticas. Ressalta-se que já existe a 19 possibilidade de obtenção de recursos por acordos de implantação de pagamentos por serviços ambientais, que visam manter os recursos naturais preservados para as futuras gerações. 1.1 Formulação do Problema e Questões de Pesquisa Desde o primeiro choque do Petróleo da década de 1970, o segundo choque no início dos anos 80, até a crise de 2008, há uma série de fatores que estão interrelacionados. Dentre eles, podemos citar: instabilidade geopolítica, guerras, movimentos especulativos dos mercados financeiros em relação aos preços de commodities e, finalmente, eventos climáticos extremos, aliadas às crescentes demandas por combustíveis fósseis. É possível, também, inserir neste contexto: o baixo crescimento mundial da produção de petróleo, redução da capacidade ociosa que acarreta em maior sensibilidade de preços internacionais, o aumento no consumo (principalmente em função da inserção dos países chamados BRICS no contexto econômico mundial que resultou em forte demanda por energia oriunda do petróleo, somados ao crescimento dos Países desenvolvidos). A combinação destes fatores impacta tanto na oferta quanto na demanda, aumentando a instabilidade dos preços no mercado internacional. Em função da Crise do Petróleo na década de 1970, o Brasil tomou a iniciativa de reduzir as importações de petróleo e criou seu próprio programa de biocombustíveis: o PROALCOOL. Desde então, o setor de sucroenergético brasileiro cresceu e se desenvolveu, sendo atualmente reconhecido como um dos mais modernos e tecnologicamente atualizados no mundo. Hoje o Brasil caminha em direção da Bioenergia que, além de produzir bicombustíveis, produz também bioeletricidade, emprego e renda, diminuindo a exposição externa aos preços internacionais e a dependência do petróleo. Com o aumento da poluição das grandes metrópoles brasileiras causadas por veículos movidos a motores diesel (que utilizam combustível com alto teor de 20 enxofre) o governo, através da ANP e MMA, estabeleceu políticas de adição de biodiesel de origem vegetal ou animal ao diesel de origem fóssil. Essas medidas tem como objetivo reduzir as emissões de gases do efeito estufa e também incentivar o uso de matérias primas, que são potencialmente exploradas para a produção do biodiesel B100. O desenvolvimento da região Norte do Brasil é imperativo, uma vez que existe um potencial de desenvolvimento da cultura do dendê em terras que estão em estágio de degradação e/ou já degradas pelo impulso de outras práticas agrícolas e pecuárias que adentraram a floresta amazônica e que causaram prejuízos ao meio ambiente – seja através da derrubada de mata nativa, ou avançando sobre a mesma com o objetivo tão somente extrativista. O governo federal vem desenvolvendo políticas públicas para impulsionar o desenvolvimento dos Estados da região norte através da produção de biodiesel que utilize o dendê como matéria-prima e que sejam produzidas pela agricultura familiar. Além dos incentivos fiscais oferecidos às empresas que possuem plantas de produção na região norte do país, com foco nos estados do Amazonas e Pará. A questão econômica torna-se fundamental na avaliação da viabilidade econômicofinanceira para a construção de novas unidades produtoras, uma vez que demandam altos investimentos, devido a necessidade das unidades industriais de ter altos volumes de produção de biodiesel para obter economia de escala. Diante deste cenário emergem algumas questões: a) Estas iniciativas são efetivas para alavancar o negócio de biodiesel de dendê no estado do Pará? b) As políticas públicas e de incentivo fiscal são suficientes para criar demandas, tanto dos agricultores a plantar dendê para fornecimento para as usinas produtoras, quanto a investidores para construir novas plantas de biodiesel de dendê? 21 c) Os preços máximos do Biodiesel, estabelecidos nos leilões da ANP, serão suficientes para produzir fluxos de caixa sustentáveis que remunerem o capital investido no longo prazo? d) O biodiesel do dendê poderá concorrer com o biodiesel de soja, dado que o dendê é o produto principal, e no caso da soja, é o farelo? e) O desenvolvimento da cultura do dendê na região poderá contribuir para a geração de renda para os agricultores? f) A presença da Petrobrás como única compradora do biodiesel poderá afetar a rentabilidade dos negócios privados tanto pelo lado do agricultor quanto pelo lado da indústria? g) O balanço de carbono na cultura de Dendê é positivo? 1.2 Justificativa, Relevância do Tema e Contribuição Esperada A justificativa para a realização desta pesquisa foi o advento do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) pelo governo federal, que estabeleceu políticas públicas de incentivo ao uso de biocombustíveis. Estas políticas contribuem com o aumento da participação de fontes renováveis de energia na matriz energética, e com o do desenvolvimento das várias regiões do Brasil, aproveitando a vocação edafoclimática para a produção de oleaginosas destinadas ao fornecimento de matéria-prima para a cadeia do biodiesel. O selo combustível social cuja política de incentivo é o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste do Brasil, menos desenvolvidas economicamente e que serão as mais beneficiadas, visa a instalação de usinas para a produção de biodiesel e o desenvolvimento da agricultura familiar, gerando emprego e renda. Dessa forma contribuirá para reduzir a importação de derivados do petróleo, economia de divisas, redução das emissões de gases do efeito estufa e incentivando o desenvolvimento da cadeia produtiva do Biodiesel. A criação do Programa Brasileiro de Uso e Produção do Biodiesel PNPB se deu em 2004, seguida de Leis, Instruções Normativas e Regulamentos. Foi oficialmente 22 posto em vigor com a Lei 11.097, de 13 Janeiro de 2005, que dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira, fixando a obrigatoriedade da adição de 5%, em volume (percentual mínimo obrigatório de adição de biodiesel ao óleo diesel em todo o território nacional). Esta lei estabelece, ainda, que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) é a responsável pela gestão da indústria do biodiesel. A partir da publicação dessa lei, foram publicadas as resoluções do Conselho Nacional de Política Energética, que fixaram o percentual de 5% de biodiesel a ser implementado até 2013, e o prazo foi antecipado para Janeiro de 2010. A relevância deste estudo fundamenta-se no estágio atual da cultura do Dendê no Brasil, especificamente no Estado do Pará, no Selo Combustível Social do Ministério do Desenvolvimento Agrário e na importação de óleo diesel, obtidos no Anuário Estatístico de Biocombustíveis da ANP 2011 (ANP 2011). A redução da produção de óleo diesel no Brasil causou um aumento do crescimento da importação de derivados de petróleo energéticos e não energéticos em volume 27 milhões de metros cúbicos, com um crescimento de 71,8% em relação a 2009; e em valor 13 bilhões de dólares, o que representa um aumento de gastos de 133% em relação ao ano de 2009. Os volumes das importações no ano de 2010 de derivados energéticos foram 14,7 milhões de metros cúbicos, ou 53,6% do volume total, ou seja, um crescimento de 100,2% em relação a 2009. O óleo diesel representou 4,16 milhões de metros cúbicos ou 32,9% do volume total e em valor 3,25 bilhões de dólares, que equivale a 25% do valor total das importações de derivados de petróleo. Esse fato é parcialmente explicado pelo crescimento da economia brasileira, que tem como base fundamental o transporte rodoviário, e da frota de veículos movidos a óleo diesel. A contribuição esperada desta pesquisa reside nos seguintes pilares: a) incentivar investimentos diante da oportunidade de avaliar a viabilidade econômico-financeira para se construir mais usinas de biocombustíveis que podem utilizar o dendê como fonte de matéria-prima; 23 b) o desenvolvimento econômico, social e ambiental com a recuperação de áreas degradadas e desmatadas, ou ambas, utilizando a cultura de dendê como vetor de recuperação; c) oportunidade de contribuir com a diminuição de gastos de divisas com a importação de óleo diesel; d) Contribuir para a redução das emissões de gases do efeito estufa pelo Brasil, conforme estabelecido pelo governo Brasileiro, através do aumento da adição de biodiesel ao diesel de petróleo. 24 2 OBJETIVOS Esta pesquisa teve por objetivo prover os agentes públicos e investidores privados de informações, para auxiliar na tomada de decisões sobre investimentos na construção de usinas para a produção de biodiesel que utiliza o Dendê como matéria-prima no estado do Pará. 2.1 Objetivo Geral O objetivo geral desta pesquisa foi o de estudar a viabilidade econômico-financeira da cultura do Dendê para produzir biodiesel de palma, contribuindo com os tomadores de decisão para investir em usinas de biodiesel que utilizam o dendê como fonte de matéria-prima. 2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos desta pesquisa foram: a) Utilizar os critérios do VPL, TIR, TMA e Análise de Sensibilidade como recomendação de análise e suporte para a tomada de decisão de investimentos em novas usinas no estado do Pará que utilizam Dendê como insumo para produção de biodiesel B100. b) Contribuir com informações para mitigar a ação antrópica do homem, visando incentivar: 1) a recuperação de áreas degradadas pela pecuária e extrativismo no Estado do Pará na região da Amazônia Legal. 2) O desenvolvimento sustentável com a geração de emprego e renda para um número grande de famílias, 25 assegurando melhoria no padrão de vida 3) reduzir as ações de degradação sobre a floresta Amazônica. c) Contribuir com informações economico financeiras a fim ampliar o aumento da produção de óleo e de biodiesel de dendê como mais uma oleaginosa destinada a produção de biocombustíveis. portanto, para adição do percentual b10 ao óleo diesel contribuindo para a redução das emissões dos gases do efeito estufa. 26 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 O Mercado Global de Alimentos Os preços globais dos alimentos apresentaram, na última década, forte tendência de alta em todo mundo, conforme demonstrada na série histórica (FAO, 2012). O índice de preços de alimentos1 apresentou uma forte queda em função da crise global de 2008, permanecendo acima dos preços do início da década. Há uma retomada da tendência de alta nos últimos dois anos, onde os preços dos cereais, óleos e gorduras, carne, leite e açúcar que compõem o índice, apontam para uma possível inflação de alimentos global. Parte deste fenômeno é explicada por incerteza e instabilidade econômicas e políticas, instabilidade cambial frente ao dólar americano, efeitos climáticos causadores de queda de produção, aliada à forte demanda da China por carne, açúcar e soja. Gráfico 1 – Índice de Preços Alimentos Fonte: Adaptado de FAO, 2012. 1 O índice FAO de preços dos alimentos é uma medida da variação mensal dos preços internacionais referente à uma cesta de produtos alimentares. Consiste na média de cinco índices de commodities do grupo de preços (que representa 55 citações), ponderada com as quotas de exportação médios de cada um dos grupos para 2002-2004. 27 Os Estados Unidos da América criaram, em Novembro de 2011, a US Commodity Future Trade Comission – CFTC, agência reguladora do mercado futuro de commodities, que tem como objetivo regular o mercado futuro e de opções para 28 principais commodities, que incluem a soja, óleo, gado, entre outras que não são alimentos, como metais e petróleo. Tal agência terá como meta evitar especulações, diminuir o risco, e aumentar a transparência no mercado de swap, mercado futuro e mercado aberto para estas commodities. O objetivo é assegurar a existência do mercado futuro, encorajar a competitividade e eficiência, evitar fraudes, manipulação abusiva dos mercados, diminuir a volatilidade dos preços e a expectativa de aumentos futuros, visando regular o mercado (CFTC). Isso implicará também nos preços internacionais das commodities, que são negociados com base nos preços internacionais referenciados nas bolsas norte americanas. Tal medida visa contribuir para diminuir a inflação de commodities (incluindo-se os alimentos), tanto nos Estados Unidos, quanto internacionalmente. Segundo Margarido, Bueno e Turolla (2011), que realizaram o estudo de séries temporais de preços do petróleo obtidos do Fundo Monetário Internacional, o trabalho estatístico empírico avaliou a relação entre as commodities envolvidas na produção de energia, que também são utilizadas na produção de alimentos e ração animal. Os autores verificaram, também, que a produção de combustíveis renováveis afeta os preços das commodities envolvidas para obtenção de biocombustíveis de duas formas: a) elevam os custos de produção destas matériasprimas, além de tornar os preços mais voláteis; b) causam efeito de substituição em função dos preços relativos que fazem com que os produtores optem pela produção de biocombustíveis em detrimento da produção de alimentos. Os testes estatísticos realizados por Margarido, Bueno e Turolla (2011) indicam que o teste de causalidade de Granger verifica que os preços do petróleo e soja não se relacionam no curto prazo. Entretanto, os testes de co-integração de Johansen mostram que há relacionamento no longo prazo, com transmissão de preços inelástica, o que indica que variações nos preços do petróleo são transmitidas menos que proporcionalmente para os preços da soja. O teste de exogeneidade mostra que os preços do petróleo são fracamente afetados pelos preços da soja – o que aponta uma oportunidade para o aumento da produção de soja como matéria- 28 prima para a produção de biodiesel. Entretanto, podemos inferir que há oportunidade para a produção de óleo de palma no Brasil e em países dos continentes africano, asiático e sulamericano para abastecimento do mercado global de biocombustíveis. 3.2 O Mercado Global de Biocombustíveis 3.2.1 O mercado de biocombustíveis na Europa Os países membros da comunidade europeia utilizam Biocombustíveis cujo o marco legal é basedo na diretriz que fixa a meta de 10% de utilização de combustíveis de fontes renováveis no setor de transportes até o ano de 2020 (EUROBESERVER, 2011). O consumo de biocombustíveis na UE no ano de 2009 e 2010 foi, respectivamente: volume consumido de 9.665,725 e 10.741.771 toneladas equivalentes de petróleo (tep), bioethanol de 2.326.675 e 2.933.977 tep, outros 243.373 e 227.712 tep e volume total de 12.235.772 e 13.903.960 tep, que representam respectivamente uma variação de menos 2% para o Biodiesel, 2% para o Bioethanol e estável para outros produtos, do volume total 13.903.460, conforme demonstrado (EUROBSERVER, 2011). Verificou-se, também, que no ano de 2010, Alemanha, França, Itália, Espanha e Reino Unido representaram 72% do volume de biodiesel consumido, 66% do volume de bioethanol e 24% de outros biocombustíveis, e que juntos os cinco países representam 70% do consumo de todos os diferentes tipos de biocombustíveis dentro da UE. O biodiesel representou 77% do total de biocombustíveis consumidos na UE, seguido pelo Bioethanol, com 21%, e outros biocombustíveis, com 2% no ano de 29 2010. Observou-se ainda no ano de 2010 um crescimento de 14% em comparação ao ano de 2009. A oferta de bicombustíveis na UE cresceu menos que o consumo. A produção no ano de 2010 foi de 9.570.000 ton, contra 9.046.000 ton em 2009, que corresponde a 6% de crescimento. A demanda de bicombustíveis na UE cresceu mais que a oferta, no ano de 2010 foi da ordem de 13.903.000 de ton contra 12.236.000 ton em 2009, que corresponde a 14% de crescimento. Diante da comparação da oferta e demanda, verifica-se um déficit de produção no ano de 2010 de 4.333.000 ton, 3.190.00 ton no ano de 2009, o que implica que o déficit apresenta tendência de crescimento no curto prazo. Tal déficit é compensado por importações de biodiesel da Argentina, Malásia e Indonésia e Etanol dos Estados Unidos da América, que tem preços mais competitivos que os biocombustíveis produzidos na Europa. O resultado foi uma alta taxa de ociosidade das plantas, que em 2009 chegou a 41,3%, e em 2010 foi de 43%. Essas taxas de ociosidade não suportam garantir os lucros esperados pela indústria, causando o fechamento temporário de algumas plantas, além do impacto do aumento dos preços das matérias primas para produção (EUROBSERVER, 2011). O biodiesel de origem Norte Americana está sendo importado pela EU, ou artificialmente via Cingapura e Canadá, onde existe a prática de evasão fiscal e também a mistura superior a 20% de biodiesel com outros combustíveis. Cabe ressaltar que os produtores da UE estão solicitando medidas antidumping para as autoridades visando coibir esaas práticas (EUROBSERVER, 2011). 3.2.2 O Mercado de Biocombustiveis nos Estados Unidos da América 30 Segundo FAPRI (2011) as previsões para produção e consumo de biocombustíveis para o período de 2010 a 2025 apontam que haverá déficit na produção de Etanol e Biodiesel nos Estados Unidos da América. Para o etanol, a previsão para o ano de 2010 foi de 49.528 milhões de litros e consumo de 48.464 milhões de litros e, para o ano de 2025, é de 59.192 milhões de litros e consumo de 71.820 milhões de litros de etanol. A produção apresenta crescimento de 19,5%, enquanto o consumo cresce 48,2%. Ou seja, haverá déficit de produção. Para o Biodiesel, a previsão de produção para o ano de 2010 é de 2.093 milhões de litros e consumo de 1,775 milhões de litros e, para o ano de 2025, é de 3.823 milhões de litros e consumo de 3.785 milhões de litros de biodiesel. A produção cresce 82% e o consumo cresce 113%, entretanto verifica-se que período de 2011 até 2023 haverá déficit de produção de biodiesel, que deixará de existir após o ano de 2024 quando a oferta superará a demanda. Os Estados Unidos da América, maior produtor mundial de soja, utiliza essa commodity agrícola como uma das matérias-primas para a produção de biodiesel, que tem como objetivo principal o abastecimento do mercado interno e exportação do biodiesel para a União Européia. A tabela 1 indica que 2.466 milhões de litros por ano de biodiesel (o que representa 22% da produção de biodiesel) tem a soja como fonte de matéria-prima, e outras fontes com 78%. Tabela 1 – Plantas de Biodiesel em Operação nos Estados Unidos Plantas de Biodiesel por Tipo de Matéria-prima Capacidade em milhões Utilizada de litros/ano Óleo de Soja Puro Participação % 2.466 22 Gordura Animal 869 8 Óleo de Canola 466 4 6.068 55 Gordura Animal + Outros Óleos Vegetais 852 8 Óleo de cozinha + Óleos Residuais 349 3 Várias Matérias Primas 31 Total produção 11.068 100 Fonte: Adaptado de BIODIESEL MAGAZINE, 2012. Notas: 1. O ano calendário para o Grão é o período de 12 meses após a colheita. 2. O ano calendário da soja inicia em 01 de Setembro e finaliza em 31 de Agosto. 3. O ano de calendário do óleo de soja inicia um mês após o início do ano calendário da soja. Gráfico 2 – Preços Óleo de Soja como uma função do Preço de Óleo de Soja Usado para a Produção de Biodiesel. Fonte: Adaptado de RADICH, [s.d.]. No gráfico 2 observa-se que os preços do óleo de soja variam em função da produção de óleo de soja, segundo estudos do escritório de Administração de Informação de Energia, Escritório Integrado de Análise e Previsão dos Estados Unidos – EIA (RADICH, [s.d.]), o que evidencia que a tendência futura é de aumento dos preços da soja no mercado internacional e por consequência do biodiesel. A previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (EUA; USDA, 2012) aponta que as condições climáticas estão afetando a produção e a área plantada nos EUA aliados à demanda da China por soja. Isto confirma que os preços poderão aumentar no futuro, o que indica que há uma competição entre produção de soja para alimentação humana e animal em relação à produção de biodiesel, entretanto 32 especialista afirmam que quanto mais soja para alimentação humana e animal maior será a oferta de óleo para produção de biodiesel ou para a produção de alimentos. 33 3.2.3 Mercado de bicombustíveis no Brasil 3.2.3.1 Etanol Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2011) a produção de etanol no Brasil durante a safra 2010/2011 foi de 27.595,5 bilhões de litros, e na safra 2011/2012 a produção foi de 22.857,6 bilhões de litros – o que representa uma queda de 17,17%, em relação à oferta de cana-de-açúcar destinada à produção de etanol. Durante a safra 2010/2011, a produção de cana-de-açúcar foi de 336,84 milhões de toneladas, e na safra 2011/2012, a produção foi de 287,6 milhões de toneladas, o que representa uma queda de 14,63% (CONAB, 2011). No ano de 2011 houve um déficit de etanol no mercado brasileiro que implicou na importação de etanol de milho. Para atender à demanda no ano de 2011, o Brasil importou 1,136 bilhões de litros de álcool. O clima não favoreceu a produção de cana-de-açúcar, os efeitos da seca no CentroSul no segundo semestre de 2011 que atingiu as principais regiões de plantio, a ocorrência de geadas, a luminosidade e as variações de temperatura durante o inverno, estimularam o florescimento das lavouras, reduzindo a produtividade nessa região. No entanto a região nordeste foi favorecida pelo clima, mas a produção nessa região não foi suficiente para evitar a falta de etanol e evitar as importações no ano de 2011 (CONAB, 2011). O plano decenal de energia 2011-2020 da EPE projeta que o crescimento anual do consumo de etanol será de 10,5% ao ano no período, e que os derivados de petróleo estarão com crescimento anual de 3,5%, o que indica o aumento das fontes renováveis de energia na matriz energética do Brasil. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) afirma que houve crescimento de 10% ao ano entre os anos de 2000 a 2008, entretanto, devido à crise econômica global de 2008, ocorreu forte reestruturação financeira e societária do setor, e os 34 investimento foram direcionados para as fusões e aquisições e não para a produção e construção de novas usinas, causando uma forte desaceleração no crescimento do setor sucroenergético para 3% ao ano. Segundo Jank (2011), os preços da gasolina administrados pela Petrobrás no Brasil evitam que a volatilidade do preço do petróleo no mercado internacional influencie o preço da gasolina no mercado interno, o que não ocorre com o etanol, que é produzido da cana-de-açúcar e tem seu preço variando de acordo com o mercado internacional. O consumidor brasileiro de etanol tem em mente que o preço de um litro do etanol deve ser até 70% do preço de um litro gasolina, então, quando há um aumento do preço do etanol (que é livre no mercado) há uma imediata queda do consumo de etanol, este é mais um fator que inibe o investimento em construção de novas unidade de produção de etanol. 3.2.3.2 Biodiesel A Lei 11.097, de janeiro de 2005, que regulamentou o Programa Nacional do Biodiesel – PNPB, que é marco da produção de biodiesel no país – impulsionou o volume da produção de biodiesel B100 no Brasil, que nos últimos sete anos foi de 52.507.676 barris equivalentes de petróleo (bep). Nos últimos cinco anos foram produzidos 52.065.257 bep, volume viabilizado pelo PNPB, política pública de adição de biocombustíveis ao diesel de origem fóssil, implementada pelo governo federal. A principal implicação destas ações foi a antecipação das metas de adição ao longo dos anos de 2% até 5% no ano de 2013. Entretanto, esta meta foi antecipada para 1º de Janeiro de 2010. Tal meta foi atingida em função do aumento da produção para atender o mercado de biocombustíveis. A disponibilidade de matéria-prima e a capacidade de produção, processamento e escoamento da produção, foram analisadas para atender à demanda, considerando a adição de 5% de Biodiesel (B5) ao diesel, ou seja, não foi vislumbrado o aumento 35 da adição além dos 5%. Entretanto, existe oportunidade para aumento deste percentual, que futuramente pode ser atendida pelas usinas atualmente existentes de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 (EPE, 2011). Gráfico 3 – Matérias-prima para a produção de biodiesel 2008-2011. Fonte: Adaptado de ANP, 2011. No Gráfico 3 observam-se as matérias-primas utilizadas para a produção de Biodiesel e a predominância da Soja como principal fonte com crescimento ao longo dos últimos três anos. No ano de 2010 a alocação de matérias-primas para a produção de biodiesel foram: Soja 83,30%, Gordura Bovina 13,10%, Outros2 3,60%. 2 Inclui as seguintes matérias-primas: óleo de algodão, óleo de fritura usado, gordura de porco, gordura de frango, óleo de palma, outros materiais graxos. 36 Gráfico 4 – Matérias-primas para a Produção de Biodiesel Perfil Região Brasil. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. No Gráfico 4 observa-se a utilização de matérias-primas para a produção de biodiesel distribuídas pelas regiões do Brasil, e indica valores previstos no plano decenal de expansão de energia 2011-2020 da Empresa de Pesquisas Energética (EPE, 2012). O crescimento anual do consumo de biodiesel será de 5,1% ao ano, diesel de 5,2%, derivados de petróleo 3,5% ao ano. No consumo final energético das principais fontes energéticas (eletricidade, gás natural, carvão, etanol, bagaço de cana, lenha, carvão mineral e coque, carvão vegetal, etanol, biodiesel e derivados de petróleo). 37 Segundo EMBRAPA (2010) existe oportunidade de aumento da produção de biodiesel para atender maiores percentuais de mistura ao óleo diesel nos próximos anos com B10. Com o aumento da adição de biodiesel para 20% ao óleo diesel nas regiões metropolitanas do Brasil até 2014 e, posterior expansão do B20 para todo o Brasil até o ano 2020, poderá ocorrer uma grande contribuição da cadeia produtiva do biodiesel para o desenvolvimento sustentável e geração de renda para as regiões mais pobres do País. A produção do biodiesel B100 no Brasil durante o ano de 2010 foi 15.139.312 bep e durante o ano de 2011 a produção foi de 16.752.622 bep, o que representa um crescimento de 10,2%, quantidade suficiente para atender à demanda do plano de adição de 5% de biodiesel ao diesel de origem do petróleo prevista no PNPB (ANP, 2011). Gráfico 5 – Participação Produção Biodiesel B100 por Região do Brasil 2011. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. 38 A produção de biodiesel no Brasil durante o ano de 2011 está distribuída nas regiões Centro Oeste 43%, Sul 33%, Sudeste 14,4%, Nordeste 6,4% e Norte 3,3%, o que implica na concentração da produção na região centro sul do Brasil. Gráfico 6 – Participação Produção Biodiesel B100 por Estado do Brasil 2011. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. No gráfico 6 observa que, entre os estados produtores, o Rio Grande do Sul representa 28,6%, Mato Grosso 22,65%, Goiás 19,15%, São Paulo 11,17% e que, juntos, concentram 81,56% do total produzido pelo Brasil no ano de 2011. Ressalta-se que os estados do Maranhão e Piauí não tiveram produção neste ano. 3 Tabela 2 – Relação Produção por Capacidade Estimada Biodiesel por Região (m ) 2011. Região Norte Nordeste CentroOeste Sudeste Sul Total Número Usinas 4 6 30 14 9 63 Capacidade Estimada Produção 205.200 740.926 2.735.049 1.154.733 1.859.788 6.695.696 Nota: Capacidade Estimada em metros cúbicos por ano. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. Produção de Biodiesel 80.464 169.832 1.144.458 382.680 877.649 2.655.082 Capacidade Ociosa 61% 77% 58% 67% 53% 60% 39 A Tabela 2 apresenta, a relação entre as regiões do Brasil, considerando-se o número de usinas existentes, capacidade de produção estimada, produção de biodiesel. Nela se observa que, em todas as regiões, o índice de capacidade ociosa das plantas no ano de 2011 são maiores que 50%. Na região Norte esse índice chega a 61%, Nordeste 77%, Centro-Oeste 58% Sudeste 67% e Sul 53% e o Brasil 60%. Tal fato é explicado pela maior produção de soja na região Centro-Oeste e Sul, onde o percentual de usinas chega a 62%, e a capacidade estimada de produção é 69%. Observa-se, ainda, que essas regiões apresentam os menores índices de capacidade ociosa, onde se pode inferir que existe uma forte correlação entre a localização de usinas e centros produtores de matéria-prima para a produção de biodiesel, e facilidade de escoamento de biodiesel para os centros consumidores na região centro sul do Brasil. Tabela 3 – Região Norte Nordeste CentroOeste Sudeste Sul Total 3 Relação Consumo por Capacidade Estimada Produção Biodiesel por Região (m ) 2011. Número Usinas 4 6 Capacidade Estimada Produção 205.200 740.926 30 14 9 63 2.735.049 1.154.733 1.859.788 6.695.696 Consumo de Biodiesel 185.000 364.000 1.166.000 426.000 378.000 2.519.000 Relação Consumo / Capacidade 90% 49% 43% 37% 20% 38% Nota: Capacidade Estimada em metros cúbicos por ano. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. A Tabela 3 apresenta, a relação entre as regiões do Brasil, considerando o consumo de biodiesel e a capacidade de produção estimada. Observa-se que região Norte representa 90%, Nordeste 49%, Centro Oeste 43%, Sudeste 37% e Sul 20% e o Brasil 38%. Tais resultados indicam que há baixo consumo de biodiesel em algumas regiões com alta capacidade de produção e há exportação para os centros consumidores em outras regiões do Brasil. Observa-se, também, que na região Norte, onde existe um número menor de usinas e alta relação entre consumo e capacidade estimada de produção, o consumo está próximo ao limite de capacidade de produção de biodiesel. 40 Verifica-se, ainda, que a produção está concentrada nos estados onde há grande produção de soja como matéria-prima para produção do B100. 3 Tabela 4 – Tamanho Médio das Usinas de Biodiesel por Região (m ) 2011. Região Norte Nordeste CentroOeste Sudeste Sul Total Número Usinas 4 6 30 14 9 63 Capacidade Estimada Produção 205.200 740.926 2.735.049 1.154.733 1.859.788 6.695.696 Tamanho Médio Usinas 51.300,00 123.487,67 91.168,31 82.480,93 206.643,11 106.280,89 Nota: Capacidade Estimada em metros cúbicos por ano. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. Na Tabela 4 observa-se, o tamanho médio das usinas de biodiesel em relação à capacidade estimada de produção anual é influenciado pela oferta de matéria-prima para produção de biodiesel na região Sul e Centro Oeste. Contudo no Nordeste não existe um numero grande de usinas, mas os tamanhos médios são grandes comparados com as regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. Há predominância da agricultura intensiva, que emprega alto nível tecnológico e tem altos níveis de economia de escala. A soja é a principal cultura destas regiões. Há também que se considerar o fator logístico em relação aos grandes centros consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro- Oeste que representam 74% da venda de óleo diesel no País. 41 Gráfico 7 – Vendas de óleo diesel pelas distribuidoras por região do Brasil 2011. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. No Gráfico 7 observa-se que, no período de 2001 a 2010, as vendas de óleo diesel pelas distribuidoras apresentam pouca variação entre as regiões do Brasil, entretanto, houve um crescimento em todas as regiões, principalmente a região Norte que cresceu 63,86%, Nordeste 36,46%, Sudeste 30,38%, Sul 25,11%, Centro Oeste 31,02% e o Brasil 32,99%. 42 Gráfico 8 – Vendas de óleo diesel pelas distribuidoras por região do Brasil 2010. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. No Gráfico 8 observam-se as vendas óleo diesel por região do Brasil no ano de 2010. A região Norte representa 11%, Nordeste 16%, Sudeste 44%, Sul 19% e Centro Oeste 11%, o que indica que os grandes centros de consumo estão na região Sudeste, 43 embora não seja a principal região de produção de biodiesel. Tal fato é explicado devido às condições climáticas para a cultura da soja e a existência de cana-deaçúcar além de outras culturas na região Sudeste do Brasil. 44 3.3 Produção de Dendê De acordo com Rocha (2011) a primeira plantação de dendezeiro híbrido, planejada no Brasil foi financiada e aprovada em 1964, pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) para ampliar a unidade Oléo de Palma S/A (OPALMA) no Estado da Bahia, empresa que posteriormente foi adquirida pela Companhia Siderurgica Nacional (CSN). A CSN demandava de óleo de baixa acidez para utilização no processo de fabricação de chapas chumbadas, processo de laminação a frio e como antioxidante das chapa estanhadas. De acordo com Castro, Lima e Silva (2010), o dendezeiro Dendê (Elaeis guineensis) foi introduzido por escravos africanos no Brasil no litoral da Bahia por volta de 1616, dando origem às primeiras plantações da cultura. Porém, a primeira plantação planejada foi realizada no Estado do Pará entre 19661968 pelo setor público, por intermédio da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) em parceria com o Institut de Recherches pour lês Huiles et Oleagineux (IRHO) do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (CIRAD), França. Tal iniciativa foi o marco para o desenvolvimento da cultura no Estado do Pará, com investimentos privados, e no Estado do Amazonas com investimentos do setor público liderados pela Embrapa. Desde esta época, tais iniciativas não foram suficientes para impulsionar a produção em larga escala devido ao baixo interesse dos investidores. Entretanto, com o advento do PNPB em 2003, houve um incremento da produção de óleo de Palma, seja para a produção de biodiesel, seja para a indústria de alimentos, sabões, cosméticos, rações. 45 É importante destacar que, o Dendê apresenta o Amarelecimento Fatal - AF como risco para a cultura nos Estados produtores de Óleo de Palma. Esta doença se caracteriza inicialmente pelo ligeiro amarelecimento dos folíolos basais das folhas intermediárias (3, 4, 5 e 6), e mais tarde pelo aparecimento de necroses nas extremidades dos folíolos que evoluem para a seca total dessas folhas. Apesar de ser considerado o mais sério problema fitossanitário dessa palmácea no Brasil, o AF ainda tem causa desconhecida e não possui medidas de controle eficazes. Gráfico 9 – Participação na Produção Mundial dos Principais Óloes Vegetais em Volume 2011 (Ton Métricas). Fonte: Adaptado de EUA; USDA, 2012. 46 No Gráfico 9 observam-se as participações percentuais dos principais óleos vegetais produzidos no mundo no ano de 2011, onde verifica-se que representam 80% da produção de óleos mundial. Individualmente, temos o óleo de palma 33%, soja 28%, óleo de colza 16%, e óleo de palmiste 4%. Importante destacar que o óleo de palma e palmiste, somados, lideram a produção mundial com 9% acima da soja, que é a segunda oleaginosa em produção de óleo. 47 Gráfico 10 – Principais Produtores Mundiais de óleo de Palma em Volume e a Participação de Mercado. Fonte: Adaptado de INDEX MUNDI, 2012. No Gráfico 10 observa-se que a produção mundial de óleo de palma no ano de 2009 foi de 50.566 mil toneladas métricas, sendo que os principais produtores são: a Indonésia, que produziu 25.400 mil toneladas métricas, a Malásia, com 18.700 mil toneladas métricas, a Tailândia, com 1.450 mil toneladas métricas, e a Colômbia, 48 com 885 mil toneladas métricas. Estes números representam respectivamente 50%, 37%, 3% e 1,75% do total produzido globalmente. Entretanto, o Brasil produziu 275 mil toneladas métricas que representa 0,54% do volume produzido (USDA, 2012). Gráfico 11 – Volume de Produção Óleo de Palma Brasil, Colômbia e Equador 1975 -2011. Fonte: Adaptado de INDEX MUNDI, 2012. No Gráfico 11 remete a algumas indagações do baixo crescimento da produção de óleo de palma no Brasil em comparação à Colômbia e ao Equador no período entre 1975 e 2011, que, embora não façam parte deste estudo, pode nos levar a desenvolver análises mais aprofundadas sobre o assunto, do tipo: houve algum tipo de política pública para o setor nestes países? Houve investimento em pesquisa e desenvolvimento? De acordo com Edson Barcelos (informação verbal)3, tal fato é explicado porque estes países não têm produção de soja como fonte de óleo vegetal para a indústria de alimentos. O óleo de palma é a principal fonte para consumo interno, aliada à aptidão edafoclimática destes países. Entretanto, é importante destacar que estes países produzem em pequenas propriedades de agricultores. 3 Informação fornecida durante visita realizada à Usina Biopalma, na cidade de Moju (PA), em 09 de abril de 2012. 49 3.3.1 Produção de Biodiesel de Dendê Segundo dados da ANP (2012), o Estado do Pará produziu 14.880 bep, 2.366 metros cúbicos de biodiesel no ano de 2010, o que representa 0,10% da produção nacional neste ano, e demonstra que a produção de óleo de palma e palmiste foi destinada para indústria de alimentos, cosméticos, sabões e rações. A distribuição das usinas de produção de óleo de Dendê no Estado do Pará, na Região Norte do Brasil, estão localizadas próximas a cidade de Belém, aos centros produtores de matéria-prima e aos grandes centros de consumo de biodiesel (CASTRO; LIMA; SILVA, 2010). É importante destacar que o dendê apresenta especificidade em relação ao processamento dos frutos frescos, que devem ser processados em menor espaço de tempo possível sob o risco de aumento das taxas de acidez, que provoca a diminuição da produção de óleo de dendê no processo industrial. Estudos apontam que o tempo ideal para processamento dos cachos de frutos frescos está entre 24 e 48 horas. 3.3.2 Cadeia Produtiva do Dendê De acordo com Castro, Lima e Silva (2010), a cadeia produtiva do dendê tem cinco segmentos de fornecedores de insumos: sementes, fertilizantes e defensivos, máquinas e equipamentos agrícolas, usinas e plantas industriais e os reagentes para produção de biodiesel. 50 Esses fornecedores oferecem os insumos para três segmentos de sistemas integrados de produção e processamento primário: empresas de grande e médio porte e pequenos produtores (que vendem toda a sua produção às empresas de grande porte, pois estão integrados a essa, que, por sua vez, comercializam o óleo de dendê e derivados no mercado interno e externo). Os médios produtores vendem sua produção de óleo tanto para o mercado interno quanto para as empresas de grande porte. Os co-produtos do processo de industrialização podem ser usados para a produção de ração animal, também integrada a outras cadeias produtivas alimentares. Figura 1 – Cadeia produtiva do óleo de palma. Fonte: Adaptado de CASTRO; LIMA; SILVA, 2010. É importante ressaltar que os tamanhos das usinas de óleo de palma são distintos, quando comparados a usinas de biodiesel de soja, devido ao estágio de desenvolvimento da cultura, do uso intensivo de capital e alto nível de tecnologia empregado. Segundo Castro, Lima e Silva (2010), o ambiente organizacional é composto por organizações de assistência técnica, crédito e transporte. Já o ambiente institucional é composto por leis e normas que condicionam o seu desempenho, com especial destaque à legislação ambiental e tributária. 51 Segundo Mourão (2006), a Agropalma – única produtora de biodiesel de Dendê no Brasil – extrai o biodiesel como produto secundário de seu processo produtivo de refino do óleo de palma bruto. Ou seja, o objetivo principal desta fornecedora da cadeia produtiva não é a produção de biodiesel, mas óleos com valor agregado e valores superiores para outras indústrias que utilizam o dendê como matéria-prima (alimentos, sabões, cosméticos, etc). Mourão (2006) aponta, ainda, que a ausência de produção autônoma de biodiesel de Dendê é uma fragilidade e está ligada a dificuldades na produção estável de matéria-prima com a finalidade de abastecimento das usinas, o que pode ser fator impeditivo para a implantação de projetos de usinas para produção de biodiesel. A soja atua na cadeia produtiva do biodiesel com produção autônoma no sentido oposto ao dendê, uma vez que seu produto principal de valor agregado é o farelo de soja e não o óleo de soja (subproduto), que é utilizado para a produção de biodiesel. Além de ter a vantagem competitiva da produção em larga escala e com emprego de tecnologias agrícolas avançadas, neste caso existe uma estrutura autônoma da cadeia destinada à produção de biodiesel. Mourão (2006) afirma que a implantação de qualquer projeto com a finalidade autônoma de produzir biodiesel de dendê exige desempenho econômico favorável, de forma a permitir a sua perpetuação ao longo da vida útil do investimento. 52 Gráfico 12 – Preço Médio Global Anual de Óleo de Palma. Fonte: Adaptado de FAO, 2012. No gráfico 12 observa-se o crescimento dos preços no mercado mundial e uma tendência de crescimento principalmente devido aos seguintes fatores: baixos estoques mundiais de óleos vegetais, utilização para fins energéticos, consumo da China e outros países emergentes, fatores climáticos que afetam outras culturas, principalmente a soja. Esse fato também se comprova no Brasil onde o preço de óleo de dendê é mais caro devido à alta demanda interna e baixa produção local. 3.3.3 Processo de produção de Biodiesel As moléculas de biodiesel são cadeias de hidrocarbonetos que não contêm enxofre e moléculas de anéis aromáticos, o que é uma vantagem comparativa com o diesel de petróleo por causar menor nível de poluição ambiental (CASTRO; LIMA; SILVA, 2010). 53 Figura 2 – Moléculas de Biodiesel Fonte: Elaborado pelo autor. A reação de transterificação tem grande vantagem, pois elimina em grande parte a tendência dos óleos vegetais e gorduras de sofrer polimerização e auto oxidação, reduzindo a viscosidade do óleo próxima ao óleo diesel de petróleo. Uma desvantagem apontada é que existe uma limitação para uso de cem por cento de biodiesel nos motores devido às propriedades físicas: alta viscosidade, baixa volatilidade e caráter poliinsaturado, que causa danos aos motores e ao meio ambiente se não forem devidamente processados industrialmente. A reação de transesterificação é um processo simples, e empregado pelas usinas de biodiesel no Brasil. Existem duas rotas para obtenção de biodiesel: a Metílica e a Etílica. A rota metílica utiliza menos álcool e reaproveita cerca de 45% do álcool empregado, enquanto que na rota Etílica emprega-se maior quantidade de álcool e há reaproveitamento de 68% do álcool empregado no processo. O fator decisivo para a escolha de qual rota utilizar é definido em função do preço do Metanol (mais barato) de origem do petróleo e do Etanol (mais caro). A adoção de cada rota implica diretamente na eficiência do processo e nos custos de processamento industrial (CASTRO; LIMA; SILVA, 2010). No Brasil predomina a rota metílica, seguindo também a tendência internacional, em função das vantagens econômicas de gastos elevados com etanol, que impacta os custos de produção e aumenta os riscos do negócio, além de custos logísticos e tributários em comparação com o metanol. Entretanto, é importante destacar que o metanol é um derivado de petróleo importado pelo Brasil. 54 Figura 2 – Rotas Etílica e Metílica para Produção de Biodiesel Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado Castro at al 2010, p.195. As plantas de biodiesel no Brasil adotam tecnologias e processos de produção distintos e são adquiridas quando da construção das plantas de diversos fornecedores, os processos são produção por batelada e contínuo. Em levantamento realizado, verificou-se que 53,6% das usinas utilizam processo contínuo e representam 71% da capacidade de produção instalada (CASTRO; LIMA; SILVA, 2010). Para Kaltner (2007), o que define se um óleo vegetal tem potencial para ser utilizado como bicombustível é o balanço energético da cadeia produtiva que é dado pela razão entre a energia produzida (output) e a energia aplicada (input), resultando no balanço energético positivo ou negativo. Assim, quanto maior for esta razão, maior será o potencial da cultura, maior será a eficiência de conversão e menor será a emissão de gases de efeito estufa no processo de produção. Tabela 5 - Balanço Energético - Comparação Oleaginosas com Etanol Tipos de Óleos Soja Girassol Dendê Mamona Macaúba Etanol Diesel Canola Output/Input (1) 2,5 0,76 (*) 9,6 Output/Input (2) 2,56 (*) 8,66 <2 Output/Input (3) 3,2 - 3,4 Output/Input (4) 1,4 - 2,3 5,6 2,1 - 2,9 4,2 8,06 3,0 0,83 - 0,85 1,2 - 1,9 2,3 55 Nota: Kaltenr citando: (1) Youssof Basiron & Ariffin Darus (1995). (2) Urquiaga et al. (2004). Almeida Neto et al. (2004), (4) Cadernos NAE (2005). (*) Pimentel & Patzek (2005). Fonte: Complexo Agroindustrial de Biodiesel no Brasil, p 203. Castro at al.2010. A Tabela 5 apresenta a comparação de várias oleaginosas com o etanol em estudos realizados por vários especialistas, e demostra a alta eficiência energética do Dendê em relação as demais oleaginosas utilizadas para a produção de Biocombustíveis, pois apresenta balanço energético superior ao etanol e todas as outras fontes de matéria-prima quando comparadas. Segundo Kaltner at all (2007), dentre as principais oleaginosas disponíveis para a produção de biodiesel o Dendê é que apresenta melhor desempenho. Portanto, pode-se identificar uma oportunidade para a produção de biodiesel de Dendê no Estado do Pará, devido as caracteristicas da Região Norte serem favoráveis ao desenvolvimento da cultura do Dendê tais como: condições de solo, condições climáticas, terras disponíveis, dominio do manejo da cultura pelos agricultores locais. É importante ressaltar que, dadas as condições, outras culturas de oleaginosas (soja, girassol, mamona, etc..) não se adaptam a região de produção de Dendê no Estado do Pará. 3.4 Logística Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT, 2011), no Estado do Pará, que pesquisou 2.551 quilômetros de rodovias representando 55,7% das rodovias Federais, Estaduais e Municipais pavimentadas. Foram avaliados 2.540 quilômetros destas rodovias dos 2.551 quilômetros pavimentados da extensão total pavimentado no Pará, os resultados foram classificadas como regular 21,1%, ruim 42,9%, péssima 35,6% e 0,4% como bom. A pesquisa mostra que estas rodovias são perigosas para o tráfego de veículos. Além de ser o Estado com maior índice de rodovias deficientes em relação aos 56 outros estados do Brasil, apresenta a maior quantidade de quilômetros classificada como péssimo (CNT, 2011). Em relação à logística de Biodiesel de Dendê pode-se inferir que os custos de logística são altos e recomenda-se que a planta de produção deve estar integrada à usina de processamento de óleo para o biodiesel. O estudo realizado pelo IBP (2007) leva em consideração as diferenças de cada região do Brasil. Ele teve como objetivo fazer as configurações das cadeias logísticas do biodiesel e os seus custos logísticos. Tal estudo verificou que os custos de produção de biodiesel variam muito conforme a região, o insumo escolhido e, principalmente, o grau de verticalização de sua cadeia produtiva (produção agrícola, extração de óleo, produção do biodiesel e distribuição). Conclui que o biodiesel de dendê só é mais competitivo do que a soja nos casos: i) onde há alguma verticalização quando o agricultor vende o cacho de fruto fresco (a maioria extrai o óleo, produz o biodiesel e, em seguida, vende para o distribuidor. O dendê custa em reais por litro 11% menos que a soja) ii) completa verticalização da produção onde o empreendedor planta, extrai o óleo e produz o biodiesel e o repassa para o distribuidor (o biodeisel de dendê custa em reais por litro, 13% menos que o biodeisel da soja) IBP (2007). Observa-se, ainda, que, quanto maior o grau de verticalização, mais os custos de produção de biodiesel (reais por litro) caem para ambas as oleaginosas, sendo respectivamente, para o dendê 9% e para a soja 11%. Para os casos de alguma verticalização e verticalização completa, o que pode evidenciar que as plantas necessitam ser grandes para ter ganhos de economia de escala. O escoamento da produção é um entrave para o desenvolvimento da produção de biodiesel de Dendê na região Norte, especialmente no Estado do Pará, o que implica no aumento dos custos logísticos de escoamento do Biodiesel produzido na região. Segundo dados levantados em 2011, do sistema de informações de frete (SIFRECA) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq – USP, o custo de transporte de álcool de Goaianésia, no Estado de Goiás, para Belém do Pará é de R$ 197,50 por metro cúbico, e da cidade de São Paulo para Belém o custo é de 57 240,00 reais por metro cúbico (SIFRECA, 2012). Entretanto, vale ressaltar que esse é o menor e o maior custo encontrado para transporte da região Centro-Sul do Brasil para Belém do Pará. Da mesma forma, podemos fazer a analogia sob o ponto de vista de remessa de biodiesel de dendê produzido numa refinaria em Belém do Pará para o Estado de São Paulo. O custo do frete para o transporte do etanol para utilização na produção industrial demonstra que, sob o ponto de vista ambiental e balanço energético da produção, a rota metílica pode ser a mais viável economicamente. 3.4.1 Localização da Planta de Processamento A localização da planta de processamento é uma importante questão a ser definida. Refere-se à integração ou separação do complexo de produção de óleo (planta de extração), o de tratamento de óleo para retirada de impurezas e contaminantes, e o de produção de biodiesel. A questão é definir se o tratamento de óleo ficará localizado junto à extração de óleo, ou junto à planta de biodiesel. Entretanto, especialistas indicam que é necessário avaliar se a produção de óleo e produção de biodiesel têm flexibilidade, pois os custos de logística são os indicadores da melhor solução, em função de existir custos nas duas situações possíveis (CASTRO; LIMA; SILVA, 2010). 3.5 Desenvolvimento da Cultura do Dendê O desenvolvimento da cultura do Dendê no Estado do Pará está ligado à solução de algumas dificuldades que precisam ser superadas e também apresentam oportunidade a serem exploradas, mencionadas abaixo (BIODIESELBR, 2012): Dificuldades 58 Falta de mão-de-obra local qualificada para atender ao segmento industrial. Problemas fundiários (legalização de propriedades) e ambientais (áreas degradadas e desmatamento). Demora nas análises de novos licenciamentos para novas usinas. Insegurança jurídica, gerada pela situação fundiário e ambiental. Demora para definições e votações de alguns pontos da legislação do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Pará que necessitam de correções, a exemplo do chamado passivo ambiental (áreas degradas). Oportunidades Recursos financeiros disponíveis no Banco da Amazônia, por meio do Fundo de Investimento do Norte (FNO) e na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), destinados a incentivar novos negócios no estado do Pará. Receita por hectare da cultura do Dendê é muito superior a outras oleaginosas e reúne grande contingente mão de obra local para trabalhar no plantio e colheita. Agricultura familiar o Estado do Pará tem cerca de trezentas mil famílias aptas ao trabalho. Desenvolvimento tecnológico por meio de incentivo à pesquisa para combater as pragas que já dizimaram plantações no Pará, como o Amarelecimento Fatal (AF), e melhoramento das matrizes de dendezeiro, visando aumentar a produtividade. 59 A superação das dificuldades ambientais, fundiárias e burocráticas passam também pela solução de questões legais que encontram-se em discussão no âmbito do governo federal e congresso nacional para destravar o desenvolvimento da cultura do Dendê no Estado do Pará. 3.5.1 Problema Fundiário no Estado do Pará O problema fundiário no Estado do Pará data da década de 1970 com a migração de pessoas de várias regiões do país e, está ligado diretamente, com a forma de ocupação da região por: madeireiros, pecuaristas e pequenos agricultuores, e se estende até os dias atuais. Destaca-se que o Estado do Pará é foco de conflitos agrários. O Governo Federal, em 2009, com a pretensão e o objetivo de buscar uma solução definitiva para o problema, criou o programa Terra Legal Amazônia que visa dar título de propriedade de 49 milhões de hectares de terras públicas federais não destinadas até o ano de 2014, ocupadas por posseiros na Amazônia Legal (essa área equivale a duas vezes o tamanho do Estado de São Paulo ou 9% da Amazônia Legal), e também da regularização fundiária urbana que vai doar áreas federais urbanas para os municípios (BRASIL, 2012). Esta é uma política pública que tem como meta principal levar segurança jurídica aos produtores rurais, desenvolvimento sócio-econômico e proteção do meio ambiente através da redução do desmatamento. O programa consiste em dar título de propriedade para 296 mil posses de até 15 módulos fiscais (76 hectares), que foram ocupadas até 01 de Dezembro de 2004 em nove estados da Amazônia Legal (BRASIL, 2012). Especialistas apontam falhas, como falta de instrumentos para avaliar se as terras vêm da ação de desmatamentos ilegais ou conflitos fundiários, preço da terra fixado no programa que tem como base o preço mínimo de mercado com um desconto de 60 80% em comparação ao preço do mercado, atrasos burocráticos nos processos de regularização, falta de clareza nas obrigações dos contratos de títulos definitivos da propriedade da terra, e também não prevê a regularização de grandes áreas que ocupadas por grandes propriedades. Entretanto, o governo afirma que o programa tem como objetivo regularizar a questão fundiária, e não vender terras. Programa Terra Legal Amazônia contempla, ainda, que áreas entre 1.500 hectares e 2.500 hectares devem ser leiloadas e, acima deste tamanho, devem voltar para o patrimônio público. 3.5.2 Selo Combustível Social O Ministério do Desenvolvimento Agrário é o órgão responsável pela concessão, renovação e cancelamento do Selo Combustível Social que está vinculado ao programa de Agricultura Familiar (PRONAF) de acordo com o Decreto Lei n° 3.991 de 30 de Outubro de 2001 (BRASIL, 2004). O processo para obtenção do Selo Combustível Social é feito através de protocolo da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), e terá um prazo de 60 dias para avaliação e emissão de parecer conclusivo com o objetivo de promover a inclusão social dos agricultores familiares. Está vinculado à compra de um percentual mínimo da produção de oleaginosas, visando integrar à agricultura familiar a cadeia produtiva das oleaginosas, inclusão social, geração de renda e redução das desigualdades regionais do País (FREITAS, 2011). Segundo Brasil; Ministério do Desenvolvimento Agrário (2012), as regras a serem cumpridas pelos produtores de biodiesel com os agricultores participantes do PRONAF são: - Firmar contratos com os agricultores familiares negociados com a participação de uma entidade representativa dos mesmos (sindicatos, federações). A agricultura 61 familiar organizada na forma de sindicatos ou federações terá que dar anuência por meio de carta para validar o que foi acordado entre as partes; - Repassar cópia dos contratos devidamente assinados pelas partes para o agricultor familiar contratado e para a entidade representativa (sindicato, federação, outros); - Assegurar assistência técnica gratuita aos agricultores familiares contratados: Capacitar os agricultores e agricultoras familiares para a produção de oleaginosa(s), de forma compatível com a segurança alimentar da família e com os processos de geração de renda em curso, contribuindo para a melhor inserção da agricultura familiar na cadeia produtiva do biodiesel e para o alcance da sustentabilidade da propriedade; Repassar ao agricultor familiar assistido pelo técnico, cópia do laudo de visita devidamente assinado; Adquirir um percentual mínimo de matéria-prima da agricultura familiar, que varia de região para região, de acordo com a normativa; Outra regra que os produtores de biodiesel precisam obedecer é a de estimular o plantio de oleaginosas somente em áreas com zoneamento agrícola para a oleaginosa em questão, ou em áreas que tenham recomendação técnica emitida por órgão público competente. Nos casos de oleaginosa de origem extrativista, as áreas terão que possuir um plano de manejo. Trata-se de um contrato comercial de fornecimento de matéria-prima, no qual os agricultores ou cooperativas de grãos oleaginosos, oleaginosas ou do óleo produzido, se comprometem a entregar a produção aos usineiros produtores de biodiesel para a produção de biodiesel. Sob o lado do agricultor familiar, é uma iniciativa que reduz as incertezas, pois há garantia de venda da produção para as usinas. Essa é uma iniciativa pioneira do Brasil, uma vez que é o único país que vincula produção de biodiesel ao desenvolvimento sócio-econômico das diferentes regiões e 62 também desenvolve agricultura sustentável, que, por sua vez, existe grande potencial de produção de biodiesel de diversas oleaginosas, principalmente as perenes, como o Dendê cujo potencial de produção de óleo por hectare plantado é elevado – cerca de 5 a 8 ton. O instrumento legal que institui o Selo Combustível Social como política pública, coloca no processo os agentes decisórios que garantem o sucesso do programa pelo lado da agricultura familiar: o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do financiamento o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), do tributário a Secretaria da Receita Federal (SRF) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Tais instituições são responsáveis pelo PRONAF e proporcionam acesso ao crédito para toda a cadeia produtiva e algumas isenções ou reduções tributárias do PIS e COFINS, de acordo com cada região do País (BRASIL, 2011). No mês de março de 2012, segundo Brasil e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2012), existem 38 usinas com o selo de combustível social no Brasil nas diversas regiões. Há que se destacar que nenhuma das usinas está localizada no Estado do Pará. A instrução normativa número 1, de 20 de Junho de 2011, fixou as condições para as empresas produtoras de biodiesel, que devem realizar a compra da agricultura familiar, um percentual mínimo de 15% nas regiões Norte e Centro-Oeste, e 30% nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Semiárido. Esse percentual é computado apenas para aquisições de matérias-primas de agricultores familiares, ou de sua cooperativa da agricultura familiar, habilitadas de acordo com a nova instrução normativa. O cálculo das porcentagens são feitos com base no custo de aquisição das matérias-primas adquiridas do agricultor familiar ou de sua cooperativa em relação ao custo total de aquisições de matéria-prima. Além desse gasto, baseia-se nos valores despendidos com análises de solo nas propriedades familiares, valores referentes à doação de insumos aos agricultores familiares que sejam de origem privada e valores referentes à assistência e capacitação técnica, utilizadas para a produção de biodiesel (EMBRAPA, 2010). 63 Os incentivos aumentam à medida em que o produtor de biodiesel adquirir matériasprimas para a produção originária da agricultura familiar de diferentes regiões e diferentes tipos de oleaginosas em detrimento dos fornecedores do agronegócio ou mercado. Tabela 6 - Tributos Incidentes sobre Usinas portadoras do Selo combustível Social Carga Tributária Incidente sobre a Usina de Biodiesel Selo Combustível Social - Regime Especial Regra Agricultura Regra Geral Familiar Oleaginosas Região Coeficente de Redução Aliquota Tributos % PIS 6,15% COFINS 28,32% TOTAL 0,3447 R$ / m3 120,14 553,19 673,33 Outras Mamona e Palma Outras Outras 67,60% Norte / Nordeste / Semi árido 77,50% Outras 89,60% Mamona e Palma Norte / Nordeste / Semi árido 0% R$ / m3 38,9 179,1 218 R$ / m3 27,03 124,247 151,277 R$ / m3 12,49 57,53 70,02 R$ / m3 0 0 0 Fonte: FREITAS, 2011. O MDA, através das instruções normativas, tem o poder de alterar os percentuais de aquisição de matéria-prima da agricultura familiar entre as diferentes regiões produtoras. Essa influência tem como objetivo fazer com que os produtores de biodiesel invistam em regiões diferentes da localização de suas plantas produtoras de Biodiesel, visando incentivar o desenvolvimento de regiões carentes (BRASIL; MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA, 2012). A cadeia produtiva do biodiesel, considerando a agricultura familiar, já gerou mais de 100 mil empregos. Entretanto, é importante destacar que, no ano de 2012, as 38 empresas produtoras de biodiesel detentoras do selo combustível social no Brasil estão distribuídas de acordo com a Tabela 7. Tabela 7 - Número de Usinas Portadoras do Selo Combustível Social Empresas Detentoras do Selo Combustível Social - Março 2012 Estado Região Quantidade Participação 64 Rio Grande do Sul Sul 6 16% Paraná Sul 2 5% São Paulo Sudeste 5 13% Rio de Janeiro Sudeste 1 3% Minas Gerais Sudeste 1 3% Goiás Centro Oeste 4 11% Mato Grosso Centro Oeste 11 29% Mato Grosso do Sul Centro Oeste 2 5% Bahia Nordeste 3 8% Ceará Nordeste 1 3% Norte 2 5% 38 100% Tocantins Total Nota: Dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Fonte: Adaptado de BRASIL; MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO, 2012. A Error! Reference source not found.7 demonstra que a concentração da produção de biodiesel está diretamente relacionada às empresas que possuem o selo combustível social. Isto evidencia que há grande adesão dos produtores do biodiesel em relação ao programa. O motivo deve ser investigado: a adesão se dá por força da regulamentação dos leilões da ANP; por incentivos fiscais da SRF; ou a combinação de ambos? Observa-se também que a região Norte tem somente o Estado do Tocantins na Error! Reference source not found.7 e não existem empresas nos Estados do Pará e Amazonas, o que pode evidenciar a baixa adesão de produtores de biodiesel e agricultores familiares ao selo combustível social? Segundo dados da Secretaria de Agricultura Familiar, até o mês de Dezembro de 2011, a comercialização de oleaginosas como matéria-prima para a produção de biodiesel provenientes da agricultura familiar foi de R$ 1,4 bilhões. No ano de 2010 foi R$ 980 milhões. Houve, em 2011, um aumento de 32% em relação ao volume de venda de 2010. Cabe ressaltar que, em 2006, este valor foi de R$ 69 milhões. No que se refere ao numero de famílias que participam do PNPB, em 2005 eram 16 mil, e em 2010 o número de famílias participantes já ultrapassa 103 mil (EMBRAPA, 2010). Estimativas apontam que, até o ano de 2020, o número pode aumentar para 65 110 mil famílias, com projeções para geração de 530 mil empregos diretos, com a adoção do B20 (EMBRAPA, 2010). A venda de oleaginosas tem grande potencial de diversificação e criação de riqueza. Estimativas projetam que a venda de óleo será de aproximadamente R$ 5,75 bilhões, distribuídas entre todos os Estados produtores, com tendência de distribuição maior no Norte, Nordeste e Centro Oeste (EMBRAPA, 2010). Tal fator deve-se à disponibilidade de áreas para expansão das culturas de oleaginosas, especialmente no Norte do Brasil, onde se encontram grandes áreas para expansão de culturas, principalmente as perenes. Considerando que, desde o início do PNPB, o valor total arrematado (de 2005 a 2011) foi de R$ 20 bilhões e que a agricultura familiar recebeu, no mesmo período, R$ 1,4 bilhões de benefícios, pode-se afirmar que houve geração e transferência de renda da cadeia produtiva industrial para a agricultura familiar da ordem de 7% de todos os recursos gerados com a venda de biodiesel no Brasil (BRASIL, 2012). O Dendê participou apenas com 16,5 mil toneladas para a produção de Biodiesel no PNPB na região Norte no ano de 2010, com apenas uma usina produzindo, demonstrando pouca expressão. Entretanto, existe uma tendência de aumento com o lançamento do programa de produção sustentável da Palma de Óleo, devido ao lançamento da linha de crédito do PRONAF ECO – linha de financiamento por agricultor familiar e taxa de juros definidas a cada ano -, o que gerou a adesão de 4,5 mil agricultores familiares ao programa (BRASIL, 2012). As propriedades com potencial para participar do programa de produção sustentável da palma foram levantadas através de georreferenciamento, que resultou em uma base de informações ambientais das propriedades, e financeiras dos agricultores familiares, objetivando avaliar a capacidade de acesso ao crédito rural. Porém, é importante destacar que a cultura do Dendê gera um emprego a cada dez hectares, que é muito maior que em outras culturas (BRASIL, 2012). As fontes de financiamento são feitas através dos bancos oficiais, e os critérios da linha de financiamento são: 66 Empréstimo de no máximo R$ 80 mil por beneficiário, sendo R$ 8 mil por hectare. Assistência Técnica de R$ 600,00 por hectare da parcela de pagamento da mão de obra para a manutenção da familia, entre o segundo e o quarto ano de implantação. Parcela de Assistência Técnica R$ 50,00 por hectare/ano. Prazo de Pagamento de 14 anos, com até 6 anos de carência (BRASIL 2012). A empresa Vale, em parceria com a Biopalma, está implantando o projeto de plantio sustentável da Palma do Dendê para extração de óleo que será utilizado para a produção de biodiesel B20. Tal biodiesel será utilizado na frota de locomotivas, máquinas e equipamentos da mineradora e acarreta na redução das emissões de CO2 nos próximos 25 anos, além de contribuir para o sequestro de carbono da ordem de 2 milhões de toneladas com a implantação de 80.000 ha de dendezeiro até o ano de 2013 em áreas degradadas. Atualmente já estão implantados 50.000 ha no ano de 2012 (PLANTIO, 2012) com o objetivo de produzir 600 mil toneladas de biodiesel em 2019 quando a cultura atingir o ápice de produção exclusivamente para uso próprio (PLANTIO, 2012). O projeto visa implantar 20.000 hectares da cultura de Dendê em áreas degradadas por pastagens e áreas abandonadas em seis pólos agrícolas da região do vale do Acará e baixo Tocantins. Focando na agricultura familiar, o objetivo é incluir 2.000 famílias cultivando 10 ha de dendezal cada família, e permitir que o restante da área da propriedade seja utulizada para cultivo de frutas e criação de animais. Cabe ressaltar que, em média, as propriedades têm de 25 a 30 ha e estão situadas nas municípios de Moju, Tomé-Açu, Acará, Concórdia do Pará, Abaetetuba e São Domingos do Capim (PLANTIO, 2012). O recursos financeiros são oriundos do programa PRONAF via financiamento bancário oficial, o crédito é de R$ 80.000,00 financiado à taxa de juros de 2% ao ano, carência de 6 anos para o agricultor familiar iniciar o pagamento da dívida e prazo de 14 anos para quitar o financiamento. Tal iniciativa vem contribuindo para o desenvolvimento sustentável e geração de renda (PLANTIO, 2012). 67 3.5.3 Leilões Agência Nacional do Petróleo (ANP) Os leilões da ANP são fundamentais para a cadeia produtiva para que o preço do biodiesel sirva como valor de referência frente ao preço dos outros óleos comerciais. No caso de queda nos preços, a compra desse óleo para a produção de biodeisel será realizada pelas usinas produtoras, de acordo com os contratos firmados entre ambas as partes, que são a base desta relação comercial. Algumas oleaginosas estão ligadas diretamente ao mercado de óleos cotados no mercado internacional, as quais tem alto potencial para indústrias alimentares, cosméticas e farmacêuticas. Essas indústrias pagam ao agricultor preços maiores que os produtores da indústria de biodiesel. Podemos inferir que os agricultores irão entregar sua safra para os processadores de óleo que irão comparar os benefícios de vender no mercado spot para outras cadeias industriais que não sejam o mercado de biodiesel. Gráfico 13 – Valor Total Arrematado do 1º ao 24º Leilão de Biodiesel B100 ANP 2005-2011. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. 68 No Gráfico 13 observa-se o valor total de todos os leilões da ANP desde o 1º leilão, realizado em Novembro de 2005, até o 24º leilão, realizado em Novembro de 2011, resultou em R$ 20 bilhões no período de seis anos. Gráfico 14 – Volume Arrematado do 1º ao 24º Leilão de Biodiesel (B100) ANP 2005-2011. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. 69 No Gráfico 14 observa-se os volumes de biodiesel de todos os leilões da ANP desde o 1º leilão, realizado em Novembro de 2005, até o 24º leilão, realizado em Novembro de 2011, resultou no volume arrematado de 9.155.000 metros cúbicos. Gráfico 15 – Valores Totais Arrematados com e sem Selo Combustível Social por tipo de adição BX% (bilhões de Reais). Fonte: Adaptado de ANP, 2012. 70 Gráfico 16 – Volumes Arrematados com e sem Selo Combustível Social por BX%. Fonte: Adaptado de ANP, 2012. tipo de adição Os Gráficos 15 e 16 indicam claramente que a política pública de adição obrigatória de biodiesel ao diesel é fator crítico de sucesso para o sucesso do PNPB. E dada a grande capacidade ociosa das usinas de biodiesel, é possível que o percentual de adição biodiesel ao diesel, seja aumentado para 10% até 2014 e 20% no ano de 2020, de acordo com o novo marco regulatório em discussão no congresso nacional do Brasil. Podemos concluir, observando os gráficos 15 e 16 que, a medida que aumenta a adição de biodiesel ao diesel, maior é a adesão dos produtores de biodiesel ao Selo Combustível Social. Isso se dá em função da obrigatoriedade desse requisito para participar dos leilões da ANP, além do registro na SRF para que os produtores de biodiesel possam se beneficiar dos incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal. Com objetivo de corrigir as distorções nos custos de transporte do B100 das usinas até as unidades da Petrobras, a ANP introduziu no 23º Leilão de Biodiesel o Fator de 71 Ajuste Logístico, para eliminar a distorção dos diferentes custos logísticos existentes no Brasil. Os leilões adquiriram um caráter regional, considerando os custos envolvidos na entrega do B100 para as distribuidoras nas diversas regiões do Brasil, por exemplo, no 22º Leilão de Biodiesel, o preço médio em Reais/metro cúbico foi de R$ 2.207,00 para todo o território nacional. A inexistência do Fator de Ajuste Logístico penalizava os produtores que tinham que entregar o B100 na Região Norte e Nordeste, e beneficiava os produtores que tinham obrigação de entrega na Região Sul do Brasil. O Fator de Ajuste Logístico é subtraído da oferta feita pelo produtor de biodiesel, de acordo com o Estado onde ele está localizado e para qual região do País ele está vendendo. Pode-se observar que, a partir do 23º leilão, houve um aumento da competição entre os participantes. Tal fato foi confirmado pelo número de vencedores: 101 no 23º leilão, quase o dobro dos 54 vencedores do 22º leilão de biodiesel da ANP. Os preços médios, por metro cúbico, dos lotes arrematados incluindo o fator de ajuste logístico, no 23º leilão de biodiesel, para os produtores de B100 entregarem a produção na Região Sul foi R$ 2.354,58/m³, Região Norte R$ 2.523,50/m³, e Região Nordeste R$ 2.493,02/m³. Então, comparando as Regiões Norte e Nordeste com a Região Sul verifica-se que: i) O preço do metro cúbico da Região Norte é maior no valor de R$ 168,92/m³; ii) O preço do metro cúbico da Região Nordeste é maior no valor de R$ 138,44/m³. Portanto, podemos inferir que houve uma correção de preços de mercado no 23º leilão de biodiesel da ANP, considerando as distâncias entre os centros consumidores e produtores de biodiesel no Brasil, o que não existia nos leliões anteriores. Trata-se de um processo de melhoria contínua e de aperfeiçoamento da curva de aprendizado de mercado. 72 Figura 3 – Bases de Distribuição da Petrobrás no Brasil. Fonte: SINDICOM, 2012. A Figura 3 apresenta todoas as bases de sitribuição e refinarais da Petrobrás no Brasil, considerando as distâncias entre os centros consumidores e as usinas de produção de biodiesel. Nota: A base nos preços médios cada lote de biocombustivel realizado nos leilões da ANP de Nov 2005 até Nov 2011. Gráfico 17 – Taxa geométrica de crescimento de preços de biocombustíveis dos volumes arrematados com e sem selo combustível social. Fonte: Adaptado de ANP, 2102. 73 Observa-se no Gráfico 17 que durante o período de 2005 até 2011, foram realizdos 24 leilões de biodiesel da ANP onde foram arrematados 53 lotes de biodiesel. Com base nos preços de cada lote foi construída a taxa geométrica de crescimento de preços, onde foram analisados os preços médios por metro cúbico dos 53 lotes de biodiesel arrematados durante o período de cada leilão, verificou-se então que houve um pequeno crescimento dos preços médios da ordem de 0,27% ao longo de seis anos analisados. Embora esta série não seja longa, verifica-se que a tendência é que exista uma estabilidade de preços nos leilões. Cabe ressaltar que há evidências de que a economia de escala da soja como principal matéria-prima do biodiesel esteja influenciando a estabilidade dos preços, devido ao aumento da adição BX% ao longo destes 6 anos. Sob o ponto de vista mercadológico, o produto de maior valor agregado na cadeia da soja não é o óleo de soja e sim o farelo de soja, fonte de proteínas na cadeia alimentar humana e animal, que tem cotações de preços mais atrativos no mercado internacional para exportação o que pode colaborar para a estabilidade de preços do biodiesel uma vez que a soja é a principal fonte de matéria-prima para a produção de biodiesel. Com base nesta realidade, podemos inferir que os produtores de biodiesel têm margens de lucro reduzidas nos leilões de biodiesel da ANP, o que pode ser verificado no Gráfico 17. 3.5.4 Risco Climático O ZARC da cultura do Dendê, elaborado pelo Ministério da Agricultura, é o fator fundamental para o agricultor familiar obter o crédito junto às instituições financeiras, pois esta é uma exigência do Conselho Monetário Nacional à concessão do crédito ao agricultor familiar e as normas são fixadas pelo Banco Central do Brasil. 74 O acesso ao crédito para o desenvolvimento da cultura pela agricultura familiar no Brasil é um instrumento de desenvolvimento econômico e social. Serve para garantir segurança jurídica para os agentes financiadores e seguradoras. O objetivo principal do ZARC é quantificar o risco de perda da cultura por eventos climáticos anormais, principalmente geadas e secas, com base técnico-cientifica para analisar os dados históricos, para identificar em cada município a melhor época de semeadura paras as culturas anuais, nos diferentes tipos de solo e ciclos dos cultivares, dentro de níveis de risco de perda pré-estabelecidos. Trata-se de um processo anual revisado pelo MAPA para servir de orientação para o crédito de custeio agrícola oficial e também para o seguro rural privado e programas dos governos para suas respectivas regiões com diferentes aptidões agrícolas em todo o Brasil. No entanto, cabe ressaltar que, embora seja o instrumento que viabiliza a cultura do Dendê sob o ponto de vista do acesso ao crédito, verifica-se que esta medida somente foi normatizada pelo Banco Central em Fevereiro de 2012 com a seguinte redação: O Banco Central do Brasil através da Resolução de 29 de Fevereiro de 2012, Ajusta as normas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e altera a Resolução nº 4.047, de 26 de janeiro de 2012 (Banco Central do Brasil). R E S O L V E U: Art. 1º A Seção 1 (Disposições Gerais) do Capítulo 10 (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Pronaf) do Manual de Crédito Rural (MCR) passa a vigorar acrescido do item 48, com a seguinte redação: “48 - As instituições financeiras, mantidas suas responsabilidades, podem efetuar operações de qualquer modalidade, grupo ou linha de crédito do Pronaf por intermédio de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) ou de cooperativas singulares de crédito, mediante mandato, desde que obedecida a metodologia do Programa de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), instituído pela Lei nº 11.110, de 25 de abril de 2005, e atendidas as seguintes exigências: a) o limite de endividamento total do mutuário, em todo o Sistema Nacional do Crédito Rural (SNCR) e em todas as linhas de crédito do Pronaf, não ultrapasse R$15.000,00 (quinze mil reais), tomando por base o somatório dos saldos devedores dos financiamentos “em ser” que contarem com a aplicação da metodologia de que trata o caput deste item; e b) sejam observadas as condições de cada grupo ou linha de crédito do Pronaf e da respectiva fonte de recursos, inclusive quanto ao risco da operação e à remuneração da instituição financeira.” (NR) 75 Art. 2º Os itens 2 e 3 da Seção 16 (Linha de Crédito para Investimento em Energia Renovável e Sustentabilidade Ambiental – Pronaf Eco) do Capítulo 10 do MCR passam a vigorar com a seguinte redação: “2 - Quando destinados a projetos de investimento para as culturas do dendê ou da seringueira, os créditos da Linha Pronaf Eco sujeitam-se às seguintes condições especiais: b) finalidade: investimento para implantação das culturas do dendê ou da seringueira, com custeio associado para a manutenção da cultura até o quarto ano; c) limite de crédito por beneficiário: R$80.000,00 (oitenta mil reais) em uma ou mais operações, descontando-se do limite os valores contratados de operações “em ser” ao amparo da Linha Especial de Crédito de Investimento para Produção de Alimentos (Pronaf Mais Alimentos), de que trata o MCR 10-18, respeitado o limite de: I - R$8.000,00 (oito mil reais) por hectare para a cultura do dendê; II - R$15.000,00 (quinze mil reais) por hectare para a cultura da seringueira; e) prazo de reembolso, de acordo com o projeto técnico: I - para a cultura do dendê: até 14 (quatorze) anos, incluídos até 6 (seis) anos de carência; II - para a cultura da seringueira: até 20 (vinte) anos, incluídos até 8 (oito) anos de carência.” (NR) “3 - Os financiamentos de que trata o item 2 ficam condicionados: a) à observância do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) para as culturas do dendê e da seringueira, elaborado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; b) à apresentação, pelo mutuário, de contrato ou instrumento similar de fornecimento da produção proveniente das culturas do dendê e da seringueira para indústria de processamento ou beneficiamento do produto, no qual fiquem expressos os compromissos desta com a compra da produção, com o fornecimento de mudas de qualidade e com a prestação de assistência técnica; .................................................” (NR) Art. 3º Fica alterado o caput do art. 1º da Resolução nº 4.047, de 26 de janeiro de 2012, que passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1º Ficam as instituições financeiras autorizadas, para os agricultores familiares de municípios atingidos por estiagem nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com decretação da situação de emergência e do estado de calamidade pública após 1º de dezembro de 2011, reconhecida pelo Governo Federal, a:” (NR) Art. 4º Fica excluído o item 5 da Seção 13 (Linha de Crédito para Grupo B do Pronaf – Microcrédito Produtivo Rural) do Capítulo 10 do MCR. Art. 5° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2012). A regulamentação do Banco Central do Brasil sobre a utilização do ZARC é de fundamental importância para que o agricultor familiar participante do PRONAF tenha acesso as linhas de créditos junto aos bancos e, possam fazer os investimentos necessários para a instalação do dendezal com o objetivo de fornecer os cachos de frutos frescos (CFF) para as usinas de processamento de biodiesel no Estado do Pará, trata-se do destravamento do crédito com juros mais acessiveis ao produtor rural e estimulo a produção. 76 3.5.5 Recuperação de Áreas Degradadas na Amazônia Legal O governo do Brasil, em 1988, através do Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Ciência e Tecnologia, iniciou estudos sobre o desflorestamento na Amazônia, com a criação do Programa de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (PRODES), desenvolvido e executado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O objetivo de produzir a estimativa da taxa anual do desflorestamento, a partir de levantamentos sistemáticos, utilizando imagens de satélite ao longo de vinte anos, contribui para aprofundar a visão sobre a região através do monitoramento, mapeamento e compreensão da dinâmica de uso e cobertura da terra na Amazônia Legal denominado projeto “TerraClass 2008” (INPE, 2008). O projeto TerraClass 2008, realizado pela Embrapa, INPE e IBAMA, elaborou os Dados Municipais de Levantamento de Informações de Uso e Cobertura da Terra na Amazônia, projeto que teve como objetivo fazer a leitura de imagens orbitais com a finalidade de elaborar um mapa digital para o ano de 2008 das áreas já desflorestadas da Amazônia Legal, descrevendo a situação do uso e da cobertura da terra. Segundo INPE (2008), a definição para as áreas degradadas por pastagem são: Pasto Limpo – áreas de pastagem em processo produtivo com predomínio de vegetação herbácea, e cobertura de espécies de gramíneas de entre 90% e 100%. Pasto Sujo – Áreas de pastagem em processo produtivo, com predomínio de vegetação herbácea, e cobertura de espécies de gramíneas de entre 50% e 80%, associado à presença de vegetação arbustiva esparsa com cobertura entre 20% e 50%. Pasto com Regeneração – Áreas que, após o corte raso da vegetação natural e desenvolvimento de alguma atividade agropastoril, encontram-se no início do 77 processo de regeneração da vegetação nativa, apresentando dominância de espécies arbustivas e pioneiras arbóreas. Áreas caracterizadas pela alta diversidade de espécies vegetais. Tabela 8 - Áreas Correspondentes de Cada Classe do Mapeamento Comparando o Estado do Pará com Amazônia Legal Uso e Cobertura do Solo Área Km2 Classe Pará Amazônia Legal Pará/Amazônia Floresta 888.483,09 3.214.046,58 28% Não Floresta 73.662,06 953.262,50 8% Hidrografia 44.331,45 14.913,56 39% Desmatamento 2008 4.751,67 11.458,64 41% Agricultura Anual 2.100,23 34.927,24 6% Mosaico de Ocupações 1.388,06 24.416,57 47% Área Urbana 1.215,37 3.818,14 32% Mineração 331,36 730,68 45% Outros 134,16 477,88 28% Pasto Limpo 107.251,68 335.714,94 32% Pasto Sujo 22.662,36 62.823,75 36% Regeneração com Pasto 16.209,26 48.027,37 34% Pasto com Solo Exposto 234,94 594,19 40% 57.624,78 17.414,12 1.247.794,59 150.815,31 45.406,27 5.001.433,62 38% 38% 25% Vegetação Secundária Área Não Observada Total Estado Fonte: Adaptado de INPE, 2008. A Error! Reference source not found. mostra que o Estado do Pará representa 25% da extensão territorial da Amazônia Legal, possui área de Pasto Sujo de 62.823,75 km² e o Pará 22.662,36 km² o que representa 36% desta área, e apresenta área de Regeneração com Pasto 48.027,37 km² e o Pará 16.209,26 km², o que representa 34% da área da Amazônia Legal, respectivamente. O mesmo estudo mostra que o Estado do Pará apresenta a maior área desfloretada, 4.751,67 km², seguido do Mato Grosso, com 3.180,09 km², no ano de 2008. Com base nestes dados, podemos afirmar que há um grande avanço das atividades antrópicas sobre a floresta nativa, principalmente da agropecuária extensiva, que utiliza grandes extensões de terra. 78 Figura 4 – Área degradada na Amazônia Legal por Atividade Antrópica. 4 Fonte: Edson Barcelos O Ministério da Agricultura tem como meta recuperar 15 milhões de hectares de áreas degradas até o ano de 2020, evitar o avanço sobre a floresta nativa principalmente da agropecuária extensiva, que utiliza de grandes extensões de terra com baixo nível tecnológico e de produtividade (BRASIL, 2012). 3.5.6 Zoneamento Econômico Ecológico do Dendê O Conselho Nacional do Meio Ambiente aprovou, no dia 22 de Março de 2012 em Brasília, o Zoneamento Econômico Ecológico da Calha Norte e Zona Leste do Estado do Pará, que compreende áreas antropizadas da região onde se localizam 110 dos 143 municípios do Pará, totalizando 406 mil quilômetros quadrados. Esta decisão significa que, mesmo que o código florestal em vigor imponha 80% de reserva legal para as propriedades na Amazônia Legal, nas áreas já abertas onde exista o ZEE aprovado, o valor da reserva volta a ser de 50% para o replantio. 4 Imagem fornecida durante visita realizada à Usina Biopalma, na cidade de Moju (PA), em 09 de abril de 2012. (material não publicado). 79 Esta medida precisa ser aprovada pela Presidente da República, e implica em proporcionar segurança jurídica para os produtores, instituições de financeiras e investidores, até que seja votado o novo código florestal, significando oportunidades para a geração de empregos e renda para a região, e contribuindo para o reaproveitamento de áreas degradas no Estado do Pará (AGÊNCIA PARÁ, 2012). Considerando o Bioma Amazônia especialmente a área que corresponde a Estado do Pará, a cultura perene de espécie arbórea, especialmente a oleaginosa da Palma de Dendê, é a que apresenta as melhores condições de contribuir para o desenvolvimento econômico-social sustentável na região Amazônica por ser de domínio da população destes estados. Segundo levantamento do censo Agrícola 2006 (IBGE, 2011), há 23.174 estabelecimentos familiares que estão localizados em áreas de pastagens plantadas degradadas numa área de 1.067.720 hectares no Estado do Pará, ou seja, há um grande potencial para a cultura do Dendê. A entrada em vigor do ZEE abre caminho para os investimentos impulsionando a implantação de novos cultivos de palma em áreas já degradadas por pastagem, alavancando o desenvolvimento da cultura do Dendê, estas ações vão se trazer grandes contribuições para a recuperação ambiental, economica e mitigação dos efeitos dos Gases de Efeito Estufa. Estimativas realizadas pelo pesquisador da Embrapa Edson Barcelos indicam que o Dendê contribui para a preservação da floresta tropical úmida através da ciclagem e fixação de CO2, o valor estimado para a quantidade de carbono no final da vida útil de uma plantação, da ordem de 61 tCO2/ha, em função do dendê possuir grande potencial de recobrimento da área desmatada da floresta ele poderá resultar em impactos positivos na ciclagem e fixação de CO2, que seria da ordem de 223 tCO2/ha durante o ciclo da cultura, entretanto existem poucas informações sobre o assunto. A matéria seca é fixada principalmente nas folhas e raízes do Dendezeiro, possui grande capacidade de armazenamento de Carbono o que favorece por ser tratar de 80 espécie árborea perene, o sistema radicular do dendezeiro é significativamente superior aos valores atribuídos ao Eucalyptus, entretanto vale lembrar que o dendezeiro tem vida útil de cerca de 25 anos e os Eucalyptus tem seu corte ao redor de 7 anos e é produzido para fins de produção energética em larga escala. Segundo Belmiro, Furlan Jr, Nodari (2007), para cada hectare plantado com a palma de dendê, 36 toneladas de CO2 são sequestradas da atmosfera, portanto, há uma oportunidade para a implantação de projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Protocolo de Quioto. Figura 5 – Ilustração do sistema radicular e foliar de uma planta de Dendê. 5 Fonte: Edson Barcelos 5 Imagem fornecida durante visita realizada à Usina Biopalma, na cidade de Moju (PA), em 09 de abril de 2012. (material não publicado). 81 3.5.7 Economia de Escala e economia de Escopo Segundo PORTER (1991) economias de escala são relacionadas ao declínio dos custos unitários de produção de um produto à medida que o volume absoluto de produção aumenta, há a diluição dos gastos gerais, com a integração vertical da produção. A economia de escala pode estar presente em quase todas as funções de um negócio desde a produção até a comercialização de produtos (PORTER 1991). Economia de escala está ligada a lei dos rendimentos marginais crescentes de volume de produção, que é resultante dada uma variação em proporções fixas de insumos provoca uma variação ainda maior na quantidade final produzida pela unidade de produção (ELY, 2009), ou seja, os custos fixos de produção são diluídos a medida que a produção aumenta utilizando-se a mesma unidade produtora de biodiesel. Segundo PORTER (1991) a vantagem da integração vertical se reflete no ganho de eficiência ao reunir no mesmo local operações tecnologicamente distintas através de operações combinadas. No caso da usina de produção de biodiesel de dendê há o benefício de compartilhar custos conjuntos com a produção de óleo, biodiesel, biogás e energia elétrica, caracterizando-se a presença da economia de escopo. A economia de Escopo é obtida quando a firma opta por diversificar e fazer novos produtos utilizando o mesmo conjunto de tecnologias disponíveis e já dominadas por esta, ou seja utiliza da mesma tecnologia mecânica disponível para diferentes tipos de consumidores finais. No caso da usina de Dendê, esta pode produzir matériaprima para diferentes tipos de indústrias que demandam do Dendê (alimentos, biodiesel, cosméticos). Segundo Ely (2009) a firma possui economia de escopo quando para esta, o custo de produzir uma gama de produtos em uma mesma planta é inferior ao custo de produzi-los em cada uma das plantas separadas. 82 Dado o alto índice de capacidade ociosa, 60% das usinas produtoras de Biodiesel no Brasil (ANP, 2011), há uma oportunidade de ganhos de escala, pois é possível aumentar a produção de biodiesel sem aumentar o parque industrial existente. É importante ressaltar que este ganho de escala depende do aumento da adição do Biodiesel ao diesel de petróleo, e este fator está condicionado a questões legais que precisam ser aprovadas pelo governo brasileiro. A Usina de Dendê também possui a característica de modularidade de escala e economia de escopo, pois permite ampliar a produção, agregando à planta existente equipamentos periféricos para aumento da produção utilizando mão-de-obra disponível ou pequeno aumento desta, sem aumentos expressivos dos custos de produção ou de investimento em nova usina. Os resíduos do processo de produção de óleo de palma, palmiste e biodiesel são aproveitados para geração de energia elétrica para exportação para a rede pública e produção de biogás no mesmo lugar de localização da usina de produção. 3.6 Amazônia Legal A Amazônia Legal ocupa 5.016.136,3 km 2, que correspondem a cerca de 59% do território brasileiro. Nela vivem em torno de 24 milhões de pessoas, segundo o Censo 2010, distribuídas em 775 municípios, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Maranhão e Goiás. A Amazônia Legal contém 20% do bioma cerrado, a região abriga todo o bioma Amazônia, o mais extenso dos biomas brasileiros, que corresponde a 1/3 das florestas tropicais úmidas do planeta, detém a mais elevada biodiversidade, o maior banco genético e 1/5 da disponibilidade mundial de água potável. 83 Figura 6 – Mapa da Amazônia Legal. Fonte: : Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 3.7 Zoneamento Agroecológico de Dendê O Zoneamento Agroecológico do Dendezeiro para as Áreas desmatadas da Amazônia Legal, instituído pelo governo do Brasil, visa expandir a cultura do dendê nas regiões desmatadas da Amazônia legal, através da produção de óleo para fins alimentares e de biocombustível. 84 O projeto de ampliação e diversificação da matriz energética será executado através do aproveitamento de áreas já desmatadas pela ação antrópica do homem, diminuindo a pressão sob as áreas de florestas primárias, além de gerar emprego e renda para a população local fixando o homem à terra e evitando o exôdo rural. O projeto foi amplamente discutido com vários setores da sociedade em reuniões com representantes do poder público, técnicos, produtores dos estados da região, segmento industrial, sociedade civil e eclesiástica como uma forma de validação dos resultados além da divulgação em eventos científicos e seminários sobre solos, oleaginosas e agroenergia. O ZAE do dendê tem como objetivo principal criar os mecanismos de orientação à implementação da cadeia de produção de óleo de dendê na Amazônia Legal, portanto constitui-se a base técnico-científica para a sustentabilidade ambiental, equilíbrio econômico e social para indicar as regiões mais propícias e adequadas à produção agrícola da cultura do dendê tanto para a agricultura familiar quanto para investimentos privados que utilizam grandes somas de recursos tecnológicos e financeiros. Visando manter a fidedignidade e evitar distorções conceituais do documento que fundamenta o Zoneamento Agroecológico de Dendê as partes conceituais foram transcritas e reproduzidas quase em sua totalidade de acordo com o texto original dado que são informações técnicas. O Zoneamento Agroecológico do Dendê para as Áreas Desmatadas da Amazônia Legal - ZAE-Dendê, foi elaborado sob encomenda do Governo Federal, com apoio financeiro da Finep. A Amazônia Legal, estabelecida no artigo 2 da lei no 5.173, de outubro de 1966, abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, parte do Maranhão e cinco municípios de Goiás, compreendendo cerca de 59% do território brasileiro (IBGE, 2011). Utilizaram-se técnicas avançadas de geoprocessamento, através da utilização de sistemas de informação geográfica (SIG) e de sensoriamento remoto através do cruzamento da aptidão climática com a aptidão das terras para o dendezeiro. 85 O zoneamento agroecológico de uma espécie vegetal corresponde à identificação, caracterização e delineamento cartográfico de unidades ambientais reconhecíveis na paisagem natural, classificadas em função de sua aptidão para o cultivo sustentável de tal espécie (EMBRAPA 2010). De acordo com a EMBRAPA Solos (2010), O ZAE-Dendê tem como objetivos específicos: oferecer subsídios para a reestruturação da matriz energética brasileira através da produção de biocombustível; oferecer alternativas econômicas sustentáveis aos produtores rurais da região, operando em agricultura empresarial ou familiar; oferecer uma base para o planejamento do uso sustentável das terras em consonância com a legislação vigente; propiciar o ordenamento territorial nas áreas desmatadas consolidadas e a consolidar da região amazônica em conformidade com o Zoneamento Ecológico – Econômico dos estados da região (ZEE); fornecer bases para o planejamento de pólos de desenvolvimento no espaço rural em alinhamento com as políticas governamentais sobre segurança alimentar e energia. De acordo com o ZAE realizados pela Embrapa Solos para a cultura do dendê, a aptidão das terras foi avaliada com base nas informações de solos disponíveis, considerando-se as características dos solos componentes das unidades de mapeamento, de acordo com os seus graus de limitação ao uso, em quatro classes de aptidão das terras para o dendê: Boa, Regular, Marginal ou Restrita e Inapta. Essas classes são estabelecidas de acordo com o grau de intensidade com que os fatores de limitação afetam as terras para os níveis de manejo B e C. Visando avaliar o potencial das terras sob diferentes níveis de aplicação de tecnologia agrícola e capital, tanto a aptidão das terras quanto o zoneamento agroecológico foram executados para dois níveis de manejo B e C. 86 Nível de manejo B: Emprega práticas agrícolas que refletem um nível tecnológico médio, havendo modesta aplicação de capital e de resultados de pesquisas para manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras. As práticas agrícolas estão condicionadas, principalmente, à tração animal. A motomecanização, portanto, é mais intensa no preparo inicial do solo e em alguns tipos de tratos culturais compatíveis com implementos agrícolas mais simples. Figura 7 – Zoneamento Agroecológico da Cultura da Palma de Óleo nas Áreas Desmatadas Amazônia Legal – Estado do Pará – Nível de Manejo B. Fonte: EMBRAPA SOLOS, 2010. Nível de manejo C: Emprega práticas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico; caracterizando-se pela aplicação intensiva de capital e de tecnologias 87 para manejo, melhoramento e conservação das condições das terras e das lavouras. A motomecanização está presente nas diversas fases da operação agrícola. Figura 8 – Zoneamento Agroecológico da Cultura da Palma de Óleo nas Áreas Desmatadas Amazônia Legal – Estado do Pará – Nível de Manejo C. Fonte: EMBRAPA SOLOS, 2010. Com base na metodologia adotada e parâmetros adotados para o cultivo do dendezeiro nas diversas áreas da Amazônia Legal realizados chegou-se a definição das áreas da Amazônia legal. ZAE do dendê possui a seguinte estrutura classificatória: Preferencial (P) - potencial alto; Regular (R) - potencial médio a alto; Marginal (M) - potencial baixo; 88 Inapta (I) - sem potencial ou inadequadas; Áreas protegidas: terras contidas em unidades de conservação ambiental ou em terras indígenas demarcadas. 89 Tabela 9 - Classes de Zoneamento Obtidas a Partir do Cruzamento das Classes de Aptiddas Terras com as Classes de Aptidão Climática Aptidão Climática Classe de Zoneamento Preferencial (P) Boa (B) Aptidão das Regular (R) Terras Marginal (M) Inapta (I) Regular (R) Marginal (M) Inapta/NR (I) P (PB) R (RB) M (MB) I (IB) R (PR) R (RR) M (MR) I (IR) M (PM) M (RM) M (MM) I (IM) I (PI) I (RI) I ( MI) I (II) Fonte: EMBRAPA SOLOS, 2010. As classes do zoneamento, estabelecidas de acordo com o grau de intensidade das limitações ambientais (clima e terras) para a cultura do dendezeiro, foram assim definidas: Preferencial - P (potencial alto) - terras sem limitações significativas para a produção sustentada do dendezeiro. O clima, Preferencial, apresenta déficit hídrico menor que 200 mm e até três meses secos consecutivos (<50 mm). Esse mínimo de restrições não reduz, expressivamente, a produtividade ou os benefícios e não aumenta a necessidade de insumos e práticas mitigadoras acima de um nível aceitável. Regular - R (potencial médio) - terras com limitações moderadas para a produção sustentada do dendezeiro. O clima, Regular, apresenta déficit hídrico entre 200 mm e 350 mm, com até três meses secos consecutivos (<50 mm). As limitações reduzem a produtividade ou os benefícios ou elevam a necessidade de insumos e práticas mitigadoras para aumentar o rendimento da cultura. Marginal - M (potencial baixo) - terras com limitações fortes para a produção sustentada do dendezeiro. O clima, Marginal, apresenta déficit hídrico entre 350 mm e 450 mm, com até três meses secos (<50 mm). Essas limitações reduzem a produtividade ou os benefícios ou, então aumentam os insumos necessários, de tal maneira que os custos só seriam justificados marginalmente. A decisão de se utilizar essas terras para a produção de dendê, conforme a classificação da aptidão das terras apresentada, deve se 90 basear-se em estudos de viabilidade econômica e do contexto socioeconômico do agricultor. Inapta I (potencial muito baixo) - terras com limitações muito fortes e clima desfavorável que impedem a produção econômica do dendezeiro. Na legenda do mapa zoneamento encontra-se indicada a eventual ocorrência de áreas com aptidão melhor ou pior dentro da unidade de mapeamento. 91 4 MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho consiste no estudo da viabilidade economica para a construção de uma usina de grande porte, que produzirá de biodiesel de Dendê, através da parceria entre agricultores familiares cadastrados no PRONAF para a implantação de dendezal para fornecimento de matéria prima para a produção de biodiesel. Algumas pontos são fundamentais para o suceso do projeto: i) geração de emprego e renda para o agricultor familiar. ii) recuperação de áreas degradas por pastagem em cinco municípios do Estado do Pará situadas no pólo do Dendê; iii) análise de cenários para tomada de decisão de investimentos com base em indicadores de performance economica utilizados no mercado financeiro, iv) fator locacional para definição da localização da usina Os parametros técnico científicos para definição das áreas de plantio da cultura foram definidos com base no ZAE Dendê e TerraClass 2008. Os parametros economicos utilizam os conceitos de financeiros avaliação de projetos tais como: análise de cenários, análise de sensibilidade, modelos de operação da usina de produção, valor presente liquido, taxa interna de retorno dentre outros 4.1 Definição das Áreas Potenciais A metodologia utilizada consiste em cruzar áreas de alto potencial agrícola, localização de usinas de dendê já existentes no Estado do Pará, malha viária para escoamento da safra e produção, recuperação de áreas degradadas por agricultura e pastagem. Os dados foram obtidos com base no Zoneamento Agroecológico do Dendê pela extração, formatação e análise de dados e mapas que foram confeccionados utilizando-se sistema de informações geográfica (SIG), cuja base de 92 desenvolvimento foi feito no Laboratório de modelagem ambiental da Embrapa Informática Agropecuária, situada em Campinas-SP, Brasil. A metodologia utilizada para definição das áreas potenciais para a produção de Óleo de Palma de Dendê foram baseadas nos ZAE do Dendê do MAPA, com base nestas informações foram extraídas as áreas de Manejo C com a classificação Preferencial (P) e Regular (R) dentro do Estado do Pará, de acordo com ZAE do Estado Pará – Área de Manejo C, citado mapa 1 do item 2.5 da revisão bibliográfica. Através do cruzamento das informações do ZAE dendê e a base de dados de municípios do IBGE, foi possível realizar o levantamento das áreas Preferencial e Regular para cada município do Estado do Pará, que tem área potencial 744.446 ha de área preferencial e de 6.709.190 ha de área Regular, somente para o ZAE C na região do Estrado do Pará. Tabela 10 – Ranking dos 10 Maiores Municípios com Base na Existência de Estradas Pavimentadas e Usinas Instaladas ZAE Manejo C - Área Preferencial e Regular (10 Maiores Municípios-Ha) Municípios – PA Regular Preferencial Total Acará 92.343 209.011 301.354 Tucumã 84.119 124.590 208.708 Itaituba 106.979 98.526 205.506 0 64.238 64.238 102.353 55.942 158.295 0 53.335 53.335 1.255 33.476 34.731 Concórdia do Pará 38.823 30.289 69.111 Parauapebas 62.490 17.369 79.859 3.544 10.930 14.474 491.906 697.704 1.189.610 Abaetetuba São Domingos do Capim Barcarena Igarapé-Miri Benevides Total Notas: Dados trabalhados pelo autor. Fonte: ZAE, 2012 (Manejo C - Área Preferencial e Regular 2010) 93 Na Error! Reference source not found. acima e a Figura 9 a seguir, representam os municípios que se destacaram com potencial Preferencial e Regular com base na existência de Rodovias Pavimentadas, Usinas de Extração de Óleo de Dendê e proximidade com a região Meso Região Metropolitana de Belém. Dada a existência de áreas Potenciais classificadas como Regular e Preferencial, infraestrutura logística e presença de usinas acrescentamos os municípios de Moju, Tailândia e Tomé Açu dada sua importância para a cultura da Palma e do pólo industrial de produção de Óleo de Dendê no Estado do Pará. 94 Figura 9 – Mapa de Localização de Usinas e Malha Viária Estado do Pará. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 95 Tabela 11 - Lista dos 5 Municipios com Área Potencial no ZAE Manejo C, com Áreas Regular e Preferencial Área Potencial (Ha) Municipios - PA Regular Preferencial Total Acará 92.343 209.011 301.354 Concórdia do Pará 38.823 30.289 69.111 Moju 245.338 155.712 401.051 Tailândia 194.531 - 194.531 Tomé Açu 279.220 - 279.220 Total 850.255 395.012 1.245.267 Notas: Dados trabalhados pelo autor. Fonte: ZAE, 2012 (Manejo C - Área Preferencial e Regular 2010) Figura 10 – Meso Região Metropolitana de Bélem. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 96 A figura 10 mostra que os municípios da meso região metroplotina de Belém, o que contribui para facilitar o escoamento da produção de biodiesel para o grande centro consumidor do Pará e para exportação para outros mercados nacionais e até mesmo para exportação. Tabela 12 - Municípios com Área Potencial no ZAE Manejo C, com Àreas Degradadas por Pastagem Áreas Degradadas (Ha) Degradada Regeneração Pastagem(1) Pasto Sujo com Pasto Total Acará 8.586 9.060 17.646 Concórdia do Pará 8.510 6.420 14.930 Moju 19.107 13.698 32.805 Tailândia 14.044 8.562 22.606 Tomé Açu 24.623 19.509 44.132 Total 74.870 57.249 132.119 Municipios - PA Notas: Dados trabalhados pelo autor. (1) Pasto Sujo e Regeneração com Pasto. Fonte: INPE, 2008 (TerraClass 2008) O foco da definição das áreas potenciais são áreas degradas de pastagem com base nos levantamentos do TerraClass 2008 causadas pela ação antrópica desta atividade nas cidades de Acará, Concórdia do Pará, Moju, Tailândia e Tomé Açu. A motivação para escolha destas cidades são as imensas áreas disponíveis para desenvolvimento da cultura do Dendê que totalizam 132.119 ha de áreas degradadas potenciais para o plantio de dendezeiros. 97 Tabela 13 - Municípios com área potencial no ZAE Manejo C, Comparado com áreas Degradadas por Pastagem Área Potenciais (Ha) Degradada (1) Municipios - PA Potencial Pastagem* Acará 301.354 17.646 Concórdia do Pará 69.111 14.930 Moju 401.051 32.805 Tailândia 194.531 22.606 Tomé Açu 279.220 44.132 1.245.267 132.119 Total Notas: Dados trabalhados pelo autor. (1) Pasto Sujo e Regeneração com Pasto. Fonte: INPE, 2008 (TerraClass 2008); ZAE Manejo C 2010. A 98 é o resultado da soma das áreas Potenciais (Regular e Preferencial) mais as áreas degradadas (pasto sujo e pasto com regeneração) que foram utilizadas para fazer o ranking de municípios com maior potencial para a instalação da cultura nas respectivas ordens de classificação: Moju, Tomé Açu, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará. Em função dos levantamentos cruzando o tamanho das áreas potenciais de manejo no ZAE do Dendê e áreas de pastagens degradadas pasto sujo e regeneração com pasto foram gerados no Laboratório de Modelagem Agroambiental, Embrapa Cnptia em Campinas, os mapas das cidades 5 cidades selecionadas para implantação do Dendezal, que estão apresentados nas Figura 11 a Figura 16 os Municípios de Acará, Concórdia do Pará, Moju, Tailândia e Tomé Açu pertencentes ao ZAE Dendê – Manejo C com as respectivas áreas Regular (R) e Preferencial (P) recomendadas para a cultura assim como a área total de cada cidade, portanto este estudo totalmente dentro da metodologia científica que definiu todas as áreas potenciais para o cultivo do dendezeiro. É importante destacar que os 132.119 ha de áreas de pastagens degradadas, se plantadas com Dendezal, podem contribuir positivamente para a ciclagem e fixação de CO2, tendo como base o valor estimado para a quantidade de carbono no final da vida útil desta plantação da ordem de 61 tCO2/ha, resultado poderá atingir 8.059.259 tCO2 O volume total de carbono sequestrado da atmosfera é de 36 Ton CO2/ha, o potencial total sequestrado de CO2 é de 4.756.284 toneladas nas áreas degradadas por pastagens. 99 Figura 11 – Municípios Área Potencial ZAE Dendê – Manejo C – Pará. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 100 Figura 12 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Moju. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 101 Figura 13 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Tomé-Açu. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 102 Figura 14 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Acará. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 103 Figura 15 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Concórdia do Pará. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 104 Figura 16 – Áreas Potenciais com Áreas Degradadas por Pastagem – Município Tailândia. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 105 A Figura 17 apresenta o ranking de cidades selecionadas que é o resultado do cruzamento de variáveis estradas, áreas degradadas por pastagem e áreas potenciais de cada município selecionado. Utilizou-se o SIG para geração dos índices, que variam na escala de 6 até 40 para definir o município que apresenta as melhores condições de instalação da usina considerando essas variáveis. Figura 17 – Ranking dos Municípios cruzamento de variáveis estradas, áreas degradadas por pastagem e áreas potenciais. Fonte: Laboratório de Modelagem Agroambiental - Embrapa Cnptia 2012. 106 4.3 Definição do Local de Instalação da Usina - Fator Locacional O fator locacional foi utilizado para avaliar entre os municípios candidatos, qual é o melhor local para a instalação da usina considerando as variáveis chave que mais impactam na decisão, através da atribuição de pesos, segundo sua importância na tomada de decisões e notas atribuídas a cada uma das variáveis para cada cidade identificada neste estudo, como potencial para a instalação da usina de biodiesel. As definições das variáveis chave que impactam a decisão localização da usina são: - Terra Disponível Plantio (P, R): Terras classificadas no ZAE Dendê como Preferencial ou Regular; - Preço da Terras: Preço de mercado para aquisição de terras pelos investidores para implantação do cultivo; - Número de Agricultores PRONAF: Quantidade de agricultores cadastrados participantes do PRONAF, disponíveis para implantação da cultura do Dendê em suas propriedades; - Disponibilidade de Terras Degradadas: Quantidade de terras degradadas definidas pelo projeto TerraClass 2008 como Pasto Sujo e Pasto com Regeneração; - Mão de Obra Qualificada: Recursos humanos nos municípios para trabalhar na operação de máquinas agrícolas, suporte técnico ao produtor rural e operação na indústria. - Situação das Estradas: Estado de conservação das estradas pavimentadas para escoamento de Cachos de Frutos Frescos e produção de óleo e/ou biodiesel; - Problemas Fundiários: Levantamento junto aos Estado, Prefeituras e Cartórios da situação do produtor no programa terra legal do governo federal; Serviços Públicos (Energia): disponibilidade de infraestrtura de energia elétrica nos municípios visando a implantação da indústria; A cada uma das variáveis são atribuídos pesos, em uma escala de 1 (mínimo) até 5 (máximo), que dependem do grau de importância de cada uma para o avaliador que, posteriormente tomará sua decisão decisão de investimento. A cada uma das variáveis são atribuídas notas, em uma escala de 1 (mínimo) até 10 (máximo), que dependem do valor atribuído a cada uma das variáveis por cada um 107 do(s) entrevistado(s) - que necessáriamente deverá ser ligado ao negócio ou a cultura do Dendê. Tabela 14 Pesos e Notas Atribuídas ás Variáveis do Fator Locacional para Determinação do Local de Implantação da Usina Pesos e Notas Atribuídas ás Variáveis do Fator Locacional para Determinação do Local de Implantação da Usina. Fator Locacional Terra Disponível Plantio (P, R) Preço das Terras Número de Agricultores PRONAF Disponibilidade de Terras Degradadas Mão de Obra Qualificada Situação Estradas (plantação/usina) Problemas Fundiários Serviços Publicos (Energia) Peso Fator 5 2 Moju 10 5 Tailândia 5 7 Concórdia do Pará 2 4 Tomé Açu 7 9 Acará 8 6 3 5 5 5 5 5 3 2 8 3 6 3 3 3 10 3 4 3 4 2 2 6 4 7 6 3 6 7 5 3 4 2 5 7 5 3 Fonte: INPE, 2008 (TerraClass 2008); ZAE Manejo C 2010; (informação verbal) Notas: Dados elaborados pelo autor. 6 Verifica-se na tabela 14, que os fatores que receberam maior peso são disponibilidade de área para plantio Preferencial e Regular, terras degradadas por pastagens e infra estrutura de escoamento da produção dada à alta perecibilidade do CFF para processamento na usina de extração de óleo. Verificou-se, também durante a visita, que a chegada de grandes empresas capitalistas para investir no plantio de dendezal causou um aumento expressivo no preço do hectare de terra da ordem de mais de 800% a 1.000%, no entanto há que se considerar que os preços do hectare eram muito baixos (cerca de R$200,00 /ha) comparado com outros estados do Brasil, na região devido à grande procura por corporações como Petrobrás Biocombustíveis, Vale, Cargill, entre outras. 6 Informação fornecida por Edson Barcelos durante visita realizada à Usina Biopalma, na cidade de Moju (PA), em 09 de abril de 2012. 108 Tabela 15 - Resultados Obtidos pela Ponderação dos Pesos pelas Notas do Fator Locacional para Determinação do Local de Implantação da Planta da Usina Pontos e Notas Ponderadas Fator Locacional Terra Disponivel Plantio (P, R) Preço Terra Numero de Agricultores PRONAF Disponibilidade Terras Degradadas Mão de Obra Qualificada Situação Estradas (plantação/usina) Problemas Fundiários Serviços Publicos (Energia) Total Pontos por Município Concórdia Pará 10 8 15 do Tomé Açu 35 18 15 Moju 50 10 15 Tailândia 25 14 15 24 6 18 6 9 6 30 6 12 6 24 8 14 151 24 6 12 120 28 10 6 92 16 4 10 134 28 10 6 129 Fonte: INPE, 2008 (TerraClass 2008); ZAE Manejo C 2010; (informação verbal) Notas: Dados elaborados pelo autor. Acará 40 12 15 7 Considerando os pontos obtidos entre os minicípios candidatos a sediar a usina foi definida Moju, que está próxima a planta de distribuição da Petrobras no município de Barcarena. Em função das condições da infraestrutura das estradas da região e alta taxa de acidificação que influi na eficiência da extração de óleo de palma e diretamente na produtividade da planta de biodiesel, fica estabelecido que a planta do presente estudo ficará integrada verticalmente ao complexo de produção de óleo (planta de extração), o de tratamento de óleo para retirada de impurezas e contaminantes e o de produção de biodiesel. De acordo com Edson Barcelos (informação verbal), o raio entre a plantação e uma usina está situado entre 60 a 100 km em estradas em boas condições de tráfego, considerando o emprego de caminhões bi-trem com capacidade que pode variar de 30 ton (2 unidades de 15 ton) a 40 ton, com tecnologia de transporte de Cachos de Frutos Frescos, para atender à demanda de uma usina de grande porte. 7 Informação fornecida durante visita realizada à Usina Biopalma, no municipio de Moju (PA), em 09 de abril de 2012. 109 4.4 AVALI AÇ ÃO ECONÔMICO FINANCEIRA 4.4.1 Valor Presente Líquido (VPL) O conceito do valor temporal do dinheiro, afirma que o dinheiro disponível hoje vale mais que o dinheiro disponível amanhã, em função do custo de oportunidade do capital gerar retorno imediato, aplicado no mercado a uma determinada taxa de juros livre de risco, existe a certeza de que o dinheiro com risco vale menos que o dinheiro sem risco. (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2008). A taxa de retorno esperada de um investimento está associada à expectativa de aceitar os investimentos que ofereçam retornos maiores que o custo de oportunidade de capital, para um investimento, é a decisão de investir no projeto em detrimento de investir no mercado de capitais (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2008). O VPL é a técnica de descontar os fluxos de caixa esperados futuros do projeto pelo custo de oportunidade do capital que os investidores estão dispostos a analisar, hierarquizar e comparar com outras oportunidades de investimento no mercado, com o objetivo de criar riqueza. O uso do VPL como ferramenta de avaliação econômico-financeira consiste na avaliação do conceito temporal do dinheiro, que mede as entradas e saídas de caixa estimadas do projeto, a uma taxa mínima de atratividade ajustada ao risco que é custo de oportunidade de investimento alternativo no mercado de capitais. O cálculo do VPL é dado pela equação: VPL Onde: FC 0 FC1 FC 2 FC 3 FCn ...... I 0 1 2 3 (1 i ) (1 i ) (1 i ) (1 i ) (1 i ) n FC = Fluxos de caixa esperados (positivos ou negativos) i = Taxa de atratividade (desconto) I = Investimento 110 Com base na equação do VPL, conclui-se que é possível aceitar ou rejeitar ativos (investimentos, projetos, etc.) e tomar decisão de aceitar projetos que apresentem VPL > 0 que criem valor, e rejeitar projetos com VPL < 0 que destroem valor. 4.4.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) A taxa interna de retorno define-se como a taxa de desconto para o qual um projeto tem o VPL igual a zero (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2008). A TIR iguala o valor presente dos futuros fluxos de caixa, descontados ao investimento inicial de um projeto, logo deve-se aceitar um projeto que apresente uma TIR superior ao custo de oportunidade de capital, pois aumenta a riqueza dos acionistas, e rejeitá-lo caso contrário. 4.4.3 Fluxo de Caixa Descontado (FCD) O fluxo de caixa descontado é uma técnica econômica que oferece a real avaliação do valor da empresa, pois captura todos os elementos que afetam este valor, que são os fluxos de caixa previstos para o futuro descontados a uma taxa que reflete o risco associado a esses fluxos (COPELAND; KOLLER; MURRIN, 2000). O fluxo de caixa descontado é uma técnica para projetar fluxos de caixas anuais no futuro e descontar uma taxa seu valor no presente, levando em consideração o valor do dinheiro no tempo (GITMAN, 2003). A taxa de desconto dos fluxos de caixa anuais futuros está associada ao risco do negócio, quanto maior os riscos maior será esta taxa de desconto (GITMAN, 2003). 111 4.4.4 Taxa Mínima de Atratividade (TMA) Para Gitman (2001), a TMA é taxa que justifica o investimento num projeto ou investimento em detrimento de outro que ofereça menor risco, ou seja é o custo de oportunidade do capital. Normalmente se utiliza a taxa de juros de longo prazo da economia, como valor minimo a ser considerado na avaliação de viabilidade economica de projetos. 4.4.5 Período de Recuperação do Investimento (PAYBACK) O período de recuperação do investimento de um projeto é obtido calculando-se os número de anos que decorrerão até os fluxos de caixa acumulados estimáveis igualarem o montante do investimento inicial, por um período limite de tempo estabelecido pelos investidores (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2008). A avaliação de vários projetos que apresentam fluxos de caixa que geram VPL > 0, quando submetidos para a tomada de decisão, podem ser rejeitados devido ao fato que este critério não considera os fluxos de caixa pós período limite destes projetos e dá pesos iguais a todos os fluxos de caixa que ocorrem antes do período limite (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2008), entretanto é muito importante que seja estabelecido um período limite apropriado, associado com o período de vida do projeto, para evitar que projetos menos interessantes de curto prazo sejam aceitos e os projetos mais interessantes de longo prazo sejam rejeitados. O payback é o período de recuperação do dinheiro investido em função das entradas de caixa anuais que irão recuperar o investimento inicial em um determinado projeto, obtida pela divisão do investimento inicial pelos fluxos de caixa anual do projeto (GITMAN, 2003). 112 É uma técnica para a tomada de decisões de aceitar e rejeitar projetos com base nos critérios que se o payback do projeto for menor que o payback máximo aceitável, então deve-se aceitar o projeto, caso contrário deverá ser rejeitado (GITMAN, 2003). Ao considerar os fluxos de caixa em detrimento dos lucros contábeis, define-se quão atraente é um projeto ao medir a rapidez que a empresa recupera seu investimento inicial, também é um indicador de exposição ao risco que se utiliza para a tomada de decisão. As desvantagens do período do payback é que o período é estabelecido subjetivamente, não associa o período de payback ao objetivo central, que é a maximização da criação de riqueza, não leva totalmente o valor do dinheiro no tempo e não reconhece os fluxos de caixa futuros após o período de payback (GITMAN, 2003). 4.4.6 Análise de Sensibilidade A incerteza é a probabilidade da ocorrência de eventos que podem afetar o fluxo de caixa que afetarão o VPL de um determinado projeto investido a um custo de oportunidade que está sujeito a imprevistos que podem afetar as previsões iniciais, no entanto deve-se identificar as variáveis chave que determinarão o sucesso ou o fracasso do projeto (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2008). É fundamental identificar as varáveis mais perigosas que podem afetar o VPL. Para tal, realiza-se uma análise de cenários com amplitudes otimista, neutra e pessimista aos quais atribuímos a cada variável sucessivamente valores e seus respectivos impactos no VPL. O risco refere-se à probabilidade de não aceitar um projeto e está associado ao grau de variabilidade dos fluxos de caixa. Rejeita-se um projeto com NPV < 0 ou IRR < custo de capital, projetos com pequena probabilidade de serem aceitos e com alta 113 variabilidade de fluxo de caixa apresentam risco maior e alto grau de incerteza de entradas de caixas que derivam de receitas, despesas e impostos (receitas de vendas, custo de matérias primas, custo de mão-de-obra, custos de energia e água e impostos) que são as variáveis subjacentes que impactam os fluxos de caixa (GITMAN, 2003). A análise de sensibilidade é uma técnica que usa valores possíveis de uma variável subjacente relacionada para avaliar o impacto no resultado da empresa. É é uma técnica útil para obter uma noção da variabilidade do retorno em resposta às mudanças de uma variável-chave que impacta o VPL associados as entradas de caixa pessimistas (piores), mais prováveis (esperadas) e otimistas (melhores). Tal variação é medida subtraindo o resultado do VPL pessimista do otimista (GITMAN, 2003). De acordo com Brealey, Myers e Allen (2008) o problema da análise de sensibilidade é que as variáveis selecionadas podem ser interdependentes. Para contornar este problema, é importante que sejam escolhidas varáveis o máximo possível independentes, outro problema é que altera uma variável por vez, quando na realidade muitas variáveis tendem a se alterar conjuntamente, pois estão relacionadas entre si. Este enfoque demonstra o quão sensível é o VPL a uma mudança nas varáveis, considerando as hipóteses subjacentes estabelecidas nas amplitudes pessimista, neutra e otimista. 4.4.7 Análise de Cenários Permite um exame das combinações diferentes, mas consistente das varáveis sob situações distintas, conduzindo a uma avaliação mais acurada das previsões que podem levar o projeto a apresentar VPL negativo no futuro. 114 De acordo com Brealey, Myers e Allen (2008), a análise de cenários permite observar um número limitado das combinações possíveis de variáveis. Recomenda-se a simulação de Monte Carlo como instrumento para avaliar todas as variáveis possíveis, permitindo-se assim avaliar a distribuição completa dos resultados do projeto. A análise de cenários apresenta maior abrangência, pois permite avaliar o impacto sobre o retorno da empresa de mudanças simultâneas de inúmeras variáveis como as entradas de caixa, saídas de caixa e custo de capital no VPL de um projeto (GITMAN, 2003). Os resultados obtidos pela simulação de VPL permitem estimar e avaliar os riscos de um projeto, contribuindo para a tomada de decisões de investimento (GITMAN, 2003). 115 5 RESULTADOS E DISCUSS ÃO Os estudos realizados nesta pesquisa obedeceram às premissas que estão abaixo sumarizadas. 5.1 Objetivo do Projeto da Usina O objetivo é a construção de uma usina completa para processamento de cachos de frutos frescos de Dendê com extração de óleo de palma, palmiste, produção de biodiesel, co-geração de energia e produção de biogás, através do emprego de tecnologias indústrias e agrícolas avançadas, que serão difundidas aos parceiros dos negócios, denominados agricultores familiares nas cidades, pertencentes ao projeto. A usina foi dimensionada obedecendo aos critérios de economia de escala e economia de escopo, com aplicação dos recursos tecnológicos para projetos de grande envergadura quando comparados às atuais usinas existentes no Brasil. Entretanto, a utilização de mão-de-obra local, oriunda da agricultura familiar já cadastrada no programa PRONAF da SAF do Ministério do Desenvolvimento Agrário, é fundamental para o sucesso deste projeto de parceria entre trabalhadores do campo e indústria de grande porte. A compra da agricultura familiar de 100% dos cachos de frutos frescos de Dendê, como insumo para a produção de óleo de palma (dendê), óleo de palmiste e biodiesel, é um dos pilares deste projeto, que visa gerar desenvolvimento econômico e social através da geração de renda e fixação do homem ao campo. No projeto, que tem vida útil de 25 anos, será obtido o Selo Combustível Social que traz benefícios fiscais para produtores de Biodiesel na Região Norte, dada a importância para sua viabilização econômica. 116 Foram realizados estudos econômicos financeiros para três modelos de operação: utilização da capacidade instalada para 100% de produção de óleo de palma; 100% para produção de Biodiesel, e produção combinada de Biodiesel (50%) e óleo de Palma (50%). Além da produção do óleo de palmiste, considerado em todos os cenários, que não será transformado em Biodiesel dado seu alto valor agregado de preço, cerca de 30% superior ao óleo de Dendê, e que será vendido no mercado de óleos para outros segmentos industriais, farmacêuticos e cosméticos. A análise financeira foi fundamentada nos conceitos de avaliação de projetos estudados já citados na pesquisa com bases no seguinte: a) Modelos flexíveis de produção da usina. 1. Produção de óleo de dendê 100% para o mercado 2. Biodiesel de dendê 100% 3. Mix Biodiesel 50% e óleo de dendê 50% 4. Resultados econômicos para a agricultura familiar b) Análise de sensibilidade considerando a variação de preços do óleo bruto de palma (dendê), óleo de palmiste no mercado spot (à vista) e preço médio com fator de ajuste logístico do metro cúbico de Biodiesel B100 no 24º leilão de biodiesel B100 da ANP para a região Norte do Brasil. c) Construção de 4 cenários de produção na usina para avaliação dos resultados das mudanças de preços no mercado à vista de óleos de dendê, palmiste e biodiesel, e seus impactos sobre as variáveis econômicas. c.1) Cenário 1 – Pessimista. Indica o limite mínimo de preços do biodiesel e óleo de palma bruto para aceitar o projeto considerando os indicadores econômicos. c.2) Cenário 2 – Neutro. Indica a situação atual, em Abril de 2012, dos preços de mercado à vista para óleo de palma, óleo de palmiste e 24º leilão biodiesel B100 da ANP. 117 c.3) Cenário 3 – Otimista. Considera a variação positiva de 10% dos preços de mercado à vista para óleo de dendê, óleo de palmiste e biodiesel B100 nos futuros leilões da ANP. c.4) Cenário 4 – Pró Biodiesel de dendê (100%). Considera estáveis as condições de preços de mercado dos óleos de palma e óleo de palmiste, e adiciona 10% aos preços futuros pagos nos leilões biodiesel B100 da ANP. d) Variáveis econômicas e finalidade d.1) Valor Presente Líquido (VPL) – trazer ao valor presente fluxos de caixa futuros de longo prazo (25 anos) d.2) Taxa Interna de Retorno (TIR) – taxa de desconto que torna VPL igual ZERO. Significa aceitar oportunidade de investimento que oferece taxa de retorno superior ao custo de capital. d.3) Taxa Mínima de Atratividade (TMA) - custo de oportunidade do capital, dadas outras opções de investimento com menor risco no mercado. d.4)Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM) – taxa de reinvestimento do capital considerando que deve ser maior ou igual a TMA. d.5) Índice TMA/TIR – mede o risco do projeto, varia de ZERO a UM. Significa que, quanto mais próxima de UM, maior é o risco do projeto. d.6) Fluxo de Caixa Descontado (FCD) – traz ao valor presente os fluxos de caixa futuros descontados pela TMA, considerando o efeito do tempo no dinheiro. d.7) Payback Descontado – número de anos até retorno do investimento considerando o fluxo de caixa descontado. Significa ser mais rigoroso, e exigir um retorno do capital mais rápido que quando se utiliza o Payback simples. O VPL e a TIR são os principais instrumentos indicadores, sendo os demais secundários, que servem de suporte para auxiliar a tomada de decisão de investimentos. E também a do agricultor familiar, visto que é o ator fundamental para a existência do projeto uma vez que não será realizado investimento em compra de terras próprias para o plantio do dendezal. Contudo, constata-se que esse é um risco baseado na fixação da TMA do projeto da indústria. 118 Estas foram as ferramentas da avaliação econômica para aceitar ou rejeitar o projeto em ambas as partes da cadeia produtiva: agricultores (geração de emprego e renda) e industrial (remuneração do capital), tendo como meta principal a maximização do retorno financeiro e criação de riqueza. Os resultados destes três modelos de operação, combinados com os indicadores econômicos, serão comparados, avaliados e discutidos individualmente com base na revisão bibliográfica já citada nesse trabalho, sempre com foco na fundamentação da melhor decisão de aceitar ou rejeitar o projeto via análise dos dados obtidos nessa pesquisa. 5.2 Dados Gerais do Projeto 5.2.1 Projeto da Indústria Tabela 16 - Pemissas Gerais do Projeto Complexo Industrial da Usina Premissas Gerais da Indústria CAPEX (Investimento Inicial) R$ (mil) 247.000 Financiamento BNDES Financiamento BNDES (TJLP a.a.) R$ (mil) Taxa ao ano 200.000 6,00% Financiamento Capital Próprio Financiamento Capital Próprio R$ (mil) Taxa ao ano 47.000 9,00% Prazo Pagamento Financiamento Anos 20 Prazo Projeto Usina Anos 25 Alocação Financiamento Fase 1 R$ (mil) 14.665 Alocação Financiamento Fase 2 R$ (mil) 120.045 Alocação Financiamento Fase 3 R$ (mil) 98.180 Alocação Financiamento Fase 4 R$ (mil) 14.110 Impostos sobre a Receita Óleo (ICMS/PIS/COFINS) Aliquota % 15,65% 119 Impostos sobre a Receita Biodiesel (ICMS/PIS/COFINS) Impostos sobre o Lucro (IR/CSLL) TMA Horizonte de Planejamento Volume Produção Óleo Palma Volume Produção Óleo Palmiste Volume Produção Biodiesel Aliquota % Aliquota % % Anos (Ton) (Ton) (Ton) 0% 34% 14% 25 Variável Variável Variável Preço de Venda Óleo Palma (R$ mil/Ton) Variável Preço de Venda Óleo Palmiste (R$ mil/Ton) Variável Preço de Venda Biodiesel (R$ mil/m3) Variável Custos Totais Produção de CFF (R$ mil/Ton) 0,265 Custos Variaveis Produção de CFF - Alocação 70% (R$ mil/Ton) 0,1855 Custos Fixos Produção de CFF - Alocação 30% Despesas / Receitas Financeiras Pagamento Principal Empréstimo BNDES Divida + Juros Amortizações (R$ mil/Ton) 0,080 Taxa ao ano % * Lucro Bruto 6% Variável Fonte: Elaboração própria. 5.2.2 Projeto Agricultura Familiar Tabela 17 - Pemissas Gerais do Projeto Complexo Industrial da Agricultura Familiar Premissas Gearis da Agricultura Familiar Financiamento PRONAF Financiamento PRONAF Prazo Limite Máximo Cultura Despesas / Receitas Operacionais Gerais e Administrativas Despesas / Receitas Financeiras Pagamento Principal Empréstimo Pronaf Divida + Juros 2% a.a. Amortizações TMA - Agricultor Custos Produção Total Remuneração Produtor PRONAF Fonte: Elaboração própria. R$ (mil) / 10 Ha Aliquota x % ao ano Anos Ha / Familia % * Lucro Bruto Taxa ao ano % * Lucro Bruto % % Receita Bruta % do Valor Óleo Palma / Ton CFF 80 2,00% 14 10 5% 2% 28,5% 12% 55% 13% 120 O complexo usineiro é formado por usina de extração de óleo de dendê, de óleo de palma, unidade de produção de biodiesel, co-geração de energia e produção de biogás a partir de resíduos do processo. A capacidade de processamento da usina de extração é de 120 toneladas de cachos de frutos frescos por hora, 500 horas de trabalho mensal. As taxas de extração de óleo de Dendê por toneladas CFF processadas são: i) Óleo Bruto de Palma 22%, ii) Óleo de Palmiste 2% iii) Biodiesel 95% do total óleo bruto de palma. O resultado anual do processo de extração da usina depende da decisão de como será tomada a decisão de produção, a seguir explanda: i) Produzir 110.000 ton/ano de óleo bruto de Dendê e 10.000 ton/ano de óleo de palmiste. ii) utilizar 110.000 ton/ano de óleo bruto de Dendê e transforma-lo em 104.500 ton/ano biodiesel e 10.000 ton/ano de óleo de palmist ou iii) utilização de um modelo de produção flexivel entre produzir óleo de Dendê bruto e biodiesel de Dendê. É importante que o planejamento fixa o limite máximo de utilização da capacidade instalada, no mês pico de produção. Estima-se a co-geração de 8 a 10 MW de energia elétrica, o que significa que esta usina será auto-suficiente e ainda poderá exportar energia para o sistema elétrico nacional, além de utilizar os resíduos do processo industrial para produzir biogás, que será queimado no processo industrial. As cidades de Acará, Concórdia do Pará, Moju, Tailândia e Tomé Açu são as áreas dimensionadas como potenciais, de acordo com os critérios já definidos nesse trabalho, para atender à demanda industrial de matéria-prima da planta, que é da ordem de 20.000 ha plantados, e deverá contar com a adesão de 2.000 famílias de agricultores. Essas famílias devem possuir, no mínimo, um módulo fiscal - que na região é de 25 ha - e deverão utilizar 10 ha para o cultivo do dendezal e destinar o restante para desenvolvimento de outras culturas, áreas de reserva legal e área preservação permanente. 121 O investimento na construção de todo o complexo industrial foi estimado com base em dados da Dedini S.A, Crown Royal e de profissionais do mercado que atuam em usinas e é da ordem de R$ 247 milhões.. As fontes de financiamento serão o Banco Nacional e Desenvolvimento Social BNDES, que aportará 81% dos recursos à taxa de 6% ao ano, e sócios, que irão investir 19% do capital a uma taxa de 9% ao ano (custo de oportunidade do capital) diretamente relacionada às práticas de mercado. A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) do empreendimento agrícola utilizada nesse trabalho é de 12% ao ano e, para o complexo industrial, é 14% ao ano conforme informações obtidas da indústria da cana-de-açúcar. 5.2.3 Alocação de Financiamento para Construção do Complexo da Usina A alocação dos recursos para a construção do complexo industrial será realizada em quatro fases distribuídas da seguinte forma: Tabela 18 - Investimentos Construção Unidade de Extração de Óleo de Dendê e Palmiste, Produção de Biodiesel, Tratamento de Efluentes e Produção de Biogás Investimento Fixo - CAPEX % R$ (mil) Obras Civis e Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4 2.013 2.014 2.015 2.016 R$ (mil) R$ (mil) R$ (mil) R$ (mil) 4.190 2.095 Estruturas Metálicas 17% 41.900 14.665 20.950 Elétrica 5% 12.660 - - 8.862 3.798 Engenharia 3% 7.410 - 3.705 2.964 741 122 Equipamentos de Produção 30% 74.760 - 37.380 29.904 7.476 25% 61.750 - 37.050 24.700 - Produção Biogás 6% 16.010 - 11.207 4.803 - Montagen 13% 32.510 - 9.753 22.757 - CAPEX - TOTAL (R$ .000) 100% 120.045 98.180 14.110 Utilidades (Vapor, Água, Ar comrpimido,Sist. Combate Incêndio) Tratamento Efluentes Alocação Investimento e % 247.000 14.665 100% 6% 49% 40% 6% Fonte: Elaboração própria. O prazo, desde a instalação até a operação da usina, é de quatro anos. Essa será implantada em módulos, após um ano do início da implantação do dendezal realizada pelos Agricultores pertencentes ao PRONAF, nas cidades da região definidas para o projeto agrícola. Os gastos de produção ao longo de 25 anos variam em função da produção e são da ordem de 55% do valor da receita bruta auferida com a venda pelo agricultor da produção de cachos de frutos frescos de dendê (CFF) para a indústria processadora de óleo. Na tabela abaixo podemos verificar os gastos em insumos (mudas, adubo, utensílios, etc) e serviços (trabalho da família), por hectare, para a implantação do dendezal por uma família de agricultores na região Norte, mais especificamente no Estado do Pará - a região que concentra o maior pólo de produção de óleo de palma no Brasil. 123 Tabela 19 - Fases do Investimentos para Implantação do Dendezal Agricultura Familiar OPEX - Agricultura Familiar Implantação da Cultura Implantação Manutenção Ano 1 Manutenção Ano 2 Manutenção Ano 3 Total Implantação Custos Agrícolas R$ (mil)/ Hectare Serviços Insumos (*) Total R$ R$ R$ 2,576 1,228 3,804 R$ R$ R$ 1,058 0,337 1,395 R$ R$ R$ 1,298 0,378 1,676 R$ R$ R$ 0,825 0,300 1,126 R$ R$ R$ 5,757 2,243 8,000 Dispêndio 48% 17% 21% 14% 100% Alocação Gastos 72% 28% 100% (*) Está Inclusa a remuneração do trabalho da família e outros gastos Fonte: Elaboração própria. Os recursos disponibilizados à implantação da cultura são originários do programa do Governo Federal PRONAF, que financia R$ 80.000,00, com taxa de juros de 2% ao ano, objetivando a plantação de 10 hectares (máximo). A carência para início dos pagamentos das parcelas do financiamento é de seis anos, e o prazo máximo para a liquidação da dívida da família agricultora é de de 14 anos. Nesta pesquisa foram adotadas as seguintes premissas em relação ao pagamento do financiamento do PRONAF: Início do pagamento no 4º ano, quando se inicia a colheita do dendê e término no 14º ano. Amortização da dívida em função da Receita Bruta auferida pela venda da produção para a indústria, estabelecida por um percentual variável devido a preços de mercado, contudo obedecendo sempre o prazo máximo de pagamento. Na área mínima destinada a uma família de agricultores para a implantação da cultura -- um módulo fiscal, que equivale a 25 hectares no Estado do Pará – o plantio de 10 hectares representa uma taxa de ocupação de 40% da propriedade. Logo, uma propriedade desse tamanho é sustentável para implantação do dendezeiro em conjunto com a produção de outras culturas de subsistência e conciliação de áreas de reserva legal e área de preservação permanente (APP). 124 É importante destacar que o projeto contempla prioritariamente as propriedades de agricultores em áreas degradas por pastagem que, em sua grande maioria, já está em estágio avançado de devastação pela ação antrópica. Essa devastação, ocorrida no passado recente da região dos cinco municípios: Acará, Concórdia do Pará, Moju, Tailândia e Tomé-Açu, deve-se, principalmente, à agricultura itinerante e ao extrativismo vegetal cujo objetivo era a ampliação das áreas de pastagem. A prática de mercado remunera os produtores agrícolas pela produção dos cachos de frutos frescos destinados ao fornecimento da indústria processadora de óleo, que fixa o valor de 10% sobre o preço do óleo de palma bruto no mercado spot para o preço da tonelada de CFF. Ou seja, a remuneração é variável. Contudo, neste projeto foi estabelecida uma remuneração de 13% sobre o valor de preços de mercado do óleo, com o objetivo de gerar compromisso de longo prazo, e reinvestimento na expansão da cultura. A renda média familiar desses agricultores na região mencionada está em torno de um salário mínimo, provenientes do cultivo de outras culturas ou pecuária em pequena escala. Todavia, existem regiões que se encontram em estágio de degradação, que não produzem alimentos ou têm atividade pecuária e estão entre as mais baixas do Estado do Pará. A produção de óleo de palma é sustentável, pois promove a recuperação de áreas degradadas, é autossuficiente em energia e contribui para o sequestro de CO 2 mitigando as emissões de Gases do Efeito Estufa devido ao alto potencial fotossintetizante dessa espécie arbórea. A adimplência e os prazos iniciais e finais do pagamento do financiamento do PRONAF, e o rigoroso cumprimento dos contratos de produção pela agricultura familiar são mandatórios, e visam o cumprimento das obrigações contratuais no prazo. Entretanto, não foi considerado neste trabalho que haverá inadimplência ou falta de respeito aos contratos entre os agentes deste projeto. 125 5.3 Apresentação e Discussão dos Resultados 5.3.1 Cenário 1 – Pessimista A análise de sensibilidade indica o limite mínimo de preços do biodiesel e do óleo de palma bruto para aceitar o projeto considerando os indicadores econômicos. Tabela 20 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 1 - Pessimista Análise de Sensibilidade Produto Óleo de Palma (Dendê) Óleo de Palmiste Biodiesel Unidade Preço Mercado R$ / Ton 2.850,00 R$ / Ton 3.800,00 R$ / m3 2.337,00 Preço Análise 2.518,26 3.357,68 1.946,72 Variação % -12% -12% -17% Fonte: Elaboração própria. Tabela 21 - Tabela Análise Cenário 1 - Pessimista Análise de Cenários - Pessimista Dendê Indicadores 100% TMA 14,00% TIR 15,31% TIRM 14,42% VPL 523.817 INDÍCE TMA/TIR * 0,91 PAYBACK DESCONTADO (anos) 17,23 PGTO FINANCIAMENTO (anos) 20 AMORTIZAÇÃO DIVIDA (% EBTDA) 14% RENDA FAMILIAR MENSAL MÍNIMA RENDA FAMILIAR MENSAL MÁXIMA Biodiesel 100% 14,00% 12,76% 13,59% 413.065 1,10 Mix B100 & Dendê Agricultor (50%/50%) Familiar 14,00% 12,00% 14,21% 19,18% 14,07% 14,68% 467.258 89.877 0,99 0,63 24,00 17,23 6,55 20 20 14 16% 15% 28,5% R$ 839,71 R$ 2.101,38 Nota: Renda familiar liquida Fonte: Elaboração própria. O Cenário pessimista foi desenvolvido visando apontar os preços mínimos do óleo de palma, óleo de palmiste e biodiesel para aceitação do projeto, que gerou os resultados: 126 VPL positivo para todos os modelos, sendo o mais recomendável Dendê 100% e o menos favorável o Biodiesel 100%. TIR positiva para o modelo Dendê 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%), Agricultura Familiar e para o Biodiesel 100%, significa aceitar oportunidade de investimento que oferece taxa de retorno superior ao custo de capital. TIRM positiva para o modelo Dendê 100%, B100 & Dendê (50%/50%), Agricultor Familiar e abaixo da TMA para o Biodiesel 100%, indica que o reinvestimento (dadas as condições TMA < TIRM) não deve ser refeito por parte dos investidores. Taxa de reinvestimento do capital, considerando que deve ser maior ou igual à TMA. Índice TMA/TIR para o modelo Dendê 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%) e Agricultor Familiar próximos de um, o que aponta risco abaixo de um (aceitável) e para o Biodiesel 100% maior que um (inaceitável). Payback Descontado para o modelo Dendê 100% e Mix B100 & Dendê (50%/50%) próximos de 17 anos, Biodiesel 100% de 24 anos e Agricultor Familiar 6,5 anos, o que aponta maior tempo para recuperação do investimento Biodiesel 100% próximo do limite do projeto, que é de 25 anos. Amortização da dívida é equilibrada entre os modelos, entretanto é o mais oneroso para o Agricultor Familiar 28,5% do total EBTDA. Renda do Agricultor Familiar mensal mínima de R$ 839,71 e máxima de R$ 2.101,38. Diagnóstico: Embora o VPL se apresente positivo em todos os modelos a TIR, TIRM e Payback de 24 anos próximo ao limite de 25 anos no caso do Biodiesel 100% leva à rejeição deste cenário por apresentar o indíce TMA/TIR acima de um, logo, existe maior risco para o modelo Biodiesel 100%. 5.3.2 Cenário 2 – Neutro Indica a situação atual em Abril de 2012 dos preços de mercado a vista para óleo de palma, óleo de palmiste e 24º leilão biodiesel B100 da ANP gerou os seguintes resultados: 127 Tabela 22 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 2 - Neutro Produto Óleo de Palma (Dendê) Óleo de Palmiste Biodiesel Análise de Sensibilidade Unidade Preço Mercado R$ / Ton 2.850,00 R$ / Ton 3.800,00 R$ / m3 2.337,00 Preço Análise 2.850,00 3.800,00 2.337,00 Variação % 0% 0% 0% Fonte: Elaboração própria. Tabela 23 - Tabela Análise Cenário 2 - Neutro Analise de Cenários - Neutro (Atual) Dendê Indicadores 100% TMA 14,00% TIR 17,48% TIRM 15,08% VPL 641.383 INDÍCE TMA/TIR * 0,80 PAYBACK DESCONTADO (anos) 13,42 PGTO FINANCIAMENTO (anos) 20 AMORTIZAÇÃO DIVIDA (% EBTDA) 14% RENDA FAMILIAR MENSAL MÍNIMA RENDA FAMILIAR MENSAL MÁXIMA Biodiesel 100% 14,00% 15,84% 14,58% 572.240 0,88 Mix B100 & Dendê Agricultor (50%/50%) Familiar 14,00% 12,00% 16,74% 21,69% 14,86% 15,40% 600.409 117.330 0,84 0,55 16,08 14,46 5,96 20 20 14 16% 15% 21,7% R$ 950,33 R$ 2.604,39 Nota: Renda familiar liquida Fonte: Elaboração própria. VPL positivo para todos os modelos, sendo mais favorável para o Dendê 100% e menos favorável para o Biodiesel 100%. TIR positiva para o modelo Dendê 100%, Biodiesel 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%) e Agricultor Familiar. Significa aceitar oportunidade de investimento que oferece taxa de retorno superior ao custo de capital. TIRM positiva para o modelo Dendê 100%, Biodiesel 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%), Agricultor Familiar. Indica que há oportunidade de reinvestimento dadas as condições TIRM > TMA deve ser considerado por parte dos investidores. Índice TMA/TIR menor que um para todos os modelos. É um risco aceitável para o negócio, deve ser considerado por parte dos investidores. 128 Payback Descontado para o modelo Dendê 100% 13,4 anos, Mix B100 & Dendê (50%/50%) 14,4 anos e Biodiesel 100% de 16 anos e Agricultor familiar 6 anos. O que aponta menor tempo para recuperação do investimento. Amortização da dívida é equilibrada entre os modelos, porém é o mais oneroso para o Agricultor Familiar 21,7% do total EBTDA. Renda do Agricultor Familiar mensal mínima de R$ 950,33 e máxima de R$ 2.604,39 crescimento de 13% e 24%, respectivamente, considerando o cenário pessimista. Diagnóstico: Apresenta VPL positivo em todos os modelos a TIR, TIRM e Payback Descontado entre 13,4 e 16,08 anos distante do limite de 25 anos, o indíce TMA/TIR abaixo de um, logo, existe menor risco para todos os modelos de produção. 5.3.3 Cenário 3 – Otimista Considera a variação positiva de 10% dos preços de mercado à vista para óleo de dendê, e óleo de palmiste nos preços futuros de biodiesel B100 em leilões da ANP. Tabela 24 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 3 - Otimista Produto Óleo de Palma (Dendê) Óleo de Palmiste Biodiesel Análise de Sensibilidade Unidade Preço Mercado R$ / Ton R$ / Ton R$ / m3 2.850,00 3.800,00 2.337,00 Preço Análise Variação % 3.135,00 4.180,00 2.571,00 10% 10% 10% Fonte: Elaboração própria. Tabela 25 - Tabela Análise Cenário 3 - Otimista Indicadores TMA TIR TIRM VPL INDÍCE TMA/TIR * PAYBACK DESCONTADO (anos) PGTO FINANCIAMENTO Analise de Cenários - Otimista Dendê Biodiesel Mix B100 & Dendê Agricultor 100% 100% (50%/50%) Familiar 14,00% 14,00% 14,00% 12,00% 19,82% 18,06% 19,14% 23,60% 15,74% 15,24% 15,55% 16,05% 776.356 696.234 736.111 146.290 0,71 0,78 0,73 0,51 11,15 20 12,67 20 11,67 20 5,71 14 129 (anos) AMORTIZAÇÃO DIVIDA (% EBTDA) RENDA FAMILIAR MENSAL MÍNIMA RENDA FAMILIAR MENSAL MÁXIMA 11% 12% 11% 21,0% R$ 1.045,37 R$ 2.890,44 Nota: Renda familiar liquida Fonte: Elaboração própria. VPL positivo para todos os modelos, sendo mais favorável para o Dendê 100% e menos favorável Biodiesel 100%, entretanto muito próximos uns dos outros. TIR positiva para o modelo Dendê 100%, Biodiesel 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%), Agricultor Familiar. Significa aceitar oportunidade de investimento que oferece taxa de retorno superior ao custo de capital. TIRM positiva para o modelo Dendê 100%, Biodiesel 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%), Agricultor Familiar. Indica viabilidade de reinvestimento dadas as condições TIRM > TMA deve ser considerado por parte dos investidores. Índice TMA/TIR menor que um para todos os modelos. É um risco aceitável para o negócio e deve ser considerado por parte dos investidores. Payback Descontado para o modelo Dendê 100% 11,1 anos, Mix B100 & Dendê (50%/50%) 12,6 anos e Biodiesel 100% de 12,6 anos e Agricultor familiar 5,7 anos. Aponta menor tempo para recuperação do investimento e incentivo ao reinvestimento no negócio. Amortização da dívida é equilibrada entre os modelos, entretanto é o menos oneroso para o Agricultor Familiar 21,7% do total EBTDA e, um dos modelos que mais beneficia o produtor agrícola. Renda do Agricultor Familiar mensal mínima de R$ 1.045,37 e máxima de R$ 2.890,44 indica crescimento proporcional de 10% para ambas as faixas de renda. Diagnóstico: Este cenário apresenta condições favoráveis para todos os modelos e apresenta resultados positivos em todos os indicadores. 130 5.3.4 Cenário 4 – Pró Biodiesel de dendê (100%) Considera estáveis as condições de preço de mercado dos óleos de palma e óleo de palmiste e adiciona 10% aos preços futuros pagos pelo biodiesel B100 nos leilões da ANP. Tabela 26 - Tabela Análise Sensibilidade Cenário 4 - Pró Biodiesel Dendê Produto Óleo de Palma (Dendê) Óleo de Palmiste Biodiesel Análise de Sensibilidade Unidade Preço Mercado Preço Análise R$ / Ton 2.850,00 2.850,00 R$ / Ton 3.800,00 3.800,00 R$ / m3 2.337,00 2.570,70 Variação % 0% 0% 10% Fonte: Elaboração própria. Tabela 27 - Tabela Análise Cenário 4 – Pró Biodiesel Dendê Analise de Cenários - Pró Biodiesel Dendê Dendê Biodiesel Mix B100 & Dendê Agricultor Indicadores 100% 100% (50%/50%) Familiar TMA 14,00% 14,00% 14,00% 12,00% TIR 17,81% 17,38% 17,48% 22,08% TIRM 15,17% 15,05% 15,08% 15,61% VPL 659.750 659.567 641.557 126.293 INDÍCE TMA/TIR * 0,79 0,81 0,80 0,54 PAYBACK DESCONTADO (anos) 12,97 13,60 13,44 5,96 PGTO FINANCIAMENTO (anos) 20 20 20 14 AMORTIZAÇÃO DIVIDA (% EBTDA) 12% 16% 15% 21,7% RENDA FAMILIAR R$ MENSAL MÍNIMA 950,33 RENDA FAMILIAR R$ MENSAL MÁXIMA 2.604,39 Nota: Renda familiar liquida Fonte: Elaboração própria. VPL positivo para todos os modelos, sendo mais favorável para o Dendê 100% e menos favorável Biodiesel 100%, entretanto o incentivo maior para o Biodiesel 100% em detrimento dos outros modelos, apresenta valores muito próximos uns dos outros. TIR positiva para o modelo Dendê 100%, Biodiesel 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%), Agricultor Familiar. Significa aceitar oportunidade de investimento que 131 oferece taxa de retorno superior ao custo de capital. Porém, menos favorável que em outros cenários. TIRM positiva para o modelo Dendê 100%, Biodiesel 100%, Mix B100 & Dendê (50%/50%), Agricultor Familiar. Indica viabilidade de reinvestimento, dadas as condições TIRM > TMA, que devem ser consideradas por parte dos investidores. Índice TMA/TIR menor que um para todos os modelos. É um risco aceitável para o negócio e deve ser considerado por parte dos investidores. Payback Descontado para o modelo Dendê 100% 12,97 anos, Mix B100 & Dendê (50%/50%) 13,6 anos e Biodiesel 100% de 13,4 anos e Agricultor familiar seis anos. O que aponta menor tempo para recuperação do investimento e incentivo ao reinvestimento no negócio. Amortização da dívida é equilibrada entre os modelos, entretanto, é o mais oneroso para o Agricultor Familiar: 21,7% do total EBTDA. Renda do Agricultor Familiar mensal mínima de R$ 950,33 e máxima de R$ 2.2604,39. Decréscimo de 9 a 10% para ambas as faixas de renda mínima e máxima. Diagnóstico: Este cenário apresenta condições favoráveis para todos os modelos e apresenta resultados positivos em todos os indicadores, não obstante, se mostra muito diferente, pois, dadas as condições de benefícios concedidos, como incentivo para a produção de biodiesel 100%, demonstra desempenho pouco significativo ao VPL para o modelo Dendê 100%. 132 6 CONCLUSÕES A análise dos indicadores financeiros que verificam a viabilidade economica dos quatro cenários estudados neste trabalho possibilita afirmar que o projeto pode ser aceito para os cenários: Neutro, Otimista e Pró Biodiesel e, rejeitado para o cenário Pessimista. Realizadas as análises financeiras de todos os quatro cenários, combinados com a avaliação dos indicadores de performance para determinar a aceitação ou a rejeição econômica dos modelos, conclui-se o seguinte: Cenário 1 – Pessimista. Embora apresente VPL positivo, deve ser rejeitado, pois apresenta maior risco para o retorno sobre o investimento e apresenta índice TMA/TIR maior que um, o que representa mais exposição ao risco e, possivelmente, demandaria uma TMA maior que 14% e payback de 24 anos para o Biodiesel, o que o torna totalmente inviável. Cenário 2 – Neutro. Apresenta todos os indicadores econômicos para os modelos positivos. Nesse cenário também há autonomia dos investidores para decidir se devem produzir o modelo Dendê 100%, devido ao seu valor superior no mercado de óleos, quando comparado aos preços do Biodiesel nos leilões da ANP. Cenário 3 – Otimista. Essa é uma condição ceteris paribus, dado que os preços aumentam na mesma proporção. Ainda assim, os investidores poderão decidir por produzir óleo de palma e óleo de palmiste, devido à oportunidade de auferir maiores lucros e rentabilidade. Cenário 4 – Pró Biodiesel. Aponta que a adoção de incentivos (fiscais ou outros) pode alavancar a produção de biodiesel de dendê. Os resultados financeiros apontam que a produção pode ser direcionada para esta oleaginosa com objetivo de produzir biodiesel e, ainda assim, ser competitiva no mercado nacional de óleos para outros usos. 133 A performance dos indicadores econômicos foi positiva para a agricultura familiar em todos os cenários apresentados, tornando evidentes os ganhos favoráveis do negócio. O valor agregado da renda paga todo o empréstimo tomado junto ao PRONAF e gera riqueza ao longo dos 25 anos, horizonte do projeto. Mesmo no cenário pessimista e, à medida em que cresce a produção, maior será a tendência de agregar mais famílias ao cultivo da palma, gerando assim mais empregos e renda para esta população. Gera, também, efeito multiplicador na economia local das cidades envolvidas, devido ao aumento da circulação monetária, contribuindo assim para evitar o avanço das atividades extrativistas e pecuárias sobre as florestas. A proposta do projeto visa à sustentabilidade econômico-ambiental, que poderá permitir a recuperação de terras degradadas por pastagens com a cultura do dendê, contribuindo para a mitigação dos gases do efeito estufa com o sequestro de carbono. O balanço energético da usina biodiesel de Dendê deste projeto é positivo pois a usina será auto sufuciente em energia com a produção biodiesel, biogás e produção de bioeletricidade para consumo próprio e exportação para a rede pública. O projeto terá 20.000 ha de Dendezal plantados, que contribuirão para a ciclagem e fixação de CO2. Considerando que valor estimado para a quantidade de carbono no final da vida útil dessa plantação é da ordem de 61 tCO2/ha, o resultado será 1.220.000 tCO2, cicladas e fixadas ao solo, fixadas principalmente nas folhas e raízes, dado que o dendê possui grande potencial de recobrimento da área desmatada da floresta. O balanço de carbono da cultura do Dendê é positivo. No projeto desta usina o volume total de carbono sequestrado da atmosfera é de 36 Ton CO2/ha, o que resulta no sequestro de 720.000 toneladas CO2. Embora existam iniciativas para o incentivo à produção, os benefícios fiscais e/ou políticas adotadas até o presente momento ainda não são suficientes. Portanto, devem ser criados mecanismos adicionais para a expansão da cultura do Dendê, 134 como por exemplo uma política de preços diferenciada nos leilões da ANP classificando o tipo de matéria-prima e região de produção do biodiesel. Dessa forma, o incentivo maciço na cadeia produtiva do Dendê culminaria com o aumento da produção de biodiesel na região Norte do Brasil. Todavia, há que existir uma flexibilidade da Petrobrás em relação a questão dos preços pagos aos produtores de biodiesel nos leilões da ANP, para incentivar as plantações de Dendezal e a instalação de usinas no Estado do Pará. O biodeisel de Dendê pode concorrer com o biodiesel de soja caso sejam adotadas regras pela ANP que definam regras de compra de biodiesel por fonte de oleaginosa e por região de produção, o que beneficiaria o biodiesel de Dendê produzido na região Norte do Brasil. A politica de preços administrados de combustíveis pela Petrobrás como única compradora de biodiesel afeta a rentabilidade dos negócios dos produtores de biodiesel e agricultores pois a produção é destinada aos leilões da ANP, entretanto esta restrição poderá ser mitigada pois a usina pode exportar o biodiesel e, também produzir somente óleo de dendê para venda no mercado nacional para outros segmentos industriais. A demanda internacional por biocombustiveis seguirá crescendo em consequencia à adoção de políticas governamentais, tanto nos Estados Unidos da América quanto nos países da União Européia, de incentivo ao aumento da adição de biodiesel ao óleo diesel, para abastecimento de suas frotas de veículos. Isto representa uma oportunidade ímpar para o desenvolvimento da cultura do Dendê na região Norte e para exportação, em especial no Estado do Pará, que possui vastas áreas degradadas por pastagem e que podem permitir o desenvolvimento da cultura do dendê para a produção de biodiesel visando à exportação. Há, também, uma oportunidade de utilização do óleo de Dendê como matéria-prima para produção de biodiesel para abastecimento do mercado interno na região Norte e Nordeste do Brasil, em curto e longo prazo, uma vez que o Programa do Biodiesel, utilizando a mamona como matéria-prima, não logrou sucesso. 135 Essas análises evidenciam uma oportunidade para o desenvolvimento da cultura no Estado do Pará, dadas suas condições favoráveis para a plantação do Dendezal, sob o ponto de vista ambiental e econômico. Como sugestão para trabalhos futuros, podem ser realizados estudos sobre o balanço de carbono, créditos de carbono, exportação de energia elétrica co-gerada pelas usinas para a região, integração entre lavoura e cultura da palmácea nos estabelecimentos produtivos. 136 REFERÊNCI AS AGÊNCIA PARÁ. Conama aprova zoneamento econômico ecológico no Pará. Belém: Agência Pará de Notícias, 2012. Disponível em: http://www.agenciapara.com.br/noticia.asp?id_ver=95866#. Acesso em: 30 de março de 2012. ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Boletim mensal do monitoramento dos lubrificantes. Brasília: ANP, março 2011. Disponível em: www.anp.gov.br/?dw=48126. Acesso em: 24 de março de 2012 ______. Boletim mensal do monitoramento dos lubrificantes. Brasília: ANP, fevereiro 2012. ______. Produção de biodiesel: B100 por produtor 2005-2011 (bep). Brasília: ANP, [s.d.]. Disponível em: http://www4.bcb.gov.br/top50/port/ top50.asp. Acesso em: 12 de fevereiro de 2012. 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(consulta local). 142 ANEXOS ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO A – Cenário 1 – Pessimista ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO B – CENÁRIO NEUTRO (ATUAL) ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO C – CENÁRIO OTIMISTA ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO D – Cenário Pró Biodiesel ANEXO E – Taxa Geométrica de Crescimento de preços de biocombustíveis dos volumes arrematos com e sem selo combustível social. Leilão ANP 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 12 13 13 14 14 15 15 16 16 17 17 18 18 19 19 20 20 21 21 22 22 23 23 23 23 23 Preço Médio Biodiesel Cálculo do Arremantes Neperiano Leilões ANP Preço R$ 1.904,84 R$ 1.859,65 R$ 1.753,79 R$ 1.746,48 R$ 1.862,14 R$ 1.865,60 R$ 1.863,20 R$ 2.691,70 R$ 2.685,23 R$ 2.604,64 R$ 2.609,70 R$ 2.385,93 R$ 2.388,87 R$ 2.222,68 R$ 1.885,38 R$ 2.306,98 R$ 2.316,95 R$ 2.263,63 R$ 2.275,36 R$ 2.328,54 R$ 2.319,18 R$ 2.241,69 R$ 2.218,49 R$ 2.193,32 R$ 1.754,60 R$ 1.750,00 R$ 1.720,00 R$ 2.310,17 R$ 2.243,11 R$ 2.046,00 R$ 2.047,02 R$ 2.252,80 R$ 2.027,70 R$ 2.310,88 R$ 2.110,61 R$ 2.423,22 R$ 2.178,57 R$ 2.340,72 Log 7,55 7,53 7,47 7,47 7,53 7,53 7,53 7,90 7,90 7,87 7,87 7,78 7,78 7,71 7,54 7,74 7,75 7,72 7,73 7,75 7,75 7,71 7,70 7,69 7,47 7,47 7,45 7,75 7,72 7,62 7,62 7,72 7,61 7,75 7,65 7,79 7,69 7,76 No Lote Arrematado 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 ANEXO E – Taxa Geométrica de Crescimento de preços de biocombustíveis dos volumes arrematos com e sem selo combustível social. Leilão ANP 23 23 23 23 23 24 24 24 24 24 24 24 24 24 24 Preço Médio Biodiesel Cálculo do Arremantes Neperiano Leilões ANP Preço R$ 1.969,22 R$ 2.609,57 R$ 2.398,63 R$ 2.632,54 R$ 2.385,35 R$ 2.414,50 R$ 2.121,81 R$ 2.440,46 R$ 2.045,29 R$ 2.423,74 R$ 2.025,91 R$ 2.557,49 R$ 2.387,52 R$ 2.526,55 R$ 2.358,87 A 7,5919 B 0,0061 Log 7,59 7,87 7,78 7,88 7,78 7,79 7,66 7,80 7,62 7,79 7,61 7,85 7,78 7,83 7,77 No Lote Arrematado 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 ANEXO F – Índice Mensal de Preços de Alimentos (FAO) MONTHLY FOOD PRICE INDICES (2002-2004=100) Date Food Price Index Meat Price Index Dairy Price Index Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index 1/1990 106,9 108,1 93,1 106,6 72,5 201,5 2/1990 108,1 113,1 90,8 104,4 72,5 207,9 3/1990 106,4 115,4 72,7 102,7 74,3 218,0 4/1990 112,8 127,5 84,3 105,6 71,8 216,3 5/1990 109,9 127,4 69,1 105,5 74,0 207,2 6/1990 107,4 127,9 69,1 103,3 71,3 184,0 7/1990 104,2 126,3 69,1 97,3 71,2 170,1 8/1990 100,9 123,8 65,1 93,4 73,7 155,1 9/1990 102,4 131,5 67,3 87,8 72,9 157,1 10/1990 101,4 130,0 68,7 88,9 74,5 139,3 11/1990 101,1 127,0 69,7 88,2 78,3 142,9 12/1990 103,9 130,0 79,1 88,9 80,5 138,2 1/1991 103,1 128,0 82,5 90,4 79,8 124,9 2/1991 105,0 133,9 81,8 92,1 77,9 120,8 3/1991 103,6 126,6 80,1 95,0 78,3 129,7 4/1991 100,7 122,2 75,1 96,5 76,1 120,8 5/1991 99,5 123,3 73,9 95,5 75,1 107,6 6/1991 100,8 121,8 75,8 94,6 75,4 130,6 7/1991 100,9 121,4 70,4 93,6 77,6 146,3 8/1991 101,4 120,2 72,8 97,9 79,3 134,2 9/1991 103,6 123,1 79,3 98,8 79,1 131,8 10/1991 106,9 126,2 85,4 102,1 83,2 129,4 11/1991 108,9 131,0 88,9 102,5 83,6 122,9 12/1991 108,8 127,1 88,9 105,7 84,3 127,7 1/1992 108,8 125,6 92,0 107,8 84,8 118,1 2/1992 110,4 129,6 92,0 111,2 82,9 111,3 3/1992 109,1 124,2 91,3 110,9 85,9 116,6 4/1992 108,7 123,5 91,3 105,8 85,5 134,2 5/1992 109,8 125,3 94,9 104,6 86,0 136,1 6/1992 111,9 126,8 100,0 103,8 87,3 147,0 7/1992 109,7 125,7 100,9 99,0 82,7 146,3 8/1992 107,6 126,6 98,8 94,3 80,8 139,5 9/1992 108,1 124,5 101,6 97,8 82,8 132,1 10/1992 105,9 122,8 95,9 97,7 82,9 123,6 11/1992 107,9 128,0 93,6 98,9 85,5 121,6 12/1992 103,9 119,9 92,7 97,7 84,0 115,7 1/1993 105,2 121,9 92,5 98,8 85,2 116,9 2/1993 105,1 121,4 93,7 97,5 85,0 121,5 3/1993 106,7 121,2 92,5 97,3 83,6 150,7 4/1993 105,5 117,7 91,0 96,4 83,2 158,2 5/1993 105,5 119,0 89,8 93,4 82,4 167,9 6/1993 103,0 119,7 89,9 88,9 81,8 147,4 7/1993 103,3 118,8 86,4 94,1 85,7 137,4 ANEXO F – Índice Mensal de Preços de Alimentos (FAO) Date Food Price Index Meat Price Index Dairy Price Index Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index 8/1993 101,3 114,9 83,3 95,6 84,5 132,5 9/1993 101,9 116,2 78,6 98,5 84,2 135,4 10/1993 103,5 117,7 71,7 104,2 83,5 146,0 11/1993 106,5 116,7 72,1 113,2 90,2 143,6 12/1993 107,9 111,7 73,1 116,6 101,9 149,3 1/1994 109,1 112,9 79,4 116,0 102,8 146,2 2/1994 108,3 113,4 79,3 113,3 97,6 153,5 3/1994 107,9 112,1 80,2 108,7 98,8 166,6 4/1994 105,3 111,3 73,4 105,8 101,7 156,2 5/1994 108,5 117,7 73,4 104,4 107,2 164,3 6/1994 108,0 114,5 78,0 101,6 107,8 171,0 7/1994 105,7 114,7 78,7 94,5 105,8 167,0 8/1994 109,0 117,2 80,4 96,7 114,6 171,7 9/1994 113,4 117,1 86,6 101,6 125,8 178,7 10/1994 114,4 116,9 90,3 103,8 123,4 180,9 11/1994 118,4 119,0 92,2 102,7 137,5 197,8 12/1994 118,5 113,3 95,5 105,4 138,2 208,2 1/1995 118,2 111,4 103,0 105,9 129,8 209,4 2/1995 120,5 118,8 106,2 105,0 128,9 204,5 3/1995 121,8 121,0 107,2 104,4 130,8 207,0 4/1995 118,3 117,2 106,3 105,3 121,5 194,4 5/1995 118,6 115,8 106,5 109,6 119,5 191,9 6/1995 120,8 113,0 106,5 116,6 124,8 198,9 7/1995 126,5 119,2 112,7 124,8 129,9 192,8 8/1995 124,2 118,4 112,7 122,3 124,9 184,2 9/1995 125,3 123,1 112,8 127,8 120,3 165,9 10/1995 129,1 124,9 113,9 135,2 125,8 168,0 11/1995 127,9 121,5 113,9 135,4 124,5 170,0 12/1995 126,8 116,9 113,4 138,9 119,2 174,7 1/1996 128,8 124,1 113,3 140,0 112,3 177,8 2/1996 129,3 123,2 113,0 143,7 108,8 181,8 3/1996 130,8 126,8 111,5 146,2 107,7 183,2 4/1996 134,1 124,7 111,3 160,2 116,2 170,0 5/1996 137,3 130,7 108,5 167,9 116,6 161,6 6/1996 134,5 130,0 108,8 158,6 110,2 172,7 7/1996 133,1 129,7 109,0 153,0 106,5 181,8 8/1996 132,3 134,0 108,2 144,8 110,8 175,5 9/1996 127,0 133,3 107,6 126,5 114,1 169,1 10/1996 122,8 130,0 108,5 120,0 109,6 157,8 11/1996 119,9 127,9 106,3 114,2 110,6 152,1 12/1996 119,7 126,6 106,6 114,7 111,0 152,4 1/1997 118,1 121,6 106,8 114,8 112,5 151,7 2/1997 119,6 125,1 105,7 115,6 113,3 153,4 3/1997 122,3 130,0 105,3 119,1 111,4 157,7 4/1997 122,4 129,8 103,9 119,6 111,9 160,4 ANEXO F – Índice Mensal de Preços de Alimentos (FAO) Date Food Price Index Meat Price Index Dairy Price Index Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index 5/1997 122,0 131,6 104,3 116,1 112,6 158,1 6/1997 118,0 125,7 103,6 109,8 109,6 162,2 7/1997 115,1 123,8 102,6 105,2 104,8 159,2 8/1997 116,7 123,0 102,4 110,7 104,7 166,0 9/1997 116,1 120,3 104,4 109,9 108,7 160,8 10/1997 117,6 118,8 107,1 111,1 116,9 161,9 11/1997 118,5 118,5 107,6 109,0 123,3 170,5 12/1997 115,1 109,9 107,7 107,6 120,4 175,0 1/1998 113,6 107,2 107,6 106,3 124,6 163,9 2/1998 113,2 108,3 105,6 106,3 127,3 152,1 3/1998 112,8 109,3 102,6 106,9 131,0 139,6 4/1998 111,4 108,2 102,2 103,0 133,0 137,5 5/1998 109,8 104,1 100,2 102,0 139,3 131,0 6/1998 106,7 104,8 98,7 100,2 129,2 114,9 7/1998 105,1 100,8 98,5 97,5 129,3 122,6 8/1998 102,8 99,5 98,7 91,7 128,2 120,3 9/1998 101,2 99,3 95,9 91,5 130,1 102,6 10/1998 102,7 99,3 92,9 97,9 130,1 105,9 11/1998 103,1 98,1 92,9 98,8 130,2 114,4 12/1998 102,6 99,5 93,1 96,6 126,7 114,6 1/1999 101,1 97,7 93,0 97,2 119,3 115,1 2/1999 96,8 98,1 91,8 93,6 105,9 96,8 3/1999 94,7 98,4 90,7 94,0 96,5 85,4 4/1999 92,4 95,9 85,8 91,8 100,5 76,9 5/1999 91,7 96,1 84,9 90,3 96,8 81,6 6/1999 91,0 96,7 84,6 91,4 86,6 85,6 7/1999 88,3 97,8 83,1 88,1 77,9 76,3 8/1999 91,1 100,3 83,1 90,6 83,5 81,6 9/1999 91,7 98,7 83,8 89,9 86,0 94,6 10/1999 90,9 98,3 84,0 87,6 84,5 96,1 11/1999 90,4 98,9 84,7 87,0 81,9 92,2 12/1999 88,5 96,5 86,3 85,3 79,4 85,3 1/2000 87,8 93,3 88,8 87,6 77,5 79,6 2/2000 89,1 98,5 89,2 88,8 73,7 75,1 3/2000 89,0 99,5 88,6 87,3 75,2 72,9 4/2000 89,2 96,9 89,0 86,8 77,3 85,4 5/2000 89,3 96,8 89,7 87,1 70,0 98,1 6/2000 90,3 97,4 93,9 83,2 67,4 118,8 7/2000 90,7 96,7 97,2 79,2 67,0 136,7 8/2000 90,5 94,7 97,9 78,4 65,3 148,1 9/2000 90,2 93,4 100,2 81,4 60,7 142,3 10/2000 91,9 92,7 102,9 85,5 58,3 152,5 11/2000 91,9 93,0 103,6 86,9 60,3 140,9 12/2000 94,4 96,7 104,4 90,1 61,0 142,2 1/2001 92,2 90,1 103,9 90,0 59,9 146,5 ANEXO F – Índice Mensal de Preços de Alimentos (FAO) Food Price Index Meat Price Index 2/2001 93,0 96,0 103,5 88,4 57,8 140,1 3/2001 94,3 100,7 104,7 87,4 60,8 131,6 4/2001 92,7 99,4 104,9 85,0 60,4 124,1 5/2001 94,2 100,1 109,2 84,9 58,2 136,0 6/2001 93,0 97,0 109,8 84,4 61,8 128,3 7/2001 95,5 96,6 110,6 87,6 75,4 124,8 8/2001 95,2 97,2 109,6 86,6 79,6 115,1 9/2001 93,7 97,9 109,0 85,7 72,9 108,4 10/2001 91,7 95,8 110,7 85,2 69,4 96,4 11/2001 92,6 93,8 107,3 86,5 75,7 108,9 12/2001 92,2 93,4 101,5 86,8 79,2 111,1 1/2002 90,1 91,4 94,8 87,0 77,2 110,5 2/2002 88,3 92,1 94,8 85,1 74,8 92,9 3/2002 88,3 94,4 91,2 84,3 74,5 95,0 4/2002 86,7 91,2 88,2 82,4 76,9 97,7 5/2002 85,2 89,6 80,7 84,3 80,9 86,2 6/2002 86,0 90,1 76,3 87,1 87,8 81,6 7/2002 88,1 90,7 72,7 93,3 88,8 90,6 8/2002 89,6 88,3 71,7 100,2 93,9 89,3 9/2002 92,9 88,2 73,9 110,7 90,0 98,8 10/2002 93,4 86,3 75,8 109,8 93,4 106,6 11/2002 95,1 86,8 80,5 107,4 101,5 111,1 12/2002 94,6 85,5 86,4 101,3 104,4 112,8 1/2003 95,5 89,1 89,3 98,5 102,0 116,2 2/2003 97,2 91,2 92,7 98,4 99,0 127,7 3/2003 95,3 91,3 93,8 95,8 95,0 116,8 4/2003 94,5 91,2 92,0 95,5 95,6 110,0 5/2003 95,4 93,2 91,7 97,5 97,8 101,7 6/2003 95,7 96,0 91,6 95,8 99,6 95,4 7/2003 94,8 96,6 92,7 92,8 95,2 97,1 8/2003 96,3 97,7 93,6 97,7 92,7 96,9 9/2003 98,2 102,8 96,5 97,6 96,9 84,9 10/2003 100,8 102,7 100,6 98,5 109,2 84,6 11/2003 103,6 104,5 102,4 103,7 111,4 86,3 12/2003 105,3 104,9 104,5 105,4 115,2 89,2 1/2004 108,5 112,2 106,8 108,1 115,4 82,4 2/2004 109,6 107,8 113,0 110,7 121,4 82,9 3/2004 113,2 111,9 114,7 114,8 122,8 91,6 4/2004 113,4 109,1 115,7 117,7 123,2 93,3 5/2004 111,9 107,9 119,1 115,4 117,8 90,0 6/2004 114,0 116,9 124,2 111,7 106,9 98,3 7/2004 113,0 116,9 127,4 103,1 105,8 112,3 8/2004 112,4 117,4 127,7 100,6 106,7 107,5 9/2004 112,8 116,7 128,8 101,7 107,3 109,1 10/2004 112,1 113,6 129,6 100,7 105,7 119,9 Date Dairy Price Index Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index ANEXO F – Índice Mensal de Preços de Alimentos (FAO) Date Food Price Index Meat Price Index Dairy Price Index Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index 11/2004 113,7 116,3 131,8 102,2 107,2 115,8 12/2004 114,4 117,4 132,9 103,1 105,7 117,1 1/2005 114,9 117,8 133,6 104,1 101,5 123,7 2/2005 114,2 116,3 134,3 102,6 99,8 129,2 3/2005 117,0 119,7 135,0 105,1 107,5 126,0 4/2005 114,8 119,1 133,6 100,7 105,4 121,9 5/2005 116,0 123,6 134,2 99,8 103,8 121,8 6/2005 117,1 123,8 133,9 101,8 104,6 128,4 7/2005 117,0 120,5 135,1 103,0 103,8 136,8 8/2005 116,9 120,3 137,3 101,8 100,7 141,0 9/2005 118,8 121,3 138,0 104,7 102,6 146,3 10/2005 120,4 120,2 137,6 107,1 107,3 157,8 11/2005 119,2 119,0 136,7 104,7 105,0 161,5 12/2005 121,5 120,3 134,9 107,1 101,8 189,4 1/2006 121,2 113,7 130,3 107,9 102,2 223,5 2/2006 125,7 116,5 130,5 111,6 103,8 254,6 3/2006 123,2 113,6 128,0 110,1 104,0 244,7 4/2006 124,9 116,7 125,4 112,2 105,8 248,2 5/2006 125,6 116,5 124,9 116,4 108,7 238,7 6/2006 124,8 119,1 124,6 115,8 108,6 218,5 7/2006 127,8 120,5 125,0 120,1 112,8 227,8 8/2006 126,0 123,6 123,2 118,4 117,0 190,9 9/2006 125,2 122,8 123,3 123,0 113,9 171,5 10/2006 128,4 121,4 125,9 135,7 115,7 165,2 11/2006 132,6 119,4 132,3 144,5 124,9 167,1 12/2006 134,5 118,1 142,2 144,2 132,2 164,2 1/2007 134,0 116,8 146,3 144,0 131,4 155,4 2/2007 136,6 117,2 153,1 149,5 132,7 150,0 3/2007 137,4 117,2 159,3 148,2 135,1 148,1 4/2007 140,7 118,8 175,7 144,5 147,3 137,9 5/2007 144,8 122,7 181,1 146,5 158,7 133,8 6/2007 154,1 126,3 209,0 155,2 166,6 131,8 7/2007 160,3 127,0 234,1 155,2 172,2 144,3 8/2007 166,6 130,1 245,7 165,8 177,6 139,1 9/2007 175,5 132,2 252,4 187,7 185,9 138,4 10/2007 178,5 128,3 257,1 193,9 197,5 141,9 11/2007 185,4 132,8 268,6 196,5 215,8 143,3 12/2007 191,0 131,7 266,2 215,8 219,6 152,0 1/2008 199,8 136,6 255,7 231,3 243,3 170,0 2/2008 215,4 137,8 252,1 271,4 267,0 191,7 3/2008 218,3 143,5 248,7 271,5 279,4 187,3 4/2008 217,3 148,1 241,7 274,1 269,5 178,2 5/2008 218,5 157,8 239,9 266,8 273,5 171,3 6/2008 224,4 164,4 240,6 273,5 284,9 172,1 7/2008 220,4 168,2 238,9 256,5 267,1 201,9 ANEXO F – Índice Mensal de Preços de Alimentos (FAO) Date Food Price Index Meat Price Index Dairy Price Index Cereals Price Index Oils Price Index Sugar Price Index 8/2008 208,9 170,4 227,2 239,4 223,7 207,3 9/2008 196,7 169,8 203,2 225,8 201,7 192,0 10/2008 172,6 160,9 185,0 190,4 154,2 168,9 11/2008 157,3 146,0 159,6 178,2 134,6 171,7 12/2008 148,1 135,3 142,0 174,3 127,3 166,7 1/2009 146,3 126,4 122,2 184,5 134,4 177,5 2/2009 141,3 120,4 114,3 177,3 131,8 187,7 3/2009 143,1 124,1 117,7 177,7 129,5 190,2 4/2009 147,4 127,6 117,4 178,9 147,8 193,7 5/2009 157,6 133,4 123,7 185,5 167,8 227,8 6/2009 158,1 137,3 122,8 185,3 160,6 233,1 7/2009 154,2 139,5 125,9 167,0 144,7 261,5 8/2009 159,5 140,0 129,3 162,0 157,3 318,4 9/2009 159,9 138,4 144,0 157,7 150,6 326,9 10/2009 163,0 134,4 157,5 166,1 152,9 321,3 11/2009 174,9 137,5 208,1 170,9 162,9 315,9 12/2009 178,1 136,1 215,6 171,0 170,6 334,0 1/2010 180,0 140,5 202,0 170,2 170,0 375,5 2/2010 176,1 142,0 191,4 164,2 170,2 360,8 3/2010 168,5 144,8 187,4 157,7 175,8 264,8 4/2010 170,2 150,8 204,3 154,8 174,5 233,4 5/2010 169,6 151,7 209,2 155,1 171,3 215,7 6/2010 168,2 152,4 203,1 151,2 169,3 224,9 7/2010 172,7 151,0 197,8 163,3 175,8 247,4 8/2010 183,0 155,5 192,9 185,2 193,8 262,7 9/2010 194,2 153,4 198,4 208,3 199,0 318,1 10/2010 205,0 157,8 202,6 219,9 221,5 349,3 11/2010 212,9 160,8 207,8 223,3 244,8 373,4 12/2010 223,3 166,1 208,4 237,8 264,5 398,4 1/2011 231,3 166,8 221,3 244,8 279,4 420,2 2/2011 237,9 170,5 230,0 258,6 281,1 418,2 3/2011 232,0 174,5 234,4 251,2 261,7 372,3 4/2011 234,9 180,4 228,7 265,4 260,9 345,7 5/2011 231,6 180,0 231,1 261,3 260,9 312,2 6/2011 233,4 178,1 231,6 259,0 259,0 357,7 7/2011 231,2 176,5 227,8 247,2 252,9 400,4 8/2011 230,6 178,6 220,6 252,4 245,3 393,7 9/2011 225,1 177,3 214,7 244,3 239,4 379,0 10/2011 215,8 176,1 203,5 231,3 224,3 361,2 11/2011 216,4 181,1 201,0 228,8 234,8 339,9 12/2011 210,8 178,8 201,7 217,6 227,5 326,9 1/2012 212,8 174,2 206,8 222,7 233,7 334,3 2/2012 215,6 178,1 202,0 226,3 238,7 342,3