Portugalglobal Pense global pense Portugal Manuel Carvalho da Silva Defender direitos em diálogo 12 INOV Contacto Edição 2010/2011 confirma sucesso das anteriores 6 Magrebe Novembro 2010 // www.portugalglobal.pt Muito potencial de crescimento 26 Novembro 2010 // www.portugalglobal.pt sumário Destaque // 6 Criado em 1997, o programa INOV Contacto já proporcionou mais de 2.700 estágios internacionais a jovens licenciados. As empresas que os recebem sublinham a importância deste inovador programa, gerido pela AICEP, para a qualificação de quadros cuja formação no exterior contribui para o aumento da competitividade do tecido empresarial português. Entrevista // 12 Em entrevista, Manuel Carvalho da Silva, Secretário-geral da CGTP, analisa os factores críticos do desenvolvimento social e económico do país. Para o sindicalista, sem inovação social não há inovação tecnológica e economia sustentável. Notícias // 19 Empresas // 20 bioPLUX Clinical revoluciona fisioterapia. Sotkon inova na recolha de resíduos urbanos. Azeite projecta Sovena no comércio mundial. Mercados // 26 Em destaque nesta edição, os mercados do Magrebe – Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia – e as suas potencialidades para as empresas portuguesas. Opinião // 40 Um artigo de José Meira da Cunha, assessor da AICEP, numa reflexão sobre desenvolvimento e estratégias para o futuro. Análise de risco por país – COSEC // 42 Estatísticas // 46 Investimento directo e exportações. Feiras e eventos // 48 AICEP Rede Externa // 50 Bookmarks // 52 EDITORIAL Revista Portugalglobal Av. 5 de Outubro, 101 1050-051 Lisboa Tel.: +351 217 909 500 Fax: +351 217 909 578 Propriedade aicep Portugal Global O’Porto Bessa Leite Complex R. António Bessa Leite, 1430 – 2º 4150-074 Porto Tel.: +351 226 055 300 Fax: +351 226 055 399 NIFiscal 506 320 120 Comissão Executiva Basílio Horta (Presidente), Eurico Dias, José Vital Morgado, Luis Florindo, Teresa Ribeiro Directora Ana de Carvalho [email protected] Redacção Cristina Cardoso [email protected] José Escobar [email protected] Estabilidade e crescimento Num momento em que o diálogo nem sempre é fácil entre actores sociais, cujos interesses podem não ser, e muitas vezes não são, coincidentes, a entrevista de Manuel Carvalho da Silva, Secretário-geral da CGTP, confere uma nova perspectiva ao papel do sindicalismo num tempo de intensas mudanças, em que a dinâmica das interacções entre forças sociais e entre a dimensão nacional e global dos desafios que actualmente as sociedades enfrentam, requerem substantiva ponderação e novas abordagens. Vitor Quelhas [email protected] Colaboram neste número Carlos Julião, Direcção de Informação da AICEP, Direcção Internacional da COSEC, José Meira da Cunha, Manuel Carvalho da Silva, Programa INOV (AICEP). Fotografia e ilustração ©Fotolia, Libyan Tourism, Moroccan National Tourist Office (Brahim Tazi, Françoise Peuriot, Jacques Bravo, Philippe Ploquin, Xavier Richer), Messe Frankfurt Exhibition GmbH (Jean-Luc Valentin), Rodrigo Marques. Publicidade [email protected] É nesta medida que o Secretário-geral da Intersindical defende o primado do diálogo construtivo e da inovação e da criatividade sociais, no sentido destas serem geradoras de novas soluções que garantam que a inovação tecnológica, económica e empresarial sejam sustentáveis, e que deste modo a empregabilidade e a estabilidade social, bem como a produção de bens e serviços – diferenciados pelo conhecimento, qualidade e competitividade – destinados ao mercado interno e à exportação, fiquem asseguradas. Secretariado Helena Sampaio [email protected] Assinaturas REGISTE-SE AQUI Projecto gráfico aicep Portugal Global Paginação e programação Rodrigo Marques [email protected] ERC: Registo nº 125362 As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não necessariamente da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global. A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal não implica qualquer compromisso por parte desta com os produtos/serviços visados. 4 // Novembro 2010 // Portugalglobal Ao ritmo da melhoria de resultados as boas notícias vão chegando. As exportações portuguesas de bens registaram um crescimento de 15,5 por cento até Setembro deste ano, relativamente ao período homólogo de 2009, tendo aumentado as vendas para a União Europeia em 14,7 por cento, e para países terceiros em 18,1 por cento, com os EUA, México e Brasil a liderar este crescimento. O significativo aumento das exportações, num contexto internacional em que se fazem sentir os efeitos da crise, demonstra que as exportações (em conjunto com o investimento) são competitivas e constituem um factor incontornável para a recuperação económica em Portugal. Quanto ao IDE (Investimento Directo Estrangeiro), o fluxo de entrada aumentou 10,6 por cento, relativamente a igual período do ano passado, situando-se agora em cerca de 26 mil milhões de euros e o IDE líquido (diferença entre as entradas e saídas) aumentou 5,7 por cento atingindo agora 1,9 mil milhões de euros. Em momento de forte turbulência são números muito animadores. A Agência, com o objectivo de potenciar e reforçar esta tendência positiva, está a lançar um conjunto de iniciativas no âmbito do programa “Internacionalizar para Crescer”, que foi apresentado recentemente na Alfândega do Porto na presença de 700 empresários, o qual visa apoiar os processos de internacionalização das empresas portuguesas, aumentar as suas exportações, alargar a base exportadora nacional, diversificar os mercados de destino dos produtos portugueses e manter e incrementar o investimento em Portugal. E é ainda neste contexto que ganham peso os mercados do Magrebe – Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia – que, pela sua proximidade, crescimento económico e por constituírem mercados de diversificação estratégica para Portugal, são por isso objecto de análise nesta revista, o que certamente contribui para que as empresas portuguesas disponham de um melhor conhecimento sobre estes mercados, utilizem as maisvalias do bom relacionamento institucional e político existente e reforcem o clima de confiança que tem pautado os negócios entre empresas portuguesas e os agentes económicos locais. BASÍLIO HORTA Presidente da Comissão Executiva da AICEP DESTAQUE INOV CONTACTO NOVA EDIÇÃO CONFIRMA SUCESSO DE PROGRAMA INOVADOR Vai iniciar-se a edição 2010/2011 do programa INOV Contacto à qual se candidataram cerca de 3.000 jovens licenciados. Desde 1997, ainda sob a designação de Programa Contacto e depois, a partir de 2005, já integrado no Plano Tecnológico e com a alteração para o nome actual, o número de candidaturas a este programa de estágios internacionais já ultrapassou as 35.000. Nesta edição, destaque também para os cerca de mil pedidos de estágios solicitados pelas entidades que preenchem os requisitos que o programa exige. Sempre gerido pela AICEP (que sucedeu ao ex-ICEP nesse papel), o Programa continua a apoiar a formação de quadros qualificados em contexto internacional, permitindo, em simultâneo, a transmissão de informação entre os participantes no programa, através de uma rede informal de conhecimento e de uma crescente rede de contactos internacionais, a Network Contacto. 6 // Novembro 10 // Portugalglobal DESTAQUE O que pode levar algumas das mais prestigiadas empresas portuguesas e com sólidas estratégias de internacionalização em mercados espalhados pelo mundo a aceitarem preencher um conjunto exigente de requisitos para aderirem a um programa de estágios internacionais para jovens licenciados? Quais as motivações de empresas estratégicas para o país, com experiências bem sucedidas nos mercados mais exigentes e mais prioritários para Portugal onde, na maior parte dos casos têm estruturas activas, para aceitarem o desafio de organizarem planos de estágios de acordo com os objectivos do programa e integrarem jovens licenciados nos quadros respectivos? E a aceitarem o compromisso de acompanharem o estágio e avaliarem o estagiário num envolvimento que também engloba os custos inerentes ao aumento da duração dos estágios e, quando necessário, à atribuição de eventual complemento de subsídio, ao apoio no alojamento e na alimentação em certos países e ainda na certificação profissional? Existe, desde o início do programa, um dado revelador do impacto que o INOV Contacto sempre provocou: a notável mobilização de empresas dispostas a receber estagiários e o número crescente de candidatos aos estágios. Para além “Existe, desde o início do programa, um dado revelador do impacto que o INOV Contacto sempre provocou: a notável mobilização de empresas dispostas a receber estagiários e o número crescente de candidatos aos estágios.” do número de candidatos atrás referido já houve, desde 1997, em 14 edições concluídas, 2.707 estágios realizados em 64 países com especial enfoque nos mercados americano, espanhol, brasileiro, inglês, chinês e alemão, tendo cerca de metade dos estagiários sido convidados a ficar nas empresas (cerca de 55 por cento aceitou). É através das empresas que os recebem que os jovens quadros se qualificam em matéria de internacionalização em mercados-chave para a economia portuguesa e é através do binómio estagiário/empresa que o programa contribui, em simultâneo, para o aumento da competitividade das empresas nacionais e para a melhoria da imagem do nosso país no exterior. António Portela, administrador da área internacional da Bial, uma das mais importantes empresas portuguesas da área farmacêutica que se prepara para lançar no mercado global o primeiro antibiótico genuinamente português, aponta como razões fundamentais da adesão da Bial ao programa, a importância que o INOV Contacto pode ter para Portugal. António Portela acha que os jovens são expostos a realidades diferentes permitindo-lhes ter “mais mundo” e que na sua empresa têm sido uma importante mais valia no desenvol- Portugalglobal // Novembro 10 // 7 DESTAQUE vimento de projectos específicos nos diversos mercados onde a empresa actua. Segundo a sua opinião: “é fundamental a internacionalização da nossa economia e a formação de um conjunto de jovens com acesso à experiência internacional”. E acrescenta: “somos uma pequena economia aberta que necessita de ter quadros com pensamento estratégico virado para o exterior para melhor perceberem a realidade internacional e desenvolverem oportunidades para as empresas portuguesas”. Neste momento, a Bial tem dois ex-estagiários contratados que, apesar de sedeados em Portugal, estão a gerir mercados na Europa e na América Central. Também a Cimpor considera este programa de extrema importância para o país pelo desenvolvimento de competências que promove e, nos últimos cinco anos, integrou mesmo quatro jovens nos seus quadros para exercer funções no Egipto, Tunísia, Turquia e Marrocos, alguns dos grandes merca- 8 // Novembro 10 // Portugalglobal dos da empresa. Rita Soares, responsável pelos Recursos Humanos, referese à integração dos jovens estagiários como uma dupla vantagem: “há um “É através das empresas que os recebem que os jovens quadros se qualificam em matéria de internacionalização em mercados-chave para a economia portuguesa e é através do binómio estagiário/ empresa que o programa contribui, em simultâneo, para o aumento da competitividade das empresas nacionais e para a melhoria da imagem do nosso país no exterior.” duplo ‘engagement’, porque permite à empresa aferir se o jovem tem perfil para as competências pretendidas e, por outro lado, permite ao jovem verificar se a cultura e estratégia da empresa que o recebeu se enquadra nos seus objectivos de carreira”. Igualmente, a Visabeira já apostou na contratação após o final dos estágios. Segundo a empresa, e apesar de apenas ter participado na anterior edição, já em 2010, nos mercados angolano e moçambicano contratou cerca de 30 por cento dos estagiários recebidos porque, refere uma fonte dos Recursos Humanos, “o programa pode permitirnos conciliar a nossa aposta em equipas jovens e com ambição em desenvolver carreiras na área internacional com uma fonte de recrutamento que consideramos segura e, por outro lado, o programa pode ter grande impacto no apoio à transição para a vida activa, aproximando as entidades formadoras das empresas e ajustando as competências adquiridas, ao longo do processo de formação, às exigências reais do mundo do trabalho”. DESTAQUE INOV CONTACTO EM NÚMEROS • 14 edições concluídas. 2005-2009: • 32.133 candidaturas; 2.707 estágios. • 1.716 estágios. • 64 países. • Taxa de empregabilidade total: 80 por cento (60 por cento em empresas nacionais). • 50 por cento dos estagiários são convidados a ficar nas empresas / mercados; 55 por cento aceita. 1997-2005 (Contacto@icep até 2005) • 49 por cento mantêm-se nos mercados externos; 51 por cento em Portugal. • 991 estágios. ÁREAS DE FORMAÇÃO 1997/2010 2% 3% 0% 0% 4% 6% Artes e Multimédia 9% 1% 16% 10% 7% Bios Engenharias Outros Ciências Sociais Management Saúde Marketing Turismo Novas Tecnologias Outros II Outros I 42% Victor Carneiro, presidente da comissão executiva da Coba, considera que o programa é cuidadosamente preparado desde a selecção dos potenciais estagiários, o que dá, segundo a sua opinião “todas as garantias às empresas de poderem contar com formandos com boa base escolar, boa capacidade de aprendizagem e espírito aberto a novas realidades”. Para o presidente da Coba, “o estagiário não é um peso e, tendo a empresa a obrigação de o enquadrar convenientemente, passa a ser mais um colaborador a contribuir para o sucesso da organização que o recebe, como tem acontecido no nosso caso”. Na Coba houve muitas contratações após o fim dos estágios e seis ex-estagiários são agora colaboradores permanentes da empresa. Alguns foram convidados para continuarem no país de acolhimento, outros, para integrarem os serviços na sede. Outros Área Científica CANDIDATOS INOV Contacto 1.716 estágios Contacto 991 estágios MERCADOS Para o CEO da N’Drive a importância do INOV Contacto pode sintetizar-se na máxima “Portugal só pode ganhar: me- Portugalglobal // Novembro 10 // 9 DESTAQUE lhores empresas, melhores quadros, cabeças mais abertas e economia mais globalizada”. Luís Baptista Coelho acha que o ADN do sucesso tem obrigatoriamente que ter uma componente internacional e que, através deste programa, as empresas portuguesas devem contribuir para que as jovens gerações de quadros portugueses tenham uma experiência enriquecedora no estrangeiro. O CEO da N’Drive considera que “Portugal precisa de talento e de empreendedores que não tenham uma visão geográfica que termine em Badajoz ou em qualquer outro lugar da Europa a 27”. Actualmente a N’Drive tem três colaboradores contratados depois dos estágios: dois no Porto (depois de terem estagiado em Budapeste) e um na China. No caso da Martifer também já houve pelo menos uma contratação. Acon- teceu na edição de 2008, no mercado romeno, e em 2009, o estagiário na Martifer Hellas, na capital grega, foi convidado a prolongar o estágio por mais alguns meses. Fonte da empresa adianta que a “possibilidade de recrutar jovens de elevado potencial para as empresas que o Grupo tem no estrangeiro” foi uma das razões da adesão ao INOV Contacto, assim como “a possibilidade de participação na formação de uma cultura internacional para os jovens licenciados portugueses”. Quatro foram as contratações de ex-estagiários na Pal Asiaconsult, para o desenvolvimento de projectos em Macau. Conforme refere Rui Cernadas, “o INOV Contacto para nós é um processo natural porque achamos que as empresas devem ter responsabilidades na integração de jovens licenciados no mercado de trabalho os quais, sem perceberem como se funciona à escala internacional, perdem muitas das mais valias adquiridas nas universidades”. Requisitos para as empresas interessadas em acolher estagiários do Programa INOV Contacto • Elaborar um plano de tarefas detalhado para o estágio em Portugal e no estrangeiro; • Nomear responsáveis de estágio, quer em Portugal, quer no estrangeiro, que efectivamente acompanhem o estagiário desde o primeiro dia e possam efectuar uma análise séria e regular do cumprimento do plano de estágio proposto; • Aprovar mensalmente o relatório de horas de formação submetido pelo estagiário; • Apresentar relatórios (intercalares e final) de avaliação relativamente ao desempenho do estagiário e grau de cumprimento do plano de estágio; • Contactar a equipa coordenadora do programa sempre que se verifique qualquer alteração ao plano de estágio proposto e sempre que se 10 // Novembro 10 // Portugalglobal verifique qualquer impossibilidade no desenrolar do próprio estágio; lhe forem solicitados bem como a comunicação com a AICEP; • Assegurar que o estágio decorrerá de forma contínua e ininterrupta, com as necessárias adaptações às práticas e regras da empresa e do mercado receptores, não estando previstos quaisquer períodos de férias durante o período de estágio; • Garantir que o estágio se desenrolará nas instalações da própria empresa; • Comunicar à gestão do programa, caso exista, por parte da empresa a necessidade de uma interrupção de estágio, nomeadamente pela interrupção total para férias, com a antecedência de dois meses; • Garantir as condições necessárias de trabalho para o bom desempenho das funções atribuídas ao estagiário, tanto em Portugal como no estrangeiro, nomeadamente o acesso à Internet no sentido de permitir ao estagiário o envio dos trabalhos que • Suportar integralmente o custo das deslocações em serviço para fora do local da cidade receptora do estágio, no âmbito do estágio realizado no estrangeiro. Caso essa deslocação ocorra para outro país, a mesma deverá ser previamente acordada com a gestão do programa INOV Contacto, para que os seguros sejam previamente accionados; • Estar disponível para participar financeiramente nos custos dos respectivos estágios; • Submeter uma candidatura por cada perfil pretendido. Um milhão de empresas já conta com a nossa energia. Agora, é a sua vez. O 3.º maior grupo financeiro ibérico O 1.º na vida da sua empresa www.pmepower.com ENTREVISTA Manuel Carvalho da Silva - Secretário-geral da CGTP SEM INOVAÇÃO SOCIAL NÃO HÁ INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E ECONÓMICA SUSTENTÁVEL Actualmente Secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva é licenciado em Sociologia e doutorado, destacando-se pela sua liderança no seio do movimento sindical. Construtivo na sua análise, o sindicalista traça nesta entrevista uma ampla panorâmica dos principais factores que afectam a economia e as relações laborais, não apenas em Portugal mas à escala global. Desde cedo empenhado em causas colectivas, o seu testemunho reflecte uma experiência de vida intensamente preenchida pelas dinâmicas sociais, e por isso também os seus livros e debates analisam, com conhecimento de causa, factores críticos do desenvolvimento do país e constituem uma proposta de fundo para o sindicalismo contemporâneo. 12 // Novembro 10 // Portugalglobal ENTREVISTA Na sequência da crise global, o mundo das relações de trabalho não é actualmente dos mais pacíficos. Por um lado, acentua-se a tendência para o desemprego e a precariedade e, por outro, grande parte das empresas debate-se com novas dificuldades. Os sindicatos portugueses – e em particular a CGTP – estão preparados para enfrentar este novo cenário? O cenário não é propriamente novo, pois têm-se vindo a verificar frequentes mudanças estruturais e organizacionais a nível da economia e da sociedade globais. É certo que a inovação técnico-científica e a utilização das novas tecnologias têm vindo a colocar novos desafios, alguns com consequências socialmente negativas, à organização do trabalho e à gestão do processo produtivo. Por isso, o conceito de inovação e todas as mudanças que dele decorrem tornam incontornável a necessidade da implementação de uma inovação social efectiva, com amplitude democrática. Este é o cenário em que actua o sindicalismo nos nossos dias. Quer isso dizer que inovação tecnológica e as novas relações de trabalho, sem inovação social efectiva, podem causar distorções no bom funcionamento das sociedades? O mundo está “condenado” – e esta é uma afirmação pela positiva – a ser mais multilateral, mais multicultural, mais universalista, sendo estes alguns dos aspectos mais construtivos a colocar na economia, nos direitos, no saber e na cultura, que têm de estar presentes na globalização. Esta realidade globalizada exige, contudo, para ser verdadeiramente integrada e sustentável, que o desenvolvimento da inovação tecnológica e empresarial seja acompanhado e sustentado pela inovação social. Do ponto de vista sindical, da defesa dos direitos no mundo do trabalho, existem actores que podem vir a dificultar este processo? Há um actor, cujo papel é subestimado, que se torna avassalador neste cenário, sobrepondo-se a tudo e a todos, mesmo no plano da decisão política e da soberania, sobretudo nos países economicamente mais vulneráveis: as multinacionais. Estas procuram nos países em que se instalam não só um mercado consumidor, mas também energia, matérias-primas e mão-de-obra baratas. Caso a vantagem destes quatro factores – que motivam a opção por um dado mercado – se altere desfavoravelmente para a multinacional, esta abandona o mercado e transita para outro que lhe seja mais favorável. Além desta movimentação parasitária, a multinacional têm a seu favor a superioridade financeira e tecnológica, e o seu forte e “persuasivo” poder de negociação. Seja como for, as multinacionais produzem uma dinâmica económica favorável ao desenvolvimento? São actores económicos que num primeiro momento podem estimular o crescimento da economia dos países em que se instalam, mas que, porque são desprovidos de regulação (até porque os seus mercados/clientes, serviços e produtos são considerados numa óptica global) frequentemente sobrepõem os seus interesses aos dos próprios Estados, assim como aos das empresas e recursos laborais nacionais. Esta actuação já foi, em diferentes ocasiões, objecto de críticas de várias instituições internacionais, nomeadamente da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esta instituição até já começou a definir normativos de regulação, mas não são aplicados e não surgem outros mais eficazes. Há outros factores que podem travar um saudável processo de recuperação e mudança? O contexto em que os sindicatos defendem os interesses e direitos dos trabalhadores é complexo e tem múltiplos actores. Além da actuação das multinacionais, há ainda um outro factor que actualmente incide de forma muito negativa sobre a maioria da população trabalhadora: o fundamentalismo financeiro e monetarista (que gere em seu proveito a moeda em circulação, o crédito e as taxas de juros, controlando a liquidez global do sistema económico), que associado ao liberalismo económico, não morre de amores pela ética, pela regulação e por uma política de defesa de direitos no âmbito do mercado de trabalho, como aquela que defendem os sindicatos. Como vê, no caso português, as tentativas de revisão do actual Código de Trabalho? A revisão do Código de Trabalho acompanha e integra uma dinâmica neo-liberal em curso na Europa contra o Modelo “O conceito de inovação tecnológica e todas as mudanças que dele decorrem tornam incontornável a necessidade da implementação de uma inovação social efectiva, com amplitude democrática. Este é o cenário em que actua o sindicalismo nos nossos dias.“ Social Europeu que, entretanto, se vai degradando, e que, a prazo, se os trabalhadores e os cidadãos não reagirem, pouco significará. Não se chame saída da crise a políticas que não criam emprego, que reduzem a retribuição do trabalho e que aceleram as inseguranças e instabilidades. Quais são para si as consequências mais imediatas da actuação destes actores? Temos taxas elevadas de quebra do poder de compra, mais desemprego e intensificação da precariedade que resultam objectivamente de algumas destas alterações de contexto. Contudo, quero sublinhar que actualmente o desemprego e a precariedade do emprego são sobretudo uma consequência das novas estratégias de gestão das empresas, que têm um objectivo prioritário: obtenção de lucro máximo, a qualquer preço, no mais curto espaço de tempo, para conseguirem ser competitivas. O que conduz à redução drástica dos custos com a mão-de-obra, que tem como consequência a baixa remuneração, penúria, o desemprego, a precariedade, o emprego pouco qualificado, a impossibilidade de progressão profissional, a ausência de protecção social. Os custos so- Portugalglobal // Novembro 10 // 13 ENTREVISTA ciais e humanos destas práticas são excessivamente elevados e colocam em risco a sustentabilidade e estabilidade sociais. Pode clarificar uma pouco mais esta questão? O desemprego e a precariedade tornaram-se incontestavelmente um instrumento de gestão nas empresas globais e em Portugal um negócio. Ou seja: um instrumento estratégico ao serviço dos detentores do capital financeiro e económico, que lhes é particularmente útil nos países menos desenvolvidos, onde uma mão-de-obra mais barata num primeiro impulso pode atrair o investimento multinacional. Devo lembrar que já na Cimeira Inter-Governamental de 2009, no âmbito da conferência anual da OIT, um dos motivos de alarme foi a constatação de que poderíamos estar à beira de uma perigosíssima redução da retribuição do trabalho, acarretando não só a desigualdade na distribuição da riqueza (nos países e entre países) mas também uma clivagem social de risco, em que as camadas mais desfavorecidas da sociedade são as primeiras vítimas. Como vê esta Cimeira que decorreu recentemente na Noruega, em que participaram, quase em parceria, a OIT e o FMI? A Organização Mundial do Trabalho tem vindo a chamar a atenção para todos esses aspectos que envolvem a degradação das condições de trabalho e da qualidade de vida dos trabalhadores. É claro que deveria existir uma parceria, efectiva, entre o FMI e a OIT, isso se o FMI desempenhasse o papel que era suposto desempenhar – o de ser um factor de desenvolvimento sustentável e de equilíbrio social –, não se limitando à opção de um certo tipo de economia, fortemente parcial e questionável, que constrange e afecta negativamente a maioria dos países e populações mundiais que são objecto das suas medidas coercivas. Estes alertas da OIT têm surtido efeito? Há muito que a Organização Internacional do Trabalho tem vindo a afirmar que a crise, tal como está a ser encarada pelos governos e instituições financeiras, tende a afectar negativamente o desenvolvimento do tecido empresarial e impedido que se criem factores de segurança e estabilidade no emprego, como factores fundamentais da rentabilidade económica das próprias empresas. Por outro lado, o facto dos accionistas dos grandes grupos económicos e financeiros, no plano global, estarem a apoderar-se avidamente, em nome do que perderam com a crise (que directa ou indirectamente eles próprios provocaram), dos resultados até agora conseguidos com muito esforço, numa fase em que já deveria haver respostas adequadas e sinais consolidados de recuperação, impede o reinvestimento/reencaminhamento, o que está a constituir-se como a primeira causa do desaparecimento de empresas, sobretudo de PME. Quais são as consequências desta aparente contradição entre capital financeiro e capital produtivo? Eu não sou especialista na matéria, mas que tem consequências tem. E estas estão bem patentes aos olhos de todos. 14 // Novembro 10 // Portugalglobal “Devo lembrar que já na Cimeira InterGovernamental de 2009, no âmbito da conferência anual da OIT, um dos motivos de alarme foi a constatação de que poderíamos estar à beira de uma perigosíssima redução da retribuição do trabalho, acarretando não só a desigualdade na distribuição da riqueza mas também uma clivagem social de risco.” Ou seja, os sindicatos podem actuar sobre o capital produtivo, sobre a economia real, mas dificilmente sobre o capital financeiro? As grandes questões do sindicalismo, que historicamente, em algumas componentes da sua intervenção, tinham apenas uma abordagem sócio-laboral, deixaram de a ter, sendo esta abordagem agora necessariamente mais complexa. Uma coisa é certa: na situação actual e perante a extrema voracidade da acumulação de riqueza, sobretudo através de mecanismos financeiros, que escapam à regulamentação e ao poder político, mas que lhes ditam as regras do jogo, tudo indica que este contexto está e irá continuar a afectar negativamente a vida da maioria dos cidadãos e do tecido empresarial global, num clima de progressivo agravamento. Neste cenário, a recuperação é apenas aparente e irá ser partilhada por uma parte minoritária do capital produtivo. Neste contexto, qual vai ser o papel das grandes economias emergentes, como a Rússia, a China, o Brasil ou a Índia? Há dados novos no processo de globalização, tanto mais que as grandes economias emergentes, para defenderem os seus interesses imediatos, estão a adoptar os mesmos processos económico-financeiros das suas congéneres e ENTREVISTA concorrentes (europeias, norte-americanas e outras) que já lideram nos mercados. Por isso as economias emergentes adquirem mais quotas de mercado, jogam com a dívida externa dos países, fazem um forte “lobbying” em matéria de influência estratégica. O risco deste crescendo e reforço da cartada económico-financeira, por parte das grandes economias, é que podemos estar a caminhar para o predomínio, sem regulação, do financeiro associado a uma “guerra” monetarista de contornos muito complexos, cujos primeiros sinais já são perceptíveis e que não auguram nada de construtivo e sustentável em termos sociais e económicos globais, e mesmo quanto à anunciada recuperação da crise. Há algum antídoto eficaz contra esta nova tendência da economia global? A economia produtiva não se pode tornar cada vez mais refém de uma lógica de agiotagem por parte do capital financeiro (e dos grandes grupos multinacionais), em que há entidades financeiras que todos os dias nos podem subverter as regras do jogo, por melhor que trabalhem e se esforcem os cidadãos e as empresas (que do ponto de vista financeiro estão sempre em dívida), em particular as PME, que são as mais vulneráveis quando se trata da sustentabilidade do tecido económico produtivo. Pode a estratégia de desenvolvimento de um país ou de uma sociedade fazer frente a este desafio? Nós, em Portugal, assistimos durante décadas à emissão de mensagens de falso modernismo, criando a ideia de que seria possível construir um país moderno sem sector produtivo, o que facilitou o desaparecimento de muitas empresas e, em muitos casos, de grandes empresas. Numa economia globalizada, um país, para defender os seus interesses, afirmar a sua soberania e afirmar-se nos mercados, precisa de um sector produtivo forte e inovador. E nós temos vindo a valorizar o sector de serviços (por vezes apenas na propaganda) em detrimento do sector produtivo. Por outro lado, criou-se o mito de que todos os países vão crescer e todos vão-se desenvolver numa lógica de vender mais aos outros, quando todos querem fazer precisamente o mesmo: exportar, vender cada vez mais nos mercados externos. Quer dizer que a solução está num maior equilíbrio entre produção para o mercado interno e produção para exportação? Tem que existir uma maior preocupação com a produção de bens e serviços úteis e necessários ao desenvolvimento “Além da actuação das multinacionais, sem regulação eficaz, há ainda um outro factor que actualmente incide de forma muito negativa sobre a maioria da população trabalhadora: o fundamentalismo financeiro e monetarista.” interno de uma dada sociedade, neste caso a portuguesa, que reduza a dependência das importações, e neste sentido as PME e as micro-empresas podem beneficiar largamente desta resposta do tecido produtivo às necessidades internas de consumo. Mas, é claro, os governos precisam adoptar uma estratégia de desenvolvimento que potencie, de forma evolutiva e sustentada, a produção e o consumo internos – sem consolidar a ideia de que consumo é sinónimo de moderno –, que reduzam a importação de bens e serviços que o país pode e deve produzir. Esta opção traduzir-seá por mais know-how, mais qualificação, mais motivação, mais inovação, mais investigação, mais qualidade, melhores preços, e até mais exportação. Há factores de contexto que são fundamentais para o bom funcionamento e para o sucesso das empresas? Em termos de investimento produtivo e de mercado interno, há questões – porque são vitais para o desenvolvimento – que deveriam ser amplamente debatidas tanto no plano interno como europeu, como sejam, entre outros, os recursos energéticos, o custo dos transportes, a burocracia. Acredito que se conseguirá criar alternativas face aos bloqueios que a própria sociedade produz actualmente em vários domínios, originando o perigo de rotura nos planos social, ambiental, energético, bem como face a novas perspectiva, como por exemplo em matéria de políticas agrícolas. Os sindicatos procuram olhar estes problemas na sua globalidade sem perder de vista a sua especificidade? É necessário um maior sentido de responsabilidade social e, portanto, um compromisso mais sólido com o bem-estar das pessoas. Esta questão de uma atitude responsável, por parte das empresas, do mercado e dos próprios cidadãos, é particularmente determinante quando os insistentes apelos ao consumo e ao individualismo, ao salve-se quem puder, frequentemente se potenciam negativamente. Esta questão Portugalglobal // Novembro 10 // 15 ENTREVISTA merece uma atenção especial por parte da acção sindical e torna-se um desafio complexo para todos os actores colectivos, incluindo o próprio Estado. Há cada vez mais desempregados e estes têm cada vez mais dificuldade em conseguir um novo emprego ou podem nunca chegar a conseguí-lo. Estamos diante de um desemprego endémico, sem solução à vista? O trabalho tem uma centralidade incontornável na vida das sociedades, que se projectam de forma sadia e próspera no futuro. Se não se revaloriza rapidamente o conceito de emprego, assegurando remunerações e direitos de trabalho condignos, estamos a criar um tremendo factor de exclusão e de conflito social. Contudo, hoje a economia está novamente a utilizar o desemprego como instrumento para a redução da retribuição do trabalho. A tendência, segundo declarações do antigo presidente da CIP e actual Presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa, é para que os novos empregos, com as mesmas funções, passem a ser remunerados 20 a 30 por cento, ou mais, abaixo do que eram há poucos anos. Qual é a resposta dos sindicatos a esta redução da retribuição do trabalho? A evolução das sociedades modernas, nomeadamente de Portugal, foi conseguida – basta ver o nosso país na década de 50 do século passado – pela criação de emprego e pela prática de salários mais justos, pois é preciso não esquecer que a remuneração tornou-se historicamente parte do valor da riqueza produzida pelo trabalho, conferindo-lhe mais estabilidade e segurança em matéria de empregabilidade. Nesta medida, a negociação entre o capital e o trabalho, nem sempre fácil, permitiu no entanto a consolidação do moderno desenvolvimento da economia e da sociedade, tendo sido o trabalho justamente remunerado que trouxe mais estabilidade, segurança, produtividade e geração de riqueza às sociedades. Fazer regredir agora as remunerações salariais, em nome do que quer que seja, significa não só comprometer a estratégia do desenvolvimento social e económico sustentável, como colocar a democracia social em risco. Porque é para os sindicatos tão importante a contratação colectiva? Os estudos da OIT demonstram que, na segunda metade do século XX, o instrumento mais eficaz na produção e distribuição da riqueza em todo o mundo e com todo o tipo de governos, foi a contratação colectiva. Nenhum outro conjunto de políticas de trabalho teve tanta importância como o desenvolvimento da contratação colectiva. Contudo, esta está a ser posta em causa. Por isso, torna-se fundamental a revalorização do tempo de trabalho e do salário e da contratação colectiva, o que só pode ser feito se se verificar uma revalorização e dignificação das actividades profissionais instaladas, valorização das novas profissões e, sobretudo, do trabalho enquanto actividade produtiva, numa óptica de realização humana e de desenvolvimento social. O sindicalismo nórdico tem claras preocupações de desenvolvimento e sustentabilidade social, 16 // Novembro 10 // Portugalglobal tendo um modelo de parceria institucional activa e de participação financeira vantajosa para os seus associados. Porque é que os sindicatos mais a Sul não seguem o mesmo modelo? Os sindicatos nórdicos têm uma participação muito activa, gerindo, alguns deles, fundos de segurança social e fundos de desemprego. O sindicalismo mais a Sul da Europa não tem a mesma tradição e o mesmo comprometimento com a gestão económica e política, mas ninguém pode responsabilizar os nossos sindicatos de terem um modelo diferente, “Numa economia globalizada, um país como Portugal, para defender os seus interesses, afirmar a sua soberania e afirmar-se nos mercados, precisa de um sector produtivo forte e inovador, exportador mas também produtor de bens e serviços úteis e necessários ao seu desenvolvimento interno, que reduza a dependência das importações.” porque se o poder político e económico realmente quisesse, tinha condições de desafiar e colocar os sindicatos em posição de aceitar essa participação em matéria de gestão de parcerias em matéria de segurança social e fundos de desemprego. Contudo, os sindicatos, os governos e os patronatos devem dialogar e continuar a procurar soluções. É certo que as associações patronais são bastante activas na defesa dos seus interesses, mas têm plena consciência de que as soluções não dependem apenas delas, mas da procura de soluções por parte dos diferentes parceiros sociais, em que se incluem os sindicatos. O que pensa dos actuais apoios ao emprego? Precisamos de uma recentragem dos serviços de emprego (e formação), que deveriam estar muito mais voltados para um acompanhamento privilegiado, a todos os níveis, da inserção no mercado de trabalho, seja do desempregado ENTREVISTA seja daqueles que procuram o primeiro emprego. Quer isto dizer que os serviços de emprego deveriam estar na posse de um bom conhecimento do tecido laboral, empresarial e económico, e ter poder político e legislativo para proteger, dignificar e fazer cumprir aquilo que, em senso comum, se designa por “empregabilidade”. O desempregado deve aceitar qualquer tipo de actividade profissional que lhe seja proposta pelos serviços de emprego? É incorrecta, do ponto de vista da gestão de recursos humanos, a ideia de que uma pessoa tem que estar preparada para aceitar qualquer tipo de trabalho, sem formação adequada para a função que vai desempenhar e estando descontextualizada da cultura da empresa de acolhimento, e ser-lhe exigido que produza logo a 100 por cento. É aqui que o conceito e a prática da precarização do trabalho, com contratações e subcontratações efémeras, tem um efeito fortemente nefasto sobre a produtividade e conduz a um abaixamento da qualidade do serviço prestado, o que se torna particularmente crítico nas grandes empresas. A CGTP-Intersindical Nacional assumiu a abordagem e combate à precariedade como um dos temas centrais da sua acção para o período 2008-2012. E quanto a motivação? Se o trabalhador é colocado numa situação em que aufere uma baixa remuneração e em que tudo é provisório, inseguro, instável, ele – que é dotado de uma psicologia humana – tende a responder necessariamente com menos disponibilidade e empenho. E com menos motivação. Resumindo: o que é e para que serve um sindicato hoje, e de que modo pode ser parceiro social? É preciso dizer que o sindicalismo enfrenta hoje desafios – que tem de articular – de dimensão local, regional, nacional e global, o que o obriga a responder às dinâmicas políticas, sociais e económicas europeias que todos os dias lhe entram pela porta. Depois, também para os sindicatos nem sempre é fácil dar resposta ao comportamento das multinacionais, que por terem meios de decisão e acção muito próprios, se sobrepõem frequentemente às políticas sindicais e à legislação dos próprios Estados. Contudo, os sindicatos são, apesar de todas as suas fragilidades, o movimento social mais representativo e perene desde a Revolução Industrial. Em Portugal temos associações de classe (embriões de sindicatos) desde o final da década de 30 do século XIX. E têm tido uma participação activa na sociedade, fundamental no seu processo de desenvolvimento e democraticidade. Nesta medida, a organização das pessoas no trabalho e as próprias organizações de trabalhadores, que se batem pela defesa de direitos fundamentais na relação capitaltrabalho, terão que existir, como actores colectivos de diálogo e negociação, mas também enquanto movimento social que questiona o sistema desde a sua génese e que, a partir do social, evidencia a necessidade de reformas e roturas no processo de transformação social e política das sociedades, papéis que notoriamente desagradam às actuais políticas neo-liberais. Os sindicatos, enquanto organização dos trabalhadores, são insubstituíveis? Os sindicatos têm que afirmar a centralidade, as questões e os valores do trabalho, trazê-los para a sociedade, mobilizando-a, pois não há mudança sem a mobilização de cidadãos. Recordo que em França existe uma taxa de sindicalização relativamente baixa, mas a capacidade de mobilização da sociedade francesa, por parte dos sindicatos, é muito alta. Este tema conduz novamente ao conceito de parceria dos sindicatos. Qual a sua importância? Quanto à condição de parceiro do sindicalismo, que tantas vezes se utiliza, é preciso que se diga que não há entendimento e denominadores comuns sem primeiro haver a afirmação das partes – os direitos têm que ser representados, expressos, confrontados – porque a sociedade também é feita de conflitualidades, de interesses contraditórios, nomeadamente nas relações do capital e do trabalho. Mas o que é fundamental é chegar ao diálogo e gerar dinâmicas construtivas, de negociação e compromisso, para que a sociedade não entre em processo de rotura e evolua com Portugalglobal // Novembro 10 // 17 ENTREVISTA sustentabilidade em matéria de direitos e geração e distribuição de riqueza. Quando se fala de uma relação de parceria, aquilo que pode dar mais resultados é a efectivação de uma negociação real, directa, entre os trabalhadores e os empresários, nos locais de trabalho e na realidade sectorial, “O fundamental é chegar ao diálogo e gerar dinâmicas construtivas, de negociação e compromisso, para que a sociedade não entre em processo de rotura e evolua com sustentabilidade em matéria de direitos e geração e distribuição de riqueza.” de modo a que os interesses em confronto se exponham, dialoguem, negoceiem, procurem soluções. A Autoeuropa pode ser considerada como um caso exemplar? Em Portugal existem inúmeras empresas, de grande dimensão e PME, que adoptaram práticas de negociação tão boas ou mesmo melhores do que aquelas que decorreram na Au- Breve biografia Manuel Carvalho da Silva nasceu em Viatodos, Barcelos, em 1948, no seio de uma família de pequenos agricultores. Frequentou a Escola Industrial Carlos Amarante, em Braga, onde concluiu o curso de Formação Montador Electricista. É actualmente Secretário-Geral da CGTP-Intersindical Nacional, tendo entrado para a respectiva comissão executiva em 1977 e assumido a sua liderança em 1986. Tem uma Licenciatura (2000) e um Doutoramento (2007) em sociologia, pelo ISCTE, em que defende o trabalho como suporte dos direitos. Além de dirigente sindical, tem participado nos últimos anos em inúmeras iniciativas académicas, proferindo conferências em diversas universidades e publicado artigos e livros. É autor dos livros: Acção Sindical – Transformação e Desenvolvimento, Campo das Letras, 2000; Agir Contra a Corrente – reflexões de um sindicalista, Campo das Letras, 2002; Trabalho e Sindicalismo em Tempo de Globalização – Reflexões e Propostas, Circulo de Leitores/Temas e Debates, 2007. 18 // Novembro 10 // Portugalglobal toeuropa. Só que esta teve mais visibilidade mediática porque é uma multinacional muito conhecida e uma referência forte na economia nacional. Mas tem sido um laboratório que demonstra que, com mais ou menos críticas, os trabalhadores portugueses têm não apenas sentido de organização e eficácia quanto à defesa dos seus direitos e interesses, mas também sentido de responsabilidade social. É nestas condições que a inovação social é trabalhada e consolidada sobretudo a partir de casos exemplares, que depois se generalizam. Na inovação tecnológica é mais fácil fazer uma alteração e generalizar, mas na inovação social é preciso muito trabalho de mudança, e é aqui que as parcerias podem ser importantes. Como estamos em matéria de justiça do trabalho em Portugal? Verifica-se uma inefectividade generalizada das leis. Há legislação, não há efectividade, não se faz cumprir o que deve ser cumprido. Vivemos num país que tem uma atitude de enorme vulnerabilidade perante as leis. Isto é particularmente grave em matéria de relações entre capital e trabalho, relações que nas últimas décadas se têm desequilibrado em detrimento dos trabalhadores, muito tendo contribuído para isso o desemprego e a precarização no trabalho, a deterioração da qualidade e das condições de acesso ao emprego, que como direito fundamental, passa actualmente por uma das suas maiores crises. NOTÍCIAS AICEP debate Mercado do Carbono “O Mercado do Carbono e as Energias Renováveis” foi o tema da conferência que a AICEP organizou, no seu auditório em Lisboa, no âmbito do ciclo “Diálogos da Internacionalização AICEP” promovido pelo Business Intelligence Unit (BIU) – Rede de Inteligência Competitiva de Apoio ao Negócio Internacional. Ângelo Correia foi o orador convidado. “Vamos falar de energia, vamos falar do presente e fundamentalmente do futuro, de um mundo de energias alternativas em que iremos seguramente viver”, disse Basílio Horta, presidente da AICEP, na abertura da sessão. Realçou igualmente que cerca de 46 por cento da energia eléctrica produzida no país provém de energias renováveis e limpas (o que se reflecte pela positiva em termos de balança de pagamentos e de independência energética) e também o facto de Portugal estar na primeira linha da mobilidade eléctrica (referindo-se à fábrica de baterias da Nissan e à rede nacional de abastecimento de carros eléctricos, uma das primeiras redes nacionais deste tipo na Europa). “Há países interessados no mercado da energia em Portugal e há projectos in- ternacionais em carteira que podem via a ser executados aqui”, enfatizou. Na sua intervenção, Ângelo Correia, gestor e político, falou da sua experiência nas vertentes das mudanças climáticas, do mercado do carbono e das energias renováveis, chamando a atenção para a abundância de informação nesta área – “cheia de evidências mas ainda não necessariamente de ciência” –, mas que são cada vez mais objecto do investimento e do esforço global de todos os países. Ângelo Correia abordou questões decisivas para o futuro do planeta, do Protocolo de Quioto ao comércio europeu de licenças de emissão e às transacções do mercado do carbono, do mecanismo de desenvolvimento limpo à produção de energia a partir de fontes renováveis. Internacionalizar para Crescer enche Alfândega do Porto Uma plateia de cerca de 700 empresários assistiu à apresentação do programa Internacionalizar para Crescer, no dia 27 de Outubro, na sala do arquivo da Alfandega do Porto. A apresentação do programa foi feita pelo presidente da AICEP, acompanhado pelo jornalista Carlos Magno (moderador). Basílio Horta anunciou as principais acções que a Agência vai desenvolver para apoiar os processos de internacionalização das empresas, visando aumentar as suas exportações, alargar a base exportadora nacional, diversificar os mercados de destino dos produtos portugueses e manter e aumentar o investimento em Portugal. Os directores dos escritórios da AICEP em Moscovo (Maria José Rézio), São Paulo (Bernardo Ivo Cruz) e Nova Iorque (Rui Boavista Marques) juntaram-se à sessão por vídeo-conferência, para fala- rem dos apoios que a rede externa da Agência disponibiliza às empresas portuguesas nos quatro cantos do mundo. O programa Internacionalizar para Crescer, a desenvolver nos próximos dois anos, assenta em quatro eixos: mais empresas a exportar, visando mobilizar as empresas para a internacionalização; mais mercados para onde exportar, com o qual se pretende diversificar os mercados de exportação; mais mundo em Portugal, que tem por objectivo captar novos investimentos e reforçar os actuais; e mais Portugal no mundo, destinado a promover a imagem empresarial de Portugal no mundo. Portugalglobal // Novembro 10 // 19 EMPRESAS “BIOPLUX CLINICAL” REVOLUCIONA FISIOTERAPIA A PLUX é uma empresa que cria tecnologias sem fios para as áreas da saúde, desporto e investigação, visando a recuperação em tempo real de sinais do corpo e recuperação de pessoas afectadas por vários tipos de patologias, os quais comercializa através de modelos de negócio inovadores. A abertura de representações em Espanha e na China é uma das facetas da sua afirmação internacional. O “bioPLUX clinical”, um dispositivo médico inovador para fisioterapia e reabilitação clínica, já chegou ao mercado e é a nova coqueluche da PLUX. É baseado em biofeedback, vai modernizar a prática clínica, melhorar os tratamentos e também reduzir os tempos de recuperação e os encargos para a sociedade. Mesmo no plano internacional, possui três graus de inovação que o distinguem: hardware, software e modelo de negócio. O primeiro é miniaturizado e baseado em tecnologia de ponta totalmente desenvolvida pela PLUX, com vantagens em termos de robustez, portabilidade e conforto e é o mais compacto da sua classe no mercado global. O software, também totalmente desenvolvido pela PLUX, possui ecrãs intuitivos e fáceis de utilizar, com gráficos animados que facilitam, tanto a terapeutas como a utentes, a comunicação e a execução dos exercícios associados ao processo de recuperação. O dispositivo é baseado num modelo de prestação de serviços em dois formatos: @Clinics, para apoio ao trabalho realizado entre o fisioterapeuta e o utente na clínica, e o @Home, para complemento do trabalho por parte do utente de forma autónoma na sua casa. Os equipamentos, inicialmente, são fornecidos a custo zero, existindo apenas um pagamento associado à utilização. 20 // Novembro 10 // Portugalglobal EMPRESAS cial, em 2008, da segunda geração dos seus sistemas (mais compacta e versátil que a anterior), em 2009, a aprovação do projecto QREN PLUX Global para a internacionalização do negócio tendo como entidade gestora a AICEP e, já em 2010, a criação de uma direcção de marketing internacional e o contrato de promoção com o grupo Atral Cipan para o produto “bioPLUX clinical”, foram passos muito importantes no seu trajecto de afirmação no mundo dos negócios. “Entre os clientes mais importantes contam-se, no mercado interno, o Centro de Reabilitação do Alcoitão ou o Hospital de Santa Maria e, no estrangeiro, universidades e centros médicos na Grécia, no Reino Unido, na Holanda, na Noruega ou na Bélgica entre outros.” Em 2009, cerca de 20 por cento da proCriada em 2007, a PLUX assumiu desde o início da sua actividade o pioneirismo no desenvolvimento de equipamentos sem fios para monitorização de sinais de variado tipo no corpo humano (actividade muscular, actividade cardíaca, respiração, movimento, temperatura, etc.). O lançamento ofi- dução da PLUX foi vendida no estrangeiro. Entre os clientes mais importantes contam-se, no mercado interno, o Centro de Reabilitação do Alcoitão ou o Hospital de Santa Maria e, no estrangeiro, universidades e centros médicos na Grécia, no Reino Unido, na Holanda, na Noruega ou na Bélgica entre outros. Segundo o CEO da PLUX, Hugo Gambôa, “são os mercados que guiam o nosso plano de desenvolvimento estratégico e, nesse sentido, tentamos sempre conjugar as nossas competências técnicas com as necessidades que os profissionais vão detectando no terreno”. Acrescenta ainda que “depois de desenvolvidos, testados e validados em Portugal, através da rede de parceiros PLUX, os produtos são levados para o resto do mundo, com diferentes critérios de promoção face à dimensão e potencial dos mercados, de forma faseada, primeiro negociando com parceiros de distribuição, depois criando condições de adaptação ao mercado e, numa fase final, posicionando o produto num conjunto de líderes de opinião na área a que o produto se destina”. Quanto à inovação, não foi apenas em relação ao “bioPLUX clinical” que foi trabalhada ao nível do hardware, do software e do modelo de negócio. Hugo Gambôa considera que “o mercado global trouxe uma nova dinâmica de consumo, onde a exigência é total e onde a inovação é o elemento diferenciador, tendo impacto directo na forma como a empresa é olhada e na capacidade de adaptação e resposta perante cada oportunidade que surge”. Os prémios recebidos atestam o reconhecimento que a PLUX já alcançou: a empresa foi semi-finalista na categoria “LifeSciences”, no ISCTE-IUL MIT Portugal Entrepreneurship Competition 2010; recebeu o prémio “Biggest Innovation” no Hit Barcelona International Innovation Summit 2010; e o prémio “Best Startup Award” no Ignite Portugal 2010. PLUX, Wireless Biosignals Av. 5 de Outubro, 70 – 6º 1050-059 Lisboa Tel.: +351 211 956 542 [email protected] www.plux.info Portugalglobal // Novembro 10 // 21 EMPRESAS SOTKON INOVA NA RECOLHA DE RESÍDUOS URBANOS A Sotkon é a líder ibérica no mercado de contentores subterrâneos para a recolha selectiva e indiferenciada de resíduos sólidos urbanos. Uma empresa que se distingue da concorrência pela simplicidade e qualidade do conceito. Tanto a espanhola MBE-Sotkon como a sua congénere em Portugal já eram líderes na recolha de resíduos nos respectivos mercados, mas a fundação do grupo Sotkon, em 2008, através da aquisição pelo grupo Auto Sueco e pela Inter Risco daquelas duas empresas, levou à consolidação dos negócios em Portugal e em Espanha e ao reforço da aposta noutros mercados onde foram criadas novas empresas do grupo. Neste momento, a Sotkon já instalou mais de 15.000 unidades em Portugal e em Espanha e durante 2010 foram ganhos e fornecidos projectos em França, Angola e Grécia. Os grandes clientes são municípios e entidades municipais ou empresas privadas que operam 22 // Novembro 10 // Portugalglobal na área da recolha urbana e que se preocupam não só com a valorização dos resíduos, optando por soluções ambientalmente equilibradas, como com os resultados da exploração. Face à concorrência as grandes armas da Sotkon são a qualidade e a simplicidade. Os resultados conseguidos pela empresa provam claramente que uma das grandes vantagens dos contentores subterrâneos é obedecerem a um conceito simples, que evita avarias e custos de manutenção, que implica pouca mão-de-obra por ser fácil de operar, mais agradável por evitar os odores e que, ainda por cima, permite aos clientes fazer a recolha de resíduos com a viatura tradicional e descarregá-la no elevador normal com os braços do veículo bastando, para isso, a montagem de uma grua muito ligeira. O rol de vantagens estende-se ainda aos resultados da exploração da recolha que podem ser melhorados em cerca de 30 por cento e até à integração harmoniosa dos marcos de deposição da Sotkon na paisagem envolvente permitindo ganhos sob o ponto de vista estético. A competir num mercado muito agressivo e demasiado assente no preço, a grande preocupação da Sotkon é a diferenciação pela capacidade de oferecer soluções inovadoras. A sua oferta permite ao cliente um sistema mais simples, a partir de uma cuba de betão, um contentor de polietileno ou um marco de deposição, até outro, mais sofisticado, que EMPRESAS AZEITE PROJECTA SOVENA NO COMÉRCIO MUNDIAL A verdade, costuma dizer-se, é como o azeite: vem sempre ao de cima. Para o grupo Sovena, metaforicamente falando, também foi o azeite a vir ao de cima e a torná-lo o número dois mundial deste sector. Um grupo genuinamente português e que cobre toda a cadeia de valor do azeite, através de quatro áreas de negócio interrelacionadas. pode funcionar com abertura automática e que pode permitir a informação sobre o nível de enchimento do contentor, que pode incluir um dispositivo de extinção de fogo mas que também pode permitir a recolha através de um gancho simples que necessita de pouca mão-de-obra. Outra prioridade da empresa é a internacionalização. A Sotkon já actua directamente nos mercados francês, inglês, angolano, brasileiro e turco. Mas a aposta estende-se também a mercados onde não pretende ter uma presença directa, como a Grécia, Sérvia, Hungria e Alemanha, e onde a estratégia passa pelo desenvolvimento de parcerias com agentes e distribuidores. O sistema Sotkon cumpre todas as normas europeias em vigor. Sotkon Zona Industrial, Lote I – 27 2330-210 Entroncamento Tel.: +351 249 715 253 [email protected] www.sotkon.com A máxima da Sovena – “olive oil for the world” – tem como objectivo transformar a empresa na referência mundial do comércio de azeite: estar presente onde se consome e contribuir para o aumento do consumo onde ainda não é relevante. Merece, por isso, um olhar atento a estratégia da Sovena para vender azeite nos mais variados mercados. A Sovena Group renasceu em 2008, depois da reestruturação do grupo, e já foi o fruto da unificação da identidade e imagem de um negócio com génese há mais de cem anos e que foi iniciado pelo mítico industrial Alfredo da Silva. No século XXI, já é o azeite a marcar a aposta na internacionalização, a emergir de quatro áreas de negócio interrelacionadas e a trazer o grupo para os lugares cimeiros no exigente mercado mundial daquele produto. Só no último ano, a empresa comercializou mais de 170 mil toneladas de azeite sendo o número dois a nível mundial neste sector. A grande vantagem de vender azeite, segundo Luís Pereira Santos, director de marketing, “é que o consumidor quando aprende a apreciar o produto já não volta atrás; começa por exigir um produto suave e frutado mas depois, vai evoluindo, passa para azeites mais complexos e torna-se um consumidor fiel”. Em 2009, apesar da conjuntura adversa, a empresa registou um EBIDTA de cerca de 41 milhões de euros, melhorando o registo do ano anterior em 3,5 milhões, e um volume de facturação que ascendeu aos 767 milhões de euros dos quais cerca de 80 por cento foram garantidos fora de Portugal onde, da lista de clientes, constam nomes do top mundial de retalho como o Wal-Mart, o Carrefour ou a Mercadona. A Sovena exporta regularmente para mais de 70 países, tem estruturas comerciais em Angola e Brasil e operações fabris nos mercados português, espanhol, norteamericano, marroquino e tunisino. No caso do fornecimento de azeite para marcas de distribuição, diz Luís Pereira Santos: “olhamos para essas marcas e esses produtos como se fossem nossos e tentamos adequar os perfis aos gostos dos consumidores dos países em questão, propondo revisões de ‘portfolio’ e novos ‘claims’, inovando sempre, o que é fundamental para implementar um negócio com vantagens para as duas partes”. Portugalglobal // Novembro 10 // 23 EMPRESAS Um dos segmentos onde o consumo de azeite aumentou de forma considerável foi o de maior qualidade, os virgens extra. Para isso muito concorreu também, ainda segundo o director de marketing da Sovena, “a percepção dos benefícios da dieta mediterrânica, levando à descoberta do azeite como produto saudável e ao mesmo tempo saboroso, que contribui para uma alimentação mais saudável e um maior equilíbrio do organismo”. No mercado português, onde a tampa Pop-Up foi uma inovação determinante para o sucesso da empresa, a Sovena é o líder de mercado do azeite com a marca Oliveira da Serra, dos óleos vegetais com as marcas Fula e Vêgê, e também dos sabões, com a Clarim e Migo. Em Espanha, mercado onde foram dados os primeiros passos fora de Portugal, é líder no mercado conjunto do azeite e dos óleos alimentares, através de uma parceria, “para toda a vida”, com a cadeia de retalho Mercadona, a maior empresa retalhista no mercado vizinho e com perspectivas de crescimento assinaláveis. Nos Estados Unidos, a Sovena é a maior importadora de azeite e é responsável por mais de 60 por cento das marcas de distribuição no mercado de retalho. No seu portfolio inclui azeites, azeites biológicos, óleos vegetais, óleos de alta performance, compostos, óleos e azeites aromatizados e uma linha completa de vinagres. Já em 2010, lançou no mercado americano a marca Olivari, que tem obtido sucesso e que se destina a combater as marcas de azeite italiano. No mercado brasileiro – de grande potencial e a crescer cerca de 11 por cento ao ano e ainda com muitos milhões de consumidores para conquistar – o destaque vai para a marca de azeite Andorinha, comprada em 2004 e relançada no mercado, passando, neste período, de quinta para segunda marca mais vendida no país. Quatro áreas de negócio da Sovena Sovena Agriculture – exploração de herdades próprias ou arrendadas para plantação de olival, bem como para a gestão de lagares para o processamento de azeitonas. Sovena Oilseeds – fornecimento de sementes para plantação de oleaginosas e compra de sementes no final da colheita para produção e refinação dos óleos. Sovena Consumer Goods – loteamento, embalagem e comercialização em cada mercado de azeites, óleos vegetais, azeitonas, vinagres e sabões. Sovena Biodiesel – entrada no mundo da energia através da utilização de oleaginosas para a produção de biocombustíveis. Lagar do Marmelo O Lagar do Marmelo é a jóia da coroa do grupo Sovena. Desenhado pelo arquitecto Ricardo Gordon tem como grande objectivo colocar as mais avançadas tecnologias ao serviço da qualidade do azeite. É uma construção arrojada, bem no centro do olival, para minimizar o tempo decorrido entre a colheita das azeitonas e a extracção do azeite. Desta forma, fica garantida não 24 // Novembro 10 // Portugalglobal só a qualidade como a máxima preservação da riqueza organoléptica. Terá capacidade para transformar 40 toneladas de azeitona por hora, o equivalente a 950 toneladas por dia e a uma produção diária de cerca de 200.000 litros de azeite. Em caso de necessidade, no futuro, a capacidade de extracção de azeite pode ser aumentada em 475 toneladas de azeitona por dia. Sovena Group Rua General Ferreira Martins, 6 – 8º Miraflores 1495-137 Algés Tel.: +351 214 129 300 [email protected] www.sovenagroup.com MERCADOS MAGREBE POTENCIAL COMUM EM MERCADOS DIFERENTES >POR CARLOS JULIÃO, DESK DOS MERCADOS DO MAGREBE NA AICEP Os mercados da Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia representam, no seu conjunto, mais de 83 milhões de consumidores. São mercados onde as já tradicionais compras portuguesas de petróleo e gás pesam nas balanças bilaterais, tornando-as desfavoráveis a Portugal, embora a capacidade exportadora das empresas nacionais tenha atenuado essa tendência nos últimos cinco anos. Tanto em Marrocos como na Tunísia, economias de mercado onde a inovação e a incorporação tecnológica já deram os primeiros passos, como na Argélia e na Líbia, economias reguladas onde o sector privado ganha cada vez mais espaço, a nossa oferta de base inovadora pode dar um forte impulso às exportações portuguesas através de uma presença assídua naqueles mercados, com as doses certas de paciência e persistência. 26 // Novembro 10 // Portugalglobal MERCADOS Mais do que nunca, o factor exportações poderá contribuir, em conjunto com o investimento, para minorar os efeitos da crise e criar uma base de sustentação para a recuperação económica em Portugal. É assim que a recuperação de mercados mais tradicionais e de grande peso na nossa exportação é um dos vectores da estratégia, a par com uma intensa e bem estruturada diversificação de mercados que passa, nomeadamente, pelos mercados de proximidade como os do Magrebe. Nesta região, consideram-se, pela sua proximidade, pelas taxas positivas de crescimento económico que se têm situado entre os 3 e 6 por cento nos últimos anos e com perspectivas de manutenção e pelo potencial de oportunidades, os mercados da Argélia, Líbia, Marrocos e Tunísia. Trata-se de um conjunto de mercados com mais de 83 milhões de consumidores e onde Portugal compra matérias-primas energéticas como petróleo e gás, bem como fosfatos, e onde as balanças comerciais têm apresentado um constante desequilíbrio, apesar do forte crescimento das exportações nacionais para estes quatro mercados, à razão de dois dígitos ao ano, tendo passado de 246 milhões de euros, em 2005, para 565 milhões em euros, em 2009. O coeficiente de cobertura das exportações pelas importações evoluiu muito favoravelmente, de 16,6 por cento, em 2005, para mais de 82 por cento, em 2009. Mas aqueles quatro mercados, quer pela sua estrutura económica quer pelo seu potencial, representam múltiplas e muito diversificadas janelas de oportunidade, a partir de realidades socioeconómicas bem diferentes e de ambientes de negócio diferenciados que importa conhecer para se poder operar duma forma consistente e eficaz. Os mercados de Marrocos e da Tunísia funcionam como economias de mercado com estruturas produtivas muito diversificadas e onde os sectores mais tradicionais já evoluem em paralelo com sectores de inovação e maior incorporação tecnológica, enquanto a Argélia e a Líbia são economias ainda reguladas, onde as necessidades de consumo e de equipamentos ainda são maioritariamente satisfeitas com recurso à importação. A título de exemplo basta referir a evolução do número de operadores económicos portugueses em alguns destes mercados do Magrebe, o que reflecte em simultâneo a abertura do mercado e o número crescente de oportunidades de negócio. Mas mesmo nestas economias ainda pouco abertas ao exterior, e para além do consumo do sector público ainda predominante, a actividade do sector privado começa a ganhar espaço e reconhecimento como potenciadora da diversificação da produção local e de criação de emprego, contribuindo para minorar os efeitos do desemprego que se traduz em percentagens a dois dígitos. Para Marrocos, as empresas portuguesas exportadoras passaram de 624 em 2005 para 899 em 2009, enquanto para a Líbia, ultrapassada a fase do embargo internacional, as empresas aumentaram de 33 em 2005 para 115 em 2009. Ao olharmos para os mercados do Magrebe constatamos que o mercado de economia mais liberal é Marrocos, onde o direito de estabelecimento já foi negociado, o que se traduziu no numero de empresas de direito local com capital cem por cento português que já ronda as 150, distribuídas por “Mas aqueles quatro mercados, quer pela sua estrutura económica quer pelo seu potencial, representam múltiplas e muito diversificadas janelas de oportunidade, a partir de realidades socio-económicas bem diferentes e de ambientes de negócio diferenciados que importa conhecer para se poder operar duma forma consistente e eficaz.” sectores como a construção e obras publicas, metalomecânica, tecnologias de informação, consultoria, indústria automóvel, bens de consumo e materiais de construção. Naturalmente que a abertura jurídico-legal quanto à presença de capital estrangeiro, no caso do mercado o recomendar, não invalida a constituição de parcerias com empresas locais como forma de ganhar mais eficácia operacional. Esta simples análise demonstra que muitas empresas estão em sintonia com a evolução dos mercados e atentas às oportunidades que se vão criando. Já quanto à Argélia, importa considerar e compreender o novo quadro jurídicolegal que já está a ter fortes implicações na abordagem a este mercado e que a seguir se apresenta de forma resumida. A Argélia é, entre os quatro mercados do Magrebe aqui avaliados, o que tem o mais elevado montante de divisas, mais de 130 mil milhões de dólares, o suficiente para cobrir as necessidades de importação do país num período superior a quatro anos. Por outro lado, o ambicioso Plano 2010-2014 tem previsto investimentos da ordem dos 118 mil milhões de euros, complementando os mais de 100 mil milhões do Plano anterior. O seu lançamento foi atrasado e o investimento será repartido pelos seguintes sectores: obras públicas (32 mil milhões de euros), transportes (27,5 mil milhões de euros), ambiente e reordenamento do território (5,5 mil milhões de euros), reforma administrativa (18,6 mil milhões de euros), desenvolvimento rural (11 mil milhões de euro), desenvolvimento das PME (1,6 mil milhões de euros), desenvolvimento industrial (22 mil milhões de euros), criação de emprego (3,1 mil milhões de euros) e economia e conhecimento (2,2 mil milhões de euros). A necessidade de criação de emprego e de desenvolver o tecido produtivo local e a inovação – reduzindo assim o Portugalglobal // Novembro 10 // 27 MERCADOS desemprego e a forte dependência externa das importações para satisfazer as necessidades de bens de consumo e de equipamento – esteve na origem da alteração do quadro legislativo cujas medidas, é convicção do governo, vão também contribuir para a coesão social. Este quadro, aliás, não é inteiramente desconhecido. A própria legislação portuguesa, para determinadas aquisições do sector público, impõe também a aplicação de formas de contrapartidas. Por outro lado, as propostas apresentadas por empresas de direito argelino beneficiarão duma majoração como critério de avaliação das mesmas, que passou de 15 para 25 por cento. “O elevado nível de relacionamento institucional e o bom entendimento politico de Portugal com os quatro países considerados e a boa percepção e reconhecimento da qualidade da oferta portuguesa de bens e serviços constitui um quadro relacional encorajante para a acção das empresas portuguesas nestes quatro mercados.” Em determinados projectos do sector público, as empresas estrangeiras concorrentes deverão ainda considerar formas de contrapartidas que potenciem o emprego e que visem transferências de tecnologia, embora tal prática ainda não esteja regulamentada o que não tem impedido a sua aplicação caso a caso. O elevado nível de relacionamento institucional e o bom entendimento politico de Portugal com os quatro países considerados e a boa percepção e reconhecimento da qualidade da oferta portuguesa de bens e serviços constitui Este novo quadro impõe agora que, em todos os projectos, as empresas estrangeiras operem no mercado em associação com parceiros locais na relação de 49/51 por cento, com excepção dos serviços e do comércio onde essa relação será de 30/70 por cento. 28 // Novembro 10 // Portugalglobal um quadro relacional encorajante para a acção das empresas portuguesas nestes quatro mercados. Pesem embora as diferenças culturais que importa conhecer e respeitar, em que avulta a diferente valoração que é dada ao factor tempo, as abordagens implicam que se considere o que se pode chamar o princípio dos 3P’s: presença, paciência e persistência, que são condições instrumentais para a criação de um clima de confiança por parte dos agentes económicos locais. A grande capacidade de Portugal para promover a inter-culturalidade, já demonstrada ao longo da nossa história, carece agora de ser renovada e aliada a uma oferta competitiva de base inovadora e com boa relação qualidade/ preço, para assim ser o instrumento adequado na necessária resposta aos desafios que as múltiplas oportunidades que os mercados do Magrebe oferecem, as quais podem dar um forte contributo para mais e melhores exportações nacionais. MERCADOS RELAÇÕES ECONÓMICAS PORTUGAL – ARGÉLIA A compra de hidrocarbonetos à Argélia influencia de maneira acentuada a balança comercial entre Portugal e aquele país magrebino, tornando-a desfavorável a Portugal. Uma tendência que começa agora a inverter-se com o aumento das exportações de tecnologia portuguesa e a quebra simultânea nas importações. A Argélia tem vindo a ganhar importância no contexto das exportações portuguesas. O ano de 2009 é o culminar dessa realidade com a Argélia a ficar na 21ª posição no ranking de clientes, o que correspondeu a uma quota de 0,6 por cento. Já enquanto fornecedor e também em 2009, o seu posicionamento segue o caminho inverso: ficou em 27º lugar, depois de em 2005 ter chegado a ser o nosso oitavo fornecedor. Uma curiosidade marca também o período 2005-2009, já que se registou uma evolução assimétrica das duas componentes da balança comercial bilateral: ganhou 19 lugares como cliente e perdeu 19 lugares como fornecedor. Os dados relativos aos oito primeiros meses de 2010 indicam que, enquan- to cliente, a Argélia se posiciona no 23º lugar (com uma quota de 0,6 por cento) e como fornecedor no 29º lugar (com uma quota de 0,5 por cento). No contexto do comércio internacional da Argélia e segundo as estatísticas do World Trade Atlas relativas a 2009, Portugal ocupava a 12ª posição enquanto cliente (2,1 por cento das exportações Portugalglobal // Novembro 10 // 29 MERCADOS argelinas) e a 22ª como fornecedor (0,8 por cento do valor das importações) tendo, no período de 2005-2009, registado uma perda de três lugares no ranking de clientes (a quota de mercado diminuiu de 3,6 por cento para 2,1 por cento) e um ganho de 12 lugares no de fornecedores (a quota de mercado aumentou de 0,3 por cento para 0,8 por cento). O saldo das trocas comerciais bilaterais é fortemente desfavorável a Portugal devido ao elevado peso que a Argélia tem tido no fornecimento de hidrocarbonetos. Porém, nos últimos anos, o saldo negativo sofreu uma diminuição apreciável, não só porque as exportações portuguesas para a Argélia aumentaram, mas principalmente porque as importações daquele país sofreram quebras acentuadas. Enquanto no período de 2005-2009, as exportações cresceram a uma taxa média de 44,4 por cento ao ano, as importações caíram a uma taxa média de menos 23,3 por cento ao ano, resultando daí uma grande diminuição de saldo comercial de menos 1.047,7 milhões de euros para menos 77,6 milhões de euros, e um aumento marcante da taxa de cobertura das importações pelas exportações de 5 por cento para 71,8 por cento. Há que acentuar as incidências diferentes da crise económico-financeira mundial na balança comercial luso-argelina. Em relação a 2008, as exportações cresceram 8,9 por cento em 2009 – muito aquém da taxa média de crescimento no período 2005-2009 – e as importações registaram uma queda de menos 61,1 por cento – muito além da taxa média de crescimento de menos 23,3 por cento no referido período. realçar a redução assinalável do peso dos produtos de baixa tecnologia na estrutura exportadora – de 34,4 por cento em 2005 para 13,9 por cento em 2009 – em favor dos produtos de média-baixa tecnologia, de 14,6 por cento para 48,3 por cento, e em detrimento dos produtos de média-alta tecnologia, de 49,6 por cento para 36,2 por cento. Em relação a período homólogo de 2009, os dados disponíveis mais recentes, relativos aos primeiros oito meses de 2010, acusam uma quebra assinalável das exportações (menos 19,4 por cento) e uma estabilização dos valores importados, resultando daí uma quebra assinalável do défice comercial de 10,9 para 38,7 milhões de euros, e De acordo com os dados do INE, nos últimos cinco anos, verificou-se uma tendência ascendente do número de empresas portuguesas que venderam para a Argélia. Assim, em 2005 foram registadas 167 empresas, enquanto em 2009 esse número se fixou em 237 empresas. “De acordo com os dados do INE, nos últimos cinco anos, verificou-se uma tendência ascendente do número de empresas portuguesas que venderam para a Argélia.” Ao nível das importações é de salientar o enorme peso dos produtos energéticos, com o grupo dos combustíveis minerais a deter cerca de 95 por cento do total importado em 2009. Destes, cerca de 83 por cento correspondem à aquisição de óleos brutos de petróleo. Destaque também para os produtos químicos, com 4,4 por cento do total importado, que, em conjunto com os combustíveis minerais, representam 99,3 por cento do valor global das importações. Segundo o INE, tem vindo a diminuir o número de empresas portuguesas que importam da Argélia: de 35 em 2005 para 23 em 2009. uma diminuição da taxa de cobertura de 93 para 74,9 por cento. Os bens de equipamento e os produtos intermédios são dominantes nas exportações portuguesas para a Argélia, com os metais comuns e as máquinas e aparelhos a representarem, no seu conjunto, mais de 74 por cento do total em 2009. Dos restantes grupos de produtos, o destaque, em 2009, vai para os grupos de minerais e minérios (3,9 por cento do total), pastas e papel (2,7 por cento) e veículos e outro material de transporte (2,4 por cento). Serviços e Investimento Em termos de grau de intensidade tecnológica, a estrutura das exportações de produtos industriais transformados, era dominada, em 2009, pelos produtos de média-baixa tecnologia com 48,3 por cento do total, seguidos pelos produtos de média-alta tecnologia com 36,2 por cento, de baixa tecnologia com 13,9 por cento e de alta tecnologia com 1,5 por cento. É também de Em 2009, a Argélia posicionou-se como 48º mercado cliente dos serviços portugueses, tendo absorvido 0,05 por cento das vendas totais ao exterior, e como 45º fornecedor de serviços ao nosso país, com 0,09 por cento das importações. No período 2005-2009, melhorou seis lugares no ranking de clientes e perdeu um lugar no ranking de fornecedores. Em relação ao período homólogo de 2009, os últimos dados disponíveis, EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BILATERAL 2005 2006 2007 2008 2009 Var. %a 05/09 2009 Jan/Ago 2010 Jan/Ago Var. %b 09/10 Exportações 55.187 72.858 79.841 181.189 197.445 44,4 152.553 130.322 -14,6 Importações 1.102.891 896.599 577.541 706.684 274.938 -23,3 185.037 154.855 -16,3 Saldo -1.047.704 -823.741 -497.700 -525.495 -77.493 – -32.484 -24.533 – 5,0% 8,1% 13,8% 25,6% 71,8% – 82,4% 84,2% – Coef. Cobertura (%) Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2005-2009 30 // Novembro 10 // Portugalglobal (b) Taxa de variação homóloga MERCADOS relativos aos primeiros oito meses de 2010, deixam antever a inversão dos resultados das exportações nacionais, tendo a balança comercial de serviços lusoargelina registado um saldo positivo de 61.000 euros e uma taxa de cobertura de 101 por cento. Quanto ao investimento, a Argélia situou-se, em 2009, no 19º lugar da tabela dos destinos do investimento português no exterior, com uma quota de 0,14 por cento (42º lugar em 2005). Em termos absolutos, no período 20052009, o investimento bruto português na Argélia ascendeu a 58,7 milhões de euros, enquanto o desinvestimento se elevou a cerca de 142,8 milhões de euros, resultando daí um investimento líquido negativo de cerca de 84,1 milhões de euros. Embora a Argélia não se encontre entre os grandes destinos do investimento português, há um número crescente de empresas instaladas no mercado nas áreas da construção e obras públicas, engenharia e consultoria. E estão identificados como sectores de oportunidade as infra-estruturas, os serviços e alguma indústria (agroalimentar e materiais de construção). ARGÉLIA EM FICHA Argel Argélia Os valores de investimento argelino em Portugal são, segundo dados do INE, praticamente inexistentes. Área: 2.381.741 km2 População: 35,4 milhões de habitantes (2009) Densidade populacional: 14,9 hab./km2 (2009) Designação oficial: República Democrática e Popular da Argélia Chefe de Estado: Abdelaziz Bouteflika (eleito pela terceira vez em Abril de 2009) Primeiro-Ministro: Ahmed Ouyahia Data da actual Constituição: Novembro de 1976, alterada em Junho de 1979 e Novembro de 1988 Principais partidos políticos: Frente de Libertação Nacional (FLN); Congregação Nacional Democrática (RND); Frente das Forças Socialistas (FFS). CONTACTOS ÚTEIS EMBAIXADA DA ARGÉLIA EM PORTUGAL Rua Duarte Pacheco Pereira, 58 1400-140 Lisboa Tel.: +351 213 041 520 Fax: +351 213 010 393 [email protected] www.emb-argelia.pt EMBAIXADA DE PORTUGAL NA ARGÉLIA Rue Mohamed Khoudi, 7 El-Biar, Alger – Algérie Tel.: +213 21 925582 Fax: +213 21 925313 [email protected] www.ambaixadaportugalargel.com AICEP PORTUGAL GLOBAL Rue Mohamed Khoudi, 7 El-Biar B.P. 266 – 16035 Hydra, Alger – Algérie Tel.: +213 21 791920 Fax: +213 21 925313 [email protected] www.portugalglobal.pt Capital: Argel – 4,8 milhões de habitantes AGENCE NATIONALE POUR LE DÉVELOPPEMENT DE L`INVESTISSEMENT – ANDI Rue Mohamed Merbouche, 27 Hussein-Dey, Alger – Algérie Tel.: +213 21 773262 Fax: +213 21 773267 [email protected] www.andi.dz CHAMBRE ALGÉRIENNE DE COMMERCE ET D`INDUSTRIE 6, Bd. Amílcar Cabral Place des Martyrs BP 100 Alger 1er Novembre CP 16003 Alger Tel.: +213 21 967777 Fax: +213 21 967070 [email protected] www.caci.dz MINISTÈRE DU COMMERCE Cite Zerhouni Moktar El Mohamadia (ex les Bannaniers) Alger – Algérie Tel.: +213 21 890074 Fax: +213 21 890034 [email protected] www.mincommerce.gov.dz Outras cidades: Oran, Constantine e Blida Religião: Islamismo Língua: Árabe é a língua oficial. Francês e berbere. Unidade monetária: Dinar argelino (DZD); 1 euro = 101,14 DZD Risco país: Risco geral BB (AAA=risco menor; D= risco maior); Risco político CCC (EIU – Outubro 2010). Ranking em negócios: Índice 4,65 (10=máximo); Ranking geral: 76 (entre 82 países). Risco de crédito: 3 (1=menor; 7=risco maior) (COSEC – Julho de 2010) Grau de abertura e dimensão relativa do mercado: Exp. + Imp./PIB=51,3 por cento (estimativa 2009) Imp./PIB= 24,2 por cento (estimativa 2009) Imp./Imp. Mundial=0,3 por cento (2009) Fontes: T he Economist Intelligence Unit (EIU) Organização Mundial do Comércio (OMC) Banco de Portugal COSEC – Companhia de Seguros de Crédito Portugalglobal // Novembro 10 // 31 MERCADOS RELACIONAMENTO ECONÓMICO PORTUGAL – LÍBIA A Líbia é um grande produtor mundial de petróleo e um fornecedor regular de Portugal o que marca de maneira decisiva a balança comercial bilateral. Cerca de 45 por cento das compras portuguesas no Norte de África são petróleo líbio. O petróleo que Portugal compra à Líbia marca a balança comercial entre os dois países. Neste momento, a Líbia é o nosso segundo maior fornecedor de óleos brutos de petróleo, com uma quota de 14 por cento, logo a seguir à Nigéria sendo, por isso, muito mais importante enquanto fornecedor de Portugal do que como cliente. A sua posição no ranking global dos países de destino das vendas portuguesas para o exterior melhorou ao longo dos últimos anos, situando-se em 52º lugar em 2009, o que corresponde a 0,11 por cento das exporta- 32 // Novembro 10 // Portugalglobal ções globais. Já enquanto fornecedor, e depois de ocupar o 12º lugar em 2007 e 2008, a Líbia registou uma des- “(...) a Líbia é o nosso segundo maior fornecedor de óleos brutos de petróleo, com uma quota de 14 por cento, logo a seguir à Nigéria sendo, por isso, muito mais importante enquanto fornecedor de Portugal do que como cliente.” cida no respectivo ranking em 2009, tendo ficado em 19º lugar, com 0,65 por cento das importações. Tendo apenas em consideração os países do Norte de África (considerase a Argélia, o Egipto, a Líbia, Marrocos e a Tunísia), a Líbia foi, em 2009, o nosso último cliente (5,7 por cento das exportações para a região) e situou-se na primeira posição como fornecedor, com cerca de 45 por cento das importações. De 2005 a 2009, os valores das exportações portuguesas para a Líbia, apesar MERCADOS de diminuírem em 2006 (menos 27,8 por cento), aumentaram significativamente nos anos seguintes, o que levou a uma média aritmética das taxas de crescimento anuais, nesse período, de 59 por cento. Ao nível das importações, verificou-se uma diminuição muito acentuada em 2009 (menos 66,5 por cento) tendo, no entanto, existido acréscimos consideráveis nos anos anteriores. O crescimento médio anual do período foi de 20,7 por cento. A balança comercial entre os dois países é muito desequilibrada e desfavorável a Portugal. O peso do petróleo nas trocas bilaterais é determinante nesta situação tendo o défice aumentado, no período em análise até 2008, ano em que ultrapassou 974 milhões de euros. Em 2009, registou-se uma redução considerável do mesmo (fixou-se à volta dos 300 milhões de euros), devido à redução das compras portuguesas à Líbia e ao aumento das nossas exportações face ao ano anterior. A taxa de cobertura das importações pelas exportações registou, em 2009, o maior valor percentual com 10,7 por cento, seguido do ano de 2005, com 2,5 por cento. Segundo os últimos dados disponíveis, de Janeiro a Agosto de 2010, fazendo a comparação com igual período de 2009, há a registar uma tendência de diminuição das exportações portuguesas para o mercado líbio (menos 10,1 por cento) e verifica-se uma subida acentuada das importações (mais 110 por cento). Desta forma, o coeficiente de coberturas das importações atingiu 4,3 por cento, em oposição aos dez por cento dos primeiros oito meses de 2009. As exportações portuguesas para a Líbia são dominadas por três grupos de produtos – as máquinas e aparelhos Ao nível das importações, verificouse uma redução muito acentuada em 2009 (menos 66,5 por cento) em claro contraste com os anos anteriores. O crescimento médio anual do período foi de 20,7 por cento. (45 por cento), os veículos e outro material de transporte (21,4 por cento) e os minerais (14 por cento) – que representam mais de 80 por cento das exportações totais. A estes podem ainda Dados relativos a 2009 indicam que 66,2 por cento das exportações para a Líbia de produtos industriais transformados incidiram em produtos classificados como de média-alta tecnologia. Seguem-se os produtos de média-baixa tecnologia (20 por cento), baixa tecnologia (12,3 por cento) e de alta tecnologia (cerca de 2 por cento). De registar que 99,8 por cento das exportações totais dizem respeito a produtos industriais transformados. “De 2005 a 2009 e segundo dados do INE, o número de empresas portuguesas que exportam para este mercado evoluiu de 33 para 115, crescimento este que tem sido contínuo ao longo dos anos.” juntar-se os produtos alimentares, com 6 por cento, os únicos que diminuíram os seus valores de exportação face ao ano anterior, tendo todos os outros registado subidas acentuadas. De 2005 a 2009 e segundo dados do INE, o número de empresas portuguesas que exportam para este mercado evoluiu EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BILATERAL 2005 2006 2007 2008 2009 Evol. % a 2009 Jan/Ago 2010 Jan/Ago Var. %b 09/10 Exportações 7.501 5.415 9.045 16.968 35.526 59,0 24.196 21.748 -10,1 Importações 302.837 461.134 790.358 991.181 332.899 20,7 241.116 505.114 109,5 Saldo -295.336 -455.719 -781.313 -974.214 -297.373 – -216.920 -483.366 – 2,5% 1,2% 1,1% 1,7% 10,7% – 10,0% 4,3% – Coef. Cobertura Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2005-2009 (b) Taxa de variação homóloga Portugalglobal // Novembro 10 // 33 MERCADOS de 33 para 115, crescimento este que tem sido contínuo ao longo dos anos. Quanto às importações portuguesas da Líbia, estas centram-se quase exclusivamente num único produto: combustíveis minerais. Só estes representaram mais de 99 por cento do total importado em 2009. Nos primeiros oito meses deste ano esta tendência continua a registar-se. Importa ainda salientar que apenas 11,3 por cento das nossas compras à Líbia diz respeito a produtos industriais transformados e que destes 97,4 por cento correspondem a produtos de média-baixa tecnologia. LÍBIA EM FICHA Segundo dados do INE, em 2009, oito empresas portuguesas importaram produtos líbios. Tripoli Líbia Área: 1.759.540 km2 População: 6,4 milhões de habitantes Densidade populacional: 3,6 hab./km2 Designação oficial: Grande Jamahiriya Árabe Líbia Popular Socialista Chefe do Estado: Coronel Muammar Qadhafi Primeiro-ministro: Baghdadi al- Mahmudi Data da actual Constituição: Março de 1977 Principais partidos políticos: Em Junho de 1971, a União Socialista Árabe foi estabelecida como o único partido político no país. Capital: Tripoli (um milhão e meio de habitantes). Outras cidades importantes: Benghazi, Misurata, Sebha. Religião: Muçulmana sunita. Língua: A língua oficial é o árabe, embora o inglês e o italiano sejam utilizados em negócios. CONTACTOS ÚTEIS EMBAIXADA DA LÍBIA EM PORTUGAL Av. das Descobertas, 24 1400-092 Lisboa Tel.: +351 21 3016301 Fax: +351 21 3020921 [email protected] CCIAP – CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA ÁRABE-PORTUGUESA Av. Fontes Pereira de Melo, 19 – 8º 1050-116 Lisboa Tel.: +351 213138100 Fax: +351 213138109 [email protected] www.cciap.pt EMBAIXADA DE PORTUGAL NA LÍBIA Street Bem Ashur – Tripoli – Líbia Tel.: +218 213621352 Fax: +218 213621351 [email protected] www.secomunidades.pt 34 // Novembro 10 // Portugalglobal THE GENERAL BOARD OF TOURISM AND TRADITIONAL INDUSTRIES P.O. Box 82063 Tripoli – Líbia Tel.: +218 213334673 Fax: +218 214445336 [email protected] www.libyan-tourism.org LIBYAN INVESTMENT BOARD P.O. Box 93524 Alfatah Tower Tripoli – Líbia Tel.: +218 213345010 Fax: +218 213345013 [email protected] www.investinlibya.ly Unidade monetária: Dinar líbio (LYD); 1 EUR=1,697 LYD Ranking em negócios: Índice 4,51 (10=máximo); ranking geral: 79 (entre 82 países). Risco país: Risco político – B (AAA=risco menor; D= risco maior). Risco de estrutura económica – BB; Risco geral – BB Risco de crédito: 6 (1=risco menor; 7= risco maior) (COSEC – Setembro 2010). Grau de abertura e dimensão relativa do mercado (2009): Exp.+Imp. (bens)/PIB=108,4 por cento. Imp. (bens)/PIB=25,7 por cento Imp. (bens)/Imp. Mundial=0,1 por cento. Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU) Banco de Portugal; COSEC WTO – World Trade Organisation MERCADOS RELACIONAMENTO ECONÓMICO PORTUGAL – MARROCOS Enquanto destino das nossas exportações, Marrocos é um parceiro muito importante de Portugal ao contrário do que se passa no domínio das importações, onde a posição que ocupa é muito modesta. Em 2009, foi o nosso 17º cliente mais importante e fora do espaço europeu já é o sétimo, logo a seguir a Angola, EUA, Brasil, Suíça, Cabo Verde e China. As transacções comerciais entre os dois países são tradicionalmente favoráveis a Portugal, com as exportações a apresentarem, no período 2005-2009, um crescimento médio anual de 15,7 por cento, enquanto as importações registaram um aumento de 3 por cento. Ao contrário do que vinha acontecendo, no último ano, as exportações portuguesas para Marrocos conheceram uma retracção importante (menos 21,1 por cento face a 2008, que constituiu o registo mais elevado no período), tendo as importações sofrido um decréscimo de 17,5 por cento. conjunto, representaram quase 70 por cento do total exportado. O destaque, pelo aumento verificado face a 2008, vai para os automóveis e veículos de passageiros (mais 13 por cento), os fios e outros condutores (mais 20 por cento) e os óleos de petróleo (mais 96 por cento). De sinal contrário foram os resultados dos produtos em ferro e aço que foram responsáveis por 11,3 por cento do total exportado, menos 49 por cento face a 2008. De uma maneira geral, os produtos exportados em 2009 enquadraramse na média-alta e média-baixa tecnologia e a situação actual caracteriza-se, A estrutura das exportações portuguesas para Marrocos, por grandes grupos de produtos, registou algumas alterações entre 2005 e 2009, com particular destaque para o aumento significativo dos metais comuns e dos veículos e outro material de transporte, enquanto as matérias têxteis (segundo grupo mais exportado em 2005) têm vindo a diminuir. Em 2009, os principais produtos exportados para Marrocos foram: máquinas e aparelhos, metais comuns, veículos e outro material de transporte, matérias têxteis, plástico e borracha que, no seu EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BILATERAL 2005 2006 2007 2008 2009 Evol. % a 05/09 2009 Jan/Ago 2010 Jan/Ago Var. %b 09/10 Exportações 131.103 164.020 199.408 273.331 215.357 15,6 140.924 202.788 43,9 Importações 56.427 72.367 85.842 70.911 58.469 3,0 34.020 67.041 97,1 Saldo 74.676 91.653 113.567 202.419 156.888 – 106.904 135.746 – Coef. Cobertura 232,3% 226,7% 232,3% 385,5% 368,3% – 414,2% 302,5% – Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2005-2009 (b) Taxa de variação homóloga Portugalglobal // Novembro 10 // 35 MERCADOS aliás, por uma menor representatividade dos extremos (alta e baixa tecnologia). Em relação às compras de Portugal a Marrocos, merecem destaque, em 2009, os fios e outros condutores e cabos de fibras ópticas, os quais representaram 35,7 por cento do total, embora com um decréscimo de 12,5 por cento face a 2008, os moluscos (7 por cento) e os produtos laminados de ferro e aço (6,9 por cento). Na generalidade, os produtos que comprámos a Marrocos pertencem às categorias média-alta e baixa tecnologia. De acordo com dados do INE, o número de empresas portuguesas que exportaram produtos para Marrocos, aumentou de 596, em 2004, para 839, em 2008, último ano disponível. O número de empresas compradoras no mercado marroquino desceu de 267, em 2004, para 238, em 2008. Serviços e investimento As trocas de serviços entre Portugal e Marrocos não têm uma grande importância para o nosso país, particularmente em termos de exportações, que se situaram, em 2009, à volta de 0,2 por cento. Ao contrário do cenário no comércio de mercadorias, na área dos serviços a balança bilateral é desfavorável a Portugal. Quanto ao investimento, e de acordo com dados do Banco de Portugal, exceptuando o ano de 2002, em que Marrocos ocupou o 7º lugar enquanto destino do investimento directo português no exterior (IDPE), este mercado não se tem revelado prioritário para os investidores portugueses tendo ocupado, em 2009, o 18º lugar do ranking do IDPE, com uma quota de 0,2 por cento. Quanto ao investimento marroquino em Portugal, este não tem expressão significativa. Em 2009, não se registou, aliás, qualquer investimento proveniente daquele mercado. Porém, se do ponto de vista financeiro, o investimento português em Marrocos é baixo, a presença de empresas portuguesas está calculada em cerca de 115, com o sector da construção (obras públicas, cimento, materiais de construção, engenharia, arquitectura) a assumir a quase totalidade dessa presença. Há também uma tendência a registar: o aumento da presença no mercado de PME nacionais em detrimento de grandes empresas. Em 2009, as empresas portuguesas ganharam em contratos públicos e privados um valor superior a 180 milhões de euros e, prevendo-se para o corrente ano um montante global de 14,8 mil milhões de euros em investimentos nas infra-estruturas, espera-se a repetição do bom desempenho das empresas no mercado. CONTACTOS ÚTEIS EMBAIXADA DO REINO DE MARROCOS EM PORTUGAL CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO-MARROQUINA Rua Alto do Duque, 21 1400-099 Lisboa – Portugal Tel.: +351 213 020 842 Fax: +351 213 020 935 [email protected] www.emb-marrocos.pt Edifício ISLA – Quinta do Bom Nome – Estrada da Correia, 53 – Carnide 1500-210 Lisboa – Portugal Tel.: +351 213 970 036 Fax: +351 213 970 588 [email protected] www.ccilm.pt AICEP PORTUGAL GLOBAL Agence pour l`Investissement et le Commerce Extérieur du Portugal Ambassade du Portugal 5, Rue Thami Lamdouar B. Postale 5050 Souissi Rabat - Marrocos Tel.: +212 537 752 472 Fax: +212 537 656 984 [email protected] www.portugalglobal.pt 36 // Novembro 10 // Portugalglobal EMBAIXADA DE PORTUGAL EM MARROCOS 5, Rue Thami Lamdouar – Souissi Rabat – Marrocos Tel.: +212 537 756 446 Fax: +212 537 756 445 [email protected] MINISTÈRE DE L`ECONOMIE ET DES FINANCES Quartier Administratif – Chellah Rabat - Marrocos Tel.: +212 537 677 501 Fax: +212 537 677 527 [email protected] www.finances.gov.ma MARROCOS EM FICHA Rabat Marrocos Área: 710.850 km2 População: 32 milhões de habitantes (estimativa EIU – 2009) Densidade populacional: 45 habitantes por km2 (estimativa 2009) Designação oficial: Reino de Marrocos Chefe de Estado: Rei Mohammed VI Primeiro-ministro: Abbas el-Fassi Data da actual Constituição: 13 de Setembro de 1996 Principais partidos políticos: Lealistas, Esquerda e Centro-Esquerda e Islamitas. Capital: Rabat (1,4 milhões de habitantes). Outras cidades importantes: Casablanca, Fés, Marraquexe e Tânger. Religião: A religião oficial é o islamismo. A maioria da população é muçulmana. Língua: A língua oficial é o árabe. O castelhano é falado no norte e o francês no resto do território. Unidade monetária: Dirham marroquino (MAD)=100 cêntimos; 1 EUR=11,1791 MAD (BdP-fim de Abril 2010) Risco do país: BB (AAA=Risco mínimo; D=risco máximo) Ranking em negócios: Índice 5,37 (10=máximo); ranking geral: 68 (entre 82 países) (EIU-Abril 2010) Risco de crédito: 3 (1=risco menor; 7 =risco maior) (COSEC- Abril de 2010) Grau da abertura e dimensão relativa do mercado (2008): Exp. + Imp./PIB=67,5 por cento Imp./PIB=44,7 por cento Imp./Imp. Mundial=0,25 por cento. Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU) Organização Mundial de Comércio (OMC) Banco de Portugal Companhia de Seguros de Crédito (COSEC). MERCADOS RELACIONAMENTO ECONÓMICO PORTUGAL – TUNÍSIA Uma base de empresas exportadoras inalterada nos últimos anos e um fluxo de vendas para o mercado tunisino à base de produtos industriais transformados caracterizam a balança comercial luso-tunisina. A Tunísia é um parceiro cada vez mais importante de Portugal ocupando, em 2009, a 28ª posição no ranking de clientes – com uma quota de 0,37 por cento das exportações nacionais – depois de se encontrar na 41ª posição em 2005. Como fornecedor, pelo contrário, não foi além da 75ª posição no último ano (0,04 por cento das importações), quando em 2005 ocupava a 65ª. As trocas comerciais entre os dois países são amplamente favoráveis a Portugal (já desde 2001), com as exportações portuguesas a apresentarem, no período 2005-2009, um crescimento médio anual de cerca de 24 por cento, enquanto as importações baixaram a uma média anual de menos 4,6 por cento. Em 2009, as nossas exportações para o mercado tunisino aumentaram 62,4 por cento face a 2008, tendo atingido 116,3 milhões de euros, enquanto as importações não foram além de 19,1 milhões de euros, o que representou uma descida de 26 por cento em relação a 2008. Os dados relativos a 2009 indicam que cerca de 70 por cento das exportações portuguesas para a Tunísia foram alcançadas com o contributo de um conjunto EVOLUÇÃO DA BALANÇA COMERCIAL BILATERAL 2005 2006 2007 2008 2009 Evol. % a 05/09 2009 Jan/Ago 2010 Jan/Ago Var. %b 09/10 Exportações 52.505 54.641 65.884 71.637 116.742 24,1 71.084 88.966 25,2 Importações 24.229 28.254 26.814 25.797 19.100 -4,6 9.239 101.804 1001,9 Saldo 28.277 26.388 39.070 45.840 97.643 – 61.845 -12.838 – Coef. Cobertura 216,7% 193,4% 245,7% 277,7% 611,2% – 769,4% 87,4% – Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de euros Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2005-2009 (b) Taxa de variação homóloga Portugalglobal // Novembro 10 // 37 MERCADOS de quatro categorias de produtos diferentes – veículos e outro material de transporte, matérias têxteis, máquinas e aparelhos e vestuário. Todos estes produtos, se comparados com os valores registados em 2005, apresentam subidas consideráveis, à excepção do vestuário, cujo valor diminuiu. O grande aumento, verdadeiramente digno de registo, deu-se nos veículos e outro material de transporte, grupo que representou mais de 24 por cento das exportações portuguesas para aquele mercado, quando em 2005 representava apenas cerca de um por cento. De acordo com os dados de 2008, cerca de 53 por cento das exportações para a Tunísia incidiram em produtos de baixa tecnologia, seguindo-se os de média-alta tecnologia com cerca de 33 por cento. De assinalar também que a quase totalidade das exportações disse respeito a produtos industriais transformados. De acordo com dados do INE a base exportadora para aquele país é estável: 347 empresas, um número que se mantém praticamente inalterado desde 2004. As importações provenientes da Tunísia registam um nível idêntico de concentração relativamente às exportações, com os quatro primeiros grupos de produtos – metais comuns, produtos químicos, madeira e cortiça e máquinas e aparelhos – a representarem mais de 70 por cento do total em 2009. Cerca de 45 por cento das importações disse respeito a produtos de média-alta tecnologia. De acordo com os dados do INE, o número de empresas portuguesas que importaram da Tunísia, nos últimos cinco anos, oscilou entre 156 e 216. Tunis Investimento e turismo A Tunísia é, assumidamente, um país receptor de investimento estrangeiro. Portugal, embora não seja um investidor importante naquele mercado, registou ainda assim, segundo dados do Banco de Portugal e no período de 2004 a 2008, cerca 19 milhões de euros de investimento, com movimentos de capitais irregulares e uma forte queda em 2008 face a 2007. Neste momento, cerca de 35 empresas portuguesas estão instaladas no mercado. O investimento tunisino em Portugal não tem expressão relevante. Quanto ao turismo e segundo os últimos dados disponíveis referentes a 2006, a Tunísia ocupa uma posição bastante modesta enquanto mercado emissor de turistas para Portugal. Naquele ano, apenas se registaram cerca de 2.000 dormidas no nosso país, segundo o indicador das dormidas na hotelaria global. CONTACTOS ÚTEIS EMBAIXADA DA REPÚBLICA DA TUNÍSIA EM PORTUGAL Rua Rodrigo Rebelo, 16 1400-318 Lisboa – Portugal Tel.: +351 213 010 330 Fax: +351 213 016 817 [email protected] COSEC – COMPANHIA DE SEGURO DE CRÉDITOS, SA Direcção Internacional Av. da República, 58 1069-057 Lisboa Tel.: +351 217 913 821 Fax: +351 217 913 839 [email protected] www.cosec.pt EMBAIXADA DE PORTUGAL NA TUNÍSIA 2, Rue Sufétula 1002, Tunis-Belvédère – Tunísia Tel.: +216 718 939 81 Fax: +216 717 910 08 [email protected] 38 // Novembro 10 // Portugalglobal TUNÍSIA EM FICHA Tunisia Área: 162.155 km2 População: 10,3 milhões de habitantes (estimativa EIU para 2009) Densidade populacional: 63,5 hab./km2 Designação oficial: República da Tunísia Chefe do Estado: Presidente Zine elAbidine Bem Ali. Primeiro-ministro: Mohammed Ghannouchi Data da actual Constituição: 1 de Junho de 1959. Principais partidos políticos: Congregação Constitucional Democrática (RCD), Movimento dos Democratas Socialistas (MDS), Partido da Unidade Popular (PUP). Capital: Tunis (730.000 habitantes). Outras cidades importantes: Sfax, Sousse e Gabes. Religião: A religião oficial é o islamismo. AICEP PORTUGAL GLOBAL Língua: A língua oficial é o árabe. O francês é largamente utilizado. Ambassade du Portugal – Section Commerciale 2, Rue Sufétula 1002 Tunis-Belvédère – Tunísia Tel.: +216 717 971 66 Fax: +216 717 994 76 [email protected] www.portugalglobal.pt Unidade monetária: Dinar tunisino (TND) 1 EUR=1,90 TND (BdP – final de Abril de 2010) CHAMBRE DE COMMERCE ET D`INDUSTRIE DE TUNIS Risco de crédito: 3 (1=risco menor; 7=risco maior) (COSEC – Abril 2010) 31, Ave. de Paris 1000 Tunis – Tunísia Tel.: +216 712 473 22 Fax: +216 713 547 44 [email protected] www.ccitunis.org.tn Grau de abertura e dimensão relativa do mercado (2008): Exp.+Imp./PIB=100,2 por cento; Imp./PIB=54,8 por cento; Imp./Imp. Mundial=0,15 por cento. Risco país: Risco político BB (AAA=risco menor; D=risco maior); Risco de estrutura económica BB; Risco geral BB Ranking em negócios: Índice 5,96 (10=máximo); ranking geral: 60 (entre 82 países) Fontes: The Economist Intelligence Unit (EIU) Organização Mundial de Comércio (OMC) Banco de Portugal COSEC O caminho para os Mercados Externos começa aqui... portugalglobal.pt 808 214 214 [email protected] Mais contactos investir em Portugal comprar a Portugal porquê? como? porquê? o quê e a quem? conte connosco! as marcas. Sobre nós Rede Externa Produtos e Serviços AICEP Gestores de Cliente Incentivos Financeiros Novos apoios a PME’s Actividade Promocional Livraria Digital Sobre Mercados Externos Sobre Portugal Estatísticas Contactos úteis Inov Contacto Inov Export Revista Portugalglobal Portugalnews internacionalizar quer exportar? mais e melhor? internacionalizar-se? A AICEP e as PME’s Testemunhos O portal da aicep Portugal Global é a sua porta de entrada no mundo da Internacionalização. O sucesso nos Mercados Externos passa por Saber, Agir, Promover e Vender. Em portugalglobal.pt explicamos como. Movimente o seu rato e clique em cada janela. OPINIÃO O FUTURO É O LUGAR PARA VIVER >POR MEIRA DA CUNHA, ASSESSOR DA AICEP Há encruzilhadas civilizacionais que motivam rupturas, despertando receios e medos paralisantes nuns, e expectativas criativas noutros. São momentos da história da humanidade em que alterações de vária ordem produzem reacções e contra-reacções comportamentais e organizacionais que determinam novas realidades vivenciais. Observando à nossa volta e comparando os sistemas actuais com aqueles em que se vivia no último tempo geracional que não chega a duas décadas, é nítida a transformação e a transfiguração de inúmeros parâmetros fundamentais da vida dos indivíduos e das sociedades. Estas transformações são simultaneamente causa e consequência de modificações de natureza ambiental, económicas, políticas e sociais à escala planetária. Os problemas levantados pela segurança energética e alimentar, altera- 40 // Novembro 10 // Portugalglobal ções climáticas, escassez de recursos, poluições, segurança e instabilidade sanitária; mas também a descoberta de novas ferramentas e de novas formas de definir, equacionar e resolver problemas (que porventura geram novos problemas) formam um binómio essencial em que assenta o próprio processo evolutivo/adaptativo. O “Spectrum” que os jovens dos finais século passado logo substituíram por consolas e computadores já tem estatuto museológico. Repousa ao lado de muitas destas tecnologias fantásticas que os mais velhos saudavam como ferramentas extraordinárias, promessa ou ameaça de um mundo diferente e estranho. Estas maravilhas de “ontem à tarde” são hoje obsoletas face aos minúsculos computadores e tantas máquinas inteligentes que nos servem. O futuro é o lugar para viver. E o presente com o passado assim o prova. A nossa força ampliada pela alavanca multiplicou-se por milhões com as últimas máquinas que aprofundam furos de petróleo, aplainam montanhas ou derrubam as nossas próprias construções. O telescópio de Galileu é manifestamente um antepassado rudimentar dos telescópios e radiotelescópios espaciais que nos permitem observar estrelas e galáxias a anos-luz da nossa terra. A velocidade do nosso movimento desde a roda, do cavalo e do velho Ford preto dos primórdios do automóvel não é comparável às velocidades a que podemos viajar hoje por terra, ar e mar. E isto para referirmos tão só a velocidade dos transportes. A velocidade de comunicação, com a telemática, a generalização da banda larga, os satélites de comunicações e toda a panóplia OPINIÃO tecnológica já disponível e em desenvolvimento, traz a instantaneidade comunicacional para o nosso quotidiano eliminando barreiras e distâncias. dades extremas do supersónico, fazer mil quilómetros num dia passou a ser banalidade para muitos milhares de pessoas em todo o globo. O mundo tecnológico – das máquinas e dos objectos produzidos pelo homem – tornou-se uma extensão do próprio homem como elemento do seu processo adaptativo. São elementos exosomáticos, na clarividente expressão de Popper. São uma espécie de extensão do nosso organismo. Formam o “quarto reino”, como alguém já classificou. Quanto a previsões para o próximo século deste milénio, baseando-nos nas tecnologias disponíveis – sem entrarmos no domínio da ficção antecipadora – não será arriscado multiplicar a actual velocidade comum por cinco ou por dez. O telemóvel, esse objecto nómada que nos acompanha, permite que o nosso ouvido se estenda até ao outro lado do mundo em qualquer momento; e já nem precisamos de nos fixar em frente da televisão para que os nossos olhos possam ver no mesmo instante o resgate de mineiros, a final do Mundial de Futebol ou a alunagem; os nossos músculos podem repousar enquanto podemos mover toneladas com o joystick; para nos deslocarmos a grande velocidade temos que nos sentar e conduzir ou deixarmo-nos conduzir para os sítios mais longínquos… Tudo isto transforma o mundo: reduzindo-o em termos de distâncias e amplificando-o no campo relacional. A globalização apresenta-se como a resultante deste vasto, acelerado e complexo processo em que vivemos. E no entanto, acrescente-se, o homem continua também a andar a pé. Embora possa levar o iPhone ou o GPS na mochila. Em 1800, um homem apressado, ou o estafeta militar, podia cobrir cerca de 40 quilómetros por dia, com o conforto possível, podendo andar um pouco mais depressa se cansasse o cavalo, caso o tivesse. Este foi o padrão que vigorou lentamente até ao advento da era industrial. Mais do que isso passou a poder percorrer por hora, a partir de 1900, com as novas tecnologias a vapor e o caminho-de-ferro. E qualquer um – velhos e novos, fisicamente fortes ou fracos – o podia fazer e aumentando o tempo de viagem e consequentemente as distâncias percorridas numa jornada. Um século depois, em 2000, sem considerarmos as possibili- Olhando para trás sem nos transformarmos em estátuas de sal e meditando na lição do doutor Fausto, podemos aprender que a alteração da velocidade alterou também no mesmo sentido e em idêntica proporção outros factores da vida do homem e da sociedade: aumentaram as trocas, os PIB, as poluições, os consumos de toda a espécie, os problemas sanitários, por vezes os ódios e os amores, a rivalidade e a cooperação. Este cenário de encruzilhada civilizacional em que se agita o nosso mundo “Este cenário de encruzilhada civilizacional em que se agita o nosso mundo remete-nos para o Fausto de Goethe, que muitos consideram a primeira e a melhor tragédia sobre o desenvolvimento. Poderá ser encarada como uma excelente fonte de reflexão para perspectivarmos a realidade que nos cerca.” remete-nos para o Fausto de Goethe, que muitos consideram a primeira e a melhor tragédia sobre o desenvolvimento. Poderá ser encarada como uma excelente fonte de reflexão para perspectivarmos a realidade que nos cerca. Não cabe num texto desta natureza alongarmo-nos sobre esta obra do grande poeta, político e filósofo alemão, que põe em cena os conflitos imanentes a dois grandes momentos da história ocidental: o declínio do feudalismo e o estabelecimento do capitalismo. O doutor Fausto, arquétipo dos tempos modernos, oscila entre os últimos gemidos de um feudalismo agonizante e os primeiros acordes de um capitalismo crescente, parecendo perdido face às contradições do mundo moderno. Perante a sua obra transformadora pactuada com Mefistófeles, Fausto observa que apenas uma pequena porção de terra permanece como era antes, ocupada por Filemo e Báucia, simpático casal que ali enraizou a sua existência. Vivem num pequeno chalé sobre as dunas, uma capela com um pequeno sino, um jardim repleto de tílias e oferecem ajuda e hospitalidade a marinheiros náufragos e sonhadores. Todos estimam o casal, cujos nomes e situação foram importados por Goethe das Metamorfoses de Ovídio, onde acolhem os disfarçados Júpiter e Mercúrio. Como recompensa são salvos do dilúvio quando os deuses inundam e destroem a terra inteira. Outra forma de ver o dilúvio! Eles são o símbolo literário de uma categoria frequente na história moderna: o que está no caminho do progresso, do desenvolvimento. São classificadas, e descartadas, como obsoletas. Fausto, obstinado com o progresso que o fascina quer aquela pequena porção de terra: “Esse casal de velhos devia terse afastado, / Eu quero tílias sob meu controle, / Pois essas poucas árvores que me são negadas / Comprometem minha propriedade como um todo “. Fausto convoca Mefistófeles e os seus “homens fortes” e ordena-lhes que os tirem de lá. Mefistófeles regressa com a boa notícia de que tudo estava resolvido. Fausto, preocupado, pergunta para onde foi removido o velho casal. Vem a saber que a casa foi incendiada e eles foram mortos. Fausto sente-se triste e ultrajado. Protesta dizendo que não ordenara violência. Despede Mefistófeles que ri antes de sair. Fausto conclui que firmou contrato com o trabalho sujo do desenvolvimento. Lava as mãos e condena o executante da tarefa. É assim a tragédia do desenvolvimento, se não houver discernimento para o conduzir, porque o futuro tem de ser o lugar para viver. Portugalglobal // Novembro 10 // 41 ANÁLISE DE RISCO - PAÍS COSEC Políticas de cobertura para mercados No âmbito de apólices individuais África do Sul* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Angola C Caso a caso numa base restritiva. M/L Garantia soberana. Limite total de responsabilidades. Antilhas Holandesas C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Arábia Saudita C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Caso a caso. Argélia C Sector público: aberta sem restrições. Sector privado: eventual exigência de carta de crédito irrevogável. M/L Em princípio, exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Argentina T Caso a caso. Barein C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Benim C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, e com exigência de garantia soberana ou bancária. Brasil* C Aberta sem condições restritivas. M/L Clientes soberanos: Aberta sem condições restritivas. Outros Clientes públicos e privados: Aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária. Bulgária C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Cabo Verde C Aberta sem condições restritivas. M/L Eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana (decisão casuística). Camarões T Caso a caso, numa base muito restritiva. Cazaquistão Temporariamente fora de cobertura. Chile C M/L Aberta sem restrições. Clientes públicos: aberta sem condições restritivas. Clientes privados: em princípio, aberta sem condições restritivas. Eventual exigência de garantia bancária numa base casuística. China* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Filipinas C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Jordânia C Caso a caso. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Chipre C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Gana C Caso a caso numa base muito restritiva. Koweit C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Colômbia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Coreia do Sul C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Costa do Marfim C Caso a caso, com eventual exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão de prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. M/L Exigência de garantia bancária ou de garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro de 3 para 12 meses. M/L M/L Cuba T Fora de cobertura. Egipto C Carta de crédito irrevogável M/L Caso a caso. Emirados Árabes Unidos C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Eslováquia C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Não definida. Eslovénia C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Estónia C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Etiópia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso numa base muito restritiva. 42 // Novembro 10 // Portugalglobal aso a caso, numa base muito C restritiva e com a exigência de contra garantias. Guiné-Bissau T Fora de cobertura. Guiné Equatorial C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Costa Rica C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Croácia C Carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percentagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Extensão do prazo constitutivo de sinistro para 12 meses. Redução da percentagem de cobertura para 90 por cento. Limite por operação. Fora de cobertura. Geórgia C Caso a caso numa base restritiva, privilegiando-se operações de pequeno montante. Clientes públicos e soberanos: caso a caso, mediante análise das garantias oferecidas, designadamente contrapartidas do petróleo. Clientes privados: caso a caso, numa base muito restritiva, condicionada a eventuais contrapartidas (garantia de banco comercial aceite pela COSEC ou contrapartidas do petróleo). Hong-Kong C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Hungria C Aberta sem condições restritivas. M/L arantia bancária (decisão G casuística). Iémen C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Caso a caso, numa base muito restritiva. Índia C M/L Aberta sem condições restritivas. Garantia bancária. Indonésia C Caso a caso, com eventual exigência de carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. M/L aso a caso, com eventual exiC gência de garantia bancária ou garantia soberana. Irão C M/L Carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. Garantia soberana. Iraque T Fora de cobertura. Israel C C arta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Caso a caso, numa base restritiva. Letónia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária. Líbano C Clientes públicos: caso a caso numa base muito restritiva. Clientes privados: carta de crédito irrevogável ou garantia bancária. M/L Clientes públicos: fora de cobertura. Clientes privados: caso a caso numa base muito restritiva. Líbia C M/L berta, com eventual exigência A de carta de crédito irrevogável. Aberta, com garantia bancária, soberana ou outra considerada adequada. Lituânia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária. Macau C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Malásia C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Malawi C Caso a caso, numa base restritiva. M/L Clientes públicos: fora de cobertura, excepto para operações de interesse nacional. Clientes privados: análise casuística, numa base muito restritiva. Malta C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Marrocos* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Martinica C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. México* C Aberta sem restrições. M/L Em princípio aberta sem restrições. A eventual exigência de garantia bancária, para clientes privados, será decidida casuisticamente. Moçambique C Caso a caso, numa base restritiva (eventualmente com a exigência de carta de crédito irrevogável, garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e aumento do prazo constitutivo de sinistro). ANÁLISE DE RISCO - PAÍS de destino das exportações portuguesas No âmbito de apólices globais M/L Aumento do prazo constitutivo de sinistro. Sector privado: caso a caso numa base muito restritiva. Operações relativas a projectos geradores de divisas e/ou que admitam a afectação prioritária de receitas ao pagamento dos créditos garantidos, terão uma ponderação positiva na análise do risco; sector público: caso a caso numa base muito restritiva. Montenegro C Caso a caso, numa base restritiva, privilegiando-se operações de pequeno montante. M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante. Nigéria C Caso a caso, numa base restritiva (designadamente em termos de alargamento do prazo constitutivo de sinistro e exigência de garantia bancária). M/L Caso a caso, numa base muito restritiva, condicionado a eventuais garantias (bancárias ou contrapartidas do petróleo) e ao alargamento do prazo contitutivo de sinistro. Oman C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Panamá C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Paquistão Temporariamente fora de cobertura. Paraguai C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Peru C M/L Aberta sem condições restritivas. Clientes soberanos: aberta sem condições restritivas. Clientes públicos e privados: aberta, caso a caso, com eventual exigência de garantia soberana ou bancária. Polónia* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Qatar C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). República Dominicana C Aberta caso a caso, com eventual exigência de carta de crédito irrevogável ou garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC. M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana (emitida pela Secretaria de Finanzas ou pelo Banco Central) ou garantia bancária. Roménia C Exigência de carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Exigência de garantia bancária ou garantia soberana (decisão casuística). Rússia C Sector público: aberta sem restrições. Sector privado: caso a caso. M/L Sector público: aberta sem restrições, com eventual exigência de garantia bancária ou garantia soberana. Sector privado: caso a caso. S. Tomé e Príncipe T Fora de cobertura. Senegal C Em princípio, exigência de garantia bancária emitida por um banco aceite pela COSEC e eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. M/L Eventual alargamento do prazo constitutivo de sinistro. Sector público: caso a caso, com exigência de garantia de pagamento e transferência emitida pela Autoridade Monetária (BCEAO); sector privado: exigência de garantia bancária ou garantia emitida pela Autoridade Monetária (preferência a projectos que permitam a alocação prioritária dos cash-flows ao reembolso do crédito). Sérvia C C aso a caso, numa base restritiva, privilegiando-se operações de pequeno montante. M/L Caso a caso, com exigência de garantia soberana ou bancária, para operações de pequeno montante. Singapura C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Síria T aso a caso, numa base muito C restritiva. Quénia C Carta de crédito irrevogável. M/L Caso a caso, numa base restritiva. Suazilândia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. República Checa C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária (decisão casuística). Tailândia C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Não definida. Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única transação para um determinado mercado, enquanto a apólice global cobre todas as transações em todos os países para onde o empresário exporta os seus produtos ou serviços. As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens de consumo e intermédio, cujas transações envolvem créditos de curto prazo (média 60-90 dias), não excedendo um ano, e que se repetem com alguma frequência. Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices, a política de cobertura é casuística e, em geral, mais flexível do que a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais. Encontram-se também fora de cobertura Cuba, Guiné-Bissau, Iraque e S. Tomé e Príncipe. Taiwan C Aberta sem condições restritivas. M/L Não definida. Tanzânia T Caso a caso, numa base muito restritiva. Tunísia* C Aberta sem condições restritivas. M/L Garantia bancária. Turquia C Carta de crédito irrevogável. M/L Garantia bancária ou garantia soberana. Ucrânia C Clientes públicos: eventual exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de carta de crédito irrevogável. M/L lientes públicos: eventual C exigência de garantia soberana. Clientes privados: eventual exigência de garantia bancária. Para todas as operações, o prazo constitutivo de sinistro é definido caso a caso. Zâmbia C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Zimbabwe C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Advertência: A lista e as políticas de cobertura são indicativas e podem ser alteradas sempre que se justifique. Os países que constam da lista são os mais representativos em termos de consultas e responsabilidades assumidas. Todas as operações são objecto de análise e decisão específicas. Legenda: C M/L T Curto Prazo Médio / Longo Prazo Todos os Prazos * Mercado prioritário. Uganda C Caso a caso, numa base muito restritiva. M/L Fora de cobertura. Uruguai C Carta de crédito irrevogável (decisão casuística). M/L Não definida. Venezuela C Clientes públicos: aberta caso a caso com eventual exigência de garantia de transferência ou soberana. Clientes privados: aberta caso a caso com eventual exigência de carta de crédito irrevogável e/ou garantia de transferência. M/L Aberta caso a caso com exigência de garantia soberana. COSEC Companhia de Seguro de Créditos, S. A. Direcção Internacional Avenida da República, 58 1069-057 Lisboa Tel.: +351 217 913 832 Fax: +351 217 913 839 [email protected] www.cosec.pt Portugalglobal // Novembro 10 // 43 TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES COSEC Tabela classificativa de países Para efeitos de Seguro de Crédito à exportação A Portugalglobal e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Classificativa de Países com a graduação dos mercados em função do seu risco de crédito, ou seja, consoante a probabilidade de cumprimento das suas obrigações externas, a curto, a médio e a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7), corresGrupo 1* Alemanha Andorra Austrália Áustria Bélgica Canadá Checa, Rep. Chipre Coreia do Sul Dinamarca Eslováquia Eslovénia Espanha EUA Finlândia França Grécia Holanda Hong-Kong Hungria Irlanda Islândia Israel Itália Japão Liechtenstein Luxemburgo Malta Mónaco Noruega Nova Zelândia Portugal Reino Unido São Marino Singapura Suécia Suiça Taiwan Vaticano Grupo 2 Grupo 3 Arábia Saudita Brunei Chile China • Gibraltar Koweit Macau Malásia Oman Polónia • Qatar Trind. e Tobago África do Sul • Argélia Bahamas Barbados Barein Botswana Brasil • Costa Rica Dep/ter Austr.b Dep/ter Din.c Dep/ter Esp.d Dep/ter EUAe Dep/ter Fra.f Dep/ter N. Z.g Dep/ter RUh EAUa Ilhas Marshall Índia Marrocos • Maurícias México • Micronésia Namíbia Palau Panamá Peru Tailândia Tunísia • Grupo 4 Aruba Bulgária Colômbia Egipto El Salvador Estónia Fidji Filipinas Indonésia Lituânia Roménia Rússia Turquia Uruguai pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento e o grupo 7 à maior. As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do risco país, da definição das condições de cobertura e das taxas de prémio aplicáveis. Grupo 5 Grupo 6 Antilhas Holand. Azerbeijão Cazaquistão Croácia Dominicana, Rep. Gabão Guatemala Jordânia Lesoto Letónia Macedónia Nigéria Papua–Nova Guiné Paraguai S. Vic. e Gren. Santa Lúcia Vietname Albânia Angola Ant. e Barbuda Arménia Bangladesh Belize Benin Bolívia Butão Cabo Verde Camarões Camboja Comores Djibouti Dominica Gana Geórgia Honduras Irão Jamaica Kiribati Líbia Madagáscar Mali Moçambique Mongólia Montenegro Nauru Quénia Samoa Oc. Senegal Sérvia Síria Sri Lanka Suazilândia Tanzânia Turquemenistão Tuvalu Uganda Uzbequistão Vanuatu Zâmbia Grupo 7 Afeganistão Argentina Bielorussia Bósnia e Herzegovina Burkina Faso Burundi Campuchea Cent. Af, Rep. Chade Congo Congo, Rep. Dem. Coreia do Norte C. do Marfim Cuba • Equador Eritreia Etiópia Gâmbia Grenada Guiana Guiné Equatorial Guiné, Rep. da Guiné-Bissau • Haiti Iemen Iraque • Laos Líbano Libéria Malawi Maldivas Mauritânia Moldávia Myanmar Nepal Nicarágua Níger Paquistão Quirguistão Ruanda S. Crist. e Nevis S. Tomé e Príncipe • Salomão Seicheles Serra Leoa Somália Sudão Suriname Tadzequistão Togo Tonga Ucrânia Venezuela Zimbabué Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos, S.A. * País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos, à excepção do Chipre, Hong-Kong e Taiwan. • Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura • Fora de cobertura, excepto operações de relevante interesse nacional NOTAS a) Abu Dhabi, Dubai, Fujairah, Ras Al Khaimah, Sharjah, Um Al Quaiwain e Ajma b) Ilhas Norfolk c) Ilhas Faroe e Gronelândia d) Ceuta e Melilha e) Samoa, Guam, Marianas, Ilhas Virgens e Porto Rico 44 // Novembro 10 // Portugalglobal f) G uiana Francesa, Guadalupe, Martinica, Reunião, S. Pedro e Miquelon, Polinésia Francesa, Mayotte, Nova Caledónia, Wallis e Futuna g) Ilhas Cook e Tokelau, Ilhas Nive h) A nguilla, Bermudas, Ilhas Virgens, Cayman, Falkland, Pitcairn, Monserrat, Sta. Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, Turks e Caicos No mundo dos negócios é essencial fazer crescer a sua empresa. Capital humano, um investimento! Inscreva já a sua empresa www.inovcontacto.pt ESTATÍSTICAS INVESTIMENTO e EXPORTAÇÕES >PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE) E EXPORTAÇÕES. INVESTIMENTO DIRECTO COM O EXTERIOR 2007 2008 2009 Var. 09/08 2009 Jan./Set. 2010 Jan./Set. Var. 10/09 Jan./Set. IDE bruto 32.634 35.287 31.843 -9,8% 23.301 25.780 10,6% IDE desinvestimento 30.396 32.103 29.776 -7,2% 21.506 23.883 11,1% IDE líquido 2.238 3.185 2.067 -35,1% 1.794 1.897 5,7% IDE Intra UE 29.672 31.690 28.250 -10,9% 20.505 22.311 8,8% IDE Extra UE 2.961 3.597 3.593 -0,1% 2.795 3.470 24,1% IDE Intra UE 90,9% 89,8% 88,7% – 88,0% 86,5% – IDE Extra UE 9,1% 10,2% 11,3% – 12,0% 13,5% – INVESTIMENTO DIRECTO DO EXTERIOR EM PORTUGAL Unidade: Milhões de euros % Total IDE bruto % Total Var. 10/09 % Total Var. 10/09 Alemanha IDE bruto - Origens 2010 Jan. / Set. 18,8% 56,6% Comércio 38,5% 12,8% França 16,6% 2,0% Ind. Transformadora 23,4% 16,9% Reino Unido 14,3% -4,5% Activ. Financeiras e de Seguros 20,1% 31,9% Espanha 13,1% -5,5% Activ. de Informação e Comunicação 6,7% 116,7% Holanda 9,9% -17,7% Activ. de Consultoria e Técnicas 2,6% -47,7% 2007 2008 2009 Var. 09/08 2009 Jan./Set. 2010 Jan./Set. Var. 10/09 Jan./Set. IDPE bruto 14.835 11.376 7.961 -30,0% 5.144 4.595 -10,7% IDPE desinvestimento 10.822 9.505 7.030 -26,0% 4.341 10.459 140,9% IDPE líquido 4.013 1.872 931 -50,2% 803 -5.864 -830,4% IDPE Intra UE 10.203 8.380 4.995 -40,4% 2.975 3.232 8,7% IDPE Extra UE 4.632 2.996 2.966 -1,0% 2.169 1.362 -37,2% IDPE Intra UE 68,8% 73,7% 62,7% – 57,8% 70,4% – IDPE Extra UE 31,2% 26,3% 37,3% – 42,2% 29,6% – % Total Var. 10/09 % Total Var. 10/09 Luxemburgo 27,7% n.d. Activ. Financeiras e de Seguros 58,2% -1,8% Holanda 13,7% -42,3% Activ. de Consultoria e Técnicas 12,9% -49,2% Espanha 13,5% -42,9% Comércio 8,9% 73,9% Brasil 10,6% 13,6% Construção 5,1% -50,1% Polónia 4,3% n.d. Ind. Transformadora 4,6% -15,1% 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Set. Var. 10/09 Stock IDE 53.691 67.169 78.333 71.833 77.240 79.051 2,3% Stock IDPE 35.573 40.990 45.944 45.273 46.679 47.847 2,5% INVESTIMENTO DIRECTO DE PORTUGAL NO EXTERIOR IDE bruto - Sector 2010 Jan. / Set. Unidade: Milhões de euros % Total IDPE bruto IDPE bruto - Destinos 2010 Jan./Set. IDPE bruto - Sector 2010 Jan./Set. n.d. – não disponível Unidade: Milhões de euros Fonte: Banco de Portugal 46 // Novembro 10 // Portugalglobal ESTATÍSTICAS EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS 2007 2008 2009 Var. 09/08 2009 Jan. / Set. 2010 Jan. / Set. Var. 10/09 Jan. / Set. Exportações bens 38.309 38.950 31.768 -18,4% 23.361 26.992 15,5% Exportações bens UE27 29.541 29.007 23.964 -17,4% 17.633 20.229 14,7% Exportações bens Extra UE27 8.769 9.943 7.804 -21,5% 5.728 6.763 18,1% COMÉRCIO INTERNACIONAL - BENS Unidade: Milhões de euros Exportações bens UE27 77,1% 74,5% 75,6% – 75,5% 74,9% – Exportações bens Extra UE27 22,9% 25,5% 24,4% – 24,5% 25,1% – Unidade: % do total Exp. Bens - Clientes 2010 Jan./Set. % Total Var. 10/09 Espanha 26,6% 14,6% Alemanha 12,8% 12,8% França 11,8% Reino Unido 5,5% Angola 4,9% Holanda 4,0% EUA Exp. Bens - Produtos 2010 Jan./Set. Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p. Espanha 912 3,9 Alemanha 393 1,7 8,8% EUA 285 1,2 11,0% França 259 1,1 -20,2% Bélgica 251 1,1 24,7% Holanda 213 0,9 3,7% 39,6% Angola -336 -1,4 % Total Var. 10/09 Exp. Bens - Var. Valor (10/09) Meur Cont. p. p. Máquinas; Aparelhos 14,9% 6,0% Combustíveis Minerais 821 3,5 Veículos, Out. Mat. Transporte 12,0% 18,9% Veículos, Out. Mat. Transporte 516 2,2 Metais Comuns 8,0% 17,5% Pastas Celulósicas, Papel 471 2,0 Combustíveis Minerais 7,2% 73,4% Plásticos, Borracha 410 1,8 Plásticos, Borracha 7,0% 27,8% Alimentares -5 0,0 % Total Var. 10/09 Meur Cont. p. p. Angola 19,7% -20,2% EUA 285 5,0 Exp. Bens- Extra UE 10 Jan./Set. Exp. Bens - Var. Valor (10/09) EUA 14,9% 39,6% México 143 2,5 Brasil 4,6% 68,3% Brasil 125 2,2 México 4,5% 90,3% Gibraltar 124 2,2 Suiça 3,7% 13,8% Angola -336 -5,9 Meur - Milhões de euros Fonte: INE Cont. - Contributo para o crescimento das exportações COMÉRCIO INTERNACIONAL - SERVIÇOS p.p. - Pontos percentuais Var. 09/08 2009 Jan./Set. 2010 Jan./Set. Var. 10/09 Jan./Set. 16.294 -8,8% 12.240 13.170 7,6% 11.995 -10,0% 9.092 9.493 4,4% 4.541 4.299 -5,3% 3.148 3.677 16,8% 76,3% 74,6% 73.6% – 74,3% 72,1% – 23,7% 25,4% 26,4% – 25,7% 27,9% – 2007 2008 2009 Exportações totais de serviços 16.961 17.865 Exportações serviços UE27 12.939 13.324 Exportações serviços extra UE27 4.022 Exportações serviços UE27 Exportações serviços extra UE27 Unidade: Milhões de euros Unidade: % do total Fonte: Banco de Portugal 2009 2010 Jan./Jun. FMI CE OCDE MFAP BdP INE INE Out. 10 Mai. 10 Nov. 10 Out. 10 Out. 10 PIB -2,6 1,6 1,1 : 0,0 0,5 : 0,7 1,5 : -0,2 1,3 : 0,2 1,2 : 0,0 Exportações Bens e Serviços -11,8 9,4 – 3,8 : 4,4 8,4 : 6,3 8,6 : 7,3 7,9 : 4,5 PREVISÕES 2010 : 2011 (tvh real %) Portugalglobal // Novembro 10 // 47 FEIRAS e EVENTOS AMBIENTE 2011 – DESIGN PLUS Mais uma vez a Ambiente vai distribuir os seus prémios Design Plus. Este reconhecido prémio é atribuído a produtos que habilmente conjugam design, funcionalidade, estética e inteligência. Os melhores produtos podem ser vistos na Ambiente de 12 a 16 de Fevereiro – 30 produtos de 20 empresas de 11 países, incluindo marcas reconhecidas como a Alessi, Authentics, Dibbern, Royal VKB ou Zwilling. Entre os candidatos estará, mais uma vez, a SPAL. No ano passado apresentou a concurso um bule e uma chávena que mereceram completa unanimidade do júri. A Ambiente é a principal feira internacional para artigos de mesa, cozinha, utensílios para a casa, ofertas, decoração e acessórios para o lar. Durante seis dias, no início do novo ano de negócios, cerca de 4.500 expositores apresentam o que será visto em lojas de todo o mundo em 2011. É sempre aqui que a SPAL apresenta as suas novidades ao mundo do design e lança os seus produtos no mercado mundial. [email protected] www.ambiente.messefrankfurt.com 48 // Novembro 10 // Portugalglobal INTERSEC 2011 A protecção contra incêndios e o mercado de sistemas de supressão no Golfo deve ultrapassar mil milhões de dólares até 2013. A Intersec volta a incluir no programa os Campeonatos Contra Incêndio dos Emirados Árabes Unidos. O Golfo e o mercado do Médio Oriente registam neste momento uma acentuada curva de crescimento na indústria de incêndio e salvamento. Seguindo o crescimento, desde alguns anos a esta parte, de infra-estruturas, construção civil e sectores industriais, nasceu uma forte necessidade de equipamentos e serviços de qualidade em toda a região. Tendo registado um aumento de 635 milhões de dólares, o mercado continua a crescer e estima-se que duplique o valor em 2013. Acompanhando este crescimento, a secção de incêndio e salvamento na Intersec tem vindo a aumentar e é a principal plataforma para encontrar os mais importantes produtos e serviços para acompanhar as tendências do mercado. A Intersec decorre no Dubai, de 16 a 18 de Janeiro de 2011, e é a maior feira do género no Médio Oriente. Os visitantes desta secção incluem as forças de defesa civis, polícia, exército, segurança e representantes de segurança, arquitectos e empresas de construção entre outros. Entre os expositores estão a Scott & Health, Honeywell, Akron Brass, Naffco, Apollo e a DuPont. De Portugal participa novamente a Everlux que fez a sua estreia na Intersec em 2010. Estão convidados todos os sete Emirados, bem como a Arábia Saudita, Qatar, Kuwait, Oman e Bahrein. Em paralelo com a feira decorre a Conferência Internacional da Intersec numa combinação entre um forte perfil internacional com um enorme impacto regional. [email protected] www.intersecexpo.com FEIRAS e EVENTOS FEIRAS INTERNACIONAIS DECOTEX Feira Internacional de Mobiliário e Design de Interior Local: Londres (Reino Unido) Data: 7 a 10 de Abril de 2011 Organização: ITE Group [email protected] AMI Feira Internacional do Automóvel Local: Leipzig (Alemanha) Data: 11 a 19 de Abril de 2011 Organização: Leipziger Messe [email protected] www.leipziger-messe.de Feira Internacional do Equipamento para Trabalhar Rochas Local: Xangai (China) Data: 7 a 10 de Abril de 2011 Organização: CCPIT Building Materials Council [email protected] ALLES FUR DEN GAST SALZBURG Feira Internacional de Hotelaria, Catering e Restauração Local: Salzburg (Áustria) Data: 12 a 15 de Abril de 2011 Organização: Reed Messe Salzburg [email protected] www.messe.at Salão Internacional da Indústria Agro-Alimentar Local: Tunes (Tunísia) Data: 8 a 11 de Abril de 2011 Organização: Foire Internationale de Tunis [email protected] www.fkram.com.tn Local: Taiwan Data: 13 a 16 de Abril de 2011 Organização: Taiwan External Trade Development Council www.taitra.com.tw SAE Exposição Internacional de Tecnologia de Engenharia Automóvel Local: Detroit (EUA) Data: 13 a 16 de Abril de 2011 Organização: Sae – Society of Automotive Engineers [email protected] www.stoneechchina.com AGROLEADER Feira Internacional do Automóvel e Electrónica [email protected] www.ite.exhibitions.com STONETECH SHANGHAI AUTOTRONICS TAIPEI NATURAL PRODUCTS EUROPE – ORGANIC PRODUCTS EUROPE www.sae.org Local: Londres (Reino Unido) Data: 12 e 14 de Abril de 2011 Organização: Full Moon Events Feira de Comunicações Feira de Produtos Naturais da Europa [email protected] www.naturalproductos.co.uk SATCOM AFRICA Local: Joanesburgo (África do Sul) Data: 13 a 17 de Abril de 2011 Organização: Terrapinn Ltd. [email protected] www.terrapinn.com MIECF Feira Internacional de Desenvolvimento e Protecção Ambiental Local: Macau (China) Data: 9 a 11 de Abril de 2011 Organização: MMI – Munich International Trade Fair [email protected] www.macaomiecf.com Portugalglobal // Novembro 10 // 49 REDE EXTERNA DA AICEP ÁFRICA DO SUL / Joanesburgo CANADÁ / Toronto ALEMANHA / Berlim CHILE / Santiago do Chile ANGOLA / Luanda CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Xangai ARGÉLIA / Argel CHINA, REPÚBLICA POPULAR DA / Pequim ARGENTINA / Buenos Aires ÁUSTRIA / Viena COREIA DO SUL / Seul BÉLGICA / Bruxelas DINAMARCA / Copenhaga BRASIL / São Paulo EMIRADOS ÁRABES UNIDOS / Dubai CABO VERDE / Praia Copenhaga Berlim Haia Bruxelas Dublin Londres Paris Milão Toronto Nova Iorque Vigo Barcelona S. Francisco Madrid Rabat Mérida Praia Cidade do México Caracas São Paulo Santiago do Chile Centro de Negócios Escritórios Representações 50 // Novembro 10 // Portugalglobal Buenos Aires Argel GRÉCIA/ Atenas MACAU / Macau ROMÉNIA / Bucareste ESPANHA / Barcelona HOLANDA / Haia MALÁSIA/ Kuala Lumpur RÚSSIA / Moscovo ESPANHA / Mérida ESPANHA / Madrid HUNGRIA / Budapeste MARROCOS / Rabat SINGAPURA / Singapura ESPANHA / Vigo ÍNDIA, REPÚBLICA DA / Nova Deli MÉXICO / Cidade do México SUÉCIA / Estocolmo ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA / Nova Iorque INDONÉSIA / Jacarta MOÇAMBIQUE / Maputo SUÍÇA / Zurique ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA / S. Francisco IRLANDA / Dublin NORUEGA / Oslo TUNÍSIA / Tunes ITÁLIA / Milão POLÓNIA / Varsóvia TURQUIA / Ancara FINLÂNDIA / Helsínquia JAPÃO / Tóquio REINO UNIDO / Londres TURQUIA / Istambul FRANÇA / Paris LÍBIA / Tripoli REPÚBLICA CHECA / Praga VENEZUELA / Caracas Helsínquia Oslo Estocolmo Zurique Moscovo Varsóvia Praga Budapeste Viena Bucareste Pequim Ancara Istambul Atenas Tunes Seul Tripoli Nova Deli Dubai Tóquio Xangai Macau Kuala Lumpur Singapura Jacarta Luanda Maputo Joanesburgo Portugalglobal // Novembro 10 // 51 BOOKMARKS AS LIÇÕES DE PETER F. DRUCKER Denominado pela revista Business Week como “o homem que inventou a Gestão”, Peter F. Drucker aborda neste livro tópicos de economia e gestão de muitos ângulos diferentes (lições de sociologia, cultura, política, economia, psicologia e literatura) e moldando-os numa visão clara, fluente e coerente. Uma das suas lições essenciais, e que se tornou intemporal, é que “a saúde de uma sociedade depende se as suas grandes empresas e outras instituições são eficazmente dirigidas e lideradas com responsabilidade”. Durante muitas décadas, os livros e artigos de Drucker influenciaram inúmeros líderes de negócios, instituições sem fins lucrativos e governos, e os seus princípios continuam a ajudar e a apoiar organizações de sucesso no mundo inteiro. Mesmo os seus admiradores mais antigos encontrarão Peter Drucker nestas páginas. “As lições de Peter F. Drucker” contém 33 dos seus discursos e pales- tras apresentados em reuniões profissionais e nas suas aulas. Peter Drucker nasceu em Viena, em 1909. Doutorou-se em Direito Público e Internacional na Alemanha e emigrou para os EUA em 1937, mantendo-se correspondente de vários jornais ingleses, incluindo o Financial Times. Durante a sua carreira, para além das cerca de 30 obras de referência que escreveu, foi consultor de grandes empresas. Desde 1971 dá aulas de Ciência Política e Gestão na Claremont Graduate School (Califórnia), que em 1987 redimensionou o seu centro de Gestão, mudando-lhe o nome para Peter F. Drucker Graduate School of Management. Autor: Peter F. Drucker Editor: Verbo Ano: 2010 ECONOMIA GLOBAL E GESTÃO Este novo número de uma das poucas revistas portuguesas, em suporte de papel, sobre Economia e Gestão, e que além do mais surpreende sempre pela diversidade dos seus conteúdos, propõe aos leitores um conjunto de matérias e de reflexões que vão da propriedade intelectual à economia do conhecimento (Ladislau Dowbor), passando pelas estratégias das grandes empresas para o mercado brasileiro da base da pirâmide (Sílvia Novaes e Francisco Lourenço da Silva), pelo impacto da diversidade do género na eficiência da gestão e a sua influência no PNB de um país (Filipa Lopes dos Reis e Sílvia Mota Torcato), e pelo Balanced Scorecard como instrumento de medida de desempenho das forças policiais – estudos de caso (Patrícia 52 // Novembro 10 // Portugalglobal Gomes, Sílvia Mendes e João Carvalho), entre outras. E ainda um texto de Mário Murteira, director da revista, sobre futuros indesejáveis. Mário Murteira é licenciado e doutorado em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa. Foi bolseiro da OCDE e fez estudos de pós-graduação em Paris, no ISEA, e na SVIMEZ. Em 1974, foi ministro dos Assuntos Sociais e, em 1975, do Planeamento e da Coordenação Económica. Actualmente é professor catedrático jubilado do ISCTE e director da revista Economia Global e Gestão. Edição: Revista nº2 / 2010