Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA Pesquisador: Carlos Augusto Locatelli Título: Jornalismo, comunicação organizacional e barragens Período de execução: 08/2012 a 08/2015 Linha de Pesquisa: Linha 1 - Fundamentos do Jornalismo 1. Apresentação: Este projeto marca a retomada de um caminho de pesquisa iniciado - e para os objetivos a que se propunha, concluído – durante o curso de doutorado que abordou uma temática instigante e complexa: o papel da comunicação pública e estratégica em ambientes de conflito social, centrando-se no caso das hidrelétricas. (LOCATELLI, 2011) Os resultados do trabalho, de modo amplo, revelaram que na implantação de projetos dessa natureza em regimes em que a democracia tende a se ampliar, as ações das organizações do Estado e do mercado precisam ser não apenas legais, mas cada vez mais legítimas, crescendo a necessidade de se obter algum tipo e grau de consenso sobre as distintas temáticas envolvidas. Isto envolve necessariamente, de um lado, maior transparência e accountabillity por parte do Estado e do concessionário (privado, estatal ou ambos), e, de outro, garantias de acesso à informação e participação por parte dos cidadãos. Evidentemente, essas podem não ser as preferências das organizações do Estado e do mercado, mas são condicionantes ou externalidades que seguramente cada vez mais escapam ao controle absoluto dessas organizações, devendo, por isso, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA ser consideradas. A comunicação torna-se, então, elemento central e constitutivo das negociações sobre o espaço a ser ocupado pelas barragens e fator estratégico nas relações entre moradores, entidades de representação, organizações, empresas e órgãos governamentais. (LOCATELLI, 2009, 2011; LOCATELLI; WEBER, 2011) Do ponto de vista da produção e do uso da comunicação pelos atores envolvidos nas disputas, isto requer a superação do entendimento legalfuncional de que a comunicação é estanque, um instrumento em separado nos processos sociais e, simultaneamente, causa, meio e solução de conflitos sociais que emergem, tal como transparece na visão de agências multilaterais e do próprio Estado (WORLD COMMISSION ON DAMS, 2000; BANCO MUNDIAL, 2008b; MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2008). Dependendo de sua natureza e intensidade, se voltada mais para o interesse público ou privado, a comunicação pode deslocar os atores para distintas posições, que vão do maior controle do Estado e do concessionário à maior participação da sociedade civil nas decisões cotidianas do projeto que afetam as pessoas e o ambiente. E parece estar nos espaços criados por essa comunicação que se situam, entre outros pontos, as opções de acesso à informação e participação na esfera pública e midiática, por meio da qual opera a própria representação dos grupos, se materializam os contenciosos entre os distintos atores sociais e se constroem ou não espaços para a participação e avanços democráticos. Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA Essas conclusões, entretanto, remetem a um novo conjunto de problemas, considerados mais prementes neste momento, e que interessam diretamente aqui: - Qual a percepção, importância e efeitos conferidos pela população atingida à comunicação produzida pelas organizações que disputam esses contenciosos e pelo jornalismo? - Qual é o esforço e os resultados de pesquisa na área em torno dessa temática no Brasil? - Quando comparados a outras situações semelhantes, os resultados obtidos no estudo de caso indicam – ou não - regularidades ou padrões na comunicação das organizações e do jornalismo? Conforme se verá, este projeto de pesquisa, previsto para o período 2012-2015, pretende investigar essas questões à luz das teorias da esfera pública e do jornalismo, elegendo como objeto os processos de comunicação vinculados à construção de cinco usinas hidrelétricas construídas na Bacia do Rio Uruguai (SC/RS - Brasil) a partir de 1979: Itá, Machadinho, Barra Grande, Foz do Chapecó e Itapiranga. Para cumpri-lo, tem por objetivos específicos (a – 2012/2013) a investigação da importância conferida à comunicação pelas populações remanejadas compulsoriamente nessas usinas; (b – 2013/2014) a revisão da literatura sobre comunicação e barragens e (c – 2014/2015), a investigação das estratégias, os planos, as modalidades e os produtos de comunicação utilizados pelos atores diretamente envolvidos e pelo jornalismo. Adequados a cada Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA objetivo serão mobilizados métodos e procedimentos específicos, entre eles para (a) o survey, com análise quantitativa, (b) a pesquisa bibliográfica e documental e (c) o comparativo de estudos de caso, sediados numa abordagem qualitativa, com análise crítica de discurso. Como resultado espera-se, no primeiro ano identificar o papel conferido e os efeitos atribuídos à comunicação pelas populações remanejadas; no segundo ano, estabelecer uma biblioteca virtual, uma rede de pesquisadores de referência e organizar um livro sobre a temática, e, no terceiro, identificar a existência ou não de padrões na comunicação dos atores e do jornalismo que se envolve nesses contenciosos. Em termos institucionais, importante observar que este projeto aprofundará as relações do proponente com grupos de pesquisa nesta e em outras universidades, entre os quais destacam-se a participação: a) No Grupo de Pesquisa do CNPq “Comunicação Pública e Comunicação midiática”, liderado pelos professores Maria Helena Weber e Rudimar Baldissera (UFRGS); b) No Grupo de Pesquisa do CNPq “Estado, democracia e cultura política”, liderado pelo professor Hemerson Luiz Pase (UFPEL). c) No projeto de pesquisa “Avaliação dos resultados e proposição de modelo de elaboração de programas de remanejamento da população atingida por empreendimentos hidrelétricos”, coordenado pelo prof. Hemerson Luiz Pase (UFPel) e do qual fazem parte os pesquisadores Saionara Wagner (UFRGS), Marcelo Baquero (UFRGS), Rodrigo Gonzales Stumf (UFRGS), Julian Borba (UFSC) e Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA Humberto José da Rocha (Unicamp). A vinculação a esse projeto, desenvolvido no âmbito de um edital de P&D da ANEEL no período de 2012-2014, permitirá o cumprimento do primeiro objetivo da pesquisa aqui proposta. d) No Núcleo de Pesquisa em Movimentos Sociais (NPMS), coordenado pela profª. Ilse Scherer-Warren (UFSC). 2. Problematização: A discussão sobre as hidrelétricas no Brasil retornou com força à cena pública no início de 2010 face ao debate sobre a implantação da Usina Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Maior projeto hidrelétrico do mundo em andamento, Belo Monte trouxe ao debate público, via intensa visibilidade midiática, questões que os brasileiros não estão habituados a discutir: os impactos e consequências sociais e ambientais de projetos de produção de energia que há décadas vêm garantido suporte para o desenvolvimento econômico e o conforto das pessoas. A discussão é mais que oportuna diante dos planos do Estado brasileiro para o setor elétrico: outros 161 empreendimentos na área de energia estão em construção e mais 432 foram outorgados para estarem prontos até 2015. É fato que a maior parte são pequenas centrais hidrelétricas e há projetos de usinas a biomassa e eólicas. Mas uma análise do Plano Nacional de Energia 2030 considera que para a economia brasileira crescer em média 3,7% até 2020 e 4,1% até 2030 será necessário ampliar em 50% (53.700 MW) o parque gerador de 2009, o que implicará na remoção de Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA até 100 mil famílias das áreas atingidas. (EPE, 2008) Este projeto de pesquisa se insere profundamente nesse debate, ao propor uma investigação sobre diferentes modos de comunicação que se constituem em torno de projetos públicos de alto impacto social e ambiental, definidos no âmbito da política pública de desenvolvimento, e que, nessa condição, mesmo quando submetidos à lógica do interesse privado, assumem o caráter de interesse nacional. A centralidade do trabalho está na comunicação produzida pelos atores do Estado, do mercado e da sociedade civil e sua relação com a esfera midiática durante a fase de implantação de usinas hidrelétricas, período pouco estudado pelo campo da comunicação, conforme revelou a revisão bibliográfica preliminar, embora seja justamente no qual os impactos previstos efetivamente ocorrem. O lócus do estudo são as usinas instaladas na Bacia do Rio Uruguai, situada entre os estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que apresenta o maior índice de exploração do potencial elétrico do país e berço do movimento anti-barragens no Brasil. O entendimento do processo de implantação dessas usinas passa pelo resgate histórico das diretrizes do Projeto Rio Uruguai, o primeiro feito pelo Estado para o aproveitamento integral do potencial de uma bacia hidrográfica, no final da década de 1960, quando foram mapeados 23 pontos para a construção de usinas no Rio Uruguai e seus afluentes. Elas alagariam cerca de 1.500 km² e desalojariam diretamente 36 mil pessoas. A reação da população culminou na criação, em meados dos anos 80, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que posteriormente tornouse uma organização com “expressão nacional e estrutura ramificada por quase todos os locais de construção de novas barragens”. (CANALLI, 2002) Apesar da reação, cinco usinas foram construídas (Itá, Machadinho, Campos Novos e Foz do Chapecó) e duas estão previstas no Programa de Aceleração do Crescimento II para o período 2010-2015 (Garabi e Roncador, projetos binacionais com a Argentina). Considerando-se apenas as cinco primeiras usinas, cerca de nove mil famílias foram removidas na região entre 1995 e 2010. A reflexão teórica que baliza este projeto assenta-se fundamentalmente na área de comunicação, mas acolhe também conceitos procedentes de estudos da política, da geografia, da economia e do direito. Pesquisas amplas e interdisciplinares que analisam situações semelhantes em diversos países e consideram simultaneamente as distintas temáticas que perpassam o objeto (basicamente as tensões entre desenvolvimento, ambiente e sociedade) fornecem elementos para fundamentar a percepção de que o estudo é localizado, mas seguramente não pode ser analisado apenas pela dimensão local. Contribuem nesse sentido, além do relatório da Comissão Mundial de Barragens (WORLD COMMISSION ON DAMS, 2000), as reflexões profundas sobre experiências semelhantes nos Estados Unidos (MCCULLY, 2001), na China (GUO et al, 2007), em Portugal (GONÇALVES, 2001), na França e em diversos países da África (BLANC; BONIN, 2008), na Índia (KHAGRAM, 2004; CHITTAROOPA, 2003), na Argentina (FORGET, 2009) e no Brasil (VERDUM, 2007; SANTOS; Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA HERNANDEZ, 2009). A tensão entre desenvolvimento, ambiente e populações no Brasil é trabalhada da partir das noções sobre desenvolvimento que marcam as decisões políticas no país a partir do século XX, especialmente em torno do conceito de desenvolvimentismo (BIELCHOVISKY, 1996), das formas como essa visão percebe o território e as populações (SANTOS, 1999) e das conseqüências da recente inserção internacional do país (GONÇALVES, 1998). As implicações socioambientais desse modelo, e mais especificamente sobre como as hidrelétricas fazem parte dele, são abordados a partir de autores que tratam temas como população, conflitos sociais e desenvolvimento (VAINER, 1993, 2009; ZHOURI; LASCHEFSKI, 2010, VALENCIO, 2010), integração, usinas hidrelétricas e impactos socioambientais (VERDUM, 2007), terras tradicionalmente ocupadas (ALMEIDA, 2009) e violência no meio rural no caso das hidrelétricas (ZHOURI; OLIVEIRA, 2007). A questão das políticas públicas é tratada a partir da visão proposta por Subirats (2001), que entende esse processo como o resultado – não necessariamente justo nem ideal - da disputa entre os diferentes atores sociais. Especificamente sobre políticas públicas no Brasil, a discussão se referencia pelo trabalho de Souza (2007). Os trabalhos de Santos (1979, 1987, 1999, 2002), Raffestin (1993) e Moraes (2005) subsidiam questões que se configuram entre o espaço e a cidadania, repensando os conceitos de nação, país, território e territorialidade na história no Brasil. No campo da comunicação, a teoria da esfera pública de Jürgen Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA Habermas e a perspectiva deliberacionista de democracia fornecem a moldura que torna possível concretizar de forma satisfatória os objetivos propostos, especialmente ao permitir a análise dos processos de comunicação um exercício metodológico equilibrado entre a comunicação percebida e desejada, entre o fato e a norma. A noção de esfera pública contempla a revisão da evolução do conceito de esfera pública trabalhada por Habermas entre suas obras Mudança Estrutural da Esfera Pública e Direito e Democracia, com o apoio de autores que analisaram essa trajetória conceitual, entre eles Silva (2002), Esteves (2003) e Gomes (2008). Ela é particularmente rica em muitos sentidos: primeiro, a visão da sociedade em forma de sistema, com seus conceitos de sistemas e subsistemas e de mundo da vida, do qual emerge a sociedade civil, fornece um modelo interpretativo que permite identificar com razoável clareza a estrutura da sociedade em estudo. Segundo, a centralidade da comunicação no modelo, onde os elementos dinâmicos gerados pelas relações comunicativas entre pessoas e organizações – os conceitos de esfera pública e opinião pública, em particular - fornecem um suporte teórico para analisar a natureza, as características e o papel da comunicação. Terceiro, a intereleção com a esfera midiática possibilita integrar na análise a produção da mídia, especialmente no sentido de que acolhem, dão visibilidade e retroalimentam lances argumentativos, constituindo-se, simultaneamente, em um espaço de debate público em particular e em uma das mais importantes formas de deflagrar e retroalimentar o próprio debate na esfera pública. A discussão sobre esfera pública nessa perspectiva está intimamente Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA relacionada com a teoria deliberacionista da democracia, que fornece elementos para a análise das situações que envolvem requisitos democráticos (especialmente a participação, a transparência e a accountability), e a construção de consensos em torno de determinadas temáticas. A partir de uma revisão da literatura sobre democracia (HELD, 1990; DAHL, 2001) trabalha-se diversos temas correlatos, entre eles o sistema deliberativo e seus espaços discursivos (MARQUES; MENDONÇA; MAIA, 2007), interesse público e políticas de desenvolvimento (WELLS, 2007), pluralismo e consenso (DRYSEK; NIEMEYER, 2006) e consensos, poder e interesse pessoal (MANSBRIDGE et al, 2009). Esses últimos autores citados são particularmente importantes, pois ao reformularem o ideal deliberativo reconhecem a existência e incorporam ao modelo a possibilidade de aceitar nos processos de busca do bem comum o interesse pessoal (inclusive material, mas sempre devidamente claro e constrangido) e o poder (desde que o poder não-coercitivo, entendido como o que não utiliza ameaças de sanções e uso da força) e, também, formas de deliberação que tradicionalmente não são aceitas como deliberativas, entre elas convergência, acordos incompletamente teorizados, negociações integrativas e, em alguns casos, até mesmo a votação e a negociação entre antagonistas (desde que justificadas por procedimentos deliberativos). Face à relevância da sociedade civil e dos movimentos sociais na pesquisa, parte-se da proposição de Arato e Cohen (1994) que, dialogando com Habermas, estabelecem ligações entre a teoria da sociedade civil e dos movimentos sociais, agregando as posições de Melucci (1999) e Santos (2001), Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA sobretudo quanto às características dos chamados Novos Movimentos Sociais (NMSs). Trabalha-se na perspectiva de uma sociedade civil heterogênea e não necessariamente virtuosa (DAGNINO, 2002), simultaneamente boa e má (MAIA, 2011), que encontra grande dificuldade para constituir sua própria representação (SAWARD, 2010) e se envolve em contenciosos com atores da própria sociedade civil e organizações (TILLY; TARROW, 2007). A discussão sobre a natureza e o papel da comunicação percorrerá ainda o debate contemporâneo sobre comunicação das organizações, comunicação pública e comunicação midiática. A revisão teórica específica sobre comunicação e hidrelétricas revelou que essa relação ainda é pouco explorada do ponto de vista da pesquisa. Mesmo relatórios e trabalhos de grande amplitude e visões distintas (quase antagônicas) sobre barragens como o da World Commission on Dams e o relatório da ICOLD (BERGA et al, 2006) reservam pouco espaço para a comunicação e, quando a abordam, tendem a tratá-la em uma perspectiva funcionalista que credita às suas “falhas” os conflitos que ocorrem entre os atores nos processos de implantação dos projetos. No Brasil, observa-se duas fases distintas da pesquisa. Em um primeiro momento, entre os anos 70 e 80, correspondente à “descoberta” da problemática, ligada à expansão do setor elétrico nacional durante o regime militar e seus impactos sobre as populações locais e ao meio ambiente, houve uma significativa contribuição dos campos da sociologia e da antropologia, mas via de regra sem destaque para a comunicação nas abordagens. A partir de meados dos anos 90, consoante a própria retomada dos projetos hidrelétricos, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA há uma segunda fase da produção científica mais ligada agora às perspectivas teóricas deliberacionistas, da sociedade civil e dos movimentos sociais, parte dela já citada. Nesse novo movimento a comunicação passa a ser um dos objetos centrais para tratar, sobretudo, de temas como visibilidade, discussão e participação no processo de licenciamento ambiental. (FIGUEIREDO, 2002; FARIA, 2004; BARROS, 2004; MARQUES, 2006; GALHARDO, 2007; CARVALHO, 2007; GUICHENEY, 2008; HASS; ALDANA; AMPOLINI, 2010). É central neste trabalho a comunicação das organizações, tratada na tensão teórica que se estabelece entre as distintas percepções de comunicação pública e estratégica, decorrentes de uma tentativa de aproximação do campo da comunicação organizacional de teorias que reivindicam posições mais transparentes desses atores, quer seja dentro do próprio campo (ANDREASEN, 2002; KUNSCH, 2000, 2001; DEETZ, 2005; ROLANDO, 2010), mas também fora dele, como na teoria da esfera pública. Portanto, julga-se necessário antes de discutir se a comunicação de uma organização é ou pode em algum grau ser pública (no sentido de interesse público aqui trabalhado, como resultado de debate público e não como uma característica determinada ex-ante) uma incursão na própria teoria das organizações para se analisar a natureza das organizações e os limites da comunicação que produzem, considerando-se os limites impostos por sua própria natureza. Contribuem nesse sentido discussões sobre o decidir, o agir e o comunicar nas organizações (BRUNSSON, 1989), definições de estratégia, estratégias de comunicação e comunicação estratégica (GONZÁLEZ, 2001; Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA PÉREZ, 2001); a linha fina da persuasão na comunicação (REARDON, 1991; COSTA, 2001), as interdependências entre o estatuto de stakeholder, governança corporativa e comunicação (DEETZ, 2005) e até mesmo a relevância da variável tempo, ligada ao ciclo de vida das organizações, como um fator de análise da cultura e dos compromissos públicos e éticos das organizações, sobretudo no caso de “organizações efêmeras” que surgem, atuam e desaparecem em ambientes extremos (LANZARA, 1983), como, no entender da pesquisa, ocorre com a empresa de propósito específico criada pelo consórcio concessionário para construir a usina. No que diz respeito à comunicação pública, ela é entendida inicialmente a partir das discussões propostas por Weber (2007, 2009), Weber e Baldissera (2008) e Brandão (2009) como a comunicação norteada pelo interesse público, contemplando um conjunto de requisitos que possibilitem aos cidadãos, entre outros pontos, o conhecimento das questões, o diálogo entre os diferentes e reserve a possibilidade de intervir nas decisões que lhes dizem respeito. Há nesta percepção uma tensão natural decorrente da dependência conceitual à tipificação de interesse público como dado. Segundo Bobbio (1996), no âmbito do Estado-nação é relativamente simples de se definir interesse público quando se trata de temas que confrontem o interno ao externo, frente aos outros. Mas é de difícil definição quando se trata de questões internas ao Estado-nação, uma vez que o interesse público para um cidadão não necessariamente o é para outro, sendo justamente o principal objeto de disputa política. Assim, mesmo questões evidentemente identificadas com o conceito de interesse público como Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA saúde e educação podem gerar grande dificuldade de estabelecer consensos e operacionalizar o interesse de todos quando da efetiva implantação da política pública de saúde e educação, por exemplo. Nesse sentido, e coerente com a escolha teórica ampla, entende-se que do ponto de vista conceitual (e, portanto, naturalmente idealizado), o interesse público somente pode ser definido como o output de um debate público, em condições mínimas como as já citadas e definidas por Mansbridge et al (2009). É fato que essa percepção provoca uma reação em cadeia, como o questionamento de se em regimes democráticos as ações do Estado não seriam evidentemente de interesse público. De uma perspectiva da democracia liberal, sim. O governo foi legitimamente eleito pela maioria. Mas de uma perspectiva deliberacionista, nem sempre. Resulta dessa literatura uma dificuldade na tipificação do que seria comunicação pública e privada quando organizações do campo público produzem comunicação que pode ter um viés não público e organizações do campo privado produzem comunicação que pode ter viés público. Ocorre que, no entender deste trabalho, a tipificação da comunicação pode iniciar nesta dimensão, inerente à natureza das organizações, mas não se esgota nela, na mesma linha das considerações feitas sobre interesse público. O que se propõe aqui é considerar esta variável como condição necessária mas não suficiente para definir se a comunicação produzida por cada organização em torno de um contencioso, sobre cada temática, em cada momento no tempo é de natureza pública ou privada, no sentido de que cada uma delas pode convergir ou divergir de um interesse público que, na perspectiva adotada, não é dado de antemão, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA sequer pelo Estado, mas resulta das dinâmicas do próprio debate público. Assim, a partir das condições de entrada de cada organização em um debate específico, marcadas evidentemente pela natureza das organizações e sua estratégia mais ampla, a tipificação como mais voltada ao interesse público ou privado seria possível de se observar nas sucessivas rodadas de comunicação de cada organização, se convergem ou são refratárias às demais posições sobre o interesse público que se constrói no próprio debate público. (LOCATELLI, 2011) De certo modo esta percepção converge para a saída apontada por Gomes (2010) para esse impasse, quando propôs retirar a discussão em torno do emissor e discutir a comunicação pública no jogo político, entendendo como tal as iniciativas de comunicação com a proposta de empoderar a sociedade, de fortalecer as lutas do cidadão pela definição coletiva do interesse do Estado e da sociedade. Em uma perspectiva semelhante, Maia (2010) entende a comunicação pública como a que está entre o Estado, a sociedade civil e o mercado, propondo uma reflexão em que visão estratégica e alto interesse dos atores não seriam características suficientes para descartar a possibilidade de uma comunicação pública e podem contribuir para uma noção de bem comum, uma vez que mais sinceridade (das próprias posições) pode gerar responsividade e accountability discursiva. No caso da comunicação midiática, além das relações intrínsecas estabelecidas no âmbito da própria teoria da esfera pública, acolhem-se, entre outros autores, as contribuições específicas de Esteves (2003), Gomes e Maia (2008) e Maia (2008, 2009) de que os mídia constituem-se em uma esfera de Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA debate própria e tem potencial para amplificar o debate público. De outro modo, embora reconheça esse potencial, adota-se uma perspectiva crítica aos media, sobretudo decorrente de sua estrutura de mercado, padrão de concorrência, relações e condições de produção, especialmente com Esteves (2003, 2007), Locatelli (2001), Ramos e Santos (2007) e Lima (2011). Estudos sobre temáticas específicas contribuem para aprofundar, entre outros, a relação mídiamovimentos sociais (GAMSON; WOLFSFELD, 1993; CABO, 2008) e mídia e meio ambiente (COX, 2006; ALLAN; ADAM; CARTER, 2000; GIRARDI; SCHWAAB, 2008). Diante da importância que a ciência tem nos argumentos e enquadramentos construídos pela comunicação das organizações, sobretudo do concessionário e do Estado, e também pela mídia, a discussão sobre a relação entre comunicação e ciência recebe a contribuição de Allan, Adam e Carter (2000), Gonçalves (1996, 2001), Santos (2004) e Cox (2006), entre outros autores. Questões específicas do jornalismo que interessam ao trabalho, especialmente em torno às condições de produção e da construção do acontecimento jornalístico serão tratados com a contribuição de Hall et al (1993), Sousa (2002), Alsina (2005), Serra (2004), Franciscato (2005), Benetti (2008), Benetti e Fonseca (2010), Silva et al (2011) e Miguel e Birolli (2011). 3. Metodologia: As metodologias e os procedimentos mobilizados adequam-se a cada objetivo específico e período da pesquisa. No caso do primeiro objetivo - investigar a importância conferida à Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA comunicação pelas populações remanejadas – a pesquisa contará com o acesso aos dados relativos à comunicação de um survey realizado em 2012 com 700 atingidos por barragens na Bacia do Uruguai pelo já citado projeto de pesquisa “Avaliação dos resultados e proposição de modelo de elaboração de programas de remanejamento da população atingida por empreendimentos hidrelétricos”. No caso do segundo objetivo, correspondente a segunda etapa da pesquisa, trata-se de uma investigação sobre o estado da arte do debate, por meio da revisão da literatura, e o estabelecimento de uma rede de pesquisadores em torno da temática. Para a execução do terceiro objetivo, correspondente ao terceiro ano da pesquisa, diante da generalização do problema em situações semelhantes e da complexidade do objeto, optou-se por uma análise comparativa das situações a partir de estudos de caso para cada usina, uma vez que a metodologia “permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e maturação de alguns setores”. (YIN, 2001, p.21) Com os estudos comparativos espera-se encontrar regularidades que apontem – ou não – para um padrão de comunicação em torno desses eventos. Adicionalmente, e de acordo com a taxonomia proposta por Creswell (2007), o trabalho ainda se servirá fundamentalmente de uma abordagem qualitativa, que possibilita métodos abrangentes, questões abertas, uso de dados de entrevistas e de observação, de documentos, de elementos audiovisuais e da Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA análise de textos e imagens. Um dos procedimentos mais importantes da pesquisa é a análise dos discursos dos produtos de comunicação organizacional e das notícias publicadas pela imprensa sobre a temática. Nesse sentido, a investigação acolhe a proposta crítica de Fairclough (2008), que estuda as influências das relações de poder no conteúdo e na estrutura dos textos, adotando um sentido socioteórico de discurso enquanto texto e inter-relação, resultando em um conceito de discurso e análise de discurso “tridimensional”, uma vez que, para ele, um evento discursivo é, ao mesmo tempo, texto, prática discursiva e prática social. Na análise dos discursos um dos principais objetivos será identificar as ideias centrais, os enquadramentos e os argumentos dos discursos, tomados como indicadores para caracterizar a comunicação de cada ator envolvido. Adota-se a perspectiva de enquadramentos a partir de Maia (2009), enquanto “princípios organizadores”, “esquemas interpretativos mais gerais”, “processos de estruturação de sentidos baseados na cultura, através de práticas e relações com a sociedade”. Entrevistas semiestruturadas serão particularmente úteis para complementar a análise em torno de fatos e situações tácitas, não documentadas, especialmente com representantes dos atores institucionais e da mídia envolvidos no processo. 4. Alcance, Resultados, Contribuições e Metas: O alcance e as principais contribuições esperadas do trabalho se darão Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA na: a. Formação de recursos humanos para a pesquisa em torno da temática; b. Contribuição para solidificar as linhas de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo; c. Evidenciar as condições de informação a que estão submetidos as populações atingidas por barragens; d. Fortalecer a produção das Ciências Sociais Aplicadas no Brasil; e. Contribuir, quando solicitado, na construção de normas, políticas e projetos voltados as esses eventos no que diz respeito à democratização da informação; f. Sistematizar as principais contribuições sobre a temática Comunicação e barragens no Brasil. De outro modo, as principais metas estabelecidas e resultados esperados são: a. Orientar dois alunos de iniciação científica no período de vigência do projeto. b. Apresentar os resultados das pesquisas dos alunos de iniciação científica em eventos nacionais). c. Orientar um aluno de mestrado do POSJOR que estude a temática. d. Apresentar os resultados da pesquisa em dois eventos científicos nacionais e um internacional. Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA e. Submeter dois artigos com autoria individual, em revistas qualis, com os resultados da pesquisa; f. Submeter, em revistas qualis, artigo em co-autoria com aluno da pósgraduação; g.Estabelecer uma rede de pesquisadores em torno da temática h. Organizar um livro sobre a temática. i. Criar uma biblioteca virtual e qualificar o acervo físico da BU em torno da temática. 5. Objetivos: Este projeto tem como objetivos: • Investigar a importância conferida à comunicação produzida pelos atores diretamente envolvidos nesses processos pelas populações remanejadas compulsoriamente durante a construção dessas usinas. de • Revisar a literatura sobre comunicação e barragens. • Investigar as estratégias, os planos, as modalidades e os produtos comunicação utilizados pelos atores diretamente envolvidos, os enquadramentos e argumentos utilizados e os temas “silenciados” e a relação entre a comunicação estratégica dos atores envolvidos e a esfera midiática, particularmente o jornalismo. 6. Justificativa: Embora nos últimos anos registre-se no Brasil uma significativa Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA contribuição na interseção entre comunicação, política e hidrelétricas, tratando, sobretudo, de temas como visibilidade, discussão e participação da sociedade civil no processo de licenciamento ambiental, especialmente em torno do EIARIMA e das audiências públicas, as pesquisas concentram-se sobre um recorte temporal específico, anterior ao leilão de concessão, quando a comunicação parece ter uma natureza plebiscitária (contra ou a favor da usina), permanecendo a descoberto justamente o período de implantação, tratado neste trabalho, que se dá entre a concessão da Licença de Instalação e a Licença de Operação. (LOCATELLI, 2011) Assim, no campo da comunicação, a pesquisa pode contribuir para o melhor entendimento da natureza, das estruturas e das dinâmicas da comunicação produzida pelos atores do Estado, do mercado e da sociedade civil, bem como sua relação com a esfera midiática. Pode ainda trazer novos elementos às discussões sobre comunicação pública, especialmente pelo estudo de situações em que o próprio Estado pode não estar interessado em informar a população, e sobre comunicação organizacional, a partir da análise das estratégias dos agentes privados e do próprio Estado. Na área de jornalismo, permitirá aprofundar o conhecimento das complexas relações que se estabelecem entre distintos atores sociais e a mídia e seus reflexos na produção jornalística. Importante frisar que dentre as diversas modalidades de comunicação que fazem parte desse sistema, uma especificamente, a produzida pelo concessionário, decorre não apenas de suas demandas e interesses, mas de Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA exigência legal: a implantação de programas de comunicação social para informação da população atingida pelo empreendimento é um dos itens obrigatórios do Plano Básico Ambiental e sua não execução implica no impedimento do empreendedor de obter a Licença de Implantação, inviabilizando ou paralisando a obra a qualquer tempo. Entretanto, a legislação vigente não normatiza o escopo, as modalidades, os instrumentos e o conteúdo dessa comunicação, deixando sua interpretação e estruturação por conta do concessionário. Ao debruçar-se na análise desse material, a pesquisa pode contribuir para desvelar que comunicação de fato é feita pelos empreendedores e se ela contempla o caráter público previsto pela legislação. No campo da política, o estudo pode trazer elementos para a melhor compreensão das características e consequências da implantação, em regimes democráticos, de projetos derivados de políticas públicas que produzem grandes impactos sobre populações específicas e, às vezes, implicam na supressão de direitos constitucionais, como o direito à propriedade. No âmbito das discussões sobre democracia, as situações empíricas podem conduzir a reflexões sobre o que ocorre com requisitos democráticos fundamentais como a participação, a transparência e a accountability quando atribuições típicas do Estado são transferidas para a esfera privada. Podem também lançar luz sobre se déficits de democracia em torno do direito à informação para com a população atingida provocam assimetrias na relação entre a sociedade civil, o concessionário e estado. Além disso, o estudo permitirá avançar no entendimento da relação entre a comunicação e a organização da sociedade civil, dos limites entre Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA interesses públicos e privados e das dinâmicas que se estabelecem entre o Estado, o mercado e a sociedade civil via as esferas midiática e pública. 7. Orçamento: A infraestrutura (prédios, bibliotecas, computadores, veículos) utilizada é a da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mais especificamente as do Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo. O proponente dispõe de sala equipada para abrigar os membros da pesquisa (alunos de graduação e de iniciação científica e de mestrado) vinculados ao Núcleo de Projetos Editoriais (NPE), do qual é coordenador. A Biblioteca Central, da UFSC, e a Biblioteca Setorial do Núcleo de Movimentos Sociais (NPMS) do Departamento de Ciências Sociais da UFSC possuem um acervo de livros, periódicos (nacionais e estrangeiros), dissertações e teses, que serve de suporte aos professores e alunos de Pós-Graduação, graduação e demais pesquisadores na Área de Ciências Humanas. Além disso, todo o material de comunicação produzida pelo concessionários encontra-se em Florianópolis, na Biblioteca da Eletrosul e nos arquivos da consórcios proprietários. Especificamente para a execução do primeiro objetivo da pesquisa, além dispor dos dados survey citado, o pesquisador receberá uma bolsa R$ 504,00 mensais, via FAPEU, do projeto “Avaliação dos resultados e proposição de modelo de elaboração de programas de remanejamento da população atingida por empreendimentos hidrelétricos”. Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA 8. Cronograma: Etapa - Período Etapa 1 - Atividades Comunicação e Análise da temática “comunicação” no âmbito do populações remanejadas survey produzido pelo projeto “Remanejamento”. Agosto 2013-Agosto 2014 Orientar um aluno de iniciação científica. Apresentar os resultados das pesquisas do aluno. de iniciação científica em evento nacional. Orientar um aluno de mestrado do POSJOR. Apresentar os resultados da pesquisa em eventos científico nacional. Submeter um artigo com autoria individual, em revistas qualis, com os resultados da pesquisa. Submeter, em revistas qualis, um artigo em coautoria com um aluno da pós-graduação. Produção do relatório do primeiro ano de pesquisa. Etapa 2 – Pesquisa teórica Revisão da literatura. Agosto 2012-Agosto 2013 Organização da biblioteca virtual. Organização de livro sobre a temática. Orientar um aluno de iniciação científica . Orientar um aluno de mestrado do POSJOR. Apresentar os resultados parciais da pesquisa em eventos científico nacional. Produção do relatório do segundo ano de pesquisa. Etapa 3 Levantamento e análise do material Agosto 2014-Agosto 2015 comunicação organizacional e produzido pela mídia em torno das usinas estudadas. Comunicação das organizações e da mídia. de Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA Orientar dois alunos de mestrado do POSJOR. Apresentar os resultados da pesquisa em eventos científico internacional. Submeter um artigo com autoria individual, em revistas qualis, com os resultados da pesquisa. Submeter, em revistas qualis, um artigo em coautoria com um aluno da pós-graduação. Produção do relatório final de pesquisa. 9. Bibliografia: ARATO, A.; COHEN J. Sociedade civil e teoria social. In: AVRITZER, L. (Org.) Sociedade civil e democratização. Belo Horizonte : Del rey, 1994. ARMSTRONG, E. e BERNSTEIN, M. Culture, power, and institutions: a multiinstitutional politics approach to social movements. Sociological Theory 26:1 March 2008. BANCO MUNDIAL - Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil – Uma Contribuição para o Debate. Relatório Síntese. 2008a. Disponível http://siteresources.worldbank.org/INTLACBRAZILINPOR/Resources/Brazil_licencia mento_SintesePortugueseMarch2008.pdf . Acesso em 16/11/2009. BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento econômico brasileiro. O ciclo ideológico do desenvolvimentismo. 3. ed. Rio de Janeiro : Contraponto, 1996. CHARADEAU, Patrick. Discurso das Mídias. São Paulo : Contexto, 2006. COSTA, Sergio e SOARES MELO, Rurion. 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