Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS Curso de Licenciatura em Física Disciplina: Laboratório de Física Moderna Prof. Dr. Sandro Marcio Lima Prática: Razão carga-massa (e/m) do Elétron Dourados, 2007 1. Introdução O método experimental desta prática é similar ao usado por J.J. Thomson em 1897. Nele, um feixe de elétrons é acelerado através de um potencial conhecido, cuja velocidade do elétron também é conhecida. Um par de espiras de Helmholtz produz um campo magnético uniforme e mensurável que pode desviar o feixe de elétrons de sua direção inicial. Assim, medindo o potencial (V) a corrente nas espiras de Helmholtz (I) e o desvio do caminho do feixe de elétrons (r), e/m pode ser facilmente calculado. A Figura 1 mostra o aparato experimental desta prática. Figura 1: Aparato experimental para determinação da razão carga-massa. Antes de continuar seguindo este roteiro, o estudante é convidado a ler nos livros textos como foi feito o experimento por Thomson. Ademais, é interessante saber qual era o interesse de Thomson em seus experimentos. Isto com certeza servirá de motivação para o bom desenvolvimento desta prática. 2. Teoria É bem sabido que uma força magnética (Fm) atuando em uma partícula de carga q que se move com velocidade v em um campo magnético (B) é dada por Fm = q(v × B) . (1) Desde que o feixe de elétron neste experimento é perpendicular ao campo magnético, a Eq. (1) pode ser escrita na forma escalar como Fm = evB, com e sendo a carga do elétron. Lembrando que os elétrons se movem em círculo, eles devem experimentar uma força centrípeta Fc de magnitude 2 Fc = m v2 r (2) com m sendo sua massa e r o raio do círculo de seu movimento. Uma vez que a única força que atua no elétron é a causada pelo campo magnético, as equações (1) e (2) podem ser combinadas para dar Fm = Fc ⇒ evB = m v2 r (3) ou ainda e v = . m Br (4) Pela Eq. (4) nota-se que, para se obter a razão entre a carga e a massa do elétron, só é preciso conhecer a velocidade do elétron dentro do tubo, o campo magnético produzido pelas espiras de Helmholtz e os raios dos feixes de elétrons. Mas esta equação pode ser modificada para facilitar ainda mais o procedimento experimental. Para isto, vale lembrar que os elétrons são acelerados por um potencial aceleração (V), de modo que a energia cinética adquirida é igual a sua carga vezes o potencial aceleração, isto é, eV = 1 2 mv 2 (5) v= 2eV . m (6) ou O estudante deve se lembrar que o campo magnético produzido próximo de um par de espirar de Helmholtz é dado pela equação: B= Nµ o I 3 . ( 5 4) 2 a (7) com N sendo o número de voltas em cada espira de Helmholtz, µo a constante de permeabilidade magnética (4π×10-7), I a corrente que atravessa as espiras e a o raio das espiras de Helmholtz. Substituindo (6) e (7) em (4) tem-se que e 2V ( 5 4 )3 a 2 = . m ( Nµ o Ir ) 2 (8) Esta relação será usada para determinação da razão carga-massa nesta prática. 3 3. Relação dos equipamentos disponíveis na prática Tubo de vidro: este tubo é preenchido com gás Hélio e está sob pressão de 10 -2 mmHg. Em seu interior está o canhão de elétron e as lâminas de deflexão, conforme Figura 2. Figura 2: Tubo de vidro com canhão de elétrons e lâminas de deflexão. Espiras de Helmholtz: as espiras de Helmholtz têm um raio e separação de 15 cm. Cada espira tem 130 voltas. O campo magnético (B) produzido pelas espiras é proporcional à corrente que flui pelas espiras vezes 7,80×10-4 tesla/ampere [B (tesla) = (7,8×10-4) I]. Painel de controle: muito simples de usar. Basta respeitar as indicações das conexões no painel frontal. Cortina de pano preto: use-a para escurecer o aparato e facilitar a leitura do raio do feixe de elétrons. Escala espelhada: Uma escala espelhada é colocada atrás de uma das espiras. Ela é iluminada automaticamente quando é ligado o aquecedor do canhão de elétrons. Fontes de tensão: usada para alimentar o aquecedor do canhão de elétrons, os eletrodos e as espiras. Multímetros: usados para medir a corrente nas espiras e a tensão do potencial acelerador. 4. Procedimento experimental 1: razão e/m 4.1. Coloque a cortina de pano preto no aparato experimental; 4.2. No painel de controle, verifique se a posição da chave “toggle switch” está para o experimento “e/m measure”; 4.3. Desligue o botão de ajuste da corrente para as espiras de Helmholtz no painel de controle; 4.4. Conecte as fontes de tensão e corrente, juntamente com os multímetros, conforme esquema da Figura 3. 4 CUIDADO: faça as conexões com todos os equipamentos desligados da tomada. Antes de continuar, chame o professor ou o técnico para conferir as conexões. 4.5. Ajuste as fontes nos seguintes níveis: - “heater”: 6,3 VAC ou VDC - “electrodes”: 150 VDC - espiras de Helmholtz: 6-9 VDC CUIDADO: a voltagem no canhão de elétron nunca deve exceder 6,3 Volts. Figura 3: Painel de controle e conexões. 4.6. Lentamente, gire o botão de controle de corrente nas espiras de Helmholtz, tomando o cuidado para não exceder 2A no amperímetro. Espere ver perfeitamente o feixe de elétrons descrevendo um movimento circular dentro do tubo; 4.7. Verifique se o feixe de elétrons descreve um percurso circular paralelo às espiras. Caso não esteja, gire lentamente (com cuidado) a base do tubo de vidro até que o paralelismo seja alcançado; 4.8. Ajuste o foco do feixe de elétrons com o botão específico do painel de controle; 4.9. Após esta calibração, ajuste a corrente nas espiras para um valor entre 0 e 2A e, mantendo-o fixo, varie a tensão no eletrodo (comece do valor máximo de 290 V para baixo). Para cada valor de tensão, meça o raio do feixe de elétrons alinhando sua cabeça com o feixe de elétrons e a reflexão do feixe que pode ser vista na escala espelhada (tanto na esquerda quanto na direita do zero na escala). Tome no mínimo 5 valores de tensão e seus respectivos raios; 4.10. repita o item 4.9 para outro valor de corrente entre 0 e 2A. Faça no mínimo cinco valores diferentes de corrente. Para cada valor de corrente, um aluno da equipe deverá tomar suas medidas independentemente. 5 5. Procedimento experimental 2: uso de imã Chame o professor ou o técnico para acompanhar este procedimento. Use o mesmo procedimento experimental anterior para observar o efeito de um campo magnético (imã) sobre o feixe de elétrons. Neste caso, desligue completamente o fluxo de corrente nas espiras. Comente sua observação no relatório. 6. Procedimento experimental 3: tubo desalinhado com respeito às espiras Chame o professor ou o técnico para acompanhar este procedimento. Use o mesmo procedimento experimental 1 para verificar o que ocorre com o feixe de elétrons quando o tubo de vidro é girado entre 0 e 90º. Comente sua observação no relatório. 7. Procedimento experimental 4: deflexão de elétrons por um campo elétrico CUIDADO: não use o experimento por muito tempo neste modo. 7.1. Coloque a cortina de pano preto no aparato experimental; 7.2. No painel de controle, verifique se a posição da chave “toggle switch” está para o experimento “deflexão elétrica”; 7.3. Desligue o botão de ajuste da corrente para as espiras de Helmholtz. Neste procedimento não há necessidade de corrente nas espiras; 7.4. Conecte uma fonte de tensão 0 – 50 VDC nos conectores nomeados “deflect plates” (“upper” e “lower”) no painel de controle; 7.5. Ajuste as fontes nos seguintes níveis: - “heater”: 6,3 VAC ou VDC - “electrodes”: 150 VDC CUIDADO: faça as conexões com todos os equipamentos desligados da tomada. Antes de continuar, chame o professor ou o técnico para conferir as conexões. 7.6. Observe o que acontece com o feixe de elétrons quando a tensão é aumentada de 0 a 50 Volts aproximadamente. Discuta com os colegas a observação e apresente seu ponto de vista no relatório. 8. Questionário 8.1. Porque o feixe de elétrons deixa um feixe visível no tubo? 8.2. Como os elétrons são acelerados? 8.3. Deduza a equação (8). 8.4. Porque a voltagem no canhão de elétrons nunca deve exceder 6,3 Volts? 8.5. Qual a importância da geometria das espiras de Helmholtz para o experimento? 8.6. Calcule o campo magnético usado no seu experimento (procedimento 1). 6