Perspectivas para a conjuntura
econômica - 2009/2010
Por Tony Volpon – Economista – Chefe CM Capital Markets
[email protected]
(com. 11-3846-3056)
(08/12/2008)
1
• Diagnóstico da economia na “era Lula”
• Efeitos da crise internacional
• Perspectivas para 2009/2010 e opções de política
econômica
2
A Economia Brasileira na era Lula
- Houve um inegável aumento no crescimento econômico:
PIB (%, acc 4 tri.)
7
6
5
media 2001/2004
4
media 2005/2008
3
PIB
2
1
mar/08
set/07
mar/07
set/06
mar/06
set/05
mar/05
set/04
mar/04
set/03
mar/03
set/02
mar/02
set/01
0
3
Média do crescimento econômico 2001-2004: 2.42%
Média do crescimento econômico 2005-2008: 4.25%
A questão é, porque, o que mudou?
4
Voltamos no tempo....
Quais as perspectivas para a economia 2001/2002 em
diante?
Péssimas!!!
5
Economia Brasileira (antes/pós crise da eleição):
Final de 2001:
Final de 2002:
PIB: 1.31%
2.66%
Inflação (IPCA): 7.67%
12.53%
Selic: 19%
25%
Risco país: 830 pontos básicos
Expectativa de Crescimento
para 2002 (Focus): 2.4%
1425 pontos básicos
Expectativa de Crescimento
para 2003 (Focus): 1.94%
Em resumo, tudo ia muito mal, e o governo Lula sinalizava
com o aprofundamento das políticas de FHC (ex. aumento
6
da meta superávit fiscal)
29/12/2007
29/12/2005
29/12/2003
29/12/2001
29/12/1999
29/12/1997
29/12/1995
29/12/1993
29/12/1991
29/12/1989
29/12/1987
29/12/1985
29/12/1983
29/12/1981
29/12/1979
29/12/1977
29/12/1975
29/12/1973
29/12/1971
29/12/1969
29/12/1967
Mas, havia algo que poucos tinham notado: o inicio do maior
ciclo de altas nos preços das matérias primas desde 1970’s:
Indice CRB (logs)
6.1
5.9
5.7
5.5
5.3
5.1
4.9
4.7
4.5
7
Quais os efeitos sobre a economia brasileira do maior
“boom”de commodities em 40 anos?
1. Como o “boom” gera efeitos de renda e de patrimônio,
afetando a demanda agregada;
2. Como o “boom” afetou as contas externas, e como isso
afeta a oferta agregada
8
Efeito sobre a demanda...ou “Quem ganha com o boom?”
Primeiro, os donos desses recursos, e de duas formas
distintas?
1. Efeito de renda: Gera caixa/lucro maior por unidade
vendida;
2. Efeito patrimonial (”acelerador financeiro”): Valorização
do valor presente da produção futura permite novas
operações de crédito, novos investimentos, oferta
inicial de ações (“IPO’s”), etc.
9
Vale, Petro, Gerdau, CSN e SP 500 (US$, 100=Aug, 1994)
4500
4000
3500
Gerdau
3000
CSN
2500
Vale
2000
Petrobras
Ibovespa
1500
SP 500
1000
500
7
o/
0
6
ag
o/
0
5
ag
o/
0
4
ag
o/
0
3
ag
o/
0
2
ag
o/
0
1
ag
o/
0
0
ag
o/
0
9
ag
o/
9
8
ag
o/
9
7
ag
o/
9
6
ag
o/
9
5
ag
o/
9
ag
ag
o/
9
4
0
10
Segundo, o governo:
Receita Total Real Governo Central (var ano/ano)
25.00%
20.00%
15.00%
10.00%
5.00%
0.00%
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
11
Finalmente, os trabalhadores:
Ganham pelo aumento no rendimento....
Rendimento Medio Nominal Habitual (R$, ano/ano)
14.00%
12.00%
10.00%
8.00%
6.00%
4.00%
2.00%
2008.06
2008.03
2007.12
2007.09
2007.06
2007.03
2006.12
2006.09
2006.06
2006.03
2005.12
2005.09
2005.06
2005.03
2004.12
2004.09
2004.06
2004.03
2003.12
2003.09
-4.00%
2003.06
-2.00%
2003.03
0.00%
12
Crédito:
Aumento da oferta poupança externa, e disposição do sistema
financeiro de se alavancar mais devido a percepção de queda
do risco sistêmico, leva a forte crescimento do crédito:
Divida/PIB (%)
40
38
36
34
32
30
28
26
24
20
00
20 .06
00
.
20 11
01
.
20 04
01
20 .09
02
.
20 02
02
20 .07
02
.
20 12
03
.
20 05
03
20 .10
04
.
20 03
04
20 .08
05
.
20 01
05
.
20 06
05
20 .11
06
.
20 04
06
.
20 09
07
20 .02
07
.
20 07
07
20 .12
08
.0
5
22
13
Esquematicamente, podemos representar os efeitos assim:
14
CAPITALISTA
+COMMODITIES
GOVERNO
15
Mas esses efeitos iniciais geram efeitos secundários sobre
o resto da economia, como podemos ver no seguinte
esquema:
16
CAPITA
LISTA
INVESTIMENTO
CONSUMO
+COMMOD
GOV.
TRABALHA
DORES
17
Como que o “boom” afetou as contas externas, e como isso
afeta a oferta agregada.
Houve uma mudança no dinamismo do crescimento, que
passou das exportações para os investimentos:
Var. Marginal PIB (%)
100%
80%
60%
40%
20%
0%
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
-20%
-40%
Consumo das famílias
Formação Bruta de Capital Fixo
Importações
Consumo do governo
Exportações
18
Isso porque o “boom”, pela apreciação do câmbio, permite a
aquisição de bens de capitais importados a um preço menor,
como em maior quantidade:
Im port. bens de capital (US$ m ilh.)
$18,000
$16,000
$14,000
$12,000
$10,000
$8,000
$6,000
$4,000
$2,000
$0
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
19
O resultado disso tudo é um aumento na taxa de
crescimento da oferta agregada/potencial da economia.
“A taxa que podemos crescer sem gerar problemas de
inflação e de balança de pagamentos.”
20
Conclusões:
• No inicio do governo Lula, as perspectivas de crescimento
eram ruins. Não havia nenhum fator interno apontando
uma aceleração do crescimento.
• Mas, no final de 2001, se inicia o maior “boom” nos
preços e na demanda por commodities em pelo menos 40
anos.
• Isso gera vários efeitos benéficos na economia:
1. A demanda agregada aumenta via efeitos de renda,
patrimônio e de credito;
2. A oferta agregada aumenta via maior capacidade de
importar e investir.
- Tudo isso aumenta a taxa de crescimento em
potencial da economia
21
Efeitos da crise internacional
• Como que a crise vai afetar os fatores que condicionam o
crescimento econômico?
Resposta: Os mesmos fatores que ajudaram a aumentar a
demanda e oferta agregada estão agora “indo ao contrário”.
A crise externa agora impõe uma nova realidade/restrições:
1. Forte queda nos preços e demanda (“quantum”) das
nossas exportações;
2. Forte queda no fluxo de capital externo para
investimentos financeiros e diretos.
Isso é equivalente a um choque negativo de oferta e
demanda.
22
•
A oferta agregada cai porque com menos receita (em
dólares) de exportação, teremos que importar menos, o que
diminui tanto o consumo como os investimentos. A menor
entrada de recursos também diminui o nível de
investimentos. Ao mesmo tempo, a desvalorização cambial
encarece o preço em Reais dos bens de capitais importados,
diminuído os investimentos e o crescimento da oferta futura.
•
A demanda agregada cai porque a renda real dos
trabalhadores cai e, no caso atual, há restrição ao
crescimento do crédito.
23
Setores mais afetados pela crise:
Setor automotivo/autopeças
Alumínio
Papel e Celulose
Siderurgia/mineração
Construção civil
Produtores de bens de capitais
24
Reação do governo Lula e opções de política econômica
•
Governo tem agido de forma contraditória na crise; de um
lado, tem insistido que a crise não vai “pegar pesado” na
economia; e do outro pede por medidas como se o Brasil
estivesse entrando em recessão...
Fato: O Brasil não está enfrentando um processo recessivo
como os EUA.
Fato: Mas, as novas restrições externas diminuem a taxa
sustentável de crescimento.
Qual a tarefa da política econômica?
25
•
A restrição de oferta já está ocorrendo via restrição
externa. No curto prazo a tarefa da política econômica
é conduzir a queda de demanda agregada pra torná-la
compatível com a nova realidade externa.A tarefa não
é a de sustentar um nível de demanda incompatível
com a oferta, gerando posteriormente problemas de
inflação e na balança de pagamentos.
•
No longo prazo, procurar aumentar a oferta agregada
SEM contar com um “boom” de matérias-primas ou
uma bolha de crédito/fluxo de capitais.
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A questão que se impõe hoje é ONDE e QUANDO vai
acontecer a queda de demanda?
• Infelizmente a queda de demanda cai principalmente
sobre os investimentos e não parece que agora será
muito diferente....
1. Não parece haver disposição de cortar gastos
correntes;
2. A forte depreciação cambial deve diretamente
afetar os níveis de investimento como gerar forte
“stress” patrimonial sobre as empresas e
investidores:
-- O governo pode ser “credor” em moeda estrangeira, mas
isso é porque o setor privado é fortemente devedor! A
volatilidade atual do câmbio é um forte, e desnecessário,
“multiplicador” do atual choque negativo de oferta. 27
E o longo prazo?
O maior risco para a economia brasileira nessa crise não
é uma forte recessão em 2009, mas voltarmos para as
medíocres taxas de crescimento do período anterior...
Como crescer sem forte incremento de poupança
externa?
Como crescer sem ter o setor de commodities liderando
o processo?
Lição final: o “BOOM” e as bolhas permitiram o Brasil
crescer por um breve período de tempo sem ter
completado suas reformas. Ou voltamos a retomar as
reformas, ou vamos voltar a crescer de forma medíocre.
A escolha é nossa....
28
Muito Obrigado!
29
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