SUMÁRIO SOBRE A ELETROBRAS ELETRONUCLEAR 01 BREVE HISTÓRICO DA GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL 04 A ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL Qual o papel e a importância da energia nuclear como alternativa energética para o Brasil? 07 A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil? 08 Quanto representa a produção de Angra 1 e Angra 2? 09 Qual foi a participação de Angra 1 e Angra 2 na matriz elétrica brasileira em 09 2014? No ano passado, a participação das nucleares no Sistema Interligado Nacional 10 (SIN) foi maior que em 2013? Quando Angra 1 e Angra 2 atingiram 200.000.000 MWh? 10 Qual foi o recorde de capacidade de geração da CNAAA? 11 ANGRA 1 1) DESEMPENHO / PRODUÇÃO Qual a potência nominal da Usina Angra 1? 12 Quando a construção de Angra 1 foi iniciada? 12 Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra 12 numa reação em cadeia)? Quando se deu a primeira sincronização na rede? 13 Quando Angra 1 começou a operar comercialmente? 13 Qual é a área construída de Angra 1? 13 Quantos habitantes Angra 1 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2012? 13 Qual é o histórico de operação de Angra 1? 13 • Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para 15 gerar 100% de sua capacidade) de Angra 1 nos últimos anos? Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade de 16 Angra 1, de 2005 até 2010? Qual é a previsão de geração de energia para os próximos anos? 17 Qual é o fator de confiabilidade de Angra 1? 18 Qual a média de geração da Usina Angra 1 em relação ao seu potencial máximo? 18 Qual é a potência de consumo próprio de Angra 1? 18 Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 1? 18 Quando foi o último e quando será o próximo reabastecimento de Angra 1? 18 Quantos reabastecimentos já foram realizados? 18 De abril de 2005 até a substituição dos seus Geradores de Vapor, em 2009, 18 Angra 1 não operou a plena carga. Por quê? Que medidas foram tomadas para que Angra 1 operasse a nível internacional? 19 Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 1? 19 2) CUSTOS Quanto custou a instalação de Angra 1? 20 Qual o custo de produção de Angra 1? 20 Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 1? 20 3) PROGRAMA DE MELHORIAS DE ANGRA 1 Que providências estão sendo tomadas para ampliar a vida útil de Angra 1, que 21 já está há mais tempo em funcionamento? Qual a importância dos geradores de vapor? 21 Por que foi necessário trocar os dois geradores de vapor de Angra 1? 21 A troca dos geradores reduz o tempo de parada das usinas? 22 Quando se iniciou o processo e quando foi concluído? 22 Quais foram os fornecedores dos novos geradores de vapor? 22 Quanto tempo levou a fabricação dos geradores de vapor? 23 Como foi o transporte dos equipamentos até a CNAAA? 23 Quanto tempo levou a troca propriamente dita? 23 Como foi feita a substituição? 23 Onde foram armazenados os geradores antigos? 23 Qual o investimento total do projeto de substituição? 24 Que outras renovações estão sendo introduzidas em Angra 1? 24 Quais são os benefícios dos novos geradores e do combustível avançado para a 24 Usina Angra 1? Por que a tampa do vaso do reator precisou ser trocada? 24 Para que serve a tampa do reator? 25 Quais os benefícios da troca da tampa do reator? 25 Como foi o processo de substituição da tampa do reator? 25 O que será feito com a tampa que foi substituída? 25 Quanto foi investido na operação de troca da tampa e quais foram os 26 fornecedores? A instrumentação e o controle informatizado de Angra 1, criados há mais de 20 anos, ainda atendem às demandas da operação? 26 ANGRA 2 1) DESEMPENHO / OPERAÇÃO Qual a potência nominal da Usina Angra 2? 27 Quando a construção de Angra 2 foi iniciada? 27 Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra 28 numa reação em cadeia)? Quando se deu a primeira sincronização na rede? 28 Quando Angra 2 começou a operar comercialmente? 28 Qual é a área construída de Angra 2? 28 Quantos habitantes Angra 2 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2014? 28 Qual o histórico de operação de Angra 2? 28 Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para 29 gerar 100% de sua capacidade) de Angra 2 nos últimos anos? Qual é o fator de confiabilidade de Angra 2? 30 Qual a média de geração da Usina Angra 2 em relação ao seu potencial 30 máximo? Qual é a potência de consumo próprio de Angra 2? 30 Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 2? 30 Quando será o próximo reabastecimento? 31 Quantos reabastecimentos já foram realizados? 31 Qual é a previsão de geração de energia para 2015? 31 Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 2? 31 A Usina Angra 2 conseguiu um superávit de geração de 50 MW sem alterar o 32 projeto original. Quais foram as ações práticas adotadas para que a Eletronuclear alcançasse esse desempenho? O desempenho de Angra 2 é comparável a outras usinas do tipo PWR do resto 32 do mundo? Angra 2 continuará operando em sua potência máxima (1.350 MW)? 32 2) CUSTOS De quanto foi o custo das instalações de Angra 2? 33 Qual o custo/benefício da conclusão de Angra 2? 33 Qual o custo de produção de Angra 2? 34 Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 2? 34 ANGRA 3 1) POR QUE ANGRA 3? Angra 3, depois de mais de 20 anos, teve suas obras reiniciadas. Como foi essa decisão governamental? 35 Quais os argumentos técnicos que referendaram a decisão do CNPE de concluir 36 Angra 3? Como se deu o processo de licenciamento ambiental? 37 Além da licença do Ibama, que outras autorizações foram necessárias para a 37 efetiva retomada das obras de Angra 3? O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a paralisação das obras de 39 Angra 3, solicitando que fosse entregue um relatório final de análise de segurança probabilística, antes do início da construção. Quais medidas foram tomadas para cumprir essa solicitação? A decisão sobre Angra 3 não deveria ter sido apreciada pelo Congresso 39 Nacional? Por que as obras de Angra 3 foram paralisadas? 40 Quando foram feitas as primeiras intervenções no canteiro de obras de Angra 3? 40 Quando as obras foram reiniciadas? 40 Quando Angra 3 começará a gerar energia elétrica? 41 Quais os motivos do atraso para a conclusão de Angra 3? 41 Que benefícios Angra 3 trará para o setor elétrico brasileiro? 41 2) DADOS TÉCNICOS Angra 3 é uma usina de última geração? 45 Qual será o tipo de reator de Angra 3? 45 Qual será a potência nominal da Usina? 45 Já foi determinada a garantia física de energia de Angra 3? 45 Quais são as diferenças entre Angra 2 e Angra 3? 45 Como será o Sistema de Instrumentação e Controle de Angra 3? 46 Qual será a área construída de Angra 3? 46 Qual o progresso físico atual de Angra 3? 46 Qual o cronograma para a conclusão da Usina? 46 3) CUSTOS E INVESTIMENTOS Quanto foi gasto para a preservação de Angra 3 durante o período de paralisação 47 das obras? Quanto já foi investido, até hoje, em compra de equipamentos e na construção da 48 Usina Angra 3? Quanto será necessário investir para a conclusão da Usina? Qual o acréscimo financeiro sofrido pelo empreendimento Angra 3 em relação ao 48 orçamento de 2010? Quem fará o investimento para a construção de Angra 3, o grupo Eletrobras ou 49 algum agente privado? Esses financiamentos já foram solicitados? 49 Mas a aquisição no mercado internacional não se daria por meio de empréstimos 50 com bancos estrangeiros? A indústria brasileira pode cobrir a montagem de Angra 3? 50 Qual é o grau de nacionalização previsto para Angra 3? 50 O que é Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas 50 Nucleares (Renuclear) e de que forma ele beneficia Angra 3? Já foi escolhido o modelo de comercialização de Angra 3? 51 O preço da energia gerada por Angra 3 não será alto demais, na comparação 51 com as outras fontes? 4) ACORDO Angra 3 está prevista no acordo bilateral Brasil-Alemanha? 52 Com o reposicionamento da Alemanha em relação à energia nuclear, o governo 52 alemão ainda apoia a manutenção desse acordo? 5) CONTRATOS E LICITAÇÕES Quando foi assinado o contrato de obras civis de Angra 3 com a Construtora 52 Andrade Gutierrez? Qual é o valor do contrato de obras civis com a construtora Andrade Gutierrez? 53 A Andrade Gutierrez tinha de ser obrigatoriamente a empreiteira encarregada da 53 execução de Angra 3? Não se cogitou fazer outra licitação? Estava prevista multa em caso de rescisão unilateral? 53 A Andrade Gutierrez está pleiteando novo aditivo contratual? Por que a partir do 53 mês de maio de 2014 a construtora iniciou um processo de desmobilização de mão de obra no canteiro de Angra 3? O que diz o acordo com a Areva? A empresa fornecerá os equipamentos e 54 financiará o projeto? Que contratos já foram assinados para Angra 3? 54 Para que serviços precisarão ser feitos novos contratos mediante processo de 54 licitação? Como foi feito o processo de licitação para a montagem eletromecânica? 55 Quais foram as empresas vencedoras da licitação da montagem 56 Como será implementado o contrato da montagem eletromecânica? 56 Qual o valor dos contratos da montagem eletromecânica 57 6) MÃO DE OBRA A Eletronuclear está priorizando a contratação de trabalhadores dos municípios 57 vizinhos à Central Nuclear durante a construção de Angra 3? Quantos trabalhadores já foram contratados para a obra? 58 Esse efetivo deve aumentar? 58 Qual o perfil da mão de obra requerida para Angra 3? 58 7) EQUIPAMENTOS Os equipamentos de Angra 3 estão em condições de operação confiável e 60 segura? Como é feita a preservação dos equipamentos? 60 Como funciona o programa de manutenção e preservação? 60 Quais são os principais equipamentos da Usina? 60 Esses equipamentos comprados na década de 1980 não estão obsoletos? 60 Que tipo de equipamento ainda será comprado? 61 NOVAS USINAS NUCLEARES O Brasil planeja expandir sua capacidade de geração nucleoelétrica além de 62 Angra 3? De que de forma o acidente no Japão afetou o Programa Nuclear Brasileiro? Até agora, o que já foi feito pela Eletronuclear para dar prosseguimento às metas 62 63 do Programa Nuclear Brasileiro? Quais aspectos são analisados para escolher a localização das novas centrais 63 nucleares? A Eletronuclear inaugurou um escritório no Nordeste. Por que foi escolhida a 65 capital de Pernambuco? Por que o litoral da Bahia até Pernambuco, considerado antes “área de 65 interesse”, foi descartado? Quais as mudanças que devem ocorrer no Nordeste se forem instaladas usinas 66 nucleares? Que outros tipos de benefícios a Região Nordeste teria? 66 Qual seria o investimento previsto para a implantação dessas novas usinas? 67 Em termos de custo de energia gerados por MW/h, em quanto tempo se 67 amortiza o custo de implantação de uma central nuclear? Com relação aos subsídios, há previsão de investimentos estrangeiros na 68 construção dessas usinas? Quais serão as alternativas tecnológicas para as novas usinas? 68 Qual a participação e a importância da indústria brasileira nesse processo? 68 Qual será a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira com 68 as novas usinas? A construção das centrais está vinculada ao crescimento da economia do país e, 69 por consequência, da demanda por energia. A crise internacional deve reduzir significativamente a taxa de crescimento econômico por um período que o governo considera médio. O programa sofrerá alterações? A cadência de uma nova usina por ano é factível? Como? TEMAS GERAIS 69 1) TARIFA Qual é o custo da energia gerada pelas usinas nucleares? Em comparação com outras formas de geração de energia, a fonte nuclear é 70 70 competitiva? 2) BALANÇO PATRIMONIAL / DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO De quanto foi o resultado da Eletronuclear em 2014? Quais foram as mudanças feitas que contribuíram para a regressão do resultado 71 72 do serviço da Eletronuclear? Qual o investimento realizado da Eletronuclear no ano 2014? O orçamento da Eletronuclear foi aprovado pelo Programa de Dispêndios 73 73 Globais? 3) FUNCIONAMENTO E SEGURANÇA DAS USINAS Qual é a vida útil das usinas nucleares? 74 Como é o funcionamento de uma usina nuclear? 75 A energia nuclear é distribuída pelo Sistema Interligado Nacional (SIN)? 76 Quais são os estados que não fazem parte do SIN? 76 Qual é o grau de segurança das usinas nucleares? 76 Os padrões de segurança nuclear adotados no Brasil são eficientes? 79 O que é um prédio de contenção? 80 Quais são as principais diferenças entre a central de Chernobyl e as usinas de 82 Angra? Quais são as principais diferenças entre a central de Fukushima e as usinas de 85 Angra? Quantos acidentes aconteceram nos últimos dez anos? 86 Que tipo de acidente seria mais possível de acontecer nas usinas nucleares de 87 Angra? Nos dosímetros aparece a medida de radiação. Como se chama essa medida? 87 Quanto um funcionário pode receber de radiação? A taxa é mensal? 87 O que acontece quando se ultrapassa o limite de radiação que um funcionário 88 pode receber? O que aconteceria se um avião caísse na Central Nuclear? 88 O projeto estrutural leva em consideração a possível ocorrência de um abalo 89 sísmico? E o terremoto que atingiu o litoral paulista em 2008? 90 Existe um monitoramento sísmico nas usinas? 91 Qual a possibilidade de um tsunami (maremoto) atingir o litoral brasileiro na 91 Região Sudeste? Existe no local um sistema de segurança adequado para impedir uma possível 92 ocorrência de invasão? Quais são as medidas existentes para se detectar, impedir e combater tal fato? 4) EVENTOS OPERACIONAIS E PLANO DE EMERGÊNCIA Existe um plano de emergência? É feito algum tipo de treinamento com a 92 população local? Quais são os órgãos envolvidos? 93 Como é feito o planejamento de resposta a emergências nucleares? 93 Como foram definidas estas distâncias? 93 Há quantas pessoas aproximadamente nas ZPEs 3 e 5? 94 No âmbito do Plano de Emergência, como são classificados os eventos e a partir 94 de que nível devem preocupar a população? Como é feito o aviso para a população? 96 E se esse sistema de som não funcionar? 96 Como é feita a remoção da população? 96 Para onde vai a população removida? 96 Esse plano é testado periodicamente? 97 A população recebe regularmente esclarecimentos sobre o plano? 97 Como funciona o Plano de Emergência Local? 98 5) REJEITOS Como são classificados os rejeitos radioativos? 99 Como a Eletronuclear vem conduzindo as ações relacionadas aos rejeitos de 99 Angra 1 e Angra 2 e como pretende resolver a questão para Angra 3? Qual o grau de perigo que eles oferecem para as pessoas e o meio ambiente? 101 Quando, exatamente, são produzidos rejeitos de médio e alto níveis de radiação? 101 Onde estão sendo armazenados os rejeitos de Angra 1 e Angra 2? E onde serão 101 armazenados os rejeitos de Angra 3? Os projetos de construção de depósitos na Europa são do mesmo nível que os 102 nossos? Por que os Depósitos 2 e 3 foram construídos com paredes de concreto, e o 102 Depósito 1 é de alvenaria? As obras do Depósito 3 já foram concluídas? Quantos empregos esse 103 empreendimento gerou? Qual foi o custo de construção do Depósito 3? 103 Por que a obra do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 2003? Como está o 103 licenciamento do empreendimento atualmente? Qual é a capacidade do Depósito 2B e quanto foi investido para sua conclusão? 104 Para que servirá o Prédio de Monitoração? Qual é o custo do empreendimento? 105 Como se deve resolver o problema do armazenamento dos rejeitos que se 105 encontram em depósitos iniciais? Qual a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? 105 Qual é a área dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? 106 Como é feita a ocupação desses depósitos? 107 A Eletronuclear vem tomando medidas para otimizar a capacidade de 107 armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? Qual a produção de rejeitos de Angra 1 e Angra 2? 107 Quantas toneladas de rejeitos existem armazenadas na Central Nuclear de Angra 107 dos Reis? E nos Estados Unidos? Qual é a quantidade de elementos combustíveis (rejeitos de alta atividade) 108 armazenados nas piscinas de combustível usado? Qual é a massa dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2? 108 Qual a capacidade das piscinas que guardam os elementos combustíveis usados 108 nas usinas? O espaço ainda disponível nas piscinas é suficiente para mais quanto tempo de 108 operação? Como os rejeitos de baixa e média atividades são manuseados e armazenados? 109 Como é feito o transporte dos rejeitos de baixo e médio níveis de radiação de 110 dentro das usinas até os Depósitos Iniciais? O que aconteceria se o caminhão que transporta os rejeitos caísse na encosta? 110 No caso de deslizamento de encosta, o que aconteceria com os rejeitos? 110 Como a população da região pode fiscalizar a segurança do armazenamento dos 110 rejeitos? Qual o atual estágio de desenvolvimento do depósito definitivo de rejeitos 111 radioativos? Qual a lei que dispõe sobre a seleção de locais para a construção dos depósitos 111 finais de rejeitos radioativos? Como seria o transporte dos rejeitos caso o depósito definitivo fosse fora do sítio 112 das usinas? O que é reprocessamento dos elementos combustíveis e qual o seu objetivo? 112 O país estuda a possibilidade de fazer o reprocessamento dos combustíveis 113 usados? Por que os rejeitos não são incinerados? 113 Quanto tempo os rejeitos precisam ficar armazenados para deixar de causar 114 ameaça à população? O que é a meia-vida dos radionuclídeos? 114 6) COMBUSTÍVEL Qual é o custo do combustível nuclear? Se comparado a outras fontes 115 energéticas, é competitivo? No caso do aumento do preço do urânio, qual é a consequência nos custos de 116 geração de energia nuclear? Que quantidade de urânio é necessária para produzir 1 kWh? 116 Como estão nossas reservas de urânio? O que temos hoje e qual é sua vida útil? 117 Há perspectivas de crescimento? Quando a Jazida de Itatiaia, em Santa Quitéria, no Ceará, entrará em operação? 117 Qual a expectativa para que Angra 3 receba o urânio extraído das minas de 117 Caetité e Santa Quitéria? O Brasil enriquece urânio? 117 Como o combustível chega a Angra? 118 Quais são as etapas do ciclo do combustível nuclear? 119 Quantos elementos combustíveis são necessários para abastecer as usinas de 121 Angra 1 e Angra 2? E qual é a característica desses combustíveis? 7) PARADAS Como é feito o reabastecimento das usinas? 122 Qual o impacto das paradas de reabastecimento no Sistema Integrado Nacional? 122 Qual é o custo por dia das usinas Angra 1 e Angra 2 quando paralisadas por 123 incidentes ou para recarga e manutenção técnica? O que acontece com o combustível usado? 123 Há necessidade de licenciamento? 123 • Quais os órgãos envolvidos nessa operação? 124 Que tipo de combustível é usado na recarga? 124 Qual é a previsão das paradas de 2015? 124 8) FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO E SEGURO DAS USINAS O que é descomissionamento de uma usina nuclear? 124 O que é o fundo de descomissionamento das usinas? 124 Qual será o custo do descomissionamento de Angra 1 e Angra 2? 125 De onde provêm os recursos para o fundo de descomissionamento das usinas 125 Angra 1 e Angra 2? Como funciona o seguro das usinas nucleares? Qual o valor das apólices? 126 Quais riscos são cobertos pelo seguro? 126 De quanto em quanto tempo as usinas são vistoriadas pelas seguradoras? 127 9) MEIO AMBIENTE Em março de 2014, o Ibama concedeu a Licença de Operação Unificada para a 127 Central Nuclear. O que significa isso no processo de licenciamento ambiental? Quais as vantagens ambientais de uma usina nuclear sobre as usinas térmicas convencionais? 128 Como é monitorado o meio ambiente para saber se não há risco? 131 Qual a posição da empresa em relação aos protestos dos ambientalistas? 132 10) RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Como a empresa atua na área de responsabilidade socioambiental? 133 Qual a importância para a empresa em agir de forma socialmente responsável? 133 A empresa apoia parcerias com o poder público? 134 Como é avaliado o retorno desses projetos para a empresa? 134 Quais são os projetos desenvolvidos pela Eletronuclear na área de saúde? 136 Qual é a relação entre a Eletronuclear e a Feam? 136 O que é o Cira? 137 Como a Eletronuclear está investindo na área de educação? 138 Quais são os projetos da Eletronuclear para o meio ambiente? 139 A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das 140 medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2? E o Parque Nacional da Serra da Bocaina? Qual é o envolvimento da Eletrobras 141 Eletronuclear? A Eletrobras Eletronuclear dá suporte às comunidades indígenas vizinhas às 142 suas instalações? Que tipo de investimento cultural a empresa promove? 142 Que outros investimentos a Eletronuclear vem fazendo para melhorar a qualidade 143 de vida nos municípios de Paraty, Rio Claro e Angra dos Reis? A CNAAA é aberta ao público para visitação? Para a empresa, qual a importância 144 de políticas de comunicação como a do Centro de Informações de Itaorna, onde há uma exposição de filmes e folhetos educativos? Quanto foi investido na área em 2014? 11) O ACIDENTE NUCLEAR NA CENTRAL DE FUKUSHIMA DAIICHI Quais são as principais diferenças entre a central de Fukushima e as usinas de 145 146 Angra? Diante do acidente nuclear no Japão, o Brasil deverá manter o seu programa 147 nuclear? Quais as lições aprendidas com o acidente nuclear no Japão? 148 As usinas brasileiras correm o risco de sofrer com tsunamis como o ocorrido no 149 Japão? As nossas usinas são seguras? 149 Que medidas de segurança adicionais o Brasil está adotando nas usinas de 150 Angra após a tragédia no Japão? E como está o andamento desse plano? 12) PANORAMA DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO 151 Quais são as projeções da AIEA quanto ao crescimento da energia nuclear? 154 Por quanto tempo as reservas de urânio conhecidas poderão abastecer as usinas 156 nucleares? Que países possuem as maiores reservas? Qual a participação da energia nuclear no mercado mundial? 157 Qual é a capacidade instalada mundial por fonte nuclear? 157 Como estão distribuídos, no mundo, os reatores nucleares? 158 Como estão distribuídos, no mundo, os reatores do tipo PWR utilizados nas 159 Usinas Angra 1 e Angra 2? Quantos reatores nucleares estão em construção no mundo? 160 Dos reatores em construção, quantos são do tipo PWR? 160 Quais os países que mais dependem da energia nuclear dentro de sua matriz 161 energética? Quais os países que mais contribuem com energia nuclear na matriz energética 162 mundial? E o Brasil, com quanto contribui? Qual a situação atual da energia nuclear em alguns países? Produção e edição: Coordenação de Relacionamento com a Mídia (Julho/2015) 164 SOBRE A ELETROBRAS ELETRONUCLEAR A Eletrobras Eletronuclear é uma sociedade anônima de economia mista com a finalidade de operar e construir as usinas termonucleares do país. Subsidiária da Eletrobras, foi criada em 1997 a partir da fusão entre a antiga Diretoria Nuclear de Furnas e Nuclebrás Engenharia (Nuclen). A Eletronuclear opera as duas usinas nucleares da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), no município de Angra dos Reis, com a capacidade instalada total de 1.990 MW. Pelo sistema elétrico interligado, essa energia chega aos principais centros consumidores do país. Em 2014, correspondeu a aproximadamente 3% da energia elétrica consumida no Brasil e a um terço do consumo total de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro – proporções que se ampliarão quando estiver concluída a terceira usina da Central. Atualmente, estão em operação as usinas Angra 1, com capacidade para geração de 640 megawatts elétricos, e Angra 2, com potência de 1.350 megawatts elétricos. Angra 3, que será praticamente uma réplica de Angra 2 (incorporando os avanços tecnológicos ocorridos desde a construção dessa Usina), está prevista para gerar 1.405 megawatts. A CNAAA, situada em Itaorna, município de Angra dos Reis, foi assim denominada em justa homenagem ao pesquisador pioneiro da tecnologia nuclear no Brasil e principal articulador de uma política nacional para o setor. Embora a construção da primeira usina tenha sido sua inspiração, o almirante, nascido em 1889, não chegou a ver Angra 1 gerando energia, pois faleceu em 1976. Mas sua obra persiste na competência e na capacitação dos técnicos que fazem o Brasil ter hoje usinas nucleares classificadas entre as mais eficientes do mundo. PESSOAL E VILAS RESIDENCIAIS A Eletronuclear tem quantos funcionários? O quadro de pessoal da Eletronuclear, em 30/04/2015, é composto por 2.251 empregados, sendo 649 na Sede no Rio de Janeiro, 1.599 em Angra dos Reis e 3 no escritório de Brasília. Quantas vilas residenciais a Eletronuclear possui? Quantas residências existem em cada uma dessas vilas? Que outras instalações há nas vilas? Vila Residencial de Praia Brava: 540 Residências; 02 Hotéis: Hospedagem I - 06 suítes e 48 apartamentos; Hospedagem II - 21 apartamentos e 31 quartos; 01 Hospital; 01 Escola; 01 Creche; 02 Clubes; 01 Espaço Cultural Eletrobras Praia Brava; 01 Centro Comercial; 01 Centro Ecumênico. Vila Residencial de Mambucaba: 481 Residências; 72 Flats; 01 Laboratório de Monitoração Ambiental; 01 Centro de Treinamento com Simulador; 03 Escolas; 02 Creches; 01 Clube e 3 Centros Comerciais; 01 Unidade Médica da FEAM; 03 Campos de Futebol; 03 Quadras Poliesportivas. Vila Operária: 201 Residências; 05 Blocos de Hospedagem com banheiros coletivos com 155 quartos; 03 Blocos de Hospedagem com 84 apartamentos e banheiros individuais e (suítes); 04 Blocos de Alojamento com banheiros coletivos com 128 quartos; 09 Repúblicas com 34 leitos; 01 Centro de Medicina de Radiações Ionizantes; 01 Restaurante; 01 Destacamento do Corpo de Bombeiros; 01 Centro Ecumênico; 01 Campo de Futebol. Vila Consag 150 residências; 01 Churrasqueira; 01 Centro Comercial; 01 Restaurante. LOCALIZAÇÃO Por que o município de Angra dos Reis foi escolhido para abrigar a CNAAA? A CNAAA está instalada num dos pontos mais bonitos do litoral do país, na Praia de Itaorna. Um dos fatores determinantes para escolha do local foi a proximidade quase equidistante de três grandes centros consumidores brasileiros: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, evitando perdas de energia em longas linhas de transmissão. Outro fator importante foi a proximidade do mar. Embora o urânio seja o combustível, é a água que movimenta e refrigera uma usina nuclear. Por isso ela precisa ser construída próxima a um rio ou mar, onde exista água em abundância. Qual é o tamanho da área ocupada pela CNAAA? A área ocupada pela CNAAA é de 1,6 km², porém com as demais instalações de apoio (estações de tratamento de águas, laboratório de monitoração, centro de treinamento, vilas residenciais, etc.) a área total é de 3,5 km². BREVE HISTÓRICO DA GERAÇÃO NUCLEAR NO BRASIL •1968 – O governo brasileiro decide construir a primeira usina nuclear. •1972 – Começa a construção de Angra 1. •1975 – O Brasil assina um acordo de cooperação com a Alemanha para ter acesso ao ciclo completo de abastecimento. Inicia uma forte indústria de equipamentos, produção de combustível nuclear e um protocolo de compra de oito usinas nucleares. •1975 – Os dois primeiros reatores de 1.300 MW Siemens/KWU são encomendados, e a construção começa. •1982 – Angra 1 é conectada à rede pela primeira vez. • As atividades de construção de Angra 2 se desenvolvem vagarosamente nos anos 1980. •1984 – As obras civis de Angra 3 são iniciadas. •1985 – Início da operação comercial de Angra 1. •1986 – As obras de Angra 3 são paralisadas. •1996 – É contratada a montagem eletromecânica de Angra 2. •1997 – É criada a Eletronuclear. •2001 – Início da operação comercial de Angra 2. •2006 - Angra 1 e Angra 2 atingem produção acumulada de 100 milhões de MW/h •2007 – O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) autoriza a retomada de Angra 3 no dia 25/06/2007. •2008 – O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) concede, no dia 23/07/2008, a Licença Prévia Ambiental da Usina Angra 3. •04/03/2009 – O Ibama emite a Licença de Instalação que autoriza o início das obras de Angra 3. •04/06/2009 – Concluída parada para substituição dos geradores de vapor de Angra 1. •24/06/2009 – A Prefeitura de Angra dos Reis emite o Alvará de Licença para a construção de Angra 3. •22/07/2009 – O Tribunal de Contas da União revisa a minuta do termo aditivo ao contrato de obras civis e autoriza a retomada de Angra 3. •07/11/2009 – Angra 1 e Angra 2 atingem produção total acumulada de 150 milhões de megawatts. •31/05/2010 – A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) concede a Licença de Construção de Angra 3, autorizando o início da concretagem da laje do prédio do reator da Usina – marco zero da obra. •21/07/2010 – Angra 2 completa 10 anos de operação. •29/12/2010 – BNDES aprova financiamento de R$ 6,1 bilhões para construção de Angra 3. •01/04/2012 – Angra 1 completa 30 anos. •28/12/2012 - A Eletrobras firma contrato com a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 3,8 bilhões, para financiar a aquisição de bens e serviços no mercado internacional •01/01/2013 – Energia de Angra 1 e Angra 2 passa a ser comercializada diretamente com distribuidoras. •15/02/2013 – Angra 1 e Angra 2 atingem a marca de produção total acumulada de 200 milhões de megawatts. •06/03/2013 – Concluída parada para substituição da tampa do vaso do reator de Angra 1 •07/11/2013 – A Eletronuclear firma contrato com a Areva, no valor de €1,25 bilhão (cerca de R$ 3,87 bilhões), para o fornecimento de serviços de engenharia e equipamentos importados para Angra 3, incluindo o sistema digital de instrumentação e controle da usina. •01/02/2014 – A Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (Feam) completa 15 anos. •12/03/2014 – O Ibama concede Licença de Operação Unificada para todas as instalações da Central Nuclear. •19/09/2014 – Foram assinados os contratos para execução da montagem eletromecânica da Usina Angra 3. •01/10/2014 – Iniciada a mobilização no canteiro de obras para o começo da montagem eletromecânica de Angra 3. •13/11/2014 – Publicada a Lei Nº 13.043, que institui o Renuclear e garante isenção de impostos de cerca de R$ 1,5 bilhão no empreendimento Angra 3. A ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL Qual o papel e a importância da energia nuclear como alternativa energética para o Brasil? De complementaridade. Não deve existir competição entre as fontes energéticas disponíveis. Dificilmente haverá uma fonte de energia que represente solução única de forma sustentável para um país. O próprio exemplo brasileiro, cujo sistema elétrico integrado foi por muito tempo baseado essencialmente na fonte hídrica e que hoje passa por uma transformação no sentido de se tornar um sistema hidrotérmico, reforça essa tese. O caráter largamente majoritário da hidroeletricidade torna o Brasil um caso único, com uma importante vantagem competitiva em nível global. A operação do sistema, entretanto, vai depender de quanto e onde chove no país, ou seja, da natureza. Um sistema hídrico que se autorregule para enfrentar um ano seco como, por exemplo, o de 2001, necessita, no mínimo, de cinco meses de energia hídrica armazenada. No entanto, as usinas hidroelétricas que deverão entrar em operação, de agora em diante, tenderão a apresentar uma razão entre a capacidade de armazenamento de água e a produção de energia elétrica da ordem de dois meses. Grandes reservatórios na Amazônia, região onde se encontra a maior parte do potencial hidroelétrico disponível para aproveitamento, são inviáveis dos pontos de vista social e ambiental. Portanto, a geração de eletricidade no Brasil por meio de centrais térmicas, a médio prazo, não é motivada pelo esgotamento do potencial hídrico, mas para fazer frente aos riscos hidrológicos. Nesse contexto, as usinas termoelétricas passam a ser provenientes da necessidade de regulação do sistema. A expansão da contribuição de outras fontes renováveis – eólica, solar, biomassa – deverá ser a máxima possível. Porém elas não reduzirão a necessidade da complementação térmica. Todas as fontes renováveis dependem dos ciclos da natureza e requerem complementação térmica para os períodos em que não estão plenamente disponíveis. O país está passando por um “divisor de águas”. A situação atual de virtual “monopólio” da hidroeletricidade no Sistema Interligado Nacional apresenta tendência de evolução para uma situação em que a componente hidroelétrica continuará a predominar e ter precedência. Porém, ao lado de uma importante componente termoelétrica necessária para garantir o funcionamento seguro do sistema. Nesse contexto, o Brasil tem uma situação privilegiada, pois dispõe, em seu território, de diversas alternativas de geração térmica: urânio, carvão, biomassa, gás natural e petróleo. O que determinará a contribuição relativa de cada uma para a complementação térmica serão os fatores de utilização, abundância em território nacional, segurança de abastecimento, logística de aprovisionamento, volatilidade de preço, impacto ambiental e outros usos (transporte, indústria). Deve-se ressaltar que, diferentemente dos combustíveis fósseis, o combustível nuclear – urânio –, do qual o Brasil possui uma das maiores reservas mundiais, não tem atualmente qualquer outro uso industrial que não seja a geração de energia elétrica. Essa importância se torna ainda mais realçada agora, quando o país passou a dominar o conhecimento do ciclo completo de fabricação do combustível nuclear. A energia nuclear é uma tecnologia viável e sustentável no Brasil? Sim, por vários aspectos. Primeiro porque a opção nuclear permite a geração confiável de uma energia ambientalmente limpa, que não contribui para o efeito estufa, e não é afetada pelas variações climáticas. Além disso, a energia nuclear faz uso de um combustível de origem nacional, o que permite minimizar vulnerabilidades no abastecimento e na proteção contra a volatilidade dos preços, não estando sujeito a flutuações no mercado internacional. Por ocuparem uma área pequena, quando comparadas com outras formas de geração de energia, as usinas nucleares podem ficar próximas aos grandes centros consumidores, eliminando a necessidade de longas linhas de transmissão. Quanto representa a produção de Angra 1 e Angra 2? Como o parque elétrico brasileiro tem mais de 65% da capacidade instalada de geração de origem hidráulica, com longas linhas de transmissão até os grandes centros consumidores, a importância de Angra 1 e Angra 2 para a estabilização do sistema elétrico no eixo Rio-São Paulo é muito grande. São 640 MW de Angra 1 e 1.350 MW de Angra 2, fundamentais para a melhoria da confiabilidade no fornecimento de energia elétrica para o sistema da Região Sudeste. A energia nuclear respondeu em 2014 por 2,87% da geração do Sistema Interligado Nacional e, particularmente, no que diz respeito ao Rio de Janeiro, corresponde a um terço do consumo cativo total de energia elétrica do estado. Angra 3 acrescentará outro bloco de energia similar ao de Angra 2. Com as três usinas em operação, o complexo nuclear de Angra dos Reis terá um potencial de geração total de aproximadamente 29.700.000 MWh por ano, sendo capaz de atender a cerca de 60% da demanda energética do Estado do Rio de Janeiro, se considerarmos os dados de 2014. Qual foi a participação de Angra 1 e Angra 2 na matriz elétrica brasileira em 2014? Em 2014, a produção de energia elétrica de Angra 1 e Angra 2, juntas, foi de 15.434.507,1 MWh – o que representa 2,87% da geração de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a nuclear foi a quinta maior fonte de geração elétrica, ficando atrás das hidroelétricas e das térmicas a gás, a óleo e carvão. Geração do Sistema Interligado Nacional (SIN) Período: Janeiro/2014 a Dezembro/2014 Geração Geração Total Tipo de Usina Térmica (GWh) Hidráulica (1) Nuclear Gás Carvão Óleo Biomassa Eólica Total térmicas Total do SIN 392.584,942 15.433,252 68.742,767 17.384,838 26.204,505 11.059,480 6.564,349 138.824,842 537.974,133 Nuclear (%) 72,97 2,87 12,78 3,23 4,87 2,06 1,22 25,81 100,0 11,12 49,52 12,52 18,88 7,97 100,0 - Geração Térmica Geração Total Hidráulica (1) (%) Gás Carvão Óleo Biomassa Eólica (1) Inclui a parcela de Itaipu-Brasil Fontes: Dados do SIN - ONS; Dados de Angra 1 e Angra 2 - SMF (Sistema de Medição para Faturamento) No ano passado, a participação das nucleares no Sistema Interligado Nacional (SIN) foi maior que em 2013? As usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 fecharam o ano de 2014 gerando, juntas, 15.434.507,1 megawatts-hora contra 14.640.181,7 megawatts-horas gerados em 2013 – a 3ª melhor marca da história da Eletronuclear até agora. A energia gerada em 2014 seria suficiente para suprir, ao mesmo tempo, os estados do Pará e de Minas Gerais durante um ano. Quando Angra 1 e Angra 2 atingiram 200.000.000 MWh? No dia 15 de fevereiro de 2013, as usinas nucleares atingiram a produção total de 200.000.000 MWh. Angra 1 está em operação comercial desde abril de 1985 e Angra 2, desde fevereiro de 2001. Os 200.000.000 MWh dariam para atender ao consumo das seguintes cidades: Porto Alegre por 55 anos Recife por 50 anos Belo Horizonte por 32 anos Rio de Janeiro por 12 anos São Paulo por 7 anos Qual foi o recorde de capacidade de geração da CNAAA? No dia 30 de agosto de 2014, a CNAAA obteve um novo recorde de capacidade de geração. Angra 1 e Angra 2 atingiram juntas 2.036 MW. No dia 8 de setembro, as usinas atingiram a segunda maior marca de sua história, registrando 2.033 MW. ANGRA 1 1. DESEMPENHO / PRODUÇÃO Em 1968, o governo brasileiro decidiu ingressar no campo da produção da energia nucleoelétrica, com o objetivo primordial de propiciar ao setor elétrico a oportunidade de conhecer essa moderna tecnologia e adquirir experiência para fazer frente às possíveis necessidades futuras. Como àquela época já estava prevista uma complementação termoelétrica na área do Rio de Janeiro, foi decidido que esse aumento se fizesse mediante a construção de uma usina nuclear de cerca de 600 MW. Essa incumbência foi, então, confiada pela Eletrobras à Furnas, que realizou uma concorrência internacional, vencida pela empresa americana Westinghouse. Angra 1 foi adquirida sob a forma de turn key, como um pacote fechado, que não previa transferência de tecnologia por parte do fornecedor. No entanto, a experiência acumulada pela Eletronuclear, com indicadores de eficiência que superam os de muitas usinas similares, permite que a empresa tenha, hoje, a capacidade de realizar um programa contínuo de melhoria tecnológica em Angra 1, incorporarando os mais recentes avanços da indústria nuclear. Qual a potência nominal da Usina Angra 1? A potência elétrica (bruta) de Angra 1 é 640 MW. Quando a construção de Angra 1 foi iniciada? A construção de Angra 1 foi iniciada em 29 de março de 1972 com a concretagem da laje do prédio do reator. Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra numa reação em cadeia)? A primeira reação em cadeia foi estabelecida às 20h23 do dia 13/03/1982. Quando se deu a primeira sincronização na rede? Às 15h26 do dia 01/04/1982. Quando Angra 1 começou a operar comercialmente? A Usina Angra 1 começou a operar comercialmente no dia 01/01/1985. Qual é a área construída de Angra 1? Angra 1 ocupa 37.918,35 m2. Quantos habitantes Angra 1 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2014? Angra 1 foi capaz de abastecer 9,9 milhões de habitantes, considerando a média de consumo do Brasil por habitante (0,501 MWh/ano), obtida a partir da média de consumo nacional por residência (2,004 MWh/ano) e o parâmetro utilizado pelo IBGE para estabelecer o número de habitantes por residência (4). A unidade poderia atender ao consumo do estado do Ceará por aproximadamente 1 ano. Qual é o histórico de operação de Angra 1? A geração bruta, desde o início da operação comercial até 31 de dezembro de 2014, é a seguinte: ANO FASE 1 GERAÇÃO BRUTA DE ANGRA 1 (MWh) APARECIMENTO E SOLUÇÃO DE GRANDES PROBLEMAS 1985 3.412.087,3 1986 145.597,2 1987 973.301,9 1988 613.961,3 1989 1.845.373,8 1990 2.258.049,0 1991 1.441.597,1 1992 1.752.277,1 1993 441.769,9 FASE 2 APÓS A SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS 1994 54.960,4 1995 2.520.684,7 1996 2.428.936,2 FASE 3 APÓS A CISÃO DE FURNAS E A FUSÃO COM A NUCLEN 1997 3.161.440,0 1998 3.265.251,5 1999 3.976.943,2 2000 3.423.307,6 2001 3.853.499,2 2002 3.995.104,0 2003 3.326.101,3 2004 4.124.759,2 2005 3.731.189,7 2006 3.399.426,4 2007 2.708.723,5 2008 3.515.485,9 2009 2.821.494,7 2010 4.263.040,8 2011 4.654.487,0 2012 5.395.561,3 2013 3.947.626,4 2014 4.989.574,6 TOTAL 86.441.612,2 Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para gerar 100% de sua capacidade) de Angra 1 nos últimos anos? Angra 1 ANO (%) 2000 80,81 2001 82,90 2002 86,35 2003 73,30 2004 90,05 2005 81,61 2006 74,88 2007 61,45 2008 78,90 2009 57,30 2010 77,30 2011 89,60 2012 97,26 2013 71,20 2014 88,71 Quais as principais causas dos baixos valores de fator de disponibilidade de Angra 1, de 2005 até 2014? Fator de Ano Disponibilidade Principais causas (%) 2005 81,61 2006 74,88 2007 61,45 Execução de reparos nos geradores de vapor Substituição do rotor de uma das turbinas de baixa pressão Problemas na excitatriz do gerador elétrico 2008 78,90 Preservação dos geradores de vapor Substituição dos geradores de 2009 57,30 vapor no período de 24/01/09 a 06/06/09 - Reparo no Sistema de Refrigeração a Hidrogênio do gerador elétrico principal; 2010 77,30 - Balanceamento de um dos mancais do gerador elétrico principal. Substituição da tampa do vaso 2013 71,20 do reator de Angra 1 no período de 05/01/13 a 06/03/13. - Inspeção interna das soldas do fundo do vaso do reator 2014 88,72 - Upgrade do sistema digital de controle eletro-hidráulico (DEHC) – com a instalação do Software OVATION Qual é a previsão de geração de energia para 2015? O dado abaixo se refere à geração bruta de Angra 1, descontando os dias de parada para reabastecimento de combustível e manutenção periódica e 3% de Taxa Equivalente de Indisponibilidade Forçada (TEIF) para eventuais desligamentos não programados: A expectativa é que a geração de Angra 1, em 2015, seja de aproximadamente 4.548.092 MWh. Qual é o fator de confiabilidade de Angra 1? A Eletronuclear utiliza 3% de TEIF (Taxa Equivalente de Indisponibilidade Forçada). Ou seja, após abater as paradas programadas, ainda existe a taxa da incidência de paradas não programadas. Portanto, o fator de confiabilidade das usinas é de 97%. Os valores de geração bruta listados acima já estão levando em conta as paradas programadas. Qual a média de geração da Usina Angra 1 em relação ao seu potencial máximo nos últimos anos? A média de geração de Angra 1 nos últimos 15 anos, em relação ao seu potencial máximo, é de 79,44%. Qual é a potência de consumo próprio de Angra 1? 30 MW. Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 1? A primeira parada para reabastecimento de combustível de Angra 1 foi realizada de 04/01/1986 a 31/07/1986, simultaneamente, com outros serviços técnicos na Usina. Quando foi o último e quando será o próximo reabastecimento de Angra 1? O último reabastecimento de Angra 1 (1P21) aconteceu no período de 09/05/2015 a 14/06/2015 e o próximo (1P22) deverá ocorrer em junho de 2016. Quantos reabastecimentos já foram realizados? Desde o início da operação já foram realizados 21 recarregamentos de combustível em Angra 1. De abril de 2005 até a substituição dos seus geradores de vapor, em 2009, Angra 1 não operou a plena carga. Por quê? Para preservar a vida útil dos antigos geradores de vapor, à época, foi tomada decisão estratégica de limitar a potência a 83% do reator de forma a restringir a temperatura da água entrando nos tubos dos geradores de vapor a 330ºC, minimizando o ataque da corrosão sob tensão aos mesmos. Desde a substituição dos geradores, a Usina tem operado a plena carga, exceto quando sua redução é solicitada, pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), para atender às necessidades do Sistema Interligado Nacional. Que medidas foram tomadas para que Angra 1 operasse a nível internacional? Nos primeiros anos de sua operação, Angra 1 enfrentou problemas com alguns equipamentos: os 48.000 tubos dos condensadores foram trocados por outros de titânio; alguns transformadores e os inversores estáticos tiveram de ser substituídos, e dois novos geradores de emergência a diesel precisaram ser instalados. Através de outras ações administrativas e técnicas também houve uma melhoria muito grande no desempenho operacional da Usina. Os problemas foram sanados de forma adequada há vários anos, fazendo com que hoje a Usina opere em padrões de desempenho compatíveis com a prática internacional. Em média, nos anos de 2013 e 2014, Angra 1 atendeu a aproximadamente 11% do consumo de eletricidade do Estado do Rio de Janeiro. Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 1? A disponibilidade de Angra 1 tem sido melhorada continuamente com uma série de projetos. Para exemplificar, nos últimos cinco anos foram substituídos os dois geradores de vapor, a tampa do vaso de pressão do reator, o sistema de controle da turbina a vapor, o sistema de controle de nível dos geradores de vapor, o regulador de tensão do gerador elétrico, os transformadores auxiliares, entre outros. As seguintes modificações estão planejadas para os próximos anos: substituição de trocador de calor do sistema RET, substituição das tubulações de água de serviço, substituição dos transformadores principais, substituição do sequenciador de cargas do gerador diesel, assim como a modernização dos sistemas: de tratamento de rejeitos líquidos – filtragem e polimerização de resinas; de detecção e alarme de incêndio no grupo turbogerador; de tratamento de efluentes líquidos convencionais; de monitoração de radiação e auxiliares da turbina, entre outros. Alguns grandes projetos visam o aumento de vida útil da usina, tais como implementação do Programa de Qualificação Ambiental e do Programa de Gerenciamento do Envelhecimento. 2. CUSTOS Quanto custou a instalação de Angra 1? Segundo o Balanço Anual (2014) da Eletronuclear, publicado no dia 16/04/2015, no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o custo bruto de construção das instalações de Angra 1, atribuído à Eletronuclear, foi de R$ 2.975.330.769,46, realizado até 31 de dezembro de 2014. Qual o custo de produção de Angra 1? O custo de produção de uma usina é constituído pelo seu custo de O&M (Operação e Manutenção) e do combustível. O custo de produção, no exercício de 2014, de Angra 1 (em 31/12/2014) foi de R$ 116,82/MWh, sendo R$ 94,39/MWh de O&M e R$ 22,43/MWh de combustível. Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 1? Os equipamentos de Angra 1 estão registrados pelo valor de R$ 2.448.507.779,23, na data-base de 31/12/2014. 3. PROGRAMA DE MELHORIAS DE ANGRA 1 Que providências estão sendo tomadas para ampliar a vida útil de Angra 1? A Usina Angra 1 está no auge do desenvolvimento de ações que otimizarão seu desempenho, o que, por sua vez, ampliará a vida útil da Usina por mais 20 anos. A troca dos geradores de vapor e a substituição da tampa do vaso do reator foram algumas dessas medidas. Para a Eletronuclear, essas ações são prioritárias e resultam de um amplo estudo das condições de operação da Usina e de suas necessidades a longo prazo, a exemplo do que vem ocorrendo em várias usinas do mundo. Qual a importância dos geradores de vapor? Os geradores de vapor são equipamentos instalados no sistema primário da Usina e fazem a interface entre os sistemas nucleares e não nucleares. Eles são responsáveis pela produção do vapor saturado seco para movimentar as turbinas e o gerador de energia elétrica. Cada um tem 4,5 m de diâmetro superior do casco, 20,6 m de comprimento e pesam, em operação normal, 413 t (o peso de cada equipamento vazio é de aproximadamente 330 t). Ainda há 5.428 tubos por onde passa a água a uma temperatura de 303ºC. Por que foi necessário trocar os dois geradores de vapor? Embora a troca não estivesse prevista no projeto inicial de Angra 1, foi uma decisão tomada pela Eletronuclear, depois da identificação da predisposição para desgaste da liga metálica utilizada nos tubos dos equipamentos. Esses tubos estão sujeitos a processos de degradação decorrentes da sensibilidade do material do qual são constituídos (liga do tipo Inconel 600) e às condições (mecânicas e ambientais) sob as quais operam, o que exigia frequentes testes de sua integridade. Materiais mais resistentes, não suscetíveis à corrosão sob tensão, foram utilizados na fabricação dos novos geradores, cujos cascos são confeccionados com aço de baixa liga tipo manganês-molibdênio-níquel, e a sua parte inferior é integralmente revestida, por solda, com aço inoxidável e Inconel. Na parte interna, foram soldados 5.428 tubos em U de liga de níquel (Inconel 690), por onde circula a água proveniente do reator nuclear. A troca dos geradores reduz o tempo de parada das usinas? Com a substituição dos geradores de vapor, elimina-se a necessidade da inspeção em 100% dos tubos, em cada parada, passando a adotar-se uma inspeção por amostragem, tal como é realizado em Angra 2. Também há uma redução do tempo de parada para o recarregamento de combustível nuclear, devido à diminuição do escopo de trabalho. Além disso, os custos de preservação/reparos serão praticamente eliminados. O custo, considerando-se todas as tarefas de manutenção dos antigos geradores, era em torno de EUR 7,5 milhões. Após a troca, cairá para EUR 1 milhão. Portanto, a substituição foi uma medida necessária para a continuação da operação de Angra 1, o que viabilizará também a extensão da vida operacional da Usina. Quando se iniciou o processo e quando foi concluído? O processo começou em maio de 2004, com o início da fabricação dos novos geradores, e foi concluído em junho de 2009. De 24/01/2009 a 04/06/2009, Angra 1 ficou fora do Sistema Interligado Nacional para realização de parada programada para a troca dos equipamentos e manutenções diversas. Quais foram os fornecedores dos novos geradores de vapor? A Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. – Nuclep foi a responsável pela fabricação dos geradores de vapor. Coube à empresa francesa Areva NP a engenharia, a aquisição dos materiais e a assistência técnica na fabricação. A Westinghouse foi a empresa contratada pela Eletronuclear, mediante licitação, para realizar os serviços de substituição. Quanto tempo levou a fabricação dos geradores de vapor? A fabricação levou aproximadamente 39 meses. Como foi o transporte dos equipamentos até a CNAAA? Os equipamentos chegaram à CNAAA, em Angra dos Reis, no dia 7 de abril de 2008. O transporte foi uma operação complexa, por terra e mar, que durou sete dias. Uma carreta especial com 12 eixos e 12 rodas em cada eixo foi utilizada para transporte terrestre, e uma balsa de 50 m de comprimento x 16 m de largura, no transporte marítimo até a Central Nuclear. Quanto tempo levou a troca propriamente dita? A parada teve duração de mais de 120 dias de trabalho ininterrupto, dos quais cerca de 90 ficaram reservados para as atividades de substituição dos geradores. Como foi feita a substituição? A obra mobilizou mais de 2.000 trabalhadores, em regime de 24 horas. Com a Usina desligada, foi feita uma abertura provisória de 36 metros quadrados na parede do edifício do reator, por onde saíram os antigos geradores e entraram os novos. Dispositivos especiais foram utilizados para o içamento e o transporte dos equipamentos, de quase 400 toneladas e 20 metros de comprimento. Onde foram armazenados os geradores antigos? Os antigos geradores de vapor foram armazenados, de maneira segura, no Depósito Inicial dos Geradores de Vapor – DIGV, no próprio sítio da Central Nuclear, em Angra dos Reis. O depósito está localizado numa área denominada Ponta Fina, situada a aproximadamente 800 metros de Angra 1. O local reúne condições ambientais adequadas e, por estar próximo da Usina, ofereceu facilidade e segurança para o transporte. O depósito, integrado ao sistema de proteção física e de monitoração radiológica da Central Nuclear, atende às normas nacionais e internacionais aplicáveis. Qual foi o investimento total do projeto de substituição? O valor total do investimento foi de R$ 724.000.000,00 (724 milhões de reais), englobando aquisição, análise de segurança, licenciamento, substituição e armazenamento. Os recursos foram provenientes da Eletrobras, garantidos por contratos de financiamento. Que outras renovações estão sendo introduzidas em Angra 1? A Eletronuclear, hoje, tem um programa de gerenciamento de Angra 1 que consiste na coordenação de ações de longo prazo de operação, manutenção e engenharia que asseguram o controle da integridade e da capacidade funcional de sistemas, estruturas e equipamentos. Vale a pena destacar a adoção do combustível nuclear avançado. Trata-se de uma modernização no projeto dos elementos combustíveis nucleares que permitirá uma economia sensível nos custos de geração de Angra 1. Com esse avanço tecnológico haverá uma significativa economia de urânio (até 12%), redução do número de elementos combustíveis novos a serem adquiridos em cada reabastecimento e aumento das margens de segurança. O reabastecimento da Usina, com o combustível avançado, será estendido de 12 meses, como é hoje, para 18. Quais são os benefícios dos novos geradores e do combustível avançado para Usina Angra 1? Associada a outras modificações (como um upgrade da turbina), a substituição permite que, no futuro, seja estendida a vida útil de Angra 1 e que haja um aumento da oferta de sua energia térmica em 6,3%, o que significa um acréscimo de 47 MW em sua potência. Por que tampa do vaso do reator precisou ser trocada? A substituição da tampa do reator se fez necessária porque a peça é feita da liga metálica Inconel 600. Ao longo do tempo, descobriu-se que esse material é suscetível à corrosão sob tensão. Embora essa substituição não estivesse prevista no projeto inicial de Angra 1, a empresa decidiu realizá-la preventivamente, apesar de as inspeções não terem detectado nenhum indício de degradação da peça antiga. Outras usinas no mundo com tecnologia semelhante a Angra 1 – que também contêm componentes feitos de Inconel 600 – também já realizaram a substituição da tampa do reator. Segundo estatística da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entre 1993 e 2005, 92 usinas já haviam substituído o componente por outro com material mais resistente. Para que serve a tampa do reator? A tampa – componente importante do circuito primário de uma usina nuclear – faz o fechamento do reator (que contém os elementos combustíveis), sendo uma das barreiras contra a liberação de radiação para o exterior. Adicionalmente, através de aberturas na peça, é feita a monitoração da temperatura e do nível de água de refrigeração dentro do reator. A peça tem um diâmetro interno de cerca de 3,4 metros e peso aproximado de 40 toneladas. Quais os benefícios da troca da tampa do reator? A substituição da tampa do reator é a alternativa que melhor combina requisitos de segurança e confiabilidade para a operação de Angra 1 a longo prazo. O procedimento também reduzirá o tempo e, consequentemente, o custo das inspeções. Além disso, é fator essencial para a extensão da vida útil da usina. Como foi o processo de substituição da tampa do reator? A nova peça entrou pela porta de equipamentos, o mesmo local por onde saiu a tampa substituída. Portanto, não foi necessário fazer uma abertura provisória na parede do edifício do reator. O espaço de manobra para a realização do procedimento era pequeno. Em alguns momentos, ao ser deslocada dentro da esfera de contenção, a tampa atravessou vãos que deixavam apenas 25 milímetros livres de cada lado. Além disso, a montagem da tampa nova foi feita enquanto a antiga era desmontada. O que será feito com a tampa que foi substituída? A tampa substituída foi armazenada, de maneira segura, no depósito onde estão guardados os geradores de vapor antigos de Angra 1, no próprio sítio da central nuclear, situado a aproximadamente 800 metros da usina. O local reúne condições ambientais adequadas e, por estar próximo de Angra 1, ofereceu facilidade e segurança para o transporte. Quanto foi investido na operação de troca da tampa e quais foram os fornecedores? Os novos equipamentos – tampa e mecanismo de inserção e extração das barras de controle (CRDM, na sigla em inglês) – foram fabricados pela empresa japonesa Mitsubishi Heavy Industries (MHI), que contratou a americana Aquilex WSI Nuclear Services para a realização dos serviços de troca, e a canadense Transco Plastic Industries, para o fornecimento do novo isolamento térmico. O valor total do investimento foi de US$ 27 milhões, englobando a aquisição e a instalação da tampa nova e o armazenamento da antiga. A instrumentação e o controle informatizado de Angra 1, criados há mais de 20 anos, ainda atendem às demandas da operação? A Eletronuclear hoje tem algumas dificuldades para adquirir equipamentos ou componentes para reposição dessa instrumentação porque boa parte de seus módulos informatizados é analógica e não digitalizada, conforme os projetos mais avançados. A modernização da instrumentação e do controle se caracteriza por altos custos e longo período de desenvolvimento e implementação (de 5 a 7 anos), tendo sido iniciada em 2010. ANGRA 2 1. DESEMPENHO / OPERAÇÃO Fruto de um acordo nuclear Brasil-Alemanha, a construção e a operação de Angra 2 ocorreram conjuntamente à transferência de tecnologia para o país, o que levou também o Brasil a um desenvolvimento tecnológico próprio, do qual resultou o domínio sobre praticamente todas as etapas de fabricação do combustível nuclear. Desse modo, a Eletronuclear e a indústria nuclear nacional reúnem, hoje, profissionais qualificados e sintonizados com o estado da arte do setor. Qual a potência nominal da Usina Angra 2? Angra 2 opera com um reator alemão Siemens/KWU (atual Areva NP) cuja potência elétrica (bruta) é de 1.350 MW. Quando a construção de Angra 2 foi iniciada? As obras civis de Angra 2 foram contratadas à Construtora Norberto Odebrecht e iniciadas em 1976, com o estaqueamento. O início da construção propriamente dito se deu em setembro de 1981, com a concretagem da laje do prédio do reator. Entretanto, a partir de 1983, o empreendimento teve o seu ritmo progressivamente desacelerado devido à redução dos recursos financeiros disponíveis. Em 1991, o governo decidiu retomar as obras de Angra 2, e a composição dos recursos financeiros necessários à conclusão do empreendimento foi resolvida ao final de 1994, sendo então realizada, em 1995, a concorrência para a contratação da montagem eletromecânica da usina. As empresas vencedoras se associaram formando o consórcio Unamon, o qual iniciou as suas atividades no canteiro em janeiro de 1996. Quando a Usina atingiu a primeira criticalidade (momento em que o reator entra numa reação em cadeia)? A primeira reação em cadeia foi estabelecida no dia 14/07/2000. Quando se deu a primeira sincronização na rede? Às 22h18 do dia 21/07/2000. Quando Angra 2 começou a operar comercialmente? Angra 2 começou a operar comercialmente no dia 01/02/2001. Qual é a área construída de Angra 2? Angra 2 ocupa 93.802,74 m2. Quantos habitantes Angra 2 foi capaz de abastecer de energia elétrica em 2014? Considerando-se o consumo médio por habitante no Brasil (0,501 MWh/ano), resultado do consumo médio por residência (2,004 MWh/ano) e o parâmetro usado pelo IBGE para contabilizar a média de habitantes por residência (4), a Usina Angra 2 seria capaz de abastecer 20,8 milhões de habitantes com os 10.443.677 MWh que gerou em 2014. Assim, a unidade sozinha poderia suprir a demanda dos estados do Paraná e Maranhão durante um ano. Qual o histórico de operação de Angra 2? A geração bruta, desde o início da operação comercial até dezembro de 2014, é a seguinte: Ano Geração Bruta Angra 2 (MWh) 2001 9.835.527,2 2002 9.841.746,2 2003 10.009.936,1 2004 7.427.332,2 2005 6.121.765,3 2006 10.369.983,8 2007 9.656.675,3 2008 10.488.288,9 2009 10.153.593,5 2010 10.280.766,5 2011 11.007.301,4 2012 10.645.229,0 2013 10.692.555,3 2014 10.443.677,2 Total 137.637.283,4 Qual foi o fator de disponibilidade (tempo em que a Usina esteve disponível para gerar 100% de sua capacidade) de Angra 2 nos últimos anos? ANO Angra 2 (%) 2001 93,90 2002 91,50 2003 91,30 2004 74,60 2005 64,50 2006 89,00 2007 85,73 2008 90,10 2009 92,20 2010 96,40 2011 99,10 2012 91,90 2013 90,20 2014 87,90 Qual é o fator de confiabilidade de Angra 2? A Eletronuclear utiliza 3% de TEIF (Taxa Equivalente de Indisponibilidade Forçada). Ou seja, após abater as paradas programadas, ainda existe a taxa da incidência de paradas não programadas. Portanto, o fator de confiabilidade da usina é de 97%. Os valores de geração bruta listados acima já estão levando em conta as paradas programadas. Qual a média de geração da Usina Angra 2 em relação ao seu potencial máximo? A média de geração em relação ao potencial máximo, desde o início da operação comercial (01/02/2001) até 31/12/2014 é de 88,44%. Qual é a potência de consumo próprio de Angra 2? 70 MW. Quando foi o primeiro reabastecimento de Angra 2? Angra 2 foi desligada pela primeira vez no dia 9 de março de 2002, como programado. No dia 5 de abril foi sincronizada ao sistema, atingindo 100% de potência aos 25 minutos do dia 7 de abril de 2002. Quando será o próximo reabastecimento? A décima segunda parada (2P12) está programada para iniciar dia 26/09/2015 e findar em 25/10/2015. As próximas paradas, já planejadas, para reabastecimento e manutenções têm a seguinte previsão inicial: 2P13 : 11/2016 2P14 : 12/2017 Quantos reabastecimentos já foram realizados? Em Angra 2, tivemos o abastecimento inicial e 10 reabastecimentos. Qual é a previsão de geração de energia para 2015? Os dados abaixo refere-se à geração bruta de Angra 2, descontando os dias de parada para reabastecimento de combustível e manutenção periódica. • 2015: em torno de 10.746.531 MWh Que investimentos poderão melhorar a disponibilidade de Angra 2? Nacionalização de equipamentos; Continuidade da modernização dos sistemas de instrumentação e controle e de equipamentos elétricos de proteção; Assegurar condições para desenvolvimento e aprendizado contínuo de seu pessoal, em níveis compatíveis com as necessidades de desempenho e crescimento da empresa; Troca dos Internos das Válvulas do Sistema de Processamento de Rejeitos Gasosos KPL03AA500/501 (SMP39.2008) Modernização do computador do Sistema de Monitoração de Atividade – chaminé. (SMP97.2012) A Usina Angra 2 conseguiu um superávit de geração de 50 MW sem alterar o projeto original. Quais foram as ações práticas adotadas para que a Eletronuclear alcançasse esse desempenho? Angra 2 opera há 15 anos com desempenho comparável ao das mais modernas usinas nucleares existentes no mundo. Projetada para produzir 1.309 MW, Angra 2 vem gerando 41 MW a mais – excedente suficiente para abastecer de energia elétrica de estados como Acre ou Roraima. Angra 2 passou a gerar 1.350 MW a partir de 28 de setembro de 2000, quando foi atingido, pela primeira vez, o patamar de 100% de potência no reator, durante os testes de comissionamento. Esse padrão de geração pode ser atribuído ao excelente desempenho da planta como um todo e, sobretudo, à constante atualização de seu projeto, incorporando os principais avanços da indústria nuclear alemã. Tais modificações do projeto foram sendo introduzidas em Angra 2, ao longo da operação da Usina. O desempenho de Angra 2 é comparável a outras usinas do tipo PWR do resto do mundo? Angra 2 apresentou um desempenho de destaque em 2014. Segundo a Nucleonics Week, publicação americana especializada em energia nuclear, a unidade ocupou, em 2014, o 19º lugar em produção entre as 434 usinas em operação no mundo, com uma produção bruta de 10.443.677,2 MW. O indicador de Fator de Disponibilidade para Angra 2, em 2013, foi de 90,20%, que, se comparado com as usinas filiadas à WANO Paris Center, com resultado mediano de 84,44%, e as de Atlanta Center, com 91,57%, comprova a posição de Angra 2 entre as melhores do mundo. Para uma visão geral do desempenho, a WANO desenvolveu um indexador que combina vários indicadores como: fator de disponibilidade; indicador químico; desligamento automático; exposição coletiva à radiação; e número de acidentes industriais. Angra 2 obteve um índice de 84,7 pontos de um total possível de 100. Essa pontuação é maior que a média das pontuações obtidas pelas usinas que compõem o WANO Paris Center. Angra 2 continuará operando em sua potência máxima (1.350 MW)? A expectativa da Eletronuclear é operar Angra 2 à potência máxima, continuamente, como nas usinas alemãs. O fator de capacidade previsto está em torno de 90,14%. Somente as usinas na França não operam a 100% continuamente, porque 75% da produção de energia elétrica francesa são de origem nuclear e, à noite, a carga é reduzida. No Brasil, não é a Eletronuclear que determina o nível de geração, e sim o ONS (Operador Nacional do Sistema). 2. CUSTOS De quanto foi o custo das instalações de Angra 2? Segundo o Balanço Anual (2014) da Eletronuclear, publicado no dia 16/04/2015, no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, o custo bruto de construção das instalações de Angra 2, atribuído à Eletronuclear, foi de R$ 6.049.149.508,11, realizado até 31 de dezembro de 2014. Qual o custo/benefício da conclusão de Angra 2? Setenta por cento dos investimentos totais da Usina já haviam sido realizados quando a montagem de Angra 2 foi retomada. Os custos para concluí-la foram menores do que qualquer outra alternativa de construção de usina que viesse a gerar 1.350 MW, sendo que os 1.350 MW de Angra 2 equivalem à potência nominal de uma hidroelétrica de 2.000 MW, porque oferece, ao longo do ano, maior quantidade de energia “firme”, isto é, não sujeita a condições hidrológicas desfavoráveis. Desse modo, o investimento para o término de Angra 2 foi uma decisão correta e proporcionou retorno tanto do ponto de vista energético quanto financeiro. A montagem e o comissionamento foram realizados em tempos compatíveis com os prazos praticados em usinas alemãs similares e mais recentes. Ou seja, quando a empresa contou com recursos assegurados para as obras, a Usina Angra 2 foi concluída em um prazo compatível com o tempo gasto em usinas do mesmo porte. A fase de comissionamento foi menor que a das usinas alemãs similares a Angra 2. Qual o custo de produção de Angra 2? O custo de produção de uma usina é constituído pelo seu custo de O&M (Operação e Manutenção) e do combustível. O custo de produção, no exercício de 2014, de Angra 2 (em 31/12/2014) foi de R$ 91,25/MWh, sendo R$ 70,35/MWh de O&M e R$ 20,89/MWh de combustível. Qual o valor gasto com a compra de equipamentos de Angra 2? Os equipamentos de Angra 2 estão registrados pelo valor de R$ 4.978.183.837,02, na data-base de 31/12/2014. ANGRA 3 1. POR QUE ANGRA 3? Angra 3, depois de mais de 20 anos, teve suas obras reiniciadas. Como foi essa decisão governamental? O Governo Federal, por intermédio do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), aprovou, no dia 25 de junho de 2007, a retomada de Angra 3 e determinou que a Eletrobras e a Eletronuclear conduzissem a retomada da construção da Usina. A mesma resolução estabeleceu que o Ministério de Minas e Energia (MME) providenciasse, por meio de consultoria independente, uma avaliação da estrutura e dos componentes dos custos de operação de Angra 3, visando à definição da tarifa de geração de energia elétrica. Tais diretivas ensejaram, basicamente, as seguintes linhas de ações: 1) Reavaliação dos custos para a conclusão do empreendimento: o MME contratou a consultora suíça Colenco Power Engineering AG, cujo relatório final foi emitido em dezembro de 2007. A Colenco, em sua conclusão, chegou a valores bem próximos – cerca de 1% de diferença – em relação às avaliações da Eletronuclear. 2) Revisão do Estudo de Viabilidade para Angra 3: foi criado um Grupo de Trabalho Eletrobras/Eletronuclear, com acompanhamento da Casa Civil da Presidência da República e do MME, com o intuito de revisar os cálculos estimativos da tarifa de equilíbrio para a energia a ser gerada por Angra 3. As conclusões do Grupo de Trabalho basicamente corroboraram os resultados anteriormente apresentados pela Eletronuclear no tocante ao valor da tarifa de venda da energia a ser gerada pela Usina; ao tempo de recuperação do capital a investir; e à rentabilidade do projeto. 3) Apreciação legal dos contratos existentes para Angra 3: A Eletronuclear elaborou um relatório gerencial abordando os pontos relevantes de cada contrato e encaminhou ao Grupo de Trabalho composto por representantes da Casa Civil, do MME e da Eletrobras. O Grupo de Trabalho, na época, concluiu que os contratos eram válidos, devendo, no entanto, serem renegociados respeitando os atuais aspectos legais, comerciais e de mercado. Nesse tocante, a Eletronuclear: a. renegociou o contrato de obras civis com a Construtora Andrade Gutierrez. O Tribunal de Contas da União (TCU) revisou a minuta do termo aditivo ao contrato de obras civis (encaminhado ao órgão no início de março de 2009) e autorizou, no dia 22 de julho de 2009, a continuação das obras para a conclusão da Usina contanto que o valor pactuado entre a Eletronuclear e a Construtora Andrade Gutierrez fosse reduzido em aproximadamente R$ 120 milhões. No dia 14 de setembro de 2009, atendendo às determinações do TCU, a Eletronuclear e a Construtora Andrade Gutierrez assinaram o aditivo contratual para a retomada da construção civil de Angra 3. b. concluiu as renegociações de todos os contratos para suprimentos e montagens de componentes específicos, que haviam sido assinados na fase inicial do projeto. c. concluiu as renegociações contratuais com a Areva em julho de 2011, tendo sido os contratos assinados, com um valor de EUR 314,6 milhões para execução de serviços de engenharia e atividades de coordenação de projeto, e de EUR 735,1 milhões para suprimento de equipamentos e materiais – incluindo nesse último, EUR 90 milhões para o fornecimento de sobressalentes e peças de reposição. Quais os argumentos técnicos que referendaram a decisão do CNPE de concluir Angra 3? O consumo de energia elétrica no Brasil continua apresentando elevada taxa anual de crescimento, em geral superior ao crescimento do PIB, caracterizando elevada elasticidade. Tal fato se intensifica à medida que se melhora a renda das populações mais pobres e o país alcança maturidade no seu desenvolvimento econômico e social. Segundo estudos dos Planos Decenais de Energia, a opção nuclear será necessária para o atendimento do mercado de energia elétrica nacional. A retirada de Angra 3 do programa, no horizonte decenal, exigiria a inclusão de usinas térmicas a gás natural, que não seria uma solução adequada devido às dificuldades da garantia do suprimento do combustível, à perspectiva de elevação do seu custo e à dependência energética do país da importação do gás natural. Como se deu o processo de licenciamento ambiental? A Usina obteve todas as autorizações necessárias no que se refere aos aspectos ambientais. No dia 23 de julho de 2008, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu a Licença Prévia nº 279/08 da Usina Angra 3 e, no dia 5 de março de 2009, o órgão emitiu a Licença de Instalação nº 591/09, autorizando o início das obras da Usina Angra 3. A Licença de Instalação nº 591/09 foi retificada pela segunda vez em março de 2014 e é válida por um período de seis anos, observadas as suas condicionantes gerais e as específicas discriminadas no documento. O EIA (Estudo de Impacto Ambiental) e o RIMA (Relatório de Impacto Ambiental) de Angra 3 foram submetidos ao Ibama em maio de 2005. No dia 27 de abril de 2007. No dia 25 de janeiro de 2008, foi publicado, no Diário Oficial da União, edital do Ibama informando que, em atendimento à legislação vigente e à decisão liminar do Juízo da 1ª Vara Federal de Angra dos Reis, deveriam ser promovidas audiências públicas relativas ao licenciamento ambiental do empreendimento nos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. Essas audiências foram realizadas nos dias 25, 26 e 27 de março de 2008, respectivamente. Em atendimento à solicitação do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado de São Paulo - Consema - o Ibama promoveu também, no dia 28 de março, uma audiência suplementar em Ubatuba (SP). Além da licença do Ibama, que outras autorizações foram necessárias para a efetiva retomada das obras de Angra 3? Licenciamento nuclear: Para a retomada das obras da Usina, também é necessária a autorização da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Até maio de 2015 foram emitidas as seguintes licenças: 1ª Licença Parcial de Construção – concedida em 09 de março de 2009. Autoriza a execução do concreto de regularização da cava de fundações e a impermeabilização das fundações dos prédios nucleares; 2ª Licença Parcial de Construção – concedida em 11 de março de 2010. Autoriza a execução de estruturas não nucleares, fora do “Caminho Crítico” do Cronograma de Implantação, tais como: o Edifícios de Administração Principal, Auxiliar e Portaria Principal (UYA, UYB e UYF); o Oficina Fria e Depósito Convencional (UST); o Almoxarifado Eletromecânico e Estação de Tratamento de Esgoto (4USU e UGV); o Tanques Coletores e Separadores de Óleo (1UGX e 2UGX); o Bases dos Transformadores Reservas (BAT e BBT). 3ª Licença Parcial de Construção – concedida em 29 de março de 2010. Autoriza a construção do edifício da turbina (UMA); Licença de Construção – concedida em 25 de maio de 2010. Com condicionantes, autoriza os serviços de obras civis para Angra 3; Autorizações para concretagem – no período de maio de 2010 a maio de 2015, a CNEN emitiu um total de 53 autorizações para concretagens de estruturas com requisitos de segurança nuclear. Alvará de Licença para Construção (“licença de uso de solo”): A Eletronuclear recebeu, no dia 24 de junho de 2009, sendo posteriormente renovado em 31 de maio de 2010, o Alvará da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis que concede a licença municipal para a construção da Usina Angra 3. A licença foi expedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Angra dos Reis. Essa licença foi condicionada às negociações com a Prefeitura sobre as compensações socioambientais a serem aplicadas em contrapartida à instalação da Usina. No dia 5 de outubro de 2009, a companhia e a administração municipal assinaram um termo de compromisso, formalizando o acordo. Em seis anos serão investidos cerca de R$ 350 milhões em Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, nas áreas de educação, saúde, defesa civil, ação social, obras e serviços públicos, atividades econômicas, água e esgoto, cultura e meio ambiente. O Ministério Público Federal (MPF) recomendou a paralisação das obras de Angra 3, solicitando que fosse entregue um relatório final de análise de segurança probabilística, antes do início da construção. Quais medidas foram tomadas para cumprir essa solicitação? Para cumprir a solicitação do MPF, a CNEN determinou, através da Resolução nº 77, de 25 de maio de 2010, que a Eletronuclear apresentasse em até oito meses o Programa de Análise Probabilística de Segurança (APS). Em 03 de setembro de 2010, a Areva foi contratada para elaborar este APS. Os relatórios das bases e os critérios do Gerenciamento de Acidentes Severos foram encaminhados à CNEN, em 01 de fevereiro de 2011. A decisão sobre Angra 3 não deveria ter sido apreciada pelo Congresso Nacional? A obra para a construção de Angra 3, que começou em 1984, foi autorizada pelo Decreto Presidencial n.º 75.870/75, procedimento legal em vigor à época. Portanto, não seria aplicável à Angra 3 a exigência prevista no artigo 225, § 6º, da Constituição Federal de 1988. Entretanto, o MPF defendeu a tese de que o Ibama não poderia prosseguir no processo de licenciamento ambiental sem que houvesse, previamente, a lei específica autorizando a localização do empreendimento, de acordo com a Constituição Federal. Independentemente dessa controvérsia legal, o fato é que os trabalhos desenvolvidos pelo Ibama quanto ao licenciamento ambiental foram imprescindíveis como medida preliminar para que fossem analisados os aspectos relativos ao impacto ambiental. Não seria, portanto, razoável o Congresso aprovar uma lei que autorizasse a localização de uma usina nuclear sem ter garantia da viabilidade ambiental do local onde ela será instalada. Garantia essa que somente pode ser dada pela Licença Prévia, após o Ibama ter analisado o EIA/RIMA do empreendimento e realizado as audiências públicas previstas na legislação aplicável. Por que as obras de Angra 3 foram paralisadas? Uma série de fatores políticos e econômicos contribuíram para a desaceleração do Programa Nuclear Brasileiro. O principal fator foi o forte recrudescimento da crise econômica mundial, com repercussões no Brasil, nas décadas de 1980 e 1990. Quando foram feitas as primeiras intervenções no canteiro de obras de Angra 3? Em relação à obra civil, as atividades ocorreram entre 1984 e 1986, período no qual foram realizados cortes de rocha, aberturas de cavas para blocos de fundação e preparação parcial do sítio, além de terem sido executadas as instalações parciais de infraestrutura do canteiro de obras. O material oriundo do desmonte foi utilizado para a construção do molhe de proteção marinha da Baía de Itaorna, local onde se encontra a Central Nuclear. Quando as obras foram reiniciadas? No dia 31 de maio de 2010, conforme Ofício nº 094/10, a CNEN autorizou o início da concretagem da laje de fundação do edifício do reator da Usina. Considerando como marco zero da obra o início dos trabalhos de concretagem da laje de fundação do edifício do reator, as obras foram formalmente iniciadas no dia seguinte, em 01 de junho de 2010, entretanto as atividades preparatórias para tal foram iniciadas em novembro de 2009. Quando Angra 3 começará a gerar energia elétrica? A previsão para o início do fornecimento de energia elétrica em testes é agosto de 2018, com início de operação comercial previsto para dezembro de 2018. Quais os motivos do atraso para a conclusão de Angra 3? Entre os impactos causados no cronograma estão: a desmobilização unilateral de pessoal da empreiteira Andrade Gutierrez entre abril e julho de 2014, sob alegação de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato; recursos impetrados na Justiça em razão do processo licitatório que envolveu a montagem eletromecânica (impugnação e negociações para a redução do preço proposto pelo consórcio vencedor); e dificuldades com o financiamento para a cobertura das atividades da Areva (bens e serviços importados). Por essas razões, o impacto no cronograma é de 18 de meses de atraso, em relação ao contrato de energia de Angra 3 junto à Câmara de Comércio de Energia Elétrica, que previa o início do fornecimento de energia em 31 de dezembro de 2016. Que benefícios Angra 3 trará para o setor elétrico brasileiro? Quando entrar em operação, Angra 3 terá uma potência elétrica de 1.405 MW e poderá gerar mais de 10 milhões de megawatts por ano – carga suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período. O empreendimento tem várias outras vantagens, que o tornam um dos mais importantes investimentos do setor elétrico brasileiro: Aspectos energéticos e elétricos: Alta taxa de geração de energia elétrica com confiabilidade: aproximadamente 10 TWh/ano; Aumento da base térmica do Sistema Interligado Nacional, contribuindo para a diversificação da matriz energética nacional e reduzindo riscos de déficit de energia elétrica, principalmente por ocasião de regimes hidrológicos menos favoráveis; Ampliação da capacidade de geração do Sudeste, uma região historicamente importadora de energia elétrica, com consequente redução da necessidade de investimentos em transmissão; Melhor desempenho do Sistema Interligado Nacional (SIN) de transmissão de energia elétrica, com a redução do seu carregamento, devido ao aumento do porte do parque gerador local; Localização privilegiada, próxima a grandes centros consumidores (cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte). Melhoria da confiabilidade do suprimento para as regiões do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Desde o início de sua operação, gerar toda a sua disponibilidade, ao contrário de outras fontes, que levam um longo tempo na fase de instalação das turbinas, quando o número de unidades geradoras é elevado. Aspectos ambientais: Não emissão de gases ou partículas causadores do efeito estufa, de chuva ácida, de poluição urbana ou de alteração na camada de ozônio. Não emissão de materiais particulados e metais cancerígenos e mutagênicos (arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio etc.); Não há impactos ambientais decorrentes do alagamento de grandes áreas. Aspectos econômicos: Aumento de encomendas de componentes na Nuclep (fábrica de equipamentos pesados, especializada nos grandes componentes da chamada “ilha nuclear”, localizada em Itaguaí, RJ); Aumento de encomendas em fabricantes e fornecedores de equipamentos nacionais, com a consequente criação de empregos e desenvolvimento tecnológico; Custos de geração compatíveis com as demais opções de geração térmica; A sua retirada do programa, no horizonte decenal, exigiria a inclusão de usinas térmicas a gás natural, carvão ou óleo. Aspectos do ciclo do combustível nuclear: Aumento da receita proveniente da venda de combustível nuclear, contribuindo para a economia de escala da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), fabricante do combustível nuclear; Completa nacionalização do combustível nuclear, com a utilização do processo industrial de enriquecimento isotópico por ultracentrifugação, desenvolvido de forma pioneira pela Marinha do Brasil. Utilização de combustível nacional – urânio – existente e beneficiado no país, fazendo uso de suas reservas, que são a 6ª maior do mundo, sem as implicações de necessitar de suprimento externo. Aspectos industriais e tecnológicos: Consolidação de uma tecnologia de ponta, com elevado conteúdo estratégico; Aproveitamento e não dispersão de valioso capital humano, altamente especializado e formado durante a implantação do Programa Nuclear Brasileiro; Fortalecimento do sistema de ciência e tecnologia existente, por meio de programas conjuntos e consultorias específicas em universidades e centros de pesquisas, com criação de demanda para a formação e a qualificação profissional com um programa de tecnologia multidisciplinar; Fortalecimento da indústria nacional como fornecedora de equipamentos de alta tecnologia, aumentando o seu poder de competição no mercado internacional; Aumento da massa crítica de conhecimentos no setor nuclear brasileiro, permitindo futuras propostas de programas de centrais de menor porte para regiões que não disponham de potencial hidráulico competitivo; Geração e consolidação de empregos qualificados na indústria, em empresas projetistas e centros de pesquisas. Aspectos regionais na área de influência da CNAAA: Incremento na arrecadação de impostos e nas atividades econômicas regionais; Altos investimentos socioeconômicos e ambientais na região da central nuclear e a adoção de Unidades de Conservação Ambiental; Desenvolvimento e melhoria da infraestrutura local e regional, por intermédio da implantação dos programas compensatórios acordados especificamente para a implantação do empreendimento, incluindo a melhoria da rede rodoviária, a implantação de hospital regional e o treinamento de pessoal das administrações municipais; Oportunidade de criação de cerca de 9.000 postos diretos e 15.000 indiretos de trabalho no período de maior movimentação no canteiro de obras da Usina. Já na fase de operação de Angra 3, estima-se que serão criados cerca de 500 empregos diretos permanentes; Consolidação da política de implementação de parcerias regionais entre a Eletronuclear e os municípios vizinhos, nas áreas de saúde, educação, saneamento, infraestrutura, preservação ambiental, cultura e patrimônio histórico. Preservação e melhoria do meio ambiente local e regional por meio do apoio à implantação de projetos ambientais associados à manutenção de áreas de preservação e geração de renda. 2. DADOS TÉCNICOS Angra 3 é uma usina de última geração? Sim. Ao longo da construção de Angra 3 diversas melhorias técnicas foram introduzidas no projeto, notadamente aquelas oriundas do design das usinas alemãs da série Konvoy, que se colocam entre as de melhor desempenho operacional no mundo. Dessa forma, Angra 3 é uma referência em termos de centrais nucleares PWR da sua geração. Qual será o tipo de reator de Angra 3? O reator de Angra 3 será idêntico ao de Angra 2, do tipo PWR, com projeto da Siemens/KWU, atual Areva. Qual será a potência nominal da Usina? A potência elétrica (bruta) de Angra 3 será de 1.405 MW. Já foi determinada a garantia física de energia de Angra 3? O MME, por meio da Portaria Nº. 12/2010, estabeleceu a garantia física de energia da Usina Termonuclear Angra 3. Para a Usina, com potência instalada de 1.405 MW, foi estabelecida uma garantia física de 1.214,2 MW médios, correspondente a mais de 10.600.000 MWh em 1 ano – energia suficiente para abastecer as cidades de Brasília e Belo Horizonte durante o mesmo período. Segundo a Portaria, no cálculo já foram considerados o consumo próprio e as perdas elétricas até o ponto de conexão à Rede Básica na Subestação de 500 kV em Angra dos Reis. Quais são as diferenças entre Angra 2 e Angra 3? Terreno: Angra 2 foi construída sobre estacas, em virtude das características do local onde foi edificada e Angra 3 será sobre rocha. Sistema de Instrumentação e Controle: Enquanto Angra 2 ainda utiliza um sistema analógico Angra 3 usará sistema digital, de última geração. Como será o Sistema de Instrumentação e Controle de Angra 3? Com o avanço tecnológico, os sistemas de Instrumentação e Controle (I&C) a serem utilizados na nova Usina se basearão no estado da arte da tecnologia digital e em softwares qualificados, já em uso em várias outras usinas nucleares no mundo, tais como Tianwan, na China (em operação) e Olkiluoto 3 e Flamanville 3, em construção, respectivamente, na Finlândia e na França. A adoção da Sala de Controle Digital vai melhorar a comunicação e o nível de informação para os operadores, sendo mais concisa e mais facilmente acessível. A visualização em telões, bastante flexíveis e podendo apresentar diferentes diagramas e detalhes, permite, dessa forma, uma resposta mais rápida do operador. Devido a essa nova tecnologia, o treinamento dos operadores será realizado em um novo simulador baseado na própria Sala de Controle Digital de Angra 3. Cabe ressaltar que o treinamento de um operador, licenciado pela CNEN, dura em média quatro anos e o mesmo já deve estar preparado para a fase de comissionamento da Usina. Qual será a área construída de Angra 3? Cerca de 82.000 m². Qual o progresso físico atual de Angra 3? Até março de 2015, já tinham sido executadas cerca 61,9% das obras civis da Usina. O progresso físico global do empreendimento, considerando todas as outras disciplinas envolvidas, é de 54,5%. Qual o cronograma para a conclusão da Usina? Originalmente, o cronograma executivo de Angra 3 – feito com base em parâmetros internacionais – previa 66 meses para a sua implantação a partir do marco zero da obra, englobando as atividades de engenharia, suprimento, construção civil, montagem eletromecânica, comissionamento e testes préoperacionais. Esse prazo se iniciou com os trabalhos de concretagem da laje de fundo do edifício do reator e se encerraria com o fim dos testes de operação e potência da planta. No entanto, a empresa, avaliando os serviços relevantes em andamento e as futuras etapas da construção, concluiu que esse cronograma executivo precisava ser revisto. A previsão para o início do fornecimento de energia elétrica em testes é agosto de 2018, com início de operação comercial previsto para dezembro de 2018. A obra de Angra 3 tem os seguintes quantitativos: - Área do Sítio de Angra 3 - 82.000 m2 - Perímetro do Sítio de Angra 3 - 1.141 m - Concreto - 211.000 m3 - Aço - 30.800 t - Embutidos - 4.500 t - Pintura - 370.000 m2 - Equipamentos - 17.000 t - Documentos para fabricação de spools/suportes - 71.100 un - Tubulação pré-fabricada - 4.300 t - Tubulação montada no campo - 6.300 t - Dutos de ventilação (superfície) - 32.000 m² - Componentes de ventilação - 4.421 un - Isolamento térmico aplicado - 32.000 m2 - Cabos de força lançados - 800 km - Cabos de Instrumentação e controle - 1.700 km - Conexões - 1.100.000 un - Bandejas de cabos montadas - 1.100 t - Disjuntores instalados - 1.300 un 3. CUSTOS E INVESTIMENTOS Quanto foi gasto para a preservação de Angra 3 durante o período de paralisação das obras? Foram necessários aproximadamente US$ 20 milhões/ano para a manutenção da condição de obra paralisada, incluindo estocagem e preservação dos equipamentos, seguros, inspeções periódicas, manutenção do canteiro e estrutura empresarial voltada para essas atividades. Quanto já foi investido, até hoje, em compra de equipamentos e na construção da Usina Angra 3? Quanto será necessário investir para a conclusão da Usina? Até março de 2015 já foram alocados ao empreendimento cerca de R$ 4,6 bilhões de um total de R$ 14,8 bilhões, de custos diretos, que serão investidos. Qual o acréscimo financeiro sofrido pelo empreendimento Angra 3 em relação ao orçamento de 2010? Atualmente, a estimativa de custo do empreendimento Angra 3 é de R$ 16,64 bilhões, resultado da soma dos custos diretos (R$ 14,88 bilhões) e dos custos indiretos (R$ 1,76 bilhão), ambos na base junho de 2014, data referenciada à última revisão oficial do orçamento econômico do empreendimento. Já o orçamento inicial era de aproximadamente R$ 10,49 bilhões, resultado da soma dos custos diretos (R$ 9,95 bilhões) e dos custos indiretos (R$ 0,54 bilhão), ambos na base junho de 2010, data definida quando da estruturação do financiamento e do orçamento para a retomada do empreendimento. Em termos nominais, a variação entre 2010 e 2014 foi de R$ 6,16 bilhões para o total do empreendimento, uma variação de 58,7%, e de R$ 4,93 bilhões para os custos diretos, uma variação de aproximadamente 49,6%. Entretanto, no período entre junho de 2010 e junho de 2014 o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, utilizado como índice de referência para a atualização monetária de diversos contratos de serviços, variou 27,25%, enquanto o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna – IGD-DI, amplamente utilizado como índice de evolução dos negócios e que serve de referência para a atualização de contratos de aquisição de equipamentos, variou 29,02%. Além disso o câmbio de referência utilizado para a conversão do valor dos contratos de serviços de engenharia e suprimentos importados sofreu grande variação no período. A taxa de conversão utilizada no orçamento inicial era de EUR / R$ = 2,20, enquanto no orçamento atualizado, a taxa de conversão atualizada passou a ser de EUR / R$ = 3,00. Isso significa que pouco mais de 36% do acréscimo no orçamento de investimentos associado à contratação de serviços de engenharia e suprimentos importados, entre 2010 e 2014, pode ser diretamente atribuída à variação cambial. Nesse mesmo período houve, ainda, uma variação de preços não desprezível na Zona do Euro. O Índice de Preços ao Consumidor – IPC, calculado pela EUROSTAT e que serve de referência para a atualização de contratos de serviços de engenharia na Europa, foi de 7,35%, enquanto o Índice de Preços Amplo – IPA, também calculado pela EUROSTAT e que é referência para atualização de contratos de equipamentos e materiais foi de 6,91%. Ao se levar em consideração todas essas condições, aplicadas a cada uma das rubricas do orçamento de investimentos de Angra 3, verifica-se que, no período entre junho de 2010 e junho de 2014, o aumento real no orçamento total do empreendimento foi de 12,2%. Quem fará o investimento para a construção de Angra 3, o grupo Eletrobras ou algum agente privado? O projeto financeiro de Angra 3 considera que parte do investimento virá de empréstimos da Eletrobras (oriundos do fundo da Reserva Global de Reversão - RGR) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a aquisição de bens e serviços nacionais. Já o financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos no mercado internacional foi mediante contrato com a Caixa Econômica Federal. Esses financiamentos já foram solicitados? O financiamento para o empreendimento já está estruturado. Os equipamentos e serviços contratados no mercado nacional estão sendo custeados por meio de financiamento obtido pela Eletrobras no BNDES (o contrato foi assinado em fevereiro de 2011), no valor de R$ 6,1 bilhões. Já o contrato entre a Eletrobras e a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 3,8 bilhões, foi assinado em setembro de 2013, se tornando efetivo plenamente em julho de 2015. O financiamento será para a aquisição de máquinas e equipamentos importados e serviços realizados no exterior para Angra 3. O empréstimo tem prazo de 20 anos, com juros nominais de 6,5% ao ano, sendo que o Governo Federal participa como garantidor do financiamento. Não haverá pagamento do principal nos primeiros cinco anos, cobertos por carência. Mas a aquisição no mercado internacional não se daria por meio de empréstimos com bancos estrangeiros? A assinatura do contrato com a Caixa Econômica Federal significa que o Brasil não irá mais recorrer a financiamento externo para Angra 3 A indústria brasileira pode cobrir a montagem de Angra 3? A recente experiência com a montagem eletromecânica de Angra 2 vem demonstrar a capacidade brasileira na montagem de empreendimentos dessa natureza. Todas as atividades foram executadas por empresas brasileiras, sob a supervisão e o controle técnico da própria Eletronuclear, sendo a participação estrangeira voltada apenas para atividades nas quais aspectos contratuais assim o determinavam. Quanto ao suprimento de equipamentos para Angra 3, a indústria nacional terá participação ativa, por meio da colocação de encomendas no valor de cerca de R$ 1,6 bilhão. Qual é o grau de nacionalização previsto para Angra 3? Em valor, em Angra 2 foi de 50,4%. Para Angra 3 a previsão é que seja um pouco mais, algo em torno de 54%. Já para as usinas nucleares pós-Angra 3 a meta é de 75%. O que é Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear) e de que forma ele beneficia Angra 3? O Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear) é a medida (MP 517, aprovada em 2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.341/2011) que estabelece isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e II (Imposto de Importação) para a aquisição de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos novos, adquiridos no mercado interno ou externo, visando projetos aprovados pelo Ministério de Minas e Energia destinados à construção de usinas nucleares. A construção da Usina Angra 3 é beneficiada pela medida, já que a Eletronuclear fica isenta de significativa parcela de tarifas fiscais. Com o Renuclear, a empresa espera reduzir em aproximadamente R$ 700 milhões os custos de sua construção. Já foi escolhido o modelo de comercialização de Angra 3? Sim. O Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da Portaria Nº 980, de 21 de dezembro de 2010, autorizou a celebração de Contrato de Energia de Reserva (CER) entre a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica ( CCEE) e a Eletronuclear, para contratação de até 1.184 MW médios de Energia de Reserva proveniente da Usina Angra 3, na modalidade por quantidade de energia. Fica estabelecido também por essa Portaria que o preço da Energia de Reserva contratada será de R$ 148,65 por MWh. Este mesmo contrato, definiu a forma de reajuste, que aplicada, resulta num preço de venda de R$ 201,57 / MWh - base dez/2014 O prazo de suprimento contratual será de 35 anos, e o ponto de entrega será no submercado Sudeste/Centro-Oeste, onde está localizado o empreendimento. O preço da energia gerada por Angra 3 não será alto demais, na comparação com as outras fontes? A título de comparação, no leilão A-3 de “energia nova” realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 27/08/2009, mesmo ano em que foi determinado o Preço de Venda da Energia de Angra 3, o preço médio de venda de energia alcançado pelas usinas térmicas foi de R$ 144,60 por megawatt/hora, evidenciando a viabilidade econômica da opção nuclear. 4. ACORDO Angra 3 está prevista no acordo bilateral Brasil-Alemanha? Sim. A Eletrobras estabeleceu, em 1974, um programa para a construção de oito usinas nucleares. Com base nesse programa foi assinado, em 1975, o acordo nuclear entre os dois governos. Nos seus anexos foram citadas nominalmente Angra 2 e Angra 3. Hoje esse programa foi substituído pelo acordo por troca de notas ao acordo entre o Brasil e a Alemanha sobre Cooperação no Setor de Energia com foco em Energias Renováveis e Eficiência Energética, pelo qual as partes assumem o compromisso de respeitar o pacto dos usos pacíficos de energia nuclear (de 27/6/1975) e demais convenções sobre o assunto, cuja celebração e entrada em vigor ocorreram em 14 de maio de 2008. Com o reposicionamento da Alemanha em relação à energia nuclear, o governo alemão ainda apoia a manutenção desse acordo? Mesmo que haja restrições de natureza política à ampliação da colaboração na área nuclear tendo em vista o reposicionamento da Alemanha em relação à utilização dessa fonte primária na sua matriz energética, é muito importante que os compromissos em vigor sejam cumpridos e honrados para evitar um ambiente de instabilidade e incertezas no relacionamento tecnológico e comercial entre os dois países. 5. CONTRATOS E LICITAÇÕES Quando foi assinado o contrato de obras civis de Angra 3 com a Construtora Andrade Gutierrez? As obras civis de Angra 3 foram licitadas e adjudicadas à Construtora Andrade Gutierrez mediante contrato assinado em 16 de junho de 1983. Os serviços já executados consistiram em mobilização, instalação do contratado no canteiro de obras e intervenções no local das edificações, com cortes de rocha e abertura de cavas para blocos de fundação. Qual é o valor do contrato de obras civis com a Construtora Andrade Gutierrez? A oferta da construtora, após algumas rodadas de negociações, foi de R$ 1,37 bilhão. Considerando a redução estabelecida pelo TCU de R$ 120 milhões, o valor final do contrato foi estabelecido em R$ 1,25 bilhão (base de preço julho/2008). A Andrade Gutierrez tinha de ser obrigatoriamente a empreiteira encarregada da execução de Angra 3? Não se cogitou fazer outra licitação? O contrato com a Construtora Andrade Gutierrez continuou em vigor desde a paralisação das obras e, no âmbito legal, o TCU também deu parecer favorável sobre a possibilidade jurídica de manutenção do mesmo. Estava prevista multa em caso de rescisão unilateral? No caso de rescisão unilateral, estava previsto o pagamento de custos pertinentes à desmobilização e ainda 10% dos saldos a haver do valor do contrato. A Andrade Gutierrez está pleiteando novo aditivo contratual? Por que a partir do mês de maio de 2014 a construtora iniciou um processo de desmobilização de mão de obra no canteiro de Angra 3? As partes entendem a necessidade de uma repactuação das condições contratuais, que regularize quantitativos e condições para a conclusão da obra, considerando o cronograma atual de conclusão do empreendimento. Esta repactuação estava sendo feita quando a construtora, de forma unilateral, iniciou um processo de demissão de pessoal e desmobilização de equipamentos antes que as negociações para repactuação das condições contratuais fossem concluídas. Diante disso, a Eletronuclear se viu obrigada a tomar as medidas cabíveis, notificando extra judicialmente a empreiteira quanto ao seu inadimplemento. A obra voltou ao ritmo normal em setembro de 2014. O que diz o acordo com a Areva? A empresa fornecerá os equipamentos e financiará o projeto? A Areva, resultante da fusão da empresa alemã Siemens KWU com a francesa Framatome, tem contrato comercial válido para sua participação na construção de Angra 3, mediante o fornecimento de bens e serviços importados. Em outubro de 2013, foi assinado o contrato para a execução dos serviços de engenharia estrangeira e, em novembro de 2013, o contrato para o fornecimento de materiais, equipamentos e sistemas importados. O financiamento para esse escopo importado de bens e serviços virá de empréstimos da Caixa Econômica Federal, cujo contrato já foi assinado e se tornou efetivo plenamente em julho de 2015. Que contratos já foram assinados para Angra 3? Até março de 2015 já foram assinados 22 principais contratos de longo prazo para a execução de serviços de engenharia de detalhamento e de apoio ao gerenciamento do empreendimento, montando a importância de cerca de R$ 6,8 billhões. Desse total de contratos, 14 são de serviço e oito de fornecimento. No tocante a suprimentos de materiais, equipamentos e componentes no mercado nacional e internacional, até a mesma data, já foram assinados contratos no total de cerca de R$ 10,3 bilhões. Os valores informados correspondem à soma dos valores base dos contratos. Para que serviços precisarão ser feitos novos contratos mediante processo de licitação? Haverá a necessidade de serem licitados os contratos de serviço hoje prestados pelas seguintes empresas: Arcadis Logos – Serviços de Gerenciamento e Apoio Técnico; IBQN – Serviços de Supervisão Técnica Independente; e Concremat – Apoio ao Gerenciamento e Fiscalização dos Serviços de Obras Civis. Como foi feito o processo de licitação para a montagem eletromecânica? A licitação da montagem eletromecânica da Usina Angra 3 cumpriu rigorosamente todo ritual legal e a empresa foi rigorosa quanto à qualificação técnica dos concorrentes, mas com grande preocupação de não limitar seu universo. O resultado da licitação, questionado por consórcios perdedores do certame, foi objeto de decisões judiciais e fiscalizações do Tribunal de Contas da União, não tendo sido apontada nenhuma irregularidade. Os primeiros pagamentos para mobilização foram efetuados em 01 de dezembro de 2014 contemplando os seguintes valores: R$ 6.239.358,56 (pacote 1) e R$ 7.655.763,81 (pacote 2). Por se tratar de uma concorrência pública e não um processo através de convites, o edital foi lançado a partir de uma Audiência Pública, realizada em 21 de agosto de 2009 e convocada em cumprimento à Lei 8666 - Lei de Licitações. A partir daí, 54 empresas adquiriram o edital e cinco consórcios apresentaram propostas. O edital tinha uma fase de pré-qualificação técnica, jurídica e econômica e uma fase de propostas de preço. Dois consórcios não habilitados na fase de pré-qualificação entraram com mandado de segurança com pedidos de liminar o que resultou em dez posicionamentos da Justiça Federal - todos com posição favorável ao edital da Eletronuclear. Um desses consórcios, como já foi dito, fez uma representação junto ao Tribunal de Contas da União, que foi negada através de acórdão, e a empresa autorizada a prosseguir com o processo licitatório a partir de 28 de novembro de 2012. Antes do início da fase de propostas de preço o orçamento foi submetido ao TCU que o aprovou com recomendações de um segundo acórdão, recomendações essas acatadas integralmente pela Eletronuclear em 25 de setembro de 2013. Em tempo: Por outro lado, a comparação dos investimentos para implantação de Angra 3, com os valores investidos em usinas de mesma tecnologia ora em construção no Ocidente, mostra que a usina brasileira é bastante competitiva, apresentando um investimento - por unidade de capacidade de geração instalada (US$/kW) - de US$ 4.650/kW, ou seja, menor custo unitário que o de obras equivalentes no mercado internacional. As usinas de Flamanville 3 na França e de Olkiluoto 3 na Finlândia apresentam investimentos de, respectivamente, US$ 6.400/kW e US$ 6.300/kW. Já Watts Bar 2, usina em construção nos EUA que, à semelhança de Angra 3 também teve sua construção interrompida por longo período, apresenta custo de instalação de US$ 5.450/kW. Quais foram as empresas vencedoras da licitação da montagem? Consórcio ANGRA 3: constituído pela empresas Construtora Queiroz Galvão S.A., EBE – Empresa Brasileira de Engenharia S.A. e Techint Engenharia S.A. para os serviços de montagens eletromecânicas dos sistemas associados ao circuito primário da usina (sistemas associados ao circuito de geração de vapor por fonte nuclear). Consórcio UNA 3: constituído pelas empresas Construtora Andrade Gutierrez S.A., Construtora Norberto Odebrecht S.A., Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A. e UTC Engenharia S.A. para a execução das montagens associadas aos sistemas convencionais da Usina. Como será implementado o contrato da montagem eletromecânica? O escopo global da montagem eletromecânica está dividido em dois contratos (pacotes de serviços): um pacote associado ao circuito primário de geração e, outro, ao secundário. Neles, constam as atividades a serem desenvolvidas nas edificações e estruturas, respectivamente, do sistema de geração de vapor por fonte nuclear e nos sistemas convencionais da Usina. Esses serviços contratados incluem montagem de componentes; tubulações; válvulas; bandejas de cabos; suportes de tubulação e de bandejas; instalação de equipamentos de processo; painéis elétricos; lançamento de bandejas e cabos elétricos e de sistemas de instrumentação e controle; facilidades de ventilação e ar condicionado; execução de isolamento térmico e de pinturas industriais. A maior parte das atividades deverá ser executada em 30 meses. Porém, o contrato prevê um período total de 58 meses, pois também será necessário contar com as empresas prestadoras de serviços nas fases de comissionamento, testes de potência da Usina e operação inicial. Qual o valor dos contratos da montagem eletromecânica? Serão investidos R$ 2,9 bilhões em ambos os contratos, montagens associadas aos sistemas nucleares e montagens associadas aos sistemas convencionais, considerando que os dois consórcios vencedores da licitação trabalharão em regime de administração compartilhada. A base de preços é de fevereiro de 2013. 6. MÃO DE OBRA A Eletronuclear está priorizando a contratação de trabalhadores dos municípios vizinhos à Central Nuclear durante a construção de Angra 3? Para Angra 3, o índice de participação de mão de obra da região está sendo superior ao utilizado em Angra 2. A empresa vem dando prioridade à mão de obra local, incluindo esse requisito nos contratos. Além disso, não ofereceu qualquer benefício ou concessão (alojamento, transporte etc.) para os trabalhadores de fora, visando a incentivar, assim, a contratação de profissionais locais. Caso as empresas empreiteiras contratem gente de fora, elas terão de arcar com o ônus de alimentação, transporte e alojamento desse pessoal. Geração de Empregos • Até 9.000 empregos diretos e 15.000 indiretos durante a construção. • Cerca de 500 empregos diretos na fase de operação. Geração de empregos na construção civil e montagem de Angra 2 CNO Construtora Norberto Odebrecht 1.343 UNAMON Consórcio de Montagem Nuclear 3.754 1.671 1.406 344 274 29 105 91 Angra................................................63% Paraty..................................................2% Rio Claro/Lídice .................................8% Volta Redonda/Barra Mansa..............7% Outras..............................................20% Total 53 138 486 Angra................................................44,5% Paraty..................................................1,5% Rio Claro/Lídice ................................4% Volta Redonda/Barra Mansa...........13% Outras.............................................37% Total Quantos trabalhadores já foram contratados para a obra? A construção de Angra 3 está permitindo a criação de novos empregos, movimentando o mercado de trabalho da região da Costa Verde. Até abril de 2015, cerca de 2,5 mil profissionais estavam trabalhando no canteiro de obras. Esse efetivo deve aumentar? Esse efetivo tende a aumentar este ano (2015), tendo em vista a necessidade de atender ao cronograma dos serviços e ao incremento da mobilização das empresas que executarão os serviços de montagem eletromecânica. No período de maior movimentação no canteiro de obras, a estimativa é que sejam criadas cerca de sete mil e quinhentas novas vagas. A Eletronuclear avalia que esse contingente poderá ser ainda maior, podendo gerar outras 15 mil novas vagas em empregos indiretos, incluindo os que serão criados pelas empresas fornecedoras de peças e equipamentos, bem como pelo previsível aumento da demanda por bens e serviços, como resultado do aquecimento da economia local no entorno da Central Nuclear. Qual é o perfil da mão de obra requerida para Angra 3? A construção de Angra 3 e a montagem dos equipamentos serão executadas com participação preponderante de técnicos e profissionais brasileiros. No primeiro momento, a demanda maior é por carpinteiros, pedreiros, montadores de andaime, armadores e ajudantes. Até o momento, mais de 85% do pessoal contratado tem sido de moradores da Costa Verde, coerente com a política da empresa de priorização da mão de obra local. Já para atender aos serviços de instalação e de montagem dos equipamentos eletromecânicos, serão requisitados profissionais com qualificação, tais como: eletricistas, montadores, instrumentistas, encanadores, ajudantes, pintores etc. A mesma política de priorização será adotada, somente buscando profissionais fora da região quando comprovadamente não houver disponibilidade local. Normalmente, as empresas contratadas para a execução das obras civis e montagem eletromecânica fazem um mixing com pessoal experiente, advindos do envolvimento prévio na execução de obras similares, e pessoal inexperiente, que é submetido a treinamento pelas próprias empresas contratadas. A maior participação de estrangeiros se dará somente na fase de comissionamento de equipamentos e sistemas da Usina, ou seja, na fase de testes, cabendo à empresa franco-alemã Areva a complementação do fornecimento de parte dos equipamentos, não disponível no mercado nacional, e o suporte técnico de alguns serviços específicos de supervisão de montagem e de engenharia. Já para a fase de operação da Usina, serão necessários cerca de 500 empregos diretos permanentes, cuja seleção se dará por meio de concurso público. As principais categorias contratadas serão: operadores, mecânicos, eletricistas, instrumentistas, químicos, engenheiros e físicos. Esse pessoal, ao ser admitido na Eletronuclear, é submetido a longo período de treinamento que pode, em alguns casos, durar até cinco anos. Esses treinamentos são desenvolvidos pela Eletronuclear no seu Centro de Treinamento situado na Vila de Mambucaba, próximo à Central Nuclear. 7. EQUIPAMENTOS Os equipamentos de Angra 3 estão em condições de operação confiável e segura? Sim. A experiência com Angra 2 demonstrou que as unidades de preservação e a inspeção final nos equipamentos, previamente à sua montagem, proporcionaram a manutenção de elevado padrão de desempenho dos equipamentos. Como é feita a preservação dos equipamentos? Os equipamentos vêm sendo mantidos sob rigoroso esquema de preservação em almoxarifados no próprio sítio da Usina e nas instalações da Nuclep. Eles são embalados em folhas de alumínio, selados a vácuo e com controle de umidade. Tanques e vasos de pressão são preservados com gás inerte. E os materiais estocados ao tempo estão revestidos com película protetora. Como funciona o programa de manutenção e preservação? A inspeção mensal é feita a cada 24 meses, com as seguintes atividades: substituição de proteções, desumidificadores, graxas e óleos; manutenção da documentação; segurança industrial; proteção contra incêndio; meios materiais e humanos para a realização das tarefas de manutenção; inspeção e controle dos equipamentos; e inspeções e auditorias independentes. Quais são os principais equipamentos da Usina? Vaso do reator, gerador de vapor, pressurizador, bombas principais de refrigeração, turbinas de alta e baixa pressão, bombas principais de água de alimentação e de condensado, além de diversos equipamentos gerais, como: estação de válvulas, trocadores de calor e vasos de pressão. Tais equipamentos vêm sendo mantidos sob rigoroso esquema de preservação em almoxarifados no próprio sítio da Usina e nas instalações da Nuclep. Esses equipamentos comprados na década 1980 não estão obsoletos? Não. Encontram-se em ótimas condições para uma operação confiável e segura da planta. Os equipamentos já adquiridos apresentam os mesmos projetos de engenharia e os mesmos métodos fabris e construtivos que aqueles ora em operação nas usinas alemãs mais recentemente construídas – as usinas da série Konvoy, que, desde o início de operação comercial, vêm se colocando entre as usinas nucleares de melhor desempenho operacional no mundo. Que tipo de equipamento ainda será comprado? No mercado internacional serão adquiridos, entre outros, a máquina de recarga de combustível, as barras de controle para o reator, cabos especiais de instrumentação e controle, material de tubulação e tanques para o grupo turbogerador, equipamentos de processo e, principalmente, o novo sistema de instrumentação e controle digital. No mercado nacional serão adquiridos componentes mecânicos, tais como: vasos e tanques, trocadores de calor e equipamentos de processo; pontes rolantes, pórticos e guindastes, suportes especiais e revestimentos, equipamentos rotativos, bombas e válvulas, tubos e peças especiais ferríticas, isolamento térmico, sistemas de ventilação e de proteção contra incêndio. E ainda, os equipamentos elétricos, tais como: transformadores, painéis elétricos, bandejas de cabos e suportes de montagem, cabos elétricos de força, baterias e materiais diversos. NOVAS USINAS NUCLEARES O Brasil planeja expandir sua capacidade de geração nucleoelétrica além de Angra 3? O Plano Nacional de Energia PNE-2030, que subsidia o Governo na formulação de sua estratégia para a expansão da oferta de energia até 2030, no seu cenário de referência, apontou a necessidade da implantação de 4.000 MW nucleares adicionais no período após a implantação de Angra 3 (20152030), sendo 2.000 MW no Nordeste e 2.000 MW no Sudeste. Outros cenários analisados pelo PNE-2030 consideravam a necessidade de 6.000 MW e 8.000 MW para o mesmo período. Segundo o estudo, o parque nuclear passaria a ter 3.300 MW com a entrada de Angra 3. Já com as outras quatro usinas a capacidade de geração de energia nuclear, em 2030, chegaria a 7.300 MW. Para fazer os cálculos, o estudo considerou um aumento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,1% ao ano e um crescimento de demanda por energia de 3,5% ao ano até 2030. A Eletronuclear está aguardando o lançamento do Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050). Esse documento vai determinar o planejamento energético brasileiro para as próximas décadas e dizer qual será a contribuição futura da energia nuclear. A empresa espera essa definição para dar continuidade ao trabalho de prospecção de sítios para sediar novas usinas nucleares. Já foi feito um levantamento de 40 áreas aptas em todo o país. O PNE 2050 indicará as áreas prioritárias para prosseguir com a escolha dos sítios finalistas. De que de forma o acidente no Japão afetou o Programa Nuclear Brasileiro? O acidente nuclear no Japão não implica elementos objetivos que possam alterar os rumos atuais do Programa Nuclear Brasileiro, a não ser a incorporação das lições técnicas que estão sendo aprendidas, aperfeiçoarão sua segurança num processo de melhoria contínua. que O acidente com a central de Fukushima promoveu em todo o mundo novos estudos, debates e posicionamentos, que, obviamente, estão retardando eventuais tomadas de decisão sobre novos empreendimentos nucleares, aí incluído o processo de seleção de sítios. Até agora, o que já foi feito pela Eletronuclear para dar prosseguimento às metas do Programa Nuclear Brasileiro? Antes do acidente no Japão, a Eletronuclear já tinha dado início ao procedimento de seleção de locais candidatos para as futuras centrais nucleares brasileiras, a partir das diretrizes de planejamento estabelecidas pelo Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030). Inicialmente, o foco foi na região compreendida pelo litoral entre Recife e Salvador, os dois maiores centros de carga da Região Nordeste, e o vale dos grandes rios que desembocam nesse litoral, conforme orientação do PNE-2030 e a atual configuração da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional. A metodologia de seleção de local é organizada em três etapas, sendo a primeira a identificação de áreas candidatas, ou seja, aquelas que passam pelos 20 critérios de exclusão e evitação estabelecidos. Essa primeira etapa foi concluída para a região inicialmente estudada e, posteriormente, os trabalhos dessa etapa – já totalmente informatizados mediante o desenvolvimento de um Sistema de Informações Geográficas – foram estendidos a todo o território nacional. Quais aspectos são analisados para escolher a localização das novas centrais nucleares? A escolha do sítio para a instalação de uma central nuclear obedecerá à legislação vigente e às normas estabelecidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN. Os estudos se baseiam em princípios estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA e pelo Electric Power Research Institute – EPRI (EUA). Nesses estudos são considerados aspectos geográficos, demográficos, meteorológicos, hidrológicos, geológicos, sismológicos e geotécnicos dos sítios potenciais candidatos à instalação da central. O processo de seleção, além dos aspectos acima, considera fundamental a promoção do envolvimento do público em geral (cidadania, autoridades e outros). PROCESSO DE SELEÇÃO: Uma seleção adequada de sítio é o primeiro passo para a viabilização empresarial da nova central e para a sustentabilidade do empreendimento. O processo de seleção terá quatro etapas, a saber: Etapa 1 - Exclusão Por intermédio de 12 critérios de exclusão como impedimentos regulatórios, institucionais, de projeto, ambientais e outros, serão eliminadas áreas onde a instalação de usinas nucleares é inviável. Etapa 2 – Evitação Essa etapa eliminará vastas extensões de terras onde, apesar da viabilidade, a instalação de uma central nuclear não seria desejável, como, por exemplo, áreas com altos índices populacionais; com maior impacto ambiental; consideradas de significativo valor histórico, cultural e estético. Ao fim dessas etapas, nas regiões remanescentes serão escolhidas de 15 a 20 áreas candidatas a partir de critérios técnicos. Etapa 3 – Adequação Nessa etapa o foco do processo se altera. Agora, serão comparados os atributos das áreas candidatas identificadas para selecionar aquelas que reúnem os conjuntos de condições mais favoráveis para a instalação da central. Nesse estudo serão utilizados cerca de 50 critérios, divididos em quatro grandes grupos de interesse (saúde e segurança; meio ambiente; socioeconômico e engenharia; e custos relativos). As áreas consideradas menos aptas serão progressivamente eliminadas. Etapa 4 – Determinação O objetivo dessa fase é selecionar os quatro sítios mais adequados e submetêlos à avaliação política para que se escolha o sítio preferido. Nessa etapa, estudos ainda mais detalhados, dos critérios avaliados na terceira etapa, serão necessários para assegurar a efetividade do processo de seleção. Todas essas etapas devem ser previamente desenvolvidas para que os seus riscos sejam identificados e mitigados, resultando num risco empresarial total do empreendimento tão ou mais baixo do que os riscos das fontes competidoras. A Eletronuclear inaugurou um escritório no Nordeste. Por que foi escolhida a capital de Pernambuco? Para marcar o início desse processo de expansão do Programa Nuclear, a Eletronuclear inaugurou, em agosto de 2009, um escritório em Recife para facilitar o envolvimento com as organizações públicas e regulatórias, requisito fundamental no processo de seleção do sítio da Central Nuclear do Nordeste. Recife foi escolhida por ser uma cidade com infraestrutura e dotada de instituições públicas e privadas expressivas, o que a põe na dimensão necessária para dar suporte adequado a projetos dessa magnitude. Por que o litoral da Bahia até Pernambuco, considerado antes “área de interesse”, foi descartado? A finalização dos estudos para a escolha do local da central nuclear nordestina apontou as margens do Rio São Francisco como a melhor opção quando confrontadas com cerca de 20 critérios de exclusão e evitação no processo de seleção de sítios. O uso da água do rio nas usinas pode se limitar a 0,4% de sua vazão mínima, caso se utilizem torres de refrigeração, o que constitui um reduzido impacto ambiental. O litoral da Bahia até Pernambuco foi descartado para abrigar usinas nucleares porque: • há várias e extensas áreas de proteção ambiental ao longo do litoral, que, apesar de não impedirem a instalação de usinas, aumentam consideravelmente o risco do licenciamento, e, portanto, devem ser evitadas; • metrópoles e cidades de menor porte localizadas no litoral contraindicam a instalação de usinas devido à proximidade de grandes aglomerados de pessoas; • aquíferos ao longo de grande parte da faixa litorânea podem vir a ser problema no momento do licenciamento; • grande parte do litoral abriga gasoduto e é necessária uma distância mínima entre essa instalação e usinas nucleares; e • solos sedimentares, presentes na região, são contraindicados para suportar as sólidas fundações de usinas nucleares. Dois ou mais desses critérios foram encontrados em parte considerável dessa costa. Quais as mudanças que devem ocorrer no Nordeste se forem instaladas usinas nucleares? A primeira mudança diz respeito à produção interna de energia elétrica. O Nordeste poderá passar outra vez a produzir a sua própria energia. Segundo, os municípios e a região que instalarem a usina nuclear deverão ter um grande desenvolvimento socioeconômico e cultural. Que outros tipos de benefícios a Região Nordeste teria? Vários são os benefícios: disponibilidade de energia interna própria e limpa; possibilidade de desenvolvimento de projeto integrado com usina nuclear para adução de água do Rio São Francisco, usando energia da própria usina para irrigação e consumo humano em grande parte do Nordeste; volume de recursos envolvidos na construção, operação e manutenção, com consequente geração de empregos; fortalecimento do núcleo básico de recursos humanos na área de energia nuclear e das demais especialidades envolvidas nessa tecnologia e a possibilidade de obtenção de royalties para o município que abrigar a Usina. Qual seria o investimento previsto para a implantação dessas novas usinas? Aproximadamente US$ 5 bilhões para uma unidade de 1.000 MW, ou seja, US$ 5.000/KWe instalado. Esse valor é overnight, ou seja, seria o montante a ser pago se a usina fosse quitada de uma única vez. Entretanto, o pagamento se dará ao longo de 15 anos e será acrescido de juros. E o investimento poderá ser amortizado durante esse período a partir da geração de caixa da própria usina. Como a vida útil do empreendimento supera os 60 anos, a nova usina nuclear produzirá eletricidade e se apropriará de significativos montantes de lucro durante quase meio século após a amortização do investimento inicial. Em termos de custos de energia gerada por MW/h, em quanto tempo se amortiza o custo de implantação de uma central nuclear? O Estudo de Viabilidade Técnico-Econômico de Angra 3, considerando toda a amortização dos financiamentos necessários à construção da usina e uma Taxa Interna de Retorno (do acionista) em 9,58%, o payback do empreendimento, tempo de retorno do capital investido na implantação de Angra 3, é de 16,5 anos. Avaliações internacionais, concluem que as usinas de geração III+, ora em construção, devido à celeridade das construção modulares, apresentam payback variando entre 10 a 13 anos. O tempo de retorno de capital, para essas usinas, é interdependente de alguns parâmetros, entre os quais: Investimentos para Construção, Taxas de Juros dos Financiamentos, Prazo de Carência dos Financiamentos, Relação Debt/Equit do Empreendimento, Tempo de Construção, Preço de Venda de Energia. Com relação aos subsídios, há previsão de investimentos estrangeiros na construção dessas usinas? Não está decidido neste momento quem serão os parceiros privados na construção dessas usinas. Mas, sem dúvida, poderão conter tanto investimentos privados nacionais quanto internacionais. Quais serão as alternativas tecnológicas para as novas usinas? Para as usinas pós-Angra 3, espera-se a participação dos principais fornecedores internacionais: Areva/Mitsubishi; Westinghouse/Toshiba; a Rosenergoatom, empresa russa, além das chinesas CNNC e SNPTC. Qual a participação e a importância da indústria brasileira nesse processo? A participação da indústria nacional nos empreendimentos de geração nuclear no país tem aumentado gradativamente. Para Angra 2, o grau de nacionalização foi de 50,4% e, no caso de Angra 3, a previsão é que seja maior (54%), principalmente após sua retomada, quando a maior parte dos componentes e equipamentos complementares será posta no mercado nacional. No caso de usinas nucleares pós-Angra 3, a meta é de participação de cerca de 70%. Qual será a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira com as novas usinas? De modo aproximado, usando os dados de Angra 1 e Angra 2, quanto à energia, e considerando que a Central de Angra tem 2.007 MW de potência instalada e gera 3% da energia do Sistema Interligado Nacional, cada 1.000 MW (uma unidade deverá ter 1.000 MW) de usina nuclear corresponde a 1,7% da energia gerada no Sistema Interligado Nacional. Como estamos selecionando sítios para até seis usinas, a participação desse eventual sítio iria variar desde 1,7% até 10,2% da geração de eletricidade no país, conforme a central assente de uma até seis usinas de 1.000 MW. A construção das centrais está vinculada ao crescimento da economia do país e, por consequência, da demanda por energia. A crise internacional deve reduzir significativamente a taxa de crescimento econômico por um período que o governo considera médio. O programa sofrerá alterações? Não. A taxa de crescimento econômico de referência para os estudos do PNE2030 é de 4,3%, inferior àquelas que vinham sendo obtidas nos últimos anos e possivelmente inferior à eventual redução causada pela crise internacional atual. A cadência de uma nova usina por ano é factível? Como? Não existe planejamento da expansão do parque nuclear para o período posterior a 2030. O que se pode afirmar é que certamente essa expansão terá de ser acelerada, na medida do progressivo aproveitamento, e consequente redução, do potencial hidroelétrico nacional disponível. Quanto à factibilidade técnica de uma “cadência” de uma nova usina por ano, ela é demonstrada pelos programas nucleares da França (60.000 MW em cerca de 30 anos), dos EUA (100.000 MW também em cerca de 30 anos) e do Japão. Adicionalmente, os projetos modernos de construção de usinas prevêem a construção simultânea de duas unidades lado a lado, o que traz expressivos ganhos durante a etapa de construção. TEMAS GERAIS 1. TARIFA Qual é o custo da energia gerada pelas usinas nucleares? A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) alterou a metodologia de cálculo da receita de comercialização da energia elétrica gerada por Angra 1 e Angra 2. A Aneel determinou que, em 2015, o valor da receita fixa da Eletronuclear pela venda será de R$ 2,246 bilhão. Se dividirmos o valor da receita fixa (R$ 2,246 bilhão) pela energia contratada disponível para ser comercializada, teremos uma receita fixa de R$ 162,09 por MWh – evidenciando a viabilidade econômica da opção nuclear frente às outras térmicas. Desde 1º de janeiro de 2013, o pagamento à Eletronuclear da receita decorrente da geração da energia das usinas nucleares está sendo rateado entre todas as distribuidoras do Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa receita é determinada ano a ano pela Aneel, que estabeleceu a metodologia de cálculo das cotas-parte de cada empresa e os valores vigentes a partir de 2013. Antes, a Eletronuclear comercializava a energia das usinas de Angra com Furnas, que a revendia às distribuidoras. A agência homologava anualmente uma tarifa para remunerar a operadora nuclear. Em comparação com outras formas de geração de energia, a fonte nuclear é competitiva? Sob o aspecto de competitividade econômica, destacamos o Leilão A-5 2014 realizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 28/11/2014, onde foram vendidas 12 termelétricas, sendo 8 empreendimentos a biomassa; uma a carvão e três a gás natural. O preço médio de venda do leilão foi de R$ 196,11 por megawatt hora, evidenciando a viabilidade econômica da opção nuclear. A título de comparação, o preço de venda da energia produzida por Angra 1 e Angra 2, em 2014, foi R$ 156,79 por megawatt hora, aproximadamente 20% inferior ao preço médio de venda do leilão. 2 . BALANÇO PATRIMONIAL / DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO De quanto foi o resultado da Eletronuclear em 2014? Ao final do exercício de 2014, a Eletronuclear apresentou um prejuízo de R$ 1.000.602 mil, enquanto que, no exercício de 2013, o resultado registrou um prejuízo de R$ 688.535 mil. Receita A partir da receita operacional líquida de R$ 1.926.762 mil, computado o custo do serviço de R$ 1.774.162 mil e a despesa operacional de R$ 1.046.799 mil, obtém-se ao final do exercício de 2014 um prejuízo operacional antes do financeiro de R$ 894.199 mil, correspondente a uma Margem Operacional negativa (MON) de 46,41%. Resultado Operacional Depois de computado o resultado financeiro negativo de R$ 83.859 mil e as despesas de Imposto de Renda e Contribuição Social de R$ 22.544 mil, tem-se ao final do exercício um prejuízo líquido de R$ 1.000.602 mil, que corresponde a uma Taxa de Lucratividade negativa (TLFN) de 51,93%. Fatores relevantes do resultado financeiro A seguir, as explicações para as rubricas que afetaram o resultado financeiro da companhia no exercício de 2014: 1 - Encargo de dívidas As despesas de encargos financeiros de R$ 46.501 mil, relativos a juros sobre empréstimos e financiamentos captados com a Eletrobras. 2 - Variações monetárias e cambiais As variações monetárias e cambiais passivas e ativas apresentam no exercício um valor líquido de receita financeira de R$ 3.245 mil, assim destacadas: • Despesa de variação monetária de R$ 10.617 mil sobre a diferença de tarifa a ser paga a Furnas, em decorrência da homologação das tarifas definitivas dos exercícios de 2010, 2011 e 2012; • A variação cambial sobre as dívidas com fornecedores e outros apresentou, no exercício de 2014, uma receita financeira de R$ 13.862 mil, explicada pela valorização ocorrida na cotação do dólar frente ao real incidente sobre adiantamento a fornecedores, quando registrou no período de 01 de janeiro a 31 de dezembro uma subida de 13%. Outros dados financeiros: Receita bruta 2014: R$ 2.192.462 mil Receita líquida 2014: R$ 1.926.762 mil Prejuízo 2014: R$ 1.000.602 mil Ebitda (Lucro antes de impostos + juros + variações monetárias + depreciação + amortização + provisões contábeis) 2014: R$ 370.457 mil Quais foram as mudanças que contribuíram para a regressão do resultado do serviço da Eletronuclear? Os principais efeitos negativos no resultado de 2014 foram provocados pela provisão do impairment (desvalorização de ativos) de Angra 3 no valor de R$ 557.834 mil e pela provisão para plano de incentivo de desligamento no valor de R$ 219.299 mil. Qual o investimento realizado da Eletronuclear no ano 2014? No exercício de 2014 foram investidos R$ 1.987,0 milhões, assim distribuídos: • Manutenção do Sistema de Geração de Energia Termonuclear de Angra 1 e Angra 2 – R$ 193,3 milhões; • • Implantação da Usina Termonuclear Angra 3 – R$ 1.776,5 milhões; Estudos de Viabilidade para Ampliação da Geração de Energia Elétrica – R$ 5,5 milhões; • Infraestrutura de Apoio – R$ 11,7 milhões. O orçamento da Eletronuclear foi aprovado pelo Programa de Dispêndios Globais? No contexto do Programa de Dispêndios Globais (PDG), a Eletronuclear teve seus limites fixados em orçamento aprovado para o exercício de 2014 no Decreto Nº 8.159, de 18 de dezembro de 2013 (DOU de 23.12.2013), e revisado pelo Decreto Nº 8.382, de 29 de dezembro de 2014 (DOU de 30.12.2014). No exercício, as origens dos recursos econômicos necessários à cobertura dos dispêndios (correntes e de capital) foram fixadas em R$ 4.644,9 milhões, distribuídas em R$ 2.234,5 milhões com origem em receitas de venda de energia de Angra 1 e 2, R$ 2.403,4 milhões em recursos de financiamentos de longo prazo e R$ 7,0 milhões em receitas não operacionais. Para as origens dos recursos econômicos fixadas, houve a realização do montante de R$ 3.982,6 milhões, dos quais se destacam a realização dos valores de R$ 2.195,7 milhões originados da receita de venda de energia de Angra 1 e 2, R$ 1.785,4 milhões em recursos de financiamentos de longo prazo e R$ 1,5 milhões em receitas não operacionais. Em relação aos dispêndios econômicos, foi fixado o limite de R$ 4.529,2 milhões, distribuídos em R$ 2.110,5 milhões para dispêndios correntes, R$ 2.351,9 milhões para investimentos e R$ 66,8 milhões para outros dispêndios de capital (amortizações de financiamentos). Em termos de realizações, foram gastos R$ 1.910,6 milhões em dispêndios correntes, R$ 1.987,0 milhões em investimentos e R$ 60,8 milhões em outros dispêndios de capital (amortizações de financiamentos), totalizando R$ 3.958,4 milhões. Os valores realizados com dispêndios correntes no montante de R$ 1.910,6 milhões concentraram-se naqueles necessários à garantia de performance operacional, destacando-se: pessoal próprio e encargos (R$ 589,0 milhões), programa de desligamento voluntário (R$ 133,8 milhões), serviços de terceiros (R$ 379,2 milhões), combustível nuclear (R$ 308,6 milhões), impostos/contribuições (R$ 274,1 milhões), compra de energia (R$ 65,9 milhões), materiais de consumo (R$ 54,1 milhões), juros e outros (R$ 46,5 milhões), utilidades e serviços (R$ 13,2 milhões) e outros dispêndios correntes (R$ 46,2 milhões). Já as realizações dos dispêndios com investimentos no valor de R$ 1.987,0 milhões se concentraram em quatro programas (ações): Implantação da Usina Termonuclear de Angra 3 (R$ 1.776,5 milhões), Manutenção do Sistema de Geração de Energia Termonuclear de Angra 1 e 2 (R$193,3 milhões), Estudos de Viabilidade para Ampliação da Geração de Energia Elétrica (R$ 5,5 milhões) e Infraestrutura de Apoio (R$ 11,7 milhões). 3.FUNCIONAMENTO E SEGURANÇA DAS USINAS Qual é a vida útil das usinas nucleares? A vida útil de projeto das usinas nucleares é, em média, de 40 anos. Entretanto, a robustez do projeto das usinas da Geração II (hoje em operação, como Angra 1 e Angra 2, ou em construção, como Angra 3), permite prorrogar suas vidas úteis, a exemplo de várias dezenas de usinas no mundo com projeto igual ao das brasileiras. A extensão de vida útil das usinas nucleares é uma estratégia adotada em diversos países como alternativa à construção de outras usinas. Normalmente, a renovação de licença prolonga a vida da usina em mais 20 anos, representando, para a operadora, um período de receita com o investimento inicial já amortizado. Para as usinas nucleares mais modernas, da Geração III+, ora ainda em construção, a vida útil de projeto é de 60 anos. No entanto, há expectativas que essas usinas também possam ter suas vidas úteis prorrogadas. Como é o funcionamento de uma usina nuclear? Uma usina nuclear funciona como uma usina térmica convencional; só que, para gerar o calor, não usa combustão de carvão, óleo ou gás. A matéria-prima da usina é o urânio, que é extraído no Brasil, em sua maioria, da mina de Caetité, na Bahia. Os elementos combustíveis das usinas são compostos por varetas cheias de pequenas pastilhas cerâmicas de dióxido de urânio (UO2). A geração de energia começa com a fissão dos átomos de urânio dentro do núcleo do reator. Essa fissão gera calor e aquece a água do sistema primário. No gerador de vapor, essa água aquece a do sistema secundário, transformando-a em vapor. Após movimentar a turbina, esse vapor passa pelo condensador, onde é resfriado pela água do mar e retorna ao gerador de vapor (sistema terciário - no diagrama abaixo aparece com o nome de “sistema de água de refrigeração”). O gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina produz a eletricidade que abastece a rede de energia elétrica. É importante salientar que todos os sistemas de circulação de água são independentes, não havendo contato direto entre eles. REATORES A ÁGUA PRESSURIZADA (PWR) A energia nuclear é distribuída pelo Sistema Interligado Nacional (SIN)? Sim. Pelo Sistema Interligado Nacional (SIN), a energia das usinas nucleares brasileiras chega aos principais centros consumidores do país. Como o parque elétrico brasileiro tem mais de 90% da sua geração de origem hidráulica, com longas linhas de transmissão até os grandes centros consumidores, a importância de Angra 1 e Angra 2 para a estabilização do sistema elétrico no eixo Rio-São Paulo é muito grande. São 640 MW de Angra 1 e 1.350 MW de Angra 2, fundamentais para a melhoria da confiabilidade no fornecimento de energia elétrica para o sistema da Região Sudeste. Quais os estados que não fazem parte do SIN? Os estados que estão de fora do Sistema Interligado Nacional (SIN) são Amazonas, Amapá e Roraima. Apenas 3,4% da capacidade de produção de energia elétrica do país se encontram fora do SIN. Qual o grau de segurança das usinas nucleares? De todas as atividades industriais, a geração de energia elétrica em usinas nucleares é uma das que oferecem menos risco. O pensamento e atitude dominante é a busca da melhoria contínua, isto é, que é sempre possível melhorar a segurança. As usinas que constituem a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA), foram projetadas e construídas dentro dos mais rigorosos critérios de segurança adotados internacionalmente. Seu licenciamento ambiental está a cargo do Ibama, e o nuclear está a cargo da CNEN, obedecendo rigorosamente a legislação vigente no país. No projeto e na operação da CNAAA a segurança ganha prioridade absoluta e, de acordo com a Política de Gestão Integrada da Segurança da Eletrobras Eletronuclear, “A Segurança Nuclear é prioritária e precede a produção, não devendo nunca ser comprometida por qualquer razão”. Tem-se como meta deste esforço satisfazer o objetivo principal que é proteger os indivíduos, a sociedade e o meio ambiente contra o risco radiológico. As usinas nucleares possuem sistemas de segurança redundantes, independentes e fisicamente separados, em condições de resfriar o núcleo do reator e os geradores de vapor em situações normais ou de emergência, prevenindo também a ocorrência de acidentes. Na situação improvável de perda de controle do reator em operação normal, esses sistemas independentes de segurança entram automaticamente em ação para impedir condições operacionais inadmissíveis. Além de todos esses sistemas, as usinas nucleares de Angra têm sistemas de segurança, que funcionam sem que precisem ser acionados por dispositivos elétricos ou mecânicos. Esses sistemas incluem as numerosas barreiras protetoras de concreto e aço, que protegem as usinas contra impactos externos (terremotos, maremotos, inundações e explosões) ou aumento da pressão no interior da Usina. Cerca de 95% das substâncias radioativas de uma usina nuclear são geradas no núcleo do reator durante o funcionamento deste, quando da fissão nuclear do combustível. O próprio combustível nuclear, que é composto por varetas cheias de pequenas pastilhas cerâmicas de dióxido de urânio (UO2), funciona como barreira interna, pois a maior parte dos produtos que se originam no processo de fissão nuclear fica retida no interior da estrutura cristalina destas pastilhas. Apenas uma pequena fração dos produtos de fissão voláteis e gasosos consegue escapar, ficando entretanto retida no interior das varetas que contêm as pastilhas de urânio. Essas varetas são feitas de uma liga especial de zircônio e são hermeticamente seladas. Na eventualidade de microfissura em alguma vareta do elemento combustível, sistemas de monitoramento, purificação e desgaseificação atuam para assegurar que a segurança da operação do reator. O sistema de refrigeração do reator funciona como uma barreira estanque, evitando a liberação de substâncias radioativas. Angra 1 e Angra 2 operam com um reator do tipo PWR (água pressurizada), que é o mais utilizado no mundo - 63% dos reatores em operação no mundo, segundo dados da Agência Internacional de Enegia Atômica (AIEA), 2014. O reator PWR é projetado para ter características de autorregulação, isto é, com o aumento de temperatura há uma diminuição de potência, exatamente para funcionar como freio automático contra aumentos repentinos de potência. Ainda assim, para a remota possibilidade de o sistema de refrigeração permitir a liberação não controlada de substâncias radioativas, o reator está contido por um edifício de aço estanque, de formato cilíndrico em Angra 1 e esférico em Angra 2, denominado Prédio de Contenção. Tal barreira é projetada para evitar qualquer liberação de radioatividade no caso do mais sério acidente de falha da refrigeração do núcleo do reator. Esta contenção de aço está protegida de impactos externos por um edifício de paredes de concreto armado. Durante a operação normal da Usina, a pressão no lado de dentro do edifício do reator é mantida abaixo da pressão atmosférica externa, exatamente para impedir que produtos radioativos possam escapar do interior da Usina para o meio ambiente. Todas essas barreiras são devidamente testadas durante a construção e montagem da Usina e suas integridades verificadas no decorrer da operação da mesma. Grande parte das ações que visam a neutralizar ocorrências anormais na usina é automática. Mesmo assim, os operadores de uma usina nuclear são altamente treinados e precisam ser necessariamente licenciados pela CNEN. Os operadores de Angra 1 passam por um rigoroso treinamento realizado nos Estados Unidos e na Europa, onde utilizam simuladores compatíveis com a Sala de Controle de Angra 1. Um simulador específico para Angra 1 está em fase final de comissionamento, em Mambucaba. A Eletronuclear possui também em Mambucaba (município de Paraty/RJ) um simulador que é uma réplica da sala de controle de Angra 2. Lá, os operadores da Usina Angra 2 são treinados, podendo-se reproduzir todas as situações que ocorrem durante o funcionamento normal da usina ou em situações anormais e emergenciais. Operadores de diversos países já foram treinados nesse simulador. Para Angra 3, um simulador específico está em fase de especificação e compra. Além dos rígidos critérios adotados nas fases de projeto e de operação, há um plano de emergência que abrange uma área com raio de 15 quilômetros em torno da CNAAA. Esse plano, que envolve, além da Eletronuclear, os órgãos da Defesa Civil, a CNEN, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, assim como diversas empresas de prestação de serviços, contempla todas as medidas para proteção dos trabalhadores e da população no caso de um acidente nuclear, inclusive até a necessidade de evacuação ordenada. Por isso, periodicamente, são feitos exercícios simulados para que se possa testar o seu funcionamento. Além dos processos de auto-avaliação implantados pela Eletronuclear, as usinas são sistematicamente auditadas pelos órgãos reguladores nacionais - a CNEN mantém profissionais residentes que têm acesso a todos as atividades e documentos – e são avaliadas periodicamente por organismos internacionais, como a AIEA, e a Associação Mundial de Operadores Nucleares, WANO (World Association of Nuclear Operators). As usinas também travam um intenso intercâmbio com outros organismos nacionais e internacionais na busca da melhoria contínua. Os padrões de segurança nuclear adotados no Brasil são eficientes? O Brasil é signatário da Convenção Internacional de Segurança Nuclear e da Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de Combustível Usado e Rejeitos Radioativos. Bianualmente, o país envia relatórios a esses organismos que são rigorosamente escrutinados. O Brasil também é signatário das seguintes convenções: Convenção sobre pronta resposta a um acidente nuclear, Convenção sobre assistência em caso de acidente nuclear ou emergência radiológica, Convenção sobre responsabilidade civil por danos causados por material nuclear e Convenção sobre a proteção física de material nuclear. A Eletronuclear é associada da Wano, que congrega todas as operadoras de usinas nucleares do mundo. Essa associação tem um papel de avaliador independente do setor, adicional à regulamentação nacional, estimulando altos padrões entre todos os seus associados. As usinas de Angra são avaliadas regularmente por técnicos da WANO e da AIEA, e técnicos das nossas usinas compõem regularmente equipes de revisão em outras usinas no mundo. Estes intercâmbios são uma oportunidade para a troca de experiências operacionais, crescimento cultural e profissional dos funcionários e a melhoria contínua de nossos processos. O que é um prédio de contenção? Para a remota possibilidade de o sistema de refrigeração permitir a liberação não controlada de substâncias radioativas, o reator é envolvido por um edifício de aço estanque, denominado Prédio de Contenção. Tal barreira é projetada para evitar qualquer liberação de material radioativo no caso do mais sério acidente de falha da refrigeração do núcleo do reator, em que se assume a ruptura total da tubulação do sistema de refrigeração do reator, com toda a água de refrigeração sendo descarregada e retida dentro do Prédio de Contenção. Essa estrutura de contenção de aço especial está protegida de impactos externos por um edifício de paredes de concreto armado. Durante a operação normal da usina, a pressão no lado de dentro do edifício do reator é mantida abaixo da pressão atmosférica externa, exatamente para impedir que produtos radioativos possam escapar do interior da Usina para o meio ambiente. Todas essas barreiras são devidamente testadas durante a construção e a montagem da Usina e suas integridades verificadas ao decorrer da operação da mesma. Estruturas dos Prédios de Contenção das usinas Angra 1, Angra 2 e Angra 3: - Angra 1 – A estrutura externa de concreto do envoltório de contenção está assentada diretamente na rocha, a uma profundidade aproximada de 10m abaixo do nível do mar. Sua forma é cilíndrica com tampo em calota esférica e com as seguintes características: elevação de 63m acima do nível do mar, diâmetro interno de 35m e espessura de parede de 75cm. A forma da estrutura interna do prédio de contenção, de aço especial, é cilíndrica com tampo em calota esférica e com as seguintes características: a parte cilíndrica tem uma espessura média de 38mm, diâmetro de 32 metros e elevação da estrutura de 61 metros acima do nível do mar. - Angra 2 – A estrutura de concreto do envoltório de contenção é de forma cilíndrica com uma cúpula esférica, com as seguintes dimensões aproximadas: diâmetro interno de 60m, espessura de 60 cm e elevação de 60m acima do nível do mar. Essa estrutura está assentada em cerca de 200 estacas, atingindo até uma profundidade de 40m abaixo do nível do mar. A estrutura de aço é uma esfera que envolve o reator nuclear e as piscinas de elementos combustíveis. As dimensões do prédio de contenção, de estrutura metálica, são as seguintes: diâmetro interno de 56m, espessura de 30mm e peso de 2.600 toneladas. - Angra 3 – Estruturas semelhantes às de Angra 2. As usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários tipos de acidentes. Entre os acidentes externos postulados consideram-se o maior terremoto que poderia ocorrer no sítio e o efeito da explosão de um caminhão carregado de TNT em estrada próxima. Os prédios de contenção onde ficam os reatores nucleares têm barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses tipos de evento. Pode-se verificar que, mesmo não sendo necessária a consideração de queda de avião no projeto por causa da baixa probabilidade de ocorrência desse evento, as usinas poderiam resistir até ao impacto de um grande avião em velocidade de pouso ou decolagem, sem que as barreiras de segurança fossem inteiramente rompidas. Um impacto dessa natureza teria uma probabilidade muito pequena de comprometer a segurança da Usina. Estruturas de contenção – modelo de Angra 2 e Angra 3 Quais são as principais diferenças entre a central de Chernobyl e as usinas de Angra? O reator acidentado na central de Chernobyl (tipo RBMK1000) difere dos reatores construídos no Brasil (PWR) não apenas no seu princípio físico de funcionamento, mas, também, nas principais características construtivas. O reator RBMK1000 é do tipo água fervente circulando em tubos de pressão utilizando grafite como moderador de nêutrons. O combustível consiste de pastilhas de dióxido de urânio enriquecido entre 1,1% e 2% encamisadas em RBMK varetas de liga de zircônio. Chernobyl Os elementos combustíveis estão inseridos nos tubos de pressão, que, por sua vez, estão inseridos nos blocos de grafite. A água de refrigeração circula pelos tubos de pressão e passa ao estado de vapor à medida que remove o calor produzido no núcleo do reator. O vapor gerado é separado da fase líquida e levado às turbinas. A água resultante da condensação do vapor expandido nas turbinas retorna e é novamente distribuída pelos tubos de pressão, fechando o ciclo. PWR Nos reatores PWR, a água pressurizada é utilizada como refrigerante e Angra 1 e Angra 2 moderador em um circuito fechado (circuito primário), separado do circuito secundário pelos tubos dos geradores de vapor. O calor removido do núcleo é transferido ao circuito secundário nos geradores de vapor. • Estabilidade – Comparação RBMK / PWR No ciclo direto de vapor nos reatores RBMK se estabelece uma única barreira entre o refrigerante em contato com o combustível e o meio ambiente; essa barreira é o condensador da turbina, em contraposição aos PWR, em que os geradores de vapor constituem uma segunda barreira. O grafite nos reatores RBMK, ao contrário da água nos PWR, apresenta características de absorção de calor que favorecem o surgimento, em determinadas condições de operação, de instabilidades que podem comprometer a integridade do combustível. Em casos extremos de falta de resfriamento do núcleo, a temperatura do grafite pode elevar-se a ponto de este incendiar-se em contato com o ar. De fato, as investigações mostraram que, contrariando os procedimentos, o reator de Chernobyl operava em um nível de potência não recomendado. Em consequência dessa instabilidade, houve um aumento rápido de potência levando os elementos combustíveis ao superaquecimento e causando uma explosão de vapor de grandes proporções, destruindo o núcleo e incendiando o grafite. As características de projeto dos reatores PWR asseguram condições de estabilidade em toda a faixa de operação. • Liberação de Radiação – Comparação RBMK / PWR As principais diferenças em termos de características construtivas referentes à segurança em relação aos reatores construídos no Brasil advêm da filosofia adotada originalmente para os reatores RBMK, de não levar em consideração acidentes muito improváveis. Como exemplo típico pode-se citar a não construção de envoltório de contenção, existente em Angra 1 e Angra 2, que minimizaria a liberação de elementos radioativos para o meio ambiente. Com respeito ao acidente de Chernobyl, cabe destacar que a total diversidade de critérios de projeto, de filosofia de segurança e de condições de operação existentes entre usinas soviéticas do tipo RBMK na época do acidente, e as nossas do tipo PWR, que integram a Central Nuclear de Angra dos Reis, desqualificaria qualquer comparação em termos de riscos de acidentes e efeitos consequenciais. • Análise da AIEA Após o acidente, foi estabelecido um amplo programa internacional, liderado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), de análise dos projetos dos reatores do Leste da Europa, resultando na proposição de modificações importantes, como modernização dos sistemas de instrumentação e controle e implementação de sistemas de segurança adicionais, visando a elevar o nível de segurança dessas usinas a patamares comparáveis às usinas do Ocidente, como Angra 1 e Angra 2. Em verdade, devido a características construtivas da Usina de Chernobyl, aconteceu um incêndio no grafite usado como elemento moderador para controlar a fissão do urânio. Sem esse elemento moderador, não acontece fissão no átomo do urânio baixamente enriquecido. Em Angra e outras usinas que utilizam a água como elemento moderador, esse tipo de acidente seria impossível. No caso da bomba atômica, uma comparação muitas vezes erroneamente feita com as usinas nucleoelétricas, requer urânio altamente enriquecido ou plutônio, e não é usado elemento moderador: é uma tecnologia bastante diferente. Seria quase como comparar gasolina ou óleo combustível com a dinamite, já que esses materiais envolvem igualmente possibilidade de reações químicas com liberação de energia. A título de conhecimento, chamamos de urânio natural o minério de urânio que sai das minas, que se transformará em combustível para o reator do tipo dos de Angra após passar por diversas etapas de depuração de outros elementos e consequentemente aumentar seu enriquecimento. O urânio natural é composto de um isótopo não físsil (não se divide naturalmente com o choque de um nêutron), estável, não radioativo, chamado Urânio 238 (238U – o peso atômico dele é de 238 "unidades de massa atômica"), e o urânio físsil, instável, fracamente radioativo, que (por ser menos estável que o 238U) se fragmenta (fissiona) em duas ou mais partículas diferentes, que libera energia durante essa divisão. Este isótopo é chamado de Urânio 235 (235U): é o que mais nos interessa. Ele está em concentração muito pequena no urânio natural e é dessa forma – não enriquecido – que usado apenas em alguns tipos de reatores especiais que necessitam de água pesada (molécula composta por um átomo de oxigênio e dois de deutério (isótopo de hidrogênio que contém um próton e dois nêutrons no núcleo). Nos reatores das usinas de Angra utilizam-se água leve (H2O) desmineralizada, e urânio baixamente enriquecido, entre outras substâncias. O que chamamos de urânio enriquecido é o urânio no qual aumentamos artificialmente a proporção de 235U em relação ao 238U. Esse processo é chamado de enriquecimento isotópico. Poucos países detêm a tecnologia para conseguir esse processo de forma comercial ou em grande escala. O Brasil, graças à pesquisa e ao desenvolvimento da tecnologia pela Marinha e pela INB, Indústrias Nucleares do Brasil, iniciou a partir de 2004 a produção comercial de urânio enriquecido. Tentou-se adquirir uma tecnologia para enriquecimento do urânio na Alemanha, por ocasião do Acordo Nuclear entre o Brasil e aquele país, mas não foi possível, pois os Estados Unidos bloquearam a transferência de tecnologia do sistema de difusão gasosa, da Alemanha para o Brasil. O sistema, que foi desenvolvido por nós, brasileiros, é o de ultra-centrifugação (diga-se de passagem, muito mais barato e eficiente), onde o gás contendo urânio é centrifugado em altíssima rotação. Como o 238U é mais pesado que o 235U, uma concentração maior de 238U se localiza na parte distante do eixo da centrífuga, e o 235U se concentra no centro. São necessárias muitas centrífuga para se conseguir algum enriquecimento. Quem consegue realizar um enriquecimento isotópico baixo (nossas usinas usam enriquecimento de 235U menor que 10%), teoricamente está habilitado a realizar um enriquecimento alto e entrar para o seleto grupo que possui bombas atômicas, que necessitam de um enriquecimento maior que 90%. O Brasil optou por manter a utilização do urânio enriquecido somente para fins pacíficos, aprovando inclusive lei específica que assim determina. Atualmente, os únicos países que dominam tecnologicamente todas as etapas do processo de enriquecimento de Urânio 253, desde a mineração até a produção comercial de elementos combustíveis, são o Brasil, os Estados Unidos e a Rússia. Quais são as principais diferenças entre a central de Fukushima e as usinas de Angra? Existem hoje (abril de 2015), segundo dados da AIEA, 438 usinas nucleares em operação no mundo. Em torno de 60% contam com reatores a água pressurizada (PWR), o mesmo modelo de Angra 1 e Angra 2. Aproximadamente, 25% são reatores a água fervente (BWR), como os da central de Fukushima, no Japão. Outros 10% utilizam outras tecnologias. Num acidente com perda total da alimentação elétrica, como o ocorrido em Fukushima, um reator PWR permitiria que os operadores tivessem mais tempo para o restabelecimento da energia do que um BWR. A usina PWR conta com circuitos independentes e geradores de vapor, equipamentos que contêm uma quantidade significativa de água e que permitem que o resfriamento do reator ocorra por circulação natural até o restabelecimento de energia, sem a necessidade de se utilizar bombas acionadas por eletricidade. Numa usina BWR existe um circuito único, sem geradores de vapor. Um corte no fornecimento de energia interrompe imediatamente o resfriamento, como aconteceu na usina de Fukushima Daiichi. Portanto, nessas condições, a usina PWR apresenta algumas vantagens. No Japão, 50% das usinas são do tipo PWR e a outra metade é BWR. Vale ressaltar que, na região afetada, não havia usinas PWR em operação, apenas BWRs. Quantos acidentes aconteceram nos últimos dez anos? Em mais de trinta anos de geração de energia nuclear no Brasil, nunca houve em Angra dos Reis um acidente ou evento que pusesse em risco os trabalhadores das usinas, a população ou o meio ambiente da região. A Eletronuclear foi uma das primeiras companhias brasileiras a adotar um programa de cultura de segurança, na qual todos os funcionários estão individualmente comprometidos. Essa determinação levou à adoção de uma Política de Gestão Integrada de Segurança que privilegia a segurança nuclear e abrange a garantia da qualidade, a proteção do meio ambiente, a segurança do trabalho, a saúde ocupacional e a proteção física, assim como deriva para aspectos gerenciais como a análise de risco e gestão de contratos, entre outros. No projeto e na operação da CNAAA a segurança ganha prioridade absoluta e, de acordo com a política, “a segurança nuclear é prioritária e precede a produção, não devendo nunca ser comprometida por qualquer razão”. Tem-se como meta desse esforço satisfazer o objetivo principal que é proteger os indivíduos, a sociedade e o meio ambiente contra o risco radiológico. O programa de cultura de segurança desenvolvido pela Eletronuclear, pioneiro na indústria mundial, contou com a consultoria da Agência Internacional de Energia Atômica e se tornou uma referência na área de segurança para empresas que operam usinas nucleares em todo o mundo. Que tipo de acidente seria mais possível de acontecer nas usinas nucleares de Angra? Na realidade, um acidente nas usinas da CNAAA com consequências radiológicas, isto é, com liberação de material radioativo, é muito pouco provável de acontecer. O pior acidente que pode ocorrer nas usinas Angra 1 ou Angra 2 é uma fusão do núcleo do reator, motivada por perda de refrigeração do reator. Esse foi o caso da usina americana de Three Mile Island (TMI-2), onde houve um acidente com danos severos ao núcleo e escape do circuito primário de grande quantidade de materiais radioativos que, entretanto, ficaram retidos dentro do envoltório de contenção. Assim como TMI-2, os reatores de Angra 1 e Angra 2 são do tipo PWR, que utilizam água pressurizada como refrigerante e também como moderador. Nos dosímetros aparece a medida de radiação. Como se chama essa medida? A unidade do sistema internacional de unidades é o Sievert (Sv). Na rotina operacional, as doses envolvidas são muito baixas. Os dosímetros eletrônicos mostram os submúltiplos automaticamente. As doses registradas aparecem em micro-Sievert (Sv), ou seja, 1/1.000.000 do Sv. Quanto um funcionário pode receber de radiação? A taxa é mensal? A Norma CNEN-NN-3.01 (Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica) determina os limites para o Indivíduo Ocupacionalmente Exposto (IOE) e para o público. Os limites são de 50.000 Sv/ano, desde que a média dos últimos 5 anos não ultrapasse 20.000 Sv/ano. A Eletronuclear adota limites operacionais trimestrais, e por atividade, ainda menores que os limites estabelecidos pela CNEN, de forma a garantir o cumprimento dos limites da Norma. A título de comparação, seguem alguns dados do Escritório de Ciências do Departamento de Energia dos Estados Unidos (US DOE/Office of Science): Radiação Natural: ~ 2.400 Sv/ano (Nota: Existem lugares com valores de até 10.000 Sv/ano, como na Costa de Kerala, na Índia). Tripulação de voos comerciais: 2.000 – 4.000 Sv/ano Exames Médicos: - 1 radiografia de tórax: ~100 Sv - 1 radiografia dentária: ~1.600 Sv - 1 mamografia: ~2.500 Sv - 1 cintilografia do miocárdio (Tc-99): ~4.400 Sv - 1 cintilografia óssea (Tc-99): ~10.000 Sv O que acontece quando se ultrapassa o limite de radiação que um funcionário pode receber? Os limites sempre foram cumpridos, nunca ocorreu de um empregado superá-los. Procedimentos administrativos proíbem o acesso dos empregados quando as doses acumuladas atingem 80% do limite trimestral. O crédito de 20% do limite trimestral somente será utilizado caso o empregado tenha crédito anual, a tarefa justifique sua participação e com a autorização do gerente direto do empregado e do superintendente da unidade. Como o limite é anual, pode ocorrer que, para o gerenciamento do crédito de dose, o empregado seja afastado das atividades em área controlada por determinados períodos. O que aconteceria se um avião caísse na Central Nuclear? As usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários tipos de acidentes. Entre os acidentes externos postulados consideram-se o maior terremoto que poderia ocorrer no sítio e o efeito da explosão de um caminhão carregado de TNT em estrada próxima. O prédio onde fica o reator nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses tipos de evento. Pode-se verificar que, mesmo não sendo necessária a consideração de queda de avião no projeto por causa da baixa probabilidade de ocorrência desse evento, as usinas poderiam resistir até ao impacto de um grande avião em velocidade de pouso ou decolagem, sem que as barreiras de segurança fossem inteiramente rompidas. Um impacto dessa natureza teria uma probabilidade muito pequena de comprometer a segurança da Usina, da população e do meio ambiente. O projeto estrutural leva em consideração a possível ocorrência de um abalo sísmico? As usinas nucleares de Angra dos Reis foram projetadas para resistir a vários tipos de acidentes. Mesmo estando numa região com probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, o projeto das usinas de Angra, entre outros acidentes externos considerados, leva em conta o maior terremoto que poderia ocorrer no sítio. O prédio onde fica o reator nuclear tem barreiras de concreto e de aço dimensionadas para resistir a esses tipos de evento. Diversos sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer abalo que atinja os níveis de intensidade especificados no seu projeto. O projeto se baseia em normas de segurança internacionais, que consideram uma aceleração horizontal na rocha de 0.10 g (aceleração da gravidade, g=10m/s2). Especialistas da PUC/RJ e do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP (IAG/USP) estimaram que a probabilidade de ocorrência de um abalo dessa proporção na Central Nuclear é de uma vez a cada 50 mil anos. O maior terremoto registrado na região Sudeste, nas últimas décadas, ocorreu em 22 de abril de 2008, atingiu 5,2 graus na escala Richter e teve seu epicentro no Oceano Atlântico, a 215 km da cidade de São Vicente, no litoral paulista, e a 315 km da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA). O nível das acelerações registrado na Estação Sismográfica de Angra dos Reis foi de 0,0017 g, (2% do valor de projeto), e inferior ao nível mínimo acima do qual passaria a ser registrado na instrumentação sísmica das próprias usinas (0,01 g). E o terremoto que atingiu o litoral paulista em 2008? O terremoto da noite do dia 22 de abril de 2008 atingiu 5,2 graus na escala Richter e teve seu epicentro no Oceano Atlântico, a 215 km da cidade de São Vicente, no litoral paulista; e a 315 km da CNAAA. Construídas numa região com probabilidade muito baixa de ocorrência de eventos sísmicos, as usinas de Angra, como já dissemos, foram projetadas para resistir a terremotos. Diversos sistemas garantem, de forma segura, o desligamento das usinas após qualquer abalo que atinja as especificações consideradas no seu projeto. Localização do epicentro do terremoto em relação à Central Nuclear Esse projeto se baseia em normas de segurança internacionais, que consideram uma aceleração horizontal na rocha de 0.10 g. Especialistas da PUC/RJ e do Instituto de Astronomia e Geofísica da USP (IAG/USP) estimam que a probabilidade de ocorrência de um abalo dessa proporção nas proximidades da Central Nuclear é de uma vez a cada 50 mil anos. No dia 22, o nível das acelerações registrado na Estação Sismográfica de Angra dos Reis foi de 0,0017 g, (2% do valor de projeto), e inferior ao nível mínimo acima do qual passaria a ser registrado na instrumentação sísmica das próprias usinas (0,01 g). Três fatores são determinantes para medir a intensidade local de um evento sísmico: a magnitude do terremoto, a distância em relação ao epicentro e a profundidade em que ocorre o abalo. Por exemplo, um terremoto de magnitude 4 na escala Richter, com o epicentro no local das usinas, não provocaria acelerações superiores às previstas no projeto. Para tanto, seria necessário que ocorresse um abalo de magnitude 5 a menos de 12 km; ou um terremoto de magnitude 6 a menos de 37 km da Central Nuclear. Existe um monitoramento sísmico nas usinas? A Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) possui uma Estação Sismográfica equipada com aparelhos modernos que monitoram, identificam e analisam os eventos sísmicos locais e regionais. Essa Estação opera desde 2002, monitorando continuamente qualquer vibração no sítio das usinas e registrando todos os eventos. Ela permite determinar o epicentro, a magnitude e as demais características de qualquer evento sísmico, além de indicar o nível de aceleração na região da Central Nuclear. Esses registros, aliados aos catálogos sísmicos disponíveis, confirmam a baixa sismicidade da região de Angra. Além disso, cada usina possui instrumentação sísmica própria e independente para monitoramento dessas acelerações. Caso ocorra um abalo que ultrapasse 10% das acelerações estimadas no projeto, um alarme é disparado na sala de controle onde sua intensidade pode ser identificada imediatamente. Nesse caso, os valores de aceleração são analisados para calcular seu impacto na Usina. Se as acelerações atingirem 50% dos valores de projeto, a Usina deve ser inspecionada para verificar a existência de algum dano. Qual a possibilidade de um tsunami (maremoto) atingir o litoral brasileiro na Região Sudeste? Um evento dessa natureza é provocado na maioria das vezes em decorrência de um abalo sísmico de grande magnitude (superior a 7.0) no mar, em que o foco esteja pouco profundo e em regiões de borda de placas tectônicas que se movem uma em direção à outra, gerando ondas que podem alcançar grande amplitude nas regiões costeiras próximas. Esse fenômeno é o que ocorreu em várias ocasiões no Pacífico e no episódio do Japão em 11 de março de 2011. A Região Sudeste do litoral brasileiro está situada na placa tectônica sulamericana, que se afasta da placa tectônica africana. Portanto, no Oceano Atlântico Sul, não existem as condições necessárias para gerar os tsunamis (maremotos). Existe no local um sistema de segurança adequado para impedir uma possível ocorrência de invasão? Quais as medidas existentes para se detectar, impedir e combater tal fato? O conceito de proteção física do local das usinas (sítio) envolve medidas de proteção de fora para dentro, medidas estas que vão se tornando mais rigorosas quanto mais próximas das usinas. O local é dotado de medidas para proteção física, quais sejam: existência de cercas concêntricas monitoradas, a externa cercando o sítio e a interna (dupla), as usinas; corpo de guarda; guaritas em sequência (externa e interna e de acesso às usinas) sistema de circuito fechado de televisão e sistema de alarme para abertura das portas dos depósitos. 4. EVENTOS OPERACIONAIS E PLANO DE EMERGÊNCIA Existe um plano de emergência? É feito algum tipo de treinamento com a população local? Usinas como Angra 1 e Angra 2 foram projetadas e construídas com barreiras de proteção sucessivas e preparadas para resistir a um acidente severo. No entanto, como é comum e recomendável nos locais onde existem instalações sensíveis, um plano de emergência foi elaborado para orientar a população que mora nas proximidades da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Para atender aos requisitos de licenciamento da Usina Nuclear Angra 1, foi elaborada, em 1978, a primeira versão do Plano de Emergência Externo. Desde 1994, esse Plano sofreu diversos aprimoramentos e a responsabilidade por sua aplicação passou do Governo Federal para o Estadual. O documento intitulado Plano de Emergência Externo do Estado do Rio de Janeiro (PEE/RJ) encontra-se disponível no site da Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, o Plano é coordenado pela Subsecretaria de Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro e inclui a atuação de outros órgãos sediados efetivamente na região de Angra dos Reis, principalmente a Defesa Civil desse município. Quais são os órgãos envolvidos? As ações especificadas nesse plano, coordenadas pela Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro, sob a supervisão geral do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), que é o órgão central do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (Sipron), e a supervisão técnica da CNEN, envolvem, também, a participação das seguintes organizações: Exército, Marinha, Aeronáutica, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, Defesa Civil de Angra dos Reis, Defesa Civil de Paraty, Ibama, INEA, Ministério da Saúde, e empresas de eletricidade, de telefonia, de abastecimento de água, empresas de transporte urbano da região, além de outras secretarias estaduais e municipais. Como é feito o planejamento de resposta a emergências nucleares? A região é dividida em Zonas de Planejamento de Emergência, que são áreas no entorno da CNAAA, delimitadas por círculos, com raios, respectivamente, de 3 km, 5 km, 10 km e 15 km, centrados no Edifício do Reator de Angra 1. Para cada área, existem ações específicas. Como foram definidas estas distâncias? Com base em critérios estabelecidos pela CNEN e em Normas Internacionais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). As ações para a proteção da população, em situações de emergência na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, são estabelecidas segundo as Zonas de Planejamento de Emergência – ZPEs, com graus de planejamento de resposta que variam de acordo com a distância da Central Nuclear. As ZPEs abrangem áreas de raios com limites de 3, 5, 10 e 15 quilômetros, com centro na Usina de Angra 1. O Plano de Emergência Externo prevê as ações preventivas e urgentes de remoção da população na ZPE-3 e, em caso de agravamento do acidente, também na ZPE-5. Nessas zonas estão instaladas sirenes para notificação da população. As ZPEs 10 e 15 são consideradas zonas de controle ambiental, onde não são previstas medidas de proteção urgentes e preventivas e sim medidas baseadas numa monitoração do meio ambiente. Há quantas pessoas aproximadamente nas ZPEs 3 e 5? O Centro de Coordenação e Controle de Emergência Nuclear (CCCEN) trabalha, na ZPE-3, com uma estimativa de 200 pessoas e, na ZPE-5, com cerca de 20 mil habitantes. No âmbito do Plano de Emergência, como são classificados os eventos e a partir de que nível devem preocupar a população? Existe um modelo internacional de classificação e comunicação de emergências ao órgão regulador (CNEN) e às demais autoridades, que prevê ações sempre preventivas e antecipatórias. O modelo pressupõe quatro etapas possíveis de evolução dos eventos em razão do possível grau de impacto. Vão desde as mais simples, sem nenhum reflexo sobre a saúde e a segurança da população, até as mais sérias, que podem ter como consequência a liberação de material radioativo para o meio ambiente. O PEE/RJ da CNAAA é acionado gradativamente, conforme as etapas do procedimento operacional de classificação das emergências descritas a seguir: 1) Evento Não Usual (ENU) – eventos que estão em andamento, ou ocorreram, e que indicam uma degradação potencial no nível de segurança ou indicam que foi iniciada uma ameaça à proteção física da instalação. Liberações de material radioativo requerendo resposta ou monitoração externa ao sítio não são esperadas a menos que ocorra degradação adicional dos sistemas de segurança. 2) Alerta – eventos que estão em andamento, ou ocorreram, e que envolvem uma degradação real ou potencial do nível de segurança da Usina ou um evento de proteção física que envolva provável risco de ameaça à vida do pessoal do sítio ou dano a equipamento do sítio devido à ação hostil. Quaisquer liberações são esperadas serem limitadas a pequenas frações dos níveis de exposição da norma CNEN-NN-3.01, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica. Nessa etapa, são ativados os Centros de Emergência internos das usinas e os externos, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro e Brasília, sem a necessidade de ações de evacuação dos trabalhadores nem da população. Em casos de Alerta e ENU, não estão previstas quaisquer ações junto à população. 3) Emergência de Área – eventos que estão em andamento, ou ocorreram, e que envolvem falhas reais ou falhas prováveis de grande porte das funções da Usina necessárias para proteção do público ou ação hostil que resulte em dano intencional ou ato mal intencionado ao pessoal do sítio, a equipamento de segurança ou que impeça acesso efetivo a esses equipamentos. Quaisquer liberações não são esperadas resultar em níveis de exposição que excedam os limites da norma CNEN-NN-3.01, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica, para além dos limites do sítio. Os trabalhadores não envolvidos com a emergência são retirados das usinas e instalações administrativas, conforme estabelece o Plano de Emergência Local (PEL). 4) Emergência Geral – eventos que estão em andamento, ou ocorreram, e que envolvem degradação do núcleo real ou iminente e substancial ou fusão do núcleo real ou iminente e substancial, com potencial para perda da integridade da contenção. Ou, ainda, ação hostil que resulte na perda real do controle físico da instalação. Liberações podem ser esperadas, de modo razoável, exceder os níveis de exposição definidos na norma CNEN-NN-3.01, Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica, para além da área imediata do sítio da Usina. Antes de qualquer liberação, a população da ZPE-3 é avisada pelo sistema de sirenes (e/ ou alto-falantes) e evacuada para a ZPE-15. No caso de um agravamento, a população da ZPE-5 também é avisada e removida para a ZPE-15. Como é feito o aviso para a população? A população será orientada pela Defesa Civil, que tem destacamentos a leste e oeste da CNAAA, pelo sistema de som composto por oito sirenes instaladas nas ZPEs 3 e 5. Esse sistema também permite a transmissão de mensagens de voz e pode ser operado tanto pelos destacamentos do Corpo de Bombeiros do Frade e de Mambucaba quanto pelo Centro de Emergência, situado no Centro de Angra dos Reis. E se esse sistema de som não funcionar? O sistema é testado todo dia, às 10 horas da manhã. Além disso, diariamente existe um teste silencioso para verificar a operacionalidade dos equipamentos. Mesmo assim, em caso de falha, a Defesa Civil possui veículos equipados com alto-falantes para fazer o alerta da população numa situação de emergência. Como é feita a remoção da população? As pessoas poderão se deslocar a pé ou contar com opções de transporte rodoviário (ônibus da Eletronuclear e das empresas concessionárias de transporte da região) e marítimo (embarcações da Marinha). As que possuem veículos próprios poderão utilizá-los, obedecendo às determinações das autoridades de tráfego – uma vez que todo o trânsito na Rodovia Rio-Santos será direcionado no sentido oposto ao das usinas – e caso não haja impedimento físico ou bloqueio na estrada. Para onde vai a população removida? As pessoas que não têm opção de se alojarem em casa de parentes ou amigos, contarão com abrigos montados em escolas municipais e estaduais predefinidas no plano. A remoção dos ilhéus é competência da Marinha, por intermédio do 1º Distrito Naval. Eles serão abrigados no Colégio Naval de Angra dos Reis. Esse plano é testado periodicamente? Visando manter esse plano sempre em condições de acionamento, são realizados anualmente exercícios simulados. Nos anos pares, ocorrem os Exercícios de Emergência – Parcial, quando são testadas, entre outras ações previstas no PEE/RJ, a eficácia da cadeia de comunicações e a eficiência da ativação dos Centros de Emergência. Nos anos ímpares, ocorrem os Exercícios de Emergência – Geral, quando são postas em prática e testadas todas as ações previstas no plano, inclusive a capacidade de mobilização de pessoal e equipamentos; a disseminação de informações ao público e à imprensa; a ativação de alguns abrigos e até mesmo a simulação de evacuação de voluntários residentes na ZPE-3 e na ZPE-5, embora a possibilidade de remoção da população circunvizinha à Central Nuclear seja uma hipótese muito pouco provável. A população recebe regularmente esclarecimentos sobre o plano? Campanhas de comunicação são realizadas regularmente e incluem: a distribuição anual, de casa em casa, de mais de 60 mil calendários com instruções sobre como os moradores devem agir em situações de emergência. O calendário chama a atenção, também, para o teste do sistema de som nas localidades próximas às usinas. A distribuição reúne dezenas de voluntários da Eletronuclear, das Defesas Civis de Angra dos Reis e Paraty e do Estado do Rio de Janeiro. O calendário, publicado desde 1997, é assinado por estas entidades e mais a Comissão Nacional de Energia Nuclear. A partir de pesquisas de opinião realizadas e de avaliações sobre o perfil educacional das comunidades do entorno, optou-se por um modelo que privilegiasse a informação visual e, também, tivesse a figura de um orientador para conduzir a narrativa. Para isso, a Eletronuclear contratou ilustradores especializados neste tipo de publicação. Além disso, foram criados três modelos diferentes, adequados a cada área geográfica (ZPEs 3 e 5; 10 e 15; e Praia Brava). A Eletronuclear também distribui cartilhas em formato de gibi, destinadas aos estudantes das redes públicas de Angra e Paraty (em média 2.000 por ano), que todos os anos visitam à Central Nuclear como parte do programa de comunicação e informação do Plano de Emergência. Esse programa promove já há quatro anos um curso sobre emergência nuclear, com 20h/aula de duração, para os professores das redes públicas municipais (Angra e Paraty). Cerca de 20% dos educadores da rede pública de Angra dos Reis e Paraty já concluíram o curso. Como funciona o Plano de Emergência Local? O Plano de Emergência Local – PEL tem como objetivo proteger a saúde e garantir a segurança dos trabalhadores das usinas e do público em geral presente na Área de Propriedade da Eletronuclear em qualquer situação de emergência radiológica em Angra 1 e/ou Angra 2. O PEL abrange toda a área da CNAAA, a Vila Residencial de Praia Brava e a região de Piraquara de Fora. Esse Plano contempla, ainda, o apoio a ser prestado à Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro e à CNEN nas ZPE-3 e ZPE-5. Para testar e aprimorar a eficiência das equipes que, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, respondem pela atuação inicial nas usinas dos Grupos e das Equipes de Emergência, previstas no PEL, a Eletronuclear realiza dez exercícios anuais, sendo cinco por usina. Além desses exercícios simulados, os Grupos e as Equipes de Emergência participam, ainda, dos Exercícios de Emergência – Parcial e dos Exercícios de Emergência – Geral em conjunto com os diversos órgãos dos diferentes níveis de governo diretamente envolvidos no PEE/RJ. 5. REJEITOS Como são classificados os rejeitos radioativos? Os rejeitos gerados por uma usina nuclear são organizados em três classes, segundo o nível de radioatividade que apresentam: os de Baixo, Médio e Alto Níveis de Radiação. São classificados também em função da meia-vida dos elementos radioativos nos mesmos, como rejeitos de longa e de baixa duração. Os rejeitos de Baixo Nível de Radiação (“Low Level Waste – LLW”) compreendem, principalmente, materiais ligeiramente contaminados, tais como: papéis, plásticos, vestimentas e ferramentas. Com a finalidade de redução de seus volumes, esses rejeitos são usualmente compactados antes de seu armazenamento inicial. Os rejeitos de Médio Nível de Radiação (“Intermediate Level Waste – ILW”) compreendem: filtros, resinas, concentrado do evaporador e outros materiais que sofreram contaminação. Os rejeitos do tipo ILW são solidificados ou imobilizados em materiais, como concreto ou betume. O combustível nuclear irradiado na Usina se constitui na única fonte de material radioativo de alto nível de radiação e longa duração, quando visto sob a ótica de rejeitos, pois, se pensado no ciclo completo do combustível, ainda existe a possibilidade de reprocessamento e reutilização do mesmo para gerar maiores quantidades de energia. Os rejeitos de Alto Nível de Radiação (“High Level Waste – HLW”) têm atividade de vida longa e, como geram quantidades consideráveis de calor, necessitam de resfriamento por no mínimo 10 anos. Durante esse período, os rejeitos HLW são mantidos em instalações de armazenamento inicial (piscinas de resfriamento de combustível usado) junto às centrais nucleares que os produziram. Como a Eletronuclear vem conduzindo as ações relacionadas aos rejeitos de Angra 1 e Angra 2 e como pretende resolver a questão para Angra 3? A Eletronuclear tem como missão estatutária o projeto, a construção e a operação de usinas nucleoelétricas, cujas responsabilidades incluem a guarda segura dos materiais radioativos gerados em suas instalações, protegendo os trabalhadores, o público e o meio ambiente dos efeitos nocivos da radiação, até a sua disposição final em instalações projetadas para o armazenamento de longo prazo ou definitivo, cuja responsabilidade legal de implantação e operação é da CNEN. Atualmente existem tecnologias seguras para o gerenciamento de rejeitos de médio e baixo níveis de radiação, desde sua coleta até o armazenamento nos depósitos iniciais. Os rejeitos sólidos de baixo e médio níveis de radiação são acondicionados em embalagens metálicas, testadas e qualificadas pela CNEN e transferidos para o depósito inicial, construído no próprio sítio da CNAAA. Esse depósito é permanentemente controlado e fiscalizado por técnicos de proteção radiológica e especialistas em segurança da Eletronuclear. Já os elementos combustíveis de alta atividade são colocados dentro de uma piscina contendo um sistema de resfriamento no interior das usinas, cercado de todos os requisitos de segurança exigidos internacionalmente. O Brasil é signatário da Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de Rejeitos Radioativos e Combustível Usado, sendo periodicamente auditado pela Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA com base em relatório que bianualmente é encaminhado a essa organização. Toda indústria nuclear brasileira age de modo coerente com o que é praticado no mundo inteiro, como não poderia deixar de ser, já que o país é signatário dessa Convenção Internacional. Energia nuclear REJEITOS RADIOATIVOS BAIXA E MÉDIA DEPÓSITO INICIAL NA CENTRAL NUCLEAR COMBUSTÍVEL USADO DEPÓSITO INICIAL “PISCINA” DENTRO DA USINA ISOLADA DO AMBIENTE EXTERNO Mandatório 10 anos (mínimo) Até 2020 DEPÓSITO INTERMEDIÁRIO DE LONGA DURAÇÃO (500 ANOS) DEPÓSITO FINAL RECICLAGEM (REPOSITÓRIO NACIONAL) (REPROCESSAMENTO) DEPÓSITO FINAL ALTA ATIVIDADE Qual o grau de perigo que eles oferecem para as pessoas e o meio ambiente? Não há risco. O nível de radiação é mantido abaixo dos padrões nacionais e internacionais que garantem a proteção dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. Para tanto, a Eletronuclear faz medições constantes nos arredores dos depósitos iniciais e os resultados são avaliados periodicamente pela CNEN e por organismos internacionais. Dessa forma, a probabilidade de ocorrência de um acidente é muito remota, devido, primeiramente, à maneira de acondicionamento do rejeito. O rejeito é sólido ou solidificado e armazenado em recipientes qualificados pela CNEN, que exige, por normas, um alto grau de segurança. Além disso, as embalagens contendo rejeitos são estocadas em depósito confinado, impedindo sua dispersão para o meio ambiente. Todavia, há um plano de emergência a ser executado para assegurar a proteção da população que vive próximo às usinas, em caso de qualquer situação que ofereça risco radiológico. Quando, exatamente, são produzidos rejeitos de médio e alto níveis de radiação? Todos os resíduos são produzidos durante o processo normal de operação das usinas nucleares, com ênfase nas paradas, quando as usinas se encontram desligadas para recarregamento e manutenção. Os rejeitos de alto nível de radiação (combustível usado, que só se torna rejeito quando desmontado ou se torna inexplorável), são produzidos apenas quando há troca de elementos combustíveis. Onde estão sendo armazenados os rejeitos de Angra 1 e Angra 2? E onde serão armazenados os rejeitos de Angra 3? A CNAAA possui três depósitos iniciais de rejeitos de baixo e médio níveis de radiação (Depósitos 1, 2 e 3), devidamente licenciados pelo Ibama e pela CNEN, que compõem seu Centro de Gerenciamento de Rejeitos (CGR), localizado no próprio sítio da Central Nuclear. Esses depósitos têm capacidade suficiente para armazenar de forma segura, ou seja, isolados do público e do meio ambiente, todos os rejeitos de baixo e médio níveis de radiação produzidos pela operação e manutenção das usinas Angra 1, Angra 2 e Angra 3 até 2025. Devido à troca dos geradores de vapor de Angra 1, foi construído também na própria CNAAA o Depósito Inicial dos Geradores de Vapor (DIGV), onde estão estocados os dois geradores que foram substituídos. Esse mesmo depósito também recebeu a antiga tampa do vaso do reator de Angra 1. Angra 1 – O combustível usado é armazenado numa piscina que está localizada no edifício do combustível na própria Usina. Os rejeitos radioativos de médio e baixo níveis de radiação estão sendo armazenados nos Depósitos Iniciais do CGR. Angra 2 – O combustível usado é armazenado numa piscina que está localizada no edifício do reator na própria Usina. Atualmente, os rejeitos de médio e baixo níveis de radiação gerados por Angra 2 estão armazenados em local específico no interior da Usina. Devido ao pequeno volume gerado por Angra 2, ainda não há necessidade da remoção desses rejeitos para os depósitos do CGR. Angra 3 – O gerenciamento inicial dos rejeitos radioativos gerados pela Usina Angra 3 será da mesma forma que Angra 2, devido à similaridade do projeto conceitual existente entre ambas. O processo utilizado para o seu tratamento será a solidificação com a utilização de betume, com prévia estocagem dentro da própria Usina nos primeiros anos de operação e posterior transferência para o CGR e, no futuro, para um depósito definitivo. Os projetos de construção de depósitos na Europa são do mesmo nível que os nossos? Nossos depósitos foram projetados e construídos dentro da mais atual tecnologia existente para esse tipo de instalação. Os técnicos de entidades internacionais que nos inspecionam periodicamente classificam nossos depósitos como dos melhores em termos internacionais. Por que os Depósitos 2 e 3 foram construídos com paredes de concreto, e o Depósito 1 é de alvenaria? Os Depósitos 2 e 3 foram projetados para receberem embalados contendo rejeitos de médio nível de radiação, podendo obviamente receber embalados de baixo nível de radiação também. O Depósito 1 foi projetado tendo metade parede de concreto, para receber rejeitos de médio nível de radiação, e metade de alvenaria, para receber apenas rejeitos de baixo nível de radiação. O projeto dos Depósitos 2 e 3 permite uma maior flexibilidade para estocagem de embalados, já que não necessita de segregação dos embalados em médio e baixo níveis de radiação. As obras do Depósito 3 já foram concluídas? Quantos empregos esse empreendimento gerou? Sim. As obras começaram em julho de 2006 – após o Ibama e a CNEN terem concedido a licença para a instalação do Depósito 3 – e foram concluídas em abril de 2008. Posteriormente, também foi concedida, pela CNEN e o Ibama, a autorização de operação do Depósito. Na fase de construção, a obra gerou, em média, 200 empregos pelo período de aproximadamente 12 meses. Após a conclusão, devido às características de segurança e utilização apenas como armazenagem, cerca de sete pessoas trabalham nas operações para a guarda de novos embalados. O Depósito está localizado na área da antiga pedreira, ao lado dos Depósitos 1 e 2, no sítio da Central Nuclear, e tem a capacidade de armazenar 1.720 embalados de 200 litros de Angra 2; 300 caixas metálicas de 1m³ de rejeitos não compactados de Angra 1; e 3.892 embalados de 200 litros gerados por Angra 1. Qual foi o custo de construção do Depósito 3? R$ 15.874.977 (15 milhões, 874 mil e 977 reais). Por que a obra do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 2003? Como está o licenciamento do empreendimento atualmente? A ampliação do módulo B do Depósito 2 foi embargada em 03/02/2003 através do auto nº 7.667/2003, emitido pela Prefeitura Municipal de Angra dos Reis. Logo após esse embargo, que teve como base questões administrativas, houve um outro efetuado pelo MP, o qual entendeu que o licenciamento da referida obra não contemplava a apresentação de um EIA/RIMA, apesar de o mesmo não ter sido solicitado pelo Ibama em suas condicionantes quando da emissão da licença. A Eletronuclear providenciou a elaboração do documento solicitado (EIA/RIMA) e conseguiu uma licença prévia. Uma das exigências do processo de licenciamento foi a realização de uma Audiência Pública. A empresa, atendendo à convocação do Ibama, participou no dia 31 de agosto de 2006, em Angra dos Reis, de Audiência Pública para a ampliação do segundo depósito de rejeitos (Depósito 2B) e para a construção do Prédio de Monitoração da Central Nuclear, também objeto de licenciamento. Na Audiência, foram apresentados os detalhes desses empreendimentos e o EIA/RIMA, encomendado pela Eletronuclear à empresa MRS Estudos Ambientais. A conclusão do estudo foi que a implantação do Depósito 2B e do Prédio de Monitoração não acrescentava risco significativo. Segundo a MRS, não se tratava de novas estruturas físicas que pudessem alterar o meio ambiente, mas sim de estruturas complementares. Além disso, os possíveis impactos são passíveis de controle dentro dos programas já em prática na empresa. As obras recomeçaram em julho de 2007 e foram concluídas em janeiro de 2008. O depósito vem operando desde setembro de 2009. Qual é a capacidade do Depósito 2B e quanto foi investido para sua conclusão? O módulo B tem capacidade de armazenar até 3.744 tambores. O orçamento da obra foi de R$ 1.602.236,00 (1 milhão, 602 mil e 236 reais). Para que servirá o Prédio de Monitoração? Qual é o custo do empreendimento? O Prédio de Monitoração tem por finalidade realizar a contabilização isotópica dos embalados de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação. Funcionará como uma espécie de laboratório de medição, onde poderá ser realizada a caracterização isotópica realizadas dos materiais radioativos e efetuado o manuseio dos embalados de rejeitos. O projeto da edificação, que terá 785,5m², tem previsão de término para o final de 2015. O custo do empreendimento será de 80,4 milhões de reais. Atualmente a Eletronuclear vem desenvolvendo os estudos de determinação do ativo isotópico dos rejeitos em parceria com o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) e com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Como se deve resolver o problema do armazenamento dos rejeitos que se encontram em depósitos iniciais? Os rejeitos de baixo nível de radiação, constituídos de luvas, sapatilhas, vestimentas, máscaras e ferramentas contaminadas, podem, após o decaimento, ser liberados como resíduos industriais ou lixo comum, pois já não apresentam qualquer risco. Na maioria dos casos, materiais em bom estado, tais como vestimentas, em vez de serem descartados, são lavados e reutilizados. Os rejeitos que não podem ser descartados são acondicionados em recipientes específicos, de acordo com o tipo, e estocados nos Depósitos Iniciais. Os rejeitos que estão estocados nos Depósitos Iniciais da CNAAA deverão ficar sob guarda da Eletronuclear até que seja construído um depósito de longo prazo ou definitivo, cuja responsabilidade de implantação é da CNEN. Qual a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? O CGR apresenta os seguintes dados em termos de capacidade de armazenamento: DEPÓSITO CAPACIDADE DE PERCENTUAL DE ARMAZENAMENTO OCUPAÇÃO (Abril/2015) 1 - LBA 4784 Tambores de 200 litros N/A Prédio em obra 1 – LMA 2880 Tambores de 200 litros N/A Prédio em obra 2A 783 Liners de 1m3 94% 2B 2296 Tambores de 200 litros e 252 Liners de 1m3 Área de Tambores: 100% Área de Liners: 19% 3A 3B 3892 Tambores de 200 litros e Área Tambores: 87% 300 Caixas Metálicas de 1,2m3 Área de Caixas: 100% 1720 Tambores de 200 litros / Angra 2 0% O esgotamento da capacidade de armazenamento do CGR se dará em 2020, quando, segundo planejamento da CNEN e da Eletronuclear, o depósito definitivo de rejeitos radioativos já deverá estar implantado. Qual é a área dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? Depósito 1: 949,2 m2 (área de estocagem + área de inspeção + área de acesso) Depósito 2: 1.178,5 m2 (área de estocagem + área de descarregamento) Depósito 3: 917,2 m2 (área de estocagem + área de descarregamento) Como é feita a ocupação desses depósitos? A ocupação dos Depósitos Iniciais não pode ser considerada apenas com a lógica da ocupação atual. O armazenamento é feito mediante um plano de remanejamento. Este considera o rearranjo, os tipos de embalados e de licenciamento de cada depósito. A Eletronuclear vem tomando medidas para otimizar a capacidade de armazenamento dos Depósitos Iniciais de Rejeitos? Para gerenciar melhor o espaço ocupado dos depósitos, a Eletronuclear concluiu, em maio de 2006, um trabalho pioneiro de supercompactação dos embalados de rejeitos sólidos de baixa atividade. Tal medida foi necessária porque se identificou que o Depósito 1 estava perto de sua exaustão – cerca de 94% ocupado –, não tendo condições de receber os rejeitos da 14ª parada de Angra 1, que ocorreu em maio e junho de 2006. O serviço de compactação começou em março de 2006 e foi executado pela empresa americana DTS/INET. Foi utilizada uma prensa com uma força de 2.200 toneladas para compactar 2.027 tambores. As tortas geradas (tambor prensado) foram colocadas em 128 caixas. Houve um ganho muito grande em termos de volume, já que foram recuperadas 52 células de estocagem (espaço equivalente a 832 tambores), aumentando o espaço livre do depósito. A supercompactação garantiu uma sobrevida para o Depósito 1 de pelo menos cinco anos. De agora em diante, será feito um trabalho para otimizar o máximo possível a utilização dos tambores, melhorando naturalmente a compactação do rejeito de baixa atividade. Qual a produção de rejeitos de Angra 1 e Angra 2? Nos últimos cinco anos, em média, Angra 1 produziu, por ano, 100m 3 de rejeitos. E Angra 2, no mesmo período, produziu em média 10m 3 por ano. Quantas toneladas de rejeitos existem armazenadas na Central Nuclear de Angra dos Reis? E nos Estados Unidos? Na Central Nuclear de Angra dos Reis está armazenado, em caráter provisório, todo o resíduo produzido pelas usinas Angra 1, desde 1982, e Angra 2, desde 2001. Em relação à Angra 1, são 7138 embalados estocados, que ocupam cerca de 2.886 m3. De Angra 2, são 542 embalados, que ocupam 108,4 m 3. Nos EUA, são cerca de 70 mil toneladas de combustível nuclear usado, atualmente armazenado em 131 lugares de 31 estados do país. Qual é a quantidade de elementos combustíveis (rejeitos de alta atividade) armazenados nas piscinas de combustível usado? Em abril de 2015: Angra 1 – 935 elementos combustíveis. Angra 2 – 787 elementos combustíveis. Qual é a massa dos elementos combustíveis de Angra 1 e de Angra 2? Angra 1 – 584 kg (peso total) Angra 2 – 843 kg (peso total) Levando em conta o número total de elementos combustíveis armazenados nas piscinas de combustível usado, a massa total dos elementos de Angra 1 é de 342.510 kg e de Angra 2, de 236.160 kg. A massa se refere apenas ao urânio, não estando incluídos os materiais estruturais como tubos-guia, bocais etc. Qual a capacidade das piscinas que guardam os elementos combustíveis usados nas usinas? Angra 1: 1.252 elementos combustíveis. Angra 2: 1.084 elementos combustíveis. Angra 3: 1.084 elementos combustíveis. O espaço ainda disponível nas piscinas é suficiente para mais quanto tempo de operação? As piscinas de combustível usados – PCUs das usinas Angra 1 e Angra 2 têm plena capacidade armazenamento até 2021. A Eletronuclear está implantando, na área da CNAAA, a Unidade de Armazenamento Complementar Úmida de Combustível Irradiado (UFC). O projeto conceitual dessa instalação está totalmente concluído. Os processos de licenciamento ambiental (Ibama) e nuclear (CNEN) estão em desenvolvimento e o projeto básico dessa instalação está sendo concluído. Devido às dificuldades encontradas pela Eletronuclear para o equacionamento de recursos financeiros, a implantação da Unidade de Armazenamento Complementar Úmida de Combustível Irradiado da CNAAA - UFC não será mais considerada como a solução para atender os primeiros anos após o esgotamento das PCUs das usinas. A solução de armazenamento a seco de combustíveis irradiados em dispositivos especialmente projetados, construídos e licenciados para o armazenamento a seco de combustível irradiado será implementada no sítio da CNAAA, visando atender a 3 ciclos de operação das usinas Angra 1 e Angra 2, e armazenar cerca de 300 elementos. Essa unidade de Armazenamento Complementar a Seco estará em operação até 2021, de modo a não impactar a operação dessas usinas. Como os rejeitos de baixa e média atividades são manuseados e armazenados? Os rejeitos, ao serem gerados, passam por um processo de solidificação, e depois são acondicionados em embalados especiais (tambores de aço, liners, caixas metálicas ou de concreto) no interior das usinas. Esses embalados são manuseados por meio de empilhadeiras, talhas e pontes rolantes. O armazenamento se dá por empilhamento dessas embalagens conforme estabelecido em projeto. No caso dos tambores metálicos, os mesmos são colocados sobre pallets para o acondicionamento, e em cada pallet são colocados quatro tambores. Atualmente, a Eletronuclear está adotando o uso de pallets metálicos. No depósito 1, os pallets são empilhados em quatro níveis, e as caixas metálicas, estocadas diretamente umas sobre as outras formando pilhas de três e quatro níveis. No depósito 2, os tambores são empilhados em racks (cada rack contendo quatro tambores), formando cinco e seis níveis de empilhamento. Os liners são estocados diretamente uns sobre os outros, formando pilhas de quatro níveis. No depósito 3, os tambores são empilhados em racks (com quatro tambores, cada), formando seis e sete níveis de empilhamento. As caixas metálicas são estocadas em pilhas de quatro e cinco racks (cada rack contendo uma caixa) e os liners, diretamente uns sobre os outros, em pilhas de até quatro níveis. Toda a operação com os embalados contendo rejeitos radioativos é monitorada pela divisão de proteção radiológica da Usina. Como é feito o transporte dos rejeitos de baixo e médio níveis de radiação de dentro das usinas até os Depósitos Iniciais? É feito por meio de caminhão, sendo este escoltado pela segurança física e proteção radiológica. Note-se que o transporte ocorre no interior da área vigiada das usinas, com um percurso máximo de 2.000m. O que aconteceria se o caminhão que transporta os rejeitos caísse na encosta? Nada. Os embalados seriam transferidos para outro caminhão e levados aos depósitos. Porém, vale observar que a análise de risco considerou como sendo um acidente de baixíssima probabilidade. No caso de deslizamento de encosta, o que acontecerá com os rejeitos? Foram tomadas medidas de engenharia que garantem a estabilidade da encosta acima dos depósitos. Não há possibilidade de cair pedras sobre os depósitos. Como a população da região pode fiscalizar a segurança do armazenamento dos rejeitos? A fiscalização de material radioativo é atribuição da CNEN, a qual realiza inspeções periódicas. A cada inspeção é emitido um documento atestando a condição de armazenagem. Qual o atual estágio de desenvolvimento do depósito definitivo de rejeitos radioativos? Até o presente momento, já estão elaboradas as bases conceituais para a implantação de um Repositório Nacional de Rejeitos Radioativos de Baixo e Médio Níveis de Radiação, produzidos pela CNAAA e outros geradores. Estudos sobre as condições geológicas favoráveis à localização desses depósitos estão em realização pela CNEN. Quanto aos combustíveis usados, a política brasileira é de mantê-los armazenados de forma segura até que se tenha uma definição sobre seu reprocessamento ou deposição final. É importante esclarecer que os combustíveis usados (“queimados”) não são considerados rejeitos de alta atividade, uma vez que eles ainda guardam uma grande capacidade de gerar energia. Por essa razão, para os elementos combustíveis “queimados” (usados), a Eletronuclear está construindo, no próprio sítio da Central, uma Unidade de Armazenamento Complementar de Combustível Irradiado (UFC) de longo prazo, aguardando, a ocasião, de serem reciclados para aproveitamento da energia ainda contida. A implantação desta unidade está sendo feita sob a fiscalização da CNEN, para assegurar que serão aplicados todos os requisitos técnicos e de segurança estabelecidos e com uso da mais moderna tecnologia na sua construção. Os processos de licenciamento ambiental (Ibama) e nuclear (CNEN), bem como o projeto básico e o processo de contratação da construção, montagem e comissionamento estão em andamento. Qual a lei que dispõe sobre a seleção de locais para a construção dos depósitos finais de rejeitos radioativos? A Lei nº 10.308, de 20 de novembro de 2001, publicada no Diário Oficial de 21 de novembro de 2001, está em vigor desde então e dispõe sobre a seleção de locais, a construção, o licenciamento, a operação, a fiscalização, os custos, a indenização, a responsabilidade civil e as garantias referentes aos depósitos de rejeitos radioativos. A CNEN estabelece os critérios, procedimentos e normas a serem adotados na seleção, na construção, no licenciamento, na administração e na remoção de rejeitos no país. A lei estabelece que os municípios que vierem a abrigar os depósitos de rejeitos receberão mensalmente uma compensação financeira, além de proibir a importação de rejeitos. Como seria o transporte dos rejeitos caso o depósito definitivo fosse fora do sítio das usinas? Seria de acordo com a norma CNEN NE 5.01 – Transporte de Material Radioativo, que estabelece, entre outras disposições, o transporte de material radioativo. Os rejeitos são armazenados em estado sólido. Portanto, em caso de qualquer eventual acidente, estes continuarão confinados no interior do prédio mediante a manutenção de uma subpressão interna e serão retidos nos filtros High Efficiency Particulate Air - HEPA do sistema de ventilação em circuito fechado. O que é reprocessamento dos elementos combustíveis e qual o seu objetivo? O reprocessamento dos elementos combustíveis descarregados do reator (rejeitos radioativos de alta atividade) visa à separação do material físsil e fértil, principalmente plutônio e urânio, dos produtos de fissão, para eventual uso como combustível. Um dos objetivos do reprocessamento é reduzir o volume de rejeitos, facilitando a sua deposição final. A política de reciclagem do combustível é, também, uma ação ecológica que visa à preservação dos recursos naturais (jazidas de urânio). No entanto, vale esclarecer que os elementos combustíveis usados, a destacar o fato de conterem em seu seio rejeitos nucleares, não podem ser considerados, técnica e legalmente, como “rejeitos de alto nível de radiação”. Essencialmente, 97% do combustível usado é reciclável. Do material restante (produtos de fissão), aproximadamente 1% decai rapidamente após 1 ou 2 anos. Apenas 2% possuem alta atividade e meia vida longa. Por conseguinte, soluções definitivas (repositórios eternos) para o armazenamento de combustíveis usados ou de rejeitos de alta atividade, gerados a partir do reprocessamento e reciclagem de combustíveis usados, se encontram em estudos avançados, não sendo, ainda, integralmente implantadas. Portanto, sob a ótica de tecnologia e custos, tais repositórios são viáveis. São razões de ordem política e perspectivas de uso futuro dos elementos combustíveis que têm postergado sua efetiva implantação no mundo. Alguns países, entretanto, já optaram pelo reprocessamento. São exemplos: EUA (unidades operadas pelo Ministério da Defesa), França (AREVA), Inglaterra (BNG, Sellafield), Rússia (MINATOM), Índia, Paquistão, China (CNNC) e Japão (Rokkasho). Outros, como Suécia e Finlândia, optaram pelo armazenamento final no estado de combustível irradiado. Considerando que a reciclagem de elementos combustíveis usados no Brasil hoje ainda não é viável, nem técnica nem economicamente, esta é uma decisão que deverá ser tomada em longo prazo. Por essas razões, foi decidido manter os combustíveis irradiados armazenados em piscinas a serem construídas no próprio sítio da Central. A inclusão desse tipo de depósito na estratégia de gerenciamento do combustível usado permite aguardar de forma segura até que a decisão sobre a reciclagem ou armazenamento final seja tomada. O país estuda a possibilidade de fazer o reprocessamento dos combustíveis usados? No Brasil, a decisão de reprocessar ou não o combustível usado levará em conta os aspectos políticos e econômicos da época em que for tomada, o que deverá ocorrer até o término da vida útil das usinas, ou seja, num horizonte de 20 a 50 anos. Por que os rejeitos não são incinerados? O processo de incineração resulta na presença de elementos radioativos na fumaça da combustão, o que obriga a adoção de filtros para sua retenção. Tais filtros devem ser então encapsulados e guardados como rejeito. Esse processo é utilizado ainda de forma restrita em outros países e poderá vir a ser adotado, como forma de reduzir o volume de rejeitos armazenados, após estudos mais aprofundados. Quanto tempo os rejeitos precisam ficar armazenados para deixar de causar ameaça à população? A atividade dos vários elementos radioativos guardados varia de segundos até vários anos. Durante todo esse período os rejeitos estarão adequadamente acondicionados e monitorados. O que é a meia-vida dos radionuclídeos? É o tempo necessário para que a metade de uma dada quantidade de um elemento radioativo decaia, transformando-se em outro (Figura 2.3). Por exemplo, um isótopo do césio, o Cs137, tem uma meia-vida de aproximadamente 30 anos e, quando decai, transforma-se em um isótopo do bário, o Ba137, que é estável. Então, se em um dado instante existem 100g de Cs137, trinta anos depois existirão apenas 50g. Os outros 50g terão se transformado em Ba137. A tabela abaixo apresenta a meia-vida de alguns radionuclídeos (Fig. 2.4). Deve-se considerar a meia-vida biológica e a meia-vida efetiva, que utilizam fatores de multiplicação. As figuras a seguir apresentam tabelas de unidades de radiação, que podem servir como informação. 6.COMBUSTÍVEL Qual é o custo do combustível nuclear? Se comparado a outras fontes energéticas, é competitivo? A matéria-prima para produção do combustível nuclear apresenta uma baixa incidência no custo final de geração de energia elétrica, se comparada com as demais fontes de origem térmica. Sua competitividade, no Brasil, pode ser demonstrada pela tabela abaixo, que faz uma comparação entre os custos de combustível das usinas nucleares e das térmicas convencionais, efetivamente despachadas pelo ONS, para gerar a mesma quantidade de energia, em um ano. Usina Angra 1 Angra 2 Total Nuclear Tipo de combustível Nuclear Nuclear Nuclear Sol Biomassa Pct Enersul Biomassa Colorado Biomassa Jaime Belttão Biomassa No.Fluminense Gás Pernambuco Gás Euzébio Rocha Gás CST Gás Fortaleza Gás P.Médici Carvão Luiz Carlos Prestes Gás J.Lacerda-C Carvão Cocal Biomassa Gov Leonel Brizola Gás J.Lacerda-B Carvão J.Lacerda-A Carvão Pie-Rp Biomassa Juiz de Fora Gás Charqueadas Carvão Total Térmicas Convencionais Geração bruta (MWmed) 322,09 1.159,09 1.481,18 88,61 12,45 13,53 15,00 313,54 90,28 0,60 109,57 59,87 102,63 0,45 246,08 3,24 198,84 134,34 65,07 5,28 3,52 29,76 Geração bruta (MWh) 2.821.495 10.153.593 12.975.088 776.224 109.062 118.523 131.400 2.746.610 790.853 5.256 959.833 524.461 899.039 3.942 2.155.661 28.382 1.741.838 1.176.818 570.013 46.253 30.835 160.084 12.975.088 Custo do combustível (R$/MWh) 23,28 18,96 19,90 0,01 32,87 32,87 32,87 37,80 70,16 94,00 94,00 102,72 115,90 116,40 117,78 133,96 142,02 143,92 144,07 145,61 150,00 155,98 93,51 Custo da geração (R$) 65.684.396,85 192.512.132,57 258.196.529,42 7.762,24 3.584.867,94 3.895.844,44 4.319.118,00 103.821.873,12 55.486.232,45 494.064,00 90.224.320,80 53.872.654,46 104.198.596,92 458.848,80 253.893.729,02 3.802.106,30 247.375.889,57 169.367.704,13 82.121.801,72 6.734.870,21 4.625.280,00 24.969.933,52 1.213.255.497,64 Janeiro / Dezembro de 2009 No caso do aumento do preço do urânio, qual é a consequência nos custos de geração de energia nuclear? Não é significativa, pois a matéria-prima urânio tem pequena influência no custo final da geração. Por exemplo, na eventualidade de ocorrer uma duplicação no preço da matéria-prima urânio, a consequência desse reajuste seria um aumento de cerca de 4% no custo final de geração de energia elétrica. Apresenta diferenças em relação a uma usina térmica movida a gás, em que a duplicação em seu preço acarretaria um custo final de geração 65% maior. Que quantidade de urânio é necessária para produzir 1 kWh? A geração termonuclear produz muito mais energia por quantidade de combustível utilizado ou queimado do que as outras formas de produção de energia elétrica. Uma simples pastilha de combustível nuclear com pequenas dimensões – um centímetro e meio de altura (ou espessura) e menos de um centímetro de diâmetro (valores de referência) – tem a mesma quantidade de energia que 450m3 de gás natural ou uma tonelada de carvão. Uma usina termoelétrica moderna, a carvão, com potência de 1.300 MW, utilizaria por ano uma quantidade de carvão de boa qualidade 90.000 vezes superior, em peso, ao urânio contido nos elementos combustíveis de uma usina nuclear de mesmo porte, como Angra 2. Exemplificando, pode-se dizer que uma usina do porte de Angra 2 (1.350 MW) consumiria durante um ano de operação normal (6.500 horas anuais equivalentes a plena carga) cerca de 30 toneladas de urânio enriquecido (aproximadamente 245 toneladas de urânio natural), o que corresponderia à proporção de algo entre 0,001 g e 0,002 g de urânio para a geração de 1 kWh de energia elétrica. A usina equivalente a carvão consumiria aproximadamente 3 milhões de toneladas, ou seja, o suficiente para lotar 55 vagões ferroviários. Como estão nossas reservas de urânio? O que temos hoje e qual é sua vida útil? Há perspectivas de crescimento? O Brasil possui a sétima maior reserva de urânio do mundo, com 5,9% da disponibilidade mundial, o que corresponde a 309.370 toneladas de U 3O8, de acordo com o Balanço Energético Nacional 2009, do MME. Considerando-se que apenas um terço do território nacional já foi prospectado, é de se esperar que esse nível de reservas aumente, ao longo do tempo, com a retomada das atividades de prospecção. Ainda há 50% do território nacional como área geologicamente promissora remanescente. Só na Região Norte do país, o potencial estimado é de 500 mil toneladas. Sendo assim, as reservas nacionais poderão alcançar 800 mil toneladas, o que levará o Brasil a ocupar a 3ª posição nesse ranking. Vale ressaltar que somente as cerca de 250.000 toneladas das jazidas de Lagoa Real (BA) e Santa Quitéria (CE) correspondem ao dobro de todas as reservas de gás da Bolívia ou a 40 anos de operação do gasoduto Venezuela-Brasil. Quando a jazida de Itataia, em Santa Quitéria, no Ceará entrará em operação? A mina de Santa Quitéria está prevista para entrar em operação em 2017, com capacidade de produção de 1.600t de U3O8. Qual a expectativa para que Angra 3 receba o urânio extraído das minas de Caetité e de Santa Quitéria? A INB atenderá tanto a carga inicial como as demais recargas para Angra 3 com o urânio extraído das minas de Caetité e de Santa Quitéria, dependendo da disponibilidade de cada unidade. O Brasil enriquece urânio? O urânio é enriquecido por doze países, incluindo o Brasil, em instalações nucleares com distintas capacidades de produção. Atualmente, o processo tecnológico empregado mundialmente denomina-se ultracentrifugação, que substituiu o processo de difusão gasosa em vários países. A tecnologia de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico do urânio na Usina de Enriquecimento das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) foi desenvolvida pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN/CNEN). A Usina de Enriquecimento da INB em implantação na Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) da INB, em Resende/RJ, encontra-se com capacidade instalada equivalente a cerca de 25% das necessidades da Usina Angra 1. Após concluída a primeira etapa, atenderá 100% das necessidades de urânio enriquecido da usina de Angra 1 e 20% de Angra 2. Como o combustível chega a Angra? No Brasil, a empresa responsável pela produção do combustível nuclear é a INB, sendo a mineração e o seu beneficiamento inicial realizados na INB Caetité, situada no Sudoeste do Estado da Bahia. As etapas de enriquecimento (ainda parcialmente), reconversão, produção de pastilhas e montagem do elemento combustível são realizadas no parque industrial da INB, localizado no município de Resende (RJ), e que é denominado Fábrica de Combustível Nuclear (FCN). Na sua entrega, ainda na FCN, os elementos combustíveis são embalados em contêineres especiais, projetados e construídos para resistir a uma queda livre de uma altura de cerca de nove metros, a uma temperatura de 800ºC durante duas horas e à pressão de uma coluna de água de 30 metros, sem provocar qualquer dano ao produto. Os contêineres são fabricados segundo normas internacionais de embalagem para transporte de materiais radioativos e equipados também com registradores de impacto e de desaceleração que indicam qualquer alteração durante o transporte. Presos com firmeza no interior da embalagem denominada berço, os elementos combustíveis, já na posição horizontal, recebem dois lacres de inspeção final das áreas de Fabricação, Radioproteção e de Controle da Qualidade da INB. Dá-se início ao transporte – minuciosamente planejado pela Eletronuclear e licenciado pela CNEN e pelo Ibama. O comboio rodoviário, que conta com o apoio logístico do Corpo de Bombeiros e das Polícias Rodoviárias Federal e Estadual, é acompanhado por batedores dessas corporações. O percurso de 175 quilômetros é cumprido com toda a segurança a uma velocidade máxima estabelecida de sessenta quilômetros por hora. Em sua rota passa por várias cidades em direção ao município de Angra dos Reis. O destino final dessa segura e planejada operação de transporte é a CNAAA, onde o elemento combustível irá possibilitar a geração de energia elétrica de forma segura e confiável. Quais são as etapas do ciclo do combustível nuclear? Esquematicamente, o ciclo do combustível nuclear envolve as seguintes etapas, cujas atividades industriais no Brasil são realizadas pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB): 1. Mineração e Beneficiamento: após a descoberta da anomalia radioativa e feita sua avaliação econômica, inicia-se a mineração. Na usina de beneficiamento, o urânio é extraído do minério, purificado e concentrado numa torta de cor amarela, chamada yellowcake. No Brasil, essas etapas são realizadas pela INB na Unidade de Caetité (BA), com capacidade nominal de produção de 400t/ano de concentrado de urânio (U3O8). As reservas existentes no Brasil são suficientes para o suprimento de Angra 1, Angra 2 e Angra 3 por 100 anos. 2. Conversão: depois de ter sido dissolvido e purificado, o yellowcake é convertido em hexafluoreto de urânio (UF6), um sal que tem como propriedade passar ao estado gasoso a baixas temperaturas (da ordem de 60°C). Atualmente, a INB contrata a etapa de conversão na França (empresa Areva) devido a questões relacionadas à economia de escala. Entretanto, o Brasil domina essa tecnologia em escala laboratorial e piloto, e a Marinha está implantando, em avançado estágio, uma unidade de demonstração industrial denominada USEXA, no Centro Experimental de Aramar. 3. Enriquecimento: tem por objetivo aumentar a concentração do isótopo 235 do urânio (U-235) no UF6 natural sob forma gasosa, de apenas 0,7%, para valores da ordem de 3% a 5%, necessários ao uso como combustível em reatores nucleares do tipo PWR. A INB realiza o enriquecimento no exterior, contratando o consórcio Urenco (Alemanha, Holanda e Grã-Bretanha), utilizando a tecnologia de ultracentrifugação, que fornece anualmente cerca de 267 toneladas de UTS (unidade de trabalho separativo), a um custo da ordem de R$ 120 milhões anuais. Essa etapa será gradativamente realizada no país com o andamento da implantação dessa unidade da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN), em Resende (RJ), cujo projeto atual prevê uma capacidade equivalente a 100% das necessidades de Angra 1 e 20% de Angra 2, a um custo inicial da ordem de R$ 490 milhões. Essa unidade utiliza a tecnologia de ultracentrifugação desenvolvida pela Marinha, com reduzidos custos de operação em comparação com as tecnologias existentes no reduzido mercado mundial de combustível nuclear. 4. Reconversão e Fabricação das Pastilhas: o UF6 enriquecido é transformado em dióxido de urânio (UO2) sob a forma de pó e, em seguida, sinterizado em pequenas pastilhas; essas etapas são realizadas pela INB desde 1999 na FCN Pó e Pastilhas, da INB Resende. 5. Fabricação de Elementos Combustíveis: as pastilhas são montadas em varetas de uma liga metálica especial, o zircaloy, e são instaladas em conjuntos mecânicos denominados elementos combustíveis, que compõem o núcleo dos reatores nucleares. Essa etapa é realizada pela INB desde 1996 na FCN-Componentes e Montagem, da INB Resende. Resumindo: As recargas de elementos combustíveis para Angra 1 e Angra 2 são feitas com yellowcake produzido em Caetité – BA, que depois é convertido em hexafluoreto pela empresa Areva, na França. Posteriormente, o hexafluoreto de urânio é enriquecido pela empresa Urenco, na Europa (Holanda, Grã-Bretanha e Alemanha). O hexafluoreto enriquecido volta, então, ao Brasil para ser reconvertido, moldado em pastilhas e montado nos elementos combustíveis – e isso é feito em Resende – RJ. Energia nuclear COMBUSTÍVEL NUCLEAR yellowcake 6 Quantos elementos combustíveis são necessários para abastecer as usinas de Angra 1 e Angra 2? E qual é a característica desses combustíveis? Os elementos combustíveis produzidos pela INB para as usinas de Angra 1 e Angra 2 são de diferentes tecnologias, conforme demonstra a tabela: Elemento Combustível Angra 1 Angra 2 Quantidade 121 193 N° de varetas (por 235 236 elemento combustível) Total de varetas 28.435 45.548 369 384 10,5 milhões 17,5 milhões 4m 5m Peso do urânio 411 kg 543 kg Peso total 600 840 N° de pastilhas p/ vareta Total de pastilhas Comprimento 7.PARADAS Como é feito o reabastecimento das usinas? As paradas programadas para reabastecimento de combustível ocorrem a cada 12 meses, aproximadamente, devido à duração do combustível nuclear. Além do reabastecimento, em cada parada programada, executam-se as tarefas de manutenção que não podem ser realizadas durante a fase de operação da Usina. O reabastecimento é feito mediante a troca de parte dos elementos combustíveis do reator nuclear. Angra 1, por exemplo, tem 121 elementos combustíveis (as varetas). Em cada recarga são colocadas 40, e removidos os elementos combustíveis descarregados. Figurativamente, seria como uma lanterna que está com suas pilhas descarregadas e precisam ser trocadas para que ilumine novamente. Inicialmente, o reator e o conjunto turbogerador são desligados. Os elementos combustíveis usados são retirados e substituídos por novos. Durante a recarga, os equipamentos que necessitam estar em funcionamento durante a operação da Usina são submetidos a inspeção e manutenção. Qual o impacto das paradas de reabastecimento no Sistema Interligado Nacional? O impacto é muito pouco, pois as usinas, mesmo parando por 30 dias, têm um fator de carga maior que 85%. Uma usina hidráulica, por exemplo, tem um fator de carga de 55%, em média. Fator de carga é a relação entre a energia efetivamente produzida por uma usina, durante um determinado período, e a energia que teria sido produzida se esta tivesse operado com sua potência nominal durante o mesmo período. Qual é o custo por dia das usinas Angra 1 e Angra 2 quando paralisadas por incidentes ou para recarga e manutenção técnica? Nas paradas programadas executadas dentro de um dado período não há perda de faturamento, uma vez que, o montante de energia contratada leva em consideração os períodos planejados em que as usinas permanecem paradas para recarga e manutenção. Nas paradas programadas que ultrapassam o período planejado haverá perda correspondente à diferença entre a Energia não Suprida e a Energia Contratada, valorada pelo Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) médio anual. Nas paralisações não programadas haverá perda correspondente à diferença entre a Energia não Suprida e a Energia Contratada. O custo das paradas das Usinas Angra 1 e Angra 2, correspondente às despesas com pessoal, serviços contratados, equipamentos substituídos e número de dias de paralisação, varia dependendo dos serviços específicos programados para cada uma delas. Os valores das cinco últimas paradas foram da ordem de R$ 30 milhões a R$ 40 milhões para Angra 1 e de R$ 40 milhões a R$ 70 milhões para Angra 2. Note-se que esses custos não incluem a recarga de combustível. O que acontece com o combustível usado? O combustível usado é guardado na piscina de combustível usado, assim como o novo é guardado no poço de combustível novo. Tanto o poço quanto a piscina estão localizados no edifício do reator. Há necessidade de licenciamento? Sim. Para o transporte do combustível são necessárias licenças da CNEN, do Ibama e da Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (Feema). Quais os órgãos envolvidos nessa operação? A proteção física é feita pela Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, que convoca a Polícia Militar. Também há o apoio da Polícia Rodoviária Federal. O Comando Militar do Leste fica de sobreaviso. A Casa Militar e a Polícia Federal (no Rio de Janeiro) são informadas. Que tipo de combustível é usado na recarga? O combustível usado nos reatores de Angra 1 e Angra 2 é o urânio enriquecido a 3,6%, em média (U-235). Em cada recarga, troca-se cerca de 1/3 dos elementos combustíveis do vaso do reator. Qual é a previsão das paradas de 2015? Angra 1: A parada para reabastecimento de combustível e manutenção programada de Angra 1 foi iniciada em maio de 2015 e finalizada no início de julho de 2015. Angra 2: A próxima parada para reabastecimento de combustível e manutenção programada de Angra 2 está prevista para setembro de 2015. 8. FUNDO DE DESCOMISSIONAMENTO E SEGURO DAS USINAS O que é descomissionamento de uma usina nuclear? O descomissionamento de uma usina nuclear é uma fase pós-operacional normal e necessária, que pode ser entendido como um conjunto de medidas tomadas para retirar de serviço, com segurança, uma instalação nuclear – incluindo dependências, terreno, edifícios e equipamento –, reduzindo a radioatividade residual a níveis que permitam liberar o local para uso restrito ou irrestrito. O proprietário/operador da instalação nuclear é o responsável por todos os aspectos do descomissionamento. O que é o fundo de descomissionamento das usinas? O fundo de descomissionamento de usinas nucleares se refere à obrigação para desmobilização dos ativos das usinas nucleares, para fazer face aos custos a serem incorridos ao final da vida útil econômica das mesmas. A formação dessa obrigação é constituída de um passivo formado em quotas mensais, fixadas com base em estudos técnicos elaborados pelo operador da usina. É premissa fundamental, para a formação desse passivo, que o valor estimado para a sua realização deva ser atualizado ao longo da vida útil econômica das usinas e considerando os avanços tecnológicos, com o objetivo de alocar ao respectivo período de competência da operação os custos a serem incorridos com a desativação técnico-operacional das usinas. Qual será o custo do descomissionamento de Angra 1 e Angra 2? O valor presente estimado do custo de descomissionamento da Usina Angra 1 é de R$ 490.961 milhões, base de dezembro de 2014, e o valor futuro do passivo a ser constituído, corrigido para o fim da vida econômica depreciável da Usina (dezembro de 2024) é de R$ 938.175 milhões. O valor presente estimado do custo de descomissionamento da Usina Angra 2 é de R$ 218.454 milhões, base de dezembro de 2014, e o valor futuro do passivo a ser constituído, corrigido para o fim da vida econômica depreciável da Usina (agosto de 2040), é de R$ 1.151.338 milhões. De onde provêm os recursos para o fundo de descomissionamento das usinas Angra 1 e Angra 2 ? Para atender a esses custos futuros, a Eletrobras criou uma reserva financeira em conta específica no Banco do Brasil. Essa reserva é constituída por recolhimentos periódicos feitos pela Eletronuclear e o saldo em 31 de dezembro de 2014 é de R$ 334.869 milhões. Os custos de descomissionamento a serem cobertos por esses fundos estão suportados no faturamento bruto na venda da energia produzida pelas usinas nucleares Angra 1 e Angra 2. A cota anual transferida pela Eletronuclear à Eletrobras, para compor essa reserva financeira, correspondeu a cerca de 1,15% do faturamento bruto, base dezembro de 2014, como é prática normal em outros países. Como funciona o seguro das usinas nucleares? Qual o valor das apólices? A Eletronuclear mantém uma política de seguros tida pela administração como suficiente para cobrir eventuais perdas considerando os principais ativos, bem como a responsabilidade civil inerente a suas atividades. O seguro das usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, em operação, engloba duas apólices emitidas, apesar de a contratação ser em um só pacote. Uma cobre danos materiais de propriedade da Eletronuclear (limite de cobertura US$ 500 milhões por usina) e a outra, responsabilidade civil, com os seguintes limites: Acidentes Nucleares: US$ 235.000.000,00 Acidentes Não-Nucleares: US$ 23.500.000,00 Responsabilidade Civil do Empregador: US$ 23.500,000.00 Custas Judiciais: US$ 2.350,000.00 Despesas com Minimização de Danos US$ 2.350.000,00 Limite Total de Indenização da Apólice US$ 286.700.000,00 Quais riscos são cobertos pelo seguro? - Para as usinas em operação, Angra 1 e Angra 2, os riscos são: a) danos materiais, All Risks, danos que os bens materiais das Usinas sofrerem em consequência de Todos os Riscos; b) responsabilidade civil que cobre os danos materiais e pessoais causados a terceiros, por acidentes nucleares e não nucleares, incluindo os empregados da empresa. - Para a usina em construção (Angra 3) os riscos são: a) danos materiais todos os riscos – All Risks; b) reponsabilidade civil cruzada e; c) armazenagem de bens A Importância Segurada total, para o seguro de Angra 3 é €4.595 milhões. De quanto em quanto tempo as usinas são vistoriadas pelas seguradoras? O trabalho de análise de risco deve ser contínuo, e o tempo de vistoria varia entre quatro e seis anos. A periodicidade é determinada pelo estado de conservação das usinas e a ocorrência de sinistros. A última visita à Central Nuclear foi em 2008. Devido à falta de acidentes graves, não haverá necessidade de uma nova visita em um curto prazo. 9. MEIO AMBIENTE Em março de 2014, o Ibama concedeu a Licença de Operação Unificada para a Central Nuclear. O que significa isso no processo de licenciamento ambiental? Por sugestão da Eletronuclear e após um longo processo de avaliação interno, o Ibama concedeu, no dia 12/03/14, a Licença de Operação Unificada para todas as instalações da Central Nuclear. A licença, que tem validade de 10 anos (até 11/03/2024), abrange as usinas Angra 1 e Angra 2, o Centro de Gerenciamento de Rejeitos (incluindo seus depósitos 1, 2A, 2B, 3 e dos geradores de vapor) e demais instalações de apoio da empresa. Outras instalações que ainda não estão em operação - como Angra 3, por exemplo – mantêm seus processos de licenciamento em separado. Porém, na medida em que forem entrando em operação, serão agregadas à Licença Unificada. A Licença Unificada atende a um pleito apresentado ao Ibama ainda em 2011 e que traz vantagens para a empresa, para o próprio licenciador e para a sociedade. O fato de reunir diversas ações, antes pulverizadas, num único processo confere maior eficácia ao próprio licenciamento. Além disso, o novo processo permite uma unificação dos diversos programas ambientais existentes, eliminando redundâncias e tornando mais efetivo o atendimento das condicionantes. O Ibama otimiza seu trabalho ao adotar procedimentos mais harmônicos e, por fim, a sociedade lucra com a maior transparência e dinamismo em todo o licenciamento. Este novo modelo também vale para as futuras centrais nucleares que vierem a ser construídas no país. Quais as vantagens ambientais de uma usina nuclear sobre as usinas térmicas convencionais? Os aspectos ambientais da indústria nuclear como um todo, incluindo a produção de energia elétrica e toda a indústria do ciclo de combustível associada, comparam-se, favoravelmente, com as alternativas existentes para a produção de energia elétrica em grandes quantidades. No Brasil, como também em outros países, as hidroelétricas já tiveram grande parte do seu potencial economicamente aproveitável esgotada. A construção de outras usinas ocasionaria inundação de grandes áreas, arruinando-as e destituindo o local da flora e da fauna originais, o que causaria a perda da biodiversidade e de terras cultiváveis, provocando danos ambientais irreparáveis e influenciando diretamente o clima da região. No caso das usinas térmicas convencionais, como o carvão, o óleo (petróleo) e o gás, a emissão de muitas toneladas de gases tóxicos na atmosfera altera o clima do globo terrestre, causando o efeito estufa e as chuvas ácidas. Em apenas 30 anos, a participação da energia nuclear na produção de energia elétrica chegou a 17%, tornando-se a 3ª fonte mais utilizada do mundo. Vantagens: Não emite gases que contribuem para a chuva ácida (óxidos de enxofre e nitrogênio); Não emite gases que contribuem para o efeito estufa (CO2, metano etc.); Não emite metais cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos (arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio etc.); Não emite material particulado poluente; Não produz cinzas; Não produz escória e gesso (rejeitos sólidos produzidos em usinas a carvão mineral); É uma forma de energia barata, já que requer uma pequena área para sua construção, podendo ser instalada próximo aos grandes centros, com água em abundância para sua refrigeração, além de ser capaz de extrair uma enorme quantidade de energia de um volume pequeno de combustível. A utilização de combustíveis fósseis no mundo tem provocado impactos ambientais negativos, entre os quais o aumento do efeito estufa – causado pela emissão de dióxido de carbono ou gás carbônico, metano e óxido nitroso – e a chuva ácida, originada pelas emissões de dióxido e trióxido de enxofre e de óxidos de nitrogênio. O fato de as usinas nucleares não emitirem qualquer desses gases é importante na comparação com outras fontes térmicas de energia. Em relação às usinas termoelétricas a carvão, a fonte de geração de energia elétrica mais utilizada no mundo e responsável por cerca de 40% de toda a energia elétrica gerada no planeta, as vantagens das usinas nucleares em termos ambientais são significativas. Em comparação com uma usina termoelétrica moderna, que utiliza carvão pulverizado e técnicas avançadas de redução de emissão de poluentes, uma usina nuclear do porte de Angra 3 evitaria a emissão anual para a atmosfera de cerca de 2.300 toneladas de material particulado, 14 mil toneladas de dióxido de enxofre, 7 mil toneladas de óxido de nitrogênio e 10 milhões de toneladas de dióxido de carbono (figura 1). Em comparação com uma usina termoelétrica a gás, as emissões evitadas por uma usina nuclear do porte de Angra 3 seriam de cerca de 30 toneladas de dióxido de enxofre, 12.700 toneladas de óxido de nitrogênio e 5 milhões de toneladas de dióxido de carbono (figura 2). Figura 1 – Comparação de usina nuclear com usina a carvão USINA NUCLEAR PWR DE 1.300 MW USINA TERMELÉTRICA A CARVÃO DE 1.300 MW EFLUENTES RADIOATIVOS (QUANTIDADES DESPREZÍVEIS) 170 t / ano URÂNIO NATURAL EFLUENTES RADIOATIVOS 2.300 t / ano MP (*) 14.000 t / ano SO2 3 3 50 mg / m 400 mg / m 7.000 t / ano NOx M R M MÉDIO NÍVEL DE BAIXO NÍVEL DE ALTO NÍVEL DE RADIOATIVIDADE RADIOATIVIDADE RADIOATIVIDADE COM REPROCESSAMENTO R CO2 R 3,3 milhões t / ano ANTRACITA (1,8% de enxofre) 32 t / ano URÂNIO ENRIQUECIDO REJEITOS 10.000.000 t / ano 3 200 mg / m 3 4,8 m / ano 3 250.000 t / ano CINZAS 150.000 t / ano GESSO DO SISTEMA DE DESSULFURIZAÇÃO 3 47 m / ano R 531 m / ano M = METAIS (450 t / ano) R = RADIOATIVIDADE (9 µSv / ano) = 1,3 µSv / ano Fonte: SIEMENS (*) MP = material particulado Figura 2 – Comparação de usina nuclear com usina a gás. USINA NUCLEAR PWR DE 1.300 MW USINA TERMELÉTRICA A GÁS (CICLO COMBINADO) DE 1.300 MW EFLUENTES RADIOATIVOS (QUANTIDADES DESPREZÍVEIS) 170 t / ano URÂNIO NATURAL R POLUENTES 2.000 t / ano CO 30 t / ano SO2 12.700 t / ano CH4 5.000.000 t / ano CO2 32 t / ano URÂNIO ENRIQUECIDO CONSUMO DE GÁS: 1,9 bilhões de m3/ano (5,2 milhões de m3/dia) REJEITOS COM REPROCESSAMENTO R MÉDIO NÍVEL DE BAIXO NÍVEL DE ALTO NÍVEL DE RADIOATIVIDADE RADIOATIVIDADE RADIOATIVIDADE 3 4,8 m / ano 3 47 m / ano 3 531 m / ano = 1,3 µSv / ano Fonte: International Nuclear Societies Council Outro aspecto a ser considerado é a área necessária para a implantação de cada tipo de usina. Para efeito de comparação, a Tabela 1 apresenta as áreas requeridas para a implantação de usinas que utilizam fontes de geração renováveis e não renováveis, com 1.000 MW de capacidade, verificando-se que as primeiras exigem áreas muito maiores que as segundas, acarretando, conforme o caso, gastos com desapropriações e com indenização de benfeitorias, deslocamento de população, alagamento de áreas naturais ou produtivas e descaracterização da flora e da fauna, com impactos sociais e biológicos significativos. Quanto a esses aspectos, as usinas que utilizam fontes não renováveis são mais favoráveis, pois ocupam áreas muito menores, que podem ser implantadas em locais onde esses impactos sejam menores ou não ocorram, além da proximidade aos centros de consumo, com economia em termos de linhas de transmissão. Tabela 1 – Áreas necessárias para a implantação de usinas com 1.000 MW de capacidade Fonte de energia Tipo de usina Área necessária (ha) Hidroelétrica. 25.000 Solar fotovoltaica, em local muito Renovável (*) ensolarado. Não renovável 5.000 Eólica, em local com muito vento. 10.000 Biomassa plantada. 400.000 Óleo e carvão, incluindo estocagem de combustível. 100 Nuclear e gás natural. 50 Fonte: International Nuclear Societies Council (*) Valores indicativos, visto que a área depende da topografia do local de impantação. Como é monitorado o meio ambiente para saber se não há risco? Antes da entrada em operação da primeira usina nuclear brasileira, em 1985, o Laboratório de Monitoração Ambiental da Eletronuclear mediu os níveis de radioatividade natural (a Natureza nos submete a um inevitável grau de radiação) e artificial (oriundo do uso de armamentos atômicos). Nesse período também foram realizados estudos populacionais dos organismos marinhos – flora e fauna – na área de influência da CNAAA. Os resultados desses estudos permitem a comparação com dados obtidos, hoje, em amostras regularmente coletadas de água do mar, da chuva e de superfície, subterrânea e de rio, de areia da praia, algas, peixes, sedimentos de mar e de rio, leite, banana, pasto e do ar. Esse trabalho constatou que o funcionamento das usinas de Angra, em mais de vinte anos, não causou um impacto significativo ao meio ambiente e que não ocorreu impacto radiológico devido à operação das usinas. Uma equipe de biólogos, químicos, técnicos e auxiliares altamente especializada executa programas contínuos de monitoração ambiental e envia os resultados para os órgãos fiscalizadores nacionais. O controle de qualidade das análises é realizado por intermédio de programas de intercomparação mantidos pela Agência Internacional de Energia Atômica e pelo Instituto de Radioproteção e Dosimetria, da CNEN. São realizadas, também, medidas diretas dos níveis de radiação ambiental por meio de dosímetros termoluminescentes instalados na área dos depósitos do CGR (Centro de Gerenciamento de Rejeitos), do DIGV (Depósito Inicial dos Geradores de Vapor) e em pontos das áreas de propriedade da Eletronuclear e seus arredores, abrangendo uma área desde Angra a Paraty. Esses dosímetros utilizados nas medições são verificados periodicamente conforme procedimentos da Eletronuclear e da CNEN. Os resultados obtidos ao longo desses anos confirmam as doses preconizadas pelas normas da CNEN. A equipe do Laboratório de Monitoração Ambiental também realiza observações diretas, através de mergulhos, além da coleta de amostras da fauna e da flora marinhas, para análises. O objetivo é verificar se a elevação da temperatura da água do mar na área do lançamento do efluente térmico provoca alguma alteração no ecossistema marinho na área do entorno da CNAAA. Qual a posição da empresa em relação aos protestos dos ambientalistas? A posição da Eletronuclear em relação ao público em geral, incluindo os ambientalistas, é a de agir com transparência, sempre disponibilizando informações e também ressaltando a importância da geração de energia elétrica a partir de fonte nuclear para o desenvolvimento do país. Além disso, destacamos que a energia nuclear tem primado por sofisticados métodos operacionais, que garantem a completa preservação do meio ambiente e a total segurança da população. É a forma de geração que melhor monitora e controla seus processos em todas as fases, sem liberar produtos que afetem o meio ambiente. O fato de a geração de energia nuclear não contribuir para o efeito estufa, que vem provocando o aquecimento do planeta e severas alterações climáticas, tem levado organizações e líderes de movimentos ambientalistas – antes ferrenhos críticos à construção de usinas nucleares – a reverem suas posições, hoje as defendendo. 10. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Como a empresa atua na área de responsabilidade socioambiental? A atuação da empresa na área de responsabilidade socioambiental com a comunidade em torno da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto (CNAAA) abrange convênios de cooperação para o desenvolvimento de atividades voltadas para saúde, educação, turismo e cultura, ação social, meio ambiente, defesa civil, obras e serviços públicos, atividades econômicas e saneamento, principalmente com as prefeituras municipais de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. A empresa promove, ainda, projetos e ações direcionados para a promoção da responsabilidade socioambiental com entidades, associações comunitárias e outros segmentos da sociedade civil da região. A Eletronuclear mantém uma política formal de relacionamento com esses públicos, reafirmando o seu comprometimento socioambiental e de comunicação com a população dos municípios circunvizinhos à Central Nuclear. Qual a importância para a empresa em agir de forma socialmente responsável? A Eletronuclear exerce seu papel de empresa cidadã, cumprindo não só os compromissos oficiais assumidos no EIA/RIMA de seus empreendimentos, como executa adicionalmente várias outras ações socioambientais. As diretrizes traçadas pela Eletronuclear para alcançar resultados positivos na melhoria da qualidade de vida da população são baseadas em parâmetros do ambiente socioeconômico das áreas de influência da Central Nuclear. Para alcançar os resultados apontados pelas diretrizes e em consonância com as políticas das prefeituras, a Eletronuclear utiliza as seguintes ferramentas: taxas de analfabetismo, desemprego, população economicamente ativa, faixa etária, entre outros que dão subsídios importantes para o desenvolvimento de projetos sociais e ambientais. Seja por meio de convênios, atividades ou apoio a projetos de associações comunitárias e entidades, órgãos públicos e organizações não governamentais. A empresa apoia parcerias com o poder público? Desde 2000, estão sendo firmados pela Eletronuclear diversos convênios, sendo a maioria deles de cooperação com as prefeituras de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, visando a ações de combate à fome e à miséria, geração de trabalho e renda e melhoria da infraestrutura dos três municípios. Os investimentos são aplicados em diversos campos: saúde, educação, turismo e cultura, ação social, meio ambiente, defesa civil, obras e serviços públicos, atividades econômicas, saneamento, todos buscando contribuir para o desenvolvimento humano e a equidade social da população da região. Esses convênios firmados com as prefeituras locais possibilitam investimentos contínuos nos municípios, provendo recursos em diversas áreas, desde a construção de creches, melhorias na qualidade de ensino, erradicação do analfabetismo, conservação da estrada, compra de equipamentos hospitalares, ambulâncias UTI, aparelhamento da Defesa Civil, à valorização das culturas regionais caiçara, quilombola e indígena. A partir de 2008, além da continuação de sua política de responsabilidade socioambiental, a Eletronuclear desenvolveu diversas ações de voluntariado. Em parceria com a Rede COEP e o programa federal Fome Zero, por exemplo, promoveu festas para crianças das comunidades do Parque Mambucaba (Perequê) e do Frade, incentivando a participação voluntária de empregados e da população residente em torno do empreendimento, com o propósito de arrecadar alimentos não perecíveis para serem doados posteriormente a instituições filantrópicas. Como é avaliado o retorno desses projetos para a empresa? Mediante acompanhamento contínuo anterior à implementação e à assinatura dos convênios. Periodicamente, nossos colaboradores envolvidos nos processos verificam o andamento dos projetos, por intermédio de controles, até o momento da sua conclusão. É averiguada, também, a extensão dos resultados no setor da comunidade envolvida, além das evidências objetivas por meio dos registros presenciais fotográficos e de satisfação. Além disso, a empresa também avalia o retorno desses projetos através do reconhecimento pelos prêmios recebidos. A Eletronuclear recebeu, em 2005, o Selo de Responsabilidade Social do CREA/RJ com o projeto Gravação de Livros para Cegos e, em 2007, com o projeto POMAR – Povoamento Marinho da Baía da Ilha Grande. Em 2008, a área de Responsabilidade Socioambiental foi premiada com Moção de Aplauso e Louvor pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Em 2010, a empresa recebeu o Prêmio de Sustentabilidade da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Em dezembro de 2010, o Coordenador de Responsabilidade Socioambiental e Comunicação, Paulo Gonçalves, foi escolhido pelo Cefet/RJ para receber a Medalha do Mérito Social Celso Sukow da Fonseca. O prêmio é dado a personalidades no cenário nacional que, pela atuação em seu campo de trabalho, contribuem para o desenvolvimento do país. O executivo foi lembrado por causa da política de investimento no desenvolvimento sustentável que a Eletronuclear mantém nas regiões vizinhas à central nuclear de Angra. Em 2014, a empresa recebeu a avaliação de seu Portfólio de projetos socioambientais com a Região da CNAAA analisada pelo Conselho de Desenvolvimento Sustentável da Baía da Ilha Grande – CONSIG, sobre o qual se posicionou: “O portfólio atual de programas e projetos abrange diversas áreas e elementos chave para o desenvolvimento sustentável da região. Esta configuração de portfólio é pertinente ao contexto de implantação e seu arcabouço de requisitos legais e demonstra compromisso da empresa para com seus vizinhos, governos e órgãos reguladores”. Quais são os projetos desenvolvidos pela Eletronuclear na área de saúde? Por meio de convênios firmados com as prefeituras, a Eletronuclear constantemente faz investimentos que são aplicados na compra de equipamentos para as redes municipais de saúde, incluindo recursos voltados para os hospitais de Angra dos Reis, Japuíba e Santa Casa, Hospital de Paraty e de Rio Claro. Com o empreendimento de Angra 3, a empresa pretende aplicar na área de saúde mais de 150 milhões de reais até a conclusão da obra. Além disso a Eletronuclear mantém em funcionamento o Hospital de Praia Brava e o Ambulatório de Mambucaba, ambos administrados pela Fundação Eletronuclear de Assistência Médica – FEAM. Qual é a relação entre a Eletronuclear e a Feam? A empresa investe mais de R$ 20 milhões, a cada ano, na Fundação Eletronuclear de Assistência Médica (Feam), administradora do Hospital de Praia Brava, que desenvolve ações preventivas e trabalhos de assistência ambulatorial e hospitalar, realizando anualmente mais de 100 mil atendimentos (incluindo emergência, internação, ambulatorial, ocupacional e eletivo), entre pacientes do SUS, convênios e particulares. A Feam também é responsável pelo Ambulatório Médico de Itaorna (Amir), o Ambulatório Médico de Mambucaba (AMM) e o Centro de Medicina das Radiações Ionizantes (CMRI). Em 2008, com a entrada, como observadora, no Rempan (Radiation Emergency Medical Preparedeness and Assistence Network) – órgão ligado diretamente à Organização Mundial da Saúde (OMS) –, a Feam passou formalmente a fazer parte das instituições que são referência em resposta a acidentes envolvendo radiações ionizantes. Em 2009, completou dez anos e inaugurou o Centro de Informações em Câncer e Anomalias Congênitas (Cira), que possibilitará fazer um acompanhamento sistemático sobre a incidência de câncer e anomalias congênitas na região mediante comparações nacionais e internacionais, trazendo, assim, maior segurança para a população que vive no entorno da Central Nuclear. Em 2010, incorporou ao Hospital de Praia Brava o seu tomógrafo computadorizado, oferecendo mais conforto e precisão nos diagnósticos, e em 2013, foi inaugurada a nova Unidade de Tratamento Intensivo. O que é o Cira? A Feam elaborou, por meio do Centro de Informação em Radioepidemiologia (Cira), um estudo sobre a mortalidade por câncer e anomalias congênitas em Angra dos Reis. Além de Angra, foram pesquisados outros 47 municípios, que ficam a 50 Km e 100 km de distância da Central Nuclear, e mais o município de Cabo Frio, que está fora desse raio de alcance. Foram colhidos dados relativos ao período entre 1986 e 2007. O resultado do estudo, denominado “Padrão da mortalidade da população circunvizinha à Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto/1986 a 2007”, demonstrou que não há registros maiores de mortes por câncer ou por anomalias congênitas em Angra, comparando-se com os outros municípios estudados. Angra I iniciou suas operações em 1985, ano que conta como período de pré-operação. Por isso, 1986 foi escolhido como ano ideal para começar a investigação dos registros. A equipe do Cira, que contou com a consultoria da Fiocruz, estudou os dados do Ministério da Saúde, que disponibiliza o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), que, por sua vez, pode ser acessado por qualquer pessoa pelo site do DataSUS. O estudo também atende à condicionante do Ibama nº 2.37, contida na Licença Prévia nº 279/2008, e a nº 2.36, contida na Licença de Instalação nº 591/2009, para liberação da construção de Angra 3. Em julho de 2012, o Cira lançou um segundo estudo que analisa os casos de prevalência de anomalias congênitas no período de 1999 a 2009, disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Eles utilizam como base do estudo os dados do sistema de informações de nascidos vivos (SINASC), que tem como fonte de informação as declarações de nascidos vivos (DNV). As condicionantes apontadas afirmam que esse tipo de levantamento precisa acontecer frequentemente. Como a Eletronuclear está investindo na área de educação? A Eletronuclear investe em construção de creches, em reformas de escolas de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro. A empresa expandiu os programas de alfabetização para jovens e adultos e centros de inclusão digital como, por exemplo, o TECLAR no município de Angra dos Reis. Nos últimos anos, a empresa vem constantemente aplicando recursos na melhoria educacional e estrutural dos colégios estaduais localizados nas vilas residenciais de Praia Brava e Mambucaba. Esse apoio da Eletronuclear às duas instituições se dá por meio de um convênio, válido até o início de 2014, com a Associação de Amigos da Cultura e do Esporte da Costa Verde, Angra dos Reis e Paraty (Amigos) e o Governo do Estado, por intermédio da Secretaria de Educação. A parceria visa ao desenvolvimento de atividades educacionais, mas também ajuda na manutenção dos colégios. Com esse investimento, a empresa contribui para um ensino de excelência aos quase 3.000 alunos dos colégios Roberto Montenegro (Cerm) e Almirante Álvaro Alberto (CEAAA), que, desde 2005, vem se destacando entre as instituições de ensino público brasileiras por meio do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). No Enem/2010, a média das notas dos alunos de ambas as escolas foi superior à média nacional. O Roberto Montenegro obteve a segunda maior nota entre as escolas públicas de Angra dos Reis, atrás somente do Colégio Naval. Já a média das notas dos alunos do Almirante Álvaro Alberto foi a maior entre as escolas públicas de Paraty. O bom nível da educação nas escolas apoiadas pela Eletronuclear também pode ser medido pelos prêmios recebidos por seus alunos. A Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc) tem premiado com notebooks os estudantes das escolas estaduais que alcançam os melhores resultados no Sistema de Avaliação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj). Em 2011, 138 alunos do CEAAA e 146 do Cerm ganharam notebooks. Outras iniciativas apoiadas pela Eletronuclear são os programas de alfabetização de jovens e adultos no município de Angra dos Reis, por intermédio do projeto SEMEAR, e, em Rio Claro, com a parceria da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB). A empresa também foi responsável pela construção de uma creche comunitária para mais de 100 crianças no bairro do Frade, em Angra. Além disso, jovens, adultos e idosos dos municípios de Angra dos Reis e Paraty foram beneficiados com o Projeto Malê, um curso de alfabetização e qualificação profissional em artesanato e costura voltado para o turismo, implementado pela ONG Semear e patrocinado pela Eletronuclear mediante convênio, cuja validade vai até 2016. Com o empreendimento de Angra 3, a empresa pretende aplicar mais de R$ 70 milhões na área de educação até a conclusão da obra. Quais são os projetos da Eletronuclear para o meio ambiente? Desde a implantação de Angra 1, a empresa vem investindo em ações para a melhoria do meio ambiente no entorno da CNAAA. O convênio com o Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IED-BIG), que compreende o Projeto Pomar – Repovoamento Marinho da Baía da Ilha Grande visa a fortalecer a maricultura e preservar o ecossistema da região por meio da produção de sementes de vieiras ou coquilles SaintJacques e de ações técnicas e educativas. Em 2006, o projeto foi redimensionado para atender ao programa de geração de emprego e renda da população, obtendo excelentes resultados. Em setembro de 2007, a Eletronuclear inaugurou sua própria fazenda marinha, localizada na Ilha Comprida, em frente às usinas Angra 1 e Angra 2, e já abriga mais de 20 mil sementes de coquille. Em maio de 2008, a empresa foi contemplada com o Selo CREA-RJ de Responsabilidade Social em reconhecimento ao Projeto Pomar. A Trilha Ecológica Porã – que na língua guarani significa trilha bonita – está localizada na Rodovia Rio-Santos Km 526, entre Itaorna e Praia Brava, em Angra dos Reis. Tem uma extensão de 2.600 metros, em área de Mata Atlântica, e inúmeras espécies de plantas e animais. Desde que foi aberto à visitação em junho de 2004, o local tem sido uma grande opção de lazer ecológico, seja para crianças e adolescentes de escolas da região, como também para grupos fechados de entidades e associações que agendam visitas à trilha. A Trilha Porã recebe mais de 700 visitantes por ano. Em junho de 2009, por ocasião da Semana do Meio Ambiente, a Eletronuclear inaugurou um sítio-museu, em Piraquara de Fora, Angra dos Reis. Vinculado ao licenciamento ambiental da Usina Angra 2, o sítio fica localizado em terreno pertencente à Eletronuclear, numa região com vestígios da ocupação précolonial com sambaquis e polidores amoladores, ruínas de um forte do século XVIII e outras construções do século XIX. Trata-se de trabalho pioneiro no município na área de arqueologia, coordenado pela professora Nanci Vieira de Oliveira, do Instituto de Filosofia da Uerj. Estão sendo feitas réplicas de algumas peças indígenas encontradas (como machados, flechas e fragmentos de cerâmica) porque a ideia é que as peças originais sejam preservadas. O sítio-museu ainda não foi aberto à visitação pública. No momento, está sendo preparado um convênio que regulará seu funcionamento. Também será implantada uma trilha arqueológica, onde o visitante terá acesso a alguns dos locais com estruturas históricas preservadas, como as ruínas de fortificações que serviam para guardar a Vila de Angra do ataque dos piratas. O custo do projeto foi de R$ 150.541,00. Outro momento importante é a comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, 05 de junho. Para esse evento, a Eletronuclear realiza a SEMA - Semana Eletrobras Eletronuclear do Meio Ambiente –, contando com diversas atividades de educação ambiental para a população do entorno da CNAAA e seus colaboradores, como passeio de canoagem pelo Rio Mambucaba, realização de uma das etapas da Copa Brasil de Canoagem, visitação ao Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande (IEDBIG), que compreende o Projeto Pomar, a Trilha Porã, a Restinga de Mambucaba, a Central de Compostagem, Gincana e outras atividades. Com o empreendimento de Angra 3, a empresa pretende aplicar na área de meio ambiente mais de 100 milhões de reais até a conclusão da obra. A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2? O compromisso da Eletronuclear com a preservação do meio ambiente também está presente no apoio da empresa a diversos projetos, como a construção e o aparelhamento da sede da Estação Ecológica de Tamoios, terreno na região de Mambucaba, cedido em comodato pela Eletronuclear. Tecnicamente denominada “unidade de conservação”, a Estação tem como finalidade pesquisar e preservar o ecossistema de 29 ilhas – incluindo ilhotas, lajes e rochedos distribuídos nas baías da Ribeira e da Ilha Grande. A sede, com 390 m2, dispõe de salas de reunião, um pequeno auditório, espaço para exposição e alojamento para pesquisadores. Serve de apoio terrestre à equipe que supervisionará os 84,5 km2 onde estão as ilhas. A criação da Estação Ecológica de Tamoios, em janeiro de 1990, é uma das medidas compensatórias decorrentes da instalação de Angra 2 e obedece às determinações da legislação que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. A estação ecológica é uma área de proteção integral, sendo permitida a sua visitação apenas com objetivos educacionais e de pesquisa. Entretanto, no caso da Estação de Tamoios, algumas das ilhas estão habitadas. Daí a necessidade do Plano de Manejo para a preservação da diversidade biológica das espécies. Quem coordena a Estação é o Instituto Chico Mendes, autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e que integra o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Ao todo, gerencia 130 Unidades de Conservação de Proteção Integral e 170 Unidades de Conservação de Uso Sustentável, num total de 300 UCs. O instituto tem também a função de executar as políticas de uso sustentável dos recursos naturais renováveis e de apoio ao extrativismo e às populações tradicionais nas unidades de conservação federais de uso sustentável. Com o empreendimento de Angra 3, a empresa pretende ampliar o apoio à Estação Ecológica de Tamoios. E o Parque Nacional da Serra da Bocaina? Qual é o envolvimento da Eletronuclear? O Parque Nacional da Serra da Bocaina abrange uma área de 104 mil hectares, sendo 60% localizados no Estado do Rio e 40% em São Paulo. O ponto em que o Parque da Bocaina se encontra com o Parque Estadual da Serra do Mar, em Ubatuba, é considerado ambientalmente estratégico por ser o local onde as reservas ecológicas atingem a orla marítima. O Parque também foi criado para preservar parte da Mata Atlântica e desenvolver projetos de educação ambiental, ecoturismo e pesquisas. A Eletronuclear participa do grupo de trabalho para diagnosticar e montar planejamento para desenvolver as atividades importantes nessa área. Com o empreendimento de Angra 3, a empresa pretende ampliar o apoio ao Parque Nacional. A Eletronuclear dá suporte às comunidades indígenas vizinhas às suas instalações? Por convênio firmado entre a empresa e a Funai – Fundação Nacional do Índio –, a Eletronuclear promoveu atenção contínua aos índios da região. Além de desenvolver ações para preservar costumes e tradições das populações indígenas de Angra dos Reis e Paraty, o convênio promoveu obras de infraestrutura, valorização cultural, fomento econômico e educação ambiental, que viabilizaram a melhoria da qualidade de vida dessas comunidades indígenas. No total, quatro aldeias são atendidas pelo convênio: Sapukai, no Bracuí, em Angra dos Reis; Rio Pequeno; Araponga; e Itatiim, em Paraty. Com o empreendimento de Angra III, a Eletronuclear contratou um estudo, a ser executado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), para verificar as necessidades das comunidades indígenas locais. Que tipo de investimento cultural a empresa promove? A Eletronuclear investe regularmente em projetos culturais que apresentam contrapartidas ou desdobramentos sociais de capacitação e geração de renda. A empresa patrocina e apoia programas de revitalização e preservação do patrimônio histórico e artístico; publicações de livros que resgatam e reavivam os costumes, a religiosidade e as tradições das comunidades da região; e eventos culturais locais e de grande porte como a Flip – Festa Literária Internacional de Paraty e a Fita – Festa Internacional de Teatro de Angra. A empresa também patrocinou o restauro da Casa da Cultura de Paraty, que foi recuperada e revitalizada graças a uma parceria da Fundação Roberto Marinho com a Eletronuclear, a Rede Globo e a Prefeitura de Paraty. A Eletronuclear investiu R$ 690 mil e foi parceira do projeto até que ele se tornasse sustentável. Além disso, o Espaço Cultural Eletronuclear, localizado no Centro de Angra dos Reis, abriga, o ano todo, exposições e lançamentos, além de informações sobre as usinas nucleares. Só em 2014, o Espaço recebeu 10.496 visitantes. A fim de ampliar ainda mais a difusão cultural na região, foi inaugurado, no ano de 2013, em Paraty, o Centro Cultural Eletronuclear - que funciona na nova sede do Instituto Cultural, onde estão sendo promovidos exposições e eventos apoiados pela empresa, com destaque para os artistas locais, além de prestar informações sobre o funcionamento das usinas nucleares brasileiras. A empresa também mantém um espaço cultural em Lídice/Rio Claro, o antigo Cine Teatro, em Praia Brava, na Vila Residencial, e o de Mambucaba, localizado na Vila Operária que está passando por reformas e será inaugurado em breve. Com o empreendimento de Angra 3, a empresa pretende aplicar, na área da cultura, mais de 10 milhões de reais até a conclusão da obra. Quais são os outros investimentos que a Eletronuclear vem fazendo para melhorar a qualidade de vida nos municípios de Paraty, Rio Claro e Angra dos Reis? Desde 2008, a Eletronuclear vem investindo diretamente na região por meio de arrecadação de alimentos e celebrações, como a Semana da Cidadania Infantil e o Natal sem Fome, ambas parte do programa Fome Zero, do Governo Federal. Já em convênios firmados com as prefeituras, a Eletronuclear promoveu um aporte de R$ 3.900.000,00 de forma a atender ao Plano de Ação para Atendimento das Condicionantes da Licença Prévia nº 279 do Ibama. Entre eles estavam vigorando, em 2008, os seguintes convênios para beneficiar a comunidade: • Implantação e manutenção do Centro de Informação sobre Câncer e Anomalias Congênitas na região; • Mútua colaboração com as secretarias estaduais de Saúde e de Defesa Civil; • Reforma e ampliação do Posto de Saúde de Tarituba, em Paraty; • Fornecimento de equipamentos para o Hospital da Japuíba – Angra dos Reis A empresa também apoiou uma série de comemorações regionais, entre as quais se destacam os 35 anos do Clube Náutico de Praia Brava e o 5º Jogos Estudantis de Mambucaba. Datas históricas também tiveram o incentivo da empresa, entre elas o Dia da Consciência Negra e festas locais e tradicionais, como a Festa do Divino Espírito Santo, a Festa Junina da Vila Histórica de Mambucaba e anualmente a tradicional Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Em 2013, a CNAAA recebeu visitas de comitivas internacionais de Rússia, Coreia, Índia e Inglaterra, assim como diplomatas sul-americanos, empresários de Barra Mansa e professores de universidades do Rio de Janeiro. Entre as autoridades brasileiras que estiveram no sítio destaca-se o ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. O Espaço Cultural Eletronuclear, localizado no Centro de Angra dos Reis, abrigou exposições e lançamentos tais como: a do Calendário 2008 e do Livro Olhares, com apresentação do Grupo de Danças Folclóricas de Tarituba, e a II Exposição “Pinturas do Cais”, projeto que nasceu da necessidade de divulgar a produção de pinturas feitas por portadores de deficiência mental. A CNAAA é aberta ao público para visitação? Para a empresa, qual a importância de políticas de comunicação como a do Centro de Informações de Itaorna, onde há uma exposição de filmes e folhetos educativos? Em todo o mundo, a grande desinformação sobre o funcionamento e a segurança das usinas nucleares alimenta muitos mitos sobre o assunto. Ciente desse fato, a Eletronuclear adotou, desde a implantação da Central Nuclear, uma política transparente de esclarecimento das comunidades vizinhas sobre o funcionamento das usinas nucleares. Essa política está materializada nos centros de informações que a empresa mantém em Itaorna e no Centro de Angra dos Reis. Visitas guiadas podem ser agendadas pelo endereço eletrônico: [email protected]. Quanto foi investido na área em 2014? A Eletronuclear investiu R$ 34.486.750,49 em projetos da área socioambiental no ano de 2014. 11. O ACIDENTE NUCLEAR NA CENTRAL DE FUKUSHIMA DAIICHI No dia 11 de março de 2011, o Nordeste do Japão foi atingido por um terremoto de 9 graus na escala Richter. O epicentro foi bem próximo ao litoral e a poucos quilômetros abaixo da crosta terrestre. Foi o maior terremoto de que se tem registro histórico a atingir uma área densamente povoada e com alto desenvolvimento industrial. Mesmo para um país de alto risco sísmico e cuja cultura e tecnologia se adaptaram para tornar esse risco aceitável, tal evento, numa escala de probabilidade de 1 em cada 1.000 anos, superou toda capacidade de resposta desenvolvida ao longo de séculos pelo Japão. A maior parte das construções e todas as instalações industriais com riscos de explosões e liberação de produtos tóxicos ao meio ambiente, tais como refinarias de óleo, depósitos de combustíveis, usinas termoelétricas e indústrias químicas, localizadas na região atingida colapsaram imediatamente, causando milhares de mortes e dano ambiental ainda não totalmente quantificado. Mas as 14 usinas nucleares das três centrais da região afetada resistiram às titânicas forças liberadas pela Natureza. Todas desligaram automaticamente e se colocaram em modo seguro de resfriamento com diesel-geradores, após ter sido perdida toda a alimentação elétrica externa. A onda gigante (tsunami) que se seguiu ao evento inviabilizou todo o sistema diesel de emergência destinado à refrigeração de 4 reatores da Central Fukushima-Daiichi e os levou ao status de grave acidente nuclear, com perda total dos 4 reatores envolvidos, devido ao derretimento dos seus núcleos e com liberação de radioatividade para o meio ambiente após explosões de hidrogênio, porém sem vítimas devido ao acidente nuclear. A necessidade de remoção das populações próximas à área da central se tornou imperiosa, e todo o plano de emergência nuclear foi mobilizado num momento em que o país estava devastado. Porém, no fim de 2011, as restrições de acesso a 5 áreas evacuadas num raio entre 10 km e 20 Km foram canceladas, com a população autorizada a retornar a suas residências. De acordo com os especialistas em radiação, as emissões decorrentes do acidente não atingiram níveis que possam causar danos irreparáveis ao meio ambiente ou à saúde das pessoas (mesmo para os trabalhadores envolvidos nos processos de emergência). Quais são as principais diferenças entre a central de Fukushima e as usinas de Angra? Existem hoje, segundo dados da AIEA de novembro de 2014, 438 usinas nucleares em operação no mundo. Em torno de 60% contam com reatores à água pressurizada (PWR), o mesmo modelo de Angra 1 e Angra 2. Aproximadamente, 25% são reatores à água fervente (BWR), como os da central de Fukushima, no Japão. Outros 10% equivalem a tecnologias que estão se tornando obsoletas e sumirão da matriz nuclear mundial na medida em que essas usinas cheguem ao fim de suas vidas úteis. Num acidente com perda total da alimentação elétrica, como o ocorrido em Fukushima, um reator PWR permitiria que os operadores tivessem mais tempo para o restabelecimento da energia do que um BWR. A usina PWR conta com circuitos independentes e geradores de vapor, equipamentos que contêm uma quantidade significativa de água e que permitem que o resfriamento do reator ocorra por circulação natural até o restabelecimento de energia, sem a necessidade de se utilizar bombas acionadas por eletricidade. Numa usina BWR, existe um circuito único, sem geradores de vapor. Um corte no fornecimento de energia interrompe imediatamente o resfriamento, como aconteceu na usina de Fukushima Daiichi. Portanto, nessas condições, a usina PWR apresenta algumas vantagens. No Japão, 50% das usinas são do tipo PWR e a outra metade é BWR. Vale ressaltar que, na região afetada, não havia usinas PWR em operação, apenas BWR. Diante do acidente nuclear no Japão, o Brasil deverá manter o seu programa nuclear? O acidente com a central de Fukushima promoveu em todo o mundo novos estudos, debates e posicionamentos, que, obviamente, estão retardando eventuais tomadas de decisão sobre novos empreendimentos nucleares, aí incluído o processo de seleção de novos sítios. Entretanto, as mesmas razões que levaram o mundo a planejar o aumento da participação nuclear na matriz internacional de geração de eletricidade ainda estão presentes. Em particular no Brasil, onde a demanda reprimida de eletricidade é significativa, caso tenhamos como padrão o nível de consumo de países desenvolvidos, que se inicia em aproximadamente 5.000 KWh/pessoa/ano, valor este cerca de 100% superior ao nosso atual patamar de consumo de eletricidade. Logo, podemos afirmar que o acidente nuclear no Japão não implica elementos objetivos que possam alterar os rumos atuais do Programa Nuclear Brasileiro, a não ser a incorporação das lições técnicas que estão sendo aprendidas, que aperfeiçoarão sua segurança num processo de melhoria contínua. Com certeza a repercussão desse acidente traz impactos à aceitação pública da energia nuclear. É justa a preocupação da sociedade, e cabe à Eletronuclear demonstrar com transparência seus procedimentos e evidenciar a segurança de suas operações. A experiência advinda desse acidente já está se traduzindo em aprimoramentos e melhorias de segurança. Estamos aguardando o lançamento do Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050), que ainda será lançado pelo Governo Federal. Esse documento vai estabelecer o planejamento energético brasileiro para as próximas décadas e dizer qual será a contribuição futura da energia nuclear. A Eletronuclear está aguardando essa definição para dar continuação ao trabalho de prospecção de sítios para sediar novas usinas nucleares. Já foi feito um levantamento de 40 áreas aptas em todo o país. O PNE 2050 indicará as áreas prioritárias para que a empresa possa prosseguir com a escolha dos sítios finalistas. Quais as lições aprendidas com o acidente nuclear no Japão? A primeira lição já aprendida pela catástrofe natural do Japão é que as usinas nucleares são as construções humanas mais bem adaptadas a resistir a eventos naturais de severidade milenar, como mostram as 8 usinas das Centrais de Onagawa, Fukushima Daini e Tokai, e de 2 das 6 usinas da Central de Fukushima Daiichi. Entretanto, os problemas nas 4 usinas de Fukushima Daiichi indicam ser necessária a aplicação de critérios de projeto mais rigorosos para os prédios auxiliares das usinas, similares àqueles aplicados ao prédio do reator. Essa foi uma recomendação feita pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) já em meados de 2010, ou seja, bem antes do acidente no Japão, para o licenciamento de Angra 3, e que foi prontamente acatada pela Eletronuclear. Outra lição aprendida é que os critérios de projeto para usinas nucleares localizadas em áreas de alto risco sísmico, especialmente aquelas em zonas costeiras sujeitas a tsunamis, devem ser reavaliados e, eventualmente, reforçados. Note-se, entretanto, que entre as 438 usinas nucleares em operação no mundo (novembro de 2014), muito poucas são localizadas em regiões sujeitas a esses riscos elevados: algumas além das 14 usinas afetadas pela catástrofe atual no Japão, 2 ou 3 localizadas no Sul da Califórnia (EUA), algumas poucas localizadas na Bulgária e na Romênia e a usina de Busher, no Irã, esta última ainda não estando em operação. A análise técnica profunda do evento está levando a muitas outras lições aplicáveis a todas as usinas nucleares em operação no mundo, bem como às 71 que se encontram em construção e àquelas centenas que estão em projeto, aperfeiçoando a segurança num processo de melhoria contínua. Isso acontece sistematicamente na indústria nuclear quando ocorrem acidentes graves, como foi no caso dos acidentes de Three Miles Island, em 1979, nos EUA, e de Chernobyl, na ex-URSS. As usinas brasileiras correm o risco de sofrer com tsunamis como o ocorrido no Japão? Não, pois as usinas brasileiras se encontram em locais de baixo risco sísmico e não sujeitos a tsunamis, devido às características geológicas de localização de nosso território. O Brasil está distante das bordas da placa tectônica em que está localizado e, diferentemente do caso do Japão, a borda da nossa placa que está sob o oceano se afasta da que lhe está adjacente. Esse fato de as placas do Oceano Atlântico Sul se afastarem, diferentemente das placas do Pacífico Norte, que se chocam, torna fisicamente inviável que, mesmo no caso de um forte terremoto no local, venha a ser formada uma onda tsunami. As nossas usinas são seguras? As usinas nucleares brasileiras são projetadas para resistir a esforços provocados por uma aceleração correspondente a 0,1 vez a aceleração da gravidade, o que corresponderia a um terremoto de 6,5 na escala Richter, e a uma onda de 4 metros. Esses valores excedem em muito os piores cenários que poderiam ocorrer no Brasil e sabe-se, pela experiência japonesa, que as usinas na prática podem resistir a esforços muitas vezes superiores àqueles para os quais foram projetadas. Outro aspecto importante se refere às tecnologias das usinas. As 14 usinas japonesas localizadas na região afetada pela catástrofe natural são do tipo BWR, ou seja, Reator à Água Fervente. As usinas brasileiras são do tipo PWR, ou seja, Reator à Água Pressurizada. A tecnologia BWR compõe somente 25% da frota mundial de usinas nucleares, enquanto a PWR corresponde a 60%. O restante da frota é composto por reatores à água pesada e à grafite, tecnologias cuja aplicação industrial está em acelerada decadência, sem novas construções em andamento. Os PWR são dotados de dois circuitos independentes e fisicamente isolados para resfriamento do reator e geração de vapor. Neles é possível promover o resfriamento do reator em circulação natural, sem necessidade de bombas, por algumas horas após uma perda total de alimentação elétrica, que foi o problema que ocorreu em quatro das 14 usinas afetadas pela catástrofe natural no Japão. A excelência da segurança operacional dos PWR é reafirmada pelo fato de ele ser a opção tecnológica preferencial para a propulsão de submarinos nucleares, cujos critérios de projeto adotados para atender aos requisitos operacionais militares são muito mais exigentes. As marinhas de todos os países que operam ou estão projetando submarinos nucleares, inclusive o Brasil, adotam a tecnologia PWR. A tecnologia BWR é totalmente descartada para essa aplicação, que implica submeter a instalação nuclear a severos carregamentos decorrentes de seu uso em combate naval. Que medidas de segurança adicionais o Brasil está adotando nas usinas de Angra após a tragédia no Japão? Três dias depois do acidente de Fukushima Daiichi, a Eletronuclear criou um comitê gerencial para analisar as informações sobre a evolução dos acontecimentos nas usinas japonesas e elaborar um plano de ações para reavaliar a segurança das usinas da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto. Em novembro de 2011, o Plano de Resposta a Fukushima foi aprovado pela Diretoria Executiva da empresa. A sua elaboração tomou por base o Relatório Preliminar de Avaliação do Acidente ocorrido na central japonesa – encaminhado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), em agosto de 2011 – e os resultados preliminares das avaliações desenvolvidas pela indústria nuclear em nível mundial. O programa de reavaliação foi submetido à CNEN imediatamente após sua aprovação pela Diretoria Executiva. O Plano compreende três áreas de avaliação, englobando 30 estudos e 28 projetos, a serem desenvolvidos até 2016, com investimentos estimados em cerca de R$ 300 milhões. Até o final de 2014, a Eletronuclear já investiu R$ 60 milhões. Áreas Principais de Avaliação do PLANO DE RESPOSTA AO ACIDENTE DE FUKUS HIMA CAPACIDADE DE RESFRIAMENTO LIMITAÇÃO DE CONSEQUÊNCIAS RADIOLÓGICAS Foco: Proteção contra Eventos com Potencial de Induzir Falhas Múltiplas nos Sistemas de Segurança Foco: Capacidade de Resfriamento do Combustível em Condições Além das Bases de Projeto Foco: Limitação das Conseqüências Radiológicas no Caso de Acidentes Severos Objetivo: Assegurar que os sistemas de segurança das unidades sejam preservados em situações em que eventos externos ou internos às instalações possam danificar ou limitar o funcionamento de seus equipamentos Objetivo: Prover meios alternativos de resfriamento do núcleo do reator e das piscinas de combustível irradiado, para o caso de situações de falhas dos sistemas de segurança além de suas bases de projeto Objetivo: Dispor de recursos para minimizar o risco de perda de integridade das barreiras de contenção e de liberação de materiais radioativos para o meio externo PROTEÇÃO CONTRA EVENTOS DE RISCO Evolução temporal dos acidentes – Defesa em Profundidade E como está o andamento desse Plano? O Plano de Resposta à Fukushima foi implementado pela Eletronuclear ao final do ano de 2011, e revisado em agosto de 2012 para incorporação dos resultados das reavaliações de resistência de Angra 1 e Angra 2 (“stress tests”), desenvolvidas de acordo com as mesmas especificações adotadas para a reavaliação de segurança das usinas em operação na Europa. Este Plano abrange: - reavaliação das ameaças e riscos associados à possibilidade de ocorrência de desastres naturais na área onde está instalada a Central; - melhorias nas estruturas, sistemas e equipamentos que compõem a Central com o objetivo de aumentar as margens de segurança do projeto contra a possibilidade de ocorrência destes eventos; - melhorar a infraestrutura da Central para o gerenciamento de situações de emergência. Os relatórios de reavaliação foram submetidos e analisados pela CNEN e pelo Fórum Iberoamericano de Organismos Reguladores Nucleares e os resultados confrontados com os de usinas similares no exterior. Os relatórios foram considerados consistentes em suas reavaliações e os resultados concluíram que as usinas apresentam elevado nível de segurança para o enfrentamento da ameaça representada pela possibilidade de ocorrência de desastres naturais. Na reavaliação da ameaça e dos riscos de desastres naturais, foram considerados: terremotos, deslizamento de encostas, inundação por chuvas de grande intensidade, movimentos de mar e ocorrência de tornados. Para estes estudos, os técnicos da Eletronuclear trabalharam com os mais conceituados especialistas brasileiros dos principais centros de pesquisa e universidade do país e com consultores estrangeiros diretamente envolvidos com a reavaliação de segurança de usinas nucleares no exterior. No caso de terremotos, os estudos mais detalhados ainda prosseguem, porém as avaliações desenvolvidas com base nas características do sítio da Central confirmaram que a região não está sujeita ao risco de terremotos de grande intensidade. Como parte destes estudos, foram realizadas inspeções de campo nas instalações de Angra 1 e Angra 2, que concluíram que as usinas têm capacidade de enfrentar com segurança terremotos de intensidade bem superior à dos terremotos já registrados no país. O risco da ocorrência de deslizamento das encostas no entorno da Central foi reavaliado, concluindo-se que, mesmo em cenários extremos, as instalações das usinas não seriam atingidas, assegurando a capacidade de desligamento seguro dos reatores. Mesmo assim, algumas medidas pontuais de reforço das obras de contenção e de ampliação da monitoração das encostas foram definidas e a sua implementação já está sendo providenciada. Os riscos associados à inundação da Central como decorrência de chuvas de grande intensidade foram reavaliados, considerando dados atualizados de precipitação na região e modernos métodos de cálculo, concluindo-se que as barreiras à inundação dos prédios de segurança são adequadas, mesmo considerando chuvas de intensidade muito superior às máximas já verificadas não só na região, mas como em todo o Estado do Rio de Janeiro. Encontram-se em fase de conclusão os estudos de reavaliação da ameaça da Central ser atingida por ondas de maior magnitude decorrentes de eventos naturais. Estes estudos consideraram a ocorrência de ondas oceânicas de grande magnitude na entrada da Baía da Ilha Grande ou a ocorrência de um furacão no interior da Baía que, no estágio atual, apontam para impactos não significativos para a Central, podendo levar apenas a medidas de reforço do molhe de proteção, a serem definidas ao longo do ano em curso. Estão em fase final de definição as medidas de proteção contra a ocorrência de tornados, que são medidas pontuais aplicadas a equipamentos específicos localizados nas áreas externas das usinas. As melhorias em estruturas, sistemas e equipamentos para aumento das margens de segurança contra a ocorrência de desastres naturais, definidas no âmbito do “stress test”, já se encontram em fase de implantação. Uma parte importante destas melhorias é a previsão da utilização de equipamentos móveis, como bombas, compressores portáteis e geradores diesel móveis, para garantir o resfriamento dos reatores no caso dos equipamentos de segurança da Central serem atingidos pelas consequências de um desastre natural. Estes equipamentos já estão disponíveis na Central. As modificações de projeto para permitir a conexão rápida dos mesmos, em caso de emergência, já estão sendo implementadas. Outros projetos estão acrescentando às usinas novos sistemas equipamentos de segurança, como a instalação de recombinadores catalíticos de hidrogênio em Angra 1 e em Angra 2, já contratada, que protegem a contenção do reator em caso de acidentes severos, assegurando o confinamento dos materiais radioativos no interior do prédio do reator. Dentre estas medidas, inclui-se ainda a construção de um novo reservatório de água para situações de emergência, em fase de projeto, capaz de garantir a disponibilidade de água para o resfriamento do reator mesmo em caso da Central ser atingida por um desastre natural que impacte os demais reservatórios existentes. Na área de melhoria de infraestrutura para o enfrentamento de emergências, a Eletronuclear tem apoiado a implementação de novas alternativas de movimentação de pessoal e equipamentos do Plano de Emergência, com a instalação de trilhas para movimentação por terra em trechos da estrada que possam ser atingidos por deslizamento de encostas, e ampliação de atracadouros no entorno da Central para movimentação por mar. Já foi concluída a avaliação das melhorias a serem introduzidas nos Centros de Emergência que entrarão agora em fase de projeto. Os trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pela Eletronuclear na aplicação das lições aprendidas com o acidente na usina de Fukushima têm sido objeto de avaliação nos programas de inspeção promovidos por organismos internacionais, como a Agência Internacional de Energia Atômica - AIEA - e Associação Mundial de Operadores Nucleares – WANO, que têm referendado a adequação do Plano e das medidas que estão sendo implementadas. 12. PANORAMA DA ENERGIA NUCLEAR NO MUNDO Quais são as projeções da AIEA quanto ao crescimento da energia nuclear? As projeções da AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica – quanto ao futuro da energia nuclear são diferentes por cenário variando de 375 GW (e) de hoje a 400 GW (e) em 2030, no caso de menor crescimento, e de até 720 GW para um alto crescimento, ou seja, cerca do dobro da capacidade instalada atual. Em ambos os casos houve um decréscimo em relação às projeções anteriores. É inadmissível que em pleno século 21 ainda tenhamos 20% da população mundial, cerca de 1,4 bilhão de pessoas, vivendo sem acesso à eletricidade. Outro bilhão vive com suprimento de baixa qualidade e/ou sem garantia de fornecimento. Quase metade da população mundial (2,7 bilhões de pessoas) ainda depende de biomassa (carvão vegetal) para cozinhar ou se aquecer. O programa da ONU de fornecer eletricidade de qualidade a todas as pessoas até 2030 (o chamado Energy for All) é indispensável para o atingimento da meta do milênio da própria organização de erradicar a extrema pobreza, o que não será factível sem que essa questão esteja solucionada. Energia é a chave para o planeta e para o modo de vida da Humanidade. Ela garante os empregos, a segurança, a produção de comida, o transporte e tudo mais. Sem ela as economias, os países, os ecossistemas etc. não funcionam. A energia nuclear é a tecnologia de baixa emissão de carbono mais madura existente, sendo capaz de gerar grandes quantidades de energia para suprir as necessidades da sociedade em qualidade, quantidade e confiabilidade necessárias. Atualmente cerca de 65 países visam a ter fontes energéticas nucleares, e as potências em expansão querem multiplicar o número de usinas em seu território. Muitos governos consideram a ampliação internacional da energia nuclear uma opção à mudança climática e uma alternativa às oscilações do preço dos produtos energéticos, além de ser uma proteção à incerteza sobre os combustíveis fósseis, mas a iminente expansão da energia nuclear em todo o mundo requer que os governos atuem com responsabilidade nessa empreitada. A independência energética é fator de segurança e riqueza para os países, e a energia nuclear, por ser uma fonte de grande porte, operando na de base dos sistemas, produzida localmente, livre de emissões do efeito estufa, é candidata a atender a essas condições. A disponibilidade e a acessibilidade da energia, em especial a elétrica, tornaram-se indispensáveis para as condições de trabalho da sociedade moderna. A segurança de suprimento é preocupação de todos os governos porque ela provê os serviços essenciais para a produção, a comunicação e o comércio. A segurança energética está intrinsecamente ligada às preferências geopolíticas, às estratégias tecnológicas escolhidas e às orientações das políticas sociais definidas pelos diversos países. A combinação das condições de fronteiras, da vizinhança, da localização continental e dos recursos internos leva a grande diversidade de entendimento do conceito de segurança energética e também da sustentabilidade. A implementação de um projeto nuclear sempre levanta questões sobre os riscos associados tais como a liberação de radiação em condições de rotina e/ou em caso de acidente; a deposição dos resíduos e a questão da proliferação de armas nucleares. Essas preocupações necessitam tratamento adequado, e a sociedade como um todo precisa ser informada em linguagem clara e simples para que decisões não sejam tomadas em desarmonia com a sua vontade, ou sob efeito da emoção. Evitar conflitos só é possível quando a comunicação chega a todos adequadamente. Relatório da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) confirma a crescente tendência de multinacionais de se apoiarem em cerca de 3.200 acordos internacionais de investimentos existentes. As empresas nucleares dos Estados Unidos e da Europa estão sendo incluídas nos indicadores de sustentabilidade de Bolsas de Valores como a de Nova York (Dow Jones Sustainability World Index - DJSI World). Esse indicador é um altíssimo padrão internacional e qualquer empresa com ações em Bolsa quer fazer parte dele devido a sua credibilidade e isenção. Por quanto tempo as reservas de urânio conhecidas poderão abastecer as usinas nucleares? Que países possuem as maiores reservas? As fontes de urânio já identificadas são suficientes para suprir de 60 a 100 anos de operação das usinas existentes no mundo e ainda os cenários de maior expansão previstos até 2035 pela AIEA. A produção mundial tem aumentado, com o Cazaquistão sendo um dos maiores produtores. As reservas conhecidas estão atualmente em mais de 5 milhões de toneladas. Dados de Agosto de 2012- WNA País toneladas U % 1,661,000 31% Kazakhstan 629 12% Russia Canada Niger South Africa Brazil Namibia USA China Ukraine Uzbekistan Mongolia Jordan other 487,2 468,7 421 279,1 276,7 261 207,4 166,1 119,6 96,2 55,7 33,8 164 9% 9% 8% 5% 5% 5% 4% 3% 2% 2% 1% 1% 3% Austrália World total 5,327,200 Qual a participação da energia nuclear no mercado mundial? De acordo com o relatório Energy, Electricity and Nuclear Power estimates for the Period up to 2050, publicado pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) em agosto de 2013, os reatores nucleares foram responsáveis por 12,3% da produção de energia elétrica no mundo. Isso coloca a energia nuclear como a quarta maior fonte, atrás do carvão, dos combustíveis líquidos e do gás natural. Qual é a capacidade instalada mundial por fonte nuclear? 375,504 GW(e) (Fonte: AIEA – novembro de 2014) Como estão distribuídos, no mundo, os reatores nucleares? Conforme dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em novembro de 2014, existiam em operação 438 reatores comerciais em 31 países, nos quais vivem ⅔ da população mundial. Entre os maiores parques geradores, destacam-se os Estados Unidos, com 100 unidades, a França, com 58 reatores, e o Japão, com 48. Numero de Reatores Operacionais Junho 2014 Numero de Reatores em Construção Junho 2014 ARGENTINA 3 1 ARMENIA 1 0 BELARUS BELGIUM 0 7 2 0 BRAZIL 2 1 BULGARIA 2 0 CANADA 19 0 CHINA 23 26 CZECH REPUBLIC 6 0 FINLAND 4 1 FRANCE 58 1 GERMANY 9 0 HUNGARY 4 0 INDIA 21 6 IRAN, ISLAMIC REPUBLIC OF 1 0 ITALIA JAPAN 0 0 48 2 KOREA, REPUBLIC OF 23 5 MEXICO 2 0 NETHERLANDS 1 0 PAKISTAN 3 2 País ROMANIA 2 0 RUSSIA 33 10 SLOVAKIA 4 2 SLOVENIA 1 0 SOUTH AFRICA 2 0 SPAIN 8 0 SWEDEN 10 0 SWITZERLAND 5 0 TAIWAN, CHINA 6 2 UKRAINE UNITED ARAB EMIRATES UNITED KINGDOM 15 0 2 16 0 UNITED STATES OF AMERICA Total 100 5 438 71 3 Como estão distribuídos, no mundo, os reatores do tipo PWR utilizados nas Usinas Angra 1 e Angra 2? Segundo dados da AIEA (Junho 2014), existem atualmente 274 reatores em operação do tipo PWR com capacidade líquida total de 254.110 MW, o que corresponde a cerca de 63% da capacidade instalada mundial por fonte nuclear. OPERATIONAL REACTORS Numbers of reactors FBR LW GR GCR PHW R BW R PW R 0 50 100 150 200 250 300 Quantos reatores nucleares estão em construção no mundo? Atualmente estão em construção 71 reatores (capacidade total de 68.136 MW), em 15 países (ou 16, caso considere-se Taiwan em separado da China). Dos reatores em construção, quantos são do tipo PWR? Do total de 71 reatores em construção, 60 (84,50%) são do tipo PWR. Fonte AIEA novembro de 2014 Numbers of reactors HTGR FBR BWR PHWR PWR 0 10 20 30 40 50 60 70 Tipo do reator Número de reatores Nome descritivo do Reator PWR Pressurized Light-Water-Moderated and Cooled Reactor PHWR Capacidad e elétrica total [MW] 60 57915 Pressurized Heavy-Water-Moderated and Cooled Reactor 4 4088 HTGR High-Temperature Gas-Cooled Reactor 1 681 FBR Fast Breeder Reactor 2 2044 BWR Boiling Light-Water-Cooled and Moderated Reactor 4 3406 71 68136 Total Quais os países que mais dependem da energia nuclear dentro de sua matriz energética? Fonte AIEA Junho 2014 Participação Nuclear de Geração de Eletricidade in 2013 País FRANCE BELGIUM SLOVAKIA HUNGARY UKRAINE SWEDEN SWITZERLAND CZECH REPUBLIC SLOVENIA FINLAND BULGARIA ARMENIA KOREA, REPUBLIC OF ROMANIA SPAIN UNITED STATES OF AMERICA TAIWAN, CHINA UNITED KINGDOM RUSSIA CANADA GERMANY SOUTH AFRICA Numero de Reatores Capacidade Total líquida [MW] - 2013 Capacidade Total suprida [GW.h] - 2013 Participação Nuclear 2013 [%] 58 7 4 4 15 10 5 63130 5927 1.815 1.889 13.107 9.474 3.308 405.898,51 40.631,96 14.623,63 14.537,51 78.166,16 63.723,40 24.991,83 73,3 52,1 51,7 50,7 43,6 42,7 36,4 6 3884 29.005,37 35,9 1 4 2 1 688 2752 1906 375 5.036,47 22.673,00 13.316,11 2.167,63 33,6 33,3 30,7 29,2 23 20.721 132.465,24 27,6 2 8 1.300 7.567 10.695,75 54.313,20 19,8 19,7 100 99.081 790.186,82 19,4 6 5032 39.820,26 19,1 16 9.243 64.132,52 18,3 33 19 9 2 23.643 13500 12.068 1.860 161.718,08 94.290,49 92.141,57 13.640,61 17,5 16 15,4 5,7 MEXICO ARGENTINA PAKISTAN INDIA BRAZIL NETHERLANDS CHINA JAPAN IRAN, ISLAMIC REPUBLIC OF 2 2 3 21 2 1 20 48 1.330 935 690 5.308 1884 482 15977 42.388 11.377,14 5.735,22 4.370,93 30.008,52 13.780,06 2.736,93 104.837,88 13.947,00 4,6 4,4 4,4 3,5 2,8 2,8 2,1 1,7 1 915 3.893,67 1,5 Participação Nuclear de Geração de Eletricidade in 2013 Quais os países que mais contribuem com energia nuclear na matriz energética mundial? E o Brasil, com quanto contribui? País Capacidade Total suprida [GW.h] - 2013 Contribuição [%] 2013 UNITED STATES OF AMERICA 790.186,82 FRANCE 405.898,51 17,21 RUSSIA 161.718,08 6,86 KOREA, REPUBLIC OF 132.465,24 5,62 CHINA 104.837,88 4,44 33,50 CANADA 94.290,49 4,00 GERMANY 92.141,57 3,91 UKRAINE 78.166,16 3,31 UNITED KINGDOM 64.132,52 2,72 SWEDEN 63.723,40 2,70 SPAIN 54.313,20 2,30 BELGIUM 40.631,96 1,72 TAIWAN, CHINA 39.820,26 1,69 INDIA 30.008,52 1,27 CZECH REPUBLIC 29.005,37 SWITZERLAND 24.991,83 1,23 1,06 FINLAND 22.673,00 0,96 SLOVAKIA 14.623,63 0,62 HUNGARY 14.537,51 0,62 JAPAN 13.947,00 0,59 BRAZIL 13.780,06 0,58 SOUTH AFRICA 13.640,61 0,58 BULGARIA 13.316,11 0,56 MEXICO 11.377,14 0,48 ROMANIA 10.695,75 0,45 ARGENTINA 5.735,22 0,24 SLOVENIA 5.036,47 0,21 PAKISTAN 4.370,93 0,19 IRAN, ISLAMIC REPUBLIC OF NETHERLANDS 3.893,67 2.736,93 0,17 0,12 ARMENIA 2.167,63 0,09 Em 2013, os Estados Unidos foram o país que mais gerou energia por fonte nuclear, sendo responsável por 33,5% da produção total desse tipo de energia no mundo. Também se destacaram: França (17,21%), Rússia (6,86%), Coreia do Sul (5,62%), China + Taiwan (6,09%), Canadá (4%), Alemanha (3,91%), e Ucrânia (3,31%). O Brasil foi responsável por 0,58% da geração de energia por fonte nuclear no mundo. Os países com menor geração representaram, juntos, 21,16%. As 100 usinas nucleares americanas que estavam em operação em 2013 produziram um total de 790.186 GWh. A França atingiu 405.898 GWh, enquanto no Japão a produção foi de 13.947 GWh. A queda de produção no Japão deveu-se ao desligamento para testes de quase todo o seu parque gerador. A Alemanha produziu 92.141,57GWh. Qual a situação atual da energia nuclear em alguns países? Distribuição dos Reatores em operação no Mundo - AIEA 2014 A - Américas Estados Unidos País Estados Unidos capacidade |Usinas Capacidade Usinas em em em atual (MW) Construção Construção Operação (MW) 100 99.081 5 5.633 Energia Gerada 2013 (TWH) % do total Gerado em 2013 790,186 19,4 Os Estados Unidos são o proprietário do maior parque nuclear do mundo, com 100 usinas em operação (65 PWRs e 35 BWRs), que correspondem a uma capacidade instalada de 100 GW e que produziram, em 2013, cerca de 790 TWh(e). Esse valor correspondeu a mais de 33,5% de toda a energia nuclear no mundo e a 19,4% da energia líquida do país. Esse valor é, ainda, cerca de 70% da energia elétrica gerada sem a produção de gases de efeito estufa. A capacidade instalada bruta se reduziu em 2013 (junho) para 99.081 MW, devido ao fechamento de 4 centrais (Kewaunee em Wisconsin; Crystal River-3 na Florida e San Onofre 2 e 3 na Southern California) devido às condições econômicas das usinas (não seria econômico remodelá-las) e da região onde estão instaladas (o consumo não cresceu como esperado). A retomada da construção da usina Watts Bar-2 no Tennessee (PWR 1.160 MW) hoje emprega 3.300 trabalhadores da TVA Co. (Tennessee Valley Authority Company). O projeto experimentou aumento de custos e atrasos de cronograma, mas a entrega do combustível nuclear de fornecimento Westinghouse já foi autorizada pelo NRC e o início de operação está previsto para 2015. Houve nos últimos anos um grande aumento de capacidade instalada nos EUA devido à ampliação da capacidade das usinas que chegou, em 2013, a mais de 6.500 MW, ainda que nenhuma nova unidade tivesse sido construída. Isso representa mais de 4 vezes a futura Angra 3 (1.405 MW) em construção no Brasil. Nesse processo, algumas usinas chegaram a aumentar sua potência em várias ocasiões diferentes, já tendo sido analisadas 143 solicitações. Ainda estão pendentes de análise outras 17 solicitações (1.247 MW) e outras 15 poderão acrescentar 1.160 MW ao sistema até 2016, conforme informou o NRC (Nuclear Regulatory Conmission). Cita-se também o programa para a escolha de novos sítios para a localização de usinas nucleares nos Estados Unidos (Nuclear Power 2010). Nesse contexto, existem 30 usinas novas em processo de licenciamento com suas COL (Construction and Operation License) em avaliação pelo órgão licenciador – o NRC. Outro fato relevante a ser citado é o aumento da vida útil das usinas, que está sendo estendida para 60 anos. Neste caso, já são 73 unidades com vida útil ampliada, equivalente a 66.735 MW funcionando por mais vinte anos, sem os custos de capital para a construção. Existem, ainda, 18 usinas em processo de ampliação de vida no NRC – Nuclear Regulatory Commission, e outras 9 que já iniciaram o processo, mas não ainda não concluíram o envio de toda a documentação necessária. Sob este ponto de vista, nos últimos 10 anos os americanos acrescentaram uma capacidade equivalente a mais de 30 novos reatores grandes operando por 40 anos. http://www.nrc.gov/reactors/operating/list-power-reactor-units.html Em 18 de agosto de 2011, a diretoria da TVA aprovou a retomada da construção da unidade 1 (1260 MW - PWR) da Central Bellefonte no estado do Alabama. A construção dos reatores Bellefonte foi suspensa nos anos 1980, quando a unidade 1 estava a 90% completo e unidade 2 em 58% completo. Atualmente não há um cronograma válido para colocar as usinas em operação. Localização e idade aproximada das usinas nucleares americanas em operação (Fonte US NRC) Outra preocupação americana é com o combustível para o seu parque. Nesse sentido, o NRC autorizou a operação, desde junho 2010, das novas cascatas na fábrica da Urenco no Novo México. Esse é o primeiro enriquecimento americano pelo processo de centrifugação a gás. Está previsto também o uso de combustível óxido misto de urânio e plutônio, retirado de ogivas nucleares desativadas (existem cerca de sete toneladas de plutônio disponíveis para tal fim), e testes estão em andamento na usina Browns Ferry, que recebeu subsídio do Departamento de Energia americano (DoE) para usar esse material em suas usinas de potência. Em 2012, 84% do urânio estrangeiro fornecido veio do Canadá, Rússia, Austrália, Cazaquistão e Namíbia. O resto veio do Uzbequistão, Níger, África do Sul, Brasil, China, Malawi, e na Ucrânia, afirmou a EIA (Eletronic Industries Alliance). Também de 2012, um total de 52 milhões de quilos de hexafluoreto de urânio (UF6) foi entregue aos enriquecedores na China, França, Alemanha, Holanda, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Enriquecedores nos Estados Unidos receberam 62% das remessas, e os 38% restantes foram para enriquecedores de outros países O governo americano tem um plano de aumento da participação nuclear até 2020. O plano prevê garantias de empréstimos no valor de US$ 50 bilhões, que se seguem ao compromisso assumido pelo presidente Obama, que pediu ao Congresso que aprove uma ampla lei sobre geração de energia e mudança climática (com as emissões de gases causadores do efeito estufa caindo 28% até 2020), com incentivos para que a energia limpa se torne lucrativa. Resíduos Nucleares Os Estados Unidos têm previsão de um repositório definitivo de grande porte para a deposição de rejeitos radioativos de alta atividade que atenderiam, além da guarda do combustível usado nas usinas de geração de energia elétrica, todo o combustível usado pelos reatores dos submarinos, porta aviões, e de qualquer outra instalação civil ou militar com reatores nucleares. Esse repositório seria em Yucca Mountain, Nevada. Em 2010, o NRC decidiu abandonar o projeto (após gastos mais de 9 bilhões de dólares). O NRC já definiu que tais resíduos podem ser armazenados com segurança no próprio sitio das centrais por pelo menos mais 60 anos após o término da vida útil da usina. Em agosto de 2013, a Corte de Apelações do Distrito de Columbia ordenou que o NRC retomasse a revisão do pedido de licença para construir e operar o depósito de resíduos nucleares no sítio de Yucca Mountain, conforme solicitação do DoE. Com isto continua pendente a decisão de como e quando o país resolverá a questão dos seus resíduos nucleares. A política governamental americana pode estar se encaminhando para o reprocessamento do material irradiado. O acidente de Fukushima parece não ter afetado muito os ânimos nos EUA, indo apenas até as revisões de segurança que todos os países estão realizando. Pesquisas de opinião entre os residentes próximos a centrais continuam muito favoráveis (80% a favor das centrais nucleares). Na população em geral, 67% dos americanos dizem que a segurança das usinas nucleares do país é alta. O presidente do Nuclear Energy Institute, Marvin Fertel, divulgou estudos nos quais não há perspectiva de aumento maior de custos para novas usinas nos Estados Unidos em razão de Fukushima, uma vez que condicionantes derivadas do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 já haviam trazido modificações de segurança para essa indústria, que teve de instalar barreiras e modificações físicas variadas. Canadá A capacidade instalada nuclear total do país até 2013 foi de 13.500 MW. As demais fontes são hidráulica, térmica, nuclear, além de outras como eólica, biomassa, biogás e solar. O Canadá tem 19 usinas nucleares em operação (17 delas em Ontário) que produziram 96,97TWh ou 16% da energia elétrica do país em 2013. Todos os reatores são do tipo PHWR - Pressurized Heavy Water Reactor (CANDU). Em setembro de 2012, seguindo processo de reforma e reconexão da central Bruce (4 unidades PHWR), foi religada a usina Bruce 2 (772 MW), que estava fechada desde 1995. As unidades 3 e 4 (730 MW cada) foram religadas em 2004 e 2003, respectivamente, e a unidade 1 (772 MW) retornou em 2012. A usina Point Lepreau também estava sendo reformada e em outubro foi reconectada à rede. O plano de energia de longa duração publicado em novembro de 2010 prevê pelo menos duas novas nucleares (capacidade total de 2.000 MW) na região de Ontário (em Darlington, onde já existem outras 4 usinas) e a reforma de outras 10 até 2020. Em 2013 a empresa Alstom foi selecionada para a reforma dos 4 geradores de vapor das turbinas da central de Darlington (4x900 MW), em Ontario que pertencem à Ontario Power Generation (OPG). Esses serviços são de longa duração e o custo aproximado será de 265 milhões de euros (340 milhões de dólares). As atividades compreenderão reforma de turbinas, geradores, e equipamentos auxiliares associados. O cronograma prevê que os trabalhos comecem na parada de manutenção no outono de 2016, e a conclusão das atividades é esperada para 2024. Este é um dos maiores projetos de infraestrutura do Canada e facilitará o aumento da vida útil da central. A Atomic Energy of Canada Limited (AECL) desenvolveu um reator Candu Avançado (geração 3), cujo projeto utiliza urânio enriquecido ou tório, mas para o qual ainda não há unidades construídas. O país possui projeto próprio de reatores (Candu) parcialmente suportado pelo governo que, em maio de 2010, decidiu se afastar do negócio, após ter aportado quase dois bilhões de dólares desde 2006 na empresa AECL, no desenvolvimento da nova geração Candu. Essa decisão se deve à dimensão da divisão de reatores da AECL, que não é grande o suficiente para concorrer no mercado com gigantes do porte da Areva ou da Toshiba e da General Electric. Especialistas garantiam que, sem a participação do governo canadense, seria difícil a sobrevivência da tecnologia Candu, mas, em junho de 2011, o SNC Lavalin Group assinou acordo de compra da participação do governo na divisão de reatores da AECL. De vital importância no Canadá e no mundo é o National Research Universal Reactor - NRU, reator operado pela Atomic Energy of Canada Ltd - AECL, que produzia a metade dos isótopos médicos no mundo. Esse reator enfrentou problemas de manutenção, tendo sido fechado em 14 de maio de 2009, devido a falhas elétricas e vazamento de água pesada. Foram necessários 15 meses de correções e manutenção. Em 17 de agosto de 2010, após os reparos, o órgão regulador autorizou o retorno ao serviço do reator e o reinício da produção de radioisótopos em nível mundial. Em outubro de 2011, esse reator, que produz também materiais de pesquisa nuclear usando nêutrons, recebeu autorização para continuar sua produção de radioisótopos até 2016. Este é o mais antigo do mundo e se encontra em operação desde 1953. Resíduos Nucleares O Canadá prevê depósito geológico profundo – Deep Geologic Repository (DGR), para resíduos nucleares de baixa e média radioatividades. Os trabalhos de preparação do sítio, construção e operação estão propostos para a região de Tiverton, próximo ao sítio da Central Bruce. Esse depósito deverá atender a todas as usinas das centrais de Bruce, Pickering e Darlington. Em 2007, após estudar as opções, o governo canadense decidiu que todo o seu combustível irradiado seria selado em contêineres seguros e guardado em depósitos subterrâneos rochosos para uso no futuro. Essas instalações serão um megaprojeto com previsão de gastos da ordem de 20 bilhões de dólares, numa área de 10 hectares na superfície e galerias a 500 metros de profundidade. Oito comunidades expressaram interesse, sendo três nas regiões de Saskatchewan (Pinehouse, Patuanak e Creighton) e cinco em Ontário. Essas comunidades estão no período de aprendizado sobre resíduo nuclear, o que poderá ser um legado para as futuras gerações com as novas tecnologias nucleares para recuperar e reciclar combustível que se espera desenvolver nos próximos 100 anos. O órgão regulador do Canadá – Canadian Nuclear Safety Commission (CNSC) – criou um plano de ação para todos os operadores de quaisquer instalações nucleares do país para que revisem suas posturas e critérios de segurança, à luz dos eventos de Fukushima, com ênfase em defesa em profundidade e mecanismos de prevenção e mitigação de consequências de eventos adversos e severos em geral. No plano, os riscos externos, tais como eventos sísmicos, enchentes, incêndios, furacões, etc., devem ser considerados e planos de emergência, atualizados. Após o desastre de março de 2011 em Fukushima, a empresa CAMECO CORP, fabricante de combustível nuclear, diminuiu sua previsão de demanda para este ano, visto que 17% de suas vendas se destinam ao Japão. Apesar disso, a longo prazo, o país não espera queda maior nas vendas. As exportações que já estavam contratadas pelo Japão serão direcionadas a outros países. Em agosto de 2011 um estudo independente do governo canadense concluiu que a construção de até 4 novos reatores no sítio da central de Darlington não causaria impacto ambiental adverso na região. A decisão do governo sobre a central é aguardada. México País México Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) 2 1640 0 0 % do total Gerado em 2013 11,38 4,6 O México possui uma central nuclear com duas usinas em operação (Laguna Verde 1 e 2, do tipo BWR, 820 MW cada) localizadas em Vera Cruz. A produção de eletricidade, em 2013, foi de 11,38 TWh ou 4,6% da energia elétrica do país. O proprietário e operador da central é a empresa estatal Comision Federal de Electricidad (CFE), que tem o domínio (cerca de ⅔) da capacidade instalada no sistema elétrico mexicano, inclusive a transmissão e parte da distribuição. Em 2010 terminaram os trabalhos de aumento de potência em 20% (aumento de 130 MW em cada usina). O país tem planos de construir mais usinas nos próximos anos, sendo que a primeira deverá estar na rede em 2021. As usinas (estão previstas dez) deverão ter entre 1.300 MW e 1.600 MW, com tecnologia a decidir. O país tem ainda reatores de pesquisa e assinou acordos de cooperação com o Canadá na área de pesquisa e desenvolvimento. Todo o combustível nuclear no México é propriedade do governo, que também é responsável pela gestão dos resíduos. No caso da central Laguna Verde eles estão guardados no próprio sítio das usinas. O secretário mexicano de Energia, José Antonio Meade; o governador do estado de Veracruz (onde se localizam Laguna Verde 1 e 2), Javier Duarte; e os representantes da Comisión Federal de Electricidad, juntos com os técnicos da Comisión Nacional de Seguridad Nuclear y Salvaguardas (CNSNS), realizaram uma inspeção geral nas duas usinas mexicanas. Em relatório garantiram que as condições de operação da central não inspiram maiores cuidados e que a energia nuclear no México tem futuro, mesmo não se pretendendo construir nova central imediatamente. Segundo o secretário, a tecnologia nuclear funciona muito bem no México, mesmo com o histórico de terremotos do país, que, ele argumenta, tem soluções técnicas viáveis, lembrando ser mais difícil lidar com as questões sob a perspectiva política do tema. O Congresso mexicano apoia a tecnologia em níveis variados, dependendo do partido político. Argentina A Argentina possui 3 usinas nucleares em operação (Atucha 1- PHWR, 335 MW, Atucha 2 - PHWR, 692 MW e Embalse PHWR, 600 MW. Está em construção o reator CAREM25 (PWR25MW). O PHWR Embalse é de fornecimento do Canadá (reator Candu) e os Atucha 1 e Atucha 2 são de fornecimento da Alemanha (KWU/Siemens e sucessoras). As obras de Atucha 2 começaram em 1981, foram paralisadas e retomadas em 2006. A construção terminou em setembro de 2011 e a usina ficou em fase de testes pré-operacionais até o segundo trimestre de 2014. O reator CAREM25 - Central Argentina de Elementos Modulares – é um protótipo de reator de design argentino proposto pela empresa de tecnologia INVAP, e poderá ser usado como gerador de eletricidade (25 MWe), reator de pesquisa com até 100MWt ou dessalinizador com potência até 8 MWe em cogeração. O país possui, ainda, cinco reatores de pesquisa (RA0; RA1; RA3; RA4; RA6) destinados a aplicações, treinamento de mão de obra, irradiação de materiais e produção de radioisótopos. A Argentina tem ainda o projeto do RA-10 (30MW), que irá repor o RA3 (de 1967), além de produzir radioisótopos, com previsão de operação em 2018. A produção de eletricidade de fonte nuclear na Argentina vem caindo nos últimos anos em consequência do fraco desempenho da mais antiga das usinas do país, Atucha 1, cujo futuro é incerto quanto à ampliação de vida útil . O governo da Argentina assinou em agosto de 2011 contrato com o Canadá (SNSLavalin – Candu Energy) para as atividades de ampliação de vida em mais 30 anos da usina Embalse, que começou a operação comercial em janeiro de 1984. São 7 contratos no valor de 444 milhões de dólares (US$ 240 milhões financiados pela Corporação Andina de Fomento – CAF) que compreendem transferência da tecnologia canadense e desenvolvimento da indústria local para fabricação de componentes nucleares. O custo total do projeto é de US$ 1.366 milhões (sendo que a diferença será gasta com contratações no mercado argentino. Pretende-se ainda aumentar a capacidade de geração da usina. Nessa linha, em agosto de 2010, foi contratado junto à empresa canadense L-3 Mapps) um simulador de escopo total para Embalse, já objetivando o aumento de vida útil. Os operadores de Embalse são treinados no simulador da Hidro-Quebec na Central Nuclear de Gentille-2, no Canadá. E os de Atucha 1 recebem treinamento no simulador da Eletronuclear em Mambucaba – Paraty. Além disso, o país, antes de começar uma concorrência internacional, está em conversações com vários fornecedores (Canadá, França, Rússia, Japão e EUA) para a definição da tecnologia e/ou dos prazos de mais dois reatores de geração elétrica, sendo um deles provavelmente no sítio de Atucha. Há também a previsão de construção de submarino de propulsão nuclear, conforme informou a ministra da Defesa, Nilda Garré, em junho de 2010, usando essa mesma tecnologia que poderia operar já em 2015 (5 anos antes do projeto brasileiro). A política de diversificação energética empreendida pelo país reduziu fortemente a dependência de petróleo que existia nos anos 1970, caindo de 93% para 42% em 1994 e estando atualmente em torno de 52%. O acidente japonês e suas consequências estão sendo cuidadosamente analisados e comparados aos projetos de centrais na Argentina como parte do processo de melhora contínua das mesmas, conforme informa a Autoridad Regulatoria Nuclear Argentina (ARN), que poderá incorporar alguma modificação que considere pertinente. Devido à sua localização, as usinas do país não estão sujeitas aos eventos do Japão, segundo a ARN. Em agosto de 2011 o governo da Argentina assinou contrato com o Canadá (SNS-Lavalin – Candu Energy) para as atividades de ampliação de vida em mais 30 anos da usina Embalse. Em maio de 2013 foi assinado o acordo entre Argentina (INVAP) e Brasil (CNEN) para o fornecimento de engenharia básica para o RMB (reator multi propósito brasileiro). O reator será similar ao OPAL instalado pelos argentinos na Austrália. Brasil País Brasil Usinas Usinas Capacidad Energia Capacida % do total em em e em Gerada de atual Gerado Operaç Constru Construçã 2013 (MW) em 2013 ão ção o (MW) (TWh) 2 1.990 1 1.405 14,640 2,78 O Brasil é o décimo consumidor mundial de energia e a sétima economia em termos de Produto Interno Bruto, sendo o segundo não pertencente à OECD (Organisation for Economic Co-operation and Development), atrás apenas da China. O Brasil tem duas usinas nucleares em operação (Angra 1 – PWR, 640 MW e Angra 2 PWR, 1.350 MW) cuja produção de eletricidade, em 2014, foi de 15,433 TWh ou 2,87% da energia elétrica do país, e uma usina em construção (Angra 3 PWR, 1.405 MW) com obras iniciadas em 2010, após ampla negociação com a Prefeitura de Angra dos Reis com respeito à licença de uso do solo e às compensações ambientais e sociais, cujo montante de investimentos chega a 317 milhões de reais. A conclusão esta prevista para 2018. O Brasil é eminentemente abastecido por energia hidrelétrica (72,97% advinda dessa fonte em 2014). Espera-se um forte crescimento econômico até 2030, da mesma forma, grande aumento do consumo de energia elétrica. Os planos de expansão da matriz elétrica brasileira (conforme dados da Empresa de Pesquisa Energética - EPE) preveem, além da construção de usinas com outras fontes de combustível, a construção de 4 a 8 usinas nucleares num horizonte até 2030, localizadas no nordeste e no sudeste do país. Definições de sítios, tipos de reator e outras questões estão em estudo no país através da Eletrobras Eletronuclear e da EPE. Em termos de combustível no Brasil, as estimativas das reservas de Santa Quitéria (Ceará) chegam a 142,5 mil toneladas de urânio. O país tem ainda em produção a mina de Caetité (Bahia) que está ampliando a produção. Prospectar o território é o desafio que ainda precisa ser vencido, mas as expectativas são promissoras. O Brasil tem ainda quatro reatores de pesquisa, dois em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro. O maior deles é usado para produzir radioisótopos, que são usados na indústria e na medicina. Dentre as diversas aplicações médicas desses elementos, destacam-se os marcadores em exames diagnósticos e os para tratamento de tumores. O Brasil não é autossuficiente em radiofármacos, importando parte do que necessita principalmente o molibdênio-99. O fornecimento hoje é incerto, com apenas três produtores principais: Canadá, Holanda e África do Sul. A Argentina também pode ser fornecedor do material para o Brasil, podendo chegar a 30% do necessário. O Reator Multipropósito Brasileiro-RMB, cujo projeto se encontra em fase de concepção e que ficará localizado em Iperó, ao lado do Centro Experimental Aramar, conforme a CNEN, será uma solução para este problema. O Brasil e a Argentina em 2011 resolveram ampliar seu acordo de cooperação nuclear, assinado em 2008, para a construção de dois reatores de pesquisa. Esses reatores serão tipo multipropósito e serão usados para a produção de radioisótopos, testes de irradiação de combustíveis e materiais e pesquisas de nêutrons. Em julho 2012 foi iniciado o projeto básico de engenharia do Submarino com Propulsão Nuclear Brasileiro – SN BR. Este projeto básico deve levar três anos após o qual se inicia a fase do projeto detalhado, simultaneamente com a construção do submarino, em 2016, no estaleiro da Marinha que está sendo construído em Itaguaí (RJ). O contrato chega a 21 bilhões de reais. A conclusão da construção do primeiro SNBR está previsto para 2020. O governo brasileiro aprovou em agosto de 2012 a criação da empresa estatal Amazônia Azul – AMAZUL destinada a promover, desenvolver, absorver, transferir e manter as tecnologias necessárias ao programa nuclear e as atividades relacionadas aos trabalhos da Marinha quanto a propulsão do submarino nuclear. A AMAZUL também deverá ajudar a criar novas empresas para o setor nuclear oferecendo assistência técnica se necessária. Com relação ao acidente de Fukushima, o governo brasileiro agiu de forma cautelosa frente ao acidente, evitando posições precipitadas, tendo determinado que análises técnicas pertinentes fossem executadas para verificação de riscos aos quais as usinas pudessem estar submetidas em caso de acidente severo. Como todos os demais países, o Brasil está estudando os eventos e acompanhando possíveis recomendações advindas dos testes de estresse que estão em andamento em todas as centrais no mundo, principalmente na Europa, além de realizar suas próprias verificações e estudos. Com base nos conhecimentos atuais, um evento similar ao japonês não poderia ocorrer no Brasil, porque o país está distante das bordas da placa tectônica que o abriga. As placas do Atlântico Sul se afastam, enquanto as do Japão se chocam, e o tipo de sismo do Atlântico Sul não provoca tsunamis. Chile O Chile importa 70% de sua energia sendo a maior parte produzida por hidrocarbonetos. O país não possui reatores nucleares de potência, mas tem dois reatores de pesquisa. O país tem desenvolvido estudos para verificar a possibilidade de construir uma usina de geração de energia e está cooperando com a AIEA em programas de autoavaliação para se preparar para as novas construções. Em fevereiro de 2011 foi assinado acordo de cooperação nuclear com a França com foco em treinamento nuclear dos cientistas e profissionais chilenos, incluindo projeto, construção e operação de centrais nucleares de potência. O acordo também inclui mineração de urânio para suprir os reatores franceses. O Ministro de Minas e Energia chileno, Laurence Golborne, atesta que o Chile dobrará sua necessidade de energia nos próximos 12 anos. O país vem tentando equilibrar suas fontes de energia que nos anos noventa era baseada em hidroeletricidade. Estas fontes precisam ser diversificadas devido, principalmente, às secas ocorridas nos últimos anos (reservatórios vazios) que gerou instabilidade de suprimento de energia elétrica. A solução do gás natural não atendeu a esta necessidade e o país está se voltando para a energia nuclear. Após o acidente de março no Japão, o Chile não mudou de opinião sobre a energia nuclear e vem demonstrando através de seu presidente - Sebastián Piñera que energia nuclear e terremotos não são excludentes. Esta posição do governo se deve a preocupação forte com a escassez de energia no país e a experiência acumulada com a operação de 2 reatores de pesquisa (desde os anos 70) que são usados para estudos médicos. Tais reatores resistiram aos fortes terremotos que já assolaram o país. Novos estudos em energia nuclear estão em andamento. A maioria da população chilena não apoia esta posição. Venezuela A Venezuela não possui centrais nucleares, mas o campo nuclear não é completamente desconhecido pelo país. O Instituto Venezolano de Investigaciones Científicas, IVIC operou um reator de pesquisa de 3MWt de 1964 até 1994 para a produção de radioisótopos para a indústria, medicina e agricultura. Em Novembro de 2010 a Assembleia Nacional do País ratificou um acordo de cooperação com a Rússia para trabalhar um reator de pesquisa e um reator de potência. O acordo prevê o desenvolvimento de pessoal com treinamentos em segurança, proteção ambiental, regulação, proteção radiológica e de salvaguardas, mas por hora o país não demonstra outros interesses na energia nuclear. B – Europa A energia nuclear representa 30% da eletricidade suprida na União Europeia como um todo. A política nuclear difere de país para país e em alguns (ex. Áustria, Irlanda, Estônia) não há nenhuma usina de geração em operação. Em comparação, a França tem grande número de usinas em 19 sítios diferentes. A Europa não tem fontes significativas de urânio e 80% do combustível de alimentação das plantas europeias vêm da Rússia, Cazaquistão, Canadá, Austrália e Níger. A União Europeia importa 40% do combustível nuclear que consome e 95% do urânio necessário para a produção de combustível. A Europa tem 196 reatores nucleares em operação em 14 países e muitos deles estão buscando a extensão de suas vidas úteis. Existem 19 novos reatores em construção no continente. Após o acidente de Fukushima, a União Europeia (UE), por intermédio de diversas entidades, estabeleceu um plano de verificação da segurança das centrais no bloco, mantendo a segurança energética. Esses testes são compostos de três fases: na primeira, uma pré-avaliação é feita pelo operador ao responder a um questionário da UE. Na segunda parte, as respostas são avaliadas pelo órgão regulador do país e na terceira a avaliação é realizada por um comitê de especialistas internacionais. O Conselho Europeu (The European Council) adotou norma quanto à gestão de resíduos radioativos de qualquer fonte e combustível irradiado e solicitou que os Estados membros informem quais são os respectivos programas nacionais para lidar com o tema até 2015. Os países terão que decidir se vão guardar ou reprocessar seus resíduos e como o farão, quanto vai custar etc., não podendo mais aplicar a política de “esperar para ver” (wait and see) utilizada até aqui. Países poderão se unir para uma solução, mas ela terá que ser verificada e aprovada pela AIEA. Não será permitido exportar seus resíduos para países que não disponham de repositórios adequados nem para os países da África, do Pacifico, do Caribe e para a Antártica (http://ec.europa.eu). Em junho de 2011, a Foratom – Associação da Indústria Nuclear Europeia emitiu um relatório de estudo para auxiliar a estabelecer a base de uma matriz energética segura, competitiva e de baixa emissão de gases-estufa no continente nos próximos 40 anos, no qual concluiu que qualquer que seja o cenário para alcançar o objetivo de baixa emissão nesse prazo, todos precisam incluir a energia nuclear. Alemanha País Alemanha Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) 9 12.068 0 0 92,14 % do total Gerado em 2013 15,14 A Alemanha tem uma capacidade elétrica instalada total de 161.570 WW, sendo 12.068 MW de fonte nuclear nas 9 usinas autorizadas a operar (existem 17 usinas, mas apenas 9 efetivamente geram energia, visto que oito delas – Kruemmel, Brunsbuettel, Biblis A e B, Isar 1, Neckarwestheim 1, Unterweser e Phillipsburg 1 – encontram-se desligadas por motivos políticos e legais do país). Foram gerados por fonte nuclear 92,14 TWh em 2013, o que representou 15,14% da energia gerada no país. O custo para substituir a energia elétrica gerada pelas usinas nucleares alemãs em funcionamento por energia renovável será alto, necessitando de subsídios do governo da maior economia da Europa. A matriz elétrica do país era diversificada com o carvão representando aproximadamente 50%, o gás 12%, o vento 6%, e outras fontes completam o quadro, além dos mais de 25% de nuclear. A Alemanha exportava mais energia do que importava, porém esse quadro mudou após o desligamento dos 8 reatores. Além disso, o país é um dos maiores importadores de energia primária no mundo. Também não está claro como o país cumprirá seus compromissos de reduzir as emissões nacionais de CO2 ao desativar todos os seus reatores. Os alemães subsidiaram fortemente a energia solar e também fizeram uma grande aposta na energia eólica, e em ambos os casos contando com o apoio, em caso de falta de sol ou vento, de eletricidade importada de energias nucleares na França, na República Checa e na Rússia. Atualmente, para estabilizar o sistema, o operador da rede alemã planeja construir uma longa linha de transmissão desde a Suécia para importar energia de base produzida pelos reatores nucleares daquele país. Uma vez que o consumo interno é de 6.300 kWh/ano per capita (cerca de 3 vezes o brasileiro) e não diminuiu, esta se tornou uma questão de difícil solução. Não parece correto se considerar livre de energia nuclear quando, na prática, há uma terceirização das usinas. Em 2010, depois de demoradas discussões no Congresso, foi aprovada a proposta que previa que os reatores pudessem operar por mais 8 ou 12 anos, dependendo da idade da usina, em vez do término previsto para 2022 das usinas existentes. Com essa proposta, algumas usinas operariam por mais de 50 anos. Após o acidente de Fukushima, mais uma vez o governo da Alemanha mudou de opinião, revertendo a posição de extensão de operação tomada em 2010. Todas as usinas foram desligadas por 3 meses para testes de segurança. As 8 usinas mais antigas não serão religadas. As demais serão fechadas conforme cronograma abaixo. Com isso 10% da energia do país deixou de ser gerada e bilhões de dólares em investimentos se perderam. O consequente aumento das emissões de carbono (estimado em pelo menos 70 milhões de toneladas métricas) também trará conflitos com os países vizinhos na UE. Será inevitável a importação de energia de fonte fóssil e/ou mesmo nuclear, o que mina a credibilidade de tal política. Reator Tipo MWe (liq) Biblis-A PWR 1167 Neckarwestheim-1 PWR 785 Brunsbüttel BWR 771 Biblis-B PWR 1240 Isar-1 BWR 878 Unterweser PWR Phillipsburg-1 BWR BWR 1260 Kruemmel Fechamento Total (8) Operação Comercial Agenda provisória Operador fev/75 RWE dez/76 EnBW 2010 desligamento acordado desligamento Março 2011 2008 2016 & possível plano de fechamento sim 2009 2017 sim fechamento 2001 fev/77 Vattenfall 2009 2018 sim jan/77 RWE 2011 2018 sim mar/79 E.ON 2011 2019 sim 1345 set/79 E.ON 2012 2020 sim 890 mar/80 EnBW 2012 2026 sim mar/84 Vattenfall 2016 2030 sim 2014 2028 2015 2016 2030 2017 8336 jun/82 E.ON Grafenrheinfeld PWR 1275 Gundremmingen-B BWR 1284 Gundremmingen-C BWR 1288 2016 2030 2021 Grohnde PWR 1360 fev/85 E.ON 2017 2031 2021 Phillipsburg-2 PWR 1392 abr/85 EnBW 2018 2032 2019 Brokdorf PWR 1370 dez/86 E.ON 2019 2033 2021 Isar-2 PWR 1400 2020 2034 2022 abr/84 RWE jan/85 RWE abr/88 E.ON Emsland PWR 1329 jun/88 RWE 2021 2035 2022 Neckarwestheim-2 PWR 1305 abr/89 EnBW 2022 2036 2022 Total em operação (9) 12,003 Total (17) 20,339 MWe O custo da energia elétrica na Alemanha, após o fechamento das usinas antigas, já aumentou 12% e as emissões de carbono mais de 10%. Segundo estimativas do próprio Ministério de Meio Ambiente e Conservação da Alemanha, mesmo que a percentagem de energias renováveis dobrasse, seria ainda necessário investir 122 bilhões de euros no setor nos próximos 10 anos, sem contar os investimentos em linhas de transmissão, centrais a gás de “back up” das renováveis, subsídios variados para atração dos investidores etc. Segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas da Alemanha, os custos podem chegar a 200 bilhões de euros. Enquanto isso, contraditoriamente a essa política dita de segurança, a Alemanha continua mantendo uma quantidade muito significativa de armas nucleares em seu território, operadas, em sua maior parte, pela OTAN. Em 14 de janeiro de 2014 o Supremo Tribunal Administrativo alemão decidiu que o encerramento forçado de Biblis, usina nuclear da RWE, após o acidente de Fukushima era ilegal. A RWE, proprietária da usina, agora provavelmente irá processar o Estado por danos consideráveis, e a decisão pode abrir um precedente para os outros reatores de desligamento. A reação da Alemanha ao acidente de Fukushima em 2011 foi extrema e sem consulta ou referência a conselho regulador independente sobre a segurança das plantas e as ordens foram executados pelos estados alemães que abrigam os reatores. Agora, a Corte Suprema decidiu que o estado de Hesse agiu ilegalmente por fazer cumprir as decisões sobre a usina nuclear de Biblis localizadas no estado. A decisão do Supremo Tribunal Administrativo, em Leipzig é juridicamente vinculada e não pode ser objeto de mais nenhum recurso. A RWE agora pode pedir a compensação pela perda do seus ativos (as unidades Biblis). Uma estimativa sugere que, em 2020, a Alemanha produzirá um acréscimo de 300 milhões de toneladas de CO2 como resultado de seu fechamento nuclear, o que equivale a quase todas as economias que serão realizadas nos 27 Estados-membros, como resultado da diretiva de eficiência energética da União Europeia. Armênia País Armênia Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) 1 375 0 0 2,167 % do total Gerado em 2013 29,2 A Armênia é uma ex-república soviética com cerca de 3,2 milhões de habitantes. O país possui 1 usina em operação – Armênia 2 (PWR, 375MW) – e uma fechada permanentemente desde 1989. Em 2013, a única usina em operação no país produziu 2,167 TWh de energia elétrica, o que representou 29,2% da energia elétrica gerada no país. O país é particularmente dependente da Rússia quanto ao seu comércio e à distribuição de energia, cuja única empresa foi comprada pela companhia russa RAO-UES em 2005. O gás natural é basicamente importado da Rússia, mas a construção de um gasoduto para fornecer gás natural do Irã para a Armênia foi concluída em dezembro de 2008, e as entregas de gás se expandiram após abril de 2010 com a conclusão da Usina Térmica Yerevan. O país efetuará os mesmos testes que as nações da UE, mesmo não fazendo parte do Bloco. Áustria País Áustria Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) 0 700 0 0 0 % do total Gerado em 2013 0 A Áustria tem uma usina pronta que nunca operou devido à decisão da maioria da população (50,47%) em plebiscito no qual se decidiu que o país não teria energia nuclear para a produção de eletricidade. Em decorrência, a construção da Central de Zwentendorf (BWR-700 MW) foi cancelada em novembro de 1978. As empresas de projeto e construção foram dissolvidas e os contratos de fornecimento de combustível nuclear com a Export (USSR) e o US Department of Energy (DOE), cancelados, assim como o contrato de reprocessamento do combustível irradiado com a francesa Cogema. A formação acadêmica na área nuclear na Áustria é muito desenvolvida, destacando-se as atividades de gestão do conhecimento nuclear do Atominstitute (ATI), que desenvolve programas de pesquisa, treinamento e educação no seu reator Triga. O país abriga também é a a sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e das unidades de treinamento e educação nos campos de ciência e tecnologia da mesma. Bélgica A Bélgica possui duas centrais nucleares: Doel, com quatro usinas (PWR, 2.963 MW); e Tihange, com três unidades (PWR, 3.129 MW). As usinas têm entre 28 e 39 anos de atividade, e a licença de operação na Bélgica vale por 40 anos. Em julho de 2012 o governo belga ampliou a vida útil das usinas mais antigas – Doel-1 (412-MW), Doel-2(454-MW) e Tihange-1 (1.009-MW) – por mais 10 anos, até 2025. Foram gerados por fonte nuclear 40,63 TWh, em 2013, o que representou 51,1% da energia gerada no país. A Bélgica aprovou em outubro de 2009 a extensão da vida útil das três mais antigas usinas Doel-1 (412-MW), Doel-2 (454-MW) e Tihange-1 (1.009-MW) por mais 10 anos, ou seja, até 2025. A atual regra de desligamento de todos os reatores até 2025 está sendo muito questionada porque as circunstâncias mudaram muito desde a votação da lei. Os custos serão enormes, com prejuízos à segurança de suprimento, dependência de fontes internacionais, aumento de emissões, que diminuiriam a competitividade do país, conforme assinalado no relatório Belgium’s Energy Challenges Towards 2030, no qual é fortemente recomendado o retorno à geração nuclear. As operadoras GDF Suez e Electrabel, junto com os consumidores eletrointensivos (indústria química, gases, plásticos, aços e metais especiais) se uniram para tentar manter a operação das centrais pelo maior prazo possível. Pretendem, ainda, investir na construção de uma nova central, seguindo o modelo finlandês, no qual os consumidores se unem para a construção de sua fonte de energia (modelo de Olkiluoto). Na área de pesquisa, o governo aprovou, em 2010, uma resolução que autoriza o uso dos recursos do futuro reator de pesquisa Myrrha (Multi-purpose Hybrid Research Reactor for High-Tech Applications) para desenvolvimento de soluções inovativas em energia e medicina nuclear. Esse reator seria usado, por exemplo, para tratamento de resíduo nuclear por meio de transmutação; para modificação de características de semicondutores (doped silicon) essenciais para aplicações em componentes eletrônicos etc. Uma fábrica com grande capacidade ainda está muito distante, porém um projeto piloto (ao custo de 1 bilhão de euros) deverá ser comissionado até 2019 no Centro Belga de Pesquisas Nucleares-SCK, como parte do projeto Myrrha. Os testes demorarão 5 anos até o início da operação comercial, mas poderão levar a uma grande redução na quantidade e no tamanho dos depósitos permanentes para resíduos de alta atividade. O ministro de energia da Bélgica afirmou que a decisão sobre a extensão de vida das usinas do país só seria tomada após os resultados dos testes de estresse, que estão sendo executados em todas as usinas nucleares da Europa. O resultado dos testes aplicados foi satisfatório e o órgão regulador declarou em 8 de novembro de 2011 que as usinas belgas são seguras e podem continuar em operação. Os belgas são favoráveis (75%) à manutenção dos parques nucleares para geração de energia elétrica no país, conforme pesquisa realizada em fevereiro de 2012. Mais de 40% são a favor da construção de novas usinas. A condição mais citada pelos entrevistados foi a segurança de operação e a gestão dos resíduos. Bulgária País Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) Bulgária 2 1.906 0 0 13,313 % do total Gerado em 2013 30,7 A Bulgária tem duas usinas nucleares (KOZLODUY 5 e 6 – VVER-PWR 953 MW, cada) em operação comercial, que geraram 13,31 TWh, cerca de 30,7% da geração elétrica do país, em 2013. Foram suspensas as obras das duas usinas que se encontravam em construção (Belene 1 e 2 VVER PWR 1000 MW) em 2012 e existem ainda 4 reatores que foram fechados (KOZLODUY 1 a 4 – VVER 440 MW) para atender acordo de fazer parte da união europeia. Na Bulgária, o governo já demonstrou interesse em substituir as centrais nucleares antigas por novas, mas tem problemas quanto ao financiamento das usinas. Em março de 2012 foi decidido que usariam os equipamentos que já haviam sido fabricados para Belene em uma outra usina na Central de KOZLODUY (o reator número 7). Em dezembro de 2013 a Westinghouse assinou um acordo exclusivo com a Bulgaria Energy Holding para a tecnologia AP1000. O país tem contrato em andamento (no valor de 2,6 milhões de euros) para a seleção de sítio e projeto de depósito de rejeitos de baixa e média atividades em área superficial. Os resultados dos testes de estresse de segurança realizados por toda a Europa estão sendo analisados e as recomendações serão implementadas onde couber. O projeto de Belene havia parado aguardando as análises de segurança que estavam em andamento, porém o governo decidiu cancelá-lo, transferindo os equipamentos já fabricados para este sítio, mais exposto à atividade sísmica, para o sítio de Kozloduy (projeto do reator nº 7). O país mantém seus planos estratégicos de ampliar sua geração de energia nuclear, fazendo nova central e ampliando a vida das usinas Kozloduy existentes para reduzir sua dependência da Rússia quanto à energia primária (gás e óleo). O país possui um reator de pesquisa que é operado pelo Instituto de Pesquisa e Energia nuclear da Academia Búlgara de Ciências, em Sofia. Resíduos Nucleares O país contratou o projeto de um depósito intermediário de resíduos de baixa atividade ao consórcio formado pelas empresas espanholas ENRESA, Westinghouse Electric Spain (WES) e a alemã DBE Technology. O depósito será construído no sítio da usina Kozloduy. Eslováquia País Eslováquia Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) 4 1815 2 880 % do total Gerado em 2013 14,62 51,7 A Eslováquia tem 4 reatores nucleares em operação comercial, que em 2013 produziram 14,62 TWh de energia elétrica, o que representou 51,7 % da energia produzida no país. As duas unidades em construção são de Mochovce 3 e 4 (VVER 440 MW cada) e deveriam entrar em operação em 2014 e 2015, mas há um atraso na conclusão. Há ainda planos de construção de outros 2 reatores entre os anos de 2020 e 2025. As emissões de gases do efeito estufa do país são em 70% derivadas da geração de energia por combustíveis fósseis, e esta é uma das razões do país para ampliar a geração nuclear, que auxiliaria na redução desses gases. Para ter acesso à Comunidade Europeia em 2004 o país concordou em fechar os dois reatores mais velhos (Bohunice V1 unidades 1 e 2), o que ocorreu em 2006 e 2008. Como o consumo de energia per capita é 4.550 KWh por ano e mais de 50% da energia vêm de fonte nuclear, a estabilidade e a segurança do fornecimento de combustível são primordiais para a qualidade de vida da população. Todo o combustível nuclear é contratado com a empresa russa TVEL. Desde 2008 o país decidiu que irá reprocessar os seus resíduos de alta atividade e estuda localização para repositório de baixa e média atividades. Os trabalhos de construção de Mochovce 3 e 4 continuam. Como em toda Europa, as usinas do país estão passando pelos testes de estresse determinados pela UE. Eslovênia País Eslovênia Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) 1 688 0 0 5,036 % do total Gerado em 2013 33,6 A Eslovênia tem 2 milhões de habitantes e a sua vizinha, Croácia, 4 milhões. Juntas, elas possuem 1 reator nuclear – KRSKO (PWR, 727 MW) – em operação desde 1981, que em 2013 produziu 5,036 TWh de energia elétrica, o que representou 33,6% da energia produzida na Eslovênia. Esse reator foi compartilhado em 50% com a Croácia desde a sua conexão ao grid. Em relação à Croácia, a energia nuclear representou cerca de 15% da produção total do país. O reator foi projetado para 40 anos de operação, mas sua vida útil deve ser ampliada em mais 20. Resíduos Nucleares Em janeiro de 2010, o país, por intermédio de sua agência para gestão de resíduos nucleares – ARAO (Agencija za radioaktivne odpadke, em checo) – selecionou um sítio (Vrbina) próximo à central, para a construção do depósito intermediário de resíduos de baixa e média atividades, conforme autorizado por decreto governamental de dezembro de 2009. O repositório, composto por 2 silos, terá capacidade para 9.400 metros cúbicos de material de baixa e média atividades, o que corresponde à metade de todo o resíduo produzido ao longo da operação e descomissionamento futuro da central. Será possível, ainda, armazenar resíduos nucleares de outras fontes. A capacidade do sistema pode ser ampliada no caso de crescimento do programa nuclear do país. O país não pretende desistir da energia nuclear devido ao acidente de Fukushima, segundo declarou o ministro da Economia, Darja Radic, em junho de 2011. Em todos os cenários energéticos do país até 2030 a fonte nuclear está destacada. O governo anunciou, ainda, a provável construção do segundo reator em Krsko, incluído no programa nacional de energia, que aguarda a aprovação final no Parlamento. Espanha País Usinas Capacidade Energia Capacidade Usinas em em em Construção Gerada atual (MW) Construção Operação (MW) 2013 (TWh) Espanha 7 7.567 0 0 54,31 % do total Gerado em 2013 19,7 A Espanha tem 7 reatores nucleares (6 PWR e 1 BWR) em operação, com um total de 7.567 MW de capacidade instalada. Essa capacidade representa apenas 7,32% do total, mas devido ao alto fator de capacidade representa 19,7% da energia gerada, que em 2013 foi de 54,31 TWh. Na Espanha os reatores não têm período limite de operação, recebendo licenças de operação a cada 10 anos. Ao final de 2012 existiam 3 reatores fechados no país: Vandellos 1 em 1990 e com os trabalhos de descomissionamento adiantados; Zorita-Jose Cabrera em 2006 com o descomissionamento contratado junto à Westinghouse e Garona (466MW BWR) fechada em 28/12/2012 pela Nuclenor. A operadora e proprietária da Central, o mais antigo reator espanhol, decidiu fechá-lo devido às novas taxas impostas ao operador que tornaram a usina inviável economicamente. Em maio de 2013 o conselho de segurança nuclear espanhol aprovou a possibilidade de extensão da vida de Garona, mediante solicitação a ser preenchida pelo operador e analisada pelo órgão regulador, que dessa forma poderá retornar e operar até 2019. Em 27 maio, 2014 a empresa Nuclenor operadora da Central Garona disse em um comunicado, que apresentou um pedido para renovar a licença de operação da usina para o Ministério da Indústria, Energia e Turismo. A Espanha tem como política o fechamento das usinas nucleares ao término de sua vida útil, sem a reposição da capacidade instalada por outras usinas nucleares, porém, em dezembro de 2009, uma nova lei foi aprovada e permite que as usinas operem além de seus 40 anos de vida útil originais, caso o Conselho de Segurança Nuclear do país não declarar que elas são inseguras. Exemplo disso foi a concessão de ampliação de vida em mais 10 anos para as Centrais de Almaraz-Trillo e Vandellos 2, em junho de 2010. Em agosto de 2011, o regulador nuclear do país (Consejo de Seguridad Nuclear-CSN) aprovou unanimemente a extensão de vida das 2 unidades nucleares de Ascó (até 2021). Em 15 de setembro de 2011, o CSN informou que todas as usinas nucleares espanholas foram aprovadas no teste de estresse proposto pela União Europeia e que as margens de segurança delas permitem que resistam a acidentes além de suas bases de projeto. Com isso, a presidente do Foro Nuclear, María Teresa Dominguez, declarou que a energia nuclear precisa continuar como parte do mix energético espanhol. O novo governo eleito em novembro de 2011 já declarou que a matriz elétrica espanhola será um mix que garanta a diminuição de emissões de CO2. Em outubro de 2012 o governo instituiu 2 novas taxas para energia nuclear, uma para o resíduo nuclear resultante da geração de energia (2.190 euros por quilo de resíduo metálico produzido) referido rejeito. e outra para o armazenamento do Resíduos Nucleares O país possui um repositório intermediário de baixa atividade em operação desde os anos 1980 - “El Cabril”, projetado pela Westinghouse Electric Spain (WES). Em dezembro de 2011, o governo escolheu o sítio em Villar de Canas – província de Cuenca para Repositório de combustível irradiado e resíduos de alta atividade, terminando o processo de seleção que durou 2 anos. O repositório conhecido como ATC - Almacén temporal centralizado de España tem um custo estimado de 700 milhões de euros e criará cerca de 300 empregos diretos na região. O projeto é composto de prédio para vitrificação de combustível irradiado, e um centro de tecnologia de suporte do sítio. A necessidade do repositório se justifica com o enchimento das piscinas de guarda de elementos combustíveis usados. O ATC terá capacidade para 6700 mt (toneladas métricas) de combustível irradiado e 2600 m3 de resíduos de média intensidade e outros 12 m3 de resíduos de alta. Finlândia A Finlândia tem 5,42 milhões de habitantes e possui quatro usinas em operação que, juntas, correspondem à produção de 22,67 TWh de energia elétrica ou 33,3% da total produzida em 2013. O país possui uma usina em construção (Olkiluoto 3 – EPR 1.600 MW) e mais duas unidades estão planejadas (Olkiluoto 4 e Hanhikivi 1). Devido ao excelente desempenho das 4 usinas em operação, nos últimos anos a disponibilidade nuclear alcançou a média de 94,65%. O país possui reservas de urânio (26.000tU), mas não tem mina de urânio em operação. Em julho de 2010 o Parlamento finlandês aprovou a 6ª usina. Em junho de 2011 foi ampliada a potência da usina Olkiluoto 2. Em dezembro de 2013 a Fennovoima anunciou que pretende construir o reator Hanhikivi-1-, um projeto russo de 1,200-MW AES-2006 PWR, no norte da Finlândia. A empresa está negociando com a corporação nuclear estatal russa Rosatom a participação de 34% em Fennovoima e, em troca, a subsidiária Rosatom Rusatom Overseas construiria a unidade. Fennovoima e Rosatom disseram que esperam chegar a um acordo até o final do ano. Em outubro de 2011 a empresa Fennovoima anunciou que escolheu o sítio Pyhäjoki, no Nordeste do país, para o seu reator, o sexto da Finlândia. A construção deve se iniciar em 2015. Existe ainda um pequeno reator de pesquisas localizado em Otaniemi, Espoo, modelo TRIGA Mark II construído para a Universidade de Tecnologia de Helsinque em 1962. Em 2002 a Finlândia decidiu construir a quinta unidade nuclear, quebrou a situação vigente no Oeste da Europa, onde a construção de outra usina nuclear não havia sido iniciada há muito tempo. A importância da decisão finlandesa reside no fato de que ela foi precedida de análises detalhadas com participação pública e discussões políticas intensas. A decisão foi baseada em aspectos ambientais (menores impactos ao meio ambiente), político-diplomáticos (atendimento aos compromissos internacionais decorrentes do Protocolo de Kyoto) e estratégicos (diminuição da dependência de outras fontes energéticas externas, principalmente da Rússia, e a estabilidade do custo da energia nuclear). A opinião pública altamente favorável foi outro aspecto importante na decisão tomada. A usina Olkiluoto 3 (1.600 MW, EPR) está prevista para ser sincronizada em 2016. O projeto tem um grande atraso (a operação estava prevista originalmente para 2009). Essa será a primeira usina com reator do modelo EPR, produzido pela francesa Areva. As usinas passaram pelo teste de estresse da EU e o resultado mostrou que nenhuma maior modificação será necessária nas centrais de Olkiluoto e Loviisa. Resíduos Nucleares A Finlândia foi o primeiro país a aprovar no seu Parlamento, em 2001, um projeto de depósito subterrâneo profundo definitivo para resíduos radioativos nucleares provenientes de suas usinas atômicas. Na Finlândia os rejeitos de baixa e média atividades são depositados em repositórios subterrâneos, construídos nos sítios de Olkiluoto (desde 1992) e Loviisa (aprovado em 1992). Desde 1997, de acordo com o Radiation Act, mantém depósito central intermediário localizado nas dependências da instalação para depósito final de Olkiluoto, cuja ampliação já foi aprovada pelo Parlamento finlandês. Para as novas centrais estão em discussão com a empresa Posiva, responsável por essa atividade, a melhor gestão de todos os novos resíduos, conforme determinou o governo, garantindo que as melhores soluções econômicas e de segurança deverão ser compartilhadas entre as centrais. Como a Posiva pertence à Teollisuuden Voima Oy (TVO) e à Fortum, ela está desenvolvendo um repositório para essas companhias. A Fennovoima (que pretende construir o 6º reator) não possui ainda um reator e também nenhum projeto para repositório de combustível irradiado e deverá negociar com as demais empresas espaço nos repositórios previstos. França O país possui 58 usinas nucleares em operação (em 19 sítios diferentes) e 11 desligadas (por término de vida útil) que produziram 405,989 TWh líquidos, o que representa 73,3% do total de energia elétrica gerada no país em 2013. A operadora das centrais é a EdF. Com 64 milhões de habitantes, tem cerca de 1 GW de capacidade instalada nuclear por milhão de habitantes ou quase uma usina por milhão de habitantes. Entre as usinas existentes na França, 34 são da classe 900 MW-PWR para as quais o regulador (ASN) declarou satisfatória a operação por até 40 anos de vida (as usinas francesas têm previsão de operação por 30 anos), mas que cada uma delas deverá passar por revisão para ter esse direito. Tricastin-1 (915 MW, PWR) foi o primeiro reator revisado e autorizado para mais 10 anos. O país é o maior exportador mundial de eletricidade e o lucro líquido da EDF como geradora ultrapassou os 3 bilhões de euros em 2012. A França produz a energia mais barata de toda a Europa, cerca da metade do valor da energia alemã. São 220.000 empregos diretos na área nuclear, ou 6,1% dos empregos industriais do país espalhados por todo o território francês. O país é ainda o líder mundial em reciclagem de resíduos nucleares (25.000 toneladas recicladas). A França tem ainda outros 22 reatores de pesquisa e cerca de 50.200 fontes radioativas para uso médico, além de outras 30.600 para uso industrial. A Areva, fornecedora francesa de bens e serviços nucleares, está construindo junto com a EDF o reator Flamanville-3, tipo EPR de 1.720 MW, localizado ao norte da França, na região de Manche. Os demais fornecedores de equipamentos e serviços também foram escolhidos e contratados, e o início da construção foi no final de 2007. Desse mesmo modelo de reator EPR, de fabricação Areva, já existem outras quatro unidades em construção (Olkiluoto 3 na Finlândia, Flammanvile 3 na França e Taishan 1 e 2 na China). As manutenções para conservar o parque em ordem requerem planejamento e compras antecipadas. Por exemplo, para as trocas previstas dos geradores de vapor das centrais francesas já foram compradas 44 unidades ao custo de 2 bilhões de dólares (32 à Areva e 12 à Westinghouse). As entregas se prolongarão até 2018. Foi autorizada a ampliação de vida por mais dez anos para a usina FESSENHEIM-1, que já opera desde 1978. Este é o mais antigo reator francês em operação. A França tem como meta descomissionar até 2016 a usina Chooz A (310 MW, PWR), cuja energia foi fornecida entre 1967 e 1995 para a Bélgica e para o próprio país. O desmonte, a limpeza e a demolição dos edifícios nucleares ocorreram antes de 2008. Hoje são 12 reatores experimentais e de potência sendo descomissionados. O processo vem sendo desenvolvido e estudado pela EdF- CIDEN e deverá ser aplicado a todo o parque nuclear francês quando do término da vida útil das usinas. Em novembro de 2012, o primeiro ministro francês, Jean-Marc Aryault, assinou a licença que confirma a segurança da instalação do reator ITER – International Termonuclear Experimental Reactor. É o primeiro reator de fusão cujas características de segurança são avaliadas por um órgão regulador. Os trabalhos do reator ITER em construção na região de Cadarache, no Sudeste da França, tiveram seus custos inflados passando de 5 bilhões para 15 bilhões de libras nos últimos 3 anos. A crise financeira internacional também afetou o projeto, que está agora previsto para 2019. Este é um projeto desenvolvido por vários países incluindo USA, Europa, Rússia, China, Japão e Coreia do Sul que geraria energia de fonte nuclear sem produzir radiação. O governo do presidente socialista Francois Hollande, o novo governo francês eleito em 2012, quer implementar uma redução parcial na geração nuclear que prevê cortar a sua participação de 75% para 50% até 2025 e repor a capacidade cortada por energia renovável. De acordo com um estudo do RTE, o operador do sistema francês, o país necessitará investir 15 bilhões de euros (19.2 bilhões de dólares) para reforço da rede de linhas de transmissão até 2020, e o custo poderá atingir 50 bilhões de euros até 2030 se o país mantiver a política proposta de redução da energia nuclear. Resíduos Nucleares O país reprocessa todo o seu combustível usado e utiliza o combustível resultante em outros reatores, além de também ter dois repositórios subterrâneos e laboratórios de pesquisa que estudam formas ainda mais efetivas de armazenar rejeitos. Entre outros sítios, Auxon e Pars-lès-Chavanges, no estado de Aube, estão atualmente em estudos para a instalação de repositório de resíduos de baixa atividade nuclear que poderão estar funcionando em 2019 (substituindo os que já deverão estar saturados). Esses sítios fazem parte das 40 comunidades que se ofereceram para sediar os repositórios. Os testes realizados demonstraram um bom nível de segurança para as centrais francesas, conforme relatório entregue ao órgão regulador. As margens de segurança para eventos extremos como terremotos, enchentes e perdas simultâneas de refrigeração e energia foram verificadas sem apresentarem maiores preocupações, mas mesmo assim a operadora EdF expôs um plano suplementar de melhorias. Em fevereiro de 2013 o governo francês promulgou uma nova portaria (texto normativo completo) que rege as principais instalações nucleares que considera as lições do acidente de Fukushima I para as atividades nucleares. A Areva emitiu uma declaração dizendo que pretende implementar “uma série de iniciativas” destinadas a reduzir os custos operacionais com até 1 bilhão de euros anuais até 2015. A empresa Mr Oursel está convencida de que as perspectivas para o desenvolvimento nuclear continuam a ser fortes nos próximos anos, mesmo se a expansão da base instalada mundial de reatores nucleares for adiada em comparação com as previsões antes de FukushimaDaiichi. A energia nuclear continua sendo uma vantagem estratégica do seu país. Holanda País Usinas em Operação Capacidade atual (MW) Usinas em Construção Capacidade em Construção (MW) Energia Gerada 2013 (TWh) % do total Gerado em 2013 Holanda 1 482 0 0 2,736 2,8 O país importa mais de 20% de sua eletricidade (na maior parte da Alemanha). A energia consumida per capita é 6.500 kWh/ ano. A Holanda possui apenas uma usina nuclear em operação (Borssele PWR 482 MW) que, em 2013, produziu 2,736 TWh, aproximadamente 2,8% da energia do país. Essa usina teve sua vida útil ampliada em mais 20 anos em 2006, e deverá continuar a operar até 2033. O país possui também um reator de pesquisas na localidade de Petten, o High-Flux Reactor – HFR, que produz 60% dos radionuclídeos médicos necessários na Europa (30% da demanda mundial). O governo holandês informou que está iniciando o processo de licenciamento da sua segunda usina nuclear no mesmo sítio de Borssele. Não foi escolhido o projeto nem o fornecedor, mas a unidade deverá ter entre 1.000 MW e 1.600 MW e com entrada em operação em 2020, ainda em tempo para atingir as metas de redução das emissões de gases do efeito estufa. O combustível previsto é MOX e o custo estimado do projeto é de 5 bilhões a 7 bilhões de dólares, conforme informou a empresa Energy Resources Holding (holding do projeto) em setembro de 2010. A empresa holandesa Delta (proprietária de 50% da central existente) e a EdF assinaram, em novembro de 2010, acordo de colaboração para a eventual construção de uma nova central na Holanda no sítio de Zeeland Coast. O processo será longo e o acordo é o início. Em junho de 2009 a Delta submeteu aos órgãos governamentais a solicitação para a construção da nova central de até 2.500MW. Em janeiro de 2012, devido à crise financeira na Europa e também a incertezas no mercado de carbono a central foi postergada. A empresa ERH – Energy Resources Holding, pertencente à alemã RWE, proprietária da outra metade de Borssele, também solicitou autorização para a construção de outra central na Holanda. Existe ainda um acordo entre a Holanda e a França que prevê a reciclagem de parte do combustível irradiado holandês na França. Após o reprocessamento o material é retornado à Holanda (COVRA Storage Facility próxima a Borssele) seguindo estritos padrões de segurança ditados pela AIEA. A única usina holandesa passará pelo teste de estresse da UE. Em junho de 2011 foi autorizado o uso do combustível MOX. Segundo o governo a Holanda continuará com seu programa nuclear para construção da nova Central. Em janeiro de 2012 o governo holandês informou que um novo reator de pesquisas (denominado Pallas) será construído na região de Petten para repor o reator existente (High-Flux Reactor – HFR) que opera desde 1961 e está atingindo o término de sua vida economicamente útil. Prevê-se a entrada em operação do novo reator em 2022. Hungria País Hungria usinas em capacidade operação atual (MW) 4 1889 usinas em construção 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 14,54 % do total gerado em 2013 50,7 A Hungria tem 4 usinas nucleares (Paks 1 a 4 – VVER-PWR 500 MW) cuja operação comercial começou entre 1982 e 1887 e que geraram 14,54 TWh, ou seja, cerca de 50,7% da geração elétrica do país em 2013. Esta é a energia elétrica mais barata gerada no país e, segundo fontes governamentais, o índice de aprovação à energia nuclear pela população é de 73%. Em 2004, as usinas receberam a autorização para operar por mais 20 anos e, em 2009, o Parlamento do país aprovou a autorização para o governo começar o projeto para ampliar a capacidade no sítio existente, mediante a construção de mais uma ou duas unidades nucleares no mesmo local da central Paks. Os estudos da determinação do tipo e do tamanho do reator ainda estão em execução. A empresa estatal MVM pretende expandir a capacidade das suas nucleares Paks e aumentar sua influência nos mercados de energia da sua vizinhança (nos Bálcãs-Croácia, Sérvia e Bósnia e na Romênia). A decisão de ampliação da central de Paks deve ser publicada em setembro, estando os trabalhos preparatórios em andamento de acordo com as autorizações do Parlamento. Em 14 janeiro de 2014 o governo da Hungria assinou um acordo com a empresa estatal nuclear russa Rosatom para construir dois novos reatores na Central de Paks. (NucNet) Paks pertence ao grupo estatal húngaro de energia MVM e tem já quatro reatores VVER de fabricação russa. As novas unidades serão financiadas por um empréstimo entre governos da Hungria e da Rússia previsto para durar 30 anos, conforme informou o diretor geral da Rosatom Sergei Kiriyenko na cerimônia de assinatura na Rússia. O tamanho do empréstimo ainda não foi finalizado, mas não será superior a 10 bilhões de euros (13,6 bilhões de dólares). A Rosatom disse em um comunicado que a Rússia também forneceria o combustível para as novas unidades. A empresa húngara MVM proprietária de Paks disse que continua com os projetos para estender o tempo de vida operacional de todas as quatro unidades já existentes, que começaram a operação comercial em 1983, 1984, 1986 e 198, e que, desde dezembro de 2012, a unidade 1 de Paks ( VVER 500MW ) recebeu a autorização para operar por mais 20 anos após a sua licença original ter expirado no final de 2012. O ministro do Desenvolvimento húngaro, Pal Kovacs, declarou que em todos os cenários de planejamento energético estudados pelo país o suprimento nuclear é indispensável. O plano energético 2030-2050 recomenda a extensão de vida em 20 anos das quatro unidades da central de Paks, cujas vidas úteis se encerrariam entre 2032 e 2037. Além disso, o país pretende ampliar em 2.000 MW a capacidade da central (duas novas unidades de 1.000 MW cada) até 2025. O custo está estimado em 10 bilhões de dólares. Os resultados dos testes realizados na central húngara após o acidente de Fukushima Daiichi foram satisfatórios, segundo o órgão regulador governamental, não requerendo nenhuma provisão adicional quanto à sua segurança. Inglaterra (Reino Unido) País Inglaterra usinas capacidade em atual (MW) operação 16 9243 usinas em construção 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 64,13 % do total gerado em 2013 18,3 O Reino Unido tem 16 usinas em operação (9.243 MW de capacidade instalada) e 29 fechadas por término de vida útil ou obsolescência. É o parque mais antigo do mundo, com usinas já fechadas que começaram a operar nas décadas de 1950 e 1960. Em 2013 o país produziu 64,13 TWh de energia de fonte nuclear (18,30% do total). A vida útil de 15 das 16 usinas atuais se encerrou até 2013. A frota precisa ser reposta nos próximos anos. O governo planeja 16 GW de capacidade nova até 2030. O Reino Unido, com 75% da sua energia elétrica produzida por óleo e carvão, como forma de reduzir suas emissões de gases do efeito estufa, lançou, em julho de 2009, seu Plano de Transição para uma Economia de Baixo Carbono. O plano concentra ações em transformar o setor de energia, expandindo o uso de fontes renováveis, além de aumentar a eficiência energética de prédios, casas e do setor de transportes do país. Com o atual mix de eletricidade do Reino Unido dominado por combustíveis fósseis, o aumento da participação da energia nuclear ajudaria a diversificar o risco da segurança de combustível do país. Com isso, o país deverá alcançar as metas domésticas de corte de 34% nas emissões de gases do efeito estufa até 2020, quando 40% da eletricidade consumida no Reino Unido deverão vir de fontes de baixo carbono, com as tecnologias de energia renovável, nuclear e captura e sequestro de carbono. A construção de outras usinas nucleares faz parte da política de redução de emissões de carbono vigente no país e elas devem começar a operar até 2017, substituindo as usinas nucleares antigas (a última entrou em operação em 1989) e as já fechadas. A empresa Horizon Nuclear Power, responsável pelas solicitações de licença para os sítios de Wylfa Península e de Oldbury, foi vendida em outubro de 2012 para a Hitachi (Horizon era uma joint venture formada pelas alemãs E.ON UK e RWE Nuclear Power Plans, que se desfez devido aos problemas políticos internos na Alemanha) . Para o sítio de Hinkley Point, onde duas usinas antigas já existem, a EDF já apresentou a documentação inicial para um EPR 1.600 (Hinkley Point C), na região de West Somerset, e fez as encomendas dos componentes pesados para essa central à Areva. As três principais licenças já foram solicitadas aos reguladores e já receberam sinal positivo, conforme informou a EDF. Em 26 de novembro de 2012, o órgão regulador nuclear britânico liberou a licença para o sítio de Hinkley Point e em dezembro de 20102 os reguladores ingleses aprovaram o projeto EPR. A EDF planeja a decisão final de investimento desse projeto até o final do ano. Esses 2 EPRs representam o maior investimento em projeto de infraestrutura na Inglaterra desde o anos 1950. A expectativa é que o fornecimento de energia corresponda a 6% do total na Inglaterra (suficiente para atender 5 milhões de residências). A EDF assinou acordos franco-britânicos para facilitar os massivos investimentos em infraestrutura e em toda a cadeia de suprimentos que serão realizados na Inglaterra com os projetos de Hinkley Point. Tais acordos (500 milhões de libras) compreendem serviços de preparação de sítio (100 milhões de libras), fornecimento de equipamentos e formação de pessoal especializado. Eles representam a criação de 1.500 empregos. Um grupo formado pela Iberdola (Espanha), a britânica Scottish & Southern e a francesa Suez comprou em 2009 um terreno em Sellafield (Oeste da Inglaterra) como possível local para novos reatores atômicos. Nesse caso o projeto consiste na construção de uma usina nuclear com potência instalada de 3.600 MW, que ajudará no objetivo de alterar o perfil de geração de energia no Reino Unido, fortemente baseada em carvão. Após a Toshiba Corporation informar que concordou em comprar 60% de participação na NuGeneration Limited (NuGen), a Westinghouse Electric Company informou que fornecerá o projeto de construção dos três reatores nucleares AP1000 (capacidade combinada de 3,4 GW), em Moorside. GDF Suez também está trabalhando em parceria com a Toshiba e NuGen neste projeto. O reúso do plutônio derivado das instalações nucleares civis é condição fundamental no plano de descarbonização do país, que precisa gerenciar 112 toneladas do material em estoque (próprio e de clientes externos da usina de reprocessamento em Sellafield). Apesar de o reúso através da produção de combustível MOX não ser ainda comercialmente tão bem-sucedido na GrãBretanha quanto na França (Areva), o material produzido poderia alimentar 2 reatores por até 60 anos. Em julho de 2011, o ministro de Energia e Mudanças Climáticas britânico, Charles Hendry, declarou que “O governo da Grã-Bretanha permanece absolutamente comprometido com novas usinas nucleares, sem as quais a nação ficaria no escuro e menos próspera. Nós precisamos manter a confiança pública baseada em fatos e evidências científicas e na existência de um órgão regulador independente”. Ele acredita que a energia nuclear hoje é vital para o setor energético britânico e assim permanecerá por muitos anos. O país deverá construir não uma usina, mas uma frota de novas nucleares, estando garantido isso aos investidores. Todo o processo faz parte da política de baixo carbono do país, incorporando quaisquer aprendizados advindos do acidente de Fukushima. Em 22 de julho de 2011 o Parlamento britânico aprovou a política energética nacional e listou os oito (8) sítios para as novas centrais nucleares, introduzindo ainda um planejamento para acelerar essas construções. Em outubro de 2011, o secretário de Energia declarou que os riscos da energia nuclear são conhecidos e muito menores que a aceleração nas mudanças climáticas. Em 2012, pesquisa de opinião detectou que o suporte da população inglesa à energia nuclear é alto, chegando a 63% de apoio a novas construções principalmente como forma de prevenir as mudanças climáticas e garantir a segurança energética. Resíduo Nuclear O país reprocessa o seu resíduo nuclear em suas usinas de reprocessamento em Sellafield. Atualmente o volume acumulado de Plutônio na Inglaterra chega a 82 toneladas e é crescente. Existem conversações entre o governo britânico e a GE-Hitachi para a utilização da tecnologia do reator Fast Breeder Prism para a redução desses montantes de Plutônio utilizando-o como combustível MOx a partir de 2025. Itália País Itália usinas capacidade em atual (MW) operação 0 0 usinas em construção 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 0 % do total gerado em 2013 0 Na Itália, em 2010, 64,8% da energia elétrica foram provenientes de combustível fóssil; 22,2% de renováveis e 13% foram importados. A Itália não possui usinas nucleares em operação. Suas quatro usinas (Caorso, Enrico Fermi, Garigliano e Latina) foram fechadas no fim da década de 1980 (duas por decisão da população e duas por fim da vida útil). A Itália é o único país do G8 – grupo dos países mais ricos do mundo mais a Rússia – que não opera usinas nucleares. Mesmo assim, cerca de 10% da energia elétrica consumida no país são de origem nuclear, importados principalmente da França, onde 75% da energia são gerados por centrais nucleares. A Central Enrico Fermi (Trino Vercellese) está em descomissionamento. Em 2008 o país decidiu retomar seu programa nuclear paralisado na década de 1980, libertando-se da dependência do petróleo através de um rápido desenvolvimento da energia nuclear. Segundo o ministro da Economia e Desenvolvimento, Claudio Scajola, o custo da paralisação do programa nuclear italiano para a economia do país foi de 50 bilhões de dólares e que todo o arcabouço legal para a retomada da fonte nuclear estava sendo adotado no novo plano nacional de energia. Em 9 de julho de 2009 o Senado italiano aprovou um pacote legislativo que deu luz verde ao retorno do uso da energia nuclear no país e que em até 6 (seis) meses seriam selecionados sítios potenciais para a instalação de novas usinas. O modelo de reator a ser adotado deveria ser um que já seja licenciado na Europa, o que permitiria ganhar tempo de licenciamento, uma vez que o plano era construir de 8 a 10 reatores até 2030 atingindo 25% da geração elétrica italiana. Atualmente o custo da energia elétrica na Itália (um mix de 60% em gás importado) é 30% mais alto que a média europeia e 60% maior que o francês. Em junho de 2011, a maioria dos italianos, mediante plebiscito, decidiu que não pretendem ter energia nuclear no país. Os votos negativos à nuclear foram 94% da população que votou (57% da população que podia votar), o que corresponde a 53,58%. A forma como foi encaminhada a votação não era específica contra a energia nuclear, mas uma desaprovação global ao governo de então (Silvio Berlusconi) e seus planos de ação. A Itália é um país sujeito a terremotos de grande magnitude e isso contribuiu muito para o medo da população, fortemente explorado pelos ambientalistas. Com isso o país continuará a gerar energia nuclear, por intermédio da empresa ENEL na Eslováquia, e a comprar eletricidade nuclear da francesa EDF. Além disso, a Areva e Ansaldo Nucleare haviam assinado acordo no qual a Ansaldo iria participar do processo de licenciamento e da construção do novo reator da Areva (EPR) na Itália, mas com o cancelamento italiano de usinas nucleares o acordo ficou valendo para qualquer lugar do mundo conforme a joint venture criada em 11/10/2011. A Ansaldo também pretende fabricar supermódulos para os AP1000 da Westinghouse destinados ao mercado inglês. Noruega País Noruega usinas capacidade em atual (MW) operação 0 0 usinas em construção 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 0 % do total gerado em 2013 0 Apesar de a Noruega não ter um programa de geração nuclear, o comitê criado pelo governo norueguês para estudar energia sustentável recomendou, em seu relatório, o reconhecimento da contribuição da energia nuclear para um futuro energético sustentável. Polônia País Polônia usinas capacidade em atual (MW) operação 0 0 usinas em construção 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 0 % do total gerado em 2013 0 A Polônia já acena com a possibilidade de construir sua primeira central até 2024, tentando dessa forma iniciar a alteração de sua matriz elétrica, hoje calcada em carvão (94%), para reduzir suas emissões de CO2. O governo polonês designou a sua maior empresa de eletricidade (PGE – Polska Grupa Energetyczna S.A.) para conduzir os projetos das duas primeiras centrais nucleares do país, que deverão ter 3.000 MW com dois ou três reatores cada uma. Espera-se que a primeira usina opere em 2024. Em 1986 a Rússia estava construindo quatro reatores WWER, 440 MW para a Polônia, em Zarnowiec, ao norte de Gdansk, mas o projeto foi abandonado em 1989, após um referendum popular, fortemente influenciado pelo acidente de Chernobyl. Os reatores que já estavam entregues foram vendidos para a Finlândia (Loviisa) e para a Hungria (Paks). O sítio existente talvez seja usado pela futura central, aproveitando a infraestrutura e os estudos já realizados. Em abril de 2010, foi assinado um memorando de cooperação entre a Westinghouse e a polonesa Polska Grupa Energetyczna (PGE) para estudar a viabilidade de construção de um reator de terceira geração (Generation III+) no país (AP1000). Em 2012 a Areva também estabeleceu conversações para a construção de um EPR na Polônia. O Parlamento polonês aprovou, em julho de 2011, a última lei necessária para o começo de construção da primeira Central Nuclear do país. Assim que o presidente Bronislaw Komorowski assinar a lei, a gigante empresa estatal Polska Grupa Energetyczna – PGE poderá dar início às atividades de construção de até duas centrais, com capacidade de até 6 GWe, que deverão estar prontas em 2020. A tecnologia escolhida deverá pertencer a um dos concorrentes que ofertarão até janeiro de 2012, entre eles Areva, GE Hitachi e Westinghouse. A divulgação do resultado será em 2013 conforme informou a PGE. Segundo o primeiro-ministro, Tusk, o governo está convicto de que a energia nuclear constitui uma boa alternativa às necessidades energéticas da Polônia, assim como uma grande oportunidade de negócios, com a possibilidade de venda de energia para a Alemanha. Em setembro de 2012 as empresas Tauron, Enea e a mineradora de cobre KGHM assinaram acordo com a PGE, a maior distribuidora no país, para participar do projeto de 6 GW de capacidade nuclear que a PGE pretende implementar até 2030. O governo polonês solicitou à PGE que lidere um consórcio para a construção de 2 usinas nucleares em sítios separados, mas há duvidas quanto ao financiamento necessário. Em 30 de janeiro de 2014, o país adotou o seu programa de energia nuclear (PPEJ), que não é um plano vinculativo, mas sim um "mapa do caminho". O programa define, entre outros, o cronograma para a construção de duas usinas nucleares de 3.000 MW cada e preparação para estes investimentos de infraestrutura com a regulação e a organização. O programa também inclui: justificação econômica para a implantação da energia nuclear na Polônia e seu financiamento, e formas de lidar com o combustível nuclear irradiado e dos resíduos radioativos. A localização das duas unidades será feita até o fim de 2016; construção está prevista para começar em 2019 e deverá ser concluída no final de 2024. A segunda unidade deve ser encomendada em 2035. República Tcheca A República Checa é rica em depósitos de carvão mineral e é a terceira maior exportadora de eletricidade da Europa. O país tem 6 usinas (Dukovany 1 a 4 e Temelin 1 e 2, todos VVER) operadas pela empresa CEZ que produziram 29,005 TWh em 2013, o que representou 35,9% da energia elétrica do país. Foi aberta uma concorrência internacional para fornecer dois novos reatores no sítio de Temelin, onde, por razões políticas, somente dois dos quatro reatores originalmente previstos foram construídos. Os fornecedores que apresentaram ofertas foram AREVA (americanos/japonês) e Rosatom (russa). (francesa), Westinghouse O resultado final deveria ser anunciado em 2013, mas a AREVA foi desqualificada pela comissão julgadora da concorrência e decidiu recorrer da decisão. Após meses de atraso no resultado da concorrência, a empresa CEZ decidiu cancelar o projeto porque o governo não dava garantia de preço para a energia que justificasse o montante de investimento. O status atual é o governo assumir o projeto através de uma nova estatal para garantir o suprimento de energia em 2020. Foi solicitada também a extensão de vida útil dos quatro reatores da Central Dukovany, que já tem mais de 20 anos de operação, de forma a que possam funcionar até 2025–2028. Estão previstos grandes investimentos para permitir a ampliação da vida útil dessas usinas. As atividades devem começar em 2015 e contemplarão também o aumento de potência em até 500 MW (e). A produção de Urânio vem caindo sistematicamente chegando a apenas 228 toneladas do minério em 2012. Não há política de reprocessamento de combustível irradiado, com CEZ sendo a responsável pela guarda dos mesmos. O governo checo declarou que continuará com seus planos de construção de novas centrais no país. Por solicitação do governo checo, a mais antiga central nuclear da República Checa (Dukovany) passou, em junho de 2011, por inspeção de segurança da AIEA (Operational Safety Review Team - OSART) na qual se concluiu que a central é segura, mas que precisa algumas melhorias em suas práticas de segurança as quais foram recomendadas pelo relatório da inspeção. Romênia País Romênia usinas em operação 2 capacidade atual (MW) usinas em construção capacidade em construção (MW) 1.300 0 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 10,7 % do total gerado em 2013 19,8 A Romênia tem 2 usinas nucleares (Cernavoda 1 e 2 – PHWR 650 MW) em operação comercial com 19,8% da geração elétrica suprida por reatores nucleares em 2013. As duas usinas são operadas pela SNN – Societatea Nationala Nuclearelectrica. As unidades 3 e 4 (720 MWe Candu, cada uma) enfrentam problemas de financiamento e têm início da operação comercial indefinido. Um acordo entre seis companhias investidoras foi assinado em novembro de 2008 para a conclusão dos reatores de Cernavoda 3 e 4 (PHWR Candu 750 MW cada), no mesmo sítio das usinas 1 e 2. Em 2011 as empresas europeias Iberdrola (6,2%), RWE Power (9,15%), GDF Suez (9,15%), CEZ (9,15%), desistiram de participar do projeto devido às incertezas econômicas e de mercado, e a SNN – Societatea Nationala Nuclearelectrica passou a deter 84,65% do investimento. A empresa SNN disse que a China por intermédio da China Nuclear Power Engineering Co.-CNPEC, estaria interessada no projeto das duas novas Cernavoda, e também a Coreia do Sul. A concorrência internacional aberta em novembro de 2011 aparentemente não recebeu ofertas. Em outubro de 2012 o governo romeno solicitou que as empresas que desistiram de participar do projeto reconsiderassem sua decisão e retornassem às discussões. Devido a dificuldades de financiamento, o governo romeno não forneceu os fundos prometidos e a SNN não foi capaz de arcar com os custos do projeto. O grande problema enfrentado pelo país é a falta de recursos para terminar suas construções. O país produz seu próprio combustível desde os anos 80 na Nuclear Fuel Plant (FCN) em Pitesti. Os reatores do país são tipo Candu (PHWR) e o projeto prevê resistência a grandes terremotos, estando localizado acima da área teoricamente atingida pela maior enchente do Rio Danúbio (num estudo de previsão para 10.000 anos), e também muito acima do nível do Mar Negro, entre outros questionamentos quanto a sua segurança. Segundo as autoridades do país seria muito difícil algo similar a Fukushima acontecer. Rússia País usinas em operação capacidade atual (MW) usinas em construçã o capacidade em construção (MW) Rússia 33 23.643 10 9285 Energia Nuclear % do total gerada 2013 gerado (TWH) em 2013 161,718 17,52 A Rússia tem 33 usinas (23.643 MW) em operação, sendo 17 PWR (VVER); 15 RBMK ou LWGR– (o mesmo modelo da usina ucraniana Chernobyl) e 1 FBR. Existem ainda mais 10 reatores em construção (1 FBR e 9 VVER) com capacidade de 9.285 MW líquidos e 20 planejadas (21.400 MW líquidos), já com local escolhido e data de início de operação prevista. Existem ainda mais 24 unidades (24.180MW) previstas para futuro, porém com datas ainda incertas. O foco na geração nuclear pela política energética russa visa a permitir a exportação de seu gás natural para a Europa – mais lucrativa do que seu uso para a geração doméstica de eletricidade – e à substituição de seu parque gerador, já no fim de sua vida útil. Até 2030, 24 usinas deverão encerrar sua vida útil e muitas das novas serão as reposições das que se aposentam. As usinas em operação produziram em 2013 mais de 161 TWh de energia ou 17,50% da energia do país. As usinas russas são licenciadas para uma vida útil de 30 anos. Atualmente estão em andamento processos de extensão de vida para 10 usinas de reatores de primeira geração (Kursk 1&2, Kola 1&2, Bilibino 1-4, Novovoronezh 3&4), totalizando 4,7 GWe, a serem revitalizados por 15 a 25 anos, após investimentos para reformá-los. Três reatores RBMK receberam licença para operar por mais 15 anos (Leningrad 1, 2 e 3), podendo operara até 2018, 2022 e 2024, respectivamente, após melhorias no projeto original. A eficiência da geração nuclear cresceu fortemente na última década (o fator de disponibilidade passou de 56% para 76%), e toda a matriz energética está tentando acompanhar o crescimento do consumo, que se tem mantido em níveis bastante expressivos. A segunda usina da central de Volgodonsk (também conhecida como Rostov) entrou em operação comercial no final de 2010 e existem mais 2 em construção no mesmo sítio que devem ficar prontas até 2016. O governo assinou em novembro de 2011 a resolução de construir mais 2 reatores (central de Monakovo, VVER-TOI) na região de Nizhniy Novgorod com capacidade de 1.150 MW. Esta já seria a nova geração russa de reatores moderados a água. Outra novidade russa é a usina nuclear flutuante que a população de Pevek, localidade russa situada na região ártica de Chukotka, aprovou, após descartar que esta ameace o entorno da região. A proposta foi aceita em debate popular convocado pelas autoridades do município de Chaunski, onde está localizada Pevek, com a participação de funcionários, deputados e ativistas. A Rússia terminou o primeiro descomissionamento de uma instalação civil, e a experiência adquirida será usada no futuro na indústria nuclear. O trabalho foi realizado em uma fábrica de pellets de urânio enriquecido que foi retornada ao estado sem atividade nuclear (greenfield status). O custo do projeto foi equivalente a 21 milhões de dólares e, devido à complexidade do trabalho (desmonte de equipamento, demolição de estruturas, remoção de solo contaminado etc.), levou quase quatro anos. Com relação aos eventos de Fukushima, o país realizará os mesmos testes que as nações da UE, mesmo não fazendo parte do Bloco. Um programa de inspeções está em andamento nas centrais russas com relação aos possíveis riscos quando o operador se depara com falta de água e energia de emergência para os sistemas de refrigeração. Em sequência, em meados de junho de 2011, foi anunciado um programa de melhorias de segurança no valor de 15 bilhões de rublos (530 milhões de dólares) destinado a energia e água de emergência composto de 66 novos motores a diesel, 35 estações de bombeamento móveis e outras 80 bombas fixas, além da instrumentação e do controle desses equipamentos. Desde o evento de Fukushima, a Rússia manteve a construção da usina de Leningrado 2 (segunda fase). Continua também construindo mais 2 usinas na China e 1 na Índia e já assinou contratos para construção de mais 12 usinas (4 na Turquia, 2 na Belarus, 2 em Bangladesh, 2 no Vietnam e mais 2 na Índia), que deverão ser iniciadas de 2013 a 2015. Suécia A Suécia possui dez reatores nucleares em operação que produziram 63,72 TWh de energia em 2013, ou 42,7% do total de energia do país. Existem três reatores fechados, sendo um por término de vida útil (Agesta) e dois (Barsebäck) por decisão política. O aumento de capacidade dos reatores existentes no país atingiu cerca de 1.150 MW e conseguiu praticamente equivaler à capacidade dos dois reatores Barsebäck-1 (BWR-600 MW) e 2 (BWR-615 MW), fechados prematuramente em 2004 e 2005. Com uma população de cerca de 9 milhões de habitantes, tem 1 reator nuclear por milhão de residentes. A produção de energia elétrica na Suécia é dominada por duas formas de geração: a hidroelétrica, com cerca de 50% da capacidade, e a nuclear, com 45%. A expansão dessas produções era limitada por legislações que protegiam os rios e proibiam a construção de outros reatores, mas ,em junho de 2010, a legislação que bania essas construções foi oficialmente abolida pelas autoridades do país e, desde janeiro de 2011, outros reatores poderão ser construídos, para substituir os mais antigos, ou para aumentar a capacidade de geração. Com um parque gerador nuclear em que todos os reatores têm entre 20 e 38 anos de operação, esse fato é muito importante no sentido de garantir a segurança de suprimento de eletricidade ao país. Em 2013 a empresa sueca Vattenfall informou que está procurando áreas de terra ao lado da Central Ringhals para aquisição, objetivando a construção de um novo reator (o de número 4), que pela lei vigente no país só pode ser instalado ao lado dos reatores existentes e em substituição aos antigos. Até 2025 pelo menos 4 reatores atingirão o término da vida útil e serão fechados, ocasionando a perda de mais de 22 TWh de energia firme no país. O governo sueco, por intermédio de seu primeiro-ministro, declarou que manterá a decisão de repor os reatores nucleares ao final de sua vida útil por novas nucleares. Além disso, o fechamento de unidades geradoras de propriedade da estatal sueca Vattenfall na Alemanha (Brunsbuettel e Kruemmel) já levou o país à queda de 8% no balanço líquido em relação ao ano anterior. Resíduos Nucleares Com um parque gerador nuclear em que todos os reatores têm entre vinte e trinta e oito anos de operação, a segurança de operação e os processos de guarda de resíduos são uma preocupação constante. Para tratar a questão existe a Companhia de Gerenciamento de Combustível e Rejeitos - SKB, uma empresa independente de propriedade dos operadores de usinas nucleares da Suécia, escolheu, em junho de 2009, um sítio (Östhammar) localizado próximo à Central Forsmark para sediar o depósito final de combustível irradiado do país. Anualmente mais de 10.000 pessoas visitam a área de cavernas de teste do laboratório Aspo Hard Roch, um modelo onde o combustível usado de centrais nucleares poderá ser armazenado. A população é incentivada a conhecer as soluções propostas como política de esclarecimento geral. A aceitação da população quanto ao depósito é de mais de 80% e havia competição com outras comunidades interessadas em hospedar a instalação. A operação do depósito final pode ser possível em 2023 se for cumprido o cronograma proposto. Segundo a porta voz da empresa de Combustível Nuclear e Gestão de Resíduos (SKB), Inger Nordholm, a política que levou a esta posição foi a de completa transparência com as comunidades, informando o que se queria fazer, o porquê e o como se encontraria um lugar para isto. Suíça País Suíça usinas em operação 5 capacidade atual (MW) usinas em construção 3.308 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 24,99 % do total gerado em 2013 36,4 A Suíça possui cinco reatores nucleares em operação (3.308 MW de capacidade instalada distribuída 3 PWR e 7 BWR) que produziram 24,991 TWh de energia em 2013, o que representa 36,4% da energia elétrica gerada no país. Com 7,6 milhões de habitantes, isso representa cerca de um reator para cada milhão e meio de habitantes. Essas usinas foram projetadas para operar por 50 anos, e atualmente têm licença para operar por tempo que varia de 2019 a 2034, quando do término de vida útil dos reatores. A Suíça procura há tempos um local adequado para construir um depósito final dos rejeitos atômicos. Por enquanto, ele é transportado para depósitos intermediários em Sellafield (Inglaterra) e La Hague (França), mas deverá retornar ao país quando houver essa definição. A previsão da entrada em operação dos depósitos para rejeitos é até 2024. O país realizou os mesmos testes que as nações da UE, mesmo não fazendo parte do Bloco. As conclusões dos testes são que as centrais têm altos níveis de segurança. As autoridades federais suíças analisavam três pedidos de construção de novas usinas nucleares quando ocorreu o acidente e, como consequência, esses processos foram suspensos. As leis propostas de abandono da energia nuclear não são rígidas e incluem avaliação periódica da situação energética do país e do desenvolvimento tecnológico mundial de forma a permitir mudanças políticas quanto à energia. Ucrânia País Ucrânia usinas em operação 15 capacidade atual (MW) usinas em construção 13.107 2 capacidade em construção (MW) 2.000 Energia Nuclear gerada 2013 (TWH) 78,17 % do total gerado em 2013 43,6 A Ucrânia tem 15 reatores em operação com capacidade instalada de 13.107 MW (13 VVER 1.000 MW e 2 VVER 400 MW) e quatro unidades fechadas (a central de Chernobyl – 3 RBMK 925 MW e 1 RBMK 725 MW). A central nuclear de Zaporozhe, no Leste da Ucrânia, é a maior da Europa, com 6 reatores tipo VVER de 950 MW cada um. Em 2013 as usinas nucleares ucranianas produziram 78,166 TWh, que representaram 43,6% da energia elétrica do país. Com cerca de 45 milhões de habitantes (censo 2010) e as dimensões do Estado de Minas Gerais, no Brasil, tem um reator para cada 3 milhões de habitantes e consome quase o dobro da energia per capita dos brasileiros. As fontes primárias de energia da Ucrânia são o urânio e o carvão, sendo que petróleo e gás são importados da Rússia, que também fornece o combustível nuclear. Atualmente o país começa a desenvolver o gás de xisto (Shale gas) que pretende fornecer para a Europa. Em 2004 a Ucrânia completou, comissionou e pôs em operação comercial a unidade 2 da central Khmelnitski (1.000 MW – VVER), e também a unidade 4 (1.000 MW – VVER) da central Rovno. A empresa russa Atomstroyexport vai terminar a construção das unidades 3 e 4 da central Khmelnitski (1.000 MW – VVER cada), conforme aprovado em outubro de 2008. A construção havia sido suspensa em 1990. A usina 3 está com 75% dos trabalhos concluídos e a usina 4, com 28%. Conforme dados da World Nuclear Association (WNA), existem 22 reatores planejados na Ucrânia, sendo que nove se destinam à reposição dos antigos, que sairão de operação até 2035, e os outros 13 para atender às necessidades futuras de consumo do país. Este vultoso investimento ainda não tem o financiamento necessário. Em dezembro de 2013, a unidade 1 da central South Ukraine de 950 MW recebeu licença para extensão de vida de mais 10 anos do seu órgão regulador State Nuclear Regulatory Inspectorate (SNRI) of Ukraine e vai operar até 2023. As usinas de Rovno 1 e 2 já estão com vida estendida e também as South Ukraine 2 e 3 estão no processo de extensão de vida (término de operação previsto em 2019). Os quatro reatores Chernobyl estão sendo descomissionados. A unidade 4, que foi destruída em 1986, no pior acidente nuclear já ocorrido no mundo, está encapsulada em um sarcófago, e uma nova estrutura de proteção está sendo construída sobre ele. O país realizou os mesmos testes de estresse que as nações da UE, mesmo não fazendo parte do Bloco. A Ucrânia não reprocessa seus resíduos e eles são mantidos nas próprias usinas. Os 4 reatores Chernobyl estão sendo descomissionados. A unidade 4 que foi destruída em 1986 por acidente nuclear, com explosão e liberação de radiatividade, está encapsulada em um sarcófago e uma nova estrutura de proteção está sendo construída sobre ele. Após a queda da União Soviética, a Ucrânia negociou a repatriação das ogivas nucleares que estavam no país (em 1991 havia 1.900 ogivas e 176 misseis balísticos intercontinentais- era o terceiro arsenal no mundo) e a sua transformação em combustível nuclear, livrando-se também do risco de qualquer acidente com armas atômicas e podendo, então, assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares - TNP. Países Bálticos (Lituânia, Estônia, Bielorrússia e Letônia) Por serem muito pequenos para assumir os custos da construção de uma usina nuclear, os Países Bálticos querem se consorciar para a sua construção. Em conjunto, também podem se beneficiar de linhas de crédito a que têm direito no Nordic Investment Bank. O projeto pode incluir a Polônia. Já existe a proposta para um reator (Visaginas) na Lituânia, em consórcio com a Estônia, que os governos classificam como de implementação imediata para garantir segurança energética e aliviar a dependência do gás importado da Rússia, além de ajudar no cumprimento de metas europeias de redução de emissões de gases do efeito estufa. Em dezembro de 2009 foi fechado o último reator (RBMK) da Lituânia que estava em operação no país, conforme o termo de adesão à União Europeia. A Lituânia vinha tentando manter em funcionamento até 2012 a usina nuclear Ignalia 2 (1.300-MW RBMK), mas não conseguiu convencer as autoridades europeias. Será construído um repositório intermediário no próprio sítio da usina (contrato Areva a ser pago pela União Europeia) para guardar os rejeitos de média e baixa atividades resultantes do descomissionamento. Em março de 2010 foi assinado um acordo com a Suécia para a construção de uma linha de transmissão para fornecer eletricidade ao país, enquanto não são disponíveis outras usinas nucleares. A Lituânia decidiu em 14 de julho de 2011 que o fornecedor para o novo reator Visaginas será a Hitachi-GE, com o reator tipo ABWR 1.340 MW que deverá estar em operação em 2020. Em 23 de dezembro de 2011 foi assinado o contrato de fornecimento de serviços com o custo estimado em até 5 bilhões de euros. É prevista a decisão sobre a participação da Latvia e da Estônia no projeto em meados de 2013. A Lituânia teria 38% da energia. A Polônia informou que não participará. Outra solução para a falta de energia desta região é a proposta russa de construção de 2 VVER com capacidade de 1.200 MW cada em Kaliningrad, que é vizinha (10 km) à Lituânia e à Polônia, cuja construção se iniciou em 2011 com operação prevista para 2016 e 2018. O projeto foi apresentado aos investidores como negócio com clientes garantidos. Em outubro de 2012 os lituanos votaram contra a construção de uma nova usina no mesmo sitio onde anteriormente existia a central nuclear de Ignalina. Ainda pode haver, daqui a 2 anos, um segundo referendo. Uma decisão final sobre o investimento deverá ser tomada até 2015, que segundo a empresa Hitachi, permitiria a nova usina operar em 2022. Bielorússia A Bielorrússia tem uma população de 9,6 milhões de habitantes, a maioria residindo em áreas urbanas. A produção de energia elétrica é mais de 99 % a partir de combustíveis fósseis. O país foi parte da União Soviética até 1991, quando se declarou independente. Em 2011 foi assinado o acordo intergovernamental entre a Rússia e a Belorrússia para a construção da primeira central nuclear do país. O projeto prevê 2 reatores do tipo VVER, AES-2006 de 1200MW (modelo de geração III+) cada um na localidade de “Ostrovetskaya” na província de Grodno. A operação da primeira unidade é prevista pa 2018 e a segunda em 2020. O início oficial da construção da primeira central nuclear do país foi marcado pela concretagem da lage de base na área do reator no site Ostrovets, na Bielorrússia, realizada em 11 de julho de 2011. A segunda começou em abril de 2014. A licença total de construção foi emitida em abril de 2014 para a primeira de duas unidades na planta Ostrovets na Bielorrússia, permitindo que o reator e os edifícios de planta possam ser construídos. Concreto para fundação da unidade foi colocado no final de 2013. Os reatores serão manufaturados pela AEM-Technologies, de São Petersburgo, uma subsidiária da Atommash de engenharia de fabricação de grandes componentes (vasos de pressão, geradores de vapor, partes internas de reatores etc.) situada em Volgodonsk. Todas fazem parte da grande holding nuclear russa Rosatom. O projeto da central na Bielorrússia passará pelos mesmos testes que os aplicados às nações da UE, mesmo não fazendo parte do Bloco. Já a Lituânia decidiu em julho de 2011 que o fornecedor para o novo reator Visaginas será a Hitachi-GE, com o reator tipo ABWR que a usina deverá operar em 2020. C - África / Oriente Médio O continente africano tem enormes reservas fósseis e fontes hidráulicas que podem ser usadas para gerar energia, contudo a eletrificação e o consumo são em níveis muito baixos, em especial nas áreas rurais, uma vez que os países são incapazes de utilizar suas reservas devido às secas extremas, ao alto preço do petróleo, aos conflitos e à falta generalizada de recursos. Os sistemas de transmissão de energia existentes são precários para dar o necessário suporte para a distribuição interna nos países, além de apresentarem altas perdas. Existe a necessidade urgente de oferecer à população do continente eletricidade de qualidade e com confiabilidade. Energia Nuclear está em consideração por mais de 20 países africanos que não a possuem. No Oriente Médio e norte da África estão nesta condição os países do Golfo Pérsico incluindo a União dos Emirados Árabes, Arábia Saudita, Qatar e Kuwait, Yemen, Israel, Síria, Jordânia, Egito, Turquia, Tunísia, Líbia, Algeria, Marrocos, Sudão. No Oeste e Sul do continente: Nigéria, Gana, Senegal, Quênia, Uganda e Namíbia. Existem programas de formação de mão de obra nuclear capitaneados pelos Estados Unidos e na concepção de pequenos reatores (50 a 200MW) que poderiam ser a opção mais econômica para os países mais sem recursos no continente. África do Sul A África do Sul possui dois reatores em operação (Koeberg 1 e 2 - PWR 900 MW cada), que em 2013 produziram 13,64 TWH, cerca de 5,7% da energia elétrica do país. A África do Sul tem um projeto próprio de reator, mas por problemas de financiamento a empresa responsável, PBMR (Pty) Ltd, está em fase de extinção com a retirada do apoio do governo do país, que já havia investido, nos 11 anos de sua existência, cerca de 1,23 bilhão de dólares na empresa que oficialmente pertence à Eskon (Industrial Development Corp) e à Westinghouse. A ex- ministra de Energia, Dipuo Peters, reiterou o compromisso do governo com a energia nuclear e com fontes renováveis, para a redução dos gases de efeito estufa e diversificação da matriz elétrica. Segundo ele, o acidente japonês trará lições que serão aproveitadas nos projetos que estão previstos para operar em 2023, já que nessa indústria experiências são trocadas entre os países, beneficiando a todos. O país pretende construir 9.600 MW de nova capacidade nuclear nas próximas 2 décadas como parte do plano de dobrar o suprimento energético da África do Sul, de 25.000 MW para 50.000 MW, a um custo total estimado de 89 bilhões de euros. Nesse plano estão também energias eólica, a carvão e solar. Em outubro de 2013, um memorando de entendimento entre a empresa sulafricana SEBATA (empresa de engenharia, suprimento e gestão de construção) e a Westinghouse para a preparação para a construção potencial de usinas nucleares AP1000 no país. Arábia Saudita Com uma população de 26 milhões de pessoas e um consumo anual de eletricidade crescente este é o país de maior capacidade instalada na região com cerca de 30 GW. Em 2008, o país assinou acordo de cooperação com os Estados Unidos para desenvolvimento de programa civil de geração nuclear. Em fevereiro de 2011, acordo similar foi assinado com os franceses, e o país também se encontra em conversação com os russos. Em junho de 2011, a Arábia Saudita confirmou seus planos de construir 16 reatores nucleares de potência nas próximas duas décadas a um custo estimado de 80 bilhões de dólares. Esses reatores serão usados em geração de energia e dessalinização de água e os 2 primeiros deverão começar a operar a partir de 2020, seguindo-se todos os demais até 2030. O governo espera que a energia nuclear chegue a 20% do consumo interno nos próximos 20 anos. Há ainda a possibilidade de uso de pequenos reatores (Small reactors) para dessalinização de agua do mar, como o argentino CAREM. Diversos acordos de cooperação foram assinados com fornecedores de reatores (GE Hitachi Nuclear Energy e Toshiba/ Westinghouse; AREVA e EdF) preparando para a concorrência internacional que precederá o início de construção de uma central nuclear. Egito O Egito não dispõe de grande quantidade de combustíveis e a previsão é que as reservas de óleo e gás durem apenas mais três décadas. Por essas e outras razões o Egito deve assinar contrato com uma das seis consultoras estrangeiras que submeteram ofertas à concorrência para desenvolver as atividades que ajudarão o país nos trabalhos preparatórios para a primeira central egípcia. Espera-se que até 2016 já se tenham determinados o tipo e o fornecedor do futuro reator, uma vez que o país pretende construir quatro usinas nucleares até 2030, com a primeira entrando em operação em 2025. O sítio escolhido é El-Dabaa, na costa do Mediterrâneo. As atividades licitadas incluem o treinamento das equipes, em especial em atividades de segurança nuclear e monitoramento de usinas, sistemas de qualidade e de regulação que possibilitem ao país nivelar-se aos padrões internacionais antes da construção das usinas propriamente ditas. Em fevereiro de 2014 o Ministro da Eletricidade informou que 6 países expressaram a intenção de participar da concorrência internacional para a construção da Central nuclear egípcia. Além dessas atividades existem acordos de cooperação com a Rússia para futuros trabalhos em prospecção de minério de urânio, treinamento de mão de obra especializada em questões regulatórias, construção e operação nuclear. O Egito tem dois reatores que são usados em pesquisa de nêutrons e radiografia, física de nêutrons e produção de radioisótopos. Gana Gana tem 24 milhões de habitantes e é uma economia mediana. Sua energia vem da Central de Akosombo, de 1.020 MW (no Rio Volta), que também atende os vizinhos do Oeste da África. A maior parte dessa energia (80%) vai para a companhia americana Valco (Volta Aluminium Company). A empresa russa Rosatom assinou um memorando de cooperação com Gana para criar a infraestrutura necessária para suportar o desenvolvimento de energia nuclear no país. Uma central nuclear pode suprir 10% da energia de Gana até 2020. Um grupo de trabalho foi constituído para esse fim. O país opera um reator de pesquisa de origem chinesa (GHARR-1) desde 1994. Israel O país não faz parte da AIEA e não é signatário dos acordos de não proliferação de armas nucleares (TNP), mas se tem notícia de que desenvolve um completo programa nesse campo, podendo ter forte capacidade nuclear militar. Toda informação nesse contexto de armas nucleares é de difícil avaliação sem o acesso a dados concretos de inteligência do país, o que não é o foco desse trabalho. Uma usina nuclear para geração elétrica não é recomendada para o país, uma vez que o seu grid é pequeno (10.000 MW), mas mesmo assim, em março de 2010, o governo (ministro da Infraestrutura) anunciou que o país passará a desenvolver um programa civil e que a primeira usina deverá operar nos próximos 15 anos. Israel se dedica ao setor de energias renováveis. Israel possui o Centro de Pesquisas Nucleares de Negev, a 13 km da cidade de Dimona (Kamag), e o Soreq Nuclear Research Center (Mamag), a cerca de 55 km de Tel Aviv, em cada um dos quais são operados os dois reatores de pesquisa do país. Jordânia A Jordânia tem um programa civil de energia nuclear e, após assinar memorandos de entendimento com fornecedores de reatores do Canadá (AECL), do Japão e da Coreia do Sul (empresa Kepco), para a seleção do sítio para a construção de sua central nuclear, escolheu, em setembro de 2009, a Tractebel Engineering (GDF Suez company) como parceira no desenvolvimento de tecnologia nuclear e estudos objetivando o uso dessa energia na produção de água potável a partir da água do mar. A Jordânia, que não é produtora de petróleo ou gás, pretende ter 30% de sua energia fornecida por fonte nuclear até 2030, muito disso em decorrência da descoberta de depósitos de urânio em seu território (estimado em 65.000 toneladas) e que o país pretende explorar, apesar da forte objeção dos Estados Unidos. A política americana se recusa a permitir que a Jordânia minere e enriqueça o próprio urânio, condicionando qualquer cooperação nessa área à compra de combustível nuclear no mercado internacional, com o objetivo de evitar, segundo os americanos, problemas de proliferação de armas e/ou outras intenções militares. Enquanto isso a Jordânia assinou contrato de mineração do seu urânio com a Areva, com duração de 25 anos. A concorrência internacional para o projeto de uma central de 1.000 MW teve a Atomstroyexport (Rússia) como vencedora. A empresa financiará 49% do projeto ficando o restante sob a responsabilidade do governo da Jordânia. O modelo escolhido foi AES92 (VVER 1000MW). A central deverá se localizar em Majdal, a 40 km ao norte de Amman, com refrigeração a partir de uma estação de tratamento de esgoto. Os contratos estão sendo preparados, mas ainda não foram assinados. O país esperava começar a construção de sua unidade nuclear (750-1.200 MW) em 2014, para chegar à operação do primeiro reator em 2020 e do segundo em 2025. Um contrato para a construção de um reator de pesquisa de 5 MWt foi assinado com a Coreia do Sul em dezembro de 2009, que servirá tanto para produção de radioisótopo como também para treinamento do corpo funcional no país. A previsão é que este reator entre em operação em 2016. O acidente de Fukushima não trouxe modificações na política nuclear do país. Em maio de 2012 o Parlamento votou a favor da suspenção do programa nuclear no país, incluindo a exploração de urânio conforme havia sido recomendado pelo Comitê Parlamentar de Energia e Recursos Minerais, mas A JAEC - Jordan Atomic Energy Commission diz que isto representa apenas a cautela de todo o processo. Namíbia Metade da energia elétrica do país é suprida pela África do Sul, que também enfrenta problemas internos de suprimento. A Namíbia não possui usinas de geração elétrica nuclear, mas é o 1º. produtor africano de urânio e o quarto maior produtor no mundo. De acordo com o governo, o país vai usar esse potencial para desenvolver sua indústria nuclear e na geração de energia por meio de centrais nucleares destinadas a complementar o mix energético do país. A previsão é ter uma usina produzindo energia em 2018, mas não há evidência nas atividades nucleares que suporte esta afirmação. A política para o urânio e para a energia nuclear deverá contemplar todo o ciclo do combustível. Em novembro de 2012 começou a construção da Swakop Uranium’s Husab Project após a assinatura do contrato de engenharia, procura e construção (EPC). A Swakop Uranium é uma entidade cujos proprietário são a China Guangdong Nuclear Power Company Uranium Resources Company Limited e o fundo China-Africa Development Fund. Nigéria A Nigéria tem a capacidade instalada total de 2 GW (dados de 2013) e não possui reatores nucleares de potência em operação, mas possui um reator de pesquisas operando desde 2004 no Centre for Energy Research and Training na Universidade Ahmadu Bello em Zaria. Segundo a Comissão de Energia Atômica da Nigéria (NAEC), o país deverá construir uma central nuclear nos próximos três anos para a produção de eletricidade e, para isso, um programa de recrutamento e qualificação de mão de obra especializada no campo nuclear será lançado no país, que se comprometeu a seguir todas as normas de segurança estabelecidas por organismos internacionais de regulação. Em agosto de 2011 a empresa russa Rosatom e o governo da Nigéria finalizaram uma proposta de cooperação intergovernamental em projeto, construção, operação e descomissionamento da 1ª usina nuclear do país, que deverá ter 1.000 MW de potência e iniciar a operação em 2020. A central em questão irá acrescentar mais capacidade até 4.000 MW até 2030. A licença do sítio (que pode ser Kogi e Akwa Ibom) é esperada para 2013, segundo informou o governo. Quênia No início de 2011, o Kenya's National Economic and Social Council (NESC), entidade governamental destinada a acelerar o crescimento econômico do país, recomendou que se começasse um programa nuclear como forma de atender às crescentes necessidades de energia e que tomasse as providências para que uma usina estivesse disponível em 2020. O ministro de Energia do Quênia, Kiraitu Murungi, formou um comitê de 13 especialistas para preparar um plano detalhado, com cronograma, e está procurando sítios ao longo de sua costa para a construção de uma usina nuclear, que deverá atender aos requisitos que a AIEA exige para essa atividade. A empresa KenGen, a maior produtora de eletricidade, está procurando parceiros para uma Central nuclear de até 4.200 MW, tentando dessa forma reduzir os problemas causados pelas secas que reduzem os reservatórios de água usados na geração hidroelétrica (65% da geração interna). O processo de gestão do projeto nuclear do país começou com o recrutamento de pessoal especializado, inicialmente composto de um líder de equipe do projeto de viabilidade, auditor interno, contador financeiro, gestor de contratos, assistente jurídico e assistente de auditoria relacionada com planos de construir um projeto de energia nuclear. O órgão regulador ERC estima que o pico de demanda de energia do país está em cerca de 1.200 MW contra uma capacidade instalada de 1.500 MW, e é projetada para o país uma necessidade mínima de 1.800 MW até 2016. Além da África do Sul, apenas o Quênia na região subsaariana tem planos de construção de central nuclear como forma de atender suas necessidades energéticas a curto prazo (2015). Turquia A Turquia importa a maior parte da sua energia. Em 2011 produziu 228 TWh de energia elétrica (com capacidade instalada em 64% térmicos e 36% renováveis), para atender uma população de 72 milhões de habitantes. Nesse contexto a Turquia abriu, em março de 2008, concorrência internacional para a construção de até 4.000 MW de capacidade nuclear para início de construção até 2015, com a possível reativação do projeto Akkuyo, que havia sido suspenso em 2000. Em setembro de 2009 o embaixador turco na AIEA, Ahmet Ertay, informou que seriam construídos pela Rússia 5 reatores tipo VVER-1200 no sítio de Akkuyo, na costa mediterrânea, com capacidade de 5.000 MW e que estavam em estudos um segundo projeto com capacidade de 10.000MW em um sítio separado ainda não licenciado no Mar Negro (Sinop). No final de 2010 os acordos assinados entre a Turquia e a Rússia foram ratificados pelos respectivos Parlamentos e definidos os critérios para a venda da energia nuclear gerada para a empresa turca TETAS, que comprará 70% do total produzido pelas duas primeiras usinas (1.200 MW cada) em Akkuyo. Esse projeto foi orçado em 20 bilhões de dólares e a primeira usina está com operação prevista para 2021. Em 2013 os responsáveis pelo projeto Sinop, localizado na costa do Mar Negro, cuja concorrência internacional se encontra em andamento, informou que a empresa coreana Kepco havia sido desclassificada na concorrência que agora tem como principais participantes as empresas MHI e Areva. O país escolheu em 2013 o consórcio franco-japonês Mitsubishi Heavy Industries – GDF Suez para o projeto Sinop. O projeto Sinop consiste de 4 reatores (capacidade total de 4.500 MW) e a construção deve ser iniciada em 2017 com a primeira unidade estando pronta em 2023. O projeto está orçado em 22 bilhões de dólares O país fará os mesmos testes que as nações da EU na questão da segurança das usinas, mesmo não fazendo parte do Bloco. O acidente de Fukushima não trouxe modificações na política nuclear do país. União dos Emirados Árabes Em 2008, após um grande estudo, o governo resolveu que, para atender ao crescimento do consumo de energia na região, o país precisa dobrar a capacidade disponível e que a melhor fonte para atender a essa necessidade seria a energia nuclear. Acordos de cooperação foram assinados com vários países para suporte a um programa civil de energia nuclear que pretendem ter em operação até 2020 três usinas nucleares de 1.500 MW cada uma. A Coreia do Sul venceu a concorrência internacional para a construção da primeira central nuclear (quatro reatores) dos Emirados Árabes com o reator APR-1.400. O contrato assinado por Korea Electric Power Corporation (Kepco) e Emirates Nuclear Energy Corporation (ENEC) chega a 40 bilhões de dólares, e as quatro unidades suprirão 25% da eletricidade do país. O sítio selecionado para a primeira central é Braka, próximo a Doha (capital do Qatar) e a 240 km de Abu Dhabi, e pode conter até quatro reatores. No final de março de 2011 foi realizada a cerimônia de início de construção da central em Braka, e se prevê o início da operação comercial para 2017. Além disso, foram contratadas seis empresas para o suprimento das diversas etapas do combustível nuclear para a futura usina pelos próximos 15 anos. Já foi assinado (agosto de 2012) um acordo de cooperação com a Austrália que permite que empresas australianas produtoras de urânio exportem o material para os Emirados. Em outubro de 2012 foi iniciada a construção da usina Barakah-1 com a colocação do primeiro concreto, e em maio de 2013 começou a concretagem da segunda usina Barakah-2 no mesmo sítio. A licença para a construção das unidades 3 e 4 já foi solicitada. D – Ásia Localização aproximada das usinas nucleares na Ásia A região da Ásia-Pacífico é fortemente dependente de fontes térmicas para geração de energia, com cerca de 60% da energia de China, Japão, Coreia do Sul e Índia vindos dessas fontes. A mudança do mix de geração é esperada para a região, com a energia nuclear ganhando maior destaque. Com o rápido crescimento apresentado na China é provável que o número de reatores na região dobre até 2020. Hoje são 7 os países detentores de energia nuclear e se espera que sejam 21 em 2020. Cazaquistão O Cazaquistão não possui nenhuma usina nuclear em operação, mas já teve uma usina em Aktau no Mar Cáspio com um reator rápido (BN350) de fabricação e operação russa em atividade de 1972 até 1999. Devido à sua grande capacidade de produção de urânio (é o maior produtor mundial de minério de urânio e tem cerca de 15% das reservas mundiais), o Cazaquistão tem um grande peso na indústria nuclear. O país é capaz de converter urânio altamente enriquecido (HEU) em urânio de baixo enriquecimento (LEU) na sua fábrica Ulba (Ulba planta metalúrgica em UstKamenogorsk), como fez em agosto de 2011, quando 33 kg de urânio altamente enriquecido foram convertidos em LEU, conforme relatado pela National Nuclear Security Administration dos EUA - NNSA), que está cooperando com o Cazaquistão para modificar o reator de pesquisa e torná-lo capaz de usar LEU combustível. Em seu novo plano de energia 2030 o país pretende ter seu suprimento atendido em 4,5% por centrais nucleares aproveitando o fato de ser o maior produtor mundial de urânio. Ministro da Indústria e Novas Tecnologias Isekeshev confirmou que, embora a construção de uma usina nuclear ainda não esteja muito na agenda, o processo é visto como um objetivo a longo prazo e que nenhuma decisão foi tomada ainda sobre o tipo de reator, o local ou o momento do projeto. Um projeto para a construção de pequenos reatores nucleares russos em Aktau está em consideração há vários anos, e estudos de viabilidade e estudos ambientais já foram realizados. Planos para usinas nucleares, incluindo reatores de água leve grandes para a região do sul, unidades menores em partes do oeste e unidades de cogeração menores em cidades regionais também já foram discutidos em várias ocasiões. Em 30 de maio de 2014 (NucNet), a Russia e o Cazaquistão assinaram um acordo que pode levar a cooperara na construção de uma central nuclear no país A russa Rosatom informou que o acordo ora assinado cobre o projeto, construção, comissionamento, operação e o futuro descomissionamento e que o reator deverá ter a capacidade entre 300 e 1200 MW . Ambos os países tem ainda a intenção de cooperar na produção do combustível e também na de componentes. China A China é hoje o maior consumidor de energia do mundo (5.245 TWh em 2013), de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica. A demanda chinesa por bens e produtos é tão grande que tem enorme impacto no mercado global. O país tem pouca disponibilidade de petróleo e gás, mas é rico em carvão e o seu consumo leva a grande pressão ambiental quanto à emissão de gases. Além dos problemas com emissões de poluentes para o meio ambiente, o abastecimento de água é precário e as disparidades regionais levam a tensões internas. Atualmente 83% da geração de eletricidade chinesa vêm da queima do carvão, enquanto que no mundo esse valor é de 36%. A intenção do governo é baixar essa dependência para 15% da geração de energia, sem, portanto, as emissões produzidas pelos combustíveis fósseis. No que tange à energia nuclear o país tem, até o fim de 2014, 23 usinas em operação (18.998 MW) e o governo chinês prevê a construção de mais 200GW de capacidade nuclear nos próximos 20 anos. De acordo com a IAEA existem 26 usinas em construção (com capacidade total prevista de 25.756 MW). Todos os grandes fornecedores já fizeram suas ofertas ao governo chinês, uma vez que este é o maior negócio mundial em geração nuclear da atualidade. Só para a Areva a China irá pagar 12 bilhões de dólares por 2 EPR já contratados. A opção chinesa pela energia nuclear está associada à grande demanda por energia e à estratégia do governo de diversificar ao máximo sua matriz energética para evitar colapsos no fornecimento. A matriz energética da China é baseada, hoje, essencialmente, em carvão. O consumo per capita do país é cerca de metade do brasileiro, mas a população é quase sete vezes maior. A empresa chinesa CNNC realiza ampla cooperação internacional em energia nuclear, combustíveis nucleares e aplicações da tecnologia nuclear e, além disso, estabeleceu intercâmbio de ciência e tecnologia e relações econômicas e comerciais com mais de 40 países e regiões, incluindo Rússia, França, Alemanha, Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Paquistão, Mongólia, Cazaquistão, Jordânia, Níger, Argélia, Namíbia, Austrália etc. A Atomstroyexport, da Rússia, confirmou que fechou acordo com a chinesa Jiangsu Nuclear Power Corporation (JNPC) para a construção dos reatores 3 e 4 na Central de Tianwan. Em 2014 a China informou que já está fabricando domesticamente o seu vaso de reator modelo de AP1000 que será usado na usina Sanmen 2 que está sendo construída pela State Nuclear Power Technology Corp (Snptc) na província de Zhejiang. O gerador de vapor também foi fabricado na China e aprovado nos testes. Em janeiro de 2011, a China anunciou ter desenvolvido uma tecnologia de reprocessamento de combustível nuclear que reaproveitará integramente o urânio irradiado e o plutônio de suas usinas, tornando o país autossuficiente em combustível nuclear. Tecnologias de reprocessamento não costumam ser compartilhadas entre os países. A usina Qinsham 3, que é tipo Candu (PHWR) e usa normalmente urânio natural, está usando, desde março de 2010, combustível reprocessado. Este teste indica que a China está começando a encontrar uso para seu estoque de urânio reprocessado (RepU) e que tem preocupação com o suprimento de urânio para suas usinas. A usina chinesa de Tianwan agora está operando em um ciclo de combustível estendido de 18 meses depois de fornecimento da empresa russa TVEL (Rosatom). O TVS-2M é o combustível usado atualmente em usinas Balakovo e Rostov da Rússia, e recebeu aprovação regulatória para uso em fábricas chinesas após a conclusão de um estudo piloto com seis montagens TVS-2M em Tianwan 1. O mesmo combustível será usado em Tianwan 2 e nas unidades 3 e 4 em construção na mesma Central. Este combustível TVS-2M, será fabricado na planta da China Yibin usando a tecnologia transferida da TVEL. A China ordenou um amplo programa de inspeção de segurança em suas usinas após o acidente de Fukushima. A aprovação de novos reatores ficou condicionada aos resultados desses testes. Locais mais sujeitos a atividades geológicas graves estão sendo descartados como sítios para novas usinas, assim como áreas densamente povoadas, condições estas que não preocupavam os chineses antes. Os testes realizados nas centrais em operação não encontraram problemas de segurança. Todo o sistema de segurança está sendo reavaliado, e só então novas licenças serão liberadas, informou o ministro de Meio ambiente, Li Ganjie. Ainda assim, de acordo com o secretário-geral da Associação de Energia Nuclear da China, Xu Yuming, o país continua comprometido com os 80 GW nucleares previstos para 2020. Coréia do Sul A Coréia do Sul é a quarta maior economia da Ásia, mas não possui fontes energéticas em seu território, importando cerca de 97% de suas necessidades, inclusive todo o petróleo e urânio que utiliza. O país está fazendo esforços para, além de reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, diversificar as fontes de geração de energia elétrica. Atualmente, o carvão é a maior fonte geradora do país, suprindo 42% da eletricidade coreana. O consumo de eletricidade per capita é cerca de 3 vezes maior que o brasileiro. A mais recente usina a entrar em operação comercial foi Shin-Wolsong (PWR 960 MW), em janeiro de 2012, cujo design é coreano (Improved Korean Standard Nuclear Plant - OPR 1000). Até 2024, segundo o governo coreano, deverão ser construídas mais 8 centrais além das atualmente em construção. A política energética do país privilegia as iniciativas nucleares, levando em consideração a segurança e a confiabilidade de suprimento de energia, uma vez que a Coreia do Sul não dispõe de fontes energéticas em seu território. O consumo de eletricidade per capita é cerca de três vezes maior que o brasileiro. A Coreia do Sul tem sua demanda por eletricidade crescendo a 4% ao ano há uma década e tem um plano de exportação de tecnologia que pretende vender até 80 reatores até 2030. Esse plano tem se mostrado satisfatório com a venda de reatores para os Emirados Árabes e para a Jordânia. Apesar da queda na satisfação do público interno com a energia nuclear devido ao acidente de Fukushima, as previsões de novos reatores é de 29 unidades contra as 33 anteriormente previstas. O país pretende continuar com a sua expansão nuclear e mesmo plantas antigas como Kori 1 (de 1978) continuam a gerar energia. Em julho de 2011 uma comissão internacional de especialistas nucleares da AIEA esteve na Coreia para verificar e assegurar as boas práticas desenvolvidas no país. Recomendações de melhorias foram feitas à luz do evento de Fukushima, sem ressalvas que comprometessem o bom funcionamento das usinas. Em 2014 a Coreia do Sul aprovou um plano para construir duas usinas nucleares, no valor de US $ 7 bilhões, apenas duas semanas depois que o país anunciou a intenção de reduzir a participação da energia nuclear no fornecimento de energia total para 29% até 2035 (em vez de 41% em 2030) . Os dois reatores teriam uma capacidade de 1.400 MW cada e devem ser concluído até o final de 2020, a um custo de Won 7.600 bilhões (US $ 7 bilhões). Índia País Índia usinas em operação 21 capacida de atual (MW) 5.308 usinas em construção 6 capacidade em construção (MW) 3.907 Energia Nuclear % do total gerada 2013 gerado em (TWH) 2013 30,3 3,5 A Índia enfrenta extraordinário desafio de conciliar uma enorme e crescente população, um rápido desenvolvimento da economia e uma infraestrutura ultrapassada. Uma das consequências foi a enorme falha do sistema elétrico do país entre julho e agosto de 2012 que deixou sem energia mais de 600 milhões de pessoas. Na Índia cerca de 40% da população (450 milhões de pessoas) não têm qualquer acesso à eletricidade. O país atende à maioria de suas necessidades de eletricidade com carvão (68%), hidroelétricas (15%) e gás (8%), mas para fazer frente às gigantescas necessidades de energia de um país com mais de 1,15 bilhão de habitantes e cujo consumo é apenas 4% da energia per capita dos Estados Unidos ou 25% do consumo per capita do Brasil é preciso muito mais. O mercado de fornecedores nucleares espera que até 2020 sejam encomendados 25 novos reatores (cerca de 20 GW). A Índia possui considerável quantidade de tório (290.000 toneladas). A Índia tem 21 reatores nucleares em operação (5.308 MW) que produziram em 2013 cerca de 3,5% da energia do país, que correspondeu a 30,3 TWh . Existem atualmente 6 usinas em construção (3.907 MW) e mais 10 PHWR de 700 MW e 10 LWR de 1.000 MW estão planejados oficialmente e devem iniciar a construção até 2015. A capacidade nuclear instalada do país deve atingir 10.080 MW em 2017, quando todas essas usinas em construção deverão estar prontas. De acordo com o ministro de Energia, Sushilkumar Shinde, o país tem planos de chegar a 63 GW nucleares nos próximos 20 anos. Em 13 janeiro de 2014 o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, lançou a pedra fundamental de uma nova usina nuclear perto da aldeia de Gorakhpur, a 200 km a leste da capital Nova Deli, informou a Companhia de Energia Nuclear da Índia Limited (NPCIL). A nova estação, conhecida como Gorakhpur Haryana Anu Vidyut Pariyojna (GHAVP), será composta de quatro unidades de 700 megawatts (MW). Eles serão reatores de água pesada pressurizada (PHWR) utilizando urânio natural como combustível. O projeto é indiano e os reatores serão construídos aos pares pela NPCIL. A concretagem da primeira unidade se iniciará em junho de 2015 e a segunda no início de 2016. As duas unidades serão comissionadas em 2020 e 2021, respectivamente. As necessidades em infraestrutura, geração, transmissão e distribuição devem levar a um gasto de 150 bilhões de dólares, de acordo com a consultoria KPMG. A Índia desenvolve um programa próprio de geração nuclear com ênfase em reatores PHWR (22 unidades), a maioria com 220 MW de capacidade. Contudo, também possui 2 reatores BWR (150 MW cada), 2 PWR (1.000 MW cada) e 1 FBR. A Índia tem um programa sólido de construção de usinas e busca fortalecer seu sistema de geração nuclear com o acréscimo de mais 470 GW até 2050 (planejadas mais 39 usinas) e atingir 25% da sua eletricidade por fonte nuclear. Construir mais capacidade nuclear é a proposta do governo para fazer frente ao racionamento constante e severo que o país vive. A Índia não é signatária do TNP – Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, e por possuir um programa de armas nucleares, e por isso vinha enfrentou problemas de fornecimento de combustível nuclear para as suas usinas. Dentre os reatores em operação e em construção, somente 6 estão abertos a inspeções pela AIEA. A partir de 2008 o fornecimento de material sensível à Índia está liberado. Com isso as empresas americanas estão autorizadas a fornecer material, equipamento e tecnologia nuclear ao país. O isolamento internacional devido à não participação no TNP levou a Índia a desenvolver tecnologia própria e a formar internamente seus especialistas. O governo também desenvolve um projeto de submarino de propulsão nuclear, de 7.000 toneladas, construído na Índia e baseado no modelo russo Akula I (deverão ser 5 unidades). A Rússia, que fornece 70% do equipamento bélico ao país, entregou o primeiro submarino à Índia em dezembro de 2011. No sistema de gestão de resíduos o tratamento é feito no próprio sítio das usinas e um sistema para reprocessamento dos rejeitos nucleares está adiantado e ajudará muito a mitigar o problema de escassez de energia do país. O combustível das usinas PHWR são reprocessados em Bhabha Atomic Research Centre (BARC) em Trombay, Tarapur e Kalpakkam para extrair o plutônio que é usado em reatores “FAST BREEDER”. O país estoca o produto do reprocessamento de combustível das demais usinas. O acidente no Japão trouxe dúvidas aos habitantes e provocaram protestos nos sítios nucleares que estariam mais sujeitos a terremotos e enchentes. As autoridades prometeram reexaminar esses projetos no que diz respeito à segurança e a mecanismos de reação a acidentes severos, aplicando os melhores e mais modernos critérios internacionais. O governo se reservava o direito de manter a opção nuclear, garantindo que a considera a melhor fonte energética, principalmente com relação à redução de emissões de gases do efeito estufa. Irã País Irã usinas em operação 1 capacida de atual (MW) 915 usinas em construção 0 capacidade em construção (MW) 0 Energia Nuclear % do total gerada 2013 gerado em (TWH) 2013 3,89 1,5 O início do programa nuclear iraniano data do final dos anos 1950 e início de 1960 quando os americanos forneceram um pequeno reator de pesquisas, e assinou um acordo em 1957 se comprometendo a fornecer ao Irã dispositivos nucleares, equipamentos e a treinar especialistas. Antes da revolução islâmica eram previstos até 23 reatores de potência para geração de eletricidade. O Irã tem uma usina em operação (Bushehr, PWR 1.000 MW) conectada à rede em setembro de 2011, e produziu em 2013 um total de 3,89 TWh, cerca de 1,5% da energia do país. Cerca de 70% da eletricidade foi produzida com gás e 25.5% a partir de petróleo, ambos abundantes no país. O consumo por habitante é cerca de 2.000 kWh. As obras da única central foram iniciadas em 1975 por um consórcio alemão (Siemens/KWU) e paralisadas em 1980, após a revolução islâmica (1979), quando os alemães acompanharam o embargo americano e quebraram os contratos existentes na época. A construção foi retomada, após anos de paralisação, com o auxílio da Rússia e a aprovação da AIEA, sendo concluída após diversos atrasos provocados pelas mais diversas razões. A operação da usina, o suprimento de combustível e a guarda dos rejeitos estarão a cargo da Rússia pelos próximos 3 anos. Atualmente o país planeja construir outros 5 reatores nucleares, para atingir cerca de 10% da energia do país, conforme informa o governo, fazendo assim frente aos racionamentos que têm ocorrido na região. Os 2 primeiros reatores seriam um reator água leve de 360 MWe em Darkhovin/ Darkhoveyn, no Rio Karun, na região da província de Khuzestan, e o outro seria um VVER -1000 (russo) no mesmo sítio de Bushehr. O Irã tem um programa nuclear que contempla beneficiamento e enriquecimento de urânio que, conforme a AIEA, é inferior a 5%, mas que tem trazido grandes problemas ao país em relação à comunidade internacional, que o acusa de ter intenções bélicas no processo e de já ter material suficiente para a construção de uma bomba nuclear. O país nega essas intenções, uma vez que o enriquecimento para a fabricação de arma nuclear deve ser em torno de 90%, e que todo o seu urânio se destina à geração futura de energia elétrica. De toda forma, segundo o WNA-World Nuclear Association, os recursos minerais em urânio conhecidos não são expressivos. Segundo o último relatório da AIEA, apresentado em fevereiro 2013, o Irã produz atualmente urânio enriquecido a 3,5% ou a 20% em dois complexos, Natanz e Fordo. Atualmente um reator de 360 MW com tecnologia iraniana se encontra em construção. Ele foi projetado por especialistas iranianos e o combustível nuclear será também fabricado no país. A data prevista para o comissionamento é 2017. Este reator nuclear (IR-360) foi projetado tendo como base da 1 ª unidade de PWR NPP "Beznau" (Suíça). Também está em construção o reator nuclear de água pesada de 40 MW. Já houve relatos de que o país planejava ter 20 GW capacidades nucleares até 2020, mas hoje confirmado o Irã planeja construir quatro novas unidades, com a participação da Rússia. A Rússia e o Irã já tem um acordo preliminar para a construção de mais duas unidades no mesmo sítio da usina nuclear de Bushehr. A primeira unidade de Bushehr, concluído pela Rússia. Japão País usinas em operação capacidade atual (MW) usinas em construção Japão 48 42.388 2 capacidade em construção (MW) 1325 Energia Nuclear % do total gerada 2013 gerado em (TWH) 2013 13,95 1,7 O país como um todo depende de fontes externas de energia primária em 96%. O Japão tem 48 reatores (42.388 MW) em condição operacional. Desses apenas 2 produziram 13,95TWh de energia em 2013, o que representou 1,7% da energia do país. Há 2 usinas em construção (Shimane 3 e Ohma 1– ABWR 1.300 MW, cada) e nove reatores fechados permanentemente. Existem ainda planos para ampliações de vida útil e potência. Em maio de 2012 todas as 48 usinas nucleares japonesas estavam desligadas. Em setembro apenas 2 reatores (Ohi 3 e 4) haviam retornado à operação e estavam gerando energia para a rede. Os demais reatores só serão religados após o término e a aprovação dos testes de estresse. É necessário ainda aprovação das prefeituras locais para o retorno à operação dos reatores ora parados. O desligamento dos reatores nucleares no Japão levou a um forte aumento das importações de petróleo para alimentar suas usinas a óleo combustível, necessárias para preencher a lacuna de menor energia fornecida pela energia nuclear. Isso também pode ajudar a explicar por que o país vive hoje, pela primeira vez nos últimos cinco anos, um déficit comercial. Essa condição energética só piora o alto nível de endividamento, muito provavelmente vai levar a um reinício de reatores nucleares. Na verdade, o novo primeiro-ministro, Shinzo Abe, já tem falado muito sobre esse assunto. Pós-Fukushima Em junho de 2011, o governo japonês, por intermédio do ministro da Indústria, Kaieda, determinou que todas as usinas, exceto as 6 unidades de Fukushima e 2 na central de Hamaoca, estão em estado de segurança para continuar em operação no país. Medidas de segurança para acidentes severos estão sendo implementadas em todo o país, que não pode, neste momento, prescindir dessa energia. Em outubro de 2011 operavam 11 dos 54 reatores anteriores ao terremoto (Tomari-3; Kashiwazaki-Kariwa-5 e -6; Mihama -2, Ohi-2, Takahama-2 e -3; Shimane-2; Ikata-2; Genkai-1 e 4). A maior parte dos que permanecem parados estão passando pelos testes de estresse no mesmo modelo dos europeus, e outros pelas revisões anuais previstas nas leis japonesas. O governo ordenou que todos os reatores permanecessem desligados até o término dos testes. Em novembro de 2011 as nucleares em operação eram apenas 18,5% da capacidade nuclear do país, e em termos de produção de energia foram 9,4% da sua geração total, o que representou 6,73 TWH. As decisões que serão tomadas pelo Japão sobre a continuação do uso da energia nuclear no país terão que levar em consideração a falta de opções energéticas disponíveis e o custo das decisões para uma população já extremamente abalada. O ministério da Economia, Comércio e Indústria estimou que a substituição da energia nuclear por outra fonte térmica custaria ao governo 3 trilhões de ienes ou 37 bilhões de dólares por ano (cerca de 0,7% do PIB japonês). O melhor mix energético para o país continua em discussão e nenhuma decisão foi ainda tomada, mas de qualquer forma o país continua com sua política de exportação da tecnologia nuclear, mantendo todos os acordos assinados, mesmo se ela não for mais usada domesticamente. O governo japonês está tentando desenvolver um programa de energia de longo termo. A decisão sobre o mix de energia para até 2030 deverá ser tomada entre os três cenários disponíveis em que a energia nuclear varia de zero a 20% ou 25%. Existem cálculos nos quais o plano de gerar 20% da energia do Japão em renováveis por meio, por exemplo, de centrais eólicas em terra, exigiria uma área comparável ao total da ilha Kyushu (uma das 4 ilhas principais que compõem o país, com área de 42.191 Km²). A alta densidade populacional pode levar a uma reação da população conhecida como NIMB – not in my backyard (não no meu quintal) – que pode fazer o público ser contra qualquer projeto energético. Para fazer frente a essa indisponibilidade de energia gerada por nucleares, o Japão foi forçado a importar combustíveis como óleo, gás e carvão para geração elétrica térmica com um custo adicional de cerca de 4,3 trilhões de ienes (55 bilhões de dólares ou 42 bilhões de euros) por ano. As descargas de gases do efeito estufa aumentaram cerca de 1,2 gigatone/ano como resultado direto do desligamento das nucleares. Outra consequência foi a solicitação de redução do consumo de energia feita em maio pelo governo aos habitantes em geral num montante de 15% do total na área atendida pela empresa Kepco, que opera Ohi (4 reatores), Mihama (3) e Takahama (4) e de 5% a 10% no restante do país para evitar racionamento compulsório. Fukushima foi um acidente extremamente sério, mas não produziu uma única fatalidade. De acordo com os especialistas em radiação, as emissões decorrentes dele não atingiram níveis que possam causar danos irreparáveis ao meio ambiente ou à saúde das pessoas (mesmo para os trabalhadores envolvidos nos processos de emergência). A empresa operadora da central – Tepco – examinou 3.700 trabalhadores e, desses, 127 receberam alguma dose de radiação, mas nenhum deles está em risco de uma doença imediata por conta da radiação. Em 20 ou 30 anos existe a possibilidade (até 5%) de desenvolverem alguma enfermidade se continuarem a se expor à radiação devido a doses acumuladas. A Electric Power Development (conhecida como J-Power) vai retomar as obras de construção de uma central de energia atômica na província de Aomori, no Norte do Japão. Esta será a primeira usina a ser construída no país após o acidente nuclear de Fukushima. Ao final de 2013 o Japão mais uma vez viu-se sem energia nuclear com toda a sua frota desligada devido as pendencias de revisões regulatórias. No entanto, de Kansai Ohi 3 e 4 estavam em operação até as paradas programadas de abastecimento e manutenção em setembro. Até o final de 2013, 16 unidades japonesas tinham pedido permissão para reiniciar sob novas regras Autoridade Regulatória Nuclear. Os religamentos de usinas são aguardados pelos operadores. Kyushu EPC espera reiniciar as duas unidades Sendai em julho e também as duas Genkai até janeiro de 2015. As nove empresas de energia nuclear japonesas relataram perdas financeiras de 16 bilhões de dólares (1,59 trilhões de Yens) no ano de 2012 terminado em 31 de março de 2013. Paquistão País usinas em operação capacidade atual (MW) usinas em construção Paquistão 3 690 2 capacidade em construção (MW) 630 Energia Nuclear % do total gerada 2013 gerado em (TWH) 2013 4,37 4,4 A eletricidade no Paquistão é 62% derivada de combustíveis fósseis e 33% de hidrelétricas. Para os restantes 5% o Paquistão tem três usinas nucleares em operação (Chasnupp 1e 2, PWR 300 MW cada e Kanupp, PHWR - 125 MW) na região do Punjabe. Existem dois reatores em construção (Chasnupp 3 e 4, PWR, 315 MW cada uma), com os quais se pretende diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. As novas unidades estão programadas para entrar em operação comercial em dezembro de 2016 e outubro 2017, respectivamente. Em 2013 foram gerados 4,37 TWh de eletricidade de fonte nuclear, cerca de 4,4% do total do país no ano. O Paquistão informou que assinou contrato com a China (China National Nuclear Corporation – NNC) para a construção de uma quinta unidade, cujas obras ainda não se iniciaram. Em abril de 2009 foi noticiado que o governo paquistanês aprovou a construção de mais dois reatores nucleares que se localizarão no Complexo de Chashma e terão 340 MW de capacidade instalada cada um, sendo fornecidos pela China a tecnologia e o combustível enriquecido. Uma vez que o Paquistão é detentor de armas nucleares, a China não revelou detalhes da negociação para evitar ainda mais controvérsia nesse assunto. Em maio de 2011 foi iniciada a construção da quarta usina no país (Chashma Nuclear Power Plant Unit 3, também conhecida como Chasnupp 3). É um PWR de 340 MW brutos sob responsabilidade da China, e deverá entrar em operação em 2016. Em agosto de 2013 foi assinado o contrato para duas novas usinas - Karachi Coastal Nuclear Power Project que compreenderão 2 reatores ACP1000. Este é o primeiro contrato de fornecimento de tecnologia chinesa fora da China. O custo previsto é 9,5 bilhões de dólares e a construção poderia começar em 2015. Os rejeitos são tratados e guardados nas próprias usinas. Existe proposta de construção de repositório de longa duração. Taiwan País Taiwan (China) usinas em operação capacidade atual (MW) usinas em construção capacidade em construção (MW) 6 5.032 2 2.600 Energia Nuclear % do total gerada 2013 gerado em (TWH) 2013 39,82 19,1 Taiwan tem 6 usinas em operação (2 PWR e 4 BWR) que, segundo a AIEA, produziram39,82 TWh de energia , em 2013, ou cerca de 19,1% da energia do país. Os 2 reatores Lungmen (PHWR 1.350 MW) estão em construção (em torno de 90% pronto) em New Taipei City. As usinas Chinshan 1 e 2 (BWR 636 MW cada) iniciaram a operação em 1978 e 1979, respectivamente. A central Kuosheng tem 2 reatores BWR de 985 MW cada. As usinas Maanshan são PWR com 951 MW cada. O governo de Taiwan convocou comitê para estabelecer um mecanismo multidisciplinar de verificação de segurança nuclear e de preparação para respostas a emergências em centrais. À luz dos eventos de Fukushima, o governo se preocupa em especial com as usinas na costa da China que são muito próximas do país e sobre as quais não pode atuar. Foi feita a proposta e o convite para que os dois países trabalhem juntos nessa questão. Vietnã Nos últimos 20 anos, a produção de energia no Vietnam aumentou mais de 10 vezes, crescendo a uma taxa média de 13% / ano, a partir de 12 TWh em 1994 para cerca de 130 TWh em 2013. Enquanto isso, o consumo de energia per capita aumentou, chegando a 1.445 kWh / cap, ou seja, 8 vezes o volume médio de 1994 (175 kWh). Em consequência disso o primeiro-ministro vietnamita declarou, em maio de 2010, a intenção de construir até 8 reatores. O ministro da Indústria e Comércio do Vietnã anunciou a intensão de construir duas centrais nucleares, com dois reatores cada uma, na província de Ninh Thuan, que deverão estar em operação entre 2020 e 2022. Em 2010 o governo assinou acordo com a Rússia para a construção da Central 1 (Ninh Thuan Nuclear Power Plant 1, com dois reatores) se localizará em Phuoc Dinh Commune, no distrito de Ninh Phuoc. A operação do primeiro reator está prevista para 2020 e o segundo reator desta central um ano depois. Dentro deste contrato também está incluído o fornecimento do combustível. O operador da Central será a empresa estatal Electricity of Vietnam (EVN). A Central 2 (Ninh Thuan Plant 2, com dois reatores) será instalada em Vinh Hai Commune, distrito de Ninh Hai, mas não há contrato ainda, mas já acordo com o Japão para a sua construção, com previsão de operação em 2021. O Consórcio ‘International Nuclear Energy Development of Japan Co.’ (JINED) será o principal fornecedor neste projeto. Em 2012 a Coreia e o Vietnam assinaram acordo para a preparação dos estudos de viabilidade de construção da Terceira Central no país com mais dois reatores de modelo e projeto coreano. De acordo com o diretor da Agência Vietnamita para Segurança Nuclear e Radiação, a Central 1, de modelagem russa, com potência de 1.200 MW, sendo que também já foram assinados os memorandos para treinar os novos especialistas do país. A AIEA afirmou que o Vietnã está bem preparado para começar a desenvolver um parque nuclear e que apoiará o país no desenvolvimento de procedimentos de segurança e de resposta a emergências. Atualmente já existe uma equipe de mais de 800 pessoas trabalhando nos institutos de energia, radiologia e segurança nuclear no país. Agora o processo pode sofrer atrasos e redução de quantitativos, mas as autoridades anunciaram que prosseguem com os planos de construir pelo menos quatro reatores. Todos os grandes fornecedores (chineses, coreanos, franceses, russos, japoneses e americanos) estão ativamente trabalhando para conseguir fechar estes contratos. Em julho de 2013 as partes concordaram em “acelerar a cooperação para especificar o projeto” o que seria um passo importante para a assinatura de um contrato. Ásia – Outros As Filipinas, a Indonésia e a Malásia estão em processo de reavivamento de seus antigos programas nucleares. Malásia A Malásia já tem luz verde de sua população, que apoia a construção de usinas nucleares e está em processo de reconstrução do conhecimento técnico necessário por meio de programas de visitas técnicas e de treinamento para projeto, construção e operação de centrais. Os estudos para a seleção de um sítio adequado já foram autorizados pelo governo. O país é fortemente dependente de gás (64%) e carvão (25%) e tem a intenção de diversificar a matriz elétrica. Filipinas No caso das Filipinas, inicialmente um grupo de especialistas da AIEA foi convidado para organizar um processo multidisciplinar e independente para verificar se a antiga usina nuclear Bataan Nuclear Power Plant, que, apesar de pronta, nunca operou, pode ser ligada com segurança, tornando-se uma alternativa local para a geração de energia. Atualmente, está em vigor o contrato com a empresa coreana Kepco para a execução desses mesmos estudos. Bangladesh Bangladesh assinou em 01 de novembro de 2011 um contrato com a Rússia com o objetivo de construir 2 usinas nucleares de 1.000 MW, cada uma, no Nordeste do país, na região de Rooppur, que devem estar prontas até 2018. O contrato também inclui o suprimento de combustível e a gestão do resíduo que será levado de volta à Rússia após o uso. O crescimento recente do país e a pouca disponibilidade de energia (as existentes reservas de gás estão quase extintas) contribuíram para que o governo decidisse fazer esse negócio de três bilhões de dólares. Em 2007 ao país recebeu a aprovação da AIEA para seu projeto nuclear. O governo conduz um estudo detalhado para o marco regulatório de seu programa nuclear e tem mantido as conversações com a AIEA e com consultores independentes sobre este assunto. O país também pretende assinar os acordos internacionais pertinentes a um programa nuclear civil. Em setembro de 2011 o Ministro de Relações Exteriores de Bangladesh, Dipu Moni, informou que o país deverá ter sua primeira usina em operação em 2022. O país mantém seu programa nuclear com o objetivo de garantir o suprimento adequado de energia elétrica depois de 2020. Em outubro de 2013 a Rosatom anunciou iniciou os trabalhos de préconstrução para a instalação de uma usina de 2.000 MW de energia nuclear no Rooppur em Pabna (Bangladesh). A empresa russa vai construir, operar e fornecer combustível para o projeto. Atomstroyexport vai iniciar uma série de testes em um contrato de EUA $ 46 milhões, enquanto que a Comissão de Energia Atômica de Bangladesh (BAEC) também vai realizar exames por conta própria. Os testes incluem a avaliação de viabilidade, de impacto ambiental, desenvolvimento e pesquisa de engenharia, o desenvolvimento do programa global de pesquisa de engenharia, as condições antrópicas na área do projeto e local, e de engenharia e de pesquisa hidro meteorológicos. Em abril de 2014 foi assinado o terceiro contrato com a Rosatom que prevê a criação de uma base de construção no local da usina nuclear e a organização das obras até a colocação do primeiro concreto da construção dos reatores em 2020. E - Austrália A Austrália é o nono maior produtor de energia no mundo e aproveita o benefício da abundante diversidade de recursos energéticos. O continente australiano é rico em urânio, possuindo cerca de 40% de todas as reservas mundiais economicamente exploráveis. O país não tem nenhuma usina nuclear comercial em operação, mas, por meio do Australian Nuclear Science and Technology Organisation, opera o reator de pesquisas OPAL perto da cidade de Sidney. Devido a problemas de fundo político o país hoje atende a menos de 20% das necessidades mundiais. Recentemente a Austrália assinou acordo de cooperação autorizando seus exportadores de urânio a fornecer o combustível aos Emirados Árabes, que constroem atualmente suas primeiras usinas nucleares. O ministro de Relações Exteriores disse que o acordo, que ainda deve ser aprovado pelo Parlamento, atenderá ao suprimento nuclear de material, a componentes e tecnologia associada para a provisão de energia dessa fonte. Outro acordo importante foi o realizado pela empresa BHP Billiton, uma mineradora baseada na Austrália, para a venda de seu depósito de urânio em Yeelirrie (capacidade estimada em 139 milhões de libras peso de U 3O8 , para a empresa canadense Cameco, a um custo de 430 milhões de dólares. O negócio ainda depende de aprovação dos departamentos do governo australiano que regulam esse tipo de transação. Este é provavelmente o maior depósito mundial de urânio conhecido. O urânio vem sendo minerado na Austrália desde 1954, e existem 4 minas em operação atualmente. Outras estão planejadas. Os recursos uriníferos na Austrália são os maiores conhecidos no mundo com cerca de 31% do total. Em 2012 a Austrália produziu 8.244 toneladas de U3O8 (equivalente a 6.991 toneladas de Urânio natural). É o terceiro maior produtor mundial atrás apenas do Cazaquistão e do Canadá.