PLANIFICAÇÃO CENTRADA NA PESSOA À PROCURA DE CAMINHOS PARA A MUDANÇA USANDO A PLANIFICAÇÃO CENTRADA NO FUTURO DA PESSOA Texto cedido no curso de “Formação de Educadores para Pessoas com Múltipla Deficiência e Deficiências Sensoriais” da Universidade Presbiteriana Mackenzie-2001 Um manual de valores, idéias e métodos para encorajar o desenvolvimento de uma abordagem centrada na pessoa. “Que nunca se ponha em dúvida que um pequeno grupo de cidadãos responsáveis e empenhados possa mudar o mundo; na verdade, é essa a única forma”. Margaret Mead por Dr. Beth Mount “Este projeto é em parte assistido pelo Programa Hilton Perkins da Escola Perkins para cegos, WATERTOWN, MASS.U.S.A. O Programa Hilton Perkins é subvencionado por uma doação da Fundação Conrad N. Hilton, de RENO, NEVADA-U.S.A.” Fonte: Tradução espanhol Planificación Centrada em la Persona – Como lograr el cambio mediante la planificación de futuros personales. – Por Beth Mount/1992. PLANIFICAÇÃO CENTRADA NA PESSOA PROJETO HORIZONTE 2 INDICE CAPITULO 1- OS VALORES E A FILOSOFIA DO DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA O ponto de mudança nos serviços de recursos humanos: cinco questões básicas como é que descrevemos as pessoas? como é que encaramos e planejamos o futuro? quem é que toma as decisões? Quem é que manda? em que aspectos da comunidade é que acreditamos? que confiança depositamos nos Serviços? CAPITULO 2- AS TAREFAS E OS INSTRUMENTOS DA PLANIFICAÇÃO CENTRADA NO FUTURO DA PESSOA Os valores que regem a Planificação Centrada no Futuro da Pessoa CAPITULO 3- À DESCOBERTA DAS CAPACIDADES DAS PESSOAS: O PERFIL INDIVIDUAL Esforçar-se por conhecer a pessoa tarefa: desenvolver a descrição das capacidades orientando uma sessão sobre o Perfil Individual planificando um Processo de Perfil Individual eficaz CAPITULO 4- DESENVOLVENDO UMA VISÃO DE FUTURO Comparando imagens do futuro categorias, prioridades e esquemas temporais Instrumento: a reunião de planificação do Futuro da Pessoa CAPITULO 5-O APOIO ÀS PESSOAS AO LONGO DO TEMPO A equipe interdisciplinar desempenha papéis fundamentais Explorando o papel do facilitador tarefa: reuniões de acompanhamento e reestruturação CAPITULO 6- MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES Instrumento: preparando uma plataforma para mudança orientações para um debate com as agências APÊNDICE Exemplo de um Perfil Individual PROJETO HORIZONTE 3 RESUMO Este manual foi elaborado para dar aos seus leitores uma compreensão básica acerca dos valores e dos métodos que um processo de planificação baseado no futuro da pessoa representa. A planificação baseada no futuro da pessoa é um instrumento que ajuda outras pessoas a implementar um conjunto emergente de convicções e valores que damos pelo nome de ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA. As práticas de trabalho centradas na pessoa estão em contraste com as convicções dominantes e as práticas no campo da deficiência conhecidas por CENTRADAS NO SISTEMA. Estas práticas e convicções, que estão em mútuo contraste, são passadas em revista no Capítulo 1, "Os valores a filosofia do desenvolvimento centrado na pessoa". A Planificação do Futuro da Pessoa é uma abordagem usada pelas pessoas que fazem programação e que se servem de métodos centrados na pessoa. "As tarefas e os instrumentos para uma planificação centrada na pessoa" são descritos no Capítulo 2. Uma planificação centrada na pessoa encoraja-nos a assumir a orientação da vida das pessoas, aprendendo a identificar os seus interesses, talentos e desejos. Todos os dias chegamnos notícias de que as pessoas, no seu quotidiano, exprimem as suas preferências individuais, desafiando-nos a distinguir, através dos rótulos, deficiências e necessidades que tão freqüentemente usamos para as definir, a descobrir e a explorar os seus interesses e talentos. No Capítulo 3, "À descoberta das capacidades das pessoas", descreve-se o esforço necessário para ficarmos realmente a conhecer as pessoas e mostra-se como se elabora um registro das suas vidas baseando-nos nas suas capacidades. À medida que aprendemos a olhar para as pessoas de um modo diferente e começamos a imaginar o que é a vida através dos seus olhos e das suas experiências, podemos então começar a sonhar com uma vida para as pessoas, onde elas possam expressar os seus talentos e interesses. No Capítulo 4, descreve-se o processo de "desenvolvimento de uma visão de futuro", apresentando-se um desenho dos valores e dos processos que orientam o desenvolvimento de um sonho. Uma abordagem para o desenvolvimento centrado na pessoa desafia-nos a construir uma rede de apoio pessoal constituída por pessoas empenhadas que trabalham na implementação dos ideais. Um dos grandes desafios que se nos levanta quando implementamos uma visão pessoal é a criação e o acompanhamento de um grupo de apoio ao longo do tempo. No 4 Capítulo 5, "O apoio às pessoas ao longo do tempo", fornece-se sugestões para o PROJETO HORIZONTE desenvolvimento e renovação de um grupo de apoio. À medida que os grupos de apoio aumentam o seu empenho e a capacidade para resolver problemas em conjunto, desenvolvem respostas únicas que por sua vez também fazem aumentar o ajustamento entre os interesses da pessoa e as oportunidades que se lhe deparam na vida da comunidade. Para a prestação desses serviços de apoio, os grupos utilizam os recursos do sistema. Os processos burocráticos, que conhecemos tão bem, provocam freqüentemente mais problemas do que a concessão de apoio a que se destinam. No Capítulo 6, "Mudança organizacional", avança-se com sugestões que visam aumentar a capacidade de resposta das organizações. PROJETO HORIZONTE 5 CAPÍTULO 1 OS VALORES E A FILOSOFIA DO DESENVOLVIMENTO CENTRADO NA PESSOA Vivemos um tempo de desafio para os profissionais que como nós trabalham em locais onde se prestam serviços de recursos humanos a pessoas com deficiências. Estamos aprendendo mais coisas sobre a capacidade de ouvir as pessoas com deficiência e a adaptar os nossos serviços para o apoio a estilos de vida válidos para cada pessoa, processo este a que chamamos desenvolvimento BASEADO NA PESSOA. Contudo, muitos de nós trabalhamos em locais que prestam serviços de recursos humanos que se encontram organizados segundo uma filosofia CENTRADA NO SISTEMA, em vez de estar centrada na pessoa. Atualmente, à medida que formos abandonando a prática e o pensamento subjacentes a uma abordagem centrada no sistema, vamos ter que enfrentar um ponto de mudança nos serviços de recursos humanos. Aprendemos, igualmente, novas formas de pensamento e práticas que se concentram na construção de uma vida em comunidade para todas as pessoas. Neste capítulo apresenta-se uma síntese dos valores ligados ao desenvolvimento centrado na pessoa em contraste com os princípios e práticas do desenvolvimento centrado no sistema. A Planificação do Futuro da Pessoa é aqui descrita como um instrumento que pode auxiliar as pessoas a implementarem os ideais do desenvolvimento centrado na pessoa. A Planificação do Futuro da Pessoa é encarada tanto como um instrumento de programação como uma forma diferente de olhar e pensar sobre as pessoas com deficiência. Esta nova forma de encarar tal problemática é vivamente ilustrada pela narração da história do Sr. Tom Miller que põe em contraste a abordagem centrada no sistema com a abordagem alternativa centrada na pessoa. Porque é que o desenvolvimento centrado na pessoa é tão importante? As experiências que as pessoas com deficiência têm em comum revelam que elas sofrem de rejeição, isolamento, pobreza e discriminação em resultado das suas diferenças. Freqüentemente, as práticas da abordagem centrada no sistema reforçam estas experiências desagradáveis, pois fazem crescer a estigmatização e a segregação bem como são responsáveis pelas grandes distâncias a que as pessoas com deficiência se encontram das suas comunidades locais. A abordagem centrada na pessoa procura inverter estas dolorosas realidades, esforçando-se por apoiar a contribuição que cada pessoa pode dar na vida da sua comunidade local. PROJETO HORIZONTE 6 O desenvolvimento centrado na pessoa convida-nos a: 1)descobrir e desenvolver os talentos de cada pessoa, 2)desenvolver uma visão que expresse esses talentos, 3)criar um grupo de apoio que realize estes ideais, 4)criar uma rede comunitária de aceitação, e 5)provocar mudanças nos serviços para que estes passem a dar uma resposta mais capaz aos interesses das pessoas. Cada uma destas idéias é apresentada para discussão nas páginas que se seguem. Atenção aos dons e as capacidades, sonho e desejos Planejar um futuro rico na vida comunitária Apoiar as tomadas de decisões pessoais e comunitárias Controle Profissional Recusa a Comunidade Construir relações comunitárias e de aceitação Serviços Deficientes Adaptar e Modificar os serviços Serviços que dão respostas as necessidades Deficiências Programas Diferenciados 7 PROJETO HORIZONTE CENTRADO NO SISTEMA Atenção aos dons e as capacidades, sonho e desejos Adaptar e Modificar os serviços Planejar um futuro rico na vida comunitária Deficiências Serviços Deficientes 5 CENTRADO NO SISTEMA 4 Serviços que dão respostas as necessidades Programas Diferenciados 1 Recusa a Comunidade 3 2 Controle Profissional Apoiar as tomadas de decisões pessoais e comunitárias Construir relações comunitárias e de aceitação O PONTO DE MUDANÇA NOS SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS: Diferenças entre os princípios da abordagem centrada no sistema e os princípios da abordagem centrada na pessoa. COMO É QUE DESCREVEMOS AS PESSOAS? A mudança para uma abordagem centrada na pessoa desafia-nos a valorizar cada pessoa como um ser único, cheia de talentos e de possibilidades, a abrir caminhos para a descoberta das nossas experiências comuns e a trabalhar em conjunto para construir uma vida em que esses talentos possam ser partilhados com os outros. PARTINDO DA ABORDAGEM CENTRADA NO SISTEMA -centra a sua atenção nos rótulos -dá ênfase às deficiências e às necessidades -investe em testes e avaliações estandardizadas -está dependente de pareceres profissionais -produz relatórios escritos -encara as pessoas inseridas no contexto dos sistemas de serviços de recursos humanos -distancia-se das pessoas ao valorizar a diferença PARA A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA -olha em primeiro lugar para a pessoa PROJETO HORIZONTE 8 -procura descobrir as capacidades e os talentos de cada pessoa -gasta tempo e esforça-se por conhecer as pessoas -está dependente das informações dadas pelas pessoas, pela família e pelos trabalhadores dos serviços diretos, para obter uma boa descrição da pessoa em causa -coleta dados relativos aos costumes da pessoa a partir das informações prestadas por pessoas que a conhecem bem -encara a pessoa no contexto da sua comunidade local -une as pessoas através da descoberta das experiências que têm em comum. A descrição da deficiência do Sr. Miller, retirada de avaliações escritas compiladas por profissionais especializados, resume o ponto de vista dominante sobre a sua pessoa, que se consubstancia principalmente nas diferenças que o separam das outras pessoas. Um ponto de vista contrário a este, baseado na afirmação das capacidades, relata uma história diferente de Tom Miller, fundamentada nos costumes e nas descrições feitas pelas pessoas que o conhecem muito bem. Esta abordagem de mudança para as capacidades realça os interesses, os talentos e todos as contribuições que vão ter um impacto significativo no modo como a pessoa encara também o seu futuro. DIFERENÇAS ENTRE UMA DESCRIÇÃO DA DEFICIÊNCIA E UMA DESCRIÇÃO DAS CAPACIDADES QUEM É TOM MILLER? SOB O PONTO DE VISTA DA DEFICIÊNCIA... O Sr. Miller é um homem com 17 anos de idade. Apresenta deficiência auditiva desde o nascimento e também de cegueira. Não se conseguiu recolocar a retina deslocada por causa dos seus comportamentos de auto-agressão e das suas tendências. Costuma referir-se que os seus comportamentos na escola são muitas vezes violentos. Antes de ficar cego, era conhecido por ser muito violento e também por ter esporadicamente comportamentos que incluíam tendências para o isolamento. Continua a manter tendências de exibição de comportamentos esteriotipados. As pessoas têm medo dele. Tem problemas quanto à permanência nas tarefas, zanga-se com facilidade e atira-se de costas para o chão. Atraso mental, provavelmente de severo a moderado. Nunca teve um emprego. A habilidade vocacional é muito difícil. Quando consegue ficar sentado por mais de dez minutos, fica muito cansado e PROJETO HORIZONTE 9 preguiçoso, deita-se sobre a mesa e tenta adormecer. É muito difícil trabalhar com ele. Apresenta uma mobilidade motora muito pobre. Nas tarefas que implicam estar sentado e trabalhar com rotinas bem determinadas, ele fica aborrecido rapidamente. A marcha autônoma com bengala é muito hesitante. Não domina a linguagem verbal. Os seus pontos fracos são: expressão oral, compreensão oral, expressão escrita, compreensão da escrita, raciocínio matemático, incapacidade para manter relações interpessoais satisfatórias, e a capacidade de aprendizagem adequada ao nível esperado. As suas capacidades variam do nível dos 3 anos até acima do nível dos 9 anos. As Escalas de Comportamento Adaptativo Vineland mostram um desempenho de comportamentos adaptativos muito fraco. ALGUMAS QUALIDADES POSITIVAS QUE NÃO FORAM LEVADAS EM CONTA ENTRE AS AFIRMAÇÕES NEGATIVAS Quando o sr. Miller é confrontado com uma tarefa tal como por exemplo: uma simulação de montagem, ele tenta servir-se da sua capacidade de resolução de problemas para solucionar a tarefa ao nível do seu melhor. O sr. Miller pode beneficiar do uso de ferramentas durante o treino vocacional. Ele responde apropriadamente aos elogios, sorrindo. É muito independente. Capta rapidamente o esquema de uma rotina e cumpre o plano estabelecido. Capacidade de iniciativa completamente independente. É capaz de escrever o seu nome e algumas palavras bem como de adquirir outras capacidades acadêmicas. Não se têm notado problemas quando se encontra na sua comunidade local. QUEM É TOM MILLER? SOB O PONTO DE VISTA DE CAPACIDADES... É uma pessoa encantadora. Tem sentido de humor e consegue rir com as pessoas. Tem muita vida. Tem boas capacidades de iniciativa e consegue tomar conta de si próprio. Tem uma família muito grande e é irmão de Marty. PROJETO HORIZONTE 10 É esperto. Não tem comportamentos agressivos para outras pessoas. Consegue entreter-se sozinho. Gosta de agradar às outras pessoas. Gosta de música, de sentir as vibrações e de sentir as colunas de som. Gosta de nadar e de estar dentro de água. Gosta de ir fazer compras, experimentar roupa e de ir à mercearia. Gosta de jogos de vídeo. Os carros fascinam-no, começou a fazer um quando tinha seis anos. Tem muito jeito para coisas mecânicas. Descobriu como é que funciona a máquina de lavar roupa que abre pela parte de cima! Consegue fazer com que a imagem da TV fique desregulada para logo em seguida estabiliza-la. Gosta de andar de automóvel e dos limpadores de pára-brisas. Gosta de sair na rua para ir à igreja, a restaurantes, passear pelos jardins, ir aos centros comerciais, fazer equitação e nadar. Gosta de desenhar, de quebra-cabeças, de marcadores e do seu livro de comunicação. É importante para ele estar com a sua família. Ele sabe quando é que as pessoas não gostam dele, quando o estão a rejeitar. MANEIRAS QUE O SR. MILLER SE SERVE PARA QUE AS PESSOAS O ACEITEM Tem um longo passado de comportamentos auto-agressivos. É surdo e cego e tem dificuldades de comunicação com os outros. É um jovem bastante forte e as pessoas assustam-se devido ao seu porte e figura estranha. Tem sido muito incomodado e sente-se frustrado. Fica frustrado quando as pessoas não fazem um esforço para comunicar com ele. Ele não gosta de certas atividades tais como pedalar na bicicleta de manutenção. COMO É QUE ENCARAMOS E PLANEJAMOS O FUTURO? A mudança para uma abordagem centrada na pessoa desafia-nos a descobrir e a inventar um sonho para cada pessoa; a termos a arte de criar um modo de vida que proporcione uma maior participação das pessoas na vida da comunidade bem como o sentimento de que elas a ela pertencem. PROJETO HORIZONTE 11 PARTINDO DA ABORDAGEM CENTRADA NO SISTEMA -planifica programas para toda a vida -oferece um número limitado de opções de programas de intervenção, normalmente em ambientes de segregação -as opções desta abordagem baseiam-se em estereótipos sobre as pessoas com deficiência -preocupa-se com o preenchimento de vagas, ocupação de camas, colocações e términos dos processos. -sobrevaloriza as tecnologias e as estratégias clínicas -organizada para agradar aos financiadores, aos legisladores, às políticas e aos regulamentos. PARA UMA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA -cria um estilo de vida agradável -perspectiva um número ilimitado de experiências agradáveis -descobre novas possibilidades para cada pessoa -preocupa-se com a qualidade de vida -valoriza os sonhos, os desejos e as experiências que têm significado para as pessoas -organizada para responder às necessidades das pessoas. O futuro da deficiência do sr. Miller resume-se nas perspectivas negativas acerca do seu futuro anunciadas no processo de planejamento de programas tradicionais. Este futuro de deficiência sugere a escolha por uma opção de segregação na qual se vai valorizar a redução dos comportamentos negativos. A abordagem oposta que acredita num futuro de capacidades dá-nos uma outra versão acerca das possibilidades do sr. Miller. Esta alternativa de futuro valoriza o aumento da experiência comunitária e da vida em comunidade, através da integração, de um trabalho com significado para a pessoa, de uma verdadeira família e amigos. UM FUTURO DE DEFICIÊNCIA PERSPECTIVAS LIMITADAS SOBRE O FUTURO DO SR. MILLER Uma sala de aula para deficientes mentais treináveis numa escola de segregação. Necessita do apoio direto do fonoaudiologo, professores itinerantes que apóiam deficientes auditivos e visuais, um especialista em orientação e um terapeuta ocupacional. Precisa de instrução individual em Orientação e Mobilidade. Melhorar as capacidades expressivas e receptivas da (linguagem gestual) linguagem de sinais. Melhorar as capacidades de cálculo, o nível postural/ocular e aumentar a resistência e PROJETO HORIZONTE 12 coordenação físicas. Medicação psicotrópica. Um programa de gestão de comportamentos para reduzir os comportamentos de autoagressão, de destruição de bens e de agressividade em relação aos outros. Controle dos comportamentos de auto-agressão inadequados, mantendo a prescrição anterior de Navane e Cogentin. Deve fazer um exame médico e todos os 60 dias a avaliação da medicação. Emprego protegido no qual possa familiarizar-se facilmente com tarefas tais como as ligadas à montagem. Não pode viver na sua comunidade local devido aos comportamentos. Necessita de um ambiente estável e previsível. Atualmente, parece que este requisito pode ser satisfeito com maior propriedade em instalações próprias para estes casos. Necessita de supervisão diária contratada, os recursos médicos devem estar sempre disponíveis. Necessita de serviços integrados e aumentativos para os deficientes auditivos e visuais, prestados por pessoal habilitado, apoio emocional estruturado, acompanhamento (follow-up) psicológico, monitorização médica, envolvimento e proximidade familiar, treino de orientação vocacional, atividades da vida diária estruturadas e treino de desempenho de capacidades domésticas. PROJETO HORIZONTE UM FUTURO DE CAPACIDADES UMA VISÃO POSITIVA SOBRE O FUTURO DO SR. MILLER MAIS IMAGENS SOBRE O FUTURO DE TOM MILLER VIDA NA COMUNIDADE Membro do centro estudantil – Ginásio. Vida Familiar: Apoiar os familiares para visitas, ir jantar, ir nadar, ir à lavanderia uma vez por mês. Ir à jantares, ir à igreja ESCOLA AMIGOS Escola Secundária próxima a casa da família. Estar com crianças da mesma idade e tamanho. Treinar, fazer ginástica e nadar. Participar na equipe de futebol e basquete. Fazer amizade com outros alunos Um dia completo RECRAÇÃO: Ativa / Física Caminhar Nadar Andar a cavalo Bowlling Ir as compras Ir ao Centro Comercial EXPLORAÇÃO ARTÍSTICA BOA EDUCAÇÃO Aprendizagem de: Desenhar, planejar, modelar com argila, explorar diferentes meios. EXPLORAÇÃO VOCACIONAL Tarefas domésticas Computação Atividades de tempo livre Atividades vocacionais Interprete indivídual Consistência Ativo, sem aborrecimento Lavar carros e vasilhas Eletricidade Juntar coisas CASA Casa com quintal Companheiro de quarto, alguém conhecido, talvez irmão Próximo da família (mas não no mesmo quintal). Habilidades domésticas Cozinhar Lavar Compras para almoço 13 14 PROJETO HORIZONTE EXPERIÊNCIAS VOCACIONAIS Computadores Muito Estimulante Juntar coisas Instalar parabrisas Armar alarmes e detectores de fumaça Lavar Carros Serviços eletrônicos. Ex: TV TOM ESCOLA Capacitação e Experiência Vocacional COMUNIDADE E RELAÇÕES Fazer amigos Participar na equipe de atletismo Participação ativa dos familiares Ir aos bailes e/ou numa organização da comunidade Habilidade de relação Arriscar-se a recusa CHAVES PARA ÊXITO LUGARES Escola Secundária Escola Secundária Escola Secundária Comunicação Constante Interpretação um a um Consistente mas não chateado Estar com crianças de sua mesma idade e altura Uma transição planejada Gente que Tom conhece Treinamento de Orientação e Mobilidade Ampliar compreensão de seus métodos de comunicação QUEM É QUE TOMA AS DECISÕES? QUEM É QUE MANDA? A abordagem baseada na pessoa desafia-nos a aprender com as pessoas o modo de resolução de problemas, levando isso o tempo julgado necessário para que as mudanças realmente significativas possam acontecer. PROJETO HORIZONTE 15 PARTINDO DA ABORDAGEM CENTRADA NO SISTEMA. -controle profissional. -os profissionais é que sabem. -delega o trabalho nos trabalhadores dos serviços diretos. -confia em equipes interdisciplinares estandardizadas para produzir planos de intervenção. -dirige os seus esforços para a organização de conferências tendo em vista as conveniências dos profissionais. -toma atitudes ativas para cumprir regras e regulamentos. -gasta imenso tempo em fazer planificações e pouco tempo na intervenção direta. -responde às necessidades baseando-se na descrição dos postos de emprego. -cria distância devido aos processos burocráticos. PARA A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA -partilha as decisões com a própria pessoa, a sua família e amigos. -dá poder aos trabalhadores dos serviços diretos para que tomem as melhores decisões. -cria equipes que centram a sua atividade na pessoa e que resolvem os problemas com tempo à medida que eles aparecem. -dirige os seus esforços para a comunidade, organizando coisas que incluam a pessoa, a família e os trabalhadores dos serviços diretos. -faz reflexões em conjunto como base para o estabelecimento de prioridades. -gasta imenso tempo a intervir diretamente, e algum tempo a refletir. -dá respostas às pessoas baseadas na partilha de responsabilidade e no empenho pessoal. -partilha os desafios, trabalhando em cooperação. O futuro da deficiência de Tom depende da coordenação dos esforços de um certo número de profissionais especializados. Se estes profissionais podem dar importantes contribuições para o futuro de Tom, o seu mapa de relações sociais mostra um grupo muito mais vasto de pessoas que podem também participar na mudança da qualidade da sua vida. DIFERENÇAS ENTRE AS EQUIPES INTERDISCIPLINAR E INTERVISIONÁRIA A EQUIPE É INTERDISCIPLINAR PARA O SR. TOM MILLER Conselheiro vocacional Especialista habilitado em Orientação e Mobilidade 16 PROJETO HORIZONTE Técnico de Psicomotricidade Enfermeira Terapeuta de recreação Nutricionista registrado Farmacêutico Terapeuta Ocupacional Assistente social Médico Examinador EducacionalComunidade Rob Bettye Charise Derron Damon Mary Ann Professora Escola Família Loretta Anita Igreja Iona Professora Dan Pastor Tia e Tio Jan – Pe (Olimpiadas) Outros Estudantes Irmão Pai Tom Mãe Carlos Dr. Kolby Kard Espec. em Visão Cindy DMR Provedores de serviços Dr Lester Dentista K. Hunter SCS Virginia DUR Vovó e Vovô Brenda Pat Primos Drs, Infermeitos e Assistente Social Gente que vive com Tom Residência KF / MR PROJETO HORIZONTE 17 A EQUIPE INTERVISIONÁRIA PARA O SR. TOM MILLER EM QUE ASPECTOS DA COMUNIDADE É QUE ACREDITAMOS? A abordagem centrada na pessoa desafia-nos a aprender outras maneiras de estabelecer relações sociais, a encontrar espaços acolhedores na vida da comunidade e a inventar novas formas de experiências comunitárias. PARTINDO DA ABORDAGEM CENTRADA NO SISTEMA... -a comunidade rejeita -protege e junta as pessoas a quem já foi posto um rótulo. -preocupa-se com o lado assustador, perigoso e explorador da sociedade. -simula a existência de condições de segurança nos ambientes segregados. -evita os preconceitos através do reforço da segregação. -busca soluções prontas a usar que reforçam a rejeição. ...PARA A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA -a comunidade pode ser acolhedora. -negocia a aceitação através do estabelecimento de relações sociais. -procura a segurança e constrói redes de confiança. -procura associações, ambientes e pessoas que facilitem novas experiências. -convida ao envolvimento através da procura e construção de espaços abertos. -investe e empenha-se em compromissos de longo prazo para construir espaços de abertura na vida da comunidade local. 18 MUDAR PARA A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA ENCORAJA A PROJETO HORIZONTE EXPLORAÇÃO DA VIDA ASSOCIATIVA NA COMUNIDADE COMO É QUE OS ELEMENTOS DA COMUNIDADE DESENVOLVEM AS SUAS RELAÇÕES SOCIAIS? Quais são as atividades que fazem juntar as pessoas? Como é que as pessoas aprofundam as suas relações ao longo do tempo? Quais são os padrões da reciprocidade? De que modos é que as pessoas partilham os interesses comuns? Quais são as redes informais que fazem juntar as pessoas? COMO É QUE OS MEMBROS DA COMUNIDADE DESENVOLVEM A SUA VIDA ASSOCIATIVA? Quais são as associações existentes na comunidade? Por exemplo: Clubes: artísticos, de negócios, de colecionadores, de homens, grupos de mulheres Organizações de serviços acontecimentos cívicos associações étnicas Health Clubs ou grupos ligados à prática de exercício físico; grupos desportivos. Grupos de apoio pessoal e comunitário. Quais são as comunidades religiosas que têm uma vida associativa rica? Quais são as comunidades artísticas que têm uma vida associativa rica? Quais os locais de comércio ou cívicos que são simultaneamente o centro de uma rede de pessoas? Que locais são centros de redes de voluntários? COMO É QUE OS MEMBROS DA COMUNIDADE DESENVOLVEM A SUA ACTIVIDADE COMERCIAL? Quais são os locais de comércio? Compras Negócios Serviços Que oportunidade há de nos tornarmos conhecidos nesses lugares? Quais são os locais de comércio, indústria e governo? PROJETO HORIZONTE 19 QUAL É A CONFIANÇA QUE DEPOSITAMOS NOS SERVIÇOS? A abordagem centrada na pessoa desafia-nos a fazer transformações dramáticas na estrutura e nos processos da oferta de serviços. PARTINDO DA ABORDAGEM CENTRADA NO SISTEMA..... -os serviços não são capazes de dar resposta às necessidades individuais -os serviços existem para manter os interesses dos profissionais -os orçamentos estão estruturados para manter os investimentos em imóveis e propriedades. -os serviços estão envolvidos numa teia burocrática complexa e sem esperança -os serviços são impessoais -os serviços fazem sofrer mais do que ajudam -a qualidade depende de garantias de ordem burocrática -as novas iniciativas só valem a pena se puderem ser rapidamente implementadas em larga escala ...PARA A ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA -os serviços podem adaptar-se às pessoas e dar-lhes respostas -os recursos podem ser distribuídos para servir os interesses das pessoas -os orçamentos podem ser estruturados de forma a criar pacotes individualizados de apoio às pessoas -as pessoas pagas pelos sistemas de serviços podem prestar cuidados e apoio pessoal. -os serviços podem prestar os apoios que as pessoas achem úteis -a qualidade depende de um bom sistema de informação e da criatividade -vale a pena tomar iniciativas quando começam com pouco e se vão desenvolvendo ao longo do tempo EM DIREÇÃO A UM SERVIÇO DE APOIO CENTRADO NA PESSOA NÃO MAGOEM AS PESSOAS: EXCERTOS DE UM GUIA DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA PARA A AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS E SUAS ALTERNATIVAS por John McKnight AS RESPOSTAS DOS SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS APRESENTAM QUATRO CARACTERÍSTICAS ESTRUTURALMENTE NEGATIVAS 1. Os serviços realçam os aspectos da deficiência e não valorizam as capacidades das pessoas. 2. Os serviços vivem do dinheiro que os orçamentos oficiais lhes atribuem o que reduz 20 a importância das suas receitas ao mesmo tempo em que aumentam as despesas com os PROJETO HORIZONTE programas que estão sob a sua alçada. 3. Os serviços fazem depender de especialistas e de instituições a resolução dos problemas enquanto reduzem a capacidade de intervenção dos cidadãos e das comunidades. 4. Um ambiente saturado com serviços vai intensificar a dependência, estimular os desvios e neutralizar o potencial positivo de programas individuais em que os serviços intervêm. DECIDIR PELO RECURSO À INTERVENÇÃO DE UM SERVIÇO DE RECURSOS HUMANOS PODERÁ CRIAR A TENDÊNCIA PARA: 1. Prejudicar a noção das capacidades e da auto-estima de um deficiênte. 2. Reduzir os rendimentos e as opções de emprego do deficiente. 3. Diminuir a participação do deficiente na vida da comunidade. 4. Diminuir o poder do utente na tomada de decisões como cidadão. "EXISTIRÁ UM TIPO DIFERENTE DE ABORDAGEM QUE NÃO RECORRA A UM SERVIÇO DE RECURSOS HUMANOS E QUE SEJA MAIS EFICAZ E TENHA MENOS EFEITOS NEGATIVOS?" EXISTEM TRÊS ALTERNATIVAS POSITIVAS: 1. Identifique-se as capacidades, os desempenhos ou as contribuições potenciais de uma pessoa. Que políticas, recursos ou atividades podem ter como resultado o exercício, a expressão, a visibilidade e a ampliação dessas capacidades? 2. Possibilite-se a criação de receitas em vez de se dar acesso a serviços de recursos humanos pagos de antemão. Que oportunidades se podem criar para dar às pessoas um controle direto sobre os apoios que necessitam, a fim de os poderem escolher, contratar e supervisionar? 3. Procure-se que haja participação na vida da comunidade e em atividades cívicas em vez de intervenções dos serviços. O desafio que se enfrenta é o desenvolvimento de políticas que estimulem a hospitalidade das associações de cidadãos e dos grupos comunitários. Dessa forma, poder-se-á integrar e partilhar as capacidades de todos aqueles que foram excluídos devido aos rótulos que lhes colocaram. PROJETO HORIZONTE 21 CAPÍTULO 2 AS TAREFAS E OS INSTRUMENTOS DA PLANIFICAÇÃO CENTRADA NA PESSOA A planificação centrada no futuro da pessoa é um processo contínuo de mudança no qual procuramos pôr de lado os métodos da abordagem centrada no sistema e implementar práticas centradas na pessoa. Neste capítulo encontra-se um resumo das seis tarefas e dos respectivos instrumentos da planificação centrada no futuro de cada pessoa. MUDANDO A MANEIRA COMO OLHAMOS PARA AS PESSOAS A história sobre Tom Miller narrada no capítulo 1 recorda-nos que o modo como a abordagem centrada no sistema encara as pessoas pode introduzir graves distorções no modo com nós compreendemos as pessoas. O processo tradicional de avaliação e rotulação acaba por desmembrar as pessoas ao dividir o que é fundamentalmente um todo na sua natureza humana em diferentes categorias clínicas que necessitam tratamento. Quanto mais indefesas se encontram as pessoas neste ritual que valoriza e realça os aspectos da deficiência, mais provável será que elas se tornem objetos do sistema. As pessoas sofrem bastante do ponto de vista psíquico e inclusivamente do ponto de vista físico em resultado das afrontas que têm de suportar face aos sistemas impessoais. A abordagem centrada na pessoa pede-nos que não nos esqueçamos que as pessoas são seres humanos totais com coração, alma, espírito, potenciais e realidades quotidianas que têm de ser apoiadas e encorajadas. Neste processo em que procuramos não nos esquecer desses fatos, tentamos não apenas restaurar os potenciais das pessoas com deficiências mas também regenerar a capacidade das nossas comunidades em dar respostas às pessoas que parecem diferentes, em vez de as rejeitar. Neste processo, podemos também reclamar o nosso poder como pessoas para dar respostas individualizadas em vez das exigências e determinações dos sistemas, quantas e quantas vezes sem o mínimo significado. O processo baseado no futuro de cada pessoa dá-nos uma hipótese de pôr as coisas como deviam ser; a maneira como compreendemos o que são pessoas, a nossa esperança na comunidade, e a nossa autoridade interior e capacidade de resposta. O processo de planificação baseado nos futuros das pessoas propõe uma série de tarefas e sugere um conjunto de instrumentos que nos ajuda a iniciar esse processo com as pessoas, de forma a revelar as suas capacidades, a descobrir oportunidades na comunidade 22 local e a inventar respostas dadas por um novo serviço que efetivamente sirva as pessoas em PROJETO HORIZONTE vez de se servir delas em proveito próprio. O próprio processo de planificação propõe vários instrumentos cuja flexibilidade ajuda as pessoas a encontrar os melhores modelos para si e para o rumo que pretendem dar às suas vidas; a resolver problemas em conjunto, a refletir as suas experiências e a renovar e aprofundar os seus compromissos ao longo do tempo. As pessoas encarregadas de fazer esta planificação aprendem a adaptar estes instrumentos e a inventar estratégias que dêem respostas eficazes a cada situação individual. No gráfico seguinte demonstra-se os procedimentos básicos e os instrumentos que apóiam cada uma das tarefas. 3. Desenvolver uma meta até onde queremos encaminhá-los. 2. Buscar guias e descobrir modelos a partir da experiência de vida. Ferramenta Ferramenta PERFIL PESSOAL CRIAR UMA VISÃO 1. Conhecer as Pessoas MAPA DE RELAÇÃO Ferramenta 6. Desenvolver sistemas de apoio construtivo. 5. Explorar a Comunidade Ferramenta Ferramenta PLATAFORMA PARA MUDANÇAS MAPA DA COMUNIDADE PROJETO HORIZONTE 23 AS TAREFAS E OS INSTRUMENTOS DA PLANIFICAÇÃO CENTRADA NO FUTURO DA PESSOA OS VALORES POR QUE SE REGE A PLANIFICAÇÃO CENTRADA NO FUTURO DA PESSOA Como acontece quando iremos a viajar, também aqui podemos perder o rumo de um momento para o outro a menos que tenhamos uma idéia de para onde vamos e um modo de saber se estamos ou não no caminho certo. As cinco realizações, da autoria de John O'Brien e Connie Lyle, consubstanciam uma estrutura para os ideais da abordagem centrada na pessoa a que procuramos dar forma. A planificação centrada no futuro de cada pessoa desafia-nos a aprender a ouvir as pessoas com deficiência e a seguir os conselhos que elas nos dão. Um facilitador eficiente é aquele que aprende a ouvir as pessoas, com um espírito aberto, enquanto dá forma aos ideais de um sonho pessoal seguindo o princípio das cinco realizações. À medida que formos aprofundando a nossa compreensão destes cinco ideais, ficaremos sem dúvida mais habilitados a dirigir o processo de mudança rumo a objetivos desejáveis e construtivos. Certas práticas de trabalho dos serviços conduzem as pessoas com deficiência a uma vida de desespero. Quando somos nós a fazer as escolhas, e não as próprias pessoas estarão porventura a aumentar o isolamento que estas sentem; agindo dessa forma, estaremos a supervalorizar fracas reputações e imagens debilitadas e ainda a controlar as pessoas limitando as suas escolhas. Somos ainda responsáveis pelos obstáculos que se erguem ao seu desenvolvimento pessoal e social quando as nossas expectativas são baixas. Wolf Wolfensburger, Darci Miller e outros têm-nos ajudados a perceber que muitas das atuais estruturas de serviços de recursos humanos e as suas práticas de trabalho têm criado e reforçado experiências de vida negativas. Obviamente, é nossa intenção alterar este modelo de funcionamento através do processo de planificação do futuro da pessoa. John O'Brien e Connie Lyle colocam uma alternativa clara e portadora de esperança. Apontando a urgência de uma mudança nos nossos hábitos, tão freqüentemente destrutivos e inconscientes, aqueles autores encorajam-nos a tomar decisões que encaminhem as pessoas a viver na sua comunidade, contribuindo com o seu melhor e realizando aí as suas escolhas. Estas cinco realizações acompanham e guiam cada tarefa do processo de planificação do futuro da pessoa. Formam um quadro que nos ensina a conhecer as pessoas e que modela a PROJETO HORIZONTE 24 nossa visão do seu futuro. As cinco realizações ajudam-nos a refletir nas coisas em que investimos e nos resultados conseqüentes, de forma a que possamos ver se o nosso trabalho contribui realmente para um estilo de vida com significado para as pessoas com deficiência e para que estas possam dar a sua contribuição à vida da comunidade. Resumindo, os facilitadores eficientes têm um conjunto claro de valores que vão procurando aprofundar com o tempo. As cinco realizações são um conjunto de ideais que clarificam os nossos valores. Conduzimos o processo do nosso trabalho através de uma reflexão regular acerca destes valores mas é nossa intenção tentar não projetar o que pensamos ser melhor para as pessoas, pois deste modo estaríamos a controlá-las. Procuramos ouvir e aprender com as pessoas e lutamos contra as tensões que existem entre os nossos ideais e a realidade das vidas das pessoas. Para que se retirem ensinamentos destas lutas, é necessário manter um diálogo continuado, uma reflexão individual e em grupo e uma relação de cooperação entre os membros de um círculo de apoio. 25 AS CINCO REALIZAÇÕES FORNECEM ORIENTAÇÕES AO DESENVOLVIMENTO PROJETO HORIZONTE DE UMA VISÃO PESSOAL por John O'Brien e Connie Lyle As cinco realizações constituem um quadro para a avaliação das nossas idéias sobre o futuro. Será que as nossas idéias reforçam os velhos modelos de isolamento, rejeição, falta de poder e fraca reputação? Ou será que as nossas opções conduzem as pessoas com deficiência a uma integração na vida da comunidade, ao estabelecimento de relações sociais, a uma vida com dignidade, a terem hipóteses de escolha e a poderem dar as suas contribuições? O aumento das oportunidades nestas cinco áreas da vida é claramente o objetivo pretendido pelo processo de Planificação dos Futuros Pessoais. ABANDONANDO UM ...PARA EXPERIÊNCIAS DE PASSADO CARACTERIZADO VIDA QUE INCLUEM: POR... isolamento, exclusão, separação PRESENÇA NA COMUNIDADE: como é que podemos aumentar a presença de uma pessoa na vida da sua comunidade local? rejeição, solidão, uma vida sempre PARTICIPAÇÃO NA à margem, ignorada COMUNIDADE: como é que podemos expandir e aprofundar as amizades das pessoas? versões repetidas, rotulação, má DIGNIDADE: reputação como é que ampliamos a reputação das pessoas e aumentamos o número de caminhos válidos em que as pessoas podem dar as suas contribuições? PROJETO HORIZONTE afirmação limitada, restrições, falta PROMOÇÃO DE OPÇÕES: de representação, ausência de como é que podemos ajudar as poder pessoas a melhor controlarem as 26 suas vidas e a terem mais escolhas? não produtivo, gravemente APOIO À PARTICIPAÇÃO ignorado, não desenvolvido, sem ATIVA: recursos como é que podemos ajudar as pessoas a desenvolverem mais as suas competências? ESTAS EXPERIÊNCIAS ESTAS EXPERIÊNCIAS CONDUZEM PODERÃO LEVAR A FREQÜENTEMENTE A PROCESSOS DE FACASSOS PESSOAIS, A DESENVOLVIMENTO DAS VIDAS DESPERDIÇADAS, DE CAPACIDADES DAS PESSOAS, PESSOAS QUE SOFRERAM DE FORMA A QUE PASSEM A PROBLEMAS FÍSICOS OU USAR AS SUAS VIDAS PARA PSICOLÓGICOS. DAR CONTRIBUTOS VÁLIDOS NA COMUNIDADE LOCAL. CAPÍTULO 3 À DESCOBERTA DAS CAPACIDADES Quando, no quadro de uma abordagem centrada na pessoa, planejamos a vida das pessoas, passamos por um fase de aprendizagem em que no primeiro desafio temos que desenvolver uma visão de competência das pessoas. Um ponto de vista que privilegie as competências não ignora, contudo, nem tão pouco nega as reais limitações com que as pessoas têm de contar quando enfrentam o quotidiano. Uma visão assente nas competências das pessoas obriga-nos a olhar para o seu passado, para as mensagens críticas que as rodeiam sob a forma de rótulos, prognósticos negativos e estereótipos, de forma a que possamos ver a pessoa no seu todo, uma pessoa cheia de talentos, potenciais, sonhos e com uma vida para viver. 27 O facilitador de um Plano Baseado no Futuro Pessoal deve realizar duas tarefas que PROJETO HORIZONTE ajudam a revelar capacidades freqüentemente escondidas. A primeira tarefa é estabelecer uma relação com a pessoa em causa e aquelas que a conheçam bem; a segunda tarefa é desenvolver uma descrição das capacidades da pessoa, a que chamamos Perfil Individual. TAREFA: ESFORÇANDO-NOS POR CONHECER A PESSOA Temos de nos esforçar por conhecer a pessoa que constitui o centro do processo de planificação, de forma a compreendermos como é que é a sua vida atual e o que é que é importante para ela. É neste processo em que aprendemos a conhecer as pessoas que descobrimos as sementes e as possibilidades que vamos acalentar no futuro. O esforço desenvolvido para adquirirmos um conhecimento da pessoa dá-nos uma hipótese de quebrar com os estereótipos, serviços profissionais e abordagens impessoais, descobrindo um novo modo de olhar as pessoas e sentir a paixão que é trabalhar para mudar as coisas. Numa abordagem centrada na pessoa, esse processo permite-nos aprender coisas sobre a sua vida; relações de amizade, locais favoritos aonde vai, histórias de vida, capacidades e preferências pessoais, sonhos e receios. O processo de conhecimento destes itens desenvolve-se melhor se realizado de um modo informal, passando algum tempo com a pessoa com deficiências e com as outras pessoas que a conhecem bem. Aprendemos que as informações mais interessantes sobre a pessoa com deficiência são as que estão contidas nos hábitos e costumes das pessoas que passaram a maior parte do tempo juntas e raramente podemos encontrar essa riqueza informativa nos relatórios e avaliações escritas. Por vezes, algumas pessoas passaram muito tempo praticamente sem qualquer tipo de apoio e/ou com as suas capacidades adormecidas, sentindo o peso dos rótulos, de uma reputação negativa e baixa estima. Talvez seja necessário passarmos bastante tempo com as pessoas que se encontram nestas circunstâncias até conhecê-las melhor, tratando de proporcionar-lhes algumas relações sociais positivas antes que nos permitamos desenvolver um perfil baseado nas capacidades. Um mapa de relações sociais poderá ajudar-nos a descobrir quem é quem na vida atual da pessoa com deficiência e o que necessitamos fazer para abrir os alicerces de um processo de planificação que seja realmente eficaz. 28 PROJETO HORIZONTE UM INSTRUMENTO ÚTIL: O MAPA DE RELAÇÕES SOCIAIS MAPA DE RELAÇÕES AMIGOS FAMÍLIA PROFISSIONAIS REMUNERADOS O ponto de partida mais indicado para adquirirmos um conhecimento correto sobre as pessoas reside na identificação e compreensão das suas relações sociais e nos laços que as unem às outras pessoas. Um mapa de relações sociais identifica as pessoas importantes, os amigos e os aliados que podem contribuir para uma descrição de capacidades e talvez para uma planificação conjunta centrando a atenção na pessoa ao longo do tempo. Descobrimos também muitas oportunidades de criação e reforço das relações sociais no futuro. Devido à existência de um mapa de relações sociais, podemos acabar por descobrir o seguinte: DESCOBERTAS COMUNS NAS RELAÇÕES SOCIAIS FREQÜENTEMENTE DESCOBRE-SE... -relações pessoais importantes que se devem salvaguardar, criar e reforçar. -oportunidades para reforçar as relações com os familiares mais próximos e mais afastados. -aliados e apoiantes profissionais. Pessoal dos serviços directos eficiente e preocupado. 29 -pessoal que no passado prestava serviços pagos e que pode voltar a envolver-se numa relação PROJETO HORIZONTE pessoal, não paga. -pessoas que tornam as coisas ainda piores. -pessoas que sabem muitas coisas sobre outras pessoas -pessoas que compreendem muito bem a comunidade local. -pessoas que se situam à volta da rede de relaçôes da pessoa e que desejem reforçar o seu envolvimento. -pessoas que partilham interesses comuns, que têm interesses específicos e ligações com esses interesses. -pessoas deficientes amigas, que querem encontrar-se para namorar, que querem ser colegas de quarto, que querem viajar e partilhar experiências. TAREFA: DESENVOLVER UMA DESCRIÇÃO DE CAPACIDADES O facilitador de um processo de planificação baseado no futuro pessoal deve desenhar uma abordagem que procure conhecer a pessoa em questão, e elaborar uma descrição da sua vida e dos seus sonhos. Consideramos que este instrumento são as bases para a planificação a desenvolver por outros elementos. O processo de Planificação do Futuro Pessoal dispõe de um instrumento específico, o Perfil Individual, que auxilia na descrição das diferentes áreas da vida de uma pessoa. INSTRUMENTO: O PERFIL INDIVIDUAL O Perfil Individual proporciona uma oportunidade ao facilitador, à pessoa deficiente para quem se elabora a planificação e aos amigos e visitas convidados, de elaborarem uma descrição resumida da vida atual da pessoa. O processo do Perfil Individual poderá auxiliar o facilitador e outras pessoas a: 1. conhecer a pessoa e a ouvi-la. 2. desenvolver a apreciação dos talentos e das capacidades partilhando-a com a pessoa, assim como os obstáculos e as lutas que ela tem que enfrentar. 3. valorizar e incluir as perspectivas dos membros da família, trabalhadores dos serviços diretos, amigos, e outras pessoas que freqüentemente são excluídas de um processo de planificação. 4. reforçar a capacidade de afirmação da pessoa, clarificando os seus interesses e PROJETO HORIZONTE 30 desejos e referenciando as coisas que a impossibilita de expressar as suas capacidades. 5. fazer um registro do estado atual das coisas para posterior reflexão. 6. passar da linguagem técnica do serviços de recursos humanos para uma linguagem que todos possam entender. 7. discutir valores, opções e sentimentos numa situação informal. O facilitador inicia o processo de planificação ao decidir o melhor método de pesquisa de dados para o preenchimento do Perfil Individual. O facilitador seleciona as partes do Perfil que vão auxiliar os outros a desenvolver uma compreensão comum da pessoa deficiente. O facilitador desenvolverá, então, uma estratégia de recolhimento dos hábitos e costumes e das experiências da pessoa. Com estes dados supõe-se que o preenchimento do Perfil fique completo. O processo do Perfil Individual é um processo criativo e de carácter informativo quando se encontra adaptado a cada pessoa e aos elementos encarregados de executarem a planificação. É útil que freqüentemente se junte um pequeno grupo de pessoas que trabalhem em grupo no sentido de elaborarem o Perfil Individual. A pessoa deficiente em questão e as pessoas que a conhecem bem são os elementos mais importantes deste processo, pelo que devem ser incluídos na sessão de trabalho. É necessário, contudo, que anteriormente tenha havido um grande trabalho de preparação antes de se avançar para a reunião no qual se elabora o Perfil Individual. Porquê? Porque só dessa forma se consegue assegurar que: 1) a pessoa deficiente se irá sentir à vontade, 2) que as pessoas mais úteis estão presentes, e 3) que os quadros mais úteis estão já preenchidos. Conduzindo um processo do tipo do Perfil Individual, podemos ter a certeza de que estamos lançando alicerces para a reunião de planificação que se vai seguir. 31 PROJETO HORIZONTE UM QUADRO PARA INVESTIGAÇÃO: O PERFIL INDIVIDUAL MAPA DE RELAÇÕES Amigos MAPA DE LUGARES HISTÓRIA Família Nascimento Vida na comunidade Local de Serviço Profissionais Remunerado s Atualidade PREFERENCIAS PESSOAIS Que gosta SONHOS, DESEJOS E TEMORES Que não gosta Sonhos e Desejos MAPA DE ESCOLHAS Efetuadas por ele mesmo. Efetuadas com outros. MAPA LUGAR DE TRABALHO Temores MAPA DE SAÚDE MAPA DE RESPEITO Condições que Condições que levam a uma levam a um boa saúde. estado de saúde precário. Caracteristicas Características positivas. que conduzem a recusa. COMUNICAÇÃO ROTINA DIÁRIA Que funciona Que não funciona 07:30 – 07:45 07:45 – 08:00 Etc.. PROJETO HORIZONTE 32 ORIENTANDO UMA SESSÃO SOBRE O PERFIL INDIVIDUAL Muitas pessoas, quando se trata de coletar as informações que se destinam a integrar o Perfil Individual, optam por juntar as pessoas numa reunião. Os quadros usados nessas reuniões auxiliam os facilitadores a organizar a informação com os grupos. No processo do Perfil Individual, o facilitador usa um certo número de quadros, muitas vezes referidos como "mapas", que ajudam na descrição da vida da pessoa deficiente. Os mapas básicos do Perfil Individual fornecem uma descrição fundamental das áreas chave da vida de uma pessoa; relações sociais, locais, antecedentes, preferências e sonhos, esperanças e receios. Estes mapas básicos revelam, freqüentemente, oportunidades e fornecem pistas em que nos iremos basear no futuro. O Perfil Individual inclui mapas opcionais que proporcionam informação complementar sempre que tal se revele necessário. Estes mapas opcionais ajudam-nos a compreender a vida de uma pessoa de uma forma mais detalhada, particularmente nas áreas de maior complexidade tais como as de saúde, autonomia, dignidade e comunicação. Por exemplo: quando a pessoa que está em causa neste processo apresenta algumas deficiências sensoriais que afeta a sua capacidade de comunicação, temos de estar certos que preenchemos na totalidade o mapa de comunicação. O facilitador do Plano do Futuro Pessoal pode usar gráficos de grupo e quadros das reuniões de forma a apoiar o diálogo e a reflexão em grupo. Os gráficos de grupo ajudam as pessoas a organizar a informação através de um esquema codificado de cores para as suas experiências. Os quadros das reuniões ajudam as pessoas a organizar a informação e proporcionam um centro de interesse ao grupo. Estas ajudas visuais podem ser úteis para que um grupo veja e nomeie as oportunidades e obstáculos que se colocam na vida de uma pessoa. Um exemplo de um Perfil Individual completo está incluído na parte final deste texto, em apêndice. Em resumo, os quadros das reuniões, os códigos de cor e os gráficos de grupo são instrumentos que nos ajudam a juntar as diversas partes da vida de uma pessoa de forma a que possamos descobrir novos modelos e possibilidades. O processo do Perfil Individual é interativo e criativo e pode dar origem a uma nova e mais profunda compreensão da pessoa; as suas batalhas pessoais, os seus sonhos, receios e esperanças. Estas técnicas de reunião podem ajudar as pessoas a tomar consciência da sua situação de forma a que se sintam com mais competência para lidar com os seus próprios problemas. 33 Contudo, se der o caso de o formato destas reuniões e de os instrumentos usados PROJETO HORIZONTE apenas atrapalharem o andamento do processo, então não devemos servir-nos deles. Independentemente das técnicas, os facilitadores eficientes ajudam as pessoas a concentrar a atenção sobre as capacidades e as oportunidades. Ajudam as pessoas a descrever os seus sonhos, ajudam as pessoas a tomar iniciativas para que esses sonhos se realizem, nunca negando a existência de obstáculos, e ajudam as pessoas a animarem-se a a envolverem-se num processo de trabalho em grupo. O PERFIL INDIVIDUAL QUADROS BÁSICOS OBJETIVO: CONHECER A PESSOA DEFICIENTE MAPA DE RELAÇÕES SOCIAIS IDENTIFICA OPORTUNIDADES DE APOIO E ASSISTÊNCIA PESSOAL Ajuda a revelar as pessoas mais importantes na vida da pessoa com deficiência. Pessoas interessadas numa planificação conjunta ao longo do tempo e oportunidades para o estabelecimento de relações sociais. MAPA DE LOCAIS DESCREVE O MODELO ATUAL DA VIDA QUOTIDIANA Ajuda a revelar como é que a pessoa com deficiência passa o seu tempo. Quanto tempo é que ela passa em ambientes ou comunidades de segregação, e as oportunidades que existem para a criação de uma vida em comunidade. MAPA DE ANTECEDENTES DÁ UM RESUMO DA EXPERIÊNCIA DE VIDA DA PESSOA E DA FAMÍLIA Ajuda a revelar experiências positivas do passado e que possam ser continuadas. Avaliação dos traumas, perdas, e desgostos da vida. Elogio de coisas realizadas e oportunidades que surjam a partir do presente em resultado de coisas feitas no passado. PROJETO HORIZONTE 34 MAPA DE PREFERÊNCIAS DESCREVE AS PREFERÊNCIAS PESSOAIS, OS TALENTOS E OS INTERESSES, ASSIM COMO AS SITUAÇÕES QUE SE DEVEM EVITAR Ajuda a revelar os modelos pessoais em termos de talento, potencial e contribuições próprias. Descreve padrões de situações que colocam desafios ao desenvolvimento. MAPA DOS SONHOS: ESPERANÇAS E RECEIOS DESCREVE AS IDÉIAS SOBRE OS SONHOS PESSOAIS E DOS DESEJOS PARA O FUTURO. DESCREVE COMO É QUE AS PESSOAS SENTEM AS OPORTUNIDADES E OS OBSTÁCULOS QUE VÊEM NO SEU CAMINHO QUANDO SE EMPENHAM ATIVAMENTE PARA QUE AS COISAS ACONTEÇAM. Ajuda a compreender as imagens interiores relacionadas com os desejos, e as esperanças e os receios sobre o futuro, vistas através dos olhos da pessoa com deficiência. MAPAS OPCIONAIS A USAR NO PROCESSO DO PERFIL INDIVIDUAL MAPA DE ESCOLHAS DESCREVE AS DECISÕES FEITAS PELA PESSOA E AS DECISÕES FEITAS POR OUTRAS PESSOAS Ajuda a revelar qual o nível de controle sobre as decisões tomadas em relação à sua vida pela pessoa com deficiência e o qual o nível dessas decisões quando tomadas por outras pessoas. Ajuda a clarificar as necessidades de apoio pessoal. MAPA DE SAÚDE DESCREVE AS CONDIÇÕES QUE PROMOVEM OU AMEAÇAM A SAÚDE DA PESSOA Ajuda a revelar as reais limitações e constrangimentos impostos por problemas de saúde, medicamentos, terapias e outras condições e rotinas que assegurem ou ameacem a saúde. PROJETO HORIZONTE 35 MAPA DE DIGNIDADE DESCREVE AS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS QUE PODEM CRIAR OBSTÁCULOS À ACEITAÇÃO PELA COMUNIDADE ASSIM COMO RECORDA AS QUALIDADES QUE ASSEGURAM CONTRIBUIÇÕES À VIDA SOCIAL Ajuda a revelar as características pessoais, comportamentos e papeis sociais que podem conduzir à rejeição pelas outras pessoas assim como as qualidades positivas que podem ser reforçadas nas relações pessoais. OUTROS MAPAS OPCIONAIS Outros mapas podem ser criados pelo facilitador de forma a fazê-los compreender a vida tal como é experienciada através dos olhos da pessoa com deficiência. Por exemplo, em relação às pessoas que apresentam deficiências visuais e auditivas, é importante compreender os métodos e os canais que usam para comunicar. Neste capítulo, sublinhamos alguns mapas opcionais que se centram no aspecto da comunicação. PLANIFICANDO UM PROCESSO DE PERFIL INDIVIDUAL EFICAZ TAREFA: ESFORCEMO-NOS POR CONHECER AS PESSOAS -Que conhecimento é que, presentemente, temos da pessoa em causa neste processo? -Como é que devemos proceder para conhecermos melhor essa pessoa? -Como é que devemos proceder para conhecermos as importantes relações sociais que a pessoa mantem? 1. Qual é a melhor maneira de completar o mapa de relações sociais? 2. Como é que a pessoa com deficiência pode contribuir para esse efeito (preenchimento do mapa de relações)? 3. Como é que podemos obter informações sobre a pessoa deficiente através das pessoas que a conhecem bem? 4. Que podemos fazer para que essas pessoas se envolvam no processo de planificação? -Se a pessoa deficiente tiver poucas relações no campo pessoal e/ou com pessoas que lhe prestem cuidados, como é que vamos intervir no sentido de darmos o nosso apoio à criação e/ou aprofundamento do potencial dessas relações? PROJETO HORIZONTE 36 TAREFA: DESENVOLVAMOS UMA DESCRIÇÃO DE CAPACIDADES -Qual é a melhor maneira de reunir os dados necessários ao preenchimento do Perfil? -De que quadros nos podemos servir para ficarmos com um conhecimento da pessoa? -No caso da pessoa deficiente desejar ter uma reunião sobre a elaboração do Perfil: 1. Quem são as pessoas que devemos convidar para essa reunião? Como é que a pessoa deficiente pode estender esses convites às pessoas que deverão estar presentes? Qual o apoio de que ela necessita para fazer esses convites? 2. Como é que vamos integrar a pessoa deficiente nessa reunião? Que tipo de apoio direto é que ela necessita para que a sua participação seja maior? 3. Quem é que ficará encarregado de dirigir o recolhimento dos dados durante a reunião? Quais são os instrumentos de planificação mais úteis nesta situação? 4. Quando é que as pessoas-chave se podem encontrar? 5. Qual será o local mais indicado para a realização desse encontro? 6. Como é que podemos ajudar as pessoas a conhecerem-se melhor umas às outras? Como é que podemos fazer dessa reunião um encontro informal, vivido e interessante? CAPITULO 4 DESENVOLVENDO UMA VISÃO DE FUTURO A reunião de planificação proporciona a ocasião ideal para as pessoas se juntarem e exprimirem claramente a sua visão do futuro. É também nesta reunião que escolhem um assunto de interesse para ponto de partida e se organizam a fim de concretizar essa visão. A reunião de planificação proporciona a esse grupo de pessoas uma oportunidade de criarem um futuro positivo e intenso para a pessoa deficiente, que as inspire no sentido de darem tudo por tudo durante o tempo de implementação da sua visão. Um futuro positivo é apenas um resumo das experiências que queremos desenvolver, tirando o máximo partido das oportunidades e capacidades que se nos deparam quando trabalhamos: -no seio da vida da pessoa deficiente, -com os recursos e a riqueza da comunidade local, PROJETO HORIZONTE 37 -com a rede de ligações e de apoio da família, amigos e pessoal dos serviços, e -com os recursos e as oportunidades criadas pelos serviços de apoio. O desenvolvimento de um futuro positivo proporciona às pessoas a oportunidade de usarem a imaginação e terem as idéias mais criativas. Estas idéias vão, inevitavelmente, ter que se adaptar aos problemas e obstáculos com que nos deparamos na vida real, mas é muito importante que se inicie esta via para a mudança com as mais altas expectativas. Uma visão inicial com altas expectativas proporciona um menu de possibilidades a partir do qual o grupo de planificação pode escolher um objetivo de longo prazo (o prato principal) e uma prioridade imediata (um aperitivo) para começar. Os valores do facilitador condicionam significativamente o desenvolvimento deste sonho. Os seus valores bem como os valores dos membros do grupo acabarão por se revelar na riqueza, no pormenor e na criatividade da visão. Neste capítulo, avançamos com linhas de orientação para o desenvolvimento de um sonho, descrevendo as características de um futuro positivo por que valha a pena trabalhar e as cinco realizações que servem de orientação ao desenvolvimento do sonho. Incluímos vários exemplos de futuros positivos de maneira a que possamos mostrar futuros desejáveis que valha a pena alcançar. Este capítulo conclui com um resumo das etapas da reunião de planificação do futuro pessoal. COMPARANDO IMAGENS DO FUTURO CARACTERÍSTICAS DA CARACTERÍSTICAS DE UM PLANIFICAÇÃO DE FUTURO POSITIVO POR QUE PROGRAMAS TRADICIONAIS VALHA A PENA TRABALHAR CENTRA A ATENÇÃO EM UMA IMAGEM DO FUTURO OBJETIVOS QUE PRIVILEGIAM CONTEMPLA EXEMPLOS ESPECIFICAMENTE CONCRETOS E ESPECÍFICOS COMPORTAMENTOS DE ATIVIDADES POSITIVAS, NEGATIVOS DA PESSOA EXPERIÊNCIAS E SITUAÇÕES DEFICIENTE,PRETENDENDO DE VIDA QUE SE QUER VER ALTERÁ-LOS OU DIMINUIR A APLIAR. FREQUÊNCIA DE PROJETO HORIZONTE OCORRÊNCIA A PLANIFICAÇÃO AS IDÉIAS E AS CONTEMPLA CATEGORIAS POSSIBILIDADES REFLETEM PROGRAMÁTICAS E OPÇÕES AMBIENTES E LOCAIS DA DE SERVIÇOS QUE APONTAM COMUNIDADE ESPECÍFICA E FREQÜENTEMENTE PARA PAPEIS VALORIZÁVEIS AMBIENTES SEGREGADOS DENTRO DESSES AMBIENTES. MUITOS DOS OBJETIVOS E ALGUMAS IDÉIAS PODERÃO METAS QUE PRETENDE PARECER INATINGÍVEIS, ALCANÇAR REFLETEM IRREALISTICAS E REALIZAÇÕES DE EFICIÊNCIA IMPRATICÁVEIS E SERÃO POTENCIALMENTE MENOR, NECESSÁRIAS GRANDES CUMPRIDAS EM PROGRAMAS MUDANÇAS NOS MODELOS JÁ EXISTENTES QUE NÃO DE TRABALHO, TAIS COMO: PODEM SER ALTERADOS CATEGORIAS DE FINANCIAMENTO, OPÇÕES DE SERVIÇO, COMO É QUE AS PESSOAS E OS FUNCIONÁRIOS GASTAM O SEU TEMPO, PARTILHA NA TOMADA DE DECISÕES, ONDE É QUE AS PESSOAS VIVEM E TRABALHAM, ETC. ESTAS PLANIFICAÇÕES ESTAS PLANIFICAÇÕES PARECEM SEMPRE REFLETEM REALMENTE OS ASSEMELHAR-SE ÀS INTERESSES ÚNICOS, OS PLANIFICAÇÕES E IDÉIAS TALENTOS E AS DESENHADAS PARA QUALIDADES DA PESSOA E QUAISQUER OUTRAS AS CARACTERÍSTICAS PESSOAS ÚNICAS, OS AMBIENTES E A VIDA DA COMUNIDADE LOCAL. 38 PROJETO HORIZONTE ESTAS PLANIFICAÇÕES NÃO ESTAS IDÉIAS VALORIZAM MENCIONARÃO SEQUER, FORMAS CRIATIVAS QUE PROVAVELMENTE, RELAÇÕES CENTRAM OS NOSSOS PESSOAIS OU A VIDA DA OBJETIVOS NO COMUNIDADE DA PESSOA DESENVOLVIMENTO E NO COM DEFICIÊNCIA APROFUNDAMENTO DAS 39 RELAÇÕES PESSOAIS E DA VIDA EM COMUNIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA. COMPARANDO PONTOS DE VISTA EM RELAÇÃO A UM POSSÍVEL FUTURO PARA JANE A Planificação do Futuro Pessoal de Jane ajuda-nos a perceber as características de um futuro positivo e desejável em contraste com a planificação de um programa tradicional. As planificações tradicionais definem ambientes segregados como ideal, apontam para a diminuição dos problemas de comportamento e estão todas cheias de generalidades que se podem aplicar a quase todas as pessoas em situações semelhantes. Em comparação com esse tipo de planos, a Planificação do Futuro Pessoal de Jane está enriquecida com exemplos específicos de oportunidades de trabalho que ela pode explorar na sua comunidade local. A planificação valoriza as amizades e os tempos livres. As idéias refletem os seus interesses únicos e os seus talentos e um certo número de papeis de maior projeção, permitindo a Jane dar a sua contribuição à vida em comunidade. PLANIFICAÇÃO DE UM PROGRAMA TRADICIONAL PARA JANE A aluna irá melhorar as suas competências e desempenho de capacidades nas seguintes áreas: leitura, linguagem, matemática, soletração, ciências, estudos sociais, desempenho de capacidades comunicativas, saúde, e desempenhos pré-vocacionais. Jane irá melhorar nos desempenhos relacionados com a sua autonomia, tais como a lavagem de roupa, a preparação de refeições simples e o seu arranjo pessoal. Jane participará em oficinas protegidas, aproximadamente 2 horas por dia. Esta parte do plano dependerá da acessibilidade do trabalho. 40 Jane desenvolverá desempenhos de comportamentos socialmente mais aceitáveis PROJETO HORIZONTE quando expressar sentimentos de desagrado. Jane diminuirá em 50% as suas explosões verbais quando estiver aborrecida. Será elaborado um programa de modificação de comportamentos. Jane irá melhorar os seus desempenhos em matemática, nas áreas da numeração, tempo e dinheiro. Jane demonstrará melhores desempenhos na área da comunicação, aumentando o seu vocabulário, a compreensão da leitura e a linguagem expressiva. UM FUTURO POSITIVO PARA JANE TRABALHO Trabalho Remunerado CASA Trabalho em uma linha de montagem Trabalho com roupa Viver na casa atual com ajuda no caso de acontecer algo com Nancy Guardar telas Trabalho em uma biblioteca (guardando livros e recolocando – os no lugar e pegando a ficha). Aprender mais abilidades domésticas Trabalho em oficina. Autonomia na casa Colaboração com um programa de creche. Ter assistência e guia para aprendizagem de novas habilidades. Estar com as pessoas. Possibilidade de efetuar escolhas JANE Ir + Fazer Locais Comerciais 4 anos a partir de agora Ser a Anfitriã Diversão Festas Bailes Responsável Amigos Compras Gente com quem se diverte Pessoas de sua idade sem deficiência PROJETO HORIZONTE 41 CATEGORIAS, PRIORIDADES E PRAZOS DO DESENVOLVIMENTO A diversidade de cada planificação é um dos aspectos que distingue a Planificação dos Futuros Pessoais. Cada ponto de vista sobre o futuro é uma afirmação única que expressa uma possibilidade para a pessoa com deficiência. As planificações variam bastante quanto às categorias, prioridades e prazos temporais do desenvolvimento. Uma planificação eficaz deverá contemplar várias categorias para o desenvolvimento. As categorias mais comuns aparecem descritas mais abaixo. A escolha dessas categorias reflete o interesse da pessoa, os estágios da vida e as transições e os interesses do facilitador. CASA PROPRIEDADE DA CASA TRABALHOS DOMÉSTICOS HOSPITALIDADE EMPREGO TRANSIÇÃO PARA O EMPREGO EXPERIÊNCIA DE TRABALHO ESCOLA EDUCAÇÃO DE ADULTOS VIDA ESPIRITUAL ESCOLHA MOBILIDADE E TRANSPORTES DESPORTOS AMIGOS TEMPOS LIVRES VIDA NA COMUNIDADE LOCAL PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE EXPERIÊNCIA NA VIDA DA COMUNIDADE VIDA AFETIVA VIDA FAMILIAR FÉRIAS E VIAGENS ASPECTOS DE ESTÉTICA PESSOAL COMUNICAÇÃO SABER-SE DEFENDER EXPRESSÃO ARTÍSTICA PROJETO HORIZONTE 42 ETC. É frequente que uma destas categorias seja considerada prioritária para o processo de desenvolvimento. Por exemplo, a planificação de Jane reflete uma valorização dos aspectos laborais e a transição para o emprego, enquanto a planificação de Lila reflete valores mais ligados à vida doméstica, pois é a alternativa que se coloca face à experiência de internato que tem sido a sua única opção de residência. Para todas as pessoas, as prioridades mudam com o tempo, pelo que contamos que também as prioridades de uma planificação dos futuros mudem. FINALMENTE, os prazos temporais de cada uma das planificações dos futuros também variam de dois meses a cinco ou mais anos. Eu prefiro trabalhar com uma prioridade que possa levar vários anos até ser satisfeita e com uma outra que precise apenas de alguns meses. O equilíbrio entre prioridades de longo e curto prazo é uma situação que ajuda ao funcionamento do grupo de trabalho quando este tem que implementar um ideal que leva muitos anos até ser concretizado. Ao mesmo tempo que apostamos nesses dois tipos de prioridades, continuamos a trabalhar em mudanças a nível imediato de modo a que a pessoa deficiente sinta desde logo diferenças na sua qualidade de vida. 43 PROJETO HORIZONTE UM FUTURO POSITIVO PARA LILA LAR Um lugar onde Lila pode relaxar e ter a liberdade de mover-se por ela mesma ! Um quintal com: Um lugar para duas pessoas que possam compartilhar suas vidas, vizinhos que possam ajudar, pessoas de apoio. Flores para cheirar Uma rede Um jardim Uma piscina próxima Pessoa que: AMBIENTE Intimo, confortavel Com boa comida que Lila poça alcançar Com uma cama de água com alarme por vibrações Conheça sinais Sejam flexisiveis Seja comprometido Seja ativo, nade, caminhe, patine MODIFICAÇÔES para guias videntes sensoriais Com cores interessantes Com um quarto para familiares e amigos Com música alta Com uma cadeira de balanço Tapete suave, móveis e almofadas (armários baixos e um microondas) Letras e símbolos em relevo (muita textura) Uma campanhia Uma pessoa que compreenda as modificações ambientais EXPERIÊNCIA EM COMUNIDADE Hobbies TRABALHO Oportunidade para mover-se e caminhar Mais variedades Lugares como: Lavanderia 3mts quadrados Empacotamento Hospita Argila Bateria Pintura Passeios à: Zoológico Jardins de Flores Lugares na comunidade Escolha da sua rotina Centro comercial Academia Pista de patinação Limpar com aspirador Concertos Shopping Amigos Gente de sua idade Lavanderia Tirar o pó PROJETO HORIZONTE 44 INSTRUMENTO: REUNIÃO DE PLANIFICAÇÃO DOS FUTUROS PESSOAIS A reunião de planificação dos futuros pessoais proporciona às pessoas uma ocasião para se encontrarem a fim de clarificarem os seus pontos de vista sobre o futuro, escolherem um ponto de partida para o início do seu trabalho e organizarem-se para a concretização dos seus ideais. Esta reunião consta de sete etapas básicas que podem variar conforme a situação a que se tenham de adaptar. Descrevemos seguidamente cada uma destas etapas. ETAPA 1 Revisão do perfil individual. Descrição das tendências no meio ambiente. Condições que no sistema de serviços e na comunidade funcionam a nosso favor ou contra nós. ETAPA 2 Pensa-se nas imagens que se desejam para um futuro. ETAPA 3 Reunião informal em que as pessoas reflitam sobre as melhores estratégias de concretização das idéias surgidas na reunião em que se discutiu a visão do futuro. ETAPA 4 Identifica-se as oportunidades e faz-se uma apreciação dos obstáculos que se levantam ao processo de implementação (esta é uma etapa opcional) ETAPA 5 Estabelece-se um pequeno número de prioridades para início do processo e apoia-se os membros do grupo a empenharem-se ativamente nele. ETAPA 6 Marca-se a data e a hora da próxima reunião. ETAPA 7 Identifica-se as necessidades para a mudança do sistema (esta é uma etapa opcional). A reunião de planificação define como que um mapa de estradas para uma viagem que 45 é apenas o princípio do processo de mudança. Na realidade, a viagem começa quando um PROJETO HORIZONTE pequeno grupo de pessoas concorda em trabalhar durante o tempo necessário para que as idéias discutidas na reunião sobre a visão do futuro possam vir a concretizar-se. No próximo capítulo, discutiremos a tarefa mais difícil de todas: o desenvolvimento do compromisso para com a pessoa deficiente e a implementação do plano. ETAPAS DA REUNIÃO DE PLANIFICAÇÃO DO FUTURO CAPÍTULO 5 O APOIO ÀS PESSOAS AO LONGO DO TEMPO A partir do momento em que fica desenhado um futuro positivo, a pessoa deficiente, o facilitador e o grupo de planificação encaram então a tarefa mais dura de todas: desenvolverem os compromissos assumidos com a pessoa deficiente e trabalharem na implementação do Plano. É sempre fascinante partir para a descoberta de capacidades; além disso, a criação de um futuro positivo é algo de excitante. A implementação é recompensada com os benefícios a longo prazo mas o processo de resolução de problemas ao longo do tempo em que se procede ao acompanhamento da pessoa é trabalho puro e duro. E não há forma de o evitar. Podemos agora perceber que o processo de implementação é mais leve quando os membros do grupo querem ver-se envolvidos nesta tarefa, quando se preocupam com a pessoa deficiente, quando estão empenhados no processo e quando cada um deles sente que o trabalho lhe dá tanto ou mais prazer do que frustração. O facilitador joga aqui um papel fundamental na forma como modela a composição do grupo e alimenta a participação das pessoas ao longo do processo. O facilitador deve estar constantemente à procura de um grupo cuja composição possa proporcionar tanto apoio emocional como instrumental à pessoa com deficiência. Neste capítulo, destacamos um grupo ideal para a planificação centrada na pessoa sabendo que muitos grupos ficam a pouca distância deste ideal. O nosso propósito ao inventar um grupo exemplar é dar a perceber as coisas com que temos de trabalhar e onde é que necessitamos de desenvolver capacidades adicionais no seio do grupo. O facilitador deve igualmente dispôr de muita iniciativa para renovar o trabalho do grupo durante todo o tempo em que ele está em funcionamento. Neste capítulo, destacamos também um formato para as reuniões de acompanhamento e idéias para alimentar PROJETO HORIZONTE 46 continuamente o processo de grupo. A nossa experiência ensina-nos que um envolvimento realmente sentido e o respeito entre as pessoas é fundamental para um processo fácil de mudança a prazo. Enquanto não houver uma maneira de administrar, controlar ou arquitetar estes sentimentos, podemos criar condições para que estes se desenvolvam através do espírito e da atenção a todo o processo de planificação. A EQUIPE INTERVISIONÁRIA DESEMPENHA PAPEIS FUNDAMENTAIS A constituição das equipes interdisciplinares tradicionais é definida por modelos estandardizados e pelo desempenho de papeis profissionais. Em contraste com essa situação, os grupos que centram a sua abordagem na pessoa são constituídos por pessoas que contribuem com o seu tempo livre e por vontade própria no processo de planificação, dado que se sentem pessoalmente envolvidos num trabalho que tem como razão de ser a transformação de rotinas. O grupo ideal para esta abordagem deverá incluir um leque de pessoas que assumam variados papeis durante o processo de planificação e implementação. Alguns dos membros desse grupo, como por exemplo elementos da família da pessoa deficiente, pessoal doméstico ou colaboradores pessoais podem concentrar o esforço do seu trabalho na capacidade de resposta que a pessoa deficiente terá de possuir para enfrentar o seu quotidiano. Um professor, um construtor civil da localidade ou um soldado poderão concentrar os seus esforços mais em termos de ação imediata no apoio à implementação da planificação. Pessoal administrativo aliado do grupo, mentores ou benfeitores podem preparar o caminho para as mudanças a longo prazo. Finalmente, o facilitador mantem o processo em marcha, proporcionando ao grupo objetivos e datas para uma reflexão estruturada. De um modo semelhante, o conselheiro espiritual procura renovar a confiança da pessoa e do grupo ao longo do tempo. 47 PROJETO HORIZONTE UM PERFIL DO GRUPO IDEAL Facilitador Mentor/Benfeitor Motivadores Aliado Administrativo Assistente Pessoal Professor Pessoas da Comunidade Organizador de Casa Equipe de Apoio (família, amigos, ajudantes) Conselheiro Espiritual (Pessoa de Fé) EXPLORANDO O PAPEL DO FACILITADOR 1. Será que a pessoa deficiente, os pais ou um defensor empenhado querem que a vida seja de alguma forma diferente? Será que as pessoas se sentem emperradas na sua situação presente e terão a energia para mudar as coisas? 2. Será que algumas pessoas têm vontade em se encontrar de um modo regular para resolverem problemas ao longo do tempo? Terão vontade de dar o seu tempo livre para este processo se tal for necessário? Será que você é o facilitador capaz de se reunir com este grupo com uma certa regularidade? 3. Será que o grupo de planificação inclui pelo menos uma pessoa fortemente empenhada para agir em nome da pessoa deficiente? Caso não inclua, será que você, o facilitador, se sente com vontade de assumir este papel? 48 4. Será que o grupo de planificação inclui pelo menos uma pessoa que possa funcionar PROJETO HORIZONTE como facilitador? Um facilitador deve tomar a liderança nos seguintes aspectos: registar por escrito as idéias, recordar os objetivos do trabalho e apoiar os outros para que se mantenham empenhados. Se não surgir ninguém para assumir o papel de facilitador, será que você se sente capaz de ficar com essa função, até que dentro do grupo apareça alguém com esse perfil? 5. Será que o grupo de planificação inclui pelo menos uma pessoa bem relacionada com a comunidade local? Se não, poderá você encontrar alguém que possa ajudar a fazer a ligação do grupo à comunidade local? 6. Terá o grupo, a pessoa deficiente ou a sua família alguma relação com outras pessoas que enfrentam problemas semelhantes e/ou estejam envolvidas num processo idêntico? Se não, conseguirá você pô-las em ligação com outros grupos ou pessoas de modo a que se constitua assim um recurso para efeitos de renovação e apoio? 7. Estará pelo menos uma agência empenhada na mudança organizacional em resultado do que se aprendeu com este processo? Será que essa agência dá o seu apoio ao tempo e aos compromissos exigidos por essa mudança aos seus funcionários? Se não, poderá você elucidar e interessar uma dessas agências para que pelo menos dê atenção aos resultados e às implicações do processo de planificação? 8. Será que existem os meios exigidos para apoiar flexível e individualizadamente a implementação de uma planificação pessoal? Se não, conseguirá você identificar ou criar este tipo de apoio numa estrutura do sistema, género programa piloto, ou fazer a angariação de fundos ou de outras formas de apoio na comunidade local? TAREFA: REUNIÕES DE ACOMPANHAMENTO E REESTRUTURAÇÃO As reuniões de acompanhamento ajudam os grupos de planificação a aprender com o processo de implementação. A ordem de trabalhos mais eficaz para as reuniões de acompanhamento deverá incluir no primeiro ponto uma crítica das ações que foram planejados como metas desde a reunião anterior, tanto as que foram bem sucedidas com as que não o foram. Este processo de crítica deverá ser obviamente apoiado. Uma estratégia importante para a reestruturação do trabalho embora relativamente simples é a de proceder de modo regular à revisão crítica das ações positivas e dos resultados obtidos. A seguir a esta revisão crítica, o grupo, numa sessão de brainstorm, pensa em novas estratégias de acção. O facilitador encerra esta reunião marcando uma data e uma hora para a PROJETO HORIZONTE 49 próxima reunião. As reuniões de acompanhamento proporcionam aos membros do grupo repetidas ocasiões para solucionarem os problemas ao longo do tempo. Para que haja uma melhor qualidade de apoio à reestruturação das ações e compromissos do grupo, o formato das reuniões poderá ser variável. Cada grupo de planificação é diferente e cada grupo precisa de uma estratégia de acompanhamento que se enquadre com a sua energia, empenhamento e estadio de desenvolvimento. A maior parte dos grupos de planificação acabam também por chegar a uma determinada altura sem energias e sem novas idéias, pelo que precisam de ser encorajados e reestruturados. Por essa razão, juntamos nas páginas seguintes uma lista de várias estratégias de acompanhamento e reestruturação dos grupos de planificação. Os facilitadores necessitam de se recordar constantemente de que a manutenção do empenhamento de um grupo de pessoas ao longo de um certo período de tempo é um dos requisitos que apresenta maiores desafios ao processo de planificação dos futuros pessoais. Não se deve subestimar a dureza de um trabalho que requer juntar pessoas uma vez, outra vez e mais outra ainda durante um certo período de tempo para resolverem problemas. Devemos reconhecer que uma das mais importantes responsabilidades de um facilitador que desempenhe eficientemente o seu papel tem a ver com as pessoas que decide convidar para o grupo. A razão dessa importância reside no trabalho necessariamente coletivo que essas pessoas irão realizar e no objetivo que, de uma forma construtiva, procurarão concretizar: uma visão positiva para o futuro da pessoa deficiente. DESENHO DE UMA ESTRATÉGIA DE ACOMPANHAMENTO Desde o ponto de partida do processo de planificação, o facilitador procura encontrar pessoas que concordem reunir-se regularmente, a fim de resolverem problemas. O método de acompanhamento destas pessoas pode variar de grupo para grupo, desde que de alguma forma a continuidade e o compromisso para com o processo estejam assegurados na planificação. O facilitador deve ter em consideração as seguintes questões, quando desenha um esquema para o processo de acompanhamento: 1. Qual é o melhor método de acompanhamento deste grupo? 2. Com que frequência é que as pessoas se devem reunir para se deixarem embalar no processo de transformação? 50 3. Com que frequência é que o facilitador se deve reunir individualmente com a pessoa PROJETO HORIZONTE deficiente e/ou a sua família, no espaço de tempo entre duas reuniões? 4. Deverão haver subcomissões ou grupos mais pequenos de reflexão informal que se debrucem sobre determinadas questões mais específicas? Haverá outra pessoa que possa liderar estes grupos? 5. Quem é que pode assumir o papel de facilitador do grupo ao longo do tempo? Quem será capaz de vir a desempenhar esse papel em tempo útil? Haverá duas pessoas no grupo que consigam funcionar bem uma com a outra e os dois desempenhem então em parceria o papel de facilitador? 6. Que apoio é que falta à pessoa deficiente para que seja ela a liderar o seu próprio grupo? Qual o elemento do grupo que poderá funcionar como seu parceiro nessa tarefa? 7. Quem é que poderá fazer o registro do que se discute nas reuniões? ALIMENTANDO A VISÃO E O COMPROMISSO DE UM GRUPO AO LONGO DO TEMPO Ao fim de um certo tempo, mesmo os grupos mais fortes acabam por ficar sem energias. Os facilitadores podem alimentar o grupo se por exemplo derem uma oportunidade aos seus elementos de festejarem certos acontecimentos e de receberem o reconhecimento que lhes é devido pela contribuição prestada. O enriquecimento dos conhecimentos dos elementos do grupo é uma forma interessante de renovação. A participação em conferências, network e os contatos com outros grupos são estratégias que visam atingir esse objectivo. Seguidamente, apresentamos uma lista com algumas sugestões concretas para a renovação/reestruturação dos grupos. 1. Planeamento de festas que visem celebrar realizações importantes, aniversários, férias e outros acontecimentos com significado para o grupo. 2. Reuniões em locais agradáveis e na qual se possa servir um pequeno bufete. 3. Planejamento de uma ocasião própria para fazer a revisão do funcionamento do grupo ou recentrar objetivos. Pensar numa maneira em que expressemos o nosso reconhecimento pela contribuiação dada ao grupo por cada um dos seus membros. 4. Apoiar a participação dos membros do grupo em conferências e wokshops. Criar oportunidades para que a pessoa deficiente e os membros do grupo contem a sua história a outras pessoas: em boletins informativos, encontros e conferências. 5. Descobrir outros grupos de consumidores ou de defesa dos direitos das pessoas a PROJETO HORIZONTE 51 que se possa aderir. Apoiar a participação das pessoas nesses grupos. 6. Apoiar visitas do grupo a outras pessoas que enfrentem situações semelhantes. Apoiar visitas do grupo a outros locais onde foram encontradas soluções para problemas semelhantes. 7. Apoiar todos os membros do grupo, e não apenas a pessoa deficiente, para que encontrem oportunidades de enriquecimento pessoal. 8. Proceder o recolhimento de boletins informativos, publicações e livros cujos conteúdos reflitam os interesses e os desafios do grupo. 9. Apoiar os membros do grupo na redação de propostas que visem a obtenção dos recursos indispensáveis à implementação das suas idéias. 10. Contatar pessoas que possam ser mentores ou conselheiros do grupo, ainda que não tenham assento regular nas reuniões do grupo. Convidar outras pessoas para participarem nas reuniões apenas com a finalidade de levar novas idéias. CAPITULO 6 MUDANÇAS NAS ORGANIZAÇÕES A Planificação dos Futuros Pessoais encoraja-nos a concretizar objetivos na vida das pessoas e é para que isso aconteça que desenvolvemos esquemas informais de apoio, relações pessoais e oportunidades na comunidade local da pessoa com deficiência. Contudo, irá certamente suceder que, num determinado ponto deste percurso e como em quase todos os processos de planificação que se dirijam a pessoas, acabamos por bater com a cabeça na parede. Esta parede não é mais que um dos aspectos de pura burocracia sustentada pelo peso da estandardização, rigidez, complexidade ou ignorância. Quando chega esse momento em que batemos com a cabeça na parede que acordamos e saímos do sonho que era pertencer a um grupo de apoio informal ou da comunidade. Passamos então a confrontar-nos com as realidades dos sistemas, complexos e ineficazes. Fomos sempre muito cautelosos quando tivemos que defender soluções burocráticas para os problemas que as pessoas enfrentavam. Fizemos sempre o possível por encontrar os apoios indispensáveis em grupos de pessoas ou na comunidade. Uma vez completamente explorados os apoios informais, virámos a nossa atenção para os serviços de recursos humanos a fim de encontrar aí alguma ajuda. Sempre fomos céticos quanto à capacidade desses serviços de proporcionar os apoios 52 construtivos que eram necessários. Quando demos ouvidos às pessoas e as deixámos falar PROJETO HORIZONTE livremente, escutámos relatos trágicos sobre a insensibilidade dos sistemas praticados nesses serviços de recursos humanos. As pessoas viviam com raiva e tristeza depois de tantos desapontamentos e frustrações e de serem confundidas e desfeitas com as promessas não cumpridas por esses serviços. As pessoas têm muito para falar sobre as frustrações e é isso que podemos ler num documento da Comunidade chamado "Mudança Imperfeita". Quando Jonh McKnight fez a crítica das consequências do funcionamento dos serviços de recursos humanos, que no seu entender eram potencialmente perigosas, estava a dar voz aos nossos sentimentos e medos coletivos em relação a esses serviços. Jonh é bastante claro quando descreve o padrão habitual dos prejuízos causados às pessoas pela debilidade das soluções desenhadas pelos serviços de recursos humanos, mesmo que tenham pensado nelas com as melhores intenções. Incluímos neste nosso texto um excerto do seu informe "Do no harm: a policymaker's guide to evaluating human services and their alternatives" ("Não magoem as pessoas: um guia de orientação política para a avaliação dos serviços de recursos humanos e suas alternativas"). Fazemo então um resumo com bastante clareza os aspectos negativos dos serviços de recursos humanos e os prejuízos que acarretam às pessoas; por fim, o relatório avança três alternativas possíveis a esses sistemas. A análise de McKnight não só esclarece com maior propriedade a dor sentida pelas pessoas como também proporciona um guia bastante útil para a elaboração de respostas alternativas aos serviços de recursos humanos. O que se pretende é que estes serviços, em vez de magoarem as pessoas, lhes dêem o apoio que necessitam. Este capítulo inclui uma estratégia para a preparação de uma plataforma para a mudança, linhas de orientação para um recolhimento eficaz de dados e de atividades de troca mútua; inserimos igualmente as linhas de orientação do desenvolvimento de políticas, da autoria de John McKnight. Este capítulo inclui ainda uma estratégia que visa dar feedback às agências, baseada nas questões de organização que se encontram clarificadas no Processo de Planificação dos Futuros Pessoais. 53 EXCERTOS DE UM GUIA DE ORIENTAÇÃO POLÍTICA PARA A AVALIAÇÃO DOS PROJETO HORIZONTE SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS E SUAS ALTERNATIVAS por John McKnight AS RESPOSTAS DOS SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS APRESENTAM QUATRO CARACTERÍSTICAS ESTRUTURALMENTE NEGATIVAS 1. Os serviços realçam os aspectos da deficiência e não valorizam as capacidades das pessoas. 2. Os serviços vivem do dinheiro que os orçamentos oficiais lhes atribuem o que reduz a importância das suas receitas ao mesmo tempo que aumentam as despesas com os programas que estão sob a sua alçada. 3. Os serviços fazem depender de especialistas e de instituições a resolução dos problemas enquanto reduzem a capacidade de intervenção dos cidadãos e das comunidades. 4. Um ambiente saturado com serviços vai intensificar a dependência, estimular os desvios e neutralizar o potencial positivo de programas individuais em que os serviços intervêm. DECIDIR PELO RECURSO À INTERVENÇÃO DE UM SERVIÇO DE RECURSOS HUMANOS PODERÁ CRIAR A TENDÊNCIA PARA: 1. Prejudicar a noção das capacidades e da auto-estima de um paciente. 2. Reduzir os rendimentos e as opções de emprego do paciente. 3. Diminuir a participação do paciente na vida da comunidade. 4. Diminuir o poder do paciente na tomada de decisões como cidadão. 54 "EXISTIRÁ UM TIPO DIFERENTE DE ABORDAGEM QUE NÃO RECORRA A UM PROJETO HORIZONTE SERVIÇO DE RECURSOS HUMANOS E QUE SEJA MAIS EFICAZ E TENHA MENOS EFEITOS NEGATIVOS?" EXISTEM TRÊS ALTERNATIVAS POSITIVAS: 1. Identifique as capacidades, os desempenhos ou as contribuições potenciais de uma pessoa. Que políticas, recursos ou atividades podem ter como resultado o exercício, a expressão, a visibilidade e a ampliação dessas capacidades? 2. Possibilite-se a criação de receitas em vez de se dar acesso a serviços de recursos humanos pagos de antemão. Que oportunidades se podem criar para dar às pessoas um controle direto sobre os apoios que necessitam, a fim de poder escolher, contratar e supervisionar? 3. Procure-se que haja participação na vida da comunidade e em atividades cívicas em vez de intervenções dos serviços. O desafio que se enfrenta é o desenvolvimento de políticas que estimulem a hospitalidade das associações de cidadãos e dos grupos comunitários. Dessa forma, poder-se-á integrar e partilhar as capacidades de todos aqueles que foram excluídos devido aos rótulos que lhes colocaram. INSTRUMENTO: PREPARANDO UMA PLATAFORMA PARA A MUDANÇA 1. Descrição do que está em falta Identifique as necessidades das pessoas que não podem ser satisfeitas através de redes de apoio pessoal e comunitária. Identifique o que é que os serviços lhes podem dar. Identifique os problemas com os apoios existentes e as coisas que ainda faltam. 2. Em busca de soluções Procure outras pessoas e locais onde funcionem apoios exemplares. Incentive as pessoas a conhecerem e a explorarem esquemas de apoios, modelos de financiamento e práticas administrativas mais eficazes. Pense como é que estes serviços conseguem adequar às necessidades da pessoa com 55 PROJETO HORIZONTE deficiência. 3. Recolhimento e clarificação de dados Descreva o que está em falta de uma forma concisa e o que é que será melhor para cada pessoa. Elabore um curto documento programático que descreva a situação de várias pessoas que apresentam necessidades semelhantes. 4. Desenvolvimento de plataformas para a mudança Estabeleça ligações com outros grupos com a finalidade de formar redes com plataformas idênticas, que promovam o desenvolvimento e a qualidade do apoio prestado. Publicação de documentos simples e claros que descrevam estas plataformas. 5. Aumentar a influência através da partilha de informação Invente formas inovadoras e centradas na pessoa para compartilhar estas informações com outras pessoas. Os príncipios que definem o desenho dessas formas estão descritos neste capítulo. ORIENTAÇÕES PARA UMA EFICIENTE COLETA DE INFORMAÇÃO E COMPARTILHANDO ATIVIDADES 1. Prepare reuniões, visitas e acontecimentos para que: - as pessoas se encontrem umas com as outras, - tenham sempre presente os objectivos do trabalho que desenvolvem, - crie entre as pessoas um espírito de comunidade, - as pessoas se sintam motivadas a funcionarem em grupo, - as pessoas aprendam umas com as outras. 2. Assegure que pelo menos metade, senão mais, dos elementos de cada grupo é constituída pela pessoa deficiente e pelos membros do seu círculo de apoio. Proporcione o apoio que muitas das pessoas precisam para participar nessas reuniões. 3. Faça convites aos participantes e não se sinta obrigado a respeitar uma cadeia hierárquica. Promova reuniões na qual as agências de serviços tradicionais se encontrem com os responsáveis das hierarquias oficiais. Faça esses convites a comissários, às pessoas 56 deficientes, aos membros das famílias destes, aos seus amigos, a funcionários dos serviços PROJETO HORIZONTE diretos, etc. 4. Descubra ambientes simpáticos para as reuniões. Procure-os longe dos espaços, edifícios, formatos e controle exercido pelo sistema oficial. Leve a efeito essas reuniões em locais da comunidade, tais como: igrejas bibliotecas hoteis a sala de reuniões da frequesia colégios ou escolas da comunidade 5. Programe momentos de comunhão entre as pessoas durante as reuniões, tais como refeições em grupo, longas pausas e outros rituais que contribuam para a criação de um espírito de grupo entre as pessoas. 6. Apoie as pessoas com deficiência a falar por elas próprias. Antes de mais, deve ajudá-las a clarificarem as suas idéias e a sintetizar os seus pontos de vista. 7. Antes de cada encontro, prepare documentos escritos simples que sirvam de apoio às reuniões e que a seguir a elas continuem a ser úteis. 8. Convide pessoas interessantes, informadas e competentes com o objetivo de motivar o grupo para determinadas questões ou de facilitar o seu funcionamento. "Pessoas estranhos com interesse" são uma boa ajuda, porque a assiduidade e a participação nas reuniões de grupo aumentam. ORIENTAÇÕES PARA UM DEBATE COM AS AGÊNCIAS A implementação das mudanças que é necessário operar a nível das organizações tem mais probabilidade de acontecer quando pela nossa parte lhes damos informações claras sobre o que fazemos e aquilo que conseguimos obter. As pessoas responsáveis pela parte financeira das organizações deverão saír destes debates com uma compreensão muito clara sobre: - a visão do futuro possível para várias pessoas deficientes, - as formas a que um grupo de apoio recorre para, desde logo, começar a trabalhar na implementação das suas idéias e - os modos de funcionamento que as organizações precisam de alterar se quiserem apostar em novos caminhos. Para apoio dos membros da equipe na organização dos debates com as agências, propomos como metodologia a seguinte sequência: PROJETO HORIZONTE 57 1. Sintetizem a sua visão de futuro para a pessoa deficiente: Usem uma ou duas tabelas que descrevam as capacidades avaliadas na pessoa deficiente e a visão em que apostam para o seu futuro. 2. Descrevam as oportunidades que as pessoas usufruem de momento de criarem laços e conhecimentos na comunidade local. 3. Descrevam o apoio organizacional necessário aos membros da equipe, desenvolvendo um trabalho em grupo, para a resolução de problemas ao longo do tempo. 4. Descrevam as questões de organização que se aplicam ao desenvolvimento da planificação ao longo de todas as suas etapas. Podem elaborar duas listas de questões: de curto e de longo prazo. 5. Identifiquem entre uma e três prioridades de mudança organizacional e dêem exemplos específicos e concretos de transformações que se aplicam e podem resolver estes problemas. Se necessário, façam referência às etapas do nosso instrumento de trabalho "Preparando uma Plataforma para a Mudança". 6. Explanem algumas das atitudes ativas que em termos de gestão se podem tomar quando se tratar de levar à prática as nossas idéias. 7. Deixem tempo para um período de discussão e reflexão. APÊNDICE UM EXEMPLO DE UM PERFIL INDIVIDUAL Apresentamos em seguida o Perfil do Sr. Miller para ilustrar um certo número de mapas que se incluem num tipo de Perfil. O Perfil de Tom Miller inclui quase todos os mapas básicos e um mapa opcional, o mapa da comunicação. Incluímos também neste capítulo as indicações do facilitador que enriquecerão cada um dos mapas. O PERFIL DE TOM MILLER APRESENTA OS SEGUINTES MAPAS: INCLUI-SE AS INDICAÇÕES DO FACILITADOR NOS SEGUINTES MAPAS ADICIONAIS 58 PROJETO HORIZONTE MAPA DE RELAÇÕES SOCIAIS Objetivo: Identificar o apoio necessário à pessoa com deficiência, as pessoas mais importantes na sua vida e outras que possam estar interessadas em se juntarem ao longo de um certo período de tempo para desenvolverem uma planificação. EXEMPLO: AS RELAÇÕES SOCIAIS DE TOM MILLER MAPA DE RELAÇÕES AMIGOS FAMÍLIA PROFISSIONAIS REMUNERADOS INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Divida o círculo de relações em pelo menos três categorias: família, amigos e funcionários de serviços. 2. Inscreva cada pessoa no mapa referenciando-a com um símbolo de figura humana e o seu nome. Indique a natureza da relação entre essa pessoa e a pessoa deficiente e há quanto tempo se conhecem. 3. Coloque as pessoas mais íntimas da pessoa deficiente, as pessoas que são mais importantes, no centro do círculo. Indique a intensidade e a força dessa ligação através de 59 PROJETO HORIZONTE linhas mais carregadas. 4. Sublinha de amarelo as pessoas que possam envolver-se neste círculo de apoio. MAPA DE LUGARES Transportes Acompanhado por sua mãe Casa da avó Escola Especial Residência 02 Horas por dia 05 dias por semana Lar Vida em comunidade 1 Visita por mês EXEMPLO: A VIDA DE TOM MILLER NA SUA COMUNIDADE Objetivo: Descrever o padrão de vida diária da pessoa deficiente a fim de ilustrar o modo com ela passa o seu tempo. Adquirir um entendimento da vida que a pessoa faz na sua comunidade em comparação com o tempo gasto em ambientes de serviços de recursos humanos segregados. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Desenhe os locais frequentados pela pessoa deficiente. Indique a quantidade de tempo gasto em cada um desses locais e a frequência dos contatos. Inclua a casa, o local de trabalho e outros ambientes da comunidade. 2. Faça uma linha em diagonal ou desenhe um triângulo no mapa e coloque os ambientes e as atividades de serviços segregados abaixo dessa linha ou dentro do triângulo. Coloque os ambientes da comunidade acima dessa linha. 60 3. Sublinhe de verde os locais que a pessoa mais gosta de frequentar, os locais na qual PROJETO HORIZONTE ela tenha experiências positivas e os locais na qual a pessoa prefere ver-se mais envolvida e a frequência dos contatos. Registre a vermelho os locais na qual a pessoa tem menor nível de sucesso e anote a razão por que isso acontece. IDENTIFICANDO AS PREFERÊNCIAS PESSOAIS Objetivo: Descobrir as capacidades a ser desenvolvidas e as condições a serem evitadas quando planejar as experiências para viver no futuro. Este exercício pode ajudar-nos a descobrir padrões nos talentos, potenciais, interesses e contribuições que a pessoa deficiente tem para dar. Esta lista ajuda-nos também a identificar padrões nas condições que bloqueiam ou criam resistências ao desenvolvimento, condições que no futuro deverão ser evitadas. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Faça um registro das coisas que funcionam a cor verde e a vermelho as que não funcionam. 2. Faça uma lista de todas as coisas de que as pessoas se lembrem. Traduza toda a linguagem técnica e o calão profissional numa linguagem comum. Procure um padrão nas coisas que interessam e em que as pessoas se envolvem e nas em que isso não acontece. EXEMPLO: AS PREFERÊNCIAS PESSOAIS DE TOM MILLER COISAS QUE FUNCIONAM, COISAS QUE NÃO QUE DESPERTAM O SEU FUNCIONAM, QUE O INTERESSE, LHE DÃO ABORRECEM, PREOCUPAM, VONTADE DE VIVER; LHE PROVOCAM COMPROMISSOS QUE DEPRESSÕES E O DEIXAM ASSUME E MOTIVAÇÃO FRUSTRADO PESSOAL - música: sentar-se atrás das - não conseguir se PROJETO HORIZONTE colunas de som e gosta das comunicar vibrações - quando as pessoas não fazem ou - gosta de nadar e de estar na água não querem fazer um esforço para relacionar-se ou comunicar-se com - gosta de ir às compras, ele experimentar roupas. Gosta de ir à mercearia e comprar uma revista. - quando percebe que as pessoas não gostam dele - fascinam-lhe os carros. Começou a fazer um carro quando tinha 6 - quando está sem fazer nada, fica anos. Gosta de passear de carro muito aborrecido - é uma pessoa com tendência para - não gosta de música quando a mecânica. Percebeu o passeia de carro funcionamento da máquina de lavar roupa quando abre a porta - não gosta de estar dentro do carro pela parte de cima. Desregulou a quando o mesmo é levado para imagem da TV e a seguir consegui lavagem automática fixa-la. - não conseguiu utilizar a bengala - gosta de ir à igreja, a restaurantes, fazer compras no - a bicicleta de ginástica centro comercial. Gosta de passear no jardim e no centro comercial - não gosta de mexer em coisas pegajosas - o seu livro de comunicação - adora estar com a família 61 PROJETO HORIZONTE 62 MAPA DE COMUNICAÇÃO Objetivo: Desenvolver uma compreensão pormenorizada das estratégias de comunicação e das capacidades que funcionam com sucesso. Identificar desempenhos de capacidades a nível receptivo e expressivo, assim como os apoios ambientais que funcionam e as estratégias úteis para o estabelecimento de relações sociais. EXEMPLO: ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO QUE FUNCIONAM COM TOM MILLER - Tom é bastante reativo ao contato físico. Quando alguém o aborda, a primeira coisa que deve fazer é tocá-lo com delicadeza. A seguir, deve identificar-se por meio de um gesto tátil que Tom associe à sua pessoa. Depois, deve dizer o seu nome. - Tom sabe escrever perfeitamente o seu nome. Sabe escrever outras palavras quando apresentadas em alfabeto manual (na mão). - Quando uma pessoa quiser dizer-lhe alguma coisa, deve comunicar-lhe essa intenção fazendo deslizar a mão sobre a palma da mão de Tom, usando gestos táteis ou o alfabeto manual. O alfabeto manual deve ser feito na mão de Tom. O polegar da pessoa tem um papel preponderante. A mão de Tom deve estar em forma de concha sobre a mão que a pessoa usa para fazer os gestos. - Para dizer banheiro agite a mão em frente do rosto de Tom fazendo a letra "B" em alfabeto manual e em seguida, na palma dele, faça também em alfabeto manual todas as letras dessa palavra. - Praticar alfabeto manual em frente ao espelho. - Tom tem um olfato apurado e é através deste sentido que ele identifica muitas coisas que se passam à sua volta. Também consegue reconhecer uma pessoa tocando-a no rosto ou no corpo. - Não esquecer que Tom é uma pessoa muito hábil! Tem uma boa capacidade para resolver problemas e bons desempenhos em mecânica. - É uma pessoa que aprecia fazer escolhas. Deve dar-lhe bastantes oportunidades para faze-lo. - A mãe de Tom tem um livro de comunicação onde esão registados os gestos que ele sabe. Uma cópia deste livro será feita para todos os membros da família. PROJETO HORIZONTE 63 INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. A lista de estratégias refere apenas "coisas que funcionam" e não inclui "coisas que não funcionam". Pensamos que deste modo se facilita o registro de ambas as categorias, porque o que se pretende é que as informações recolhidas sejam o mais fidedignas possível. 2. Uma vez mais, registre a verde as coisas que funcionam e a vermelho as que não funcionam. FALE LÍNGUA DE GENTE! Muitas informações sobre o processo de comunicação acabam por não se perceber quando se usa uma linguagem técnica insuportável. Traduza-o! 3. Sirva-se das listas que aparecem neste texto para dar pistas em comunicação gestual e recordar os símbolos quando precisar usa-los. IMAGENS DO FUTURO: MAPA DOS SONHOS VIDA NA COMUNIDADE Membro do centro estudantil – Ginásio. Vida Familiar: Apoiar os familiares para visitas, ir jantar, ir nadar, ir à lavanderia uma vez por mês. Ir à jantares, ir à igreja ESCOLA AMIGOS Escola Secundária próxima a casa da família. Estar com crianças da mesma idade e tamanho. Treinar, fazer ginástica e nadar. Participar na equipe de futebol e basquete. Fazer amizade com outros alunos Um dia completo RECRAÇÃO: Ativa / Física Caminhar Nadar Andar a cavalo Bowlling Ir as compras Ir ao Centro Comercial EXPLORAÇÃO ARTÍSTICA BOA EDUCAÇÃO Aprendizagem de: Desenhar, planejar, modelar com argila, explorar diferentes meios. EXPLORAÇÃO VOCACIONAL Tarefas domésticas Computação Atividades de tempo livre Atividades vocacionais Interprete indivídual Consistência Ativo, sem aborrecimento Lavar carros e vasilhas Eletricidade Juntar coisas IMAGENS CASA DO FUTURO PARA TOM Casa com quintal Companheiro de quarto, alguém conhecido, talvez irmão Próximo da família (mas não no mesmo quintal). Habilidades domésticas Cozinhar Lavar Compras para almoço PROJETO HORIZONTE 64 Objetivo: Explorar as imagens interiores relacionadas com os desejos e os sonhos de um futuro. Ajuda a ilustrar as experiências que a pessoa ou a família mais desejam, incluindo os sonhos de ter a sua casa, emprego, vida social na comunidade ou uma vida própria. A diferença entre este mapa e o mapa da "visão" desenvolvido durante a reunião de Planificação dos Futuros Pessoais é que o presente mapa expressa as imagens e as esperanças da pessoa e daqueles que lhe são mais próximos. O mapa da visão, por seu lado, possibilita a uma grande quantidade de pessoas contribuirem com as suas idéias. MAPAS ADICIONAIS E INDICAÇÕES ÚTEIS DO FACILITADOR O Perfil Individual de Tom Miller ilustra a maior parte dos mapas fundamentais para o estabelecimento de um Perfil. Inclui ainda um mapa opcional, o Mapa da Comunicação. Os facilitadores devem desenhar cada processo de Perfil Individual, optando por usar os mapas que disponibilizem mais informações. As indicações do facilitador que a seguir se apresentam relacionam-se com o uso de mapas adicionais. MAPA DOS ANTECEDENTES MAPA FUNDAMENTAL- MAPA DOS ANTECEDENTES: O objetivo do mapa dos antecedentes é compreender a experiência de vida da pessoa deficiente e a da sua família. O mapa dos antecedentes poderá trazer à luz do dia experiências positivas do passado que devam ser aproveitadas. Este mapa proporciona ainda a oportunidade de avaliar traumas, perdas e desgostos por que a pessoa passou assim como apreciar os sucessos obtidos. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Identifique quando e onde a pessoa nasceu. Identifique os locais onde a pessoa viveu anteriormente e destaque as mudanças ou os marcos mais importantes na vida da pessoa. 2. Indique a vermelho os padrões que se encontram em crise e os problemas por que a pessoa passou. A verde, registre as experiências positivas. PROJETO HORIZONTE 65 3. Sintetize as oportunidades tidas no passado e que podem agora ser "agarradas". MAPA DAS ESCOLHAS MAPA OPCIONAL- MAPA DAS ESCOLHAS: Este mapa ajuda a ilustrar tanto a autonomia pessoal como as necessidades de assistência. Este mapa poderá nos ajudar a compreender o nível de controle que a pessoa deficiente tem sobre as decisões tomadas sobre a sua vida em comparação com o nível das decisões tomadas por outras pessoas sobre essa mesma vida. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Indique quais são as oportunidades de escolha da pessoa deficiente em coisas como: um local para morar, colegas de quarto, trabalho, dinheiro, etc. 2. Indique também as oportunidades de escolha da pessoa quanto a decisões sobre o seu dia a dia: vestir-se, arranjar-se e preparação de refeições. 3. Tome atenção às oportunidades em que é possível transferir as decisões tomadas pelos outros para a pessoa deficiente. MAPA DE SAÚDE MAPA OPCIONAL- MAPA DE SAÚDE: O objetivo do Mapa de Saúde é descrever as condições que promovem ou ameaçam a saúde da pessoa deficiente. Este é um bom mapa para desenvolver quando as pessoas têm problemas de saúde complicados, terapias ou seguem uma medicamentação que deve ser considerada no desenvolvimento da Planificação. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Registre as condições e os indicadores de uma saúde sem problemas usando a cor verde e os sintomas ou problemas de saúde a vermelho. 2. Registre necessidades de cuidados físicos especiais, o equipamento necessário e as rotinas de saúde e questões relacionadas com dietas ou exercícios. PROJETO HORIZONTE 66 MAPA DE DIGNIDADE MAPA OPCIONAL- MAPA DE DIGNIDADE: O objetivo do Mapa de Dignidade é identificar as características específicas da pessoa deficiente que criam obstáculos à sua aceitação pela comunidade e que podem levar a que as outras pessoas a rejeitem. Em comparação, identificar as características pessoais positivas que ajudam a pessoa deficiente a obter o respeito dos outros e a estabelecer relações. Este é um mapa muito útil quando as pessoas têm características e comportamentos complexos que colocam dificuldades às outras pessoas. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Registre de verde as características e papeis desempenhados pela pessoa deficiente que são dignas do respeito das outras pessoas. Referimo-nos a qualidades e características que as outras pessoas admiram, valorizam e apreciam. 2. Registre os comportamentos estranhos ou fora do comum que podem levar à rejeição ou ostracização pelas pessoas que têm um certo peso na comunidade. 3. Registre com clareza a frequência e o contexto em que estes comportamentos ocorrem. MAPA DE CASA OU DO TRABALHO MAPA OPCIONAL- MAPA DE CASA OU DO TRABALHO: O objetivo do Mapa de Casa ou do Trabalho é explorar mais pormenorizadamente as condições que no local de trabalho ou em casa funcionam e as que não funcionam. É um mapa bastante útil quando as pessoas se sentem frustradas com a sua vida ou com o seu emprego. Ajuda-nos quando queremos compreender mais coisas acerca das condições específicas que podem ser úteis ou magoar a pesoa deficiente. O Mapa de Casa pode ser particularmente útil quando trabalhamos com a família. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Quando descrever a casa em que a pessoa deficiente habita, descreva as condições do espaço físico, os colegas de quarto, os padrões de atendimento dos funcionários, as PROJETO HORIZONTE 67 dinâmicas familiares, etc. 2. Quando descrever as condições de trabalho indique as condições ambientais, as tarefas e os deveres profissionais, os colegas de trabalho, o salário, a regularidade dos pagamentos, a eficácia dos apoios aos desempenhos laborais, etc. MAPA DAS ROTINAS DIÁRIAS MAPA OPCIONAL- MAPA DAS ROTINAS DIÁRIAS O objetivo do Mapa das Rotinas Diárias é descrever pormenorizadamente o horário diário a fim de encontrar oportunidades para se desenvolver atividades com significado na vida da comunidade. Uma análise detalhada das rotinas diárias ajuda a trazer à luz do dia as lacunas, os momentos de depressão, aborrecimento, frustração e o tempo que a pessoa deficiente passa num ambiente segregado. Todos estes aspectos podem ser reorganizados a fim de integrar atividades e prestações individuais que tenham real significado. Este é um mapa bastante útil quando as pessoas têm comportamentos complexos ou quando vivem em instituições de segregação, como certos ambientes institucionais na qual as pessoas dispõem de poucas oportunidades para fazerem coisas em que se sintam verdadeiramente estimuladas. INDICAÇÕES ÚTEIS: 1. Faça os registros no mapa começando pela hora em que habitualmente se faz o despertar matinal, registre o dia a dia típico da pessoa com intervalos de 5 a 15 minutos. 2. Descreva o nível de assistência pessoal necessária para apoiar a pessoa a realizar cada um dos aspectos pontuais da sua vida diária. 3. Registre a verde os tempos e as atividades em que a pessoa obtem maior sucesso. Registre a vermelho os tempos e as atividades em que a pessoa obtem menor sucesso. MAPAS OPCIONAIS ADICIONAIS COMPREENDER E DESCREVER PESSOAS: INVENTANDO NOVOS CAMINHOS Descobrimos que algumas pessoas precisam de percorrer outros caminhos quando têm por tarefa compreender e descrever as características das pessoas e os desafios que enfrentam. Por conseguinte, os elementos envolvidos na Planificação dos Futuros Pessoais 68 desenvolvem novos mapas e revêem os já existentes de forma a apoiar aquelas pessoas a PROJETO HORIZONTE adquirirem uma noção mais clara dos vários aspectos da vida de uma pessoa deficiente. O mapa de comunicação que a seguir apresentamos foi criado com o auxílio de Kathy McNulty e do pessoal do Helen Keller National Center. UM MAPA OPCIONAL: DESCRIÇÃO DAS CAPACIDADES COMUNICATIVAS O objetivo do Mapa de Comunicação é descrever o conhecimento coletivo no que respeita às capacidades de recepção de informação e de expressão da pessoa deficiente. Existem centenas de variáveis, umas claras e outras mais sutis, que exprimem uma descrição exata das capacidades comunicativas de cada pessoa com deficiências sensoriais. As questões que a seguir se colocam servem apenas de guia para uma discussão sobre uma quantidade imensa de pormenores finos e fundamentais para a compreensão da história pessoal, dos hábitos a nível da comunicação receptiva, das capacidades comunicativas a nível da expressão e dos apoios e pistas ambientais da pessoa deficiente. Esta descrição deve igualmente incluir o melhor do que sabemos sobre o modo como a pessoa com deficiências sensoriais estabelece relações com os outros. MAPA DE COMUNICAÇÃO Use o quadro seguinte para sintetizar o que já se sabe sobre os apoios que funcionam e os que não funcionam quanto à eficácia da comunicação entre a pessoa deficiente e os outros. Tenha em conta as questões relacionadas com a história da pessoa, a comunicação receptiva, a comunicação expressiva, os apoios ambientais e o estabelecimento de relações sociais. O QUE FUNCIONA* O QUE NÃO FUNCIONA* *leia as questões que a seguir colocamos para se inspirar nas respostas a estas duas perguntas fundamentais: "o que funciona?" e "o que não funciona?" PROJETO HORIZONTE 69 HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO A pessoa é cega ou surda desde que nasceu? Ou, pelo contrário, perdeu a visão ou a audição mais tarde? Qual foi a experiência de vida da pessoa antes de perder as capacidades da visão ou a da audição? De um modo geral, quais são as capacidades cognitivas e linguísticas da pessoa e qual é o seu principal modo de comunicação? COMUNICAÇÃO RECEPTIVA O modo usado pela pessoa para receber informação. Ela é capaz de: Ouvir? Quanto, a que intensidade? De que sons (pistas) ambientais consegue aperceber (por exemplo, campaínhas, portas que se abrem, o som dos passos, etc)? Ler material escrito? Qual será o tamanho de letra mais indicado? Ler Braile? Qual o tamanho e intensidade do relevo indicados? Fazer leitura labial? A que distância deverá estar da pessoa com quem comunica? Perceber Língua de Sinais? Se sim, qual a estrutura dos gestos apresentados? Identificar imagens ou símbolos usando a visão ou o tato? Agarrar, dar, receber ou apontar objetos para comunicar as suas necessidades? Como é que podemos avaliar aquilo que a pessoa compreende? Podemos colocar perguntas para avaliar a sua compreensão? Podemos confiar num simples abanar de cabeça, para dizer sim ou não? COMUNICAÇÃO EXPRESSIVA Como é que a pessoa expressa as suas necessidades, os seus sentimentos, desejos e ordens? Ela é capaz de: Falar, fazer sons? Que é que os diferentes sons e entoações significam? Fazer gestos, convencionados ou não? Será que a pessoa generaliza o uso de um gesto para expressar uma grande número de coisas diferentes? Que diferenças regionais existem na língua de sinais do país? Quais são os gestos privados que a pessoa usa? Quem é que os compreende? 70 Usar imagens, apontar e segurar objetos ou usar o tacto para comunicar as suas PROJETO HORIZONTE necessidades? Usar a mímica ou o jogo dramático para expressar as suas necessidades e desejos? Usar linguagem corporal, gestos naturais e expressão facial? Usar os seus comportamentos para se expressar sobre o que gosta, o que não gosta, os seus medos, dores, necessidades e desejos? Tocar, andar ou usar os gestos para expressar as suas necessidades? Transformar as suas rotinas para expressar as suas necessidades (por exemplo, não se levantar da cama)? PISTAS E APOIOS AMBIENTAIS É necessária a presença de um intérprete? Que capacidades e desempenhos o intérprete necessita de ter? A que distância deve estar o intérprete? O intérprete deve estar em frente da pessoa deficiente ou à sua volta? Qual o grau de luminosidade necessária? Quais são as cores de fundo que podem reduzir o encadeamento provocado pela luz? Quais são os pontos de referência ambientais capazes de fornecerem pistas? Quais desses pontos de referência é que são permanentes (por exemplo, iluminação fixa, mobília)? E quais são os pontos de referência que não o são (por exemplo, cheiros, sinais de movimento e de atividade)? Que se pode esperar de um determinado local (por exemplo, cozinha, casa de banho, quarto)? De que modo é que os cheiros das pessoas (perfume, loções, cheiro a cigarro e outros) ou os sons provocados pelas jóias que usem, o comprimento das unhas, etc, incomodarão ou serão úteis à pessoa deficiente? CONTATAR COM AS PESSOAS E ESTABELECER RELAÇÕES SOCIAIS Que sabemos nós sobre a maneira mais eficaz para entrar em contato com uma pessoa deficiente? 1. Qual é a melhor maneira de entrar em contato pela primeira vez com uma pessoa? Cada pessoa tem a sua maneira própria de, num processo de comunicação, criar intimidades, dar permissões e sentir-se segura. Quais são essas maneiras? As coisas que devemos ter em consideração incluem: PROJETO HORIZONTE 71 - toque delicadamente no ombro ou na mão da pessoa. - não interrompa a pessoa se ela está a conversando com outras. - diga imediatamente quem você é e quem mais terá entrado na sala. - fale ou gestualize diretamente para a pessoa. - descubra outras maneiras de comunicar com a pessoa sem ser apenas para dar ordens. - relacione-se, não esteja apenas a ensinando coisas. As emoções, tais como o humor, sarcasmo, etc, expressam a disposição de uma pessoa. - descubra quem é que melhor conhece a pessoa deficiente e observe-as a conversar. 2. Dê tempo para a pessoa deficiente processar a informação. Por exemplo: - fique com a sua mão onde ela colocar até que a pessoa perceba quem você é. - repare e observe os outros para saber qual é o modo de comunicação mais eficaz. - seja cuidadoso na forma como toca na pessoa. Tem as mãos frias? Sente que as suas mãos transmitem ansiedade ou irritação? 3. Tome atenção às entradas e saídas de outras pessoas. Por exemplo: - deixe que a pessoa saiba que alguém mais entrou na sala e que essa pessoa passou a ouvir as coisas que se estão dizendo. 4. Saiba quando é que a pessoa deficiente é mais receptiva. Por exemplo: - talvez a hora da refeição não seja o melhor momento para se conversar. - talvez haja "momentos de intimidade" em que a pessoa está mais atenta. - talvez seja melhor comunicar durante o desempenho de certas funções. 5. Acima de tudo, pense na pessoa como pensa em si próprio. Que é que a faz sentir-se respeitada, tratada com cortesia e simpatia? Pense noutros gestos naturais que podiam ter significado para si se fosse você a pessoa deficiente. Ponha-se na pele dela. 1-COMO É QUE DESCREVEMOS AS PESSOAS? 2-COMO É QUE PENSAMOS E ENCARAMOS O FUTURO? 3-QUEM É QUE TOMA AS DECISõES? QUEM É QUE MANDA? 4-em que aspectos da comunidade é que acreditamos ? 5-qual é a confiança que depositamos nos Serviços? PARTINDO DA ABORDAGEM CENTRADA NO SISTEMA 1-DEFICIÊNCIAS 2-PROGRAMAS DE SEGREGAÇÃO 3-CONTROLE PROFISSIONAL 4-REJEIÇÃO PELA COMUNIDADE PROJETO HORIZONTE 72 5-SERVIÇOS INEFICAZES 1-PREOCUPA-SE COM OS TALENTOS, CAPACIDADES, DESEJOS E SONHOS. 2-PLANEJE UM FUTURO RICO QUANTO AO ENVOLVIMENTO NA VIDA COMUNITÁRIA 3-APOIA ÀS DECISÕES TOMADAS PELA PESSOA E PELA COMUNIDADE 4-CRIA RELAÇÕES SOCIAIS NA COMUNIDADE E PROMOVE A SUA ACEITAÇÃO 5-ADAPTA E TRANSFORMA OS SERVIÇOSSERVIÇOS CAPAZES DE DAR RESPOSTAS MOUNT, 1988 MAGENS DO FUTURO DE TOM MILLER ESCOLA: AMIGOS -ESCOLA SECUNDÁRIA PERTO DA RESIDÊNCIA DE TOM -ESTAR COM JOVENS DA SUA IDADE E TAMANHO -FAZER EXERCÍCIO FÍSICO, GINÁSTICA NUM GINÁSIO, IR NA PISCINA -TER UM PAPEL NAS EQUIPES DE FUTEBOL E DE BASQUETEBOL -TER COMO AMIGOS OUTROS ESTUDANTES -TER UM DIA REPLETO -BOA EDUCAÇÃO: -APRENDER A: -REALIZAR ATIVIDADES DA VIDA DOMÉSTICA -TRABALHAR SOBRE/COM COMPUTADORES -OCUPAR OS SEUS TEMPOS LIVRES -TREINO VOCACIONAL -INTÉRPRETE UM PARA UM -CONSISTÊNCIA -VIDA ATIVA, E NÃO ABORRECIDA VIDA COMUNITÁRIA: -MEMBRO DE UM CLUBE DESPORTIVO OU DE UM HEALTH CLUB -VIDA FAMILIAR: APOIA A FAMÍLIA QUANDO HÁ VISITAS, VAI AOS JANTARES, VAI À PISCINA, OU À LAVANDARIA UMA VEZ POR MÊS -VAI JANTAR FORA, VAI À IGREJA -TEMPOS LIVRES: ATIVO, ATIVIDADES FÍSICAS: 73 PROJETO HORIZONTE ANDAR A PÉ NATAÇÃO EQUITAÇÃO JOGO DE BOLICHE FAZER COMPRAS IR AO CENTRO COMERCIAL -EXPLORAÇÃO DAS CAPACIDADES ARTÍSTICAS DESENHAR, PINTAR, MOLDAR COM GESSO, EXPLORAR DIFERENTES MEIOS DE EXPRESSÃO -EXPLORAÇÃO VOCACIONAL LAVAGEM DE CARROS, LAVAGEM DE LOUÇA, ELECTRICIDADE, MONTAGEM DE PEÇAS -A SUA CASA... ...ESTANDO PERTO DE UM JARDIM, DO CENTRO COMERCIAL, DE RESTAURANTES, DO BOLICHE, DA PISCINA, ...TENDO UM QUINTAL, ...TENDO ALGUÉM QUE ELE CONHEÇA COMO COMPANHEIRO DE QUARTO, O WALTER, POR EXEMPLO, ...ESTANDO PERTO DA FAMÍLIA, MESMO NÃO SENDOAO LADO DA SUA CASA. -DESEMPENHOS DOMÉSTICOS: COZINHAR LAVAR A ROUPA COMPRAS DE MERCEARIA MAIS IMAGENS SOBRE DO FUTURO DE TOM TOM: ESCOLA: EXPERIÊNCIA E TREINO VOCACIONAL EXPERIÊNCIAS VOCACIONAIS: -COMPUTADORES -EXPERIÊNCIAS MUITO ESTIMULANTES -MONTAGEM DE PEÇAS INSTALAÇÃO DE PÁRA-BRISAS -MONTAGEM DE ALARMES OU DE DETECTORES DE FUMO -LAVAGEM DE CARROS PROJETO HORIZONTE 74 -TRABALHO CONCESSIONADO -TRABALHO EM ARTIGOS ELECTRÓNICOS, COMO TELEVISÕES, ETC COMUNIDADE E RELAÇÕES SOCIAIS -FAZER AMIZADES -PAPEL NUMA EQUIPE DESPORTIVA -ENVOLVIMENTO FAMILIAR ATIVO -IR AOS BAILES ORGANIZADOS PELA COMUNIDADE -DESEMPENHO DE CAPACIDADES RELACIONAIS -ARRISCAR A REJEIÇÃO LOCAIS DE COLOCAÇÃO: -ESCOLA SECUNDÁRIA DE OFÍCIOS -ESCOLA SECUNDÁRIA BALLARD -ESCOLA VOCACIONAL LYDON CHAVES PARA O SUCESSO: -COMUNICAÇÃO CONSTANTE -INTÉRPRETE UM PARA UM -CONSISTÊNCIA,PREVISIBILIDADE MAS SEM SER ABORRECIDA -ESTAR COM JOVENS DA SUA IDADE E TAMANHO -UMA TRANSIÇÃO BEM PLANEJADA -PESSOAS QUE O TOM CONHEÇA E DE QUEM GOSTE -TREINO DE ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE -VASTO ENTENDIMENTO DOS SEUS MEIOS DE COMUNICAÇÃO VALORES -RELAÇÕES SOCIAIS -LOCAIS -CONTRIBUIÇÕES -ESCOLHAS -DIGNIDADE E RESPEITO IR AO ENCONTRO DAS PESSOAS INSTRUMENTO MAPA DE RELAÇÕES SOCIAIS 2. VIDA +À PROCURA DE PISTAS E À DESCOBERTA DE MODELOS DA EXPERIÊNCIA DE VIDA INSTRUMENTO PROJETO HORIZONTE PERFIL PESSOAL 3. DESENVOLVENDO UM CENTRO DE INTERESSE PARA ONDE QUEREMOS IR INSTRUMENTO CRIANDO UMA VISÃO 4. SER ATIVO TENTANDO FAZER COISAS E TRABALHANDO EM CONJUNTO INSTRUMENTO RESOLUÇÃO INTERATIVA DE PROBLEMAS 5. EXPLORANDO A COMUNIDADE INSTRUMENTO MAPA DA COMUNIDADE 6. DESENVOLVENDO APOIOS DE UM SISTEMA CONSTRUTIVO INSTRUMENTO PLATAFORMAS PARA A MUDANÇA AMIGOS FAMÍLIA PESSOAS PAGAS PARA PRESTAR SERVIÇOS QUADROS FUNDAMENTAIS MAPA DE RELAÇÕES SOCIAIS AMIGOS FAMÍLIA PESSOAS PAGAS PARA PRESTAR SERVIÇOS MAPA DE LOCAIS VIDA COMUNITÁRIA MUNDO DOS SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS ANTECEDENTES NASCIMENTO ATUALMENTE PREFERÊNCIAS PESSOAIS O QUE PODE FUNCIONAR O QUE NÃO FUNCIONA SONHOS ESPERANÇAS E RECEIOS SONHOS E ESPERANÇAS RECEIOS OU PESADELOS QUADROS DE OPÇÃO MAPA DE ESCOLHAS 75 76 PROJETO HORIZONTE FEITAS PELA PESSOA FEITAS POR OUTRAS PESSOAS MAPA DE SAÚDE CONDIÇÕES QUE CONDUZEM A UMA BOA SAÚDE CONDIÇÕES QUE CONDUZEM A PROBLEMAS DE SAÚDE MAPA DE ESTIMA CARACTERÍSTICAS POSITIVAS QUALIDADES QUE FREQÜENTEMENTE CONDUZEM À REJEIÇÃO MAPA DE CASA OU DO TRABALHO COMUNICAÇÃO O QUE FUNCIONA O QUE NÃO FUNCIONA ROTINA DIÁRIA 7:30-7:45 7:45-8:00 UM FUTURO POSITIVO PARA JANE JANE DAQUI A QUATRO ANOS NUM EMPREGO: TRABALHOS PAGOS= DINHEIRO TRABALHO NUMA LINHA DE MONTAGEM TRABALHO RELACIONADO COM ROUPAS RELACIONAR-SE COM ADULTOS (MULHERES) TRABALHO NUMA LIVRARIA ARMAZENAMENTO DE LIVROS, REABASTECIMETNO DAS ESTANTES E COLOCAÇÃO DE BOLSAS DE PLÁSTICO NOS LIVROS TRABALHO NUM ESCRITÓRIO UMA ASSISTENTE COM UM PROGRAMA DE CUIDADOS DIÁRIOS EM CASA: VIVER NA SUA CASA ATUAL COM AJUDA SE ALGUMA COISA ACONTECER A NANCY -APRENDER MAIS ALGUNS DESEMPENHOS DOMÉSTICOS PROJETO HORIZONTE 77 -SER CAPAZ DE FAZER ESCOLHAS E DE SER AUTÓNOMA EM CASA -TER AJUDA E ORIENTAÇÃO NA APRENDIZAGEM DE NOVOS DESEMPENHOS E EM SABER ESTAR COM PESSOAS TEMPOS LIVRES: SAIR E FAZER COISAS LOJAS COMPRAS SER ANFITRIÃ FESTAS DANÇAR AMIGOS: A ASSISTENTE LEGAL PARES DA MESMA IDADE SEM DEFICIÊNCIAS PESSOAS COM QUEM SE PODE DIVERTIR UM FUTURO POSITIVO PARA LILA EM CASA -UM LUGAR NA QUAL LILA POSSA DESCANSAR E TER LIBERDADE DE MOVIMENTOS E SER ELA PRÓPRIA! -UM QUINTAL COM: FLORES PARA CHEIRAR UM BALANÇO UM JARDIM PERTO DUMA PISCINA -UM DUPLEX COM PESSOAL QUE PARTILHE A VIDA DOMÉSTICA, VIZINHOS QUE APOIEM NAS FOLGAS -PESSOAL QUE: SAIBA LINGUA DE SINAIS SEJA FLEXÍVEL SEJA EMPENHADO SEJA ATIVO NO QUE RESPEITA A: NATAÇÃO CAMINHADAS ANDAR DE SKATE MEIO AMBIENTE -INTIMO, CONFORTÁVEL PROJETO HORIZONTE -BOA COMIDA QUE LILA POSSA ARRANJAR -COLCHÃO DE ÁGUA COM UM ALARME DE VIBRAÇÃO -COM CHEIROS INTERESSANTES -COM UM UMA SALA DE VISITAS PARA A FAMÍLIA E OS AMIGOS -COM UMA CADEIRA DE BALANÇO -COM MÚSICA BEM ALTA AMBIENTE MODIFICADO COM PISTAS VISUAIS -TAPETES, MOBÍLIA E ALMOFADAS MACIAS -LETRAS E SÍMBOLOS AUMENTADOS -ARMÁRIOS BAIXOS E UM MICRO-ONDAS -ABUNDÂNCIA DE TEXTURAS -UMA CAMPAINHA DE CHAMADA UMA PESSOA QUE PERCEBA DE MODICIAÇÕES AMBIENTAIS NO TRABALHO -OPORTUNIDADES DE MOVIMENTAÇÃO E MARCHA MAIS VARIEDADE LAVANDARIA EMBALAMENTO -LOCAIS COMO: HOSPITAL ETC. EXPERIÊNCIA NA VIDA DA COMUNIDADE -PASSATEMPOS: BARRO TAMBORES PINTURA -VIAGENS AO ZOO JARDINS LOCAIS DA COMUNIDADE -CENTRO COMERCIAL RINQUE DE PATINAGEM CONCERTOS -COMPRAS -AMIGOS DA SUA IDADE -OPÇÕES PARA AS SUAS ROTINAS EXERCÍCIOS ASPIRAR A CASA LIMPAR O PÓ 78 PROJETO HORIZONTE 79 LAVANDARIA ETAPA 1: DESCREVER O QUE SIGNIFICA REVISÃO DO PERFIL REVISÃO DO PERFIL INDIVIDUAL DESCRIÇÃO DAS TENDÊNCIAS NO MEIO AMBIENTE TENDÊNCIAS QUE NOS SÃO FAVORÁVEIS TENDÊNCIAS QUE NÃO NOS SÃO FAVORÁVEIS ETAPA 2: IMAGENS DO FUTURO UM FUTURO POSITIVO PARA... ETAPA 3: ESTRATÉGIAS "BRAINSTORM" ETAPA 5: PRIORIDADES E COMPROMISSOS PONTO DE PARTIDA 1. 2. 3. 4. 5. ETAPA 6: MARCAÇÃO DA PRÓXIMA REUNIÃO OUTUBRO 19 15:30 H ETAPAS OPCIONAIS ETAPA 4: OBSTÁCULOS E OPORTUNIDADES ETAPA 7: QUESTÕES RELACIONADAS COM A MUDANÇA DAS ORGANIZAÇÕES E DOS SISTEMAS SONHO COMUM FACILITADOR, GUARDIÃO DOS VALORES MENTOR, BENFEITOR ADMINISTRATIVO ALIADO SOLDADO PROFESSOR CONSTRUTOR CIVIL DA LOCALIDADE PESSOAL DOMÉSTICO EQUIPE AMIGA: FAMÍLIA, AMIGOS, NAMORADOS, PESOAS QUE SE PREOCUPAM COLABORADOR PESSOAL PROJETO HORIZONTE CONSELHEIRO ESPIRITUAL PESSOA COM ESPERANÇA O QUE FIZEMOS? NOVAS ESTRATÉGIAS COMPROMISSOS DATA DA NOVA REUNIÃO 80