XXIII PRÊMIO JOVEM CIENTISTA
EDUCAÇÃO PARA REDUZIR AS DESIGUALDADES SOCIAIS
DICIONÁRIO TEMÁTICO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS:
A Criação de Sinais Específicos da Filosofia
Terezinha Cristina da Costa Rocha
Belo Horizonte
2008
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Autora: Terezinha Cristina da Costa Rocha
Orientador: Professor Dr. Pedro Perini Santos
Instituição de vínculo: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Instituição onde se desenvolveu a pesquisa: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
DICIONÁRIO TEMÁTICO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS:
A Criação de Sinais Específicos da Filosofia
Pesquisa fomentada pelo PROBIC, Programa de
Bolsas
de
Iniciação
Científica,
da
Universidade Católica de Minas Gerais.
Belo Horizonte
2008
Pontifícia
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Cf. – Conferir
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais
NAI – Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais
PNE – Plano Nacional da Educação
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 06
2. OBJETIVOS........................................................................................................ 08
2.1 Objetivos Gerais.................................................................................................. 08
2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................... 08
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................... 09
3.1 Organização da Equipe....................................................................................... 10
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 12
4.1 Discussão Sobre a Língua Brasileira de Sinais.................................................. 14
5. CONCLUSÃO.................................................................................................... 16
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. 17
6.1 Bibliografia Complementar................................................................................ 17
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“O Homem não pode participar ativamente na história, na sociedade,
na transformação da realidade se não for ajudado a tomar consciência
da realidade e da sua própria capacidade para a transformar. (...)
Ninguém luta contra forças que não entende, cuja importância não
meça, cujas formas e contornos não discirna”
.
Paulo Freire
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1. INTRODUÇÃO
O Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais foi
criado pela Portaria 011/2004, de 26 de março de 2004, sendo o setor responsável pelo
suporte especializado ao aluno com necessidades educacionais especiais associadas à
deficiência, que se inicia no vestibular e é assegurado durante todo o seu percurso acadêmico
até a conclusão do curso. Esse apoio inclui atendimento às suas dificuldades de natureza
didático-pedagógica e ou de acessibilidade, de forma a garantir a inclusão em todos os
espaços da universidade possibilitando ao aluno a permanência no curso que escolheu, de
acordo com a Portaria do MEC nº3248 de 2003.
Atuando na Área da Surdez do NAI, e como estudante de Filosofia, despeitei para a demanda
lingüística e o conhecimento de vocabulário que a universidade exige; voltei então a me
indagar sobre a questão da inexistência de pesquisas que pudessem favorecer a Língua
Brasileira de Sinais em âmbito acadêmico. Um grande déficit lingüístico notado são os sinais
na área de Filosofia, disciplina estudada em todos os cursos oferecidos na Universidade e
junto a qual os alunos surdos têm apresentado maior dificuldade de apreensão.
A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é uma língua de modalidade espaço-visual com uma
estrutura lingüística distinta da língua portuguesa, sendo ela plena como qualquer língua oral.
Ela é a língua natural das pessoas surdas que a amadurecem a partir do contato com falantes
dessa língua. A língua de sinais não é universal, cada país apresenta a sua língua de sinais de
acordo com suas especificidades.
O profissional Intérprete de Língua de Sinais, da área de educação, é o transmissor da
informação. Seu principal papel é traduzir e interpretar a fala das pessoas ouvintes para a
LIBRAS, e vice versa, possibilitando uma comunicação favorável entre as pessoas surdas e
as pessoas ouvintes. Assim, o intérprete tem um grande desafio, considerando que dentro da
perspectiva e da limitação de horizonte subjetivo há uma grande dificuldade na tradução de
informações abstratas e metafóricas, características estas que são intrínsecas a Filosofia.
A Filosofia é uma forma de pensamento e reflexão que está ligada à abstração, onde se,
apreende o objeto de estudo e é feito seu entendimento na intelecção. Esta apreensão torna-se
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difícil quando enfrenta obstáculos linguísticos. Tal disciplina foi e é definida em sua História
por muitos filósofos e estudiosos como forma de pensamento, sendo denominada por
adjetivos como abstrata, inteligível, etc. Já as línguas de sinais são de caráter visual e tem
afinidade pelo que é passível de demonstração. E como se dá a relação entre o inteligível e o
simbólico?
Mesmo privados da audição as pessoas surdas desenvolvem seu potencial lingüístico através
do canal visual, entretanto, por motivos históricos de exclusão, a Língua de Sinais Brasileira
se desenvolveu pouco linguisticamente e isso inviabilizou os estudos de estruturas
conceituais que valorizam as faculdades mentais e o conhecimento abstrato-teórico. E tudo
isso foi reforçado pelas políticas do país que só passaram a contemplar a diferença
recentemente e com o acesso a educação básica cheio de dificuldades o acesso ao ensino
superior nem era cogitado. Este quadro vem mudando positivamente e a filosofia da
linguagem deverá se alertar para estas mudanças.
Dado que a LIBRAS é uma língua de modalidade espaço-visual, torna-se mais complexa a
tradução de pensamentos filosóficos. Parece-me impossível um indivíduo ter conhecimento
pleno sem ir fundo às causas. Embora a LIBRAS tenha sinais arbitrários (estabelecidos sem
referência ao objeto) e sinais icônicos (que referenciam/contemplam a forma objeto), os
sinais icônicos são de mais fácil compreensão, portanto o uso de sinônimos e o préconhecimento do tema a ser traduzido promovem a fluência na totalidade do contexto.
Em nenhum momento esta pesquisa teve a pretensão de caracterizar, conceituar ou
sistematizar o estudo da Filosofia nem mesmo aprofundar em algum pensamento filosófico.
Pretendeu-se apenas da busca de informações para possibilitar aos alunos surdos, da PUC
Minas e de todo o país, o conhecimento dos termos específicos da área, possibilitando a
discussão e reflexão dos temas filosóficos mais estudados nos cursos de graduação para que
os sinais desta área sejam criados e ou oficializados pela Comunidade Surda acadêmica com
maior coerência e iconicidade ao tema.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivos Gerais
Em uma perspectiva ampla este trabalho pretende criar e oficializar os sinais da Língua
Brasileira de Sinais na área de Filosofia, para contribuir com a melhoria da interpretação e
tradução para que os alunos surdos possam melhor compreender a disciplina.
Dado que a Filosofia é estudada por todos os alunos da graduação, este material evitará que
alunos e intérpretes façam uso de sinais provisórios entre si, o que poderia descaracterizar a
Língua, transformando-a em um “dialeto regional” sem a possibilidade de dialética com os
outros usuários da Língua.
Então, este objetiva motivar o próprio usuário da LIBRAS, ou seja, os surdos, a discutirem
para a criação de sinais da área de modo a enriquecer a própria língua com embasamento
teórico, trazendo dos surdos para os ouvintes a inclusão, partindo do princípio que a Filosofia
é muito importante para a formação do cidadão. Após esta etapa de discussões e criação de
sinais para a Filosofia, o objetivo passou a ser a criação de um mecanismo para sua
divulgação através de um Dicionário Temático disponível ao alcance de todos por meios
eletrônicos.
2.2 Objetivos Específicos
Construir um Dicionário Temático da Língua Brasileira de Sinais na Área de Filosofia, para
que seja estabelecido um vocabulário, superando a idéia de que as Línguas de Sinais se
limitam a temas concretos.
Este foi feito com o intuito de ser publicado e disponibilizado aos usuários da língua, a fim
de tornar-se referência como material de consulta e pesquisa para estudantes surdos,
deficientes auditivos, professores em formação e profissionais da área, em nível de ensino
médio e superior.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente foi feita uma pesquisa com os alunos Surdos, Deficientes Auditivos e
Intérpretes da PUC Minas (com o auxilio da Coordenadora da Área da Surdez do NAI e
professora do curso de Comunicação Assistiva LIBRAS e BRAILLE, Heliane Alves de
Carvalho Costa) para saber quais são os temas mais abordados na disciplina Filosofia nos
cursos de graduação em que eles estudam/interpretam, bem como os termos mais difíceis de
traduzir por falta de sinais e/ou sinônimos na Língua de Sinais.
Em seguida foi feito o levantamento bibliográfico em duas etapas: o primeiro na área de
Filosofia para sistematizar os temas a serem abordados, em segundo uma pesquisa dos sinais
já utilizados na Comunidade Surda e Dicionários da LIBRAS para saber se já existe ou já
está sendo utilizado.
Feitas as pesquisas bibliográficas foi montada exposições de temas em Filosofia ao grupo de
alunos surdos e deficientes auditivos da PUC Minas. Esta exposição foi feita em LIBRAS e
auxiliada por outros recursos (data show e textos) de acordo com a seguinte ordem: História
da Filosofia Antiga, História da Filosofia Medieval, História da Filosofia Moderna, História
da Filosofia Contemporânea. Assim, exposta a apresentação, o significado e a
contextualização de cada termo engendraram a discussão sobre novos sinais para os temas e
conceitos expostos.
Após esta etapa foram abertas as discussões com os alunos surdos, sobre o melhor sinal na
perspectiva de cada um, para que fosse votado assim, o mais viável entre o grupo de acordo
com entendimento de cada termo, tudo isso sob a orientação do professor Pedro Perini
Santos.
A cada reunião para discussão foram convidados os intérpretes de LIBRAS e alunos surdos
da PUC Minas e alunos e profissionais da filosofia que se interessaram pelo tema para
participarem das discussões. Após cada debate os sinais discutidos no dia foram filmados,
fotografados e registrados em ata metodologicamente de acordo com a gramática da Língua
de Sinais.
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O Dicionário Temático consiste em representação filmada, em Língua Brasileira de Sinais,
de cada sinal da Filosofia apresentando a versão na Língua Portuguesa, com o significado de
cada termo, bem como os créditos, ordem de consulta e demais itens necessários a um
dicionário.
3.1 Organização da Equipe
Para que o trabalho fosse feito de forma sistemática e metodológica foi organizado da
seguinte forma:
•
Professor Pedro Perini Santos
Orientação geral do projeto.
Revisão Lingüística.
•
Terezinha Cristina da Costa Rocha:
Levantamento bibliográfico na área de Filosofia.
Levantamento bibliográfico de sinais já existentes na LIBRAS.
Montagem e apresentação de aulas expositivas de Filosofia, em Língua de Sinais,
para o debate com os alunos surdos.
Mediação das discussões e debates na escolha de cada sinal.
Responsável pelo registro fotográfico e filmagem para a documentação dos sinais
criados.
Pesquisa de softwares e programas para confecção do Dicionário em CD-Rom.
Responsável pelo registro em Ata de cada sinal estabelecido.
•
Convidados aos debates:
•
Alunos Surdos da PUC Minas:
Participação ativa nos debates para escolha do sinal mais adequado aos termos
expostos.
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Contribuição na pesquisa, para saber se já existe sinal para os termos discutidos,
usados na comunidade surda.
Mediadores entre a comunidade surda da PUC Minas contribuinte do projeto e outras
instituições e grupos que tenham contato para se ter maiores informações de sinais.
•
Interpretes de LIBRAS da PUC Minas:
Contribuição na pesquisa para saber se já existe sinal para os termos discutidos.
Auxilio na interpretação das aulas expositivas para os alunos surdos.
Informação de utilizações de algum sinal para os termos em debate.
•
Alunos e/ou Professores da Filosofia da PUC Minas:
Participação nos debates auxiliando, na revisão da coerência com a Filosofia, dos
sinais criados ou oficializados.
Desta forma os trabalhos foram realizados democraticamente, abertos a contribuições e
respeitando diversas opiniões de pessoas experientes ou envolvidas com algum dos temas
abordados.
Foram usados durante todo o trabalho materiais de registro como câmeras filmadoras e
câmaras fotográficas para registro das discussões e dos novos sinais, bem como materiais de
consulta imediata como dicionários da Língua Portuguesa, da Língua de Sinais e de
Filosofia. Sendo assim estabelecida durante todas as discussões a preocupação com o
fidedigno respeito ao objeto de conhecimento desta pesquisa.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Oficializar os sinais da Língua Brasileira de Sinais, na área de Filosofia, representa contribuir
com a melhoria da interpretação e tradução para que os alunos surdos possam compreender a
disciplina sem barreiras lingüísticas e os profissionais da área tenham um material sólido e de
qualidade para fazerem consultas e trabalhar o tema.
Sendo assim, o ‘Dicionário Temático da LIBRAS – Filosofia’ será publicado
disponibilizando a todos informação, acesso e inclusão. O oferecimento de qualificação
complementar e novos recursos são requisitos da efetiva construção de um projeto
pedagógico consistente.
A opção para o layout do Dicionário Temático foi a utilização de um mecanismo técnico
simples e acessível, sendo que ao escolher a palavra imediatamente se tem a informação
sobre o item léxico bem como o sinal feito em vídeo, como mostra o exemplo de sinal a
seguir nas figuras 01 e 02:
Figura 01: Representação do layout da ‘página’ de abertura do dicionário com as
opções de ingressar ao interior para consultas ou conhecer os mecanismos de
utilização bem como créditos e botão desligar. (Créditos da imagem: Terezinha
Cristina).
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Figura 02: Representação do layout interno do dicionário mostrado a ‘página’ de
consulta com o exemplo do sinal ‘Filosofia’ sinalizado em vídeo pela aluna surda da
PUC Minas: Neuza Donata. (Créditos da imagem: Terezinha Cristina).
Ao contrário do que foi intuído inicialmente não foi possível criar um sinal para cada palavra
que não tinha sinal a cada dia de reunião. O processo de criação de sinais leva tempo, e em
alguns itens lexicais que nos pareceram simples na língua portuguesa tivemos grande
dificuldade de transposição para a língua de sinais, principalmente aquelas de caráter mais
metafísico.
Atualmente temos propostos e testados, entre descobertos por pesquisa e criados pelos surdos
cerca de 140 sinais utilizados pela Filosofia. Cada sinal criado recebeu todo um cuidado
metodológico e gramatical, respeitando entre outras coisas a etimologia da palavra, a
morfologia e a regra de manter os sinais que já eram utilizados pela comunidade surda.
A pesquisa possibilitou um grande enriquecimento lingüístico, tanto para surdos quanto para
os ouvintes. A cada reunião realizada não foram feitos apenas sinais, e sim uma grande troca
de conhecimento, cultura, gramática da língua de sinais e experiências vividas por cada
integrante do grupo em sala de aula, e tudo isso agora poderá ser dividido com todas as
pessoas surdas do Brasil.
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4.1 Discussão Sobre a Língua Brasileira de Sinais
Segundo a FENEIS (Federação Nacional dos Surdos) até o fim do século XV, não havia
escolas especializadas para surdos na Europa porque, na época, os surdos eram considerados
incapazes de serem ensinados. Por isso as pessoas surdas1 foram excluídas da sociedade e
muitas tiveram sua sobrevivência prejudicada. Existiam leis que proibiam o surdo possuir ou
herdar propriedades, casar-se, votar como os demais cidadãos. Muitos surdos foram
excluídos somente porque não falavam, o que mostra que, para os ouvintes da época, o
problema maior não era a surdez, propriamente dita, mas sim a falta de fala.
As pessoas surdas foram proibidas de utilizar língua de sinais por um longo tempo na
Europa, algumas associações de surdos dizem, por meio de registros e acervos históricos, que
eles chegaram a ser amarrados para não utilizarem as mãos ao se comunicarem, sendo assim,
obrigados a falar e fazer leitura labial. Nesta época houve uma forte corrente para oralismo
(uso de línguas orais) imposta às pessoas surdas.
A Língua de Sinais Brasileira tem sua origem na língua de sinais francesa que iniciou-se no
século XVIII quando os padres pretendiam catequizar os surdos. A língua foi trazida para o
Brasil no século XIX pelo imperador Dom Pedro II. Em setembro de 1857 o professor
francês Hernest Huet (surdo) fundou o Imperial Instituto de Surdos Mudos2, com ajuda do
imperador e na época o Instituto era um asilo onde só eram aceitos surdos do sexo masculino.
Somente 74 anos depois, em 1931, foi criado o externato feminino com oficinas de costura e
bordado. Os surdos vinham de todos os pontos do país e muitos eram abandonados pelas
famílias, muitos deles já utilizavam uma língua de sinais própria (tomada de regionalismos
ou convencionada entre os familiares) e a partir daí começou a surgir a LIBRAS com
influencia da Língua de Sinais Francesa. E desde então vem sendo desenvolvidos no INES
vários projetos educacionais, sociais, culturais e até políticos para a inclusão dos surdos, mas
as conquistas conseguidas não foram fáceis.
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Surdo: pessoa que possui perda total ou parcial (acima de 25 db.) da audição. A expressão surdo-mudo para se
referir a pessoas surdas é arcaica e não é correta uma vez que o aparelho auditivo não tem ligação direta com a
prega vocal. Os surdos podem emitir sons ou falar, por opção pessoal, e na maioria das vezes coma auxílio de
fonoaudiólogos.
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O INES atualmente é o Instituto Nacional dos Surdos e não surdo-mudo como no início.
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A partir do Congresso em Milão, em 1880, a filosofia educacional começou a mudar na
Europa e, conseqüentemente, em todo mundo. O método combinado, que utilizava tanto
sinais como o treinamento em língua oral, foi substituído em muitas escolas pelo método
oralista. Os professores surdos já existentes nas escolas aquela época foram afastados, e os
alunos desestimulados e mesmo proibidos de usar as línguas de sinais de seus países, tanto
dentro quanto fora da sala de aula. Era comum a prática de amarrar as mãos das crianças para
impedí-las de fazer sinais. Isso aconteceu também no Brasil, mas apesar dessas repressões, as
línguas de sinais continuaram sendo as línguas preferidas das comunidades surdas por serem
a forma mais natural de se comunicarem. (FENEIS)
A LIBRAS possui uma gramática própria. A base gramatical são os cinco parâmetros, são
eles: Configuração das mãos, ponto de articulação, movimento, orientação e expressão facial
e ou corporal:
A Configuração das mãos são formas das mãos que podem ser da datilologia (alfabeto
manual) ou das outras formas feitas pela mão predominante (mão direita para os destros ou
esquerda para os canhotos).
O ponto de articulação é o lugar onde incide a mão
predominante configurada, ou seja, local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do
corpo ou estar em um espaço neutro; Quanto ao movimento, os sinais podem tê-los ou não.
Alguns sinais têm movimentos e alguns são feitos em um ponto fixo; a expressão facial e ou
corporal são de fundamental importância para o entendimento real do sinal, sendo que
representa na língua de sinais o que seria a entonação nas línguas orais; e a orientação é a
direção que acontece o sinal.
A datilologia (“soletração” pelo alfabeto manual), não são itens lexicais da língua de sinais,
trata-se apenas de um recurso usado para expressar nomes de pessoas, lugares e outras
palavras que não possuem sinal.
Portanto, ao contrário do que muitos imaginam, as Línguas de Sinais não são simplesmente
mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação; são línguas
com estruturas gramaticais próprias que foram totalmente respeitadas e consultadas neste
trabalho.
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5. CONCLUSÃO
A LIBRAS foi regulamentada como Língua em 2002, objetivando a inclusão social do
deficiente auditivo. No entanto a Língua de Sinas apresenta lacunas quando se trata de sinais
para o vocabulário filosófico. Em 2005, a lei foi regulamentada por meio do decreto nº.
5.626, que estabeleceu o prazo de 10 anos para que a disciplina LIBRAS seja oferecida em
todos os cursos de graduação para licenciatura do Brasil. Esta pesquisa proporcionou não só
a criação de um material técnico, o Dicionário, mas também um grande conhecimento na
educação de surdos que com certeza muda os paradigmas de inclusão do nosso país.
A Filosofia é um a disciplina lecionada em todos os cursos de graduação, sendo ela, fonte de
conhecimento e formação do sujeito crítico, culto e de opinião. Em julho de 2006 foi
aprovada a resolução que modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (cf. Resolução
nº3/98) que obriga o ensino da disciplina Filosofia em todas as escolas de ensino médio em
nosso país e que entra em vigor a partir de 2008. Dado isso, a criação de um Dicionário como
material de consulta beneficia a comunidade acadêmica e a todos os estudantes surdos,
deficientes auditivos, professores em formação e profissionais da área, em nível de ensino
médio e superior a nível nacional.
O Plano Nacional de Educação de 2001 estabelece diretrizes curriculares que asseguram a
necessária flexibilidade e diversidade nos programas de estudos oferecidos de forma a
melhorar o atendimento às necessidades diferenciadas dos alunos. Sendo assim, este trabalho
não tem a pretensão de trazer uma receita pronta de tradução e interpretação para a Língua de
Sinais ou qualquer fórmula que mude o quadro estabelecido, mas, contribuirá na melhoria do
processo educativo do surdo, através do conhecimento da Filosofia em sua própria Língua,
sendo explorada a mudança de atitude no conceito epistemológico da mesma. Não que a
Filosofia deva adaptar-se a LIBRAS ou a LIBRAS adaptar-se a Filosofia, mas promover uma
inclusão de forma que o aluno seja preparado para enfrentar as questões que lhe são
propostas.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Congresso Nacional. Plano Nacional da Educação. Lei nº.10.172 de 09 de
Janeiro de 2001. Basília, 2001.
BRASIL. Governo Federal. Decreto nº 5.626, de 22 de Dezembro de 2005. Regulamenta a
Lei nº. 10.436, de 24 de Abril de 2002, que Disposição sobre a Língua Brasileira de Sinais
– LIBRAS, e o art. 18 da Lei nº. 10.098, de 19 de Dezembro de 2000. Brasília, 2005.
BRASIL. Governo Federal. Lei nº. 10.436, de 24 de Abril de 2002. Disposição sobre a
Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - e outras providencias. Brasília, 2002.
BRASIL. Senado Federal. Língua Brasileira de Sinais: Uma Conquista Histórica.
Brasília. 2006.
CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário Enciclopédico
Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira. 2. ed. São Paulo: Edusp, Imprensa
Oficial, 2001. 2v.
GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Lei nº. 10.379, de 10 de Janeiro de 1991.
Reconhece o uso da LIBRAS no Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte, 1991.
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. A Revolta Lingüística na Filosofia. São Paulo: Loyola,
2002.
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino Médio - Parte IV - Ciências
Humanas
e
suas
Tecnologias.
Disponível
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<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/cienciah.pdf> acesso em 16 Out. 2007.
QUADROS, Ronice Müller de. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e
Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à
Educação de Surdos: MEC, SEESP, 2004.
6.1 Bibliografia Complementar
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981p.
BRUGGER, Walter. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Herder, 1962. 703p.
CICCONE, M. Comunicação Total. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1990.
FELIPE, T. Bilhinguismo e Surdez. Trabalhos de Lingüística Aplicada. V.14. 1989.
FENEIS. LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais. Belo Horizonte: FENEIS, 1995.
18
FERREIRA BRITO, L. Integração Social & Educação de Surdos. Rio de Janeiro: Babel,
1993.
FERREIRA BRITO, L. Por uma gramática das línguas de sinais. UFRJ. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro, 1990.
FREIRE, Paulo. Política e Educação. 5ª ed. São Paulo: Cortez. (Coleção Questões da Nossa
Época; v.23), 2001.
GOES, Maria Cecília Rafael de. LAPLANE, Adriana Lia Friszman. Políticas e Práticas de
Educação Inclusiva. Campinas. Autores Associados, 2004.
GOES, Maria Cecília Rafael de. Linguagem, Surdez e Educação. Autores Associados.
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LACERDA, C. B. F. de. Um Pouco Sobre a História da Educação dos Surdos. Campinas:
Cadernos Cedes, 1999.
LAKOFF, George; JOHNSON, Mark. Metáforas da vida cotidiana. São Paulo: EDUC;
Campinas: Mercado de Letras, 2002. 360p. (As faces da vida línguística aplicada).
QUADROS, Ronice Müller de. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto
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SANTOS, Mário Ferreira dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. São Paulo:
Matese, 1963. 4v.
SOARES, Maria Aparecida Leite. A Educação do Surdo no Brasil. Campinas, São Paulo:
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SOUZA, Regina Maria de. Que palavra te falta?: Lingüística e Educação: considerações
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TARTUCI, D. A Experiência Escolar de Surdos no Ensino Regular: condições de
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VIEITO, Paula Botelho. Repensando a alfabetização do surdo: um olhar sobre a prática
de leitura e escrita do surdo. Trabalho apresentado no GT Linguagem e Surdez. João
Pessoa: ANPOLL, 02 a 06 de junho de 1996.
VOLTAIRE. Dicionário Filosófico. Rio de Janeiro: Athena, 1937. 350p.
Download

Dicionário Temático da Língua Brasileira de Sinais: a