3.13 - Exercícios resolvidos -cinética RC1- A reação abaixo foi feta num reator batelada, obtendo-se os dados da tabela abaixo: 2N O 2N O + O 2 5 2 4 2 Ela pode ser de primeira ou segunda ordem. Calcule a energia de ativação com um modelo, levando em consideração o tempo de meia vida. T(0C) t1/2 (s) 300 3.9.10-5 200 3.9.10-3 150 8.8.10-2 100 4,6 50 780 Solução: Como vimos esta reação não é elementar e portanto, pode ser de primeira ou de segunda ordem. Admite-se uma reação de primeira ordem e determinam-se os valores da constante para cada uma das temperaturas. Pela eq. 3.6.18 vem: k= 0 ,693 t1 / 2 Logo, a nova tabela será: T(0C) 300 T (K) 573 t1/2 0,0039 k1 177,7 Ln k1 5,18 200 473 0,0039 177,7 5,18 150 423 0,088 7,87 2,06 100 373 4,60 0,150 -1,89 50 323 780,0 0,00088 -7,02 Observa-se pelos resultados da figura 1 que não é uma linha reta e que para temperaturas mais elevadas há efeitos difusivos. No entanto, considerando os valores a temperaturas entre 50 e 2000C tem-se uma linha reta, correspondendo a uma energia de ativação de 23400 cal/mol, satisfazendo o regime cinético. Acima desta temperatura há efeitos difusivos. 222 6 F 0 6 300 C 4 2 2 0 ln k 4 0 ln k 0 200 C -E/R= -12446,9 E= 23400 cal/mol -2 -2 -4 -4 -6 0 50 C -8 -6 0,0020 -8 0,0022 0,0024 0,0026 0,0028 0,0030 0,0032 1/T 0,0016 0,0020 0,0024 0,0028 0,0032 1/T RC2 – Mostre que a taxa do produto formado de uma reação autocatalítica do tipo: A+ B k1 → B+B É dada pela seguinte expressão: rB = k 1 [( C 0 - C B ) Onde, 1 2 C ] K B C 0 = C A0 + C B 0 Mostre que a concentração máxima de B é igual a: C B max = C B0 C ( 1 + B0 ) 2 C A0 Solução: rB = k 1C A + k 1C B - k'1C 2B - k 1C B Logo, rB = k 1 ( C A + C B - C B ) - k'1C 2B Mas, C0 = C A + C B Logo, rB = k 1 [( C 0 - C B ) - 1 2 C K B 223 RC3 – A reação reversível se dá num reator tubular a 250C, conforme O C 2C6H5NCO C 6 H5 N N C6 H5 C O 0 A constante de equilíbrio a 25 C é igual a 1,25. A conversão é igual a 90% da conversão de equilíbrio. Introduz-se 0,36 l/h de reagente puro com concentração inicial igual a 0,2 moles/l num reator de 5 litros. Admite-se uma cinética de primeira ordem direta e reversa. Calcule as constantes direta e reversa. Solução: Sabe-se que a reação é do tipo: 2 A⇔R A cinética da reação ou taxa resultante é igual a: r = k C A - k' C R cuja taxa resultante conseqüentemente é: r = kC A0 [ (1 - X A ) Sabendo que C R = 1 X )] 2K A C A0 XA ) 2 No equilibrio a taxa resultante é nula, portanto: K= X Ae k = 1 ,25 ' = k 2(1 - X Ae ) ou X Ae = 0,714 Logo, subtituindo a taxa resultante em função das conversões será: r = kC A0 (1 - XA X Ae ) 3.6.25 224 Substituindo a expressão da taxa na equação de um PFR e integrando, obtém-se a mesma expressão 3.6.26 deduzida acima, ou seja: XA τ ( t ) = C A0 ∫ 0 - ln( 1 - dx A r XA k )= τ( t ) X Ae ( X Ae ) 3.6.26 Como a conversão é igual a 80% da conversão de equilíbrio vem: onde XA X 'Ae = 0 ,642 = 0 ,89 0 ,714 Daí tiramos kτ = 0 ,116 X Ae Como τ= V v0 = 0.83 min. Logo, k = 0,1 min -1 k' = 0,08 min -1 RC4 – A reação abaixo é feita em reator batelada e em fase gas. Introduz-se o reagente com 10% de N2 a 2 atm e 4500C, quando se dá o inicio da reação. H2C CH2 O CH4 + CO Após 50 min a pressão atingiu 3.3 atm. A reação é irreversível e de primeira ordem. Calcule a constante cinética. 225 Se fosse feita num reator fechado (pistão ) qual seria a variação de volume, mantendo-se a pressão a2 atm e considerando a mesma conversão do item anterior. Calcule a concentração inicial. Solução: A reação é do tipo: A → R+ S. Como a reação se dá a volume constante, calculam-se as pressões parciais. As pressões parciais iniciais do reagente e do inerte são: p N 2 = 0 ,1 x 2 = 0 ,2 atm p A0 = 1 ,8 atm Para calcular a pressão parcial de A, tem-se: p A = p A0 - a ( P - P0 ) ∆ν Após 50 minutos a pressão total do sistema foi de 3,3atm, sendo a pressão inicial igual a 2atm. Como a variação de volume ∆ν = 2 - 1 = 1 e a = 1 , vem: p A = 1 ,8 - 1( 3 ,3 - 2 ) = 0 ,5 Logo, calcula-se a conversão: XA = p A0 - p A = 0 ,72 p A0 Se a reação é de primeira ordem, a taxa será: ( - rA ) = kC A = kC A0 ( 1 - X A ) , pois o sistema é a volume constante. Substituindo a taxa na equação do reator batelada e integrando vem: XA t = C A0 ∫ 0 dx A kC A0 ( 1 - X A ) - ln( 1 - X A ) = kt Substituindo a conversão com o tempo correspondente, obtém-se a constante k = 0 ,0256 min -1 Na 2.parte, admite-se um reator fechado, tipo pistão, onde a pressão é constante e há variação de volume, devido a expansão do gás que se dá a volume variável. Logo, V = V0 ( 1 + ε A X A ) 226 Calcula-se o fator de expansão: → R + S Inerte A Inicio 0,9 Final 0 Logo, 0 0 0,9 0,9 εA = Total 0,1 0,1 V X A = 1 - V X A =0 V X A =0 1,0 1,8 = 0 ,8 Substituindo os valores de volume inicial, fator de expansão e conversão, vem: V = 0,1 ( 1 + 0 ,8.0 ,722 ) = 0 ,157 litros A concentração inicial será: C A0 = y A0 P0 0 ,9.2 = = 1.78.10 - 4 RT 0 ,082.( 273 + 450 ) RC5 – Uma reação do tipo A moles/litro → 2 R + 1 2 S em fase gas foi realizada num PFR isotérmico, sendo alimentado com 30% de inerte a 10atm e 800K. A reação é irreversível e de 2a.ordem. Foram feitas as medidas que se encontram na tabela abaixo: Ve (min-1) FS (moles/min) 0,02 0,5 0,0095 0,8 0,0062 2,0 Sendo o fluxo total na entrada igual a 7,2 moles/min. A energia da ativação é igual a 30 Kcal/mol. Com estes dados calcule as constantes e comente os resultados. Não há difusão limitante. Qual é variável que deve ser calculada. 70%A 30%I FS=7,2 moles/min 10 atm, 5270C Sendo a reação em fase gás e de 2aordem, tem-se a taxa em função da conversão: (-r A ) = k C A2 ( - rA ) = kC 2A0 ( 1 - X A )2 ( 1 + ε A X A )2 Substituindo a taxa na equação do PFR: 227 XA τC A 0 ( 1 + ε A X A )2 dX A = ∫ dX A 2 1 k ( X ) A 0 Resolvendo a integral, vem: (1 + ε A )2 XA + ε A 2 X A + 2 ε A ( 1 + ε A ) ln( 1 - X A ) = τk C A0 (1- XA ) Calculo de CA0: y P 0 ,2.10 C A0 = A0 0 = = 1.06.10 - 1 moles/l RT 0 ,082.( 273 + 527 ) Calculo da conversão: F - FA 2 FS FR X A = A0 = = F A0 2 F A0 F A0 Onde o fluxo inicial de A: F A0 = y A0 F0 = 0 ,7.7 ,2 = 5 moles / l Calcula-se a conversão com os dados de FS na tabela: Ve (min-1) FS (moles/min) XA k ( l / mol . min) 0,02 0,5 0,2 5.8.10-2 0,0095 0,8 0,32 5.9.10-2 0,0062 2,0 0,80 6.0.10-1 Calculo de ε A Inicial Final 0,7 0 εA = → 2R + 1 2 S 0 1,4 V X A =1 - VX A =0 Inerte Total 0 0,3 1,0 0,35 0,3 2,05 2 ,05 - 1 = = 1 ,05 = 1 ,0 1 VX A =0 Com estes valores a equação torna-se: 4X A + X A + 4 ln( 1 - X A ) = τk C A0 (1- XA ) Substituindo os valores da tabela, determinam-se os valores de k, conforme tabela acima. Os dados para os primeiros dois valores mostram que a constante cinética a 800K é constante e igual a 5.85.10-2 (l/mol.min). No entanto, como não há efeitos difusivos, provavelmente houve engano na leitura da temperatura de reação. O 30 resultado é 10 vezes maior, portanto, calcula-se a temperatura, sabendo que a energia de ativação é constante e dada. Logo, k = k0 e - ( E / RT ) 228 Calcula-se inicialmente a constante k0 , pois para a temperatura de 800K o valor de k foi determinado igual a 5.85.10-2. Sendo a energia de ativação conhecida E=30000 cal/mol, vem: k0 = 8.25.10 6 Logo, como a constante para o 30 valor foi de k = 5.85.10 - ( E / RT ) k = k0 e -2 6 = 5.85.10 = 8.25.10 e Calcula-se a temperatura: T = 912 K = 6390C -2 , vem: - ( 30000 / 2T ) RC6 – Foi proposto o seguinte mecanismo para explicar o processo de formação de poliuretanos e poliésteres. k1 RSH Iniciação: → RS . + H . . Transferência : H + RSH Propagação : k2 → H 2 + RS . k3 RS . + CH 2 = CHR' RSCH 2 - C . HR' + RSH → RSCH 2 - C . HR' k4 → RSCH 2 CH 2 R' k . 5 Terminação: 2 RS → RSSR Determine a taxa de desaparecimento do Tiol (RSH). A estequiometria global da reação ' k . ' é: RSH + CH 2 = CHR → RSCH 2 - C HR Teste os dados abaixo para determinar a constante cinética, admitindo-se uma reação irreversível. Compare com o mecanismo global. Solução: . . . . ' Sejam: A = RSH ; R1 = RS ; MR1 = RSCH 2 - C HR M = CH 2 = CHR' ; P = RSSR O mecanismo acima se simplifica: A k1 → R1. + H . k2 H.+ A k3 R1. + M MR1. + A 2 R1. k5 → H 2 + R1. → MR1. k4 → R1. + R2 → P A taxa de desaparecimento de A será: - rA = k 1 [ A ] + k 2 [ A ][ H . ] + k 4 [ MR1. ][ A ] r H. = k 1 [ A ] - k 2 [ A ][ H . ] = 0 (1) (2) 229 [H.] = r MR1. r R1. k1 k2 (3) = k 3 [ R1. ][ M ] - k 4 [ MR1. ][ A ] = 0 (4) = k 1 [ A ] + k 2 [ A ][ H . ] - k 3 [ R1. ][ M ] + k 4 [ MR1. ][ A ] - k 5 [ R1. ] 2 (5) k1 [ A ] Logo, 2 k 1 [ A ] = k 5 [ R1. ] 2 Ou seja: [ R1. ] = 2k1 [ A ] k5 (6) Da equação (4) vem: k 3 [ R1. ][ M ] = k 4 [ MR1. ][ A ] [ MR1. k 3 [ R1. ][ M ] ]= k4 [ A ] (7) Substituindo (6) em (7), vem: [ MR1. k 3 [ R1. ][ M ] ]= k4 [ A ] 2k1 [ A ] k5 (8) Substituindo (8) em (1), obtém-se: - rA = k 1 [ A ] + k 2 [ A ][ H . ] + k 4 [ MR1. ][ A ] Eq.(3) - rA = 2 k 1 [ A ] + k 3 [ M ] Eq.(8) 2 k1 [ A ] k5 Despreza-se o primeiro termo desta equação que representa a taxa inicial. Esta taxa é rápida em relação a etapa 3. Portanto, pode-se escrever a taxa de desaparecimento de A da seguinte forma: - rA = k 3 [ M ] 2k1 [ A ] k5 (9) Nota-se que a concentração do reagente [ A ] está dentro da raiz e pode variar com o tempo. A concentração do monômero M indica que a reação em relação a ele é de primeira ordem. 230 Os dados abaixo mostram como o reagente [ A ] varia com o tempo t(s) 0 350 400 500 640 750 0,874 0,223 0,510 0,478 0,432 0,382 [ A] 830 0,343 A taxa de desaparecimento de [ A ] segundo a equação global é de 2.ordem, ou seja: RSH + CH 2 = CHR' A taxa: A+ M k → RSCH 2 - C . HR' → MR - rA = k [ A ][ M ] = k [ A ] 2 = kC A2 (10) Sabendo que as concentrações iniciais de A e M são iguais [ A0 ] = [ M 0 ] Comparando com a taxa obtida com o modelo proposto, observa-se que a taxa em relação ao reagente inicial é diferente, ou seja da eq.(9): - rA = k [ A ] 1 2[M ] (11) Com os dados da tabela, verificaremos a equação global (10), admitindo reação irreversível de 2.ordem. Em função da conversão, tem-se: (-r A ) = k C A2 = kC A2 0 ( 1 - X A )2 Substituindo na equação do batelada, tem-se: XA = kC A0 t (1- XA ) (12) Verifica-se também a eq.(11) admitindo-se proporcionalidade: - rA = k [ A ] (-r A )= k 1 2[M 1 ] 2 3 C A C M = kC A02 ( 1 - X A ) 3 2 (13) Substitui-se igualmente esta equação para o reator batelada e integrando obtem-se: 1 2X A = kC A20 t (1- XA ) t(s) [ A] XA 0 350 400 500 640 750 830 0,8740 0,5100 0,4780 0,4320 0,3820 0,3430 0,3240 0 0,416476 0,453089 0,505721 0,562929 0,607551 0,629291 Valor medio (14) k ( eq .12 ) 0,002333 0,00237 0,002341 0,002303 0,002362 0,00234 k ( eq .14 ) 0,003813 0,003873 0,003826 0,003763 0,003859 0,003824 0,002341 0,003826 231 Nota-se que a constante para uma cinética global é de 2.34.10-3 l/mol.min. Para uma cinética real do modelo é praticamente o dobro, ou seja: 3.82.10-3 l/mol.min. RC7 – Uma reação irreversível do tipo A → 3 R foi feita num PFR. Introduz-se A com 40% de inerte a 10 atm e 600K, sendo o fluxo de entrada 1,0 l/min. Mediu-se o fluxo de R na saída do reator em função de diferentes velocidades espaciais, conforme tabela abaixo. A reação é de 2a ordem, calcule a constante cinética. ve (min-1) FR(moles/s) 5.10-2 0,05 7.57.10-3 0,15 3.52.10-3 0,20 1.55.10-3 0,25 Solução: Sendo a reação de 2aordem, mas com volume variável, tem-se: ( 1 - X A )2 ( - rA ) = kC 2A0 ( 1 + ε A X A )2 Substituindo na equacao do PFR, vem: XA τC A 0 ( 1 + ε A X A )2 dX A = ∫ dX A 2 1 k ( X ) A 0 Cuja solução será: (1 + ε A )2 XA + ε 2 X + 2 ε A ( 1 + ε A ) ln( 1 - X A ) = τk C A0 (1- XA ) A A Calculo de ε A : A Inicial: Final: 0,6 0 → 3R I 0 1,8 Total 1,0 2,4 0,4 0,4 ε A =1,4 Portanto, Calculo das condições iniciais: - Concentração: C A0 = y A0 P0 = 0 ,6.10 = 0 ,121moles / l RT 0 ,082.( 600 ) - Fluxo molar : FA0 = v0C A0 = 1,0.0 ,121 = 0 ,121moles / l - Conversão: XA = F A0 - F A F = R F A0 3 F A0 5,75X A + 1 ,96X A + 6 ,72 ln( 1 - X A ) = τk C A0 (1- XA ) ve FR 0,05 0,05 0,00757 0,15 XA 0,137 0,413 k 0,0795 0,0798 232 0,00352 0,2 0,00155 0,25 0,550 0,688 k ( medio ) = 0,0801 0,079 0,0798 RC8 – A decomposição térmica do isocianato é feita num reator diferencial, obtendo-se os seguintes dados: r0(moles/l.min ) CA0(moles/l) T(K) 4.9.10-4 6.10-5 1.1.10-4 2.4.10-3 2.2.10-2 1.18.10-1 1,82 0,2 700 0,06 700 0,020 750 0,05 800 0,08 850 0,1 900 0,06 950 Determine a ordem de reação, a energia de ativação e as constantes para cada temperatura. Solução: n A taxa é de ordem genérica: r = k a C A Todos os valores correspondem as taxas iniciais e concentrações iniciais. Passando o logaritmo , tem-se: ln(r0 ) = ln k a + nlnC A0 Onde k = k0 e - ( E / RT ) Observa-se que as duas primeiras colunas tem a mesma temperatura. Para determinar a ordem, utilizam-se estes dois valores: Ln(4.9.10-4)=-7,62 ln(6.10-5)=-9,72 Ln(0,2)=-1,60 ln(0,06)=-2,81 -7,62=ln k -1,6 n -9,72=lnk-2,81.n n=1,73 Portanto, a ordem de reação é fracionaria. A taxa será: r0 = k C A1,73 Logo, k= r0 C A1 ,073 233 A Data1A 2 1 R=0,997 0 E=41653 cal/mol ln k -1 -2 -3 -4 -5 0,00112 0,00120 0,00128 1/T (K) 0,00136 0,00144 234