Sexo e Poder Aluna: Cynthia A. Custel Orientador: Rogério Portanova A.P.G: Ramayana L. de Souza Copyright © 2000 LINJUR. Reprodução e distribuição autorizadas desde que mantido o “copyright”. É vedado o uso comercial sem prévia autorização por escrito dos autores. Sigmund Freud Sexo e Poder 2 Civilização Repressiva “...é forçoso a medida que a cultura repousa sobre a renúncia das satisfações instintivas: até que ponto sua condição prévia radica precisamente na satisfação (por supressão, repressão ou algum outro processo?) de instrumentos poderosos. Essa frustração cultural rege vasto domínio das relações sociais entre seres humanos, e nele sabemos que reside a causa da hostilidade oposta a toda cultura”.¹ (1) S. Freud citado por GUIDO MANTEGA (1979 p. 14) Sexo e Poder 3 Repreender para dominar Para Freud, os tabus sexuais tem desempenhado papel de suma relevância na manutenção dos sistemas de dominação. Eles atuam como os reguladores da espontaneidade sexual natural. A moral socialmente imposta reprime os indivíduos, fragilizando-os, para que sejam mais facilmente dominados. Surge o sentimento de culpa pelo socialmente desviante. Sexo e Poder 4 Parcela da Igreja A igreja surgiu como a primeira instituição repressora da natureza humana. A culpa do pecado original deve ser expiada através da repressão dos impulsos pecaminosos de prazer. Todo pensamento subversivo é socialmente nocivo, devendo ser exorcizado. Desse modo, o sentimento de culpa tem atuado como guardião da vida em sociedade. Sexo e Poder 5 Eternamente Infelizes Para Freud, a busca pela felicidade implica na eliminação da dor e sofrimento, e na busca por sensações agradáveis. A vida em sociedade obriga o homem a limitar seus instintos de prazer submetendo-o ao sofrimento. Na sociedade repressiva, a busca pela felicidade é vã. Sexo e Poder 6 Selvagem Feliz O homem primitivo estava livre de regras de comportamento e respeito ao próximo. Podia dar livre vazão aos seus instintos agressivos e eróticos sem a preocupação de coação social. O homem só é feliz enquanto não é parte da sociedade repressora. Sexo e Poder 7 Sublimação O instinto de prazer original, rejeitado pela sociedade, deve ser canalizado de forma a se tornar aceito por ela. Pela sublimação do prazer, ele se despe de grande parte de seu potencial erótico, ficando menos intenso. Quanto menos instintivo o prazer, menos intenso, implicando em menor felicidade. Sexo e Poder 8 Aversão Natural ao Trabalho Freud adota uma concepção do trabalho desagradável e alienado Capitalista. Dessa forma todo ser humano possuiria uma aversão natural ao trabalho. O trabalho é forma de prazer sublimado, socialmente aceito. Sexo e Poder 9 Hierarquia do Prazer O prazer mais intenso é sempre o mais grosseiro, agressivo, não domesticado. No prazer sublimado há perda do caráter instintivo natural, sendo menos intenso. Quanto mais original o prazer, mais ele implicará em felicidade, quanto mais sublimado mais infeliz será o homem. Sexo e Poder 10 Autoridade Paterna É o primeiro obstáculo à manifestação da agressividade natural. A repressão é feita através do medo da perda do amor e afeição paterno. No adulto, quem fará seu papel será o superego. Sexo e Poder 11 Complexo de Édipo Representa o sentimento de culpa, causado pela contradição: amor e ódio na criança. O pai representa o rival, (impede que a criança dê vazão aos desejos pela mãe), mas também é fonte de carinho. O instinto agressivo (ódio pelo pai ), vem sempre acompanhado do pelo instinto de prazer (desejo pela mãe). Sexo e Poder 12 Wilhelm Reich Sexo e Poder 13 Revolução Sexual “A moral repressiva não surgiu em conseqüência da necessidade de reprimir impulsos socialmente perturbadores, pois já foi ela quem os gerou. Ela surgiu na sociedade primitiva, de certo interesse de uma camada superior que se desenvolvia e se tornava economicamente poderosa, de reprimir as necessidades naturais ...” ² (2) W. REICH, citado por GUIDO MANTEGA (1979, p. 18). Sexo e Poder 14 Família Autoritária Com a diminuição de suas atribuições econômicas se limitou a propagar a ideologia autoritária. A autoridade paterna teria função de reprimir os primeiros instintos da criança e moldá-la de acordo com as necessidades sociais. O indivíduo submisso, impotente, mas com desejo de dominação tomará parte na manutenção do Estado autoritário. Sexo e Poder 15 Família Autoritária “A repressão familiar aleija psiquicamente os indivíduos, bloqueando-os em suas manifestações criativas e afetivas, e dotando-os de uma estrutura mental de vassalo .”³ (3) W. REICH, citado por GUIDO MANTEGA (1979, p. 20). Sexo e Poder 16 Herbert Marcuse Membro da Escola de Frankfurt, núcleo de estudos da vida social que ganhou relevo após os anos 30. Profetizou a tomada da dianteira na revolução social por parte dos estudantes, e de alguns setores da classe média. Influenciou as manifestações estudantis de 1968 na Europa. Sexo e Poder 17 Revolução de 68 Sexo e Poder 18 Renúncia Mecânica do Prazer No início da civilização, o prazer deveria ser renunciado em prol do trabalho para a subsistência. A renúncia ao prazer não se dá por caráter meramente repressivo, como pensava Freud. Mesmo após a fase de abundância, em que a tecnologia possibilita que o homem trabalhe menos ele continua negando o prazer. Sexo e Poder 19 Carência Artificialmente Mantida Parte da população é mantida artificialmente na miséria para que seja mais facilmente dominada. É obrigada a trabalhar enquanto a outra parcela se beneficia da tecnologia. A carência artificialmente mantida poderia ser eliminada, direcionando-se os recursos para o sustento da humanidade, não só de uma minoria. Sexo e Poder 20 Dessublimação Repressiva A contenção dos instintos naturais transforma radicalmente a natureza do prazer. A presença da civilização faz com que os prazeres sejam socialmente definidos. Corresponde à transformação do prazer biológico-animal, em humano. Sexo e Poder 21 Gratificação do Prazer Discorda da escala da hierarquia do prazer proposta por Freud. As restrições impostas inicialmente, tornaram-se depois privilégio dos homens em relação aos animais. O prazer humano dessublimado, torna-se mais elaborado, direcionado. Quanto mais elaborado for o prazer, mais gratificante será. Sexo e Poder 22 Maturidade vs. Escravidão “É claro que essa maturidade não pode ser observada numa cultura alienada que submeteu o corpo humano à escravidão do trabalho impedindo-o de ser fonte de prazer. A cultura Capitalista sacrifica o prazer humano ao deus do lucro máximo, portanto ao princípio do desempenho econômico. Para isso o corpo humano deve ser deserotizado, deixando a sexualidade restrita as zonas genitais, isto é, as áreas de procriação.”* (*) H. MARCUSE, citado por GUIDO MANTEGA(1979, p. 20). Sexo e Poder 23 Sentimento de Culpa Como Freud, também admite o sentimento de culpa como um dos principais mecanismos de repressão. Admite a diminuição da autoridade paterna e a transferência das principais funções repressoras para o Estado. A diminuição do poder do patriarca relaxa os tabus sexuais que antes representavam papel mais importante. Sexo e Poder 24 Estado Paterno “ Atualmente o velho pai vem sendo substituído, em alguns aspecto simbólicos, pela administração privada e pública dos burocratas e tecnocratas. Esta encarna uma autoridade socialmente mais influente do que o pai e regula todas as atividades humanas...” ** (**) H. MARCUSE, citado por GUIDO MANTEGA (1979, p. 22). Sexo e Poder 25 Liberdade Sexual entre Aspas O relaxamento dos tabus sexuais não implica em livre manifestação do prazer, mas em sexualidade contaminada pelo princípio do desempenho econômico. Permite-se as ações, mas se nega a manifestação do sentimento. Os indivíduos passam a compensar a carência afetiva através da intensificação dos exercícios sexuais. Sexo e Poder 26 Relação Sexual: Sujeito e Objeto A relação sexual é produto de indivíduos fabricados pelo capitalismo. Indivíduos egocêntricos são desconfiados e competitivos, incapazes de solidariedade. O ato sexual fica compartimentado dando-se entre um sujeito, e o objeto de satisfação de sua necessidade. É o ato individual, nunca chegando a qualidade de relação. Sexo e Poder 27 Marcuse “ Isso demonstra a impossibilidade de se realizar uma transformação radical nas relações humanas, a começar pelas relações de produção baseadas no princípio do desempenho econômico e na exploração e dominação do próximo, se bem que se possa avançar até certo ponto nas relações individuais.”*** (***) H. MARCUSE, citado por GUIDO MANTEGA (1979, p.24). Sexo e Poder 28 Michel Foucault Sexo e Poder 29 Ideologia Contraria a visão de Reich. Diz que a civilização moderna não limita a expressão sexual, mas a alimenta como forma de ampliar seu domínio. Admite a repressão apenas no início do Capitalismo, onde as energias deveriam ser gastas com o trabalho. Sexo e Poder 30 Liberdade Institucionalizada O extravasamento da vida sexual para os diversos ramos do conhecimento estimula as práticas sexuais. Disciplinou-se não só o “sexo normal” como as “perversões sexuais”. O sexo, como comportamento humano, se estimulado pelo Estado poderá ser controlado por ele. Sexo e Poder 31 Compulsão a Confissão Identifica a compulsão a confissão como comportamento humano arraigado desde a Idade Média. Foi introduzido pela Igreja como forma de expiação da culpa pelo pecado original. Faz com que o homem precise redimir-se de seus erros compulsivamente para que obtenha o perdão social. Sexo e Poder 32 Confissão na Manutenção do Poder Redime os indivíduos perante a sociedade. A investida de poder de superioridade por parte do interlocutor estimula a submissão do confidente. É essencial na manutenção dos sistemas de dominação. Sexo e Poder 33 Sexo, Devassidão e Controle Admite a carga negativa de que estão investidas as formas de prazer. O sexo constitui-se num ente pecaminoso, devendo a todo momento ser exorcizado, confessado. Tem-se o estímulo a confissão, na manipulação do sexo pelos mecanismos de controle para a manutenção do poder. Sexo e Poder 34 Inexistência Repressiva Nega o conceito de caráter repressivo da civilização de Freud. Admite o exercício do poder de forma sutil nos moldes Capitalistas. Os indivíduos não percebem que estão sendo manipulados em suas ações. O controle discreto é muito mais eficiente que a repressão aberta. Sexo e Poder 35 Natureza Humana Nega a existência dos instintos de prazer apontados por Freud. Nega o conceito de natureza humana anterior à cultura. Concebe os instintos como um emaranhado de sensações moldados pela ideologia dominante. Sexo e Poder 36 Foucault Revolucionário Enfatizou o caráter social das sensações e prazeres humanos. Revelou mecanismos ocultos de dominação. Admitiu a possibilidade de duplicidade: prazer e poder. Sexo e Poder 37 Referências Bibliográficas MANTEGA, Guido (Coord.). Sexo e Poder. São Paulo, Brasiliense, 1979. Sexo e Poder 38 Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Ciências Jurídicas Departamento de Direito Curso: Direito Noturno Turma: 99/2 03/07/00 Disciplina: Informática Jurídica Professor: Aires José Rover Assunto: Sociologia Jurídica Orientador: Rogério Portanova Acadêmica: Cynthia A. Custel Sexo e Poder 39