ESCOLA DE ENFERMAGEM WENCESLAU BRAZ
CÍNTIA APARECIDA SILVA
RELATO DE CASO: gravidez na adolescência
ITAJUBÀ - MG
2013
CÍNTIA APARCEIDA SILVA
RELATO DE CASO: gravidez na adolescência
Trabalho de Conclusão de Curso de
graduação em enfermagem da Escola de
Enfermagem
Wenceslau
Braz,
apresentado como requisito parcial para
obtenção do titulo de enfermeiro.
Orientadora:
Profa.
MS
Alessandra Pereira Paixão
ITAJUBÀ - MG
2013
Cláudia
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Escola de Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB)
Bibliotecária - Karina Morais Parreira - CRB 6/2777
© reprodução autorizada pela autora
S586r Silva, Cíntia Aparecida.
Relato de caso: gravidez na adolescência / Cintia Aparecida Silva. - 2013.
23 f.
Orientadora: Prof.ª M.ª Cláudia Alessandra Pereira P.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem)-Escola de Enfermagem Wenceslau Braz - EEWB,
Itajubá, 2013.
1. Gravidez na adolescência. 2. Cuidados de enfermagem
3. Centro de saúde. I. Título.
.
NLM: ZWS 462
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo fato de existir e de me dar uma vida
digna. Aos meus pais que nunca mediram esforços para me fazer feliz e por me
ajudarem a realizar os meus sonhos. Aos meus familiares por me apoiarem e
compreenderem durante as angustias e ausências. Principalmente a minha filha
Maria Eduarda. A todos os meus colegas, enfim, todas as pessoas que passaram
pela minha vida e que de uma forma ou de outra deixaram marcas. A minha
orientadora e professora Claudia Alessandra Pereira Paixão pela paciência e
companheirismo na realização deste trabalho e a todos os professores que me
ajudaram durante os anos de faculdade. Muito obrigada!
LISTA DE SIGLAS
OMS - Organização Mundial de Saúde
SISPRENATAL - Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no
Pré-Natal e Nascimento
SIC - Segundo informações colhidas
BPM - Batimento por minuto
VDRL - Venereal Disease Research Laboratory
HIV - Vírus Da Imunodeficiência Humana
ITU - Infecção do trato urinário
RESUMO
A gravidez na adolescência é um fenômeno que não para de crescer no Brasil e no
mundo. O significado de uma gravidez precoce depende do seu contexto social.
Para algumas adolescentes, a gravidez faz parte do projeto de vida. Porém, para
outras, é um evento desagradável que gera medo e conflitos. A gravidez não
planejada entre adolescentes é uma situação que faz parte do nosso dia-a-dia.
Mesmo com as transformações vividas na sociedade, com as mudanças na forma de
agir e no comportamento das pessoas, com a quebra de vários tabus e alterações
nos hábitos sexuais dos brasileiros, a gravidez precoce ainda se faz presente. O
reconhecimento dos fatores associados à frequência de gestação na adolescência
em nosso meio é fundamental para o planejamento de políticas em saúde,
principalmente nas regiões onde persiste uma frequência elevada. O presente
estudo teve como objetivo descrever um caso de gravidez de uma adolescente
atendida em uma Unidade Básica de Saúde do Município de Itajubá, MG. De acordo
com os resultados obtidos foi possível perceber que os conflitos vivenciados pela
adolescente com a descoberta da gravidez manifestaram-se de várias maneiras, tais
como: um acontecimento indesejado, medo de enfrentar tal situação perante sua
família ou companheiro e nas reações dos pais e da sogra. Portanto, é possível
perceber a importância do apoio da família durante a gestação e após o nascimento
da criança.
Palavras-chaves: Gravidez na adolescência. Cuidados de enfermagem. Centro de
saúde.
ABSTRACT
Teenage pregnancy is a phenomenon that doesn’t stop increasing, in Brazil and in
world. The meaning of a precocious pregnancy depends on its social context. For
some teen girls, pregnancy is a part of their life projects. However, for other teens is
an unpleasant event that brings fear and conflicts. Unplanned pregnancy among
teenagers is a situation that is a part of our day to day. Even with the transformation
that society lives nowadays, with the changes in the way of acting and on people’s
behaviors, with the breaking of several taboos and the changes on the sexual
behavior of the brazilians, precocious pregnancy is still present. Recognizing the
associated factors to the frequency of teenage pregnancy in our surroundings is
fundamental for the planning of health politics, specially on regions where a high
frequency of teen pregnancy still persists. The present study aimed to describe a
case of a pregnant adolescent undergoing a Basic Health Unit in the Municipality of
Itajubá, MG. According to the results, it was possible to realize that the conflicts
experienced by adolescents with the discovery of pregnancy manifested themselves
in various ways, such as an unwanted event, the fear of facing the situation before
the family or partner and the reactions of the parents and of the mother-in-law.
Therefore, it is possible to realize the importance of family support during pregnancy
and after child birth.
Keywords: Teenage pregnancy. Nursing care. Health center.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO............................................................................................... 9
1.1
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA................................................................ 10
1.2
OBJETIVO.................................................................................................... 11
2
RELATO DE CASO..................................................................................... 12
2.1
PROPEDÊUTICA OBSTÉTRICA................................................................. 12
2.2
DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM........................ 12
2.3
MEDICAMENTOS PRESCRITOS PELO MÉDICO...................................... 14
2.4
DESFECHO DO CASO................................................................................ 14
3
DISCUSSÃO................................................................................................ 15
4
CONCLUSÃO.............................................................................................. 20
REFERÊNCIAS............................................................................................ 21
APÊNDICE A - Carta de autorização para pesquisa................................ 23
9
1 INTRODUÇÃO
Para a Organização Mundial da Saúde OMS (2009), a adolescência é uma
etapa intermediária do desenvolvimento humano, entre a infância e a fase adulta.
Esse período é marcado por diversas transformações corporais, hormonais e até
mesmo comportamentais. Não se pode definir com exatidão o início e fim da
adolescência (varia de pessoa para pessoa), na maioria dos indivíduos, ela ocorre
entre os 10 e 20 anos de idade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).
No Brasil, 21% da população é adolescente. Entre estes, 50,4% são homens
e 49,5% mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). De acordo a OMS (2009), a
cada ano, cerca de 20% das crianças que nascem são filhas de adolescentes.
Número este que representa três vezes mais garotas com menos de 15 anos
grávidas que na década de 70. A gravidez não planejada entre adolescentes é uma
situação que faz parte do dia a dia da sociedade. Mesmo com as transformações da
sociedade, com as mudanças na forma de agir e no comportamento das pessoas,
com a quebra de vários tabus e alterações nos hábitos sexuais dos brasileiros, a
gravidez precoce ainda se faz presente.
A gestação na adolescência é considerada uma situação de risco biológico
tanto para as adolescentes como para os recém-nascidos. Alguns autores observam
que características fisiológicas e psicológicas da adolescência fariam que uma
gestação nesse período se caracterizasse como uma gestação de risco. Há
evidências de que gestantes adolescentes podem sofrer mais intercorrências
médicas durante gravidez e mesmo após esse evento que gestantes de outras
faixas etárias (OLIVEIRA, 2008).
A gravidez é um período de grandes transformações para a mulher. Seu
corpo se modifica e seus níveis de hormônios se alteram para a manutenção do feto.
Com tantas novidades, essa fase pode acabar gerando dúvidas e sentimentos de
fragilidade, insegurança e ansiedade na futura mãe. Alguns dos principais temores
são alterações na autoimagem corporal e não ter uma criança saudável. Outros
temores são relacionados ao feto e à função de gerar, nutrir e dar à luz. Tais
temores podem desencadear fases de irritabilidade e de instabilidade de humor. A
gestação também é um período de transição biologicamente determinado,
caracterizado por mudanças metabólicas complexas e por grandes perspectivas de
10
mudanças
no
papel
social,
na
necessidade
de
novas
adaptações,
nos
reajustamentos intrapessoais e na identidade (JORGE et al, 2008).
Até aproximadamente meados do século XX, a gestação na adolescência não
era considerada uma questão de saúde pública nem recebia a atenção de
pesquisadores como recebe hoje em dia. No Brasil, esse fenômeno se tornou mais
visível com o aumento da proporção de mães menores de 20 anos que se observou
ao longo da década de 90, quando os percentuais passaram de 16,38% em 1991
para 21,34% em 2000 (IBGE, 2006).
Dos fatores que têm contribuído para o aumento da gravidez na adolescência
destacam-se o início precoce da vida sexual associado à ausência do uso de
métodos contraceptivos, além da dificuldade de acesso a programas de
planejamento familiar. Outro fator de risco é a idade da primeira gravidez da mãe da
adolescente, uma vez que as adolescentes gestantes, geralmente, vêm de famílias
cujas mães também iniciaram a vida sexual precocemente ou engravidaram durante
a adolescência. O reconhecimento dos fatores associados à frequência de gestação
na adolescência em nosso meio é fundamental para o planejamento de políticas em
saúde, principalmente nas regiões onde persiste uma frequência elevada (AMORIM
et al, 2009).
1.1 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
A gestação nos primeiros anos da vida reprodutiva não é um fenômeno
recente na historia da humanidade. Havia naquela época os contratos de casamento
que eram lavrados quando a menina tinha entre 13 e 14 anos de idade. No início do
século XX, a gravidez na adolescência ainda era considerada acontecimento
habitual para os padrões culturais. Na atualidade, esse fato vem adquirindo
importância cada vez maior, não somente devido aos números crescentes em
diferentes países, mas também pelas importantes repercussões psicológicas, sociais
e demográficas que acarreta (NEME, 2006)
Segundo o autor acima, dados americanos mostram resultados muito
desfavoráveis quando se referem à gravidez na adolescência. Para a mãe menor, a
probabilidade de completar os estudos universitários é bastante pequena, há um
maior risco de viver em pobreza e necessitar receber assistência publica por longos
períodos; para o pai, a escolaridade é menor que aqueles que se tornam pais com
11
maior idade, os salários são menores, existe uma menor probabilidade de conseguir
emprego; para criança, há maior risco de apresentar alterações cognitivas e da
saúde, maior probabilidade de sofrer violências de negligência ou de abuso sexual,
maior risco de gravidez na adolescência para meninas, e de tornarem-se presidiários
para os meninos.
As adolescentes são encaminhadas mais tardiamente ao pré-natal e são
menos assíduas que as mulheres de outras faixas etárias, situação que agrava
ainda mais entre adolescentes e multíparas. A gravidez indesejada e sua ocultação
e a resistência ao controle pré-natal, ou por razões culturais, ou por dificuldade de
assumir perante a família e sociedade sua condição, estão entre as razões
encontradas para a insuficiência de cuidados durante o pré- natal (NEME, 2006).
A gestação é um período trasitório que faz parte do processo normal do
desenvolvimento humano. Há grandes transformações, não só no organismo da
mulher, mas no seu bem-estar, alterando seu psiquismo e o seu papel sociofamiliar.
A literatura indica que o período gravídico puerperal é a fase de maior incidência de
transtornos psíquicos na mulher, necessitando de atenção especial para manter ou
recuperar o bem-estar e prevenir dificuldades futuras para o filho. A intensidade das
alterações psicológicas dependerá de fatores familiares, conjugais, sociais, culturais
e da personalidade da gestante (FALCONE, 2005).
A depressão pós-parto é problema que afeta cerca de 10 a 15% de mulheres
em muitos países, havendo um número expressivo de pesquisas na área. Estudos
atuais sugerem que a depressão pré-natal pode ter sido negligenciada, havendo
poucos estudos científicos que procuram identificar alterações psicológicas durante
a gestação (FALCONE, 2005)
1.2 OBJETIVO
Descrever um caso de gravidez de uma adolescente atendida em uma Unidade
Básica de Saúde do Município de Itajubá, MG.
12
2 RELATO DE CASO
O presente relato se trata de um caso de gestação de uma adolescente de 16
anos, nascida em 06/10/1996, branca, estudante, católica, solteira, que mora com os
pais no município de Itajubá, MG e cadastrada no programa SISPRENATAL de uma
Unidade Básica de Saúde (UBS) do município. Os dados que constituem o relato de
caso foram extraídos do prontuário arquivado na unidade em questão.
Segundo o levantamento do prontuário, a paciente procurou a UBS para
cadastramento no SISPRENATAL e acompanhamento pré-natal. Informou coitarca
há 5 meses e ausência de menstruação há 3 meses; uso de preservativo masculino
em todas as relações; história familiar de gemelaridade e hipertensão arterial; ser
alérgica a pelos de gato; dormir bem durante a noite (SIC); alimentar-se de todos os
grupos nutricionais e baixa ingestão hídrica; peso antes da gravidez: 58 kg; altura:
1,66m. Com relação aos dados obstétricos, a paciente apresentou G1PN0A0 e não
constava no prontuário a data da última menstruação, nem a data provável do parto.
Durante o acompanhamento da gestação da paciente pela enfermeira da
Unidade Básica de Saúde, foram registradas as seguintes queixas relacionadas ao
período gestacional:
a) preocupações da gestante pelo fato de a gestação não ter sida aceita por
seus pais;
b) problemas de relacionamentos com a sogra, que posteriormente foi
resolvido;
c) infecção urinária, a qual foi tratada com antibiótico Cefalexina;
d) sonolência durante o dia;
e) companheiro (pai da criança) participar pouco da gestação;
f) dores abdominais durante a prática de exercícios físicos com melhora ao
repousar (sentar-se ou deitar-se).
Reação da adolescente após o resultado positivo da gravidez: SIC ficou
assustada, contou primeiramente para a mãe e para o pai da criança e,
posteriormente, para seu pai. Também relatou medo relacionado à gravidez: medo
do que viria a acontecer, do bebê ser doente, de acontecer algo ruim com ela. Não
13
foram encontrados outros dados sobre a família, apenas o relato da gestante que os
pais não haviam aceitado a gestação.
Durante a realização do trabalho, houve tentativa de contato com a gestante e
responsável pela mesma para autorização via telefone e no endereço encontrado no
prontuário, porém sem sucesso.
2.1 PROPEDÊUTICA OBSTÉTRICA
Foram realizadas dez consultas de enfermagem para o pré-natal, durante as
quais se realizou exame físico obstétrico, avaliações de exames complementares,
elaboração de diagnósticos de enfermagem e intervenções.
Com relação ao exame físico obstétrico, foi observado que inicialmente a
gestante pesava 58kg e, ao término da gestação 70,5 kg. Além da alteração do
peso, outros achados clínicos encontraram-se descritos no prontuário, tais como:
sinal de Hunter e Haller, colostro, linha nigra, movimentos e batimentos cardiofetais.
A altura uterina foi mensurada em algumas consultas sendo o ultimo registro igual a
31 cm, porém a idade gestacional não foi informada. Já o batimento cardiofetal
variou de 136 a 180 BPM.
Durante o pré-natal, foram realizados os exames de hemograma completo,
glicose, VDRL, Coombs indireto, toxoplasmose, HIV, hepatite B e ultrassom com
doppler, os quais não apresentaram alterações clínicas. Entretanto, houve um
episódio assintomático de ITU (infecção do trato urinário), o qual foi confirmado pelo
exame de Urina I e bacterioscopia.
Com relação à vacinação, a adolescente recebeu apenas uma dose da vacina
antitetânica, pois seu esquema estava completo. A última dose tomada antes da
gestação foi no dia 03/11/11.
2.2 DIAGNÓSTICOS E INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM
Os diagnósticos de enfermagem elencados nas consultas de enfermagem
foram:
a) processos familiares disfuncionais presentes caracterizado pela falta de
apoio familiar, intolerância às modificações da gestação, relacionadas a
gravidez na adolescência não planejada.
14
b) eliminação urinária prejudicada caracterizada por resultado de exame Urina
I e Bacterioscopia com raros polimorfonucleares Gram negativos relacionado
com infecção do trato urinário (ITU).
c) dor aguda caracterizada por relato verbal de dor em região lombar e
epigástrica.
d) risco de binômio mãe e feto perturbado relacionado com ITU e crescimento
fetal restrito.
As intervenções de enfermagem prescritas para a adolescente encontradas
no prontuário foram:
Encaminhamento dos pais da gestante para acompanhamento de psicólogo;
Orientações para gestante quanto:
- a importância da prática de exercícios físicos leves (caminhadas);
- adoção de dieta hipossódica e hipocalórica;
- cuidados na prática de relações sexuais.
2.3 MEDICAMENTOS PRESCRITOS PELO MÉDICO
Os medicamentos citados no prontuário da gestante foram:
a) cefalexina 500 mg via oral 8/8 horas por 10 dias utilizado para o tratamento
da ITU;
b) ácido fólico e sulfato ferroso – prescritos para uso de um comprimido por
dia durante toda a gestação.
2.4 DESFECHO DO CASO
A gestante deu à luz por parto normal a um menino, com idade gestacional de
40 semanas e dois dias, sem intercorrências. O peso da criança ao nascer foi de
3,165kg, estatura igual a 49,5cm, perímetro cefálico de 34 cm e Apgar 9/10.
15
3 DISCUSSÃO
Durante o pré-natal a gestante apresentou algumas queixas tais como:
preocupações pelo fato de a gestação não ter sido aceita por seus pais e problemas
de relacionamentos com a sogra, que posteriormente fora resolvidos. Corroborando
com os dados encontrados no presente estudo, Nascimento, Xavier e Sá (2011)
afirmam que a gravidez na adolescência pode causar grande impacto familiar no
primeiro momento após sua descoberta, porém com o passar do tempo apresenta
efeitos progressivamente positivos, fazendo que passe a ter uma boa repercussão e
aceitação por parte de todos os membros da família.
De acordo com Hoga, Borges e Reberte (2010), cada família reage de forma
individual frente à gravidez na adolescência por vivenciar, de forma intensa, o
fenômeno e também por contribuir na trajetória de vida das pessoas envolvidas. As
mesmas autoras enfatizam a necessidade de conhecer-se a reação da família frente
ao caso para que os profissionais da saúde possam desenvolver ações assistenciais
específicas à adolescente grávida.
Para
Albuquerque-Souza,
Nóbrega e Coutinho (2012), os aspectos
psicossociais da adolescente grávida envolvem o medo, a perda e a angústia, quase
sempre relacionados à família e ao parceiro.
A adolescente foi acompanhada por meio do programa SISPRENATAL, assim
descrito pelo Ministério da Saúde (2008):
O SispreNatal- Sistema de Acompanhamento do Programa de
Humanização no Pré-Natal e Nascimento, tem por objetivo o
desenvolvimento de Ações de Promoção, Prevenção e
Assistência
à
Saúde
de
Gestantes
e
RecémNascidos, ampliando esforços no sentido de reduzir as altas
taxas de morbi-mortalidade materna, perinatal e neonatal,
melhorando o acesso, da cobertura e qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério
e da assistência neo-natal, subsidiando Municípios, Estados e o
Ministério da Saúde com informações fundamentais para o
planejamento, acompanhamento e avaliação das ações
desenvolvidas, através do Programa de Humanização no PréNatal e Nascimento.
De acordo com o Ministério da Saúde (2008), o SISPRENATAL assegura, à
gestante, as seguintes ações:
1- realização da primeira consulta de pré-natal até o 4° mês de gestação;
16
2- realização de, no mínimo, seis consultas de acompanhamento pré-natal, sendo,
preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro
trimestre da gestação;
3- realização de uma consulta no puerpério, até 42 dias após o nascimento;
4- Realização dos seguintes exames laboratoriais: ABO-Rh, na primeira consulta;
VDRL, um exame na primeira consulta e um na 30ª semana da gestação; Urina
rotina, um exame na primeira consulta e um na 30ª semana da gestação; Glicemia
de jejum, um exame na primeira consulta e um na 30ª semana da gestação; HB/Ht,
na primeira consulta.
5- testagem anti-HIV, com um exame na primeira consulta, naqueles municípios com
população acima de 50 mil habitantes;
6- aplicação de vacina antitetânica dose imunizante, segunda, do esquema
recomendado ou dose de reforço em mulheres já imunizadas;
7- realização de atividades educativas;
8- classificação de risco gestacional a ser realizada na primeira consulta e nas
subsequentes;
9- Garantir às gestantes classificadas como de risco: atendimento ou acesso à
unidade de referência para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar à gestação de
alto risco.
Durante o pré-natal da gestante, a mesma recebeu a vacina antitetânica e
foram realizados os exames de hemograma completo, glicemia, VDRL, Coombs
indireto, toxoplasmose, HIV, hepatite B conforme determina o SISPRENATAL,
porém não foi realizado o teste ABO-Rh. Outro exame realizado foi o ultrassom com
doppler,
Segundo Ricci (2008) os cuidados pré-natais consistem na promoção da
saúde e do bem- estar da mulher e de seu parceiro antes da gravidez. O objetivo
dos cuidados pré-natais consiste em identificar algumas áreas, como problemas de
saúde, hábitos de vida ou preocupações sociais que possam influenciar
desfavoravelmente a gravidez. Para tanto, são solicitados diversos exames durante
a primeira consulta, de modo que se possam obter dados basais que permitam a
detecção precoce e a intervenção imediata se ocorrerem quaisquer problemas. Os
exames solicitados para todas as gestantes são de urina e de sangue. A urina é
analisada quanto à presença de albumina, glicose, corpos cetônicos e cilindros
bacterianos. Os exames de sangue, em geral, incluem hemograma completo
17
(hemoglobina, hematócrito, número de hemácias e de leucócitos,além de plaquetas),
tipagem sanguínea e fator Rh,títulos de anticorpos contra rubéola,anticorpo contra
antígeno de superfície da hepatite B, (anti-HBs), HIV, VDRL.
A necessidade de outros exames laboratoriais é determinada pelo histórico da
mulher, bem como os achados no exame físico, do estado atual de saúde e dos
fatores de risco identificados na entrevista inicial (RICCI, 2008)
No caso estudado, foram realizadas dez consultas de enfermagem, o que
está de acordo com a determinação do SISPRENATAL. Segundo Ricci (2008), a
cada consulta de acompanhamento, o enfermeiro faz perguntas, proporciona
orientações prévias e educação, revê diretrizes nutricionais e avalia a cliente quanto
à aderência ao tratamento vitamínico pré-natal.
Com relação ao exame físico obstétrico foi observado que inicialmente a
gestante pesava 58 kg e, ao término da gestação, 70,5kg. Além da alteração do
peso, outros achados clínicos se encontraram descritos no prontuário, tais como:
sinal de Hunter e Haller, colostro, linha nigra, movimentos e batimentos cardiofetais.
A altura uterina foi mensurada em algumas consultas sendo o ultimo registro igual a
31cm, porém idade gestacional não foi informada. Já o batimento cardiofetal variou
de 136 a 180 BPM.
A primeira percepção dos movimentos fetais pela mãe, geralmente sensação
de pequena e tremulosa flutuação no abdômen, ocorreu no final do 5° mês de
gestação. A detecção do batimento cardíaco fetal foi feita a partir da 12° semana de
gestação por meio do sonar Doppler ou da ultrassonografia. Após a 20° semana de
gestação, o batimento cardíaco fetal foi auscultado também com o estetoscópio de
pinard. A frequência cárdia-fetal varia de 120 a 160 batimentos por minuto
(BARROS, 2009)
O mesmo autor acima diz que no 2° mês de gestação em diante pode ter a
presença de colostro que contém transudato de soro sanguíneo, leucócitos e
gorduras. Sinal de Hunter (aréola secundária) e rede de haller. A linha nigra é
causada pela pigmentação da pele na área em que seu músculo abdominal se
distende para acomodar o bebê, começa a aparecer no segundo trimestre da
gravidez.
A gravidez é considerada como um período de crise, que exige uma resposta
adaptativa daqueles que participam desse processo. O período gestacional
demanda novas formas de equilíbrio diante das mudanças inerentes a essa fase.
18
Essas mudanças estão relacionadas aos ritmos metabólicos e hormonais e ao
processo de integração de uma nova imagem corporal. Essas alterações têm
repercussões tanto na dimensão física, quanto na emocional (NASCIMENTO;
XAVIER E SÁ, 2011).
Durante a gestação, especificamente, as mulheres passam por uma série de
alterações, tanto de ordem emocional quanto física e fisiológica, que as tornam mais
vulneráveis às ITU (Infecção do trato urinário). Entre as mudanças fisiológicas se
observam o aumento do tamanho uterino, do volume sanguíneo em decorrência da
hemodiluição e da concentração de hormônios circulantes, principalmente
estrogênio e progesterona. Além dessas alterações citadas, o aumento do pH
urinário, devido à redução da capacidade renal de concentrar urina e ao aumento na
excreção de sódio, glicose e aminoácidos aumentam a susceptibilidade do trato
urinário de gestantes às infecções, propiciando meio adequado ao crescimento
bacteriano. A ITU é definida como a aderência de bactérias às paredes do trato
urinário (FEITOSA; PARADA; SILVA, 2009).
Enfermeiros
podem
agir
como
defensores
e
educadores,
ao
criar
comunidades saudáveis e de apoio para a mulher e seu parceiro nas fases de
gravidez da sua vida. A enfermeira pode envolver-se em uma parceria de
colaboração com uma mulher, capacitando a examinar a própria saúde e a influência
desta sobre a saúde do futuro bebê (RICCI, 2008).
A assistência de enfermagem deve ser realizada por meio de consultas
individualizadas, pois a gravidez é um período de mudanças físicas e emocionais
que cada gestante vivencia de forma distinta. A escuta das queixas deve permitir a
expressão das angústias e preocupações. Durante o desenvolvimento da consulta, a
enfermeira deve certificar-se de que as dúvidas estão sendo esclarecidas, as
expectativas alcançadas e as orientações relacionadas ao acompanhamento prénatal assimilados, de tal forma, que a gestante tenha uma atitude de
corresponsabilidade
na
assistência,
conscientizando-se,
por
exemplo,
da
importância da assiduidade nas consultas (BARROS, 2009).
O ácido fólico também conhecido como vitamina B9 é uma vitamina
pertencente ao complexo B necessária para a formação de proteínas estruturais e
hemoglobina. É efetivo no tratamento de certas anemias. Se a mulher tem ácido
fólico suficiente durante a gravidez, essa vitamina pode prevenir defeitos de
19
nascença no cérebro e na coluna vertebral do bebê, como a espinha bífida (SILVA;
VIANA, 2011).
O Sulfato Ferroso é o sal hidratado que possui 20% de ferro elementar. Trata-
se de um sal sempre indicado devido a sua boa absorção, pois contém ferro. O
Ferro é um nutriente essencial para a vida e atua principalmente na fabricação das
células vermelhas do sangue e no transporte do oxigênio para todas as células do
corpo (SILVA; VIANA, 2011).
A cefalexina é um antibiótico que inibe a síntese proteica da bactéria,
causando instabilidade osmótica. A cefalexina acaba com as bactérias que causam
processos infecciosos, tais como: S. pneumoniae e estreptococos beta-hemolíticos
do grupo A., S. pneumoniae, H. influenzae, estafilococos, estreptococos e
M.catarrhali, estafilococos e estreptococos, E. coli, P. mirabilis e Klebsiella sp. De
acordo com Silva e Viana (2011), pode ser administrado em gestantes sob
orientação médica.
20
4 CONCLUSÃO
Durante a realização do trabalho foi possível perceber que os conflitos
vivenciados pela adolescente com a descoberta da gravidez se manifestaram de
várias maneiras, tais como: um acontecimento indesejado, medo de enfrentar tal
situação perante sua família ou companheiro e nas reações dos pais e da sogra.
Portanto é possível perceber a importância do apoio da família durante a gestação e
após o nascimento da criança.
O enfermeiro desenvolve papel fundamental para o binômio mãe/filho, pois é
o profissional capacitado para prestar cuidados holísticos às necessidades da
adolescente gestante.
21
REFERÊNCIAS
AMORIM, M. M. R. et al. Fatores de risco para a gravidez na adolescência em uma
maternidade-escola da Paraíba: estudo caso-controle. Revista Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia, Campina Grande, v. 31, n. 8, p. 404-410, abr. 2009.
BARROS, S. M. O. de . Enfermagem obstétrica e ginecológica: guia para prática
assistencial. 2. ed. São Paulo: Roca, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de
Ações Programáticas Estratégicas. Direitos sexuais, direitos reprodutivos e
métodos
anticoncepcionais.
Brasília,
DF,
2009.
Disponível
em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/.../2355-6>. Acesso em: 4 set. 2013.
_______. Marco Teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de
adolescentes
e
jovens.
Brasília,
DF,
2006.
Disponível
em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/marco_teorico_referencial.pdf>.
Acesso em: 12 out. 2013.
FALCONE, V. M. et al. Atuação multiprofissional e a saúde mental de gestantes.
Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 4, p. 612-618, ago. 2005.
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APÊNDICE A – Carta de autorização para pesquisa
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gravidez na adolescência ITAJUBÀ - MG 2013