Fotografia de Maria José Palla
D. Lacerda
uas exposições de fotografia de Maria José Palla*
assinalaram o trabalho de
recolha documental desta artista,
que se exprime igualmente numa
orientação conceptual. Em Paris,
no espaço do café L’Écritoire da
praça da Sorbonne mostrou uma
selecção de impressionantes imagens colhidas nas ruas de Pangim,
na Velha Goa, e de que publicou
um álbum1. Fachadas de prédios e
tabuletas de centros de actividade
revelam, através dum colorido
emaciado pelo tempo, a mestiçagem cultural típica da Índia. Ana
Haterly no texto escrito para o
álbum descreve o conteúdo estético da imagística restituída, recriada pela fotografia de Maria José
Palla. Paris via pela primeira vez,
nesse espaço restrito do Bairro
Latino, o efeito visual duma operação com (alguns) anos brotada
da evocação centenária da descoberta colonial lusitana.
D
n° 18 - septembre 2003
LATITUDES
93 ROSTOS no Silo Espaço
Outra novidade reserva a imensa
série de retratos que a fotógrafa captou nos últimos tempos e que a 24
de Maio foi apresentada no SiloEspaço Cultural do NorteShopping,
Porto, Portugal - 93 rostos registo
fotográfico de artistas plásticos e fotógrafos portugueses nascidos antes de
1960. Mau grado o interesse destas
imagens, apenas de momento é
revelável o anúncio (ver contra-capa
deste n°) e esperemos que não seja
por questão de direitos financeiros
destes tempos. A Exposição é completada com a edição dum livro.
Maria José Palla explica assim o seu
dessein, na plaquete:
“Este livro/exposição representa
o resultado de seis anos de trabalho. Uma aventura começada em
Paris no mês de Dezembro de 1997,
continuada em Macau, Nova
Iorque, Londres, Porto e terminada
em Lisboa.”
“O meu gosto pelas séries, pelo
registo, pela memória (gosto que
resulta certamente da minha profissão), esteve na origem de trabalhos anteriores: retratos de poetas
portugueses e 50 rostos de Macau.
Trabalho de arquivista que implica
telefonar, deslocar-me, apresentarme, actividades sempre repetidas.
Tal como anteriormente, entrei na
casa, no atelier, no local de trabalho dos artistas. Adaptei-me ao espaço que se foi desenhando, ao
tempo e à luz que se foi oferecendo. Sem flash. Sempre de improviso, sem encenação. O tempo da
sessão fotográfica durou entre 5 e
90 minutos. daí a aparente falta de
unidade”. O texto continua com
outras considerações e sugestões
interpretativas. Maria do Carmo
Serén do Centro Português de
Fotografia, onde Maria José Palla
expôs há meses outra série, assina
um breve ensaio centrado sobre o
retrato. Para não cansar o leitor com
81
os nomes dos artistas contemplados, todos nascidos antes de
1960, digamos que alfabeticamente começa em Alberto Carneiro e
termina em Zulmiro de Carvalho,
entre os dois há, por exemplo,
Álvaro Lapa, Darocha, Isabel
Pavão e Lisa Santos Silva.
Ausentes, dos nossos: Bertino,
Costa Camelo, Isabel Meireles,
boa gente artista e sacrificada
nesse altar * A fotógrafa é por acréscimo investigadora em História de Arte e
especializada na obra de Gil
Vicente, de que possui extensa
bibliografia publicada. Em
Latitudes publicou artigos dessa
área nos números 10, dez. 2000, e
14, maio 2002.
1
Maria José Palla, Paredes de
Pangim Velha Goa, Lisboa, Assírio
e Alvim, 1998, 224 p. Com textos
(bilingue português/inglês) de
Maria José Palla, Nuno Júdice e
L’Exposition Lisbonne/Lisboa
Parc de la Villette du 5 Octobre au 25 Janvier 2003
aisant partie du cycle
intitulé Un Monde fait
de tous les mondes, initié en 2001, le Parc de la
Villette présentera à partir du 5
octobre un ensemble d’expositions (photographies, vidéos,
œuvres d’art plastiques) et de
manifestations (ateliers) se rapportant à Lisbonne, sous le
commissariat de Claude
Archambault. Il s’agit de
Lisbonne vue dans ces plus
récentes transformations amenées par la contribution des
nouvelles populations qui sont
venues s’y installer. Ces manifestations sont organisées
autour de trois segments :
1) Voir Lisbonne, la ville
typique, patrimoine architectural et paysager avec la folklorisation de ses traditions ;
2) le Monument montre comment les héritages culturels
construisent des espaces symboliques dans la ville : le Tage,
l’épopée des Découvertes, l’art
de l’azulejo, des figures
F
Horaires : du mercredi à dimanche de 14 à 19h,
Pavillion Paul Delouvrier/Parc de la Villette métro Porte de Pantin. Informations 01 40 03 75 75
et www.villette.com. Entrée libre.
82
héroïques : Camões, Pessoa ;
3) l’Entre-soi, logiques locales, pratiques des espaces sociaux : quartiers historiques, centres commerciaux, logements sociaux,
communautés immigrés.
Selon une scénographie conçue
par François Delarozière, ces expositions auront la participation des
artistes suivants: en photographie,
Luís Campos, Pedro Letria, Georges
Pacheco, Luís Pavão e Stéphane
Duroy; des documentaires audiovisuels et installations vidéo de
Catarina Alves Costa, Ariel de
Bigault, Pedro Costa, Luciana Fina,
Béatrice Korc, Edgar Pêra, Serge
Tréfaut et Mariana Viegas; et des
œuvres d’art plastique - tableaux,
azulejos, sculptures - de José
Guimarães, Querubim Lapa, Graça
Morais, Júlio Pomar, Paula Rego et
Cecília de Sousa. Des noms renomés capables de rendrent en images
et en travestissement la grandeur
que la Ville Blanche a conquis
depuis les temps utopiques d’Ulysse
et de Camões aux réalistes d’Alain
Tanner et Wim Wenders LATITUDES
n° 18 - septembre 2003
Download

LATIT. N°18 XPress6 - Association des Revues Plurielles