UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA-UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - CCET CURSO DE ENGENHARIA CIVIL PROPRIEDADES FÍSICAS DE RESÍDUOS DE CONCRETO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA PRODUÇÃO DE PEÇAS PRÉ - MOLDADAS JOÃO VICTOR DE OLIVEIRA FARIAS MÁRIO ROBERTO DE CAMPOS FURTADO BELÉM - PA 2012 JOÃO VICTOR DE OLIVEIRA FARIAS MÁRIO ROBERTO DE CAMPOS FURTADO PROPRIEDADES FÍSICAS DE RESÍDUOS DE CONCRETO DA CONSTRUÇÃO CIVIL PARA PRODUÇÃO DE PEÇAS PRÉ - MOLDADAS Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora do Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia, como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil sob Orientação do Prof. Leonardo Bello. BELÉM - PA 2012 FARIAS, João Victor Oliveira Farias e FURTADO, Mário Roberto de C. Furtado. Reaproveitamento de Resíduos da Construção Civil para Produção de Peças Pré-Moldadas: Resíduo de Concreto. Belém, 2012. 52p. 1. Engenharia Civil; 2. Resíduo de Concreto; 3. Meio Ambiente. I. Universidade da Amazônia. Centro de Ciências Exatas e Tecnologias - CCT. Trabalho de Conclusão de Curso submetido à banca examinadora do Curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia, como requisito parcial para obtenção do Título de Engenheiro Civil. Membros da Banca Examinadora: Prof. Dr. Leonardo Bello de Melo Lima Professor Titular/CCET – Unama Prof. Msc. Wandermir da Mata Professor Titular/CCET – Unama Julgado em: __/__/___ Conceito: ___________ DEDICATÓRIA Dedico este trabalho primeiramente a DEUS. As nossas famílias, em especial, nossos pais, João Batista da S. Farias e Ana Patrícia de O. Farias, Mário Cavalcante Furtado e Helena Lúcia de C. Furtado. E a nossas namoradas, Luciana Abrantes e Andreza Cristina. Que nos apoiaram tanto. AGRADIMENTOS A Deus pelo dom da vida e a certeza de nosso crescimento profissional. Às nossas famílias, que não pouparam esforços para nós concluirmos esse objetivo. As nossas namoradas futuras esposas, pelo incentivo e apoio, proporcionado nos momentos mais difíceis. Aos professores, Leonardo Bello e Wandemir da Mata pela orientação e a todos aqueles que direta ou Indiretamente contribuíram para este trabalho. RESUMO Este trabalho inicia-se com a análise de reaproveitamento dos RCD, resíduo da construção e demolição, utilizando apenas resíduos de concreto da demolição do Moinho de Trigo Cruzeiro do Sul, como agregado tanto miúdo quanto graúdo, na confecção de concretos com o intuito na criação peças pré-moldadas. Faz-se uma comparação entre concreto convencional e concreto reciclado, empregando o mesmo traço de dosagem, fornecido pela empresa Intel-Pré, aferindo ensaios de resistência à compressão axial e diametral. O que torna essa substituição, uma forma de reaproveitamento destes resíduos de forma racional para reduzir os impactos ao meio ambiente e trazer benefícios econômicos a indústria da construção civil gerando emprego, renda. Em uma época onde tanto se fala em aquecimento global, impacto ambiental, nada mais coerente e adequando para se tratar, do que a sustentabilidade e seus processos específicos. A pesquisa mostra justamente isto, o enfoque da construção civil na redução de fatores que degradam o meio ambiente. Englobando, economia, segurança e consciência ambiental. Palavras-chave: Reaproveitamento de resíduo, Concreto Reciclado, Pré-Moldado. ABSTRACT This work begins with the analysis of reuse of RCD, construction and demolition waste, using only waste concrete from demolition Mill Wheat Cruzeiro do Sul, as both kid as coarse aggregate in making concrete in order to create preformed parts. Makes a comparison between conventional concrete and recycled concrete, employing the same feature dosage, supplied by Intel-Pre, measuring assays compressive strength and diametral. What makes this place, a way of reusing these wastes in a rational way to reduce impacts to the environment and bring economic benefits to the construction industry generating jobs, income. In an age where so much is said on global warming, environmental impact, nothing more coherent and adjusting for treatment, and that the sustainability of their specific processes. Research shows just that, focusing on the construction of reduction factors that degrade the environment. Encompassing, economy, safety and environmental awareness. Keywords: Waste Reuse, Recycled Concrete, Construction. SUMÁRIO CAPÍTULO I 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................10 1.1 JUSTIFICATIVA.................................................................................................10 1.2 OBJETIVO........................................................................................................11 1.2.1 Conceito Geral...............................................................................................11 1.2.2 Conceito Específico.......................................................................................11 CAPÍTULO II 2 RECICLAGEM.....................................................................................................12 2.1 HISTÓRICO.......................................................................................................12 2.1.1 A reciclagem urbana dos resíduos sólidos................................................13 2.2 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL..............................................................16 2.2.1 A geração de entulho em canteiros.............................................................15 2.2.2 Os tipos de resíduos em canteiros..............................................................17 CAPÍTULO III 3 CONCRETO.........................................................................................................18 3.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONCRETO...........................................18 3.1.1 Cimento Portland...........................................................................................19 3.1.2 Agregados......................................................................................................20 3.1.3 Agregado Miúdo.............................................................................................22 3.1.4 Agregado Graúdo..........................................................................................22 3.1.5 Água................................................................................................................23 3.1.6 Aditivos e Adições.........................................................................................24 3.2 PRÉ-MOLDADOS..............................................................................................24 3.2.1 Conceito............................................................................................................24 CAPÍTULO IV 4 METODOLOGIA APLICADA...............................................................................26 4.1 ORIGEM DA AMOSTRA DE RCD.....................................................................26 4.1.1 Amostra..........................................................................................................27 4.1.2 Britagem e Peneiramento.............................................................................27 4.1.3 Traço...............................................................................................................28 4.1.4 Produção dos Concretos..............................................................................28 4.1.5 Ensaios...........................................................................................................28 4.1.5.1 Resistência à Compressão Axial...................................................................28 4.1.5.2 Resistência à Tração por Compressão Diametral.........................................29 4.1.6 Caracterização do Material...........................................................................29 4.1.6.1 Ensaio de Abrasão “Los Angeles” ABNT - NBR NM 51/2001.......................29 4.1.6.2 Preparação da Amostra.................................................................................29 4.1.6.3 Procedimento.................................................................................................34 CAPÍTULO V 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO.............................................................................37 5.1 DIMENSÕES DO RESÍDUO OBTIDO...............................................................37 5.1.1 Agregado Graúdo..........................................................................................37 5.1.2 Agregado Miúdo.............................................................................................40 5.1.3 Traço Obtido...................................................................................................42 5.1.4 Resistência à Compressão Axial.................................................................44 5.1.5 Resistência à Tração por Compressão Diametral......................................46 5.2 ENSAIO DE ABRASÃO “LOS ANGELES” ABNT - NBR NM 51/2001..............49 5.2.1 Cálculo da Porcentagem...............................................................................49 6 CONCLUSÃO......................................................................................................50 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS....................................................................51 CAPÍTULO I 1 INTRODUÇÃO Os resíduos de construção e demolição (RCD), popularmente denominados de entulho, são basicamente todo o material que serve para aterrar e nivelar, conjunto de fragmentos de tijolos, argamassas, madeiras, revestimentos, além de materiais sem utilidade resultantes da construção de edificações, demolições, escombros e ruínas. Os RCD estão classificados na categoria dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e sua produção tem como origem a atividade do setor da construção civil. Essa massa de resíduo é proveniente de diversos tipos de obras, como construções novas, reformas ou remodelação de edificações, ampliações, demolições, obras de infraestrutura viária, obras de saneamento básico, entre outras, assim como da indústria de materiais de construção. Segundo Angulo (2005), os RCD representam cerca de 50% da massa dos RSU. O gerenciamento desses resíduos torna-se mais complicado quanto maior a quantidade produzida e são diversas as tecnologias estudadas e desenvolvidas para a sua reutilização, a fim de minimizar os impactos causados por eles; e por esse motivo, se faz necessário à divulgação desses processos industriais, a fim de, transformar uma atividade prejudicial ao meio ambiente, em sustentável e ecologicamente correta, gerando progresso e oportunidade de trabalho, resultando em lucros em todos os setores. 1.1 JUSTIFICATIVA O trabalho despertou interesse a partir da possível utilização de resíduo de concreto como agregado em peças pré-moldadas na Construção Civil, recurso pouco utilizado na região Metropolitana de Belém (RMB). Visando a sustentabilidade, gerando benefícios construtivos e diminuindo as agressões ao meio ambiente. Os RCD apresentam um grande volume de materiais gerados pelas obras na Grande Belém, materiais que possuem um grande potencial para serem reutilizados como matéria-prima. Faltam incentivos públicos e privados para elaboração do destino correto do RCD, há exemplo, as obras da RMB, não tem o destino apropriado. Os entulhos gerados são depositados na maioria das vezes em contêiner em frente às obras, com o seu destino a lixões a céu aberto prejudicando o meio ambiente. Segundo Buttler (2003), a utilização dos resíduos de concreto como agregado para novas dosagens implicará em redução dos custos envolvidos com a exploração e transporte dos agregados naturais e, além disso, reduzirá substancialmente o volume de resíduo despejados no meio-ambiente. 1.2 OBJETIVO 1.2.1 Geral Estudar o processo de reaproveitamento de resíduo da construção e demolição na Região Metropolitana de Belém e sua aplicabilidade na produção de peças de concreto pré-moldado. 1.2.2 Específico Para alcançar o objetivo geral, pretende-se perseguir os seguintes objetivos específicos. 1. Caracterizar os principais componentes representativos do RCD 2. Realizar um estudo comparativo entre o concreto com uso de agregados convencionais e agregado de RCD com ênfase em peças estruturais 3. Estudar o comportamento das propriedades mecânicas do concreto reciclado com adição de RCD CAPÍTULO II 2 RECICLAGEM 2.1 HISTÓRICO A partir de 1928, a produção de concreto com agregado reciclado começa a ter estudos de desenvolvimentos com base na granulometria dos agregados de alvenaria e concreto britados, na relação água cimento e no consumo do próprio cimento. Entretanto, os primeiros registros da utilização dos RCD só ocorreram no final da segunda Guerra Mundial, na reconstrução das cidades Europeias, devido a grande quantidade de destroços e escombros, onde o entulho foi britado para produção de agregado, citados por LEVY e HELENE, 2002. Em 1946, é considerado o início do desenvolvimento da reciclagem de resíduos na construção, afirmado por LEVY e HELENE, 2002. ‘ Figura 01: Destroços da Segunda Guerra Mundial Fonte: Google.com Desde a época dos romanos, SCHULZ e HENDRICKS, 1992, citados por LEITE (2001), mostra que há registro de alvenaria britada sendo utilizada como agregado no concreto. Além de misturas de argilas, cinzas vulcânicas, cacos cerâmicos e pasta aglomerante de cal que era usada como camada para pavimentos, apresenta BRITO FILHO (1999), citado por LEITE, 2001. Já no Brasil, Pinto (1986) realizou pesquisas para a utilização dos resíduos reciclados para produção de argamassas, mas a utilização efetiva dos resíduos de construção teve início em 1991, em Belo Horizonte. Nos dias atuais, em diversos estados do Brasil já é possível encontrar centros de tratamento e reciclagem. Em universidades, pesquisas são realizadas para melhoria dos RCD, por exemplo (ZORDAN, 1997; LEVY, 1997; LATTERZA, 1998; BAZUCO, 1999; LIMA, 1999). Com referência às normas de utilização, no Japão em 1977, os agregados reciclados tiveram suas primeiras propostas, porém só em 1982 é que o agregado graúdo reciclado de concreto foi contido nas especificações de agregado para concreto, através das normas ASTM C32-82 e C 125-79. (HANSEM, 1992). 2.1.1 A reciclagem urbana dos resíduos sólidos A partir de 1988 a Comunidade Europeia executou um grande número de obras em concreto obtido a partir de agregados reciclados, de concreto, de alvenaria, assim como da mistura de ambos. Algumas dessas obras são obras de grande porte como pode ser visto nas Figuras 1 e 2. Figura 02: O edifício do meio ambiente; 1º edifício do Reino Unido a incorporara tecnologia de concreto usinado com a utilização de agregados reciclados. Fonte: LEVY e HELENE, 2002. Em Guarulhos, interior de São Paulo, um piso de concreto com 12.500m³ de volume existente no terreno onde foi construído o condomínio Villaggio Maia, foi totalmente reciclado, sendo o agregado utilizado sob a forma de blocos de fundação e de concreto, muros, lajes, contramarco de janelas e outros pré-moldados, conforme mostrado nas Figuras 02 a 05. Figura 03: Piso de alta resistência do Laboratório de Cardinton construído especialmente para analisar o efeito causado por substituição em massa de20% de agregados reciclados de concreto e alvenaria de baixa qualidade Fonte: LEVY e HELENE, 2002. Figura 04: Demolição do piso existente no terreno da Obra do Cond. Villagio Mai. Fonte: CAPELLO (2006). Figura 05: Usina de reciclagem no canteiro da obra do condomínio Villagio Maia. Fonte: CAPELLO (2006). Figura 06: Contramarco de janelas produzidos com RCD e empregados na obra do Cond. Villagio Maia. Fonte: CAPELLO (2006). 2.2 OS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 2.2.1 A geração de entulho em canteiros Os resíduos da construção civil são gerados por demolição, por obras de revitalização e/ou novas edificações. São originários da execução de projetos de infraestrutura, obras públicas e serviços públicos, construção urbana, demolição e reformas das construções já existentes, e integram os resíduos sólidos urbanos. Por ser produzido num setor onde há uma gama muito grande de diferentes técnicas e metodologias de produção e cujo controle da qualidade do processo produtivo é recente, características como composição e quantidade produzida dependem diretamente do estágio de desenvolvimento da indústria de construção local (qualidade da mão de obra, técnicas construtivas empregadas, adoção de programas de qualidade, etc.). O RCD, é talvez, o mais heterogêneo dentre os resíduos industriais. Ele é constituído de restos de praticamente todos os materiais de construção (argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, pedras, tijolos, tintas, etc.) e sua composição química está vinculada à composição de cada um de seus constituintes. Segundo MARQUES NETO (2001), no Brasil, o setor da construção civil é o maior responsável pela geração de resíduos, com estimativa da ordem de 40% de toda carga nacional. Do ponto de vista da quantidade gerada por habitante, estimase que o número alcance 500 Kg/hab.ano, pela média de algumas cidades brasileiras. Na cidade de Ribeirão Preto, a participação dos RCC e RCD na massa total de resíduos sólidos urbanos pode chegar a 70% (MARQUES NETO 2001). Em Belém, estima-se que 65 Kg/hab.ano são produzidos, segundo dados obtidos junto à empresa EMEC, que atua no ramo de coleta e transporte de resíduos sólidos, e considerando a população da RMB com 1,6 milhão de hab. Praticamente todas as atividades desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de entulho. No processo construtivo, o alto índice de perdas do setor é a principal causa do entulho gerado, embora nem toda perda se transforme efetivamente em resíduo (uma parte fica na própria obra). É de muita importância para qualquer cidade nos dias atuais, a implantação de uma política de conscientização para a gestão ambiental em todo processo produtivo, com a diminuição na geração dos resíduos sólidos e a correta destinação dos mesmos nos canteiros de obra, partindo da sensibilidade dos agentes envolvidos, criando uma metodologia própria para cada empresa. 2.2.2 Os tipos de resíduos em canteiros A resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, no Art. 3º, classifica os resíduos da construção civil em: I - Classe A - são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso; IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. CAPÍTULO III 3 CONCRETO Através da mistura de cimento, areia, pedra e água, obtêm-se o concreto. No seu estado fresco, o concreto pode ser moldado de acordo com as necessidades de cada obra e ao endurecer torna-se uma pedra artificial. Com essas características, o concreto é o segundo material mais consumido pela humanidade, superado apenas pela água. O concreto armado é à base da maioria das estruturas atuais, o concreto de modo geral tem alta resistência à compressão, sendo representado pela sigla fck que significa resistência à compressão aos 28 dias, geralmente medido pela unidade Mega Pascal (MPA). Depois de hidratado o concreto tem validade média de 2 horas e meia para ser aplicado, com o inicio da pega o concreto começa a ganhar resistência, e com o passar do tempo atinge sua resistência final isso pode levar dias ou meses. O concreto sendo um material heterogêneo constituído por uma vasta gama de partículas granulares. O tamanho destas partículas varia de dimensões menores que 1 mícron (sílica ativa) até centímetros (agregados graúdos). De acordo com o nível macroestrutural de sua composição granulométrica. O concreto pode ser dividido em duas fases: matriz e agregados. A matriz é composta pela pasta de cimento Portland enquanto que, os agregados, materiais inertes e rígidos, servem como esqueleto granular principal. O concreto apresenta boa resistência aos esforços de compressão, porém, baixa resistência aos esforços de tração. 3.1 ELEMENTOS CONSTITUINTES DO CONCRETO São basicamente executados com os seguintes materiais: cimento Portland, água, agregado miúdo e graúdo. Os agregados miúdos e graúdos são considerados materiais inertes, ou seja, eles sozinhos não tem função estrutural alguma, mas quando misturados com o cimento juntamente com a água eles tornam um material de função estrutural, pois o cimento com a água forma uma pasta construindo o material ligante juntando as partículas dos agregados em uma massa sólida. Quando a água reage com o cimento ocorre uma reação química entre os dois, formando uma pasta com propriedades ligantes, porém quando se utiliza pouca água à pasta não da trabalhabilidade suficiente e quando é empregado mais água perde resistência, devido à mesma está diretamente proporcional com o fator água/cimento, sendo necessário ser desenvolvido o traço em laboratório para cada resistência e slump desejado. Em um concreto o valor maior é o da pasta, mas em compensação cerca de 60% a 80% do concreto é composta de agregado graúdo e miúdo que tem o valor inferior em comparação a combinação água + cimento. Pelo fato dos agregados constituírem a maior parte do concreto, a escolha do seu tipo é de grande importância. Eles devem atender algumas condições: • Apresentar resistência à compressão e ao desgaste, cada tipo de agregado resiste a certo esforço que lhe empregado um exemplo claro são qualidades de brita que existem: granito, basalto, calcária, arenito e argilito, cada uma dessas tem resistência à compressão e ao desgaste diferenciadas. • Possuir tamanho graduado, para que os mesmos possam reduzir o volume da pasta e encher os espaços vazios entre os agregados. • Devem ser estáveis, não provocando nenhuma reação prejudicialquando agregado ao concreto. Existem também variedades de aditivos e adições que podem serincorporados ao concreto para melhorar seu desempenho, tais como; plastificantes, retardador ou acelerador de pega, adições minerais, incorporadores de ar, sílica, etc. 3.1.1 Cimento Portland Cimento Portland é um material pulverulento (pó fino), com propriedades aglomerantes, constituído de silicatos e aluminatos de cálcio, praticamente sem cal livre. Esses silicatos e aluminatos complexos, ao serem misturados com água, hidratam-se e produzem o endurecimento da massa, que pode então oferecer elevada resistência mecânica. Seus principais componentes são calcário, argila e gesso. Figura 07: Cimento. Fonte: google.com.br 3.1.2 Agregados Basicamente são divididos em agregado miúdo (areia) e agregado graúdo (pedra) A ABNT NBR 7211 fixa as características exigíveis na recepção e produção de agregados, miúdos e graúdos, de origem natural, encontrados fragmentados ou resultantes da britagem de rochas. Dessa forma, define areia ou agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante do britamento de rochas estáveis, ou a mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT de 4,8 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 0,075 mm, já o agregado graúdo como pedregulho ou brita proveniente de rochas estáveis, ou a mistura de ambos, cujos grãos passam por uma peneira de malha quadrada com abertura nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 4,8 mm. Minerações típicas de agregados para a construção civil são os portos-deareia e as pedreiras, como são popularmente conhecidas. Entretanto, o mercado de agregados pode absorver produção vinda de outras fontes. As propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas ligantes são essenciais para a vida das estruturas (obras) em que são usados. São inúmeros os exemplos de falência de estruturas em que é possível chegar-se à conclusão que a causa foi à seleção e o uso inadequado dos agregados. Considerado como produto básico da indústria da construção civil, o concreto de cimento Portland utiliza, em média, por metro cúbico, 42% de agregado graúdo (brita), 40% de areia, 10% de cimento, 7% de água e 1% de aditivos químicos. Como se observa, cerca de 70% do concreto é constituído de agregados. Decorre daí a importância do uso de agregados com especificações técnicas adequadas. Na Tabela 01, correlacionam algumas das características dos agregados. Tabela 01 - Características dos Agregados. Propriedades do Concreto Influenciadas pelas Características do Agregado Propriedades do Concreto Características Relevantes do Agregado Resistência mecânica Textura superficial Resistência mecânica Limpeza Forma dos grãos Dimensão máxima Retração Módulo de elasticidade Forma dos grãos Retração Textura superficial Limpeza Dimensão máxima Massa específica Massa unitária Forma dos grãos Granulometria Dimensão máxima Forma dos grãos Granulometria Economia Dimensão máxima Beneficiamento requerido Disponibilidade Fonte: Valverde, F. M. Balanço Mineral Brasileiro, 2001. Na concepção de alguns pesquisadores os agregados fazem parte, em média, de 75% do volume total do concreto, de modo que sua qualidade é de suma importância na confecção de um concreto de boa qualidade e de custo reduzido, sendo assim ele deve ser isento de argila, mica, silte, sais, material orgânicos dentre outros diversos que possam prejudicar a qualidade do concreto. 3.1.3 Agregado Miúdo De acordo com a NBR-7211/2009 os agregados miúdos (figura 07) são definidos como areias e classificados conforme o seu tamanho, cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 4,76, ressalvados os limites estabelecidos, em ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR NM 248, com peneiras definidas pela ABNT NBR ISSO 3310-1. Definem-se as categorias das areias em: a) Areia grossa – módulo de finura entre 2,71 a 4,02 mm; b) Areia média – módulo de finura entre 2,11 a 3,38 mm; c) Areia fina – módulo de finura entre 1,71 a 2,85 mm; d) Areia muito fina – módulo de finura menor que 1,35 a 2,25 mm. Areia Fina Areia Média Areia Grossa Figura 08: Agregado miúdo – Areia Fina, Média e Grossa. Fonte: google.com.br. 3.1.4 Agregado Graúdo De acordo com a NBR-7211/2009 os agregados graúdos (figura 08) são definidos como britais e classificados conforme o seu tamanho, cujos grãos passam pela peneira com abertura de malha de 75 mm e ficam retidos na peneira de com abertura de malha de 4,76 mm, ressalvados os limites estabelecidos, em ensaio realizado de acordo com a ABNT NBR NM 248, com peneiras definidas pela ABNT NBR ISSO 3310-1. Definem-se as categorias das britais em: e) Brita 0 → 4,76 a 9,5 mm; f) Brita 1 → 9,5 a 19 mm; g) Brita 2→19 a 25 mm; h) Brita 3→25 a 50 mm; i) Brita 4→50 a 76 mm; Figura 09: Agregado graúdo – Brita. Fonte: google.com.br. 3.1.5 Água A água utilizada na confecção do concreto deve ser de preferência, potável, não devendo conter resíduos industriais, substancias orgânicas impurezas que possam vir a prejudicar as reações entre ele e os compostos do cimento. Além da função de hidratação do cimento, também serve para assegurar a trabalhabilidade do concreto, respeitando sempre o fator água/cimento (a/c). 3.1.6 Aditivos e Adições São chamados de aditivos e adições os materiais adicionados aos ingredientes normais do concreto, durante a mistura, para obter propriedades desejáveis, tais como: aumento da plasticidade, controle do tempo de pega, controle do aumento da resistência, redução do calor de hidratação, redução do consumo de cimento, etc. 3.2 INDÚSTRIA DE PRÉ-MOLDADOS 3.2.1 Conceito As lajes pré-moldadas são evoluções de lajes maciças, sendo compostas por uma parte pré-moldada de concreto armado (vigotas) que serve para formação das nervuras, um elemento de enchimento (bloco cerâmico ou poliestireno expandido EPS) e uma capa de concreto moldada no local ou usinado com a função de solidarização dos elementos, além de resistir aos esforços de compressão, provenientes da flexão (Figura 09). Capa de Concreto ‘ Enchimento Vigota Figura 10: Laje pré-moldada Fonte: google.com.br/2012 As Lajes pré-moldada já chegam prontas ou semi-prontas na obra. Sendo compostas por placas ou painéis de concreto preenchidos com materiais diversos a fim de formar um conjunto resistente, sendo um elemento estrutural amplamente usado em todas as regiões do país, devido a sua grande velocidade de execução e a dispensa de formas. Esse tipo de laje também traz redução na quantidade de escoras utilizadas, quando comparada com a laje maciça. Existem muitos tipos de lajes pré-moldada. Uma das opções de laje é a vigota treliçada, que utiliza vergalhões soldados entre si, formando uma treliça. Esse tipo de laje pode vencer vãos de até 12 metros entre apoios (Figura 10A). Já as lajes pré-moldada de vigota T são as mais comuns e de grande procura no mercado (Figura 10B). Os canteiros de obras que apresentam esse sistema de pré-fabricados vêm sendo dinamizado e oferecendo grande versatilidade, praticidade e aumento de velocidade. Figura 11: Vigota Treliçada com EPS ou Bloco Cerâmico. Fonte: Google.com.br/2012 Figura 12: Vigota T. Fonte: Google.com.br./2012 CAPÍTULO IV 4 METODOLOGIA APLICADA 4.1 ORIGEM DA AMOSTRA DE RCD A amostra de resíduo para a realização deste estudo foi coletada da demolição do Moinho de Trigo Cruzeiro do Sul, localizada na Avenida Municipalidade s/n, entre Tv. Alm. Wandenkolk e Dom Romualdo Coelho, conforme observado na figura. Figura 13: Localização do Moinho Cruzeiro do Sul. Fonte: Google Earth. Sua procedência vem da Empresa Predileto Alimentos, que iniciou suas atividades 1943, originada a partir de pequeno moinho de trigo localizado no município de Roca Sales – RS. No ano de 1953, criou-se o Moinhos Cruzeiro do Sul, em Canoas, hoje com capacidade instalada de 300 toneladas trigo por dia contando com 113 colaboradores. Em 1971, foi inaugurada a unidade de Belém (Moinho de Trigo Belém S/A, hoje Moinhos Cruzeiro do Sul S/A, filial Belém) com a capacidade de 300 toneladas dia de trigo. Onde destina sua produção principalmente às padarias, através das marcas Maxi e Rosa Branca, além de atender clientes como as redes de supermercados. 4.1.1 Amostra Os resíduos da construção civil possuem uma composição bastante diversificada, por esse fato a seleção do material foi feita através da análise visual. A amostra foi selecionada e separada em dois lotes de aproximadamente 160 kg, em períodos entre amostra de um mês, somente o entulho de concreto foi coletado do qual saiu o padrão a ser utilizada na pesquisa. O 1º lote pesou aproximadamente 50,00 kg (peso bruto) e foi obtido da parte do meio do entulho o qual apresentava uma altura aproximadamente de 6,00 metros, o 2º lote pesou aproximadamente 110,00 kg (peso bruto) e foi obtido de duas partes do entulho: do topo e a 1 metro do chão, sendo que a altura da pilha de entulho media aproximadamente 7,50 metros. Estas amostras foram armazenadas no Laboratório de Materiais de Construção da Unama, acondicionadas em embalagens plásticas, protegidas da ação de intempéries. 4.1.2 Britagem e Peneiramento Após a coleta e a pesagem da amostra de RCD, iniciou-se o processo de britagem. Esse processo foi feito manualmente com marretas de 5 kg, 3 kg e 1 kg, com auxilio de ponteiros, até apresentar uma granulometria que se assemelhasse aos agregados graúdo e miúdo naturais. Ao término do procedimento, obteve-se uma diversidade de granulometria, um material de quantidade considerável e análoga ao agregado miúdo e graúdo para pesquisa, ver figura 11, onde se procedeu à mistura dos dois lotes da amostragem. O peso obtido foi de 157,21 kg, ou seja, 1,14% de perda no processo. Figura 14: Agregado Graúdo Britado. Fonte: Mário e Victor /2012. Após a britagem e separação do material reciclado em agregado graúdo e miúdo, determinou-se a composição granulométrica dos mesmos, segundo a NM (Norma MERCOSUL) 248/01 – Agregados – Determinação da composição granulométrica. 4.1.3 Traço Foram tirados como base as peças de pré-moldado, através da Empresa Intel-Pré, onde foi fornecido o traço: 7 latas de Areia, 4 latas de Seixo, 5 latas de Pedrisco, 2 sacos de Cimento e 52 litros de Água. Traço = 7 ; 4 ; 5 ; 2 ; 52 Para o desmembramento do traço foi coletada uma amostra de 18 litros de cada material básico e levado ao Laboratório de Materiais de Construção, onde cada material de quantidade satisfatória foi submetida à 24h na estufa para retirada de qualquer acúmulo de água que possuísse. Com auxilio de uma proveta, mediu-se 1 litro de areia e pesou-se para obtermos sua massa unitária. Repetiu-se o procedimento para o seixo e o pedrisco. 4.1.4 Produção dos Concretos A mistura dos materiais para a produção do concreto seguiu a ordem comumente empregada: após imprimação da betoneira, com cimento e areia, foi colocado o seixo juntamente com o pedrisco (natural ou reciclada), metade da água, o cimento, o restante da água e finalmente, o seixo juntamente com o pedrisco (natural ou reciclada). Não foi utilizado aditivo plastificante. Foram moldados 15 corpos-de-prova para cada traço produzido. Todos os corpos-de-prova moldados foram cilíndricos, de dimensões 15 cm de diâmetro x 30 cm de altura. A cura dos mesmos realizou-se em ambiente do laboratório, nas primeiras 24 horas e, depois de desmoldados, foram colocados em câmara úmida, com umidade relativa superior a 95% e temperatura de 23 ± 1°C, até a idade dos ensaios. 4.1.5 Ensaios 4.1.5.1 Resistência à Compressão Axial Normalizada pela NBR 5739 (ABNT, 1994), estes ensaios têm em vista conhecer a resistência à compressão dos concretos. São moldados corpos de prova cilíndricos de 15 cm de diâmetro x 30 cm de altura e colocados em câmara úmida até a data de ruptura. Para cada traço, seis corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de resistência à compressão axial, aos 7, 14 e 28 dias, dois para cada idade de ruptura, de acordo com os padrões estabelecidos pela NBR 5739. Antes do ensaio, os corpos-de-prova eram capeados com enxofre, para regularizar as superfícies de aplicação de carga. 4.1.5.2 Resistência à Tração por Compressão Diametral Normalizado pela NBR 7222/94, este ensaio determina a resistência à tração do concreto. São moldados corpos de prova cilíndricos de 15 cm de diâmetro x 30 cm de altura e colocados em câmara úmida até a data de ruptura. Os corpos de prova foram mantidos em câmara úmida até a data de ruptura, sendo rompidos aos 7, 14 e 28 dias, dois para cada idade de ruptura. 4.1.6 Caracterização do Material 4.1.6.1 Ensaio de Abrasão “Los Angeles” ABNT - NBR NM 51/2001 Esta Norma MERCOSUL estabelece o método de ensaio de abrasão de agregados graúdos usando a máquina de “Los Angeles”. 4.1.6.2 Preparação da Amostra Foram peneirados 7566,73 g. Ficando retido nas seguintes peneiras o peso em gramas de: Peneira 19,10 mm – 3268,38 g (ver figura 12); Peneira 12,70 mm – 3178,37 g (ver figura 13); Peneira 9,52 mm – 521,15 g; Peneira 6,35 mm – 350,47 g; Peneira 4,76 mm – 248,32 g. Figura 15: Peso do Material Retido na Peneira 19,10 mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 16: Peso do Material Retido na Peneira 12,70 mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Os materiais retidos nas peneiras 19,10 mm e 12,70 mm foram lavados e postos para secar separadamente em estufa a 107,5º C (± 2,5º C), ver figuras 14, 15, 16, 17 e 18. Figura 17: Lavagem do Material Retido na Peneira 19,10 mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 18: Lavagem do Material Retido na Peneira 12,70 mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 19: Secagem dos Materiais. Fonte: Mário e Victor /2012. Após a secagem dos materiais, foram pesados obtendo-se em duas pesagens sucessivas, massa constante (± 0,5g), sendo aferida a balança, conforme ilustram as figuras 17, 18 e 19. Figura 20: Aferimento da Balança. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 21: Peneira 12,70 mm – Pesagem = 2500,01 g. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 22: Peneira 19,10 mm – Pesagem = 2500,30 g. Fonte: Mário e Victor /2012. Através da tabela 2 foi definido qual o tipo de material que mais se aproxima do agregado em estudo, de forma a completar a massa total da amostra, nas proporções estabelecidas na tabela 3 e misturá-las entre si. Tabela 02 – Determinação da granulometria do material para ensaio. Fonte: NBR NM 51 - Maio/2001 O material definido conforme tabela 02: B Tabela 03 – Determinação da quantidade de esferas para ensaio. Graduação Número de Esferas Massa da Carga (g) A 12 5 000 ± 25 B 11 4 584 ± 25 C 8 3 330 ± 25 D 6 2 500 ± 25 E 12 5 000 ± 25 F 12 5 000 ± 25 G 12 5 000 ± 25 Fonte: NBR NM 51 - Maio/2001 4.1.6.3 Procedimento A amostra obtida foi colocada juntamente com a carga abrasiva¹ dentro do tambor², sendo o número de esfera definido conforme tabela 03. O tambor girou a uma velocidade compreendida entre 30 rpm e 33 rpm, completando aproximadamente 500 rotações, ver figura 20. 1 Consiste em esferas de fundição, de ferro ou aço, com aproximadamente 48 mm de diâmetro e massa compreendida entre 390 g e 445 g. A quantidade de carga abrasiva depende do tipo de material a ser ensaiado, conforme definido na tabela 03. 2 Cilíndrico, oco, de aço, com aproximadamente 500 mm de comprimento e 700 mm de diâmetro, tento seu eixo horizontal fixado a um dispositivo externo, ao redor dele próprio. Figura 23: Inicio do Processo Abrasivo. Fonte: Mário e Victor /2012. O material foi retirado do tambor e peneirado na peneira com abertura de malha de 1,7 mm, lavado e secado em estufa a 107,5º C (± 2,5º C) obteve-se o peso de 3340,15 g (ver figuras 21, 22 e 23). Figura 24: Termino da Rotação e Retirada do Material. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 25: Peneiramento do Material. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 26: Peneiramento do Material. Fonte: Mário e Victor /2012. CAPÍTULO V 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO 5.1 DIMENSÕES DO RESÍDUO OBTIDO Para o processo de peneiramento da amostra britada, foram utilizados dois tipos de agitadores mecânicos, primeiramente o agitador para agregado graúdo, (figura 11) e posteriormente o agitador para agregado miúdo, (figura 12). Figura 27: Agitador Mecânico – Graúdo. Figura 28: Agitador Mecânico – Miúdo. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. 5.1.1 Agregado Graúdo Para determinação do agregado graúdo foram peneirados 85,79 kg de material RCD, conforme a NBR 7211/2009. As peneirais utilizadas foram: 19,10 mm; 12,70 mm; 9,52 mm; 6,35 mm e 4,76 mm. O material peneirado mecanicamente foi separado em faixas granulométricas, conforme ilustram as figuras abaixo. Figura 29: Peneira 19,10mm. Figura 30: Peneira 12,70mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 31: Peneira 9,52mm. Figura 32: Peneira 6,35mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 33: Peneira 4,76mm. Figura 34: Fundo. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. Dados obtidos conforme tabela 04 abaixo: Tabela 04: Porcentagem do Material Retido por Peneira. Peneira (mm) Kg % * 19,10 15,05 - 12,7 14,05 31,96 9,52 14,25 32,15 6,35 9,45 21,32 4,76 6,58 14,84 44,33 100,00 Total * Não será utilizado no traço e nos cálculos o material retido na peneira 19,10 mm. Peso do material retido nas peneiras (12,7; 9,52; 6,35 e 4,76) = 44,33 kg. O gráfico 1 demonstra a quantidade em peso (kg) retido e o gráfico 2 demonstra a porcentagem (%) do material retido. Nas peneiras 12,7 mm, 9,52 mm, 6,35 mm e 4,76 mm. Gráfico 01: Peso do Material Graúdo Retido por Peneira Peneiras em mm Fonte: Autor João Victor/2012 Gráfico 02: Porcentagem do Material Retido por Peneira. Peneiras em mm Fonte: Autor Mário Roberto/2012 5.1.2 Agregado Miúdo Para a determinação do agregado miúdo foram peneirados 41,46 kg de material RCD (material que ficou retido no fundo, após o peneiramento do agregado graúdo), conforme a NBR 7211/2009. As peneirais utilizadas foram: 2,38 mm; 1,19 mm; 0,59 mm; 0,297 mm e 0,149 mm. O material peneirado mecanicamente foi separado em faixas granulométricas, conforme ilustram as figuras abaixo. Figura 35: Peneira 2,38mm. Figura 36: Peneira 1,19mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 37: Peneira 2,38mm. Figura 38: Peneira 1,19mm. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 39: Peneira 0.149mm. Figura 40: Fundo. Fonte: Mário e Victor /2012. Fonte: Mário e Victor /2012. Dados obtidos conforme tabela 05 abaixo: Tabela 05: Porcentagem do Material Retido por Peneira. Peneira (mm) Kg % 2,38 9,11 32,16 1,19 5,33 18,81 0,59 4,90 17,30 0,297 4,72 45,07 0,149 4,27 15,07 28,33 100,00 Total Peso do material retido nas peneiras = 28,33 kg. O gráfico 3 demonstra a quantidade em peso (kg) retido e o gráfico 4 demonstra a porcentagem (%) do material retido. Nas peneiras 2,38 mm, 1,19 mm, 0,59 mm; 0,297 e 0,149 mm. Gráfico 03: Peso do Material Miúdo Retido por Peneira. Fonte: João Victor/2012. Gráfico 04: Porcentagem do Material Retido por Peneira. Peneiras em mm Fonte: Mário Roberto/2012. 5.1.3 Traço Obtido Os resultados das pesagens do item 4.1.3; para cada litro de material foram os seguintes: Areia – Seixo – Pedrisco – 1,50kg; 1,77kg; 1,6kg; Com essas pesagens, pode-se desmembrar o traço fornecido pela Empresa Intel-Pré e obter o traço unitário, ou seja, a quantidade em kg de todos os materiais (areia, seixo e pedrisco) correspondente para 1 kg de cimento como mostra as equações abaixo: Para a areia: o traço da Intel-Pré é utilizado 7 latas, onde cada lata tem 18 litros, ao todo temos 126 litros; Onde temos; 126 são o total de areia usado no traço da Intel-Pré; 100 é o peso equivalente a dois sacos de cimento; 1,5 é a massa unitária encontrada da areia; 1,89 é o peso de areia em kg para o traço unitário. Para o seixo: o traço da Intel-Pré é utilizado 4 latas, onde cada lata tem 18 litros, ao todo temos 72 litros; Onde temos; 72 são o total de areia usado no traço da Intel-Pré; 100 é o peso equivalente a dois sacos de cimento; 1,77 é a massa unitária encontrada do seixo; 1,275 é o peso do seixo em kg para o traço unitário. Para o pedrisco: o traço da Intel-Pré é utilizado 5 latas, onde cada lata tem 18 litros, ao todo temos 90 litros; Onde temos; 90 são o total de areia usado no traço da Intel-Pré; 100 é o peso equivalente a dois sacos de cimento; 1,60 é a massa unitária encontrada do seixo; 1,44 é o peso do pedrisco em kg para o traço unitário. Com os resultados dos cálculos encontrou-se o traço unitário abaixo: 1,89 ; 1,275 ; 1,44 ; 1 ; 0,52 Areia: 1,89 kg Pedra: 1,275 kg Pedrisco: 1,44 kg Cimento: 1 kg Água: 0,52 litros 5.1.4 Resistência à Compressão Axial Os corpos-de-prova foram submetidos ao ensaio de rompimento por compressão axial, onde gráfico 05 apresenta o comportamento de concretos com agregados naturais e reciclados quanto à resistência, em função das idades de ruptura. Como havia dois corpos de prova para cada idade, foi tirada uma média entre os dois resultados apresentados. Gráfico 05: Compressão Axial – Concreto Convencional x Concreto RCD. Fonte: Autor João Victor/2012. A tabela 06 mostra a porcentagem de perda da resistência do concreto RCD comparado com o concreto convencional, por idade de rompimento dos corpos de prova. Tabela 06: Análise da perda da resistência em porcentagem. Perda da Concreto Concreto RCD Convencional (MPa) (MPa) 7 28,82 15,00 47,95 % 14 32,83 27,23 17,06 % 28 35,51 29,17 17,85 % Média 32,39 23,80 27,62 % Idade (dias) Resistência em % do RCD Fonte: Autor João Victor/2012. Observa-se que aos 7 dias a perda de resistência em porcentagem é de 47,95%, enquanto que aos 14 e 28 dias se aproximam em torno de 17,45%. Houve uma perda de aproximadamente 27,62% de resistência nos corpos de prova reciclados, em relação a resistências dos naturais. Segundo Lima (1999), concretos como reciclado apresentam, em geral, resistência à compressão menor ou igual à dos concretos convencionais para consumos de cimento médios ou altos. Para baixos consumos, podem apresentar resistência maior que os convencionais. A diferença entre a resistência à compressão de concretos com reciclado e convencionais varia com o tipo de reciclado, sua qualidade e com o consumo de cimento. Segundo Cabral (2007), vários trabalhos (RAVINDRARAJAH e TAM, 1985, 1987a; HANSEN, 1992; BAIRAGI et al., 1993; AJDUKIEWICZ e KLISZCZEWICZ, 2002; GÓMEZSOBERÓN, 2002, 2003; KATZ, 2003; ZAHARIEVA et al., 2003; TOPÇU e SENGEL, 2004; XIAO et al., 2005; RAKSHVIR e BARAI, 2006; TU et al., 2006; RAHAL, 2007; XIAO e FALKNER, 2007) apontam que a resistência à compressão de concretos produzidos com agregados reciclados geralmente é menor que a de concretos produzidos com agregados naturais, para um mesmo consumo de cimento. Segundo dados dos referidos autores, essas reduções podem atingir até a ordem de 45% da resistência dos concretos de referência. Ainda segundo Cabral (2007), essa discordância é causada em função das várias variáveis intervenientes, tais como o tipo de britadores utilizados na produção dos agregados reciclados, os quais influenciam na forma dos agregados reciclados e consequentemente no teor de vazios do concreto produzido, o tipo de cimento utilizado, a composição do resíduo utilizado, a metodologia de substituição utilizada, dentre outros fatores. 5.1.5 Resistência à Tração por Compressão Diametral Para a resistência à tração, parece que a substituição dos agregados naturais pelos reciclados também provoca uma redução na mesma, embora esta pareça ser menos intensa que as reduções provocadas na resistência à compressão. Gráfico 06: Compressão Diametral – Concreto Convencional x Concreto RCD. Fonte: Autor João Victor/2012. A tabela 07 mostra à porcentagem de perda da resistência a compressão diametral do concreto RCD comparado com o concreto convencional, por idade de rompimento dos corpos de prova. Tabela 07: Análise da perda da resistência em porcentagem. Perda da Concreto Concreto RCD Convencional (Kgf) (Kgf) 7 8984 7423 17,38 % 14 10020 7689 23,26 % 28 10220 9497 7,07 % Média 9741 8203 15,90 % Idade (dias) Resistência em % do RCD Observa-se que aos 28 dias a perda de resistência em porcentagem é de 7,07%, bem menor comparado com os dias iniciais de 7 e 14, em compensação a resistência de rompimento continua aumentando. Houve uma perda de aproximadamente 15,90% de resistência nos corpos de prova reciclados, em relação a resistências dos naturais. Segundo Cabral (2007), coerente com isso, vários autores (RAVINDRARAJAH et al., 2000; DHIR ET al., 2004b; AJDUKIEWICZ e KLISZCCZEWICZ, 2002; GÓMEZ-SOBERÓN, 2002, 2003; TOPÇU e SENGEL, 2004; SAGOE-CRENTSIL et al., 2001) obtiveram reduções na resistência à tração em valores que variam de 6% a 15%, para concretos confeccionados com agregados reciclados de concreto. Ainda segundo Cabral (2007), diante do exposto, parece que a redução provocada pelos agregados reciclados na resistência à tração não é tão forte quanto a redução na resistência à compressão. Isso pode ser explicado porque a resistência à tração leva em consideração mecanismos de aderência física entre as partículas, e como o uso dos agregados reciclados parece promover uma boa aderência entre a pasta e o agregado, em função da sua forma mais irregular e rugosa, a zona de transição do concreto com agregados reciclados é muito boa (LEITE, 2001). Assim, devido a esse bom desempenho da zona de transição dos concretos com agregados reciclados, a resistência à tração desses concretos não é tão afetada quanto à resistência à compressão. Figura 41: Ensaio de Rompimento Diametral – RCD. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 42: Ensaio de Rompimento Diametral – Convencional. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 43: Ensaio de Rompimento Axial – RCD. Fonte: Mário e Victor /2012. Figura 44: Ensaio de Rompimento Axial – Convencional. Fonte: Mário e Victor /2012. 5.1.6 Ensaio de Abrasão “Los Angeles” ABNT - NBR NM 51/2001 5.1.6.1 Cálculo da Porcentagem Para calcular a porcentagem de perda por abrasão utilizou a seguinte fórmula: Onde, P m é a perda por abrasão, em %; é a massa da amostra seca, determinada após a definição do material, em gramas (g); m1 é a massa da amostra seca, determinada após a passagem da peneira 1,7 mm, em gramas (g). O agregado graúdo reciclado teve uma perda de massa por abrasão, cerca de 33,20%, este fato pode ser atribuído à grande quantidade de partículas de cimento não hidratados aderidas à superfície do agregado e que no processo de abrasão e atrito acabam desprendendo-se do agregado gerando, como consequência, uma grande quantidade de finos. 6 CONCLUSÃO A utilização do entulho como agregado para a Construção Civil tem avançado fortemente com a maior abordagem dos problemas ambientais atuais e decorrentes no futuro. De modo que, o emprego em novos concretos e argamassas, segundo LEITE (2001), são considerados por muitos pesquisadores a forma mais eficaz de tentar fechar o ciclo de vida dos materiais de construção. Segundo a Lei de Lyse, os concretos reciclados necessitam de um aumento de 32% no volume de água em relação à amostra do concreto convencional. Nota-se nesta pesquisa que o concreto reciclado apresentou-se muito seco e de péssima trabalhabilidade, pois foi utilizado o mesmo fator a/c, fornecido por uma empresa de pré-moldados da região Metropolitana de Belém. Porém, o concreto reciclado segue a tendência de comportamento da Lei de Abrams, ou seja, quanto maior a relação a/c, menor é a resistência. Por esse motivo o concreto de RCD desta pesquisa apresentou uma perda na resistência à compressão de apenas 27,62%, onde segundo trabalhos de diversos autores essas reduções podem atingir até a ordem de 45% da resistência dos concretos de referência. O trabalho mostrou-se ter um bom resultado, por ter uma redução no fck comparado com o concreto convencional, o que já era esperado, não muito significante. Podendo ser usados em peças pré-moldadas que não exigem esforço estrutural considerável. A utilização de aditivos ou adições seria eficaz para a redução do fator água cimento e a diminuição da porosidade, consequentemente melhorando sua trabalhabilidade e aumentando sua resistência. A desvantagem na realização desta pesquisa é justamente na etapa da britagem, onde foi realizado de forma manual o que comprometi o rendimento devido à demora do processo. A solução deste problema seria a utilização de máquinas de britagem como, por exemplo, Britador de Mandíbulas e Moinho de Rolos. 7 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUER, FALCÃO L. A. Materiais de Construção Volume 1, 5ª Edição Revisada, Editora LTC/1994. NBR NM 51: Agregado Graúdo – Ensaio de Abrasão “Los Angeles”, Maio/2001 ABNT NBR - 7211: Agregados para concreto – Especificação, Terceira edição 29.04.2009, Validada a partir de 29.05.2009. NBR 15115: Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos. Rio de Janeiro/2004. NEVILLE, Adam M. Propriedades do Concreto. São Paulo: PINI.1997.823p. CABRAL, Antônio Eduardo B. Modelagem de propriedades mecânicas e de durabilidade de concretos produzidos com agregados reciclados, considerando-se a variabilidade da composição do RCD . São Carlos, 2007. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos. MATOS, Eduardo Lima da S.; Reaproveitamento de resíduos da Construção Civil. Belém, 2009. Graduação (TCC) – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia. AMBIENTE-CONAMA. Resolução n° 348, de 16 de agosto de 2004. Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. Brasília - DF. MALHEIROS, Edwin H. P. Concreto com agregados especiais. Belém, 2012. Graduação (TCC) – Instituto de Tecnologia da UFPA. ÂNGULO, Sérgio C. Produção de concretos de agregados reciclados. Londrina, 1998. Graduação (TCC) – Universidade Estadual de Londrina. LOVATO, Patrícia S. Verificação dos parâmetros de controle de agregados reciclados de resíduos de construção e demolição para utilização em concreto. Porto Alegre, 2007. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul. LEITE, Mônica B. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. Porto Alegre, 2001. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. BUTTLER, Alexandre M. Concreto com agregados graúdos reciclados de concreto – Influência da idade de reciclagem nas propriedades dos agregados e concretos reciclados. São Carlos, 2003. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo. ARAGÃO, Hélio G. Análise estrutural de lajes pré-moldadas produzidas com concreto reciclado de construção e demolição. Maceió, 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Alagoas.