SÉRiE Rumo ao ITA – Nº 01 ENSiNO PRÉ-UNIVERSITÁRIO PROFESSOR(a) ANTONINO FONTENELLE SEDE ALuNO(a) Nº TuRma TuRNO TC DaTa ____/____/____ QUÍMICA 1ª Lei da Termodinâmica Termodinâmica – 1ª Lei Em forma infinitesimal, é escrita como: dU = dq – d. Em variações finitas, tem-se: Sistemas e vizinhanças Chama-se sistema o objeto de estudo que se submete à observação. Um gás em expansão constitui o sistema em estudo; em uma mistura de duas soluções aquosas de um ácido com uma base, o sistema consiste nas partículas (íons) que, ao serem misturadas, entram em reação. A água que dá volume à solução não faz mais parte do sistema. Chama-se vizinhança ou ambiente à região do estudo em que se realizam as medidas necessárias para classificar o sistema. No exemplo anterior, a água que dá volume à solução é a vizinhança. Se um processo libera calor (exotérmico), a vizinhança aquece; se absorve calor (endotérmico), a vizinhança sofre um resfriamento. Os sistemas podem ser classificados em: • Abertos: quando trocam energia e matéria com a vizinhança. Uma garrafa de refrigerante aberta é um exemplo de sistema aberto. • Fechados: trocam energia, mas não matéria com a vizinhança. Uma garrafa de refrigerante fechada constitui um sistema fechado. • Isolados: não trocam energia nem matéria com a vizinhança. Um exemplo de sistemas isolados é o de uma garrafa térmica fechada. Trabalho, calor e energia Segundo Peter Atkins e Loretta Jones, trabalho pode ser definido como o movimento contra uma força. Essa definição se faz muito útil em nosso estudo inicial envolvendo gases, pois se a expansão gasosa não sofrer pressão de oposição, o trabalho realizado será nulo. Calor é a energia transferida mediante uma variação de temperatura. Calor, como forma de energia, não é gerado. A energia é convertida de uma forma em outra. Numa reação química exotérmica há a transformação de energia potencial armazenada em ligações químicas em energia calorífica, que é liberada para as vizinhanças. É uma propriedade de fronteira e, portanto, sua transferência ocorre entre o que se define como sistema e sua vizinhança. A convenção de sinais para as transferências de calor e de trabalho aceitas em textos de física, mas não em textos de físico- -química de autores americanos, é: q<0 q>0 SISTEMA VIZINHANÇA > 0 < 0 OSG.: 56743/11 ∆V = q – onde ∆V (ou ∆E) é a variação da energia interna, q é o calor trocado entre sistema e vizinhança e é o trabalho realizado pelo (ou sobre) o sistema. Na expressão infinitesimal, os termos dq e d se referem a quantidades de calor transferido e trabalho realizado (ou sofrido) infinitamente pequenas, mas, como não são funções de estado, não se usa o termo ∆q ou ∆ para eventuais variações. Como U é função de V e T, pode-se escrever: ∆U = U (V, T) Desenvolvendo matematicamente em termos de diferenciais parciais, temos: ∂U ∂U dU = ⋅ dV + ∂T ⋅ dT ∂V T V fica: Como o termo ∂U = 0 para gases ideais, a expressão ∂V T ∂U dU = ⋅ dT ∂T V ∂U Em variações finitas, sabendo que = Cv , e considerando ∂T V Cv constante com a temperatura, a expressão se torna: ∆V = Cv · ∆T onde Cv é a capacidade calorífica molar. Observações: 1. Para reações químicas (e mudanças de fase) a variação da energia interna (∆U) depende também das ligações químicas (inter ou intramoleculares) quebradas e/ou formadas, além da temperatura. Por isso, quando desejamos calcular o valor de ∆U para uma reação química, é de praxe que se mantenha a temperatura constante. 2. Na equação ∆U = Cv · ∆T, a capacidade calorífica (a volume constante) para um gás ideal é proposta por: 3 • gás ideal monoatômico: Cv ,m = . R 2 5. R • gás ideal diatômico: Cv ,m = 2 7 • gás ideal não linear: Cv,m = 3R (alguns outros utilizam R ). 2 3. Função de estado é aquela que depende apenas do estado atual do sistema, e não da forma como esse estado foi alcançado. Assim, a variação de uma função de estado só depende dos estados final e inicial. Ex.: U, H, S, G, T, V. Note que q e não são funções de estado. 4. Propriedade extensiva é aquela que depende da quantidade de matéria envolvida em determinado processo. Propriedade intensiva é aquela que apresenta o mesmo valor, independente da quantidade de matéria envolvida. Ex.: densidade → intensiva; massa, volume → extensivas; calor liberado numa combustão → extensiva(*) (*) Pode ser transformada em intensiva quando expressa em função de uma quantidade, como “por mol de metano”, que o torna uma grandeza constante. TC – QuímiCa Vejamos agora como calor e trabalho podem ser calculados para alguns casos específicos envolvendo transformações gasosas: P = Pop . ∆V Pop = P2 Trabalho Vejamos o caso de uma expansão isotérmica em apenas 1 estágio: P1 M vácuo M T, P1,V1 T, P2,V2 Pop < P1 • Pop < P2 V Em 2 estágios (com Pop = P2): P P2 P P1 . ⋅ . A = F d = mg h A = Pop P2 Pop V1 • V1 V2 P’op V . P1 V2 V V2 • Para 2 estágios (com Pop = P2) teremos: V V1 Em múltiplos estágios (processo reversível): P P (*) Pop não necessariamente é igual a P2. P1 V’ Pop = P2 P’op P1 Pop = P2 (*) V1 • V’ V2 V V2 Observação: Múltiplos (infinitos) estágios (processo reversível): P Processo reversível é um processo teórico que ocorre em infinitos estados de equilíbrio, no qual cada variação tende a zero (variação infinitesimal). = Pop · ∆V d = Pgás · dV P1 ∫ 2 1 d= ∫ 2 1 n RT dV V V2 V1 P2 V1 V V1 = nRT ⋅ In Calor Trabalho de expansão para isotérmica reversível Calor trocado a volume constante (U) Se um processo ocorre em condição de volume constante, o trabalho realizado é nulo e portanto pode-se escrever que: V V2 Vejamos agora o caso de uma compressão isotérmica em apenas 1 estágio (com Pop = P2): dU = dqv ou simplesmente: M M T, P1, V1 ∆U = qv T, P1, V2 Pop > P1 Assim, a variação de energia interna de um sistema consiste no calor trocado em condição de volume constante. Pop > P2 2 OSG.: 56743/11 TC – QuímiCa Calor trocado a pressão constante – Entalpia (H) Transformações que não trocam calor com a vizinhança (q = 0): processos adiabáticos Seja o processo de expansão que ocorre até que P2 = Pop = P (processo em pressão constante): Pop = P Como ∆V = q – e com q = 0, tem-se ∆V = – . Assim, duas condições são possíveis: • Utilizando variações infinitesimais, temos: CvdT = –Pop dV. Se Cv é independente da temperatura e a transformação for adiabática e reversível (Pop = P): M M Cv dT = −P ⋅ dV T2, V2, P T1, V1,P Cv dT = 2 2 dV −RT ⋅ dV Cv ∫ dT = −R∫ 1 1 V V V T T V Cv n 2 = −Rn 2 ⇒ Cv n 2 = Rn 1 V1 T1 T1 V2 Pela 1ª lei: ∆u = q – ⇒ ∆U = q – Pop · ∆V ⇒ ∆U = q – P · ∆V ⇒ U2 – U1 = q – P(V2 – V1) ∴ q = (U2 + P · V2) – (U1 + P · V1) Veja que : Nesse momento se introduz a: ⇒ função termodinâmica H, do tipo H = U + PV. Daí: T V T V Daí: n 2 = ( γ − 1) n 1 ⇒ 2 = 1 T1 V2 T1 V2 qp = H2 – H1 = ∆H Observação: Use : T = Define-se ∆H como o calor trocado em condição de pressão constante. Para processos que envolvem rompimento de ligações (inter ou intramolecular), usamos também T constante. P2V2 PV em (1) . Logo : R P1V1 R R γ −1 (1) 1− γ V1 γ −1 P2 V2 V2 = ⇒ ⋅ = P1 V1 V1 V2 γ P2 V1 = ou ainda PVγ = constante. P1 V2 Com o desenvolvimento matemático e sabendo que H = H(P, T), temos: ∂H ∂H dH = . dT + . dP . T P P T R Cp − Cv Cp = = −1= γ −1 Cv Cv Cv • Se o processo é irreversível, temos: P a r a p ro c e s s o s a p re s s ã o ∆U = – ⇒ Cv · ∆T = – Pop · ∆V ⇒ constante, dP = 0. Logo: Cv (T2 – T1) = – Pop (V2 – V1) ∂H dH = . dT ∂T P dH = CP . dT ⇒ 2 2 ∫1 dH = ∫1 CP . dT nRT , Substituindo-se Cv pela expressão do gás ideal e V = P pode-se encontrar T2 e depois ∆U, ∆H e . CP Sendo CP independente de T, temos: ∆H = CP · ∆T O gráfico de um processo adiabático é dado abaixo: Observação: Relação entre CP e CV Como H = U + PV, em condição de pressão constante, podemos escrever: ∆H = ∆U + P∆V Para um mol de gás ideal (1 mol): ∆H = ∆U + R · ∆T (dividindo por ∆T). ∆H ∆U = +R ∆T ∆T CP Cp,m = Cv ,m + P ⇒ Cp,m − Cv ,m = R CT 3 OSG.: 56743/11 TC – QuímiCa Veja que o gráfico é muito semelhante ao de uma isotérmica. A diferença pode ser vista no processo cíclico de Carnot: Veja que : R Cp − Cv Cp = = −1= γ −1 Cv Cv Cv γ T V T V Daí: n 2 = ( γ − 1) n 1 ⇒ 2 = 1 T1 V2 T1 V2 P2V2 PV Use : T = em (1) . Logo : R R P1V1 R P2 V1 = P1 V2 γ −1 (1) 1− γ V1 γ −1 P2 V2 V2 = ⇒ ⋅ = P1 V1 V1 V2 γ ou ainda PVγ = constante. Exercícios Observação(2): Observe: ∆U = q – = q – Pop· ∆V. Para volume constante, ∆V = 0. Daí ∆U = qv 01. Uma amostra de 1,00 mol de ar se expande isotermicamente , a 0º C, de 22,4 L até 44,8 L (a) reversivelmente, (b) contra pressão externa constante igual à pressão final do gás e (c) livremente contra pressão externa nula. Em cada processo, calcular q, w, ∆U e ∆H. Observação(3): Veja que: H(T, P) = H δH δH dH = · dT + ·dP, Para processos a pressão cte, δ T P δP T 02. Uma amostra de 1,00 mol de gás perfeito monoatômico, com Cv,m = 3R/2, inicialmente a p1 = 1,00atm e T1 = 300 K, é aquecida reversivelmente, até 400 K, a volume constante. Calcular a pressão final, ∆U, q e w. dP = 0. Logo: δH dH = · dT δT P dH = Cp · dT ⇒ ∫ 1 dH = ∫ 1 Cp· dT 2 2 03. Uma amostra de 4,50 g de metano gasoso ocupa o volume de 12,7 L a 340 K. (a) Calcular o trabalho feito quando o gás se expande isotermicamente contra uma pressão externa constante de 200 torr até o seu volume aumentar de 3,3 L. (b) Calcular o trabalho realizado se a mesma expansão fosse feita reversivelmente. Cp Sendo CP independente de T, temos: ∆H = CP · ∆T Relação entre Cp e CV 04. Numa compressão isotérmica reversível de 52 m mol de um gás perfeito a 260 K, o volume do gás se reduz a um terço do volume inicial. Calcular w no processo. Como H = U + PV, em pressão cte, podemos escrever: ∆H = ∆U + P∆V Para um gás ideal (1 mol): ∆H = ∆U + R · ∆T(∆T) ∆H ∆U = +R ∆T ∆T Cp 05. O valor Cp,m para uma amostra de gás perfeito varia com a temperatura de acordo com a expressão Cp, m /(J K–1 mol–1) = 20,17 + 0,3665 (T/K). Calcular q, w, ∆U e ∆H quando a temperatura de 1,00 mol do gás passa de 25 ºC a 200 ºC (a) a pressão constante e (b) a volume constante. Cp,m = Cv,m + R ⇒ Cp,m – Cv,m = R Cv 06. Calcular a temperatura final de uma amostra de argônio, com 12,0 g, que se expande reversível e adiabaticamente de 1,0 L a 273,15 K até 3,0 L. Transformações adiabáticos. (não trocam calor com a vizinhança) 07. Uma amostra de dióxido de carbono, com 2,45 g, a 27,0 ºC, se expande reversível e adiabaticamente de 500 mL até 3,00 L. Qual o trabalho feito pelo gás? q = 0 para ∆U = q – ⇒ ∆U = – . Cv ∆T = –Pop ∆V Utilizando variações infinitesimais, temos: CvdT = –Pop dV. Se Cv é independente da temperatura e a transformação for adiabática e reversível (Pop = P): Cv dT = −P ⋅ dV Cv dT = 2 2 dV −RT ⋅ dV Cv ∫ dT = −R∫ 1 1 V V V T T V Cv n 2 = −Rn 2 ⇒ Cv n 2 = Rn 1 V1 T1 T1 V2 AN – 16/02/12 – REV.: TM 4 OSG.: 56743/11 TC – Química 5 OSG.: 56743/11