27/Fev/2015 – Aula 3 Calor e Primeira Lei da Termodinâmica Calor e energia térmica Capacidade calorífica e calor específico Calor latente Diagrama de fases para a água Primeira Lei da Termodinâmica Trabalho e diagramas PV para um gás Processos reversíveis 4/Mar/2015– Aula 4 Processos termodinâmicos Capacidades caloríficas dos gases Energia interna de um gás ideal Capacidades caloríficas dos sólidos Transformações termodinâmicas e gases ideais Tipos de transformações termodinâmicas 1 Aula anterior Capacidade calorífica e calor específico Capacidade calorífica A troca de energia térmica com um sistema, que se mantém no mesmo estado, implica alterações na sua temperatura. A capacidade calorífica (C) de uma substância é definida através de C= Q ΔT Q = C ΔT sendo Q o calor trocado com a substância e T a diferença entre as temperaturas final e inicial. Calor específico O calor específico (c) de uma substância é a sua capacidade calorífica por unidade de massa c= Q m ΔT Q =m c ΔT sendo Q o calor trocado com a substância, T a diferença entre as temperaturas final e inicial e m a massa da amostra. 2 Aula anterior Calor latente Calor latente A transferência de calor para um sistema pode não resultar numa variação da sua temperatura mas sim em mudanças de fase no sistema. O calor latente (L) de uma substância é definido através de L= Q m Q=mL sendo Q o calor trocado com a substância e m a massa da amostra. Os calores latentes podem ser de fusão ou de vaporização, consoante a substância passe de sólido para líquido (e vice-versa), ou de líquido para vapor (e vice-versa). 3 Aula anterior Diagrama de fases para a água Qv = m Lvaporização T (ºC) Q3 Q2 vapor Qf =m Lfusão água + vapor água Q1 gelo gelo + água Q1 =m c gelo T1 Q2 =m cágua T2 Q3 =m c vapor T3 Calor adicionado (J) 4 Aula anterior Primeira Lei da Termodinâmica A energia total de qualquer sistema fechado é uma grandeza conservativa. Um sistema fechado troca energia com o exterior através de: • realização de trabalho (W) • fluxo de calor (Q) Q=dU+W Q adicionado ao sistema Q positivo W realizado pelo sistema U W positivo U Q W 5 Aula anterior Trabalho e diagramas PV para um gás Trabalho realizado pelo gás ao expandir-se e mover o êmbolo: dW = F dy = PA dy = P dV (A = secção do êmbolo) Trabalho = área abaixo da curva P-V Trabalho realizado pelo gás quando o seu volume varia de Vi para Vf : W V P dV f Vi 6 Aula anterior O trabalho realizado depende do caminho percorrido (transformação): Num processo cíclico, o trabalho é dado pela área no interior da curva que representa o ciclo em coordenadas (P,V): 7 Calor específico a volume e a pressão constantes Capacidade calorífica Taxa de absorção de calor necessária para aumentar a temperatura. C dQ dT [C] = J K-1 Isotérmicas Como o calor absorvido depende do processo, é necessário especificar as restrições: Volume constante Cv = dQv/dT Pressão constante Cp = dQp/dT Calor específico mássico: cv = Cv /m cp = Cp /m Calor específico molar: cV' CV n c'P CP n O calor específico depende da substância c' M C 8 Capacidades caloríficas dos gases CV para um gás ideal monoatómico Calor transferido para um sistema mantendo o volume constante (trabalho nulo): A energia interna é dada pela energia total de translação das moléculas: dU int Q = n cV dT = dUint U int Utrans 3 n RT 2 3 n R dT 2 CV dU int 3 n R 12,47 n J .mol 1.K 1 dT 2 9 CP para um gás ideal monoatómico Calor transferido para um sistema mantendo a pressão constante: dU int 3 n R dT 2 CP Q = n cP dT = dUint + W W P dV n R dT 5 n R 20,79 n J .mol 1.K 1 2 CP CV n R 8,315 n J .mol 1.K 1 = CP / CV = 1,667 10 Calores específicos molares para alguns gases (a 20o C e 1 atm) Gás cV cP cP –cV cP /cV ( J·mol-1·K-1) monoatómicos He Ar Ne Kr 12.5 12.5 12.7 12.3 20.8 20.8 20.8 20.8 8.33 8.33 8.12 8.49 1.67 1.67 1.64 1.69 diatómicos H2 N2 O2 CO Cl2 20.4 20.8 21.1 21.0 25.7 28.8 29.1 29.4 29.3 34.7 8.33 8.33 8.33 8.33 8.96 1.41 1.40 1.40 1.40 1.35 poliatómicos CO2 SO2 H2O 28.5 32.4 27.0 37.0 40.4 35.4 8.50 9.00 8.37 1.30 1.29 1.30 11 Energia interna de um gás ideal monoatómico Movimento translacional: cada grau de liberdade corresponde ao movimento segundo um eixo e cada eixo contribui com uma energia de ½kBT (Teorema da Equipartição de energia) U= 3/2 nRT = 3/2NkBT Energia interna de um gás ideal diatómico Graus de liberdade Translação do CM: 3 graus (direcções x, y e z) Rotações: 2 graus (em torno dos eixos x, y ou z) Vibrações: 2 graus (energia cinética e potencial associada às vibrações ao longo do eixo molecular) 12 Para os gases diatómicos, o Teorema da Equipartição de Energia prevê CV = (7/2)R = 33.216 J·mol-1·K-1, valor muito superior ao encontrado experimentalmente: Valores experimentais de cV (5/2)R O Teorema da Equipartição de Energia não considera a variação dos calores específicos molares com a temperatura. Vibrações Valores observados de CV para H2 como função da temperatura: Rotações Translações Temperatura (K) 13 Capacidades caloríficas dos sólidos (Modelo de Einstein) kz m kx ky U1 Ecin E pot 21 mv x2 21 mv y2 21 mv z2 21 k x x 2 21 k y y 2 21 k z z 2 Teorema da Equipartição: em equilíbrio térmico, cada termo quadrático possui uma energia média igual a 21 k BT , donde U1 6( 21 kBT) 3kBT 14 Para um sólido composto por N átomos: U NU1 3NkBT U 3NkBT 3NAkBT 3RT n n Energia total por mole: Capacidade calorífica a volume constante por mole (T > 300K) : cV d dT U -1 -1 3R 25 J·mol ·K n V (Lei de Dulong e Petit) 15 Transformações termodinâmicas e gases ideais As propriedades termodinâmicas dum sistema (como a temperatura, a pressão, o volume ou a energia interna) podem ser especificadas se o sistema estiver em equilíbrio térmico (se as propriedades termodinâmicas forem iguais em todo o sistema). Quando um sistema passa dum estado de equilíbrio para outro através dum processo termodinâmico, as suas propriedades termodinâmicas alteram-se durante o processo e o sistema pode não se encontrar sempre em equilíbrio. Processos quase-estáticos Processos termodinâmicos efectuados lentamente, de modo a que o sistema passe através duma sucessão de estados de equilíbrio. Isotérmicas 16 Tipos de transformações termodinâmicas Isotérmicas - a temperatura constante Isobárica Isobáricas - a pressão constante Isotérmica Isocórica Isocóricas - a volume constante Adiabáticas - sem trocas de calor com o exterior Adiabática 17 Transformações isotérmicas (temperatura constante) T 0 Cilindro de metal 1ª Lei da Termodinâmica U gás Q W 0 Q W Pressão Água à temperatura T Isotérmica Volume 18 Transformações isobáricas (pressão constante) W PV Q cmT cm T f Ti PV f nRT f U gás Q W Pressão PVi nRTi Volume 19 W PV 0 Pressão Transformações isocóricas (volume constante) U gás Q W cmT Volume 20 Transformações adiabáticas (sem trocas de calor) Q0 Cilindro de metal U gás Q W W Transformações adiabáticas Pressão Material isolante “Seringa” adiabática Adiabática Volume 21 Tipos de transformações termodinâmicas - resumo Isotérmicas Isobárica Isobáricas Isocóricas Isotérmica Isocórica Adiabáticas Adiabática 22 Trabalho realizado num processo = área no diagrama PV Expansão Compressão P constante Embora o calor transferido e o trabalho realizado dependam do percurso efectuado, a quantidade “ Q – W ” é independente do percurso, só depende dos estados inicial e final. Variáveis (ou grandezas) de estado Quantidades termodinâmicas que só dependem dos estados inicial e final (ex. energia interna). 23 Uma certa quantidade fixa de gás é comprimida isotermicamente. Quais são os sinais do trabalho realizado, da variação da energia interna e do calor trocado com o exterior? Trabalho Variação da energia interna Calor (A) positivo negativa zero (B) negativo zero positivo (C) negativo negativa zero (D) negativo zero negativo (E) positivo zero positivo U Q W Transformação isotérmica: U 0 Q W 24 Uma certa quantidade fixa de gás é comprimida isotermicamente. Quais são os sinais do trabalho realizado, da variação da energia interna e do calor trocado com o exterior? Trabalho Variação da energia interna Calor (A) positivo negativa zero (B) negativo zero positivo (C) negativo negativa zero (D) negativo zero negativo (E) positivo zero positivo U Q W Transformação isotérmica: U 0 Q W 25 Uma certa quantidade fixa de gás é comprimida adiabaticamente. Quais são os sinais do trabalho realizado, da variação da energia interna e do calor trocado com o exterior? Trabalho Variação da energia interna Calor (A) positivo negativa zero (B) negativo zero positiva (C) negativo negativa zero (D) positivo positiva zero (E) negativo positiva zero U Q W Transformação adiabática: Q 0 U W 26 Uma certa quantidade fixa de gás é comprimida adiabaticamente. Quais são os sinais do trabalho realizado, da variação da energia interna e do calor trocado com o exterior? Trabalho Variação da energia interna Calor (A) positivo negativa zero (B) negativo zero positiva (C) negativo negativa zero (D) positivo positiva zero (E) negativo positiva zero U Q W Transformação adiabática: Q 0 U W 27 Expansão adiabática quase-estática de um gás Q=0 dU = dQ – dW = - P dV Gases ideais Eqs. (1) e (2) Eq. (3) Eqs. (4) e (5) (1) dU = n cV dT (2) PV = nRT (3) n R dT = - (RP/ cV ) dV (4) P dV + V dP = n R dT (5) (1 + R/cV ) P dV + V dP = 0 (6) Dividindo (6) por PV , substituindo R por cP – cV e sendo = cP / cV : dP dV γ 0 P V (7) 28 Integrando ambos os lados da equação (7): dP dV P γ V C em que C é uma constante de integração. PV = constante ln P + ln V = C’ ln (P V ) = C’ ou 29 Trabalho realizado pela expansão adiabática quase-estática de um gás Q = 0 dU = Q - W = - P dV = - W Transformação adiabática >1 Para um gás ideal, quando uma isotérmica e uma adiabática passam no mesmo ponto, a inclinação da adiabática é maior Expansão adiabática : dV > 0 dT < 0 Compressão adiabática : dV < 0 dT > 0 Trabalho realizado : 30 Resumo para um gás ideal Processo Característica Trabalho Calor Variação da energia interna Isocórico V 0 0 n cV T n cV T Isobárico p 0 p V n c p T n cV T Isotérmico T 0 V2 p dV V1 Adiabático Q0 n cV T V2 p dV 0 V1 0 n cV T 31 Um gás ideal expande-se quase-estaticamente a temperatura constante entre o volume inicial Vi e o volume final Vf . Determine o trabalho realizado pelo gás. Trabalho realizado : W Para um gás ideal : P V n RT Vi P dV nRT 1 W dV n R T dV n R T ln V f V V Vi Vi V i Vf Vf Vf 32 Um gás ideal efectua as transformações termodinâmicas representadas na figura. Determine o calor transferido para o sistema num ciclo completo. P(kPa) B 8 6 4 A 2 0 2 4 C 6 8 3 10 V(m ) Num processo cíclico: Uint = Q – W = 0 Q = W = área do triângulo ABC = (6 kPa)·(4 m3)/2 = 12 kNm = 12 kJ 33