PERIGO: informática Disciplina: seminário Prof. Aires Rover e Marcos Wachowicz 1 2 3 4 5 6 Figure 4. Wearable Performance at the SAKE-barrel Opening 7 8 9 10 11 Fig. 1- Pintura rupestre - Lascaux. 15.000 a 10.000 anos A.C. 12 13 14 15 16 17 marisa carvalho Arte & 18 Conceito Fernando Pessoa: une duas palavras, que, normalmente, estão separadas e mesmo em oposição – eterna e novidade -, pois o eterno é o que, fora do tempo, permanece sempre idêntico a si mesmo, enquanto o novo é pura temporalidade, o tempo como movimento e inquietação que se diferencia de si mesmo. No entanto, essa unidade do eterno e do novo, aparentemente impossível, realiza-se pelos e para os humanos Merleau-Ponty: a arte é advento – um vir a ser do que nunca antes existiu -, como promessa infinita de acontecimentos – as obras dos artistas Chauí, 2001 & Arte “ O primeiro desenho nas paredes das cavernas fundava uma tradição porque recolhia uma outra: a da percepção. A quase eternidade da arte confunde-se com a quase eternidade da existência humana encarnada e por isso temos, no exercício de nosso corpo e de nossos sentidos, com que compreender nossa gesticulação cultural, que nos insere no tempo” Merleau-Ponty Fig. 1- Pintura rupestre - Lascaux. 15.000 a 10.000 anos A.C. 19 Conceito “A criação da arte não pode ser eficaz se não tem uma idéia correta de para que serve a arte e sobre o que versa” Arnheim ,1980 “Devemos levar em conta que as várias “esferas” que se articulam na dimensão cultural ou “universo simbólico estruturado” são a matéria-prima das práticas culturais, são abstrações e não o próprio real na sua concretude” Scrour , 1978 “A arte é trabalho da expressão que constrói um sentido novo (a obra) e o institui como parte da Cultura” Chauí,2001 & Arte Conceito A palavra arte vem do latim ars e corresponde ao termo grego techne, técnica, significando: o que é ordenado ou toda espécie de atividade humana submetida a regras Em sentido lato, significa habilidade, destreza, agilidade. Em sentido estrito, instrumento, ofício, ciência Seu campo semântico se define por oposição ao acaso, ao espontâneo e ao natural. Por isso, em seu sentido mais geral, arte é um conjunto de regras para dirigir uma atividade humana qualquer Filosofia, existem dois grandes momentos de teorização da arte. No primeiro, inaugurado por Platão e Aristóteles, a Filosofia trata as artes sob a forma da poética; no segundo, a partir do século XVIII, sob a forma da estética Platão: as judicativas e as dispositivas ou imperativas & Arte 20 Conceito Aristóteles : Ciência- Filosofia: necessário Arte ou técnica: ao contingente ou ao possível Sociedade Antiga - A política e a ética são ciências da ação. As artes ou técnicas são atividades de fabricação Idade Média - Artes liberais: razão e artes mecânicas: manuais As palavras mecânica e máquina vêm do grego e significam estratagema engenhoso para resolver uma dificuldade corporal Renascença - humanismo renascentista dignifica o corpo humano Útil e Belo - separação entre técnica (o útil) e arte (o belo) Conceito de juízo de gosto e disciplina filosófica: a estética & Arte Conceito Desde o final do século XIX e durante o século XX, modificou-se a relação entre arte e técnica O estatuto da técnica modificou-se quando esta se tornou tecnologia, portanto, uma forma de conhecimento e não simples ação fabricadora de acordo com regras e receitas As artes tornam-se trabalho da expressão e mostram que, desde que surgiram pela primeira vez, foram inseparáveis da ciência e da técnica A arte não perde seu vínculo com a idéia de beleza, mas a subordina a um outro valor, a verdade & Arte 21 Conceito Três manifestações artísticas contemporâneas podem ilustrar o modo como arte e técnica se encontram e se comunicam: a fotografia, o cinema e o design Fotografia e cinema surgem, inicialmente, como técnicas de reprodução da realidade. Pouco a pouco, porém, tornam-se interpretações da realidade e artes da expressão. O design, por sua vez, introduz as artes (pintura, escultura, arquitetura) no desenho e na produção de objetos técnicos (usados na indústria e nos laboratórios científicos) e de utensílios cotidianos Chauí & Arte Pesquisas Cultura Global: Vídeo-Clips poéticos, Holografia gerando Holoarte, Biologia gerando Bio-Arte, Land-Art, Body-Art: exemplo piercing, tatuagens No mundo contemporâneo as linguagens visuais ampliamse, fazendo novas combinações e criam novas modalidades A multimídia, a performance, o videoclipe e o museu virtual são alguns exemplos em que a imagem integra-se ao texto, som e espaço & 22 Pesquisas Gessert: Biotecnólogo “Pintando com o DNA” hibridização de plantas. Desenhando formas de pétalas e cores por manipulação genética, e considerava-se autor das flores (antecipando em uma década os debates sobre patentes de formas de vida) Yoichiro: Ecossistemas virtuais gerados em ciberespaço com o Modelo Morfogêneses e Modelo de Crescimento & Pesquisas Yoichiro Kawaguchi: está entre os pioneiros da computação gráfica, é um dos artistas cuja obra explora temas em que o código (informático e/ou genético) é manipulado de forma criativa A obra de Yoichiro é baseada em softwares desenvolvidos por ele próprio, por exemplo, o Growth Model e o Morphogenesis Model A modelagem e a animação são feitas através de uma codificação que possibilita conceber formas que aumentam em complexidade & 23 Pesquisas Ramificando espirais, utilizando matemática fractal, o artista começa a emular o crescimento de corais e plantas, e acrescendo fatores randômicos ao seu “modelo de crescimento”, ele consegue dar um caráter caóticocontrolado às suas animações Growth Model não é baseado em um processo estático, mas em um sistema cujos princípios geométricos podem ser observados em formas naturais complexas como: tentáculos, amebas, videiras e corais & 24 25 26 Pesquisas A linguagem binária computacional permitir a manipulação dos bits que formam as imagens digitais, fazem do computador o instrumento ideal para promover a sinergia entre arte, ciência e natureza “O computador é um instrumento ideal para desenvolver a arte vinculada à ciência, pois meu desejo não é só reprodução através da figuração de aspectos da flora e da fauna, mas antes recriá-los virtualmente; na verdade, ao invés de re-produzir, produzir “ Yoichiro & 27 Pesquisas “Ao invés de se aproximar o máximo possível da “realidade”, ele procura recombinar os códigos de seus algoritmos aos demais códigos subjetivos que permeiam sua intuição artística, procurando extrair o potencial criador contido nestes códigos, estabelecendo novos devires imagéticos. É uma obra, portanto, relacionada diretamente ao desenvolvimento tecnocientífico e bioinformático” “Nenhum código esvazia completamente aquilo que ele codifica. Codificar é sempre selecionar, e o que fica de fora em cada caso é sempre uma reserva de liberdade e de indeterminação. Codificar é criar, tornar atual algo que sem isso permaneceria virtual. Por outro lado, o “código” não pode se dissociar dos “meios” aos quais ele se associa” Freire, 2004 & Emakimono- pinturas japonesas tradicionais 28 Figure “Gemotion” at the Art Gallery, SIGGRAPH2001 “Gemotion” at the Art Gallery, SIGGRAPH2001 29 Sumário Cenário homem/máquina Revolução numérica Interatividade Transformação cultural Comunicação Planetária & 30 Livro Humanização das Tecnologias pela Arte Revolução Digital Tecnologias Comunicacionais História da transformação Cultural Questão: arte como ponto de convergência e os efeitos das tecnologias na vida contemporânea determinando traços da cultura & Livro Exposição Internacional Arte Tecnologia – MAC/USP 1995 – utilização das tecnologias com fins artísticos Trabalhos em realidade virtual, instalações interativas, holografia, robótica e projetos com redes de comunicação Discussão discorre sobre o estado da arte e suas futuras perspectivas envolvidos pelo tema das relações das tecnologias com o espírito humano Debate: robótica e suas relações homem-máquina, na utopia, nas fronteiras da revolução digital e suas raízes históricas, nos sistemas interativos e na comunicação planetária. Interdisciplinarmente problemas da arte, da ciência e da técnica, procurando entender os efeitos presentes e futuros das tecnologias na sociedade e se deslocando numa fronteira que vai da estética à ética Reflexão: finalidades humanísticas da cultura tecnológica e seus efeitos com o humano e a incorporação dos avanços tecnológicos pela arte & 31 Contéudo Abordagem: Idealista Contestação Resistência Discussão: Presença e Efeitos – mediação e interação Amplificação dos sentidos e processamento de informações “Mente humana, uma vez que teve suas dimensões ampliadas, não volta mais a seu tamanho original” Olivier, 1991 & Huma niza ção Revolução eletrônica: cinema, impresso, rádio tendo incidência sobre os processos produtivos e pela aculturação de alguns setores dominantes e não proporcionaram mudanças tão violentas Revolução digital: todos os setores estão envolvidos pelas tecnologias, sendo que a humanidade está marcada pelos desafios políticos, econômicos e sociais decorrentes das tecnologias Arte tecnológica: gera produções que levam o homem a repensar sua própria condição humana 32 33 34 35 Huma niza ção Olhar Artístico: Relações humanas X tecnologia Mudanças: Técnicas tradicionais x eletrônicas Papel: Transformação na sociedade X mercado oficial Arte Objeto x Poder de comunicação Arte Representativa x Arte Interativa Arte Cultural material X Arte Cultura imaterial Arte Cibercultura 36 Huma niza ção Materialização x Imaterialização Performances na arte são vividos por corpos tecnologizados Não se discute a matéria, formas em estados permanentes, e sim o lugar como espaço imutável Outra cosmovisão: o mundo é um organismo vivo que circula nos vasos comunicantes das redes Redes de Comunicação: interação dinâmica de experiência artística, propondo a participação, a colaboração entre parceiros, troca imediata Criação distribuída: não há um único autor de uma obra e sua proposta assume intensamente uma função comunicacional em fronteiras compartilhadas pelo autor e participantes 37 Huma niza ç terminou: ã o arte assistida e interpretada como um ato Espetáculo mental, construir o sentido por interpretações sem qualquer poder de modificá-los: obra coletiva Um novo espectador interativo com as interfaces amigáveis com a fonte de informações, permite a entrada no espaço da representação: obra aberta Proposta: a obra interativa propõe que arte é acima de tudo comunicação, uma metamorfose Expressões: arte interativa, artistas da comunicação, estética da comunicação Arte Interativa: a experiência é captada por sensores, imerge em realidades virtuais com suas visões estereoscópicas Tecnologias interativas, estão conectados o corpo biológico e o corpo sintético das máquinas, sistema nervoso biológico e redes neurais da máquina, e nesta relação tem-se feedback que não seria possível sem a máquina Huma niza ç ã o e técnicos determinam comportamentos dos Artistas, cientistas sistemas em variáveis que são vividas nos diálogos com as possibilidades do circuito Dimensão comportamental das tecnologias interativas coloca o ser humano diante do pós-biológico Experimenta-se navegações, conversações, imersões, conexões nas trocas com sistemas Arte Contemporânea: a presença do corpo em ação, imerso no conceito da energia = arte gestual – Pollock Body-arte, os happenings e performances EX: artop .. Arte tecnológica: o corpo humano e os sistemas artificiais estão numa estreita simbiose do tecnológico/artificial/natural interfacetado ao físico/real e virtual/digital A máquina, criação humana, está dando ao homem poderes ultrahumanos 38 Huma niza ção Teorias Apocalíptica - perigo no homem ramificado em máquinas sedutoras e com caráter alucionatório, aprisionando-o em existências virtuais que acabará por escapar ao controle humano Entre integrados e apocalíptico – sugestão desta era digital, tentar entender os limites do biológico ampliado Reavaliação conceitual: orgânico, biológico, artificial, natural, digital Redefinição: ser humano Simbiose homem-máquina: desmaterialização do corpo em que os órgãos humanos são conectados à máquinas Tecnologi a “Não é no nível das idéias e dos conceitos que a tecnologia tem seus efeitos: são as relações dos sentidos e dos modelos de percepção que ela muda pouco a pouco e sem encontrar a mínima resistência. Só o artista pode enfrentar impunemente a tecnologia porque ele é um especialista em notar as trocas de percepção sensorial” McLuhan Tecnologias interativas são mais acessíveis 39 à Sumário Espaço da Alma Espaço Fisico Espaço Celeste Espaço Relativístico Hiperespaço Ciberespaço Ciberespaço da Alma Ciberutopia & Dante 40 Livro O ciberespaço remete para uma posição quase medieval: mais uma vez temos um espaço físico para o corpo e um espaço imaterial que muitos desejam ver como um novo espaço da alma. Porém, segundo a autora, trata-se de uma tentativa frustrada de realizar uma versão tecnológica do espaço cristão do Céu Objetivo: por que as pessoas a idéia que possam significar os sonhos tecno-religiosos que as acompanham, encarando o ciberespaço com aspirações celestes. Por que alguns autores afirmam que o domínio digital está repleto de dados da alma? O que leva alguém a pensar no ciberespaço em termos “espirituais”? Sendo que a noção de ciberespaço como um espaço celeste está disseminada pela literatura Interesse pelo modo como a ciência e seus subprodutos tecnológicos operaram ao longo da historia ocidental que envolve a literatura, arte, filosofia e da teologia & Dante Conteúdo A história das concepções do espaço desde a Idade Média (dualista) à Era Digital (monístico) Compara o mundo físico finito do período medieval com o universo infinito da física no mundo científico atual; como universo mecanicista e materialista. Como a mudança na concepção do espaço influenciou a compreensão de nós mesmos, em que domínio de pensamentos e matéria nos encontramos atualmente Da queda de Roma materialista, são mil anos até o renascimento, sendo que a Idade Média é marcada pela valorização da alma. No iluminismo torna o ocidente materialista e a revolução científica predomina o interesse pela física. Do período de busca do conhecimento do Universo, do espaço e das partículas, chega-se hoje à Neurociência em busca do mapeamento do cérebro humano Werttheim, 2001 Dante 41 Espaços Espaço da Alma: Na Divina Comédia (1307), Dante Alighieri vai com Virgílio ao fim do universo. É viagem da alma cristã. A visão dualista da Idade Média produz em Dante a incerteza de ter viajado com seu corpo ou fora dele. É uma elucidação épica da visão do mundo da Idade Média, um relato aos vivos do mundo dos mortos, cujo espaço é dividido em 3 regiões: inferno, purgatório e paraíso. No esquema medieval cristão, Deus era o princípio organizador do espaço. O espaço é a essência da liberdade para a mente e para o corpo, a lógica determina que o paraíso está acima do domínio finito da terra. Hoje percebemos somente o espaço físico, sem perceber o espaço que transcende a finitude de nosso global material & 42 43 44 Físico No inicio da Idade Media, prevalecia a arte simbólica não representativa. Os artistas góticos e bizantinos utilizavam estilo icônico chapado, evocavam o reino cristão do espírito e não retratavam o mundo real da natureza e do corpo A concepção de espaço físico inicia com a pintura da Capela Arena, onde cada figura simula um espaço físico real. É o equivalente medieval de realidade virtual, com imagens sólidas tridimensionais que visam dar ao espectador a impressão de contemplar um ambiente real, mas não unifica o espaço global No séc. XIV surge uma nova concepção de espaço: com a configuração do átomo (atomistas), surge à ciência do movimento, a base da ciência da dinâmica & 45 46 Celeste A visão cristã medieval desconsidera a geometria. O poder da Idade Média é o dualismo metafísico (corpo e alma) e o dualismo cosmológico (terrestre e celeste) No século XVI Rafael unifica céu e terra, no mesmo espaço euclidiano, pinta o céu usando perspectiva, quase (exceto pelo céu) geometrizando a teologia medieval Newton unifica os espaços terrestres e celestes com a lei da gravidade. Considera o universo imbuído de espírito divino, como sensorim de Deus O mecanicismo leva à visão atéia do mundo. Descarte e Newton se tornaram a fonte do materialismo que encerra a dualidade e leva à Idade da Razão & 47 48 Relativísti onão houve interesse científico na criação do Até o séc.c XIX universo, a ciência não possuía base empírica para desvendar Em 1920, as descobertas de Edwin Hubble (Cosmologia moderna: Big-bang) gera a concepção dinâmica do espaço; a Teoria da expansão do universo. Associou que quanto mais afastado estivesse uma galáxia, mais rápido se moveria e seria mais vermelho. Seu gráfico de distância indica que o universo está se expandindo Einstein: Cria a teoria geral da relatividade....criando a história matemática de criação do universo a partir do nada No espaço de Dante a história tem um fim: chegada ao Paraíso, no espaço relativístico, de universo infinito a história não tem fim & 49 50 51 52 Hiperespa ço No séc. XX o hiperespaço tem onze dimensões – a própria matéria é espaço A 4ª dimensão elemento primordial da existência do hiperespaço Os pintores cubistas saem da perspectiva inspirados geometria não euclidiana, estão em busca da forma de representação do espaço hiperdimensional Tudo é igual, tudo é homogêneo, tudo é espaço. Não privilegia nem corpo nem espírito, pois a própria matéria é subproduto do espaço, assim o corpo é anulado. Só resta espaço vazio enroscando-se sobre si mesmo & 53 54 Ciberespa ços Não têm coordenadas no espaço euclidiano ou relativista. Não tem mapa cosmológico Teóricos da complexidade definem o ciberespaço como fenômeno emergente em que o todo é maior que a soma das partes Ciberespaço é um novo espaço para o espírito Este espaço não existia, é uma versão digital da expansão do espaço de Hublle, é um processo de criação de espaço formado por bits e bytes. Dualismo como na Idade Media: um espaço físico e um espaço fora do domínio material. Um domínio material descrito pela ciência e um não material diferente do real. Estamos acostumados a pensar o espaço como puramente físico que é difícil aceitar o ciberespaço como espaço genuíno Surge um novo dualismo. A fusão da tecnologia com ideais e sonhos religiosos vem desde a Idade Média. No mundo cristão, a tecnologia é vista como força para apressar o advento da Nova Jerusalém & 55 56 Dante à Intern et “ ..todos espaços são necessariamente produções de comunidade específicas, não é de surpreender que concepções do espaço reflitam muitas vezes as sociedades de que brotam...o espaço da perspectiva linear era uma metáfora visual da ordem e da racionalidade mercantil da sociedade florentina do séc. XIV. Como uma produção das comunidades ocidentais do final do século XX, o ciberespaço reflete a sociedade da qual se origina...surgindo num momento em que muitos no mundo ocidental estão se cansando de uma visão de mundo puramente fisicalista. Terá sido por acaso que inventamos um novo espaço imaterial exatamente nesse ponto da nossa história? Justamente no momento em que muitas pessoas estão ansiando mais uma vez por alguma espécie de espaço espiritual ou pscilógico coletivo? “ Werttheim, 2001 Dante à Intern et “Com cada mudança em nossa concepção do espaço ocorre também uma mudança correspondente em nossa concepção do universo – e portanto de nosso lugar e papel nesse universo...nossa concepção de nós mesmos está ligada à nossa concepção do espaço...pessoas que concebem o espaço puramente físico são praticamente compelidas a se ver como seres puramente físicos...o que é universal é que concepções de espaço e concepções de si mesmo se espelham mutuamente...somos os produtos de nossos esquemas espaciais ” Werttheim, 2001 57 Dante à Intern et “Com o advento do ciberespaço, somos portanto alertados para o fato de que nossa concepção do mundo, e de nós mesmos, tende a mudar. Assim como o advento de outros tipos de espaço sempre lançou a visão de mundo de uma época num estado de fluxo. Assim também o ciberespaço vai provavelmente alterar nossa visão de realidade de maneiras poderosas. Que tipos de mudanças esse novo espaço vai acarretar na realidade, ainda é cedo para saber. Em certo sentido estamos numa posição semelhante à dos europeus do século XVI, que estavam apenas começando a tomar conhecimento do espaço físico dos astros, num espaço totalmente alheio à sua concepção anterior da realidade. Como Copérnico, estamos tendo o privilégio de testemunhar a aurora de um novo tipo de espaço. O que a história fará desse espaço, de maneira apropriada, só o tempo irá dizer” Werttheim, 2001 & Metadesig n Maturana reflete sobre o conceito de metadesign e sobre a idéia de progresso, ciência e tecnologia serem em si mesmos valores a serem venerados. Segundo ele, muitas pessoas pensam que as máquinas poderão se tornar vivas e suplantar o ser humano como resultado desse progresso e dessa expansão da inteligência Maturana desafia essas visões: não considera que a tecnologia, a ciência ou o progresso como valores em si mesmos nem pensa que a evolução biológica ou cósmica esteja mudando sua natureza. Ele julga que a pergunta principal que devemos enfrentar é o que queremos que aconteça a nós e não uma pergunta de conhecimento ou de progresso. Ou seja, Maturana pensa que a questão que devemos enfrentar neste momento de nossa história é sobre nossos desejos e sobre se queremos ou não ser responsáveis por nossos desejos & 58 59 60