UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Mudanças nas concepções de atitudes relacionadas com ciência, tecnologia e sociedade (CTS), identificadas a partir de uma atividade de ensino com emprego de sequência didática (SD) com enfoque na natureza da ciência e da tecnologia (NdC&T) RICARDO PEREIRA SEPINI Orientadora: Profa. Dra. Maria Delourdes Maciel Co-Orientador: Prof. Dr. Ángel Vázquez Alonso Tese apresentada ao Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em Ensino de Ciências e Matemática. SÃO PAULO 2014 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL S484m Sepini, Ricardo Pereira. Mudanças nas concepções de atitudes relacionadas com ciência, tecnologia e sociedade (CTS), identificadas a partir de uma atividade de ensino com emprego de sequência didática (SD) com enfoque na natureza da ciência e da tecnologia (NDC&T) / Ricardo Pereira Sepini. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014. 261 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Maria Delourdes Maciel. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Ensino de ciências 2. Ciência, tecnologia e sociedade (CTS) 3. Natureza da ciência e da tecnologia (NdC&T) 4. Sequência didática I. Maciel, Maria Delourdes. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título. CDU: 371.3:504(043.2) UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Mudanças nas concepções de atitudes relacionadas com ciência, tecnologia e sociedade (CTS), identificadas a partir de uma atividade de ensino com emprego de sequência didática (SD) com enfoque na natureza da ciência e da tecnologia (NdC&T) RICARDO PEREIRA SEPINI Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 05/12/2014. BANCA EXAMINADORA: Profa. Dra. Maria Delourdes Maciel Universidade Cruzeiro do Sul Presidente Profa. Dra. Norma Suely Gomes Allevato Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral Universidade Cruzeiro do Sul Profa. Dra. Silvia Porro Universidad Nacional de Quilmes Prof. Dr. Júlio César Ribeiro Universidade Federal do Triângulo Mineiro “O principal objetivo da pesquisa do saber é conhecer o funcionamento das coisas, para melhor controlá-las, e fazer previsões melhores a partir daí.” (Christian Laville; Jean Dione, 1999, p. 17) AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por todas as graças a mim concedidas durante essa trajetória. Á Universidade Cruzeiro do Sul, aos funcionários da instituição, em especial, aos da Pós-Graduação e aos professores do Programa de Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), através do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP) pela Bolsa de Doutorado. Aos Professores Dra. Maria Antonia Manassero Mas e Dr. Ángel Vázquez Alonso e aos funcionários da Universitat de las Islas Baleares / Espanha, pela receptividade com que me acolheram no período de intercâmbio. À querida orientadora, Professora. Dra. Maria Delourdes Maciel, pela paciência, sendo sempre amiga e profissional me inspirando nos momentos mais difíceis dessa jornada. Ao professor Dr. Ángel Vázquez Alonso, pela co-orientação e por me ajudar a realizar esse trabalho. Aos professores que compuseram a banca de qualificação e defesa, pelas contribuições para o aperfeiçoamento do trabalho final: Dr. Júlio César Ribeiro, Dra. Sílvia Porro, Dra. Carmen Lúcia Costa do Amaral, Dra. Norma Suely Gomes Allevato. À Escola Estadual Padre Piccinini e à Universidade Cruzeiro do Sul e aos mantenedores das instituições, pelo espaço cedido para a realização do trabalho de campo desta pesquisa. Aos alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini e aos alunos do último semestre do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Cruzeiro do Sul – SP, Campus São Miguel e Campus Anália Franco, sujeitos desta pesquisa, pela participação e contribuições com opiniões e reflexões, enriquecendo os dados analisados nesta pesquisa. À minha mãe, Lúcia e ao meu pai Pedro, casal de fibra e de bom coração, com a certeza de que, se eu tivesse um terço da garra de vocês, seria um homem melhor. Aos meus irmãos Roberto, Diogo e Pedro, pelo apoio nessa jornada. À minha esposa Eliza, pelo carinho, paciência e amor demonstrados por mim nos momentos difíceis. Ao meu filho Marcos, grande inspirador, pois nos momentos difíceis desta pesquisa bastava um simples sorriso seu para resgatar novamente todas as forças para continuar o trabalho. À Sra. Elina Mara Fonseca Dias, minha querida sogra, pela ajuda prestada nos momentos solicitados. Aos amigos; Gustavo, Fabrício, Elton, Eder e João Paulo pelo apoio e incentivo. Aos amigos do Programa de Pós-Graduação e aos companheiros do Núcleo Interdisciplinar de Ensino e Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (NIEPCTS), por terem partilhado comigo esta jornada. Aos primos Ramon e Elaine, pelo carinho com que me acolheram em São Paulo. Saibam que nunca chegaria até aqui sem vocês ao meu lado. SEPINI, R. P. Mudanças nas concepções de atitudes relacionadas com ciência, tecnologia e sociedade (CTS), identificadas a partir de uma atividade de ensino com emprego de sequência didática (SD) com enfoque na natureza da ciência e da tecnologia (NDC&T). 2014. 261 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014. RESUMO Nesta tese investigou-se as possibilidades de mudanças de concepções atitudinais sobre Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) / Natureza da Ciência e Tecnologia (NdC&T). Procuramos responder a seguinte questão: que mudanças de concepções atitudinais em relação aos temas CTS/NdC&T podem ser provocadas nos estudantes concluintes do Ensino Médio e da Graduação em Ciências Biológicas, a partir de uma intervenção pedagógica com emprego de uma sequência didática (SD)? Esta pesquisa justifica-se pela importância do tema e pela necessidade de apontar caminhos para minimizar as carências já diagnósticadas em outras pesquisas e contribuir para o planejamento e a realização de atividades de ensino e aprendizagem relacionados com o enfoque CTS/NdC&T. Partimos das seguintes hipóteses: o emprego de SD construídas com vistas a reflexão dos sujeitos acerca de temas CTS/NdC&T ajuda a provocar mudanças nas concepções de atitudes em relação ao tema; as mudanças provocadas podem ser validadas pelos resultados obtidos com emprego de instrumentos de avaliação desenhados e/ou adaptados aos objetivos e conteúdos dos instrumentos de intervenção didática aplicado; o instrumento de intervenção didática, desenhado para diversos contextos e aplicados com uma metodologia explícita e reflexiva em sala de aula, pode resultar num ensino de qualidade e na melhoria da aprendizagem sobre NdC&T. O objetivo geral foi contribuir para melhorar a compreensão e a qualidade do ensino e da aprendizagem sobre NdC&T de estudantes de escola básica e da graduação por meio de um instrumento de intervenção didática. O objetivo específico foi verificar quais mudanças de concepções atitudinais sobre temas CTS/NdC&T podem ser alcançadas com o uso de uma SD planejada com esse fim. Optamos pela pesquisa intervençãoexperimental por conjugar métodos qualitativos e quantitativos. Como modelo estatístico utilizou-se o teste de Wilcoxon. A comparação entre os resultados da Escola Básica com os da Graduação revelou que os estudantes apresentam concepções atitudinais muito próximas; que a SD quando desenvolvida e aplicada de forma intencional e explícita, é um potencial instrumento de melhoria da compreensão acerca de questões relacionadas com NdC&T/CTS. Concluímos e defendemos nesta tese, que mudanças de concepções atitudinais CTS/NdC&T podem ser intencionalmente provocadas no espaço da sala de aula, desde que no processo de ensino e aprendizagem sejam empregados instrumentos didáticos inovadores e adequados à formação pretendida, ou seja, instrumentos pautados no enfoque CTS/NdC&T, no desenvolvimento do pensamento crítico e no compromisso com a formação para a cidadania. Palavras-chave: Ensino de ciências, Ciência, tecnologia e sociedade, Natureza da ciência e da tecnologia, Formação cidadã, Sequência didática. SEPINI, R. P. Changes in the conceptions of attitudes related to science, technology and society (STS), identified from a learning activity with the use of sequence didactic (SD) with a focus on nature of science and technology (NS&T). 2014. 261 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2014. ABSTRACT This thesis investigated the possibility of changing the attitudinal conceptions of Science, Technology and Society (STS) / Nature of Science and Technology (NDS&T). We seek to answer the following question: what changes attitudinal beliefs regarding the STS/NDS&T issues can be brought in graduating high school students and Undergraduate Biological Sciences, from a pedagogical intervention with the use of a didactic sequence (SD)? This research is justified by the importance of the issue and the need to point out ways to minimize the shortcomings already diagnosed in other studies and contribute to the planning and carrying out teaching and learning activities related to the STS / NDS&T approach. We set the following hypotheses: the SD of employment constructed with a view to reflection of the subjects about STS themes / NDS&T helps to bring about change in the attitudes of beliefs regarding the theme; any resulting changes can be validated by the results obtained with the use of assessment tools designed and / or adapted to the purposes and content of the applied didactic intervention instruments; the didactic intervention instrument, designed for different contexts and applied with an explicit and reflexive methodology in the classroom, can result in quality education and improving learning about NDS&T. The general objective was to contribute to improving the understanding and the quality of teaching and learning about NDS&T basic school students and graduation through a didactic intervention instrument. The specific objective was to determine what changes attitudinal conceptions about STS/NDS&T issues can be achieved with the use of a SD planned for this purpose. We chose the intervention-experimental research by combining qualitative and quantitative methods. As a statistical model we used the Wilcoxon test. The comparison between the results of the Basic School with the Graduate revealed that the students had very close attitudinal conceptions; the SD when developed and applied intentionally and explicitly, is a potential tool for improving understanding of issues related to NDS&T/STS. We conclude and defend this thesis, which changes attitudinal conceptions STS/NDS&T may be intentionally caused in the classroom space, since in the process of teaching and learning are employed innovative teaching tools and fit for purpose training, ie, guided instruments focus STS/NDS&T, the development of critical thinking and commitment to training for citizenship. Keywords: Science, technology and society, Nature of science and technology, Citizen training, Didactic sequence. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Apresentação do Estudante G5 ...................................................... 193 Figura 2 – Apresentação do Estudante G8 ...................................................... 194 Figura 3 – Modelo atual da natureza da ciência e da tecnologia pelo estudante EM 22...................... ......................................................... 197 Figura 4 – Modelo atual da natureza da ciência e da tecnologia pelo estudante EM 1 ................................................................................. 198 Figura 5 – Modelo atual da natureza da ciência e da tecnologia pelo estudante EM 23 ............................................................................... 198 LISTA DE QUADRO Quadro 1 – Categorias de Ensino CTS................................................ ................. 49 Quadro 2 – Questões do COCTS por dimensão, temas e subtemas.................94 Quadro 3 – Valores para preenchimento das questões................................. .... 97 Quadro 4 – Pontuações diretas utilizadas para a conversão da nova métrica ................................................................................................ 98 Quadro 5 – Descrição dos Grupos participantes na pesquisa .......................... 99 Quadro 6 – Dimensões exploradas, temas e sub-temas das questões do COCTS utilizadas nessa pesquisa .................................................. 101 Quadro 7 – Esquema Geral da sequência didática ........................................... 103 Quadro 8 – Questionário aberto aplicado aos estudantes do grupo experimental ..................................................................................... 104 Quadro 9 – Desenho experimental: seleção de grupo, intervenção didática e avaliação........................ .................................................. 105 Quadro 10 – Texto para leitura atividade 1 .......................................................... 120 Quadro 11 – Atividade 1 ........................................................................................ 121 Quadro 12 – Atividade 2 da Sequência Didática ................................................. 122 Quadro 13 – Quadro para as argumentações dos estudantes para as atividades 2, 3 e 4........................ ..................................................... 123 Quadro 14 – Atividade 3 da Sequência Didática ................................................. 123 Quadro 15 – Atividade 4 da Sequência Didática ................................................. 124 Quadro 16 – Avaliação de ampliação ................................................................... 125 Quadro 17 – Questionário aberto........................ ................................................. 126 Quadro 18 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à atividade 1 ................. 156 Quadro 19 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio grupo experimental referente à atividade 2. ........................................................................................ 158 Quadro 20 – Argumentos para a frase do grupo escolhido e para as frases dos grupos não escolhidas apresentados pelos estudantes de Graduação referentes à atividade 2 ........................................... 158 Quadro 21 – Argumentos para a frase do grupo escolhida e para a frase dos grupos não escolhidas apresentados pelos estudantes do Ensino Médio referentes à atividade 2..................................... .................................................................... 160 Quadro 22 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à atividade 3 ................. 163 Quadro 23 – Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentados pelos estudantes de Graduação referentes à atividade 3 ................................................................... 163 Quadro 24 – Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentada pelos estudantes do Ensino Médio referente à atividade 3 ..................................................................... 165 Quadro 25 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à atividade 4. ................ 167 Quadro 26 – Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentados pelos estudantes de Graduação referente á atividade 4. .................................................................... 167 Quadro 27 – Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentados pelos estudantes do Ensino Médio referente á atividade 4 ..................................................................... 169 Quadro 28 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio sobre um caso científico ......................................... 174 Quadro 29 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à primeira questão do questionário aberto..................................................................... 179 Quadro 30 – Justificativas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à primeira questão do questionário aberto ................................................................................................ 179 Quadro 31 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à segunda questão do questionário aberto ................................................................................................ 181 Quadro 32 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à terceira questão do questionário aberto ................................................................................................ 183 Quadro 33 – Colocações apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referentes à quarta questão do questionário aberto........................ ........................................................................ 185 Quadro 34 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referentes à quinta questão do questionário aberto ................................................................................................ 187 Quadro 35 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referentes à sexta questão do questionário aberto ................................................................................................ 189 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resultado estatístico da Questão 10113 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini no município de Paraguaçu-MG. Grupo Controle e grupo experimental comparação do pré-teste com o pós-teste ........................................................................................ 130 Tabela 2 – Resultado estatístico da Questão 10113 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste........................ ................................................................... 131 Tabela 3 – Resultado estatístico da Questão 60211 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 134 Tabela 4 – Resultado estatístico da Questão 60211 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 135 Tabela 5– Resultado estatístico da Questão 60221 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 136 Tabela 6 – Resultado estatístico da Questão 60221 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste........................ ................................................................... 138 Tabela 7 – Resultado estatístico da Questão 70221 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 139 Tabela 8 – Resultado estatístico da Questão 70221 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 141 Tabela 9 – Resultado estatístico da Questão 70611 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 143 Tabela 10 – Resultados estatístico da Questão 70611 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste........................ ................................................................... 144 Tabela 11 – Resultado estatístico da Questão 70621 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 146 Tabela 12 – Resultado estatístico da Questão 70621 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 147 Tabela 13 – Resultado estatístico da Questão 90621 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste ........................................................................................... 149 Tabela 14 – Resultado estatístico da Questão 90621 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste........................ ................................................................... 150 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AC AC&T CAPES CES CNE COCTS CTS C&T DCN DCNEM DCNCB EANdC&T EANCYT ENEM EdC&T IBGE LDB MEC MRM NdC NdC&T NdT NSTA NRC PCN PCNEM PDI PIEARCTS PIP PPP PPC PROSUP SD UNICSUL-SP Alfabetização Científica Alfabetização Científica e Tecnológica Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Câmara de Educação Superior Conselho Nacional de Educação Cuestionario de Opiniones sobre la ciencia, la tecnología y la sociedad Ciências, Tecnologia e Sociedade Ciência e Tecnologia Diretriz Curricular Nacional Diretrizes Curriculares Nacional do Ensino Médio Diretrizes Curriculares Nacional de Ciências Biológicas Ensino e Aprendizagem sobre a Natureza da Ciência e Tecnologia Enseñanza y Aprendizaje sobre la Naturaleza de la Ciencia y Tecnología Exame Nacional do Ensino Médio Ensino de Ciência e Tecnologia Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Lei de Diretrizes e Bases da Educação Ministério da Educação Modelo de Respostas Múltiplas Natureza da Ciência Natureza da Ciência e Tecnologia Natureza da Tecnologia National Science Teachers Association National Science Education Standars Parâmetros Curriculares Nacionais Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências da Natureza Plano de Desenvolvimento Institucional Projeto Iberoamericano de Avaliação de Atitudes Relacionadas a Ciência, Tecnologia e Sociedade Projeto de Intervenção Pedagógica Projeto Político Pedagógico Proposta Pedagógica de Curso Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares Sequência Didática Universidade Cruzeiro do Sul de São Paulo SUMÁRIO I 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.7.1 1.7.2 1.8 1.9 1.10 1.11 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 19 Desvelando o pesquisador .......................................................................... 20 A origem do tema da pesquisa .................................................................... 23 Antecedentes da pesquisa ........................................................................... 26 Problema ....................................................................................................... 31 Justificativa ................................................................................................... 32 Hipóteses....................................................................................................... 32 Objetivos ....................................................................................................... 33 Objetivo Geral ............................................................................................... 33 Objetivo Específico....................................................................................... 34 Abordagem Metodológica ............................................................................ 34 Campo de Pesquisa ...................................................................................... 34 Sujeitos da Pesquisa .................................................................................... 34 Organização da Tese .................................................................................... 34 II 2.1 2.2 2.3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................. 37 Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) ...................................................... 37 Natureza da Ciência e da Tecnologia (NdC&T) .......................................... 55 Sequência Didáticas (SD) com Enfoque no Ensino e Aprendizagem sobre a Natureza da Ciência e da Tecnologia (EANdC&T) ........................ 83 2.3.1 Importância da abordagem de uma Sequência Didática sobre NdC&T no Ensino Médio e no curso de Ciências Biológicas, com vista à mudança de conceitos atitudinais CTS/ NdC&T e formação para a cidadania ............................................................................................ 89 III 3.1 3.2 3.2.1 3.3 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.5 IV 4.1 4.1.1 4.1.2 ABORDAGEM METODOLÓGICA ................................................................. 91 Procedimento Estatístico ............................................................................. 92 Metodologia do Projeto EANC&T ................................................................ 93 Características do COCTS ........................................................................... 94 Amostra dos Sujeitos ................................................................................... 99 Instrumentos ............................................................................................... 100 Questões do COCTS................................................................................... 100 Sequência Didática ..................................................................................... 101 Questionário Aberto ................................................................................... 104 Procedimento do Trabalho de Campo ...................................................... 105 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ........................................................ 107 Contexto da Escola Básica e da Insituição de Ensino Superior ............ 107 Escola Estadual Padre Piccinini – Paraguaçu / Minas Gerais ................ 107 Universidade Cruzeiro do Sul – São Paulo / Campus São Miguel e Campus Anália Franco .............................................................................. 108 4.2 Característica da amostra estudada: perfil dos estudantes ................... 108 4.2.1 Perfil dos estudantes do último ano do Ensino Médio............................ 108 4.2.2 Perfil dos estudantes do último período de graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas – Campus São Miguel e Campus Anália Franco ............................................................................... 109 4.3 Aplicação do pré-teste com o questionário COCTS ao grupo controle e experimental – Ensino Médio e Graduação ............................ 113 4.4 Aplicação da Sequência Didática (SD) com o grupo experimental Ensino Médio e Graduação ........................................................................ 117 4.5 Aplicação do pós-teste com o questionário COCTS ao grupo controle e experimental - Ensino Médio e Graduação............................ 126 V 5.1 5.2 5.3 RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO .................................................. 129 Análise e Discussão dos Resultados do Questionário COCTS (Pré e Pós-Teste) aplicado nos Grupos Controle e Experimental do Ensino Médio e Graduação ..................................................................................... 129 Análise e Discussão dos Resultados da Sequência Didática com os Grupos Experimentais – Ensino Médio e Graduação .............................. 154 Análise e Discussão dos Resultados do Questionário Aberto aplicado ao Grupo Experimental – Ensino Médio e Graduação ............. 178 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 209 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 215 ANEXOS ................................................................................................................. 229 APÊNDICES ........................................................................................................... 244 19 I - INTRODUÇÃO Os pressupostos que nortearam o desenvolvimento desta tese tiveram origem na minha participação, enquanto estudante de Mestrado, no Projeto Ibero-Americano de Avaliação de Atitudes Relacionadas com Ciência, Tecnologia e Sociedade (PIEARCTS), realizado pelos pesquisadores do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade (NIEPCTS), do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Cruzeiro do Sul, entre os anos 2008 à 2010, do qual faço parte desde então. Meu interesse em continuar investigando esse tema se justifica, assim, pela inquietação surgida a partir dos resultados do PIEARCTS; pelas discussões que se seguiram nos encontros dos pesquisadores do NIEPCTS e pelos debates durante as aulas das disciplinas oferecidas pelo Programa de Pós-Graduação. Tanto no mestrado quanto no doutorado, esses debates sempre afloraram em mim não apenas uma inquietação pela temática, mas a crença de que mudanças de concepções e atitudes podem ser provocadas, tanto nos estudantes quanto nos professores, desde que se utilize nos cursos de formação instrumentos pedagógicos apropriados. A linha de pesquisa Fundamentos e Estratégias Educacionais para o Ensino de Química e Biologia, da qual faço parte como estudante de doutorado do Programa trabalha com fundamentos e métodos de ensino de ciências e suas aplicações nos diferentes níveis de ensino, buscando avaliar as vantagens e desvantagens desses métodos para o ensino de Ciências e para a sociedade, ou seja, vem ao encontro do que pretendi desenvolver nesta tese. Tendo em vista os resultados obtidos no PIEARCTS com estudantes do Ensino Médio e Graduação (futuros professores), pensei em testar o alcance do método experimental investigativo, proposto pelo Projeto Ensino e Aprendizagem sobre Natureza da Ciência e Tecnologia (EANC&T), que está sendo desenvolvido pelos pesquisadores do NIEPCTS desde 2010, bem como 20 de uma das Sequências Didáticas (SD) construídas pelos mesmos, com a finalidade de ampliar a reflexão sobre o tema e de contribuir para melhorar as visões que cercam o ensino e a aprendizagem de Ciências relacionados com CTS, buscando uma formação mais efetiva e significativa sobre Natureza da Ciência e da Tecnologia (NdC&T). Assim, nesta pesquisa, utilizei como estratégia e recurso de intervenção didática para as aulas de Ciências, uma SD com enfoque na temática CTS e na NdC&T que, segundo seus autores (VAZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2011), poderia ser empregada tanto na escola básica quanto na graduação, já que a atividade de ensino proposta na mesma, almeja educar os sujeitos para uma participação mais efetiva nas tomadas de decisões, enquanto cidadãos, na sociedade onde estão inseridos. Visando uma melhor compreensão do leitor acerca do trabalho aqui desenvolvido, apresento nesta introdução informações sobre minha trajetória pessoal e acadêmica percorrida como professor e pesquisador, a qual cooperou para que esta pesquisa pudesse ser idealizada no âmbito do Ensino de Ciências da escola básica e da graduação. Tento resgatar, organizar e apresentar essas experiências pessoais e profissionais com o intuito de direcionar o leitor em relação ao presente trabalho. Apresento, também, o problema de pesquisa (questão de investigação), minhas justificativas, hipóteses, objetivos, campo de pesquisa e os sujeitos. 1.1 Desvelando o pesquisador Minha trajetória acadêmica não se inicia na área educacional, muito menos no curso de Ciências Biológicas. No ano de 2000, após ter concluído a Educação Básica (Ensino Médio) no município de Paraguaçu-MG, cidade onde moro atualmente, fui convocado para servir as Forças Armadas Brasileiras no município de Três Corações-MG, onde permaneci por um ano (2001 - 2002) e me formei como soldado. No início do ano de 2002, devido ao excesso de contingente, fui dispensado do serviço militar. Devido ao excelente comportamento comprovado dentro do quartel, fui presenteado pelas Forças 21 Armadas com o curso de auxiliar de enfermagem, através do Programa Profissionalização de Auxiliares de Enfermagem (PROFAE). Percebi que com a realização desse curso, algumas portas poderiam ser abertas profissionalmente. Não hesitei em realizar o mesmo, o qual teve a duração de um ano e seis meses (2003-2004). No final do ano de 2004, já tendo concluído o curso de auxiliar de enfermagem, comecei a trabalhar no pronto socorro (PS) no município de Paraguaçu-MG, onde permaneci por um período de três anos. Neste período, visando uma melhor capacitação e, consequentemente um melhor atendimento ao público usuário do PS, realizei o curso Técnico de Enfermagem, o qual teve a duração de seis meses. Nesta época trabalhava durante o período diurno, por isso tão logo conclui o curso Técnico de Enfermagem fui procurar por um curso de graduação que fosse oferecido no período noturno. Dentre os cursos que encontrei na região, o que me atraiu (talvez pela minha formação técnica na área biológica) foi o curso de Ciências Biológicas (Licenciatura), razão pela qual optei por ele. Cursei Licenciatura em Ciências Biológicas no Centro Superior de Ensino e Pesquisa de Machado-MG (CESEP). Além de noturno, esse curso tinha a duração de três anos, não oferecendo opção para o Bacharelado. Os três anos da graduação (2005-2007) foram suficientes para despertar em mim o interesse pela área da educação e a vontade de lecionar. Esse despertar surgiu durante a disciplina de Prática de Ensino e Estágios Supervisionados de Docência, quando adquiri a convicção de que a Educação (e não somente ela), se bem trabalhada, pode possibilitar mudanças profundas em uma nação inteira. Após a conclusão da graduação, convicto de que era mesmo a educação a minha vocação, decidi abandonar a área da saúde para me dedicar à área da educação, passando a atuar como professor do Ensino Básico no município de Paraguaçu-MG. Assim, identifico aqui minha origem e formação como professor de Biologia. 22 Esse curto espaço de tempo (de 2007 a 2010) em que lecionei como docente nos níveis de Ensino Fundamental, Ensino Médio Regular e EJA (Educação de Jovens e Adultos) foram de extrema importância para que viesse a tomar a decisão de continuar investindo na minha formação de educador e de pesquisador na área de Ensino de Ciências. Assim, visando o aprimoramento na minha formação profissional, tanto no âmbito científico quanto pedagógico, decidi buscar um curso de Pós-Graduação Stricto Sensu na área de Ensino de Ciências. Ingressei no curso de Pós-Graduação, Mestrado em Ensino de Ciências da Universidade Cruzeiro do Sul - São Paulo, no ano de 2008, finalizando-o no ano de 2010. Durante os dois anos de Mestrado lecionei como professor designado, disciplina de Biologia, na rede estadual do Estado de Minas Gerais. No ano de 2010, após o término do Mestrado, buscando ampliar a minha formação de pesquisador, optei por participar do processo seletivo para o curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da mesma universidade em que havia concluído o Mestrado. Nestes quatro anos de curso, não lecionei, pois fui bolsista através do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP). Além de participar diretamente no colegiado do programa de PósGraduação, como representante dos estudantes de doutorado, exerci a função de secretário e pesquisador junto ao NIEPCTS. O meu interesse pela temática CTS e NdC&T, como já foi mencionado, surgiu ainda no curso de Mestrado, quando fui apresentado ao NIEPCTS e cursei a disciplina CTS. Durante o período do mestrado, além de estar desenvolvendo a dissertação, participava das reuniões semanais do NIEPCTS auxiliando no desenvolvimento do PIEARCTS. Nesse espaço de tempo (de 2005 a 2014), como estudante de Graduação, docente no Ensino Médio, aluno no Mestrado e Doutorado e pesquisador, pude constatar que falta aos estudantes da escola básica um incentivo para as aulas de Ciências Naturais. Acredito que a falta de interesse 23 demonstrada pelos estudantes, pode estar relacionada, também, com a falta de material pedagógico CTS/NdC&T adequado para as aulas. Uma das razões que me faz acreditar na necessidade de investir e que tem me impulsionado em busca de novos métodos de Ensino de Ciências, é a consciência de que a Educação deve buscar o auxílio de novos enfoques, temáticas e métodos de ensino e de pesquisa para alcançar os objetivos visados na construção de uma educação diferenciada. Acredito que devemos lutar contra o paradigma educacional tradicional, até então vivenciado, e apostar nas possibilidades de uma nova composição no ensino para fazer frente às necessidades da sociedade. O educador e pesquisador que até aqui descrevi, acredita que hoje devemos estar sempre predispostos a enfrentar e vencer os vários desafios, visando a produção de novos conhecimentos, procedimentos e soluções para os diversos problemas enfrentados no Ensino de Ciências. Foi assim que adquiri uma postura de amante e entusiasta da pesquisa em ensino e alimentei um interesse constante em decifrar os enigmas postos pelas questões que se passam na sociedade. 1.2 A origem do tema da pesquisa O início do movimento CTS vem sendo entrelaçado na discussão científica desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945), época em que houve uma grande corrida pela formação de cientistas, o que resultou na elaboração de currículos educacionais pautados pelo método científico, levando a escola a investir na formação dos jovens cientistas da época. Nesta época o foco estava no cientista e na produção de armamento bélico como resultado do trabalho dos cientistas e profissionais da tecnologia. Outro período em que o movimento CTS voltou a ganhar força foi na década de 1960 e 1970, época em que ocorreu o agravamento dos problemas ambientais e sociais, levando a educação a focar o trabalho de formação do cidadão na solução nesses problemas. No Ensino de Ciências o movimento CTS contribuiu para a inclusão de temas sociocientíficos no contexto das 24 discussões sobre o papel da Ciência e da Tecnologia (C&T) e a implicação das mesmas na sociedade. Sobre os materiais didáticos para o ensino, diversos recursos foram criados para as diversas áreas da educação, sobretudo em países como o Canadá, Estados Unidos e alguns países na Europa. No Brasil, embora na década de 1970 já encontrássemos alguns materiais que abordassem temas sociais sobre C&T, somente no final da década de 1990 é que começaram a surgir pesquisas e a implementação de materiais didáticos elaborados numa concepção CTS, sendo esses, resultados de teses e dissertações (SANTOS, 2011). Durante as últimas décadas temos presenciado um grande esforço na área educacional para revolucionar os métodos de Ensino de Ciências e neles introduzir as características de uma educação científica com o propósito de alcançar a formação de um cidadão alfabetizado e letrado cientificamente. Para Santos (2011), o Ensino de Ciência vem sendo submetido a um remodelamento estrutural, o que tem gerado novas pesquisas no campo da didática da ciência. Os avanços da C&T, além dos benefícios visados e propagados, trazem também malefícios, ou seja, estão encaminhando a humanidade para uma catástrofe e um modelo de vida altamente consumista. Assim, pensamos que é tarefa dos educadores do século XXI procurar reverter esse processo, retomando uma educação mais consciente sobre o papel do homem na sociedade. Para que isso realmente aconteça, esperamos que o Ensino de Ciências venha dar condições para que o estudante possa identificar problemas a partir de suas observações sobre os fatos, levantar hipóteses de solução, testá-las ou refutá-las, procurando trabalhar de modo a tirar suas próprias conclusões, visando não somente sua alfabetização científica, mas também seu letramento científico. Um dos desafios para este século XXI, que já completou uma década, é o ensino com a compreensão da NdC&T /CTS, o qual possibilita que os estudantes tornem-se cidadãos capazes de aplicar os conhecimentos da C&T 25 no seu cotidiano. Acreditamos que se os cidadãos identificarem essas aplicações da C&T no seu cotidiano, serão capazes de realizar muitas das atividades em sua vida. Sabemos que os estudantes são cidadãos, por isso precisam aprender a ler e entender a NdC&T e suas implicações, para que possam participar das decisões de ordem política e social. Outra questão que acreditamos deva ser cada vez mais discutida no campo educacional, é a forma de lidar com as lacunas existentes da escola básica ao nível superior, ou seja, devemos investir cada vez mais em pesquisas como a desenvolvida nesta tese, que visam identificar e apontar fatores ou causas do distanciamento entre o conhecimento científico trabalhado nesses dois níveis de ensino, a partir de temas atuais pautados pelo enfoque CTS/NdC&T. Temos consciência de que essa temática precisa ser trabalhada de forma diferenciada da que vem sendo apresentada atualmente nas instituições de ensino, tanto na educação básica quanto no nível superior. Como sabemos, são vários os propósitos que visam à melhoria da educação de um modo geral, porém são raros os projetos que buscam a melhoria da compreensão de questões CTS/NdC&T na educação básica e no nível superior, especialmente em espaços reais de formação, ou seja, em sala de aula, e que incluam explicitamente essas questões na formação. Visando suprir parte das lacunas existentes, tanto na escola básica quanto na graduação, esta tese está atrelada a dois projetos, um deles é o: “Enseñanza y Aprendizaje sobre la Naturaleza de la Ciencia y Tecnología (EANCYT): una Investigación Experimental y Longitudinal”, um projeto de caráter internacional, que tem como instituição de fomento o Ministério de Ciência e Inovação Espanhol e é coordenado pelo professor Dr. Ángel Vázquez Alonso, da Universitat de las Islas Balers, Palma de Mallorca, Espanha. O outro é o projeto “Ensino e Aprendizagem sobre a Natureza da Ciência e Tecnologia (EANdC&T)”, versão brasileira do EANC&T coordenado pela professora Dra. Maria Delourdes Maciel, da Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo-Brasil, e que tem como instituição de fomento a Coordenação de Aperfeiçoamento de 26 Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP), através do edital nº 059/2010. Tanto no plano internacional quanto nacional, estes projetos de pesquisa abordam o problema educativo de ensinar com qualidade a NdC&T em todos os níveis de ensino, ou seja, investigam como a C&T podem validar os conhecimentos científicos e como estes funcionam no mundo de hoje. A NdC&T engloba aspectos da Epistemologia da Ciência, da História da Ciência, da Sociologia da Ciência e Tecnologia e da relação entre CTS, um conteúdo complexo e inovador e ainda pouco conhecido na educação científica. O objetivo central do projeto de pesquisa EANdC&T é melhorar a compreensão dos alunos e professores de todos os níveis de ensino acerca da NdC&T, com o emprego de instrumentos de intervenção educativa (Sequências Didáticas) e de avaliação (questionários) elaborados e implementados a partir de diferentes contextos educacionais e sociais. 1.3 Antecedentes da pesquisa Os antecedentes desta pesquisa foram os resultados obtidos recentemente com o PIEARCTS, projeto realizado de 2007 a 2010. O PIEARCTS englobou sete países ibero-americanos (Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, México, Panamá e Portugal) em uma investigação internacional desenvolvida cooperativamente sob a coordenação de Ángel Vázquez Alonso e Maria Antonia Manassero Mas. Segundo Acevedo-Diaz, Manassero-Mas e Vázquez-Alonso (2006), a perspectiva proposta pelo PIEARCTS, desde sua concepção, sempre foi fundamentalmente educativa, centrada em temas denominados genericamente de CTS, incluindo alfabetização científica, compreensão sobre a NdC&T e a formação para a cidadania, envolvendo questões relacionadas com a Epistemologia e a Sociologia da Ciência. Uma das peocupações de todos os pesquisadores envolvidos no PIEARCTS sempre foi a necessidade de educar para a participação dos cidadãos e sua tomada de decisões na sociedade do conhecimento científico e 27 tecnológico. Sob a perspectiva do enfoque CTS, educar em Ciências configurase como formação para a cidadania (MACIEL; BISPO-FILHO; SCHIMIGUEL, 2009). O PIEARCTS1 teve como uma de suas principais características, avaliar as crenças e atitudes dos alunos e professores sobre questões de NdC&T (BENNÀSSAR et al., 2010). Visou, também, ser útil para articular propostas para melhorar a educação científica sobre estas questões, ou seja, melhorar o que os alunos aprendem e que os professores ensinam em sala de aula nos vários níveis de ensino, planejamento e inovação currícular, na perspectiva da formação de professores. Entre os objetivos do projeto, o princípal foi diagnósticar a compreensão de estudantes e professores acerca do enfoque CTS/NdC&T. Assim, tendo como base os resultados do PIEARCTS, fomos buscar nas propostas de ensino contidas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96 (BRASIL, 1996); nos Parâmetros Currículares Nacionais do Ensino Médio (BRASIL, 2000); na Resolução que estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Ciências Biológicas - Bacharelado e Licenciatura (BRASIL, 2001) e na leitura dos teóricos da área educacional investigada, o suporte para delinear e desenvolver a pesquisa pretendida. Sobre as leis que regem a educação nacional, constatamos que a partir do ano de 1996 esses documentos apresentam, e alguns até privilegiam, o enfoque e a inclusão da NdC&T nos curriculos escolares e nos cursos de formação de professores. Podemos considerar que aspectos curriculares com ênfases em CTS sempre estiveram presentes implicitamente em recomendações curriculares no Ensino de Ciências, na medida em que o propósito desse ensino sempre esteve voltado para a cidadania (SANTOS, 2007). Mas esse enfoque, na maioria das vezes, vem sendo apresentado como tema isolado dentro do conteúdo previsto e deixam lacunas entre o conhecimento escolar e o vivenciado pelo estudantes. 1 O Projeto Iberoamericano de Avaliação de Atitudes relacionadas a Ciência, Tecnologia e Sociedade (PIEARCTS), pode ser encontrado na integra através do link: www.oei.es/salactsi/DOCUMENTO5vf.pdf. 28 Segundo Santos (2007), as recomendações mais explícitas sobre as relações CTS só foram incorporadas aos documentos legais nas proposições das diversas versões dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), onde a temática está apresentada nas recomendações específicas para as disciplinas de Biologia, Física, Química e Matemática, tópicos relativos ao princípio da contextualização em que se explícita a inclusão de temas que englobem as interrelações entre C&T. Nessas disciplinas a abordagem CTS é, quase sempre, desenvolvida sem explorar as verdadeiras dimensões nas quais os fenômenos estão inseridos na atualidade. Nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os Cursos de Ciências Biológicas constatamos algumas referências sobre CTS, especialmente no que se refere à contextualização da temática investigada nesta tese, porém apresenta lacunas entre o aprender Ciências e a formação cidadã pretendida com o estudo CTS/NdC&T. Segundo Teixeira (2007, p. 10), apesar dos avanços na área da Educação, “o Ensino de Ciências continua se caracterizando pela valorização excessiva da aula expositiva, da transmissão-recepção e de exercícios de fixação, mais do que apropriação de conhecimento”. Talvez a manutenção dessa postura se deva ao fato dos professores sentirem-se mais seguros seguindo as orientações dos livros didáticos do que inovando, o que demonstra a dificuldade em aproximar teoria e prática nas situações reais de trabalho. Quando se trata da produção e/ou confecção de materiais educacionais, como Sequências Didáticas e/ou Unidades Didáticas para o Ensino de Ciências, que abordem a temática sobre CTS/NdC&T, a realidade é ainda obscura na educação brasileira. Enquanto professor, acredito que essa insegurança possa também estar ligada diretamente à falta de materiais didáticos, Sequências Didáticas (SD), adequados e de fácil interpretação. Tais materiais, quando bem utilizados pelos professores em sala de aula, contribuem para levar o aluno a compreender melhor a realidade que o cerca e, ao mesmo tempo, aguçar sua curiosidade e interesse em aprimorar sua aprendizagem. Sabe-se que a utilização de 29 materiais já existentes e ou a criação de materiais adequados para motivar os estudantes, não é algo fácil para os docentes. A tarefa de criar situações e ou estratégias que possam motivar os estudantes para a aprendizagem de Ciências tem sido uma luta árdua nas últimas décadas. Sobre essa aprendizagem, Souza (2003, p. 39), diz que “é um processo natural inerente à condição do ser vivo e à necessidade de sobrevivência”; que é através da interação com o ambiente que os organismos processam respostas adequadas às respostas decodificadas. Nesse sentido, a interação com o meio é uma das formas de propiciar a aprendizagem dos sujeitos sobre Ciências. Nos documentos oficiais, o conceito de Ciência está presente, bem como a concepção de que a produção do conhecimento é situada sócio, cultural, econômica e politicamente, num espaço e num tempo. Cabe reconhecer a historicidade do processo de produção desse conhecimento. Enfim, que a concepção curricular seja transdiciplinar e matricial, de forma que as marcas das linguagens, das ciências, das tecnologias e dos conhecimentos históricos, sociológicos e filosóficos, permitam uma leitura crítica de mundo, estejam presentes em todos os momentos da prática escolar (BRASIL, 2000). A aprendizagem sobre a NdC&T deve desenvolver competências e habilidades para que os estudantes entendam a sociedade em que vivem como um processo de construção humana que se acontece ao longo de gerações, como algo que está em permanente mudança. É um processo contínuo e dotado de historicidade (BRASIL, 2000). Nesse processo, um dos objetivos educacionais mais gerais do educador é desenvolver a curiosidade do estudante e o gosto pelo aprender. Um dos caminhos possíveis é a prática efetiva do questionamento (GIORDAN; VECCHI, 1996) e da investigação (DEMO, 1996), o que pode ser promovido por meio de um programa de ensino planejado com esse fim. Por outro lado, apesar do esforço de alguns professores no sentido de melhorar o ensino e a aprendizagem, o gosto pelo aprender esbarra, frequentemente, com o excesso de termos científicos e a falta de conexão entre o contexto histórico 30 apresentado nos textos dos livros didáticos e os dias atuais, além da linguagem que não condiz com o contexto sócio cultural histórico vivenciado pelo estudante e pelo próprio professor (SANTOS, 2007). Sem a devida transposição didática desses termos científicos para a realidade dos alunos, estes perdem o interesse e a motivação pelas aulas de Ciências da Natureza (ASTOLFI; DEVELAY, 1991). Outra justificativa para o uso de temas reais e polêmicos nas aulas de Ciências vem dos PCNEM de Ciências da Natureza, quando fazem referência ao modelo de ensino que se espera para uma educação científica mais contextualizada e crítica: [...] apesar de a Ciência fazer parte do dia-a-dia da população, o ensino dessa disciplina encontra-se tão distanciado da realidade que não permite à população perceber o vínculo estreito existente entre o que é estudado na disciplina e o cotidiano [...] (BRASIL, 2002, p. 42). Os PCNEM, apesar de bastante divulgados, ainda não embasam as práticas dos docentes nem a formação dos estudantes do Ensino Médio. Sem que o estudante vivencie experiências concretas e contextualizadas de alfabetização científica e tecnológica, fica ainda mais difícil ao professor desmistificar conceitos, desvelar ideologias e práticas equivocadas e estimular ações individuais e coletivas de cidadania (SANTOS, 2007). Em pleno século XXI ainda esbarramos com o modelo tradicional de ensino. Sobre isso Teixeira (2007, p. 10) afirma que, segundo as idéias de Perrenoud (2000) sobre as competências para ensinar, “essa forma de atuar reduz a capacidade de pensar e pouco contribui para o desenvolvimento de outras habilidades, tanto do aluno quanto do professor”. Nesse modelo de ensino ainda predomina uma visão distante do cotidiano do estudante, como se não existissem ligações entre os problemas sociais e ambientais, a C&T, o cotidiano local e os processos globais (JULIO, 2010). Em relação ao ensino e aprendizagem sobre a NdC&T, questão central desta pesquisa, Abreu e Masetto (1989, p. 09) afirmam que um trabalho educacional deve ser significativo para os estudantes. Então, é necessário que 31 esse trabalho, além de estar relacionado “com o seu universo de conhecimento, experiências, vivências”, permita-lhes: [...] formular problemas e questões que de algum modo o interessem, o envolva ou que lhe digam respeito; [...] entrar em confronto experimental com problemas práticos de natureza social, ética, profissional, que lhe sejam relevantes; [...] participar com responsabilidade do processo de aprendizagem; [...] transferir o que aprendeu na escola para outras circunstâncias e situações de vida (ABREU; MASETTO, 1989, p. 09). Além disso, é importante que as situações de aprendizagem suscitem as modificações desejadas no comportamento dos sujeitos. 1.4 Problema Por acreditar que, para que ocorram mudanças nas concepções atitudinais2 de professores e alunos, estes precisam estar envolvidos com situações que possibilitem a reflexão sobre suas atividades de ensinar e aprender, o que não pode se restringir apenas ao uso de livros didáticos, é preciso trabalhar outros recursos didáticos envolvendo temas reais e concretos em sala de aula. Diante da problemática revelada pelo diagnóstico realizado no PIEARCTS acerca das atitudes de docentes e estudantes em relação a questões CTS/NdC&T, percebeu-se a necessidade de investir na produção de material didático adequado para subsidiar os profissionais da educação no trabalho com esse tema. Assim, nesta pesquisa decidiu-se investigar a possibilidade de contribuir para a mudança de concepções atitudinais dos estudantes do Ensino Médio e da Graduação em relação a temas relacionados com CTS/NdC&T, visando contribuir, também, para amenizar os problemas apresentados anteriormente. Surge então a questão de pesquisa: 2 Entende-se por concepções atitudinais aquelas concepções construídas pelos sujeitos acerca de determinados temas com os mesmos conceitos, as quais se refletem em atitudes dos sujeitos na sociedade sempre que forem lidar (utilizar, empregar), para resolver alguma situação problema. 32 Que mudanças de concepções atitudinais em relação aos temas CTS/NdC&T, podem ser provocadas nos estudantes concluintes do Ensino Médio e da Graduação em Ciências Biológicas, a partir de uma intervenção pedagógica com emprego de uma sequência didática? 1.5 Justificativa As reformas curriculares mundiais atuais propõem como meta a alfabetização científica e tecnológica para todos os cidadadãos; destacam que compreender a NdC&T é um componente inovador para o Ensino da Ciência. No entanto, revendo a literatura existente em relação ao tema, devido a deficiente publicação no campo, percebe-se a necessidade de mais investigações. A partir dos resultados desta pesquisa espera-se contribuir para apontar caminhos para minimizar as carências já diagnósticadas no PIEARCTS com estudantes e professores (atitudes ingênuas) e para o planejamento e a realização de atividades de ensino e aprendizagem de conteúdos relacionados com o enfoque CTS/NdC&T e com temas reais e concretos e para a melhoria da compreensão de NdC&T no âmbito da cultura brasileira, onde as reformas educativas dos últimos anos têm introduzido a NdC&T no currículo escolar. Espera-se ainda, que a transferência da tecnologia educativa empregada (uso de SD) sirva como fator de desenvolvimento da formação dos futuros professores e de aprendizagem NdC&T para os estudantes da educação básica participantes do projeto. 1.6 Hipóteses Nesta pesquisa partimos das seguintes hipóteses: O emprego de SD, contribui para a reflexão dos sujeitos acerca de temas CTS/NdC&T e, como consequência, ajuda a provocar mudanças nas concepções de atitudes em relação ao tema. 33 As mudanças provocadas podem ser validadas pelos resultados obtidos com emprego de instrumentos de avaliação desenhados a partir das questões do COCTS e adaptados aos objetivos e conteúdos dos instrumentos de intervenção didática aplicado (SD). O instrumento de intervenção didática (SD), desenhado para diversos contextos e aplicados com uma metodologia explícita e reflexiva em sala de aula, pode resultar num ensino de qualidade e na melhoria da aprendizagem sobre NdC&T. A partir destas hipóteses, defendo a tese de que mudanças nas concepções atitudinais sobre temas relacionados com CTS/NdC&T podem ser intencionalmente provocadas no espaço de formação dos sujeitos, ou seja, em sala de aula, desde que no processo de ensino e aprendizagem sejam empregados instrumentos didáticos inovadores e adequados à formação pretendida. Uma SD pautada no enfoque CTS/NdC&T é um instrumento didático que pode ser utilizado para o desenvolvimento de conteúdos científicos, pensamento crítico e compromisso com a formação para a cidadania. 1.7 Objetivos Visando a melhoria do ensino de Ciências e a compreensão da NdC&T no domínio da educação brasileira, nesta pesquisa procurou-se alcançar os seguintes objetivos: 1.7.1. Objetivo Geral Contribuir para melhorar a compreensão e a qualidade do ensino e da aprendizagem sobre NdC&T de estudantes de escola básica e da graduação (futuros professores de Ciências), por meio de um instrumento de intervenção didática (SD). 34 1.7.2. Objetivo Específico Verificar quais mudanças de concepções atitudinais sobre temas CTS/NdC&T podem ser alcançadas com o uso de um instrumento de intervenção didática (SD) planejado com esse fim. 1.8 Abordagem Metodológica Nesta pesquisa intervenção-experimental nos pautamos pelo método experimental investigativo proposto pelo Projeto Ensino e Aprendizagem sobre Natureza da Ciência e Tecnologia (EANC&T), do qual esta pesquisa faz parte. Para que o problema investigado pudesse ser respondido e os resultados mais bem compreendidos, conjugou-se métodos quantitativos (aplicação de questionários pré-teste e pós-teste) e qualitativos (intervenção com emprego de uma sequência didática), descritos em detalhes no capítulo III desta Tese. 1.9 Campo da Pesquisa Foram campo desta pesquisa a Escola Estadual Padre Piccinini localizada no município de Paraguaçu – Minas Gerais e a Universidade Cruzeiro do Sul – São Paulo (Campus Anália Franco e o Campus São Miguel). 1.10 Sujeitos da Pesquisa Os sujeitos da pesquisa foram estudantes do último ano do Ensino Médio (3º ano) e estudantes do último período de Graduação (licenciatura) em Ciências Biológicas. De acordo com o método adotado, foi necessário dividir esses sujeitos em dois grupos: um controle e outro experimental. 1.11 Organização da Tese Procuramos delinear os demais capítulos desta tese segundo os tópicos abordados: II. Referencial Teórico; III. Abordagem Metodológica IV. 35 Desenvolvimento da pesquisa; V. Resultados: Análise e discussão e VI. Considerações Finais. O capítulo II apresentamos o referencial teórico embasado na Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), um breve histórico da pesquisa no campo CTS sobre a Natureza da Ciência e da Tecnologia (NdC&T), a Sequência Didática (SD) com Enfoque no Ensino e Aprendizagem sobre a Natureza da Ciência e da Tecnologia (EANdC&T) e finalizamos este capítulo descrevendo a importância da abordagem de uma Sequência Didática sobre NdC&T no Ensino Médio e no curso de Ciências Biológicas, com vista à mudança de concepções atitudinais CTS/ NdC&T e formação para a cidadania. No capítulo III apresentamos toda a abordagem metodológica utilizada nesta tese, o procedimento estatístico (Wilcoxon), a metodologia do projeto EANdC&T, a caracterização do questionário COCTS, a relação e o detalhamento da Sequência Didática (SD) utilizada, o questionário aberto que serviu-nos para avaliar a aplicabilidade da SD, e, por último, os procedimentos do trabalho de campo realizado. No Capítulo IV, Desenvolvimento da pesquisa, descrevemos toda as etapas de aplicação do questionário COCTS com os grupos controle e experimental da Graduação e do Ensino Médio, a aplicação da intervenção didática com emprego da sequência didática com o Grupo Experimental da Graduação e do Ensino Médio. No Capítulo V, analisamos e discutimos os resultados oriundos do questionário COCTS, aplicados no pré e pós-teste, com os grupos controle e experimental, tanto da Graduação quanto do Ensino Médio, as argumentações apresentadas pelos estudantes do grupo experimental da Graduação e do Ensino Médio referentes à intervenção didática e ao questionário aberto. No Capítulo VI, tecemos as nossas Considerações Finais, retornando à justificativa, à questão norteadora, aos objetivos e às hipóteses, contrapondoos com os resultados obtidos no decorrer desta tese. Procuramos, ainda, 36 destacar a importância da pesquisa para o Ensino de Ciências, considerando as mudanças pretendidas no ensino. 37 II - REFERENCIAL TEORICO A cidadania é definida na Constituição Federal (BRASIL, 1988) e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (BRASIL, 1996) como direito de todo brasileiro, e só poderá ser exercida se o cidadão tiver acesso ao conhecimento, o que não significa apenas informação. Aos educadores cabe, então, fazer da educação científica um instrumento de cidadania (CHASSOT, 2003). Na educação científica, percepção pública e imagem da C&T são temas de natureza social de capital importância, pois têm relação com a vida diária das pessoas. A C&T e a NdC&T são fatores cruciais para o desenvolvimento social, tanto para as sociedades industrializadas, cujo progresso e avanço estão atrelados precisamente na utilização das aplicações científicas e tecnológicas, quanto para as sociedades em via de desenvolvimento, onde a C&T/NdC&T podem representar caminhos para as respostas de suas necessidades (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2007). No entanto, nos últimos anos a investigação em Didática da Ciência vem detectando a falta de interesse dos estudantes pelo estudo, além das atitudes negativas dos mesmos em relação a questões relacionadas com CTS/NdC&T. Esse passou a ser um dos principais problemas a ser enfrentado hoje pela educação científica. Neste contexto, apresentamos neste capítulo um pouco dos fatores históricos relacionados com as lutas para a implementação do enfoque CTS e NdC&T nos currículos de Ensino de Ciências. 2.1 Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) Nos países capitalistas centrais (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, entre outros) o Movimento CTS teve seu início em meados do século XX, devido ao crescente sentimento de que o avanço científico e tecnológico não condizia com o desenvolvimento do bem estar social (AULER, 2002), ou seja, surgiu como resposta a insatisfação em relação à concepção tradicional da 38 C&T e aos problemas políticos e econômicos relacionados ao desenvolvimento científico e tecnológico (GONZÁLES-GARCÍA; LOPEZCEREZO; LUJAN-LÓPES, 1996 apud SOUZA CRUZ; ZYLBERSZTAJN, 2001). Santos (2011) afirma que o Movimento CTS surgiu num contexto de crítica ao modelo desenvolvimentista e de reflexão sobre o papel da Ciência na Sociedade. Esse movimento nasceu guiado pela ideia de que a educação científica, para ser incluída de modo relevante para todos, deveria ser uma educação em contexto para a sociedade (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSEROMAS, 2012). Segundo os autores, o Movimento CTS auxiliou a criação de documentos curriculares onde já estavam incluídos muitos dos temas que hoje se denominam NdC&T, ainda que faltasse a ênfase da epistemologia. Nas origens do Movimento CTS existem direções diferentes, mas que têm em comum o objetivo de entender melhor a dimensão social e organizacional da C&T na sociedade (ACEVEDO-DÍAZ, 2009a). O período compreendido entre 1940 até o início de 1960 ficou marcado pelo conceito de autonomia da Ciência, ou seja, a Ciência como Motor do Progresso, principalmente no período entre guerras. Porém, essa concepção ficou fortemente estremecida após o choque que a Segunda Guerra Mundial trouxe para toda a comunidade científica (VELHO, 2011). Nesse período, segundo Dagnino (2008), a pesquisa científica adquiriu uma forma de organização fundamentalmente estatal e militar e, simultaneamente, sedimentava-se na visão positivista acerca da C&T. Em 1945, Vannevar Bush, atendendo ao pedido do ex-presidente americano Franklin Delano Roosevelt (1882-1945), entregou ao então presidente Herry S. Truman (1884-1972) o Relatório Bush. Nele o autor detalhou o fundamento do chamado modelo linear de inovação, que idealizava a Ciência como uma fronteira sem fim (VELHO, 2011). Sendo que traria, uma liberdade plena para a pesquisa científica e tecnológica, o que traria benefícios e vantagens semelhantes ao qual se fez ao encerrar a Segunda Grande Guerra, com o uso de um artefato tecnológico produzido pela Ciência mais avançado da época: a bomba atômica (CHRISPINO, 2008). 39 Velho (2011) relata que neste período muitos cientistas não aparentavam ter boas intenções com a utilização da C&T, o que criou uma apreensão muito forte sobre o Projeto Manhattan que desenvolveu a bomba atômica. Segundo o autor, isso deu nova força para um velho debate sobre a autonomia da Ciência em relação à sociedade. O mesmo autor relata que neste período muitos cientistas começaram, aos poucos, a distanciar-se da aplicação da Ciência e passaram a focar no que começou a ser chamado de Ciência Básica. Neste mesmo período alguns acontecimentos importantes começaram a surgir no cenário mundial, um deles foi a publicação da obra do consagrado autor Karl Popper, lançado em 1951 – The Open Society and its Enemies (A Sociedade Aberta e seus Inimigos3), onde o autor tenta estabelecer a base filosófica da independência e objetividade da Ciência, colocando-a fora do alcance dos governos totalitários (VELHO, 2011). Nesta obra Karl Popper procurou, também, examinar a aplicação dos métodos críticos e racionais da Ciência em relação aos problemas da sociedade democrática. Nesta mesma época os estudos científicos tomam expressão mais consolidada com os resultados de pesquisas de Robert K. Merton (1910-2003) e de autores influenciados por abordagens marxistas (PREMEBIDA; NEVES; ALMEIDA, 2011). Segundo Premebida, Neves e Almeida (2011), no período de sua consolidação (décadas de 1950 e 1960) as investigações sobre C&T se caracterizaram pelo estudo da estrutura, mudanças e organização da comunidade científica e do papel dos cientistas na sociedade. As reflexões no campo CTS buscavam, de maneira menos ingênua, as relações existentes entre CTS, destacando, também, os aspectos negativos associados ao avanço científico e tecnológico sobre a sociedade a partir de perspectivas ambientais, políticas, econômicas, sociológicas, etc (DAGNINO, 2008). 3 Tradução do autor. 40 No Brasil, em se tratando de C&T, nosso passado colonial, herança portuguesa, parece ter sido determinante no destino da nação, pois enquanto os países capitalistas avançavam de modo marcante em C&T, aqui foi somente na virada do século XVIII para o Século XIX que ocorreram iniciativas de significativo investimento na área. O programa de saúde pública na direção de Oswaldo Cruz, figura na história como um exemplo sem paralelo no período (FARIAS; FREITAS, 2007). Os autores destacam que foi somente em meados do século XX, após a II Guerra Mundial, que o governo mostrou interesse em incentivar a pesquisa nacional e, em 1951, foi criado o Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), órgão voltado à pesquisa nuclear. Nesse período começam a ser desenvolvidas inovações educacionais no Ensino de Ciências (KRASILCHIK, 1987 apud SANTOS; MORTIMER, 2002). Por volta da década de 1960 e 1970, após uma euforia inicial com os resultados do avanço científico e tecnológico, a degradação ambiental e o desenvolvimento científico vinculado à guerra (bombas atômicas, guerra do Vietnã, etc) fizeram com que C&T se tornassem alvo de um olhar mais crítico (AULER, 2002). Essa criticidade em relação ao Movimento CTS, ganhou mais força após a publicação de duas obras bem diferentes: A Estrutura das Revoluções Científicas (do físico e historiador da Ciência Thomas Kuhn) e Silent Spring (Primavera Silenciosa), da bióloga naturalista Rachel Carson. As duas obras foram publicadas em 1962 e se constituíram em um dos fatores responsáveis por agilizarem os debates referentes às relações CTS, sendo por isso consideradas um marco importante para o Movimento CTS (VON LINSINGEN, 2007). Neste mesmo período C&T passam a ser objeto de debate político. Luján et al. (1996 apud AULER, 2002) fazem destaque aos dois aspectos anteriormente apontados como desencadeadores de uma politização sobre C&T. Segundo os autores, a obra de Kuhn, ao questionar a concepção tradicional de Ciência em nível acadêmico, suscitou novas reflexões no campo da História e Filosofia da Ciência. Os mesmos autores relatam também que nesta época os movimentos sociais (ecologistas, pacifistas e contraculturais) passam a questionar vigorosamente a gestão tecnocrática de assuntos sociais, 41 políticos e econômicos, denunciando as consequências negativas da C&T sobre a sociedade, estimulados e influenciados pela publicação do livro Silent Spring de Raquel Carson. Auler (2002) completa dizendo que o Movimento CTS reivindica um redirecionamento tecnológico, contrapondo-se à idéia de que mais C&T irá, necessariamente, resolver problemas ambientais, sociais e econômicos. Ao que parece, os estudos CTS iniciados nas décadas de 1960 e 1970, têm como prática constante a elaboração de uma visão alternativa à concepção tradicional de C&T em relação à sociedade, além de contribuir para a formulação de críticas sobre os modelos vigentes de decisão, formulação e implementação de ações políticas ligadas a C&T. A década de 1960 constituiuse num período histórico de transformações sociais singulares, visto que já que possuía uma trajetória histórica que vinha se formando desde o início do século XX, com as obras de Kuhn e Carson, que contribuíram para a formação das vertentes do Movimento CTS com orientação para a reconsideração da perspectiva moderna sobre o papel da C&T na sociedade (VON LINSINGEN, 2007). No Brasil, devido à ditadura vivida na época, várias instituições passaram a sofrer sucessivas investidas dos militares, fazendo com que muitos cientistas brasileiros viessem a exilar-se em outros países, causando um atraso até hoje sentido na C&T nacional (FARIAS; FREITAS, 2007). A motivação para o desenvolvimento do enfoque CTS surgiu em função do clima de incertezas gerado pelo surgimento das armas nucleares, pela guerra fria e pelo movimento da contra-cultura da década de 1960, ocasião em que as lutas políticas protestavam diretamente contra a tecnologia, os impactos ambientais sem precedentes e a manutenção das desigualdades e das injustiças sociais. Ao longo desse processo histórico, a perspectiva CTS, vem estabelecendo ações em diferentes campos, como o da pesquisa (produção de conhecimentos alternativos); da formulação de políticas públicas (criação de espaços democráticos de decisões) e o dos programas de educação (formação de atores e preparação dos mesmos para intervenções) (CHRISPINO, 2010). 42 No campo da pesquisa, Von Linsingen (2007), Auler (2002) e LopezCerezo (1998), dizem que CTS representa uma alternativa à reflexão acadêmica tradicional sobre a C&T, promovendo uma visão não essencialista e triunfalista, mas contextualizada, da atividade científica, vista como processo social. Em razão disso, o campo das políticas públicas vem defendendo a regulação social da C&T, promovendo a criação de mecanismos democráticos facilitadores da abertura dos processos de tomada de decisão sobre questões de políticas científico-tecnológicas (VON LINSINGEN, 2007). O campo dos programas de educação também não tem ficado alheio às correntes deste ativismo social e vem promovendo a introdução de programas e disciplinas CTS no Ensino Médio e Universitário, associados à nova imagem da C&T (AULER, 2002; VON LINSINGEN, 2007). Uma melhor compreensão das facetas relevantes do Movimento CTS pode ser adquirida a partir da consideração das motivações e desenvolvimentos que ocorreram em países nos quais esse movimento já tem uma tradição estabelecida. Estas facetas do Movimento CTS, direta ou indiretamente estiveram e estão presentes em várias partes do mundo contemporâneo, principalmente nos países da América do Norte e da Europa, Estados Unidos e Inglaterra (STRIEDER, 2012). Essas facetas sobre CTS distinguiram-se uma das outras por apresentarem um enfoque diferenciado, conhecido e classificado em duas tradições, uma denominada tradição europeia (ou acadêmica) e a outra denominada tradição americana (ou social). A primeira, mais focada nos fatores sociais, antecede as decisões e práticas científico-tecnológicas. A segunda centrada nas consequências sociais, ambientais e nos problemas éticos gerados (CHRISPINO, 2010). Apesar das tentativas de aproximações e de colaboração mútua, cada uma dessas tradições conta, hoje, com os seus próprios manuais, conferências, revistas, associações, etc (GONZÁLES-GARCÍA; LOPEZCEREZO; LUJAN-LÓPEZ, 1996 apud SOUZA CRUZ; ZYLBERSZTAJN, 2001). A configuração dos diferentes enfoques CTS depende dos âmbitos cultural, social e humano que permeiam os meios onde são produzidos os estudos 43 sociais das C&T. Tal fato é evidenciado pela existência de inúmeras obras que se caracterizam como exceções, tendo até mesmo diversos fatores de convergência entre ambas as tradições (VERASZTO et al., 2011). A existência dessas duas grandes tradições que têm exercido grande influência no desenvolvimento contemporâneo dos estudos CTS, está relacionado ao espírito hegemônico ocidental, o qual é responsável pela omissão de outras tradições (ÁLVAREZ, 2001). Neste sentido, o autor cita os estudos CTS na América Latina que têm como tema central o problema do desenvolvimento, considerando que é preciso reinterpretar as tradições dos estudos CTS com o objetivo de recriá-las, adequando-as ao contexto históricocultural de regiões e de países. Autores como González García, Lopez-Cerezo e Lujan-López (1996, apud SOUZA CRUZ; ZYLBERSZTAJN, 2001) e Alvarez (2001), entre outros, consideram essa divisão superada e dizem que a mesma foi importante apenas no início das discussões. Hoje, os estudos em CTS abrangem uma diversidade de programas filosóficos, sociológicos e históricos, os quais enfatizam a dimensão social da C&T. Assim, é preciso ressaltar que essa divisão geográfica das tradições obedece a critérios explicativos e desprovidos de regras de classificação territorial (ÁLVAREZ, 2001). Nas décadas de 1960 e 1970 a ciência era vista como solução e causa de problemas. Velho (2011) diz que os movimentos sociais e de contracultura, constituíram-se em terreno fértil para o questionamento da autonomia da Ciência e da visão unicamente positiva de seus impactos, fazendo surgir vários debates sobre a neutralidade da Ciência. Também nesse período, surgiu o Pensamento Latino-Americano de Ciência, Tecnologia e Sociedade (PLACTS), que trata de discutir de que Ciência e de que Tecnologia se está falando quando se trata da América Latina (VON LINSINGEN, 2007). De acordo com Velho (2011), esses questionamentos referentes à autonomia da Ciência, foram sendo discutidos por vários intelectuais e descritos a partir de diversas perspectivas, entre elas a de Lewis Mumfod (1895-1990) e Jacques Ellul (1912-1994), que sugeriam que havia 44 externalidades negativas associadas aos resultados e às aplicações da Ciência e da Tecnologia. Essas obras contribuíram para levar ao mundo acadêmico e ao público em geral o argumento de que a C&T estão imbuídas de valores e frequentemente problemáticas em termos dos impactos que acarretam na sociedade (VELHO, 2011). Em assuntos referentes à C&T, é importante considerar a interferência benéfica dos autores já citados, além de grupos sociais fortemente organizados. Chrispino (2008) relata que esse período da história presenciou o surgimento de inúmeros grupos chamados ativistas que, na sua maneira, buscavam chamar a atenção para os riscos aos quais estavam expostos os cidadãos. Segundo Bazzo (2010), o desenvolvimento científico-tecnológico foi de um extremo ao outro. No primeiro momento veio o encantamento e logo em seguida o ufanismo em relação à C&T. O autor considera que nas décadas de 1950 e 1960 a literatura era predominantemente anti-tecnológica, permanecendo assim até meados da década de 1970, década marcada pela perspectiva da contracultura. Nas décadas de 1970 e 1980 verificou-se a emergência de um novo interlocutor sobre os impactos ocasionados pela C&T – o Movimento Ambientalista – que passou a interagir e contribuir, formulando reivindicações e colocando em pauta o desenvolvimento de uma cidadania ambiental (FARIAS; FREITAS, 2007). Vale ressaltar a mudança da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e da sua tradicional ênfase na Ciência integrada para um ensino CTS. Desde o ano de 1974 este organismo recomenda como componentes essenciais da educação geral a iniciação à tecnologia e ao mundo do trabalho, bem como a importância de uma reflexão escolar sobre o contributo da Ciência para a nossa herança cultural (SANTOS, 2001). Desde então, a C&T vêm ditando os rumos e alternâncias do comportamento social, tanto no plano industrial quanto nos setores individuais (BAZZO, 2010). 45 Assim, passou-se a acreditar que os pesquisadores não devem ter total autonomia para decidir sua agenda de pesquisa, mas serem levados a trabalhar em problemas relevantes para a sociedade (VELHO, 2011). Nesta mesma época, vale ressaltar o Project Synthesis4 da National Science Foundation (NSF) que, já em 1977, apontava para cursos de Ciências com o objetivo de levar as crianças a compreenderem como é que a Ciência, a Tecnologia e a Sociedade influenciam umas às outras (HARMS, 1977 apud SANTOS, 2001). Devidos às várias iniciativas, Santos (2001) diz que a partir da década de 1970 algumas escolas passaram a incluir conteúdos que hoje podem ser chamados de CTS no Ensino de Ciências. Numa escala internacional, percebese que a tendência CTS no Ensino de Ciências entrou na escola há mais de quatro décadas. Desde o final da década de 1970 houve uma transformação da visão sobre C&T, onde a alternativa não consistia em mais C&T, mas num tipo diferente de C&T (AULER; BAZZO, 2001). Segundo Auler e Bazzo, houve um fenômeno de mudança em determinadas sociedades acerca da compreensão do papel da C&T na vida das pessoas. Essa nova mentalidade/compreensão da C&T contribuiu para a quebra do belo contrato social para a C&T, ou seja, o modelo linear/tradicional de progresso/desenvolvimento. Pode-se considerar uma coincidência histórica, pois no final da década de 1970 e princípio da década de 1980, a frase CTS, esteve vigente em vários lugares ao mesmo tempo, enquanto se desenvolvia um amplo consenso entre os educadores em Ciência sobre a necessidade de inovação na educação científica (AIKENHEAD, 2005). No Brasil, com o regresso da ditadura militar, a comunidade científica abraçou a luta por uma política científica congruente com a afirmação da atividade científica no país. Nas décadas seguintes surgiram vários órgãos de política científica que criaram instrumentos para a atividade científica na pós-graduação (FARIAS; FREITAS, 2007). Santos (2007) afirma que nesta década o Movimento CTS levou a proposição de novos currículos para o Ensino de Ciências, visando incorporar conteúdos de CTS. 4 Sínteses de Projeto – Tradução nossa. 46 Ao discutir a evolução da inovação educacional dos currículos de Ciências no Brasil, Krasilchik (1987 apud SANTOS; MORTIMER, 2002) assinala que na década de 1980 teve início a incorporação de uma visão de ciência como produto do contexto econômico, político e social. Em razão disso, a renovação do Ensino de Ciências passou a orientar-se pelo objetivo de analisar as implicações sociais do desenvolvimento científico e tecnológico. Para Velho (2011), nas décadas de 1980 e 1990 a Ciência foi vista como fonte de oportunidade e de estratégia para os processos de globalização da economia e da ideologia da liberalização, refletindo-se numa nova concepção de Ciência. Nesta época, na região latino-americana ocorreu uma mudança substancial nas políticas de C&T, onde as empresas começaram a promover a competividade internacional (VACCAREZZA, 1998). O grande número de pesquisadores que trabalhava fora do sistema acadêmico levou vários autores a questionarem o compromisso desses cientistas, pois, no que se refere a concepção de Ciência, acreditava-se que ela poderia ser socialmente construída (MULKAY, 1979; WEBSTER, 1991, apud VELHO, 2011). Para Velho (2011), esse argumento baseava-se em pesquisas empíricas que demonstravam que, na verdade, ao contrário de exibirem compromisso com as normas da Ciência, os cientistas que atuavam fora do sistema acadêmico mostravam um notável distanciamento desse tipo de conduta. No campo educacional, apesar de vários esforços e resultados encorajadores, o enfoque CTS ficou mais sólido a partir da década de 1980, graças ao alto grau de insatisfação com relação ao Ensino de Ciências da época e o clamor por reformas nessa área de ensino (SOUZA CRUZ; ZYLBERSZTAJN, 2001). Nesta mesma década Ziman (1980 apud SANTOS 2001) destaca fatores marcantes em nível internacional que foram importantes na história CTS na escola, destacando: A tese da Association for Science Education (ASE), no Reino Unido, de que todas as crianças devem aprender ciências, pelo menos até aos 16 anos e a colocação do foco dessa aprendizagem na ciência para o cidadão em vez da educação científica necessária ao ingresso na Universidade (ASE, 1979; 1981); A tomada de posição da National Science Teachers Association relativa ao ensino de ciências para a década de oitenta: “O 47 propósito da ciência durante 1980 é desenvolver indivíduos cientificamente alfabetizados que compreendam como a ciência, a tecnologia e a sociedade se influenciam e que sejam capazes de fazer uso da tomada de decisões no seu dia a dia”. Um indivíduo que aprecie o papel da ciência na sociedade e que compreenda as suas limitações (NSTA, 1982); Introdução pela NSTA da temática CTS como área de investigação, de 1981 a 1983 no programa “Search for Excellence Science Education”; O reforço da conscientização de professores e de autores dos países da União Europeia (UE) para incluírem a dimensão CTS na educação Básica, (a partir dos primeiros anos de escolaridade), atendendo a que as crianças constroem imagens CTS muito cedo, que a mudança dessas imagens não é tarefa fácil e que a inserção do aluno na sociedade atual, caracterizando-se por um forte componente científico-tecnológico, exige uma educação CTS (HARLEN, 1987); Chamada de atenção especial para problemas globais CTS em áreas consideradas chaves; A implementação de dois dos primeiros programas, que hoje se podem designar de CTS, um no Canadá, da responsabilidade de Aikenhed & Fleming: “Science a Way of Knowing” e outro na Inglaterra: “School Council Integrated Project (SCISP)”, centrados em abordagens filosóficas e/ou históricas; Desenvolvimento de dois programas escolares CTS, desenvolvidos no Reino Unidos (ASE): Science in Society” (LEWIS, 1981) e “Science in a Social Context” – SisCON (SOLOMON, 1983); Relatório de Harms (1981), sobre o projeto fundado pela National Science Foundation (NSF) – “Project Synthesis”, são considerados marcos importantes (ZIMAN, 1980, apud SANTOS, 2001, p. 39-40). Assim, a área CTS ganhou propriedade dentro dos programas escolares em Ciência, principalmente nos Estados Unidos. Estes e outros passos, ativamente presentes nos países anglo-saxônicos e no norte da Europa, contribuíram para uma tentativa de promover, na prática, uma articulação profunda entre CTS, gerando tendências curriculares neste sentido. Os programas desenvolvidos ao longo da década de 1980 reportam-se a questões e tópicos sociais com um forte componente científico e tecnológico (LAYTON, 1993 apud SANTOS, 2001). Na área educacional, a NSTA definiu como principal fim dos esforços do movimento CTS na escola uma Alfabetização Científica e Tecnológica (ACT), culminando, em julho de 1990, 48 com a aprovação de uma lista de 14 características que pretendiam definir uma pessoa científica e tecnologicamente alfabetizada: 1. Utiliza os conceitos científicos, é capaz de integrar valores, e sabe fazer por tomar decisões responsáveis no dia a dia. 2. Compreende que a sociedade exerce controle sobre as ciências e as tecnologias, bem como as ciências e as tecnologias se refletem na sociedade. 3. Compreende que a sociedade exerce controle sobre as ciências e as tecnologias por meio do viés das subvenções que a elas concedem. 4. Reconhece também os limites da utilidade das ciências e das tecnologias para o progresso do bem-estar humano. 5. Conhece os principais conceitos, hipóteses e teorias científicas, e é capaz de aplicá-los. 6. Aprecia as ciências e as tecnologias pela estimulação intelectual que elas suscitam. 7. Compreende que a produção dos saberes científicos depende, ao mesmo tempo, de processos de pesquisas e de conceitos teóricos. 8. Faz a distinção entre os resultados científicos e a opinião pessoal. 9. Reconhece a origem da ciência e compreende que o saber científico é provisório, e sujeito às mudanças a depender do acúmulo de resultados. 10. Compreende as aplicações das tecnologias e as decisões implicadas nestas utilizações. 11. Possui suficiente saber e experiência para apreciar o valor da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico. 12. Extrai da formação científica uma visão de mundo mais rica e interessante. 13. Conhece as fontes válidas de informação científica e tecnológica e recorre a elas quando diante de situações de tomada de decisões. 49 14. Tem certa compreensão da maneira como as ciências e as tecnologias foram produzidas ao longo da história. Santos (2001), após uma análise da literatura proveniente da comunidade educativa internacional, revela diferentes modalidades de desenvolvimentos de ensino no âmbito do movimento CTS e diferentes classificações dessas modalidades. Sobre essas classificações podemos destacar a proposta de Aikenhead (1994, apud SANTOS; SCHNETZLER, 2010), que classifica os currículos de Ensino de Ciências em relação à ênfase que atribuem às inter-relações CTS em oito categorias (Quadro 1): Quadro 1 - Categorias de ensino CTS. Categorias 1. Conteúdo de CTS como elemento de motivação. 2. Incorporação eventual do conteúdo de CTS ao conteúdo programático. 3. Incorporação sistemática do conteúdo de CTS ao conteúdo programático. 4. Disciplina científica (Química, Física e Biologia) por meio de conteúdo de CTS. 5. Ciências por meio de Descrição Ensino tradicional de ciências acrescido da menção ao conteúdo de CTS com a função de tornar as aulas mais interessantes. Ensino tradicional de ciências acrescido de pequenos estudos de conteúdo de CTS incorporados como apêndices aos tópicos de ciência. O conteúdo de CTS não é resultado do uso de temas unificadores. Ensino tradicional de ciências acrescido de uma série de pequenos estudos de conteúdo de CTS integrados aos tópicos de ciência, com a função de explorar sistematicamente o conteúdo de CTS. Esses conteúdos formam temas unificadores. Os temas de CTS são utilizados para organizar o conteúdo de ciências e a sua sequência, mas a seleção do conteúdo científico ainda é feita a partir de uma disciplina. A lista dos tópicos científicos puros é muito semelhante àquela da categoria 3, embora a sequência possa ser bem diferente. CTS organiza o conteúdo e Exemplos O que muitos professores fazem para “dourar a pílula” de cursos puramente conceituais. Science and Technology in Society (SATIS, UK), Consumer Science (EUA), Values in School Science (EUA). Havard Project Physics (EUA), Science and Social Issues (EUA), Nelson Chemistry (Canadá), Interactive Teaching Units for Chemistry (UK), Science, Technology and Society, Block J. (EUA), Three SATIS 1619 modules (What is Science? What is Technology? How Does Society decide? – (UK). ChemCon (EUA), os módulos holandeses de física como Light Sources and Ionizing Radiation (Holanda: PLON), Science and Society Teaching units (Canadá), Chemical Education for Public Understanding (EUA), Science Teachers’ Association of victoria Physics Series (Austrália). Logical Reasoning in Science 50 conteúdo de CTS. 6. Ciências com conteúdo de CTS 7. Incorporação das Ciências ao conteúdo de CTS. sua seqüência. O conteúdo de ciências é multidisciplinar, sendo ditado pelo conteúdo de CTS. A lista de tópicos científicos puros assemelhase à listagem de tópicos importantes a partir de uma variedade de cursos de ensino tradicional de ciências. O conteúdo de CTS é o foco do ensino. Os conteúdos relevantes de ciências enriquecem a aprendizagem. O conteúdo de CTS é o foco do currículo. O conteúdo relevante de ciências é mencionado, mas não é ensinado sistematicamente. Pode ser dada ênfase aos princípios gerais da ciência. 8. Conteúdo de CTS Estudo de uma questão tecnológica ou social importante. O conteúdo de ciências é mencionado somente para indicar uma vinculação de CTS com as ciências. Fonte: Extraído Santos e Schnetzler, 2010, p. 71-72. and Technology (Canadá), Modular STS (EUA), Global Science (EUA), Dutch Environmental Project (Holanda), Salters’ Science Project (UK). Exploring the Nature of Science (Ing.) Society Environment and Energy Development Studies (SEEDS), modules (EUA), Science and Technology 11 (Canadá). Studies in a Social Context (SISCON), in Schools (UK), Modular Courses in Technology (UK), Science A Way of Knowning (Canadá), Science Technology and Society (Austrália), Creative Role Playing Exercises in Science and Technology (EUA), Issues for Today (Canadá), Interactions in Science and Society – vídeos (EUA), Perspectives in Science (Canadá). Science and Society (UK), Innovations: The Social Consequences of Science and Technology program (EUA), Preparing for Tomorrow’s World (EUA), Values and Biology (EUA). Os critérios para o estabelecimento das categorias expressas no quadro 1 foram: a proporção de conteúdos CTS relativamente ao conteúdo tradicional de Ciências, as formas de agendarem conteúdo e a acentuação, mais ou menos pronunciada, posta na avaliação de conteúdo CTS em relação a conteúdos tradicionais de Ciências (SANTOS, 2001). Para a autora, nas categorias 1 a 3 a organização do conteúdo de Ciências segue tendências tradicionais; nas categorias 4 a 8, a organização do conteúdo de Ciências segue uma sequência ditada pelo próprio conteúdo CTS. Nestas últimas categorias o apelo ao conteúdo das Ciências é no sentido de fundamentar a visão quotidiana do mundo. 51 Para Aikenhead (1994, apud SANTOS; SCHNETZLER, 2010), os cursos típicos de Ciências com enfoque CTS seriam aqueles entre as categorias três e quatro que possuem uma ênfase nos conteúdos científicos, mas que abordam os conteúdos das inter-relações CTS de forma mais sistemática. Auler (2002) entende que um curso classificado na categoria 1 talvez nem pudesse ser considerado como CTS, devido ao baixo status atribuído ao conteúdo CTS. Mas, a categoria 8 estaria expressando cursos radicais de CTS nos quais os conteúdos de Ciências praticamente não são abordados. Ainda segundo Auler, até a categoria quatro há uma ênfase maior no ensino conceitual de Ciências, sendo que a partir da categoria cinco a ênfase muda para a compreensão dos aspectos das inter-relações entre CTS. No Brasil, na década de 1990, ainda que em vozes isoladas, já se via a necessidade de se considerar as implicações sociais da C&T no ensino (KRASILCHIK, 1985, apud SOUZA CRUZ; ZYLBERSTAJN, 2001). Nesta mesma década, Fensham (1981 apud AIKENHEAD, 2003), entre outros, acreditava que as condições sociais mudaram o suficiente para resistir a uma mudança fundamental no currículo de Ciências. Von Linsingen (2007) afirma que nessa mesma época, o Ensino Fundamental já era influenciado por CTS, no qual a disciplina Ciências passou a ser pensada mais criticamente. As relações CTS apareceram com mais ênfase na educação científica brasileira na década de 1990, como se percebe pelo destaque que passa a ser dado a este campo de pesquisa, no qual as pesquisas e os materiais com a denominação CTS começam a surgir (SANTOS et al., 2010). No Brasil, neste mesmo período, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), editados pelo Ministério da Educação (MEC), ressaltam que a nossa tradição de Ensino das Ciências Naturais é excessivamente disciplinar e propedêutica, deixando para o ensino superior a responsabilidade de explorar os conteúdos (FARIAS; FREITAS, 2007). Nesta primeira versão, os PCN trazem recomendações especificas para as disciplinas, ou seja, tópicos relativos ao princípio da contextualização em que 52 se explicita a inclusão de temas que englobem as inter-relações entre C&T (SANTOS, 2007). No Brasil, este movimento vem se consolidando nos últimos 30 anos (VON LINSINGEN, 2007). Como marco, pode-se considerar a realização da Conferência Internacional sobre Ensino de Ciências para o Século XXI: ACT – Alfabetização em Ciência e Tecnologia 1990, na qual foram apresentados vários trabalhos de pesquisadores estrangeiros sobre CTS no Ensino de Ciências (SANTOS; SCHNETZLER, 2010). Conforme Santos e Schnetzler (2010), nos anos seguintes, após a conferência internacional, foram desenvolvidas várias pesquisas em Programas de Pós-Graduação envolvendo a temática CTS no Ensino de Ciências, bem como a apresentação de trabalhos em congressos e publicações de artigos sobre essa temática. A década de 1990 foi marcada, também, pela grande elaboração de vários materiais didáticos e projetos curriculares no Brasil, incorporando elementos da perspectiva CTS (SANTOS; MORTIMER, 2002). Sobre as publicações de livros, faz-se importante citar duas publicações que vieram dar mais luz ao enfoque CTS brasileiro: a primeira foi em 1997, quando Santos e Schnetzler lançaram o livro Educação em Química: compromisso com a cidadania; a segunda foi em 1998, quando Bazzo publicou o livro Ciência, Tecnologia e Sociedade. Vale citar, ainda, a publicação do livro Ciência, Tecnologia e Sociedade: pesquisa e ensino, organizado por Maciel, Amaral e Guazzelli, em 2010. No ano de 2000 teve-se a criação de Grupo de Trabalho em CTS na Associação Brasileira de Pesquisa e Educação em Ciências e a publicação de vários artigos na temática, em periódicos de Ensino de Ciências (SANTOS; SCHNETZLER, 2010), podendo-se destacar a publicação de seis artigos sobre CTS em um número da revista Ciência e Educação (vol. 7, n. 2, 2002) e do número especial da revista Ciência & Ensino, dedicado a CTS (vol. 1, n. especial, 2007). Destacam-se, ainda, as contribuições dos trabalhos apresentados durante o II Seminário Ibero-Americano CTS no Ensino de Ciências (II SIACTS-EC), ocorrido em Brasília no ano de 2010, e no I e II 53 Seminários Hispano-Brasileiro de Avaliação das Atividades Relacionadas com Ciência, Tecnologia e Sociedade (I e II SHBCTS), ocorrido em São Paulo nos anos de 2008 e 2012. Desde então, propostas de cursos CTS para o Ensino de Ciências vêm sendo pensadas pelos pesquisadores da área, tanto para a educação básica quanto para cursos superiores e até de Pós-Graduação. Devemos ressaltar que o objetivo desse ensino CTS é promover a educação científica e tecnológica dos cidadãos. Em outras palavras, pode-se dizer que o objetivo principal do enfoque CTS no Ensino de Ciências é o desenvolvimento da capacidade de tomada de decisão (SANTOS, 2007). É significativo frisar, todavia, que embora ainda se continue a encontrar na literatura menção à CTS, currículos com enfoque CTS não são mais desenvolvidos como foram nas décadas passadas, e novas denominações têm sido utilizadas para a inserção das inter-relações CTS, tais como a abordagem de aspectos sociocientíficos ou de questões sócio-científicas (SANTOS; SCHNETZLER, 2010). O século XX foi notável não apenas pelos avanços tecnológicos e as conquistas civilizacionais, mas também pelos grandes massacres e revoluções políticas. No domínio das invenções tecnológicas são muitas as conquistas que modificaram profundamente a vida pessoal, familiar, profissional e social, aumentando o bem-estar social, e criando novas necessidades e novos hábitos de vida (MARTINS; PAIXÃO, 2011). Segundo as autoras, o século XX foi pródigo em produtos e meios que alteraram profundamente a vida da e em sociedade como novos estilos de vida. A principal meta do Movimento CTS, numa perspectiva de ACT, é alargar o âmbito da Ciência para além da sala de aula – um ensino que se centre mais em objetivos culturais e práticos (SANTOS, 1999). Referente ao século XXI, que há pouco completou uma década, Velho (2011) diz que esse século pode ser intitulado de a Ciência para o bem da 54 Sociedade, mesmo que esse paradigma ainda esteja em construção, em competição com o anterior. Ainda segundo Velho (2011), à luz de tal contexto, a nova concepção de Ciência que está sendo delineada admite que existam muitas formas diferentes de conhecimento e que estas se relacionem de forma variável e assimétrica, ou seja, a Ciência é culturalmente situada e construída e incorpora conhecimentos locais, abrindo espaço para estilos nacionais de produção, ao lado dos universais. Para o mesmo autor, nesta nova concepção de Ciência que ainda toma contorno, não se nega que os pesquisadores tenham papel destacado, mas reconhece-se a participação de múltiplos fatores associados em redes de configurações variáveis, segundo o evento, pois o conhecimento se faz de forma predominantemente interdisciplinar e se dá nos locais mais variados. As invenções e aplicações da C&T, ocorridas na primeira década do século XXI, já alcançaram uma relevante repercussão no nosso presente e, certamente, continuarão a tê-la, de forma ainda mais acentuada no futuro (MARTINS; PAIXÃO, 2011). Para que isso ocorra de forma acentuada, é importante enfatizar que a pesquisa no contexto de aplicação, com participação de usuários, pode e certamente inclui o desenvolvimento de pesquisa fundamental que combina relevância (para contextos específicos, possivelmente locais) e excelência acadêmica (o avanço da ciência). Assim, não se pode negar que é fundamental desenvolver capacitação para o desenvolvimento de métodos e técnicas de avaliação compatíveis com a nova concepção de ciência e de sua relação com a tecnologia e processo de inovação, visando o bem estar da sociedade (VELHO, 2011). A partir da relação CTS aqui apresentada, concordamos com Chrispino (2010) quando afirma que esse percurso histórico teve dois momentos: Primeiro Momento: refere-se à característica daquela visão acrítica e neutra que se deu à Ciência e à Tecnologia ao longo do tempo, que com o amadurecimento dos estudos CTS, se transformou numa área inter/transdisciplinar, que atraiu estudantes e profissionais da área das chamadas ciências exatas e da natureza, mas também recrutou alunos e pesquisadores das chamadas ciências humanas e sociais. Segundo Momento: foi marcado pela superação do processo reativo, 55 criando ações planejadas e mecanismos de multiplicação das ideias defendidas e organizadas até então (CHRISPINO, 2010, p. 10). O segundo momento corresponde ao surgimento de cursos e programas de estudos CTS voltados, principalmente, para a alfabetização sobre tecnologia, o que transcende a alfabetização em tecnologia e que não deve permitir a visão ingênua de achar que, se entendêssemos melhor a tecnologia, mais tecnologia desejaríamos (CUTCLIFFE, 2003 apud CHRISPINO, 2010, p. 10). Inserir a abordagem de temas CTS no Ensino de Ciências com uma perspectiva crítica, significa ampliar o olhar sobre o papel da C&T na sociedade e discutir, em sala de aula, questões econômicas, políticas, sociais, culturais, éticas e ambientais. Essas discussões envolvem valores e atitudes, mas precisam estar associadas à compreensão conceitual dos temas relativos aos aspectos sócios científicos, pois a tomada de decisão implica a compreensão de conceitos científicos relativos à temática em discussão (SANTOS, 2007). A educação CTS tem se firmado como campo de conhecimento, congregando investigadores e professores de todos os níveis de escolaridade e em todos os continentes. As orientações CTS espelham-se em currículos, recursos didáticos e estratégias de ensino, o que tem remetido para a necessidade de uma adequada formação de professores (MARTINS; PAIXÃO, 2011). O enfoque CTS abarca desde a ideia de contemplar interações entre CTS apenas como fator de motivação no Ensino de Ciências, até aquelas que postulam como fator essencial desse enfoque a compreensão dessas interações, a qual, se levada ao extremo por alguns projetos, faz com que o conhecimento científico desempenhe um papel secundário (AULER, 2002). 2.2 Natureza da Ciência e da Tecnologia (NdC&T) Visando apresentar os objetivos, modalidades de implementação e desafios em relação à inserção e interação da temática no processo educacional, recorremos predominantemente à bibliografia internacional, 56 precisamente a europeia e americana, apresentando uma breve revisão relativa a esse campo, pois se trata de um enfoque ainda bastante incipiente no contexto brasileiro. A literatura referente à NdC&T apresenta diversas visões sobre o que se deve considerar como enfoque nesta temática, destacando distintos aspectos implicados nela mesma. A NdC&T é um embrião fecundo, originário dos estudos CTS, e que vem ganhando cada vez mais força no contexto educacional. Sabemos que a C&T tem uma presença ubíqua, notória e significativa nas mais diversas áreas da sociedade. Em consequência, é uma necessidade categórica na educação atual para que os cidadãos e cidadãs alcancem uma compreensão básica sobre C&T, a qual deverá ser útil para a tomada de decisões e a participação dos mesmos nas mais diversas situações nas trajetórias futuras, pessoais, acadêmicas e/ou profissionais, relacionadas com C&T (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012). Hicks e Holden (1995, apud PRAIA; GIL-PÉREZ; VILCHES, 2007, p. 145), assinalam para que estudantes cheguem a ser cidadãos e cidadãs responsáveis, é preciso que seja proporcionado ocasiões para que eles venham a ver e analisar os problemas globais que caracterizam essa situação de emergência planetária, e ao mesmo tempo, considerar possíveis soluções para eles. Para que essas ocasiões venham a ser proporcionadas Vázquez-Alonso (2010) apresenta duas visões: a tradicional e a dialética: A visão tradicional e absoluta de C&T sustenta um modelo de investigação científica análogo a um jogo com dois jogadores, o cientista, buscador de repostas (descobridor) e a natureza, dispensadora das respostas. A visão dialética (moderna) de C&T, a investigação é um jogo de três jogadores: um grupo de trabalho, a natureza, que condiciona o conhecimento, porém impõem de forma absoluta, e o outro grupo de cientistas, que discute com o primeiro (comunidade). (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010, p. 55). Na visão tradicional, o método científico é o árbitro imparcial (absoluto) que decide se foram seguidas ou não as regras, e em consequência, se o 57 conhecimento é válido ou não. O autor acrescenta que o conhecimento corresponde ontologicamente à realidade (como uma cópia fiel) e, em consequência, é objetivo, realista, racional e induzido empiricamente; é o conhecimento como os cinco A: absoluto, ahistórico, asocial, acultural e afisiológico. Devido à sua simplicidade, a visão tradicional tem se tornado popular e vem inspirando propostas de inovação para o Ensino de Ciência e Tecnologia (EdC&T) como, por exemplo, aprendizagem por descoberta. Já na visão dialética não existe um árbitro imparcial que decide sobre a validade do conhecimento, sendo que este é uma representação da realidade, de acordo com a comunidade (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010). O mesmo autor diz que a ontologia5 subjacente é instrumentalista, pois a comunidade científica constrói (inventa) feitos, objetos e teorias do conhecimento cientifico (que não têm porque serem cópias exatas da realidade) em dois níveis: um grupo de trabalho, onde domina o pensamento plural, criativo e inovador, que representa suas construções para a comunidade profissional, a qual valoriza a coerência e a capacidade explicativa, e outro que prediz os argumentos, que conectam os novos resultados com os velhos. Nesta visão, produto das reflexões da História, Filosofia e Sociologia da Ciência sobre os avanços do século XX, a racionalidade deixa de ser prioridade (absoluta) das teorias, sendo mais a qualidade dos argumentos que os sustenta (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010). Manassero-Mas (2010) descreve que o reconhecimento explícito de C&T como produção humana pelo cidadão inclui, também, reconhecer as características do sistema de C&T como uma parte mais de organização social humana, e que o sistema interage continuamente com a sociedade que o sustenta. A autora completa dizendo que nesse sistema há um intercâmbio mútuo, onde C&T influem sobre a sociedade e que a sociedade, por sua vez, condiciona e influi sobre o sistema de C&T nas mais diversas áreas, principalmente na educação, através da educação cientifica. 5 Ciência do ser, Doutrina do ser, Estudo do ser, Reflexão sobre o ser, Teoria do ser. 58 Um objetivo fundamental da educação científica deveria ser que os estudantes fossem capazes de produzir explicações que pudessem ser julgadas como científicas (CAAMAÑO, 2012). Porém, essa imagem de educação não é real, pois a imagem de C&T transmitida (por omissão ou implicitamente) através da educação em C&T é, principalmente, a visão tendenciosa e mística tradicional (absoluta, racional, objetiva, nomeada, dogmática e livre de interferências externas, culturais, sociais, etc). Esta visão tem incluído uma série de preconceitos e mitos sobre a NdC&T que se resumem como sendo: Infalibilismo; Verdade absoluta e incontrovertível; Crença empirista: os dados falam por si mesmos (a evidência empírica permite sempre a verificação decisiva de hipóteses); O progresso apenas acumulativo da Ciência; Crença e imaginação não atuam em C&T; Realismo ingênuo: conceitos, teorias e leis refletem a natureza como ela é; As relações entre Ciência e Tecnologia: Tecnologia como Ciência aplicada; Rol de hipóteses, teorias e leis: a fabula de leis-como-teoriasmaduras; Qualidade dos cientistas: desinteresse, objetividade, isolamento; Valores: comunismo, organizado; universalismo, desinteresse, ceticismo Atitude científica tecnocrática: C&T podem resolver todos os problemas; Neutralidade: Independência social da Ciência; Existe um método científico geral e universal (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010. P. 56). Em razão disso, devemos proporcionar ocasiões para que os estudantes possam analisar e compreender os intercâmbios entre CTS e os mais diversos problemas globais que enfrentamos diariamente. Para que todos os cidadãos consigam enxergar este viés de troca recíproca entre ambos, estudos no 59 campo de Ensino de Ciência com enfoque CTS defendem que a alfabetização em C&T se converte em um objetivo básico e prioritário de uma educação inclusiva e para todos. Este é um dos objetivos de muitos currículos de Ciências que pode ser compreendido de diversas maneiras, tais como o papel da C&T na tomada de decisões na comunidade, no trabalho, em casa, etc. (ACEVEDO et al., 2005). Para que alcancemos os mais diversos objetivos de melhoria do Ensino de Ciências, este não pode centrar-se no mero conhecimento científico e tecnológico; deve apresentar um enfoque mais holístico e com autêntica relevância social, incluindo os valores éticos e democráticos que se põem em jogo quando C&T intervêm na sociedade (HOLBROOK, 2000 apud VÁZQUEZALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 14). Os autores completam dizendo que este enfoque holístico, a relevância social, os valores éticos e democráticos, nos apresentam a idéia de uma ciência para todos, onde se pretende um ensino de ciências escolar que não exclua nada, afrontando e buscando um equilíbrio entre inclusão e relevância para todos os estudantes. A interdependência de C&T vem crescendo devido a sua incorporação às atividades industriais, sociais, educacionais, etc. Devido a isso, se faz difícil hoje classificar um trabalho como puramente científico ou puramente tecnológico (FERNÁNDEZ et al., 2003). Ainda segundo os mesmos autores, é essencial para uma adequada alfabetização cientifica e tecnológica de todas as pessoas uma orientação que busque superar a suposta e empobrecedora confrontação, amplamente aceita, entre cultura humanística e tecnocientífica, e contribuir para uma melhor C&T como atividades abertas e criativas, socialmente contextualizadas. Nos últimos anos, a História, a Filosofia e a Sociologia da Ciência e da Tecnologia têm feito evoluir a representação de C&T, desde uma visão tradicional e absoluta, própria da concepção herdada do positivismo lógico, para uma visão mais dialética e sensível às grandes trocas dinâmicas que vem sofrendo a moderna Tecnociência (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001; VÁQUEZALONSO, 2010). 60 Conforme Acevedo et al., (2005), têm-se relatado resultados positivos quando se usam atividades baseadas em pesquisas científicas, na história e na filosofia da ciência contextualizadas e com um enfoque CTS, sendo capazes de relacionar o mundo real e quotidiano dos alunos. Como sabemos, a ciência evolui e com ela evoluem os mais diversos setores da sociedade, independente de seu compasso, pondo em causa as suas verdades de ontem. É da Natureza da Ciência (NdC) procurar respostas para os seus problemas, mas queremos, sobretudo, salientar que é também da NdC que devemos procurar problemas para as respostas que já se tem. Nas pesquisas realizadas em Didática das Ciências, cada vez mais se considera que um dos objetivos mais importantes da educação científica é que os estudantes dos mais diversos níveis cheguem a adquirir uma melhor compreensão da NdC (ACEVEDO et al., 2005). Deste modo, a presença da NdC no currículo de Ciências é valorizada pelos que concebem uma educação científica mais apropriada para o século XXI (ACEVEDO et al., 2005). A NdC é considerada um conteúdo essencial em muitos documentos curriculares atuais de Ensino de Ciências, e ainda conta com uma destacada atenção nas recentes avaliações internacionais de alfabetização cientifica e de competência científica como, por exemplo, Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA)6 (ACEVEDO-DÍAZ et al., 2007a, 2007b; ACEVEDO-DÍAZ, 2010), apesar de, na realidade, sabermos que um ensino de NdC, de qualidade, e uma aprendizagem efetiva na NdC ainda estão muito longe dessa concepção de educação no Ensino de Ciências (LEDERMAN, 2006). O Ensino da NdC aparece cada vez mais associado à alfabetização científica e tecnológica de todas as pessoas. Para isso, numerosos especialistas em Didáticas da Ciência têm apelado para um argumento democrático, ou seja, defendem que uma melhor compreensão da NdC permite tomar decisões mais refletidas sobre questões tecnocientíficas de interesse social, o que contribui para tornar mais possível a participação da educação na formação para a cidadania (DRIVER et al., 1996 apud ACEVEDO-DÍAZ et al., 2005, p. 5). 6 Fonte:<http://portal.inep.gov.br/internacional-novo-pisa-resultados>. 61 As questões da NdC constituem hoje um dos elementos centrais e inovadores da alfabetização científica e tecnológica para todas as pessoas e, portanto, configuram-se como um aspecto essencial do currículo de ciências que inspira a educação científica do presente (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2008). De acordo com o autor, como em qualquer aprendizagem, o ensino da NdC deve avançar das crenças mais simples para as mais complexas, de tal forma que as aparentemente mais simples, acessíveis e menos polêmicas, são necessárias para uma sequência adequada nas diferentes etapas da educação científica dos estudantes mais jovens. Ainda segundo o mesmo autor, além da coerência nas finalidades educacionais, a adaptação para o contexto também implica que os conteúdos da NdC devem possuir uma série de características comuns, tais como viabilidade, utilidade, gradação, exclusividade, etc. Um bom conhecimento de NdC é absolutamente necessário, porém insuficiente para garantir um ensino de NdC adequada. A formação eficaz do professor em um ensino de NdC é um aspecto essencial da didática da ciência (ACEVEDO-DÍAZ, 2010). Para o autor, os conteúdos de NdC da forma como são apresentados em aula, muitas vezes integrados em diferentes temas de Ciências, poderiam ser a explicação sobre como esse ensino e estes conteúdos influenciam as crenças dos professores sobre a NdC e seu ensino. Um ensino de NdC mais eficaz, requer que os professores se sintam cômodos com o discurso sobre a NdC, adquirindo, assim, capacidade para ensinar e querer fazer. Ademais, os professores necessitam dispor de conhecimento sobre as distintas maneiras de representar diferentes aspectos da NdC, para adaptá-los aos diversos interesses e capacidades dos alunos (ACEVEDODÍAZ, 2010). Mccomas (2005, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012), apresenta um conjunto de concepções sobre a NdC mais compactado, sistemático e compreensível. Estas concepções são as seguintes: 62 A ciência requer e se baseia em evidências empíricas; A produção do conhecimento científico compartilha muitos fatores comuns em forma de hábitos mentais, normas, pensamentos lógicos e métodos. Os experimentos não são a única via para o conhecimento científico; A ciência utiliza tanto o raciocínio indutivo como provas hipotéticodedutivas; Não há nenhum método científico passo a passo mediante o qual se realiza toda a ciência; Não há desenvolvimento através revolucionária segundo Thomas Kuhn; da ciência normal e O conhecimento científico é provisório, durável e auto corrigível. Isto significa que a ciência não pode provar nada definitivamente, porém muitas conclusões científicas seguem sendo valiosas e de larga duração, devido a forma em que se desenvolve os processos de investigação, a detenção a correção de erros são parte do processo. As leis e teorias são tipos distintos de conhecimentos científicos, porém estão relacionadas entre si. As hipóteses são aulas especiais e gerais do conhecimento cientifico. A ciência tem um componente criativo. As propostas imagináveis são determinadas no progresso do conhecimento científico. A ciência tem um elemento subjetivo. As Leis e as observações da ciência estão carregadas de teorias, esse viés pode desempenhar papéis positivos e negativos na investigação científica. Há influências históricas, culturais e sociais na prática e direção da ciência. Ciência e tecnologia se inter-relacionam. A ciência e seus métodos não podem contestar todas as perguntas. Em outras palavras, existem limites sobre os tipos de perguntas que se pode pedir que responda a ciência. (McCOMAS, 2005, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 7). Acreditamos que professores que consigam dispor deste conjunto de concepções sobre a NdC no seu dia a dia e, principalmente, em seu contexto de trabalho, têm condições de proporcionar para seus alunos uma aprendizagem com uma visão mais atual da sociedade. A aprendizagem sobre a NdC tem permitido aos estudantes compreender o funcionamento da ciência e da comunidade científica; conhecer 63 como se constrói e se valida o conhecimento científico; ser consciente dos valores implicados nas atividades científicas e entender as relações que existem entre CTS (CAAMAÑO, 2012). Uma parte fundamental do currículo se centra em ensinar ideias de ciências sem incorporar ideias sobre a Ciência, relativas ao processo como se chegou ao conhecimento, o que se comprova em muitos estudos sobre as ideias que têm os professores e alunos sobre a ciência (FERNANDÉZ et al., 2005 apud CAAMAÑO, 2012, p. 121). Esse fato justifica a necessidade de introduzir a compreensão de NdC nos currículos escolares de Ciência que vem sendo reinvidicada já há algum tempo por alguns pesquisadores (MILLAR; OSBORNE, 1998; MILLAR, 2006; VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2007). Não devemos esquecer as contribuições que a sociologia da ciência pode trazer para o modelo de ciência escolar. Às vezes se tende a interpretar a NdC somente do ponto de vista da epistemologia da ciência, porém, na realidade, a NdC inclui as relações da sociedade com o sistema tecnocientífico (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2007). Deste modo, a NdC engloba uma variedade de aspectos sobre o que é ciência, seu funcionamento interno e externo, como constrói e desenvolve o conhecimento que produz os métodos que usa para validar este conhecimento: os valores implicados nas atividades científicas, a natureza do conhecimento cientifico e as relações entre CTS (CAAMAÑO, 2012). Sobre estas implicações Caamaño (2012) apresenta alguns pontos chaves sobre a NdC na escola: A Ciência é uma atividade encaminhada à construção de conhecimentos que apresenta três fases: a fase do descobrimento (construção de teorias e modelos), a fase de justificação e de avaliação de modelos embasando-se em provas e a fase de comunicação; A Ciência é uma atividade orientada a produzir modelos que ajudem a explicar os fenômenos que queremos compreender. Os modelos científicos são mediadores entre a realidade que se moderniza e as teorias sobre a realidade; Os alunos não aprendem conceitos soltos, se não formando conjuntos que têm sentido para eles, ou seja, construindo modelos mentais sobre os fenômenos que são apresentados na ciência escolar; 64 O processo de desenvolvimento curricular em aula consiste em elaborar uma sucessão de modelos que, progressivamente, se vai completando até chegar ao modelo científico escolar, desenhado para cada nível de aprendizagem; Em muitos âmbitos da didática da ciência, se defende um modelo de ensino indagativo que implique a elaboração de modelos de Ciência com a participação ativa dos estudantes; Prestar atenção à natureza do linguajar utilizado em aula é um aspecto importante para melhorar a compreensão do status do conhecimento científico e a forma como esta vária; Um objetivo fundamental da educação científica deveria ser que os estudantes fossem capazes de produzir explicações que pudessem ser julgadas como científicas; A argumentação pode caracterizar-se como uma avaliação do conhecimento à luz das provas disponíveis. Daí a importância do ensino como um elemento essencial para a compreensão da NdC; É útil entre os dois tipos de argumentação na escola: a argumentação para a educação científica, peça fundamental do processo de elaboração dos conceitos e teorias, e a argumentação para a educação cidadã, quer dizer, a argumentação sobre temas sócio científicos, meio ambiente, etc; As ideias sobre a Ciência podem agrupar-se em três categorias: os métodos da Ciência, a Ciência como atividade humana e as relações Ciência e Sociedade; As atividades mais apropriadas para a compreensão da NdC são as atividades de investigações, o estudo de casos históricos e contemporâneos, as atividades de modelização, de argumentação e comunicação, as atividades que impliquem a discussão de controvérsias científico-tecnológicas (CAAMAÑO, 2012, p. 122). Esses pontos chaves têm implicações no ambiente escolar e devem proporcionar uma aprendizagem articulada e contextualizada dos procedimentos científicos; mostram sua diversidade e utilidade, sendo, provavelmente, a melhor maneira de se conseguir trabalhar com NdC a partir de uma atividade em sala de aula. Vázquez-Alonso et al. (2001) descrevem que as reflexões epistemológicas feitas sobre os quatros paradigmas (positivismo, realismo, relativismo e pragmatismo) podem até complicar este objetivo, pois sugerem que a NdC é filosófica, social e historicamente dialética entre pólos contrários que dão lugar a numerosas questões polêmicas. 65 Eflin et al. (1999 apud VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001) destacam acordos e desacordos entre os experts em educação científica sobre a NdC. Os acordos se centram em: 1. A principal finalidade da Ciência é adquirir conhecimento sobre o mundo físico; 2. O mundo possui uma ordem fundamental que a ciência pretende descrever de uma maneira mais simples e compreensiva possível; 3. A Ciência é dinâmica, provisória e pode mudar; 4. Não existe um único método científico. (EFLIN et al., 1999, apud VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001, p. 163). Os desacordos mais importantes aparecem nos seguintes pontos: 1. A geração de conhecimento científico depende de compromissos teóricos e fatores sociais e históricos (contextualismos); 2. A verdade das teorias científicas vem determinada por aspectos do mundo que existem independentemente dos cientistas (realismo ontológico). (EFLIN et al., 1999, apud VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001, p. 163). Parece óbvio que a compreensão da NdC deveria ter para o Ensino de Ciências uma implicação direta, ou seja, o currículo deveria incluir algum tipo de conteúdo atualizado de História, Filosofia e Sociologia da Ciência (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001). Para os autores, os atuais cursos de Ciência que já incluíram em seu planejamento o objetivo de compreensão da NdC, ainda demonstram certo viés, ou seja, seu interesse principal ainda é pelos tópicos tradicionais de Ciência, situando num segundo plano os conteúdos de História, Filosofia e Sociologia da Ciência. Os mesmos autores consideram que: O primeiro caso trataria de um ensino especializado (materiais específicos e optativos, cursos universitários, curso de formação de pós-graduação, etc), que requer a participação de um currículo explícito permitindo incorporar de uma maneira natural as idéias, com auxílio adequado ao nível de desenvolvimento do aluno. A segunda alternativa é o curso de ciências comum nas escolas básicas, tendo maior transcendência porque afetaria a todos os estudantes (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001, p. 164). 66 Se a escola básica proporcionar um ensino de qualidade, pautado pela apresentação explícita dos conteúdos comuns ao nível de ensino de uma forma que os estudantes se apropriem dos seus significados, já estará facilitando uma melhor compreensão acerca da NdC. Segundo Vázquez-Alonso et al. (2001), o currículo de ciências tem que se comprometer com o objetivo de compreender a NdC em duas dimensões complementares: a inclusão sistemática de questões e temas significativos de Histórias, Filosofia e Sociologia da Ciência e o ganho que tal objetivo traz, como uma meta comum a ser incorporada por todas as disciplinas da área de ciências e de tecnologia. Ainda conforme os autores, a educação científica deve assumir esse objetivo transversal e global, de acordo com a NdC a ser adotada, para trabalhar com todos os conteúdos e atividades de aula de Ciências. Desse modo, parece que não devem existir contradições evidentes entre as disciplinas para que os alunos possam alcançar uma compreensão adequada, crítica e atualizada de NdC. Isso é algo que deve ser observado no momento da elaboração dos currículos escolares. Parafraseando Vázquez-Alonso et al. (2001), os objetivos educacionais que se planejam devem ser claros, ainda que não ambiciosos. Uma pessoa alfabetizada cientificamente deve aprender algo sobre NdC para poder distinguir o que é Ciência do que não é Ciência; ter razão para compreender e interessar-se pelos temas científicos e sustentar crenças científicas; ser capaz de compreender e debater argumentos contrários aos próprios e criticar a si mesmo. Ainda que estes objetivos possam parecer modestos, são valiosos para o Ensino de Ciências de todas as pessoas, não tanto por sua profundidade, mas sim por sua capacidade para chegar a todos os cidadãos, especialmente para aqueles que não irão prosseguir no futuro com uma formação científica especializada (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001). Para aqueles que reduzem o termo NdC fundamentalmente à Epistemologia da Ciência, convém esclarecer que a NdC se refere a todas as características do conhecimento científico derivado da investigação científica. Alguns consideram que o termo NdC, ainda que bem implantado na bibliografia 67 especializada, pode dar lugar a certas confusões, por isso sugerem o termo natureza do conhecimento cientifico, o qual seria mais apropriado de um ponto de vista epistemológico (LEDERMAN, 2006). Ainda existem diferentes concepções sobre o significado do termo NdC, mas entre os profissionais da área de Didática e a comunidade internacional de Ciências parece haver algum consenso sobre o significado de NdC na atualidade (BELL, 2005; EFLIN; GLENNEN; REISH, 1999; SMITH et al., 1997 apud ACEVEDO-DÍAZ, 2009b, p. 358), o que significa um avanço para o campo do Ensino de Ciências. Para Acevedo-Díaz (2009b) o principal debate ao redor deste consenso se centra hoje no significado da NdC, o qual deve limitar-se a inclusão da Epistemologia da Ciência no Ensino da Ciências, e dos conteúdos de NdC, que deveriam ser ampliados nos aspectos essenciais da Sociologia Interna e Externa da Ciência, assim como das relações entre CTS. Os enfoques didáticos para o ensino de NdC podem ser classificados, de um modo geral, em implícitos e explícitos: O enfoque implícito sugere que se pode conseguir uma compreensão da NdC de modo indireto mediante um ensino embasado na aquisição de habilidade no processo de Ciência, envolvendo os estudantes em atividades de indagação científica. Nos enfoques implícitos que propõem um ensino de destrezas nos processos da Ciência e atividades de indagação científica se assume que os estudantes podem chegar a conseguir um conhecimento do significado da NdC mediante experiências adequadas com uma metodologia baseada em “fazer ciência” nas escolas e sem necessidade de fazer referências explícitas a aspectos de NdC (LAWSON, 1982 apud ACEVEDO-DÍAZ, 2009b, p. 358). O enfoque explícito recomenda afrontar o objetivo de melhoria das crenças sobre a NdC mediante um planejamento em vez de esperar obter um feito como produto secundário dos enfoques implícitos no Ensino das Ciências (AKINDEHIN, 1988, p. 73 apud ACEVEDO-DÍAZ, 2009b, p. 359). A investigação vem mostrando que um enfoque implícito desta classe geralmente resulta como pouco eficácia para ajudar os estudantes a desenvolver concepções mais adequadas sobre NdC. Já o enfoque explícito, que orienta o ensino sobre diversos aspectos da NdC, utilizando distintos elementos de história da ciência ou, em menor grau, de filosofia da ciência, 68 vem se mostrando mais adequado para a compreensão da NdC pelos estudantes (ACEVEDO-DÍAZ, 2009b). O enfoque explícito é recomendado pelo National Science Education Standards (NRC, 1996, apud ACEVEDO-DÍAZ, 2009b) entre outros, que sugere que a incorporação da história da ciência no ensino de ciências pode servir para melhorar a compreensão dos estudantes sobre a NdC, ou seja, se assume que os alunos podem perceber aspectos da NdC nos episódios históricos e que, para tanto, o enfoque histórico pode ter um papel significativo na aprendizagem da NdC. Esse enfoque parte da antiga e intuitiva idéia segundo a qual nos cursos de história da ciência e filosofia da ciência, as disciplinas que se ocupam da epistemologia da ciência e seu desenvolvimento, são os candidatos principais para tentar alcançar uma compreensão mais adequada de NdC (MONK; OSBORNE, 1997 apud ACEVEDO-DÍAZ, 2009b, p. 359). Acevedo-Díaz (2009b) completa dizendo que em geral pode-se dizer que este enfoque parece mostrar-se relativamente algo mais efetivo do que o implícito para ajudar estudantes e professores a melhorar sua compreensão de NdC. Vários resultados de diversas investigações realizadas na década de 1990 e nos primeiros anos do século XX incluíram pesquisas com um desenho quase experimental ou através de um desenho de comparação de grupos com pré-teste e pós-teste. Essas pesquisas têm mostrado com bastante clareza que um enfoque explícito e reflexivo é melhor, em geral, que um implícito para ajudar aos estudantes e aos professores a conectar suas experiências de aprendizagem com determinados aspectos de NdC e a refletir de forma meta cognitiva sobre a NdC, porque alguns podem aprender estes aspectos de NdC de um modo muito mais adequado e eficaz (ACEVEDO-DÍAZ, 2009b). O enfoque explícito é de natureza curricular, enquanto que o reflexivo apresenta implicações para o ensino (ABD-EL-KHALICK; AKERSON, 2009 apud ACEVEDO-DÍAZ, 2009b). O primeiro destaca que a compreensão de NdC é um objetivo de ensino que deve ser planejado de maneira deliberada da mesma forma que a compreensão das teorias científicas e outros conteúdos 69 conceituais. O segundo, defende que devemos proporcionar aos estudantes suficientes oportunidades em aula para que possam os mesmos analisar as atividades que realizam sob diversas perspectivas (por exemplo: um esquema de NdC), conectar essas atividades com as que levam a cabo outras pessoas (por exemplo: os cientistas) e chegar a fazer generalizações sobre um domínio de conhecimento (por exemplo: a epistemologia da ciência). De outra forma, um enfoque explícito e reflexivo deve ressaltar o conhecimento dos estudantes sobre certos aspectos de NdC relacionados com as atividades de ciências desenvolvidas em aula, assim como as reflexões sobre essas atividades dentro de um esquema conceitual que abarque esses aspectos de NdC (ACEVEDO-DÍAZ, 2009b). O autor descreve que o enfoque explícito e reflexivo não invoca somente elementos de história e filosofia da ciência, nem tampouco exclui atividades de indagação científica, ao contrário, a realização de atividades de indagação, incluindo a participação de autênticas investigações dirigidas por professores, é uma parte integrada deste enfoque. Acevedo-Diaz (2009b), descreve que a diferença fundamental entre os dois enfoques não reside apenas na quantidade de instrumentos conceituais que se proporciona aos estudantes e aos professores, mas também por determinados aspectos da NdC que permitem pensar e refletir sobre as atividades nas quais se envolvem. Assim, as diferenças derivam, sobretudo, dos pressupostos mencionados que subjazem em ambos os enfoques. Drive et al. (1996 apud ACEVEDO-DÍAZ, 1998) apontam cinco razões importantes para a inclusão da NdC no currículo de ciências: 1. Utilitária: A compreensão de NdC é um requisito para ter certa ideia da ciência e conduzir objetivos e processos tecnológico da vida cotidiana. 2. Democrática: A compreensão da NdC faz falta para analisar e tomar decisões bem informadas de questões tecnocientíficas com interesses social. 3. Cultural: A compreensão da NdC é necessária para apreciar o valor da ciência como um elemento importante da cultura contemporânea. 4. Axiológica: A compreensão da NdC ajuda a entender melhor as normas e valores da comunidade científica que contém compromissos éticos com um valor geral para a sociedade. 70 5. Docente: A compreensão da NdC facilita a aprendizagem dos conteúdos das matérias científicas e consequentemente mudanças conceituais. (DRIVE et al., 1996, apud ACEVEDO-DÍAZ, 1998, p. 134). As razões apontadas anteriormente por Drive et al. são importantes e, se consideradas, podem vir a proporcionar aos sujeitos uma compreensão mais adequada de NdC do que a geralmente apresentada e trabalhada nos contextos escolares da atualidade. Para uma contextualização mais adequada de NdC no currículo de ciências, tem-se que levar em conta três elementos básicos que não se pode separar: a história da ciência e da tecnologia, a atualidade tecnocientífica e as finalidades da educação cientifica (ACEVEDO-DÍAZ et al., 2007b). A história da C&T deve servir de contexto aos elementos de NdC a ensinar, pois sem elas a NdC poderia ficar reduzida ao mero academicismo. Ademais, tem que prestar atenção prioritária à C&T do presente, porque há um contexto muito mais próximo e ligado aos interesses e necessidades do mundo onde vivem os estudantes. Por último, não podemos esquecer que a educação científica persegue diversas finalidades (ACEVEDO-DÍAZ, 2004; AIKENHEAD, 2003; VÁZQUEZ-ALONSO; ACEVEDO-DÍAZ; MANASSERO-MAS, 2005; ACEVEDODÍAZ et al., 2007). Cada elemento de NdC pode contribuir melhor que outros para alguns propósitos educativos e cada finalidade educativa pode requerer melhor uns elementos que outros de NdC. Os consensos obtidos em sociologia externa da C&T, junto com os consensos correspondentes aos aspectos epistemológicos e da sociologia interna da C&T, proporcionam uma base sólida, empiricamente fundamentada como guia, capaz de garantir uma seleção de conteúdos válidos, o que já é um avanço importante para a implantação da NdC na educação científica (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2008). Para os autores, o ensino das crenças da NdC amplia de forma relevante os horizontes didáticos para a compreensão pública da C&T. O ensino da NdC deve ser praticado por meio de atividades concretas e conteúdos significativos; também deverá ser coerente com o 71 ensino dos processos da ciência ou com a utilização da pesquisa cientifica na sala de aula. Genericamente, a aprendizagem sobre a NdC tem a ver com a forma como os cientistas conhecem o que eles conhecem, ou seja, reporta-se à forma como o cientista projeta, gera e usa os seus conhecimentos. Assim, propostas de atividades de laboratório em que o processo de construção do conhecimento científico pelos alunos, de uma forma ou de outra, é orientado pelas formas como se pensa que os cientistas os constroem, podem ser englobados na dimensão sintática da disciplina convencionalmente designada por NdC (SANTOS, 2001). Driver et al. (1996 apud SANTOS, 2001), chamam a atenção para outros argumentos que tornam a NdC um verdadeiro componente integral da compreensão pública da Ciência, argumentos que, para nós, têm grande peso para que o aprender sobre ciência constitua um foco importante da aprendizagem CTS. Em síntese, com base em argumentos utilitários, democráticos, culturais e morais, é possível afirmar que uma compreensão da NdC é necessária para que as pessoas possam: Dar sentido à ciência; Manejar objetos técnicos e processos que encontram na vida do dia a dia; Dar sentido a problemática sócio científica e participar no processo de tomada de decisões; Apreciar a ciência como elemento da cultura contemporânea; Ter consciência de normas da comunidade cientifica que incorporam regras morais de valor geral (SANTOS, 2001, p. 90). Santos completa dizendo que, apesar da diversidade apontada, fala-se da NdC e não da Natureza das Ciências dentro do contexto educacional de AC. Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2012) entendem que hoje se aceita que a alfabetização em C&T está formada por dois componentes: 72 1) Os conceitos e teorias de C&T (os tradicionais conceitos, feitos e princípios de ciência e tecnologia que formam o corpo de leis e teorias cientificas); 2) Os inovadores conhecimentos sobre a ciência e a tecnologia, que permitem compreender como funcionam a C&T. (VÁZQUEZALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 3). O segundo componente de alfabetização se denomina NdC&T e constitui o desafio mais inovador e árduo para os professores de ciências. Nos últimos anos este enfoque vem sendo incorporado de diferentes maneiras nos currículos escolares de diversos países (Estados Unidos, Europa, etc) e nunca antes se havia planejado com a extensão e profundidade atuais (VÁZQUEZALONSO; MANASSERO-MAS, 2012). Manassero-Mas (2010) afirma que se pode compreender a NdC&T em dois sentidos, um mais amplo e outro mais restrito: No sentido restrito, há a interpretação sobre a NdC&T como um conjunto de procedimentos utilizados por cientistas e tecnólogos para gerar conhecimento. No sentido mais amplo, a NdC&T não se limita ao conhecimento puramente científico, sendo que integra também o conhecimento tecnológico: C&T integradas como duas caras de uma mesma moeda e interdependentes nos programas de investigação, desenvolvimento e inovação na denominada tecnociência (MANASSERO-MAS, 2010, p. 15). Segundo Manassero-Mas (2010), no sentido restrito esta interpretação está centrada nos processos da ciência e os temas compreendidos como da epistemologia da ciência, área do pensamento filosófico centrada em questões sobre: observações, raciocínio lógico, pressupostos da ciência, provisionalidade do conhecimento, hipóteses, teorias, leis, esquemas de classificação, modelos e paradigmas científicos. A mesma autora completa dizendo que no sentido mais amplo, NdC&T deve contemplar, em toda a sua amplitude, as características da tecnologia como uma empresa humana, ou seja, é realizada por pessoas (cientistas e tecnólogos) com todas as virtudes e limitações da condição humana. Esta visão ampliada de NdC&T inclui novas questões sobre as características pessoais e comunitárias dos cientistas e tecnólogos e sua contribuição pessoal e social para a construção do 73 conhecimento, constituindo o que se denomina de sociologia interna da comunidade científica. A NdC&T é uma metacognição sobre a Ciência, que surge das reflexões interdisciplinares em história, filosofia e sociologia de ciências, realizadas ao longo do século XX, especialmente nos últimos anos (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010). O autor descreve que a NdC&T resume o conjunto de características de C&T como uma maneira de conhecer, ou seja, produzir conhecimentos válidos. Os conteúdos principais de NdC&T têm como núcleo o reconhecimento da epistemologia da C&T, no qual os riscos produzidos pela C&T são considerados como via de conhecimento. Porém, precisamos considerar também, os aspectos que implicam disposições atitudinais e afetivas, de valores, processos e desenhos de C&T; as relações entre CTS, o desenvolvimento do conhecimento científico, as relações dentro da comunidade científica e as relações entre a ciência escolar e C&T atual (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010). Em um trabalho realizado com professores, Osborne (2003, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012) destacou um conjunto de dez idéias chaves a serem contempladas num currículo de NdC&T que se deveria ensinar aos estudantes: Ciência e curiosidade: Um aspecto importante científico e em contínuo processo cíclico de fazer buscar respostas conduzem a novas perguntas. Este emergir novas teorias e técnica cientifica que empiricamente. do trabalho perguntas e processo faz se provam Criatividade: A ciência é uma atividade que implica criatividade e imaginação, como sucede em tantas outras atividades humana. Os cientistas são humanos, apaixonados e comprometidos em seu trabalho, que confiam em sua inspiração e imaginação. Algumas ideias científicas são extraordinariamente realizações intelectuais. Hipóteses e predição: Os cientistas formulam hipóteses e fazem predições dos fenômenos naturais. Este processo é essencial para o desenvolvimento de novos conhecimentos. Métodos científicos e comprovação crítica: A ciência usa um método experimental para provar as idéias e, em particular, certas técnicas básicas como o controle de variáveis. O resultado de um único experimento poucas vezes é suficiente para estabelecer um novo conhecimento. 74 Análises e interpretação de dados: A prática científica implica destrezas qualificadas na análise e interpretação dos dados. Os conhecimentos científicos não surgem naturalmente dos dados, mas do processo de interpretação e construção de teorias, que requer sofisticadas habilidades. Neste processo, é possível e legítimo que os cientistas discordem, dando diferentes interpretações aos dados. Diversidade do pensamento científico: A ciência utiliza uma serie de métodos e enfoques. Não existe um único método cientifico. Ciência e certeza: Grande parte do conhecimento científico está bem estabelecido e fora de todas as dúvidas razoáveis, porém outra parte do mesmo é mais duvidosa. O conhecimento científico atual é o melhor que temos, porém pode vir a mudar no futuro dada uma nova interpretação dos antigos resultados. Desenvolvimento histórico do conhecimento científico: É necessário conhecer algo da história do desenvolvimento do conhecimento científico. Dimensões morais e éticas do conhecimento científico. As decisões nas aplicações do conhecimento cientifico e técnico não são neutras, sendo que poderiam entrar em conflito com valores éticos dos grupos sociais. Cooperação e colaboração no desenvolvimento do conhecimento científico: O trabalho científico é uma atividade coletiva e, às vezes, competitiva. Ainda que alguns indivíduos possam fazer contribuições significativas, o trabalho científico que se realiza em grupo, frequentemente apresenta um caráter multidisciplinar e internacional. Geralmente, os novos conhecimentos se compartilham e devem superar um processo de revisão crítica pelos colegas para que sejam aceitos por uma comunidade científica. (OSBORNE, 2003, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 9). A série de acordos anteriores se centra, praticamente, em questões de epistemologia da ciência, com uma concessão da história e da sociologia interna da ciência nos três últimos temas. Um problema fundamental para o ensino de NdC&T são as concepções gerenciadas em sala de aula de ciências pelos estudantes e professores que perpetuam visões distorcidas sobre C&T (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012). Um caso específico da NdC&T seria considerar duas razões adicionais importantes: uma razão de alfabetização e uma razão lógica. A razão de alfabetização é um elemento consensual quando se trata de conhecimento científico acerca da NdC&T; é um componente essencial da alfabetização científica. Lederman (1998 apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012), explicita quais seriam as características básicas de um conhecimento 75 científico, consideradas como essenciais para uma alfabetização cientifica e tecnológica: Provisório (sujeito a mudanças); Fundamentado empiricamente (baseado em e/ou derivado das observações do mundo natural); Parcialmente subjetivo (carregado de teorias); Em parte, produto de interferência humana (raciocínio), onde é importante a distinção entre observações e interferência; Em parte também produto de imaginação e de criatividade (envolve a invenção de hipótese e explicações); Um conjunto de teorias científicas e leis, que são interrelacionadas e com diferentes funções; Empapado social e culturalmente. (LEDERMAN, 1998 apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 6), O conhecimento desses componentes básicos proporciona aos indivíduos mudanças conceituais sobre como a C&T influenciam a sociedade na atualidade. A Didática da Ciência apresenta, fundamentalmente, duas tendências em relação à demarcação do termo NdC&T (ACEVEDO-DÍAZ, 2008). Alguns autores dão especial atenção aos aspectos epistemológicos ou epistemologia da ciência, ou seja, aos traços, pressupostos e valores inerentes ao conhecimento cientifico. A NdC&T é um conceito que vai além da epistemologia, englobando aspectos sociológicos e históricos (VÁZQUEZALONSO et al., 2001). Esta perspectiva é a mais holística e completa, pois compreende todos os aspectos relativos tanto à Ciência quanto à tecnologia, especialmente as relações de interações e interdependência com CTS (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012). Em resumo, a NdC&T é uma área complexa e de vastas questões que inclui as diversas relações entre CTS, que vêm dando lugar ao progresso de conhecimento científico e às criações de ambientes artificiais confortáveis (transporte, educação, etc), o que constitui riscos característicos e condições de forma de vida e cultura desenvolvidas nas sociedades modernas atuais (MANASSERO-MAS, 2010). Desta forma, certo esforço tem sido dedicado no Brasil e no exterior visando 76 melhorar as concepções dos professores acerca da NdC&T, de forma que estes possam ensinar Ciências esperando que seus alunos, de alguma maneira, também tenham suas concepções alteradas positivamente (PAGLIARINI, 2007). Segundo Lederman (1992), tem-se a hipótese de que existe influência das concepções positivas dos professores sobre a mudança de concepções dos alunos e também de uma possível relação entre suas idéias sobre a NdC e seu comportamento e maneira de ensinar. Em pesquisa realizada com professores de Ciências, Maciel et al. (2004) identificou a influência das concepções positivas e negativas dos professores em relação a C&T sobre sua prática docente. No Brasil, vários trabalhos têm chamado a atenção para estas possibilidades e discutido alguns aspectos particulares desta questão (CARVALHO, 2001; BIZZO, 1992; TRIVELATO, 1993, entre outros). Como consequência, vêm acontecendo ações oficiais e não oficiais no sentido de buscar inserir à história da Ciência e à NdC&T nos currículos que têm emergido de reestruturações curriculares mais recentes (PAGLIARINI, 2007). Esta tendência aparece explicitada em documentos oficiais, merecendo atenção, no entanto, o fato de que a inclusão desta perspectiva em diferentes propostas curriculares em nível nacional foi realizada na década de 1990, com os PCN, Temas Transversais do 3º e 4º ciclos, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais do 3º e 4º ciclos (ambos de 1998) e as Novas Diretrizes Curriculares para os cursos de Graduação (OKI; MORADILLO, 2008). A NdC&T trata de integrar os conhecimentos canônicos de C&T com as dimensões sociais, humanísticas e dialéticas. Como consequência desta complexidade, o conhecimento sobre os conteúdos de NdC&T também é um tipo de conhecimento mais complexo que a simples aprendizagem de feitos, conceitos e teorias, e por isso, ele tem recebido diversas denominações na investigação em didática (MANASSERO-MAS, 2010). Para a autora, a denominação idéias sobre a Ciência enfatiza o conteúdo de cognição, 77 enquanto que outras denominações como opiniões ou crenças ressaltam sua característica de mudança, opinião e dialética. Nesta pesquisa optamos pela denominação concepções atitudinais, porque este conceito, por sua própria definição, compreende e inclui, de uma maneira natural, os conceitos anteriormente citados, pois apresentam algumas bases conceituais de uma tradição de investigação científica mais sólida e englobam disposições prévias, criadas implicitamente, na maioria das vezes, a partir de conhecimentos e experiências não formais. Alguns currículos inspirados pela alfabetização científica já incluem tópicos de NdC&T como parte essencial (AAAS, 1993; NRC, 1996; OCDE, 2006). O reconhecimento de NdC&T como componente essencial da AC&T é uma inovação radical da EdC&T, pois nunca antes se havia reconhecido explicitamente esta importância curricular. A implantação de NdC&T torna-se por ação de uma série de fatores estruturais e organizativos da escola, os quais sempre se opõem a inovações educativas (rigidez do sistema, inércia dos professores, etc) e também atuam como obstáculos específicos que, neste caso, fazem com que o ensino seja completamente difícil (VÁZQUEZALONSO, 2010). Segundo Vázquez-Alonso (2010), existem sucintamente quatro obstáculos que fazem com que o Ensino da NdC&T seja na atualidade um pouco difícil: O primeiro obstáculo seria o próprio caráter interdisciplinar, dialético e complexo da NdC&T. Isso diferencia radicalmente os conteúdos de NdC&T a respeito dos conteúdos canônicos de C&T: sobre os primeiros não se tem consensos universais, ainda que sejam parciais, sobre temas concretos, enquanto os segundos se ensinam dogmamente como verdades absolutas induvidavéis. Isto faz com que os conteúdos de NdC&T sejam especialmente difíceis e diferentes dos conteúdos canônicos de C&T. Em segundo lugar, as investigações demonstram que os professores não apresentam uma compreensão adequada de NdC&T, no qual, carecem de uma formação necessária para poderem ensiná-la (pois NdC&T não está incluída na formação continuada e nem na formação inicial) e lhes faltam também experiências para desenvolver suas próprias reflexões sobre esta questão. O conhecimento didático dos conteúdos em relação a NdC&T deveria ser o objetivo de formação dos futuros professores. 78 O terceiro obstáculo se refere à necessidade de alcançar coerência entre as visões de C&T e os princípios de NdC&T que se ensina nas escolas e o dogmatismo dos conteúdos disciplinares e os delineamentos do ensino que devem relacionar bem os conceitos com os processos e com a filosofia de C&T. A transposição didática dos conteúdos de NdC&T para que sejam ensinados requer uma nova simplificação de seus conteúdos, portanto um novo risco de preconceito. O quarto obstáculo, são as diferentes pressões que atuam no desenvolvimento do currículo escolar de C&T, especialmente a preparação para os exames oficiais que impedem dedicar o tempo necessário às inovações, em particular à NdC&T e à implicação em investigações autênticas pelos estudantes (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010, p. 57-58). Por estas razões, os conteúdos explícitos de NdC&T usualmente estão ausentes do currículo real de C&T. Se estão presentes, se esqueceram ou tratam inadequadamente o tema, frequentemente confiando nas capacidades das mensagens implícitas para ensiná-los. Em todo caso, o principal problema do desenho curricular é decidir quais conteúdos de NdC&T a ensinar, para qual teoria do currículo assinalar como critério geral para dar significação e relevância ao currículo proposto e para quais pessoas (acessibilidade, adaptados evolutivamente a idade e interesses dos estudantes, de modo que os estudantes não tenham barreiras psicobiológicas que dificultem o acesso) (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010). A investigação didática sobre esse assunto marca duas tendências opostas: por um lado alguns autores sustentam que existem muitas NdC&T, pois não existem acordos gerais sobre a NdC&T. Em consequência, não se deveria ensinar NdC&T nas ciências escolares (ALTERS, 1997 apud VÁZQUEZ-ALONSO, 2010, p. 58). Reconhecendo a existência de importantes desenhos (a maioria não relevantes para o ensino de C&T), alguns autores consideram que também se pode encontrar alguns acordos e consequências. Estes consensos justificariam alguns conteúdos de NdC&T que os professores poderiam ensinar aos estudantes (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010). Esta posição é que justifica o ensino da NdC&T e os acordos gerais sobre a NdC que se pode encontrar em algumas revisões LEDERMAN, 2000). na literatura sobre a NdC&T (ABD-EL-KHALICK; 79 Documentos curriculares recentes trazem acordos mais contextualizados e estudos que identificam empiricamente os consensos específicos sobre NdC&T, empregando uma metodologia aprovada por juízes experts (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2007). A investigação empírica em Didática de Ciência mostra de modo reiterado e consistente que os estudantes e também os professores não conseguem alcançar uma compreensão adequada sobre a NdC&T. Esses resultados negativos têm sido identificados em pesquisas realizadas em diversos países (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS; ACEVEDO-DÍAZ, 2006; VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2007). Um obstáculo a ser enfrentado para alcançarmos idéias adequadas sobre a NdC&T, tem relação com a natureza complexa, interdisciplinar, provisional da mesma (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2007). Esta complexidade projeta uma imagem de controvérsias e ausências de consensos entre os próprios especialistas, de modo que coexistem aproximações razoáveis junto a claras discrepâncias (EFLIN; GLENNAN; REISCH, 1999). Como é obvio, este desacordo é um sério inconveniente para tomar decisões curriculares e didáticas sobre o ensino e aprendizagem de NdC&T, especialmente para selecionar conteúdos. As análises referentes à NdC&T vem sendo desenvolvidas por três vias principais de investigação. Ainda que diferentes, acabam sendo convergentes dada a unidade do problema que tratam: A primeira corresponde a história da ciência, que é uma ferramenta básica para as outras duas. A segunda é a reflexão filosófica, que tradicionalmente se tem centrado nas qualidades do denominado método científico para o avanço desta forma de conhecimento. A terceira é a sociologia da ciência que põem um contraponto empírico nas analises filosófico metodológico, resultando na insuficiência deste para dar conta, com precisão, de todos os aspectos implicados no progresso científico (VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2001, p.1). Conforme os autores, na prática estas três vias resultam, em grande modo, como sendo complementares. 80 Abd-El-Khalick e Lederman (2000) afirmam que os métodos até agora utilizados para o ensino da NdC&T tem-se mostrado eficazes quando abordam alguns dos seus aspectos básicos de maneira explícita e reflexiva, ou seja, quando se faz com um bom planejamento, desenvolvendo os conteúdos em atividades variadas e avaliando os processos desenvolvidos e os resultados conseguidos. A NdC&T inclui toda uma variedade de relações mútuas entre a sociedade e o sistema de C&T, o qual inclui os impactos de C&T sobre o meio ambiente e as relações da C&T com o sistema educativo, ou seja, a educação científica e tecnológica que a sociedade projeta para seus cidadãos nas escolas. Assim, fica claro que a NdC&T é um componente essencial da alfabetização científica, pois visa melhorar a compreensão geral de C&T como forma de conhecimento, permitindo a consciência das relações CTS e favorecendo a informação geral do cidadão como consumidor de C&T e a tomada de decisões sobre questões sociais de C&T no seu cotidiano. Souza (2003) diz que a aprendizagem é um processo natural inerente à condição do ser vivo e à sua necessidade de sobrevivência; que é através da interação com o ambiente que os organismos processam respostas adequadas às respostas decodificadas. Nesse sentido, a interação com o enfoque NdC&T é uma das formas de propiciar a aprendizagem dos sujeitos. No que se refere à Escola Básica brasileira e de outros países iberoamericanos (Portugal, Espanha, Argentina, etc.), os conteúdos comuns nos currículos das disciplinas de Ciências devem contemplar as competências relacionadas ao conhecimento científico e a interação com o mundo físico, além da competência tecnológica e o tratamento da informação (VAZQUEZ-ALONSO et al., 2007; ACEVEDODÍAZ, 2009a; MACIEL et al., 2009). De acordo com os autores, a Ciência escolar deve estar relacionada com o mundo contemporâneo e, mais explicitamente, contemplar conteúdos para o Ensino e Aprendizagem sobre a NdC&T. Nos últimos anos, a investigação em Didática das Ciências, visando melhorar a aprendizagem dos estudantes e o ensino dos professores sobre 81 NdC&T, tem se centrado no desenvolvimento curricular e na efetividade do ensino na sala de aula, um assunto complexo pelo número de fatores intervenientes que impedem, limita ou facilita o ensino da NdC&T e a clareza da eficácia dos diferentes métodos (ACEVEDO-DÍAZ, 2009b). De acordo com Furlan et al. (2010) o ensino tem o grande papel de tentar responder aos anseios da sociedade moderna, servindo de ponte entre ciência básica e a tecnologia, este é um dos desafios que nós, educadores, temos que enfrentar, procurando desmistificar tal pressuposição e incorporar o conhecimento específico. Quando se trabalha com a aprendizagem, deve-se levar em conta que é uma atividade essencialmente humana e relacional, o que exige compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano parte integrante do processo além de agente de transformação do mundo em que vive. Assim, contextualizar as temáticas CTS no ensino de ciências, não significa meramente usar os exemplos do cotidiano, da vida e do mundo, para ilustrar o conhecimento científico, ao contrário, significa lançar mão do conhecimento científico sistematizado para compreender os fenômenos naturais, ou seja, para compreender o mundo em que vivemos. Com o objetivo de proporcionar conhecimento científico e tecnológico à imensa maioria da população escolarizada, deve-se ressaltar que o trabalho docente precisa ser direcionado para sua apropriação crítica pelos alunos, de modo que, efetivamente, se incorpore no universo das representações sociais e se constitua como cultura (DELIZOICOV, 2001). A educação sob a perspectiva do enfoque NdC&T, na sua vertente crítica, propõe como um dos objetivos para o Ensino de Ciências a Alfabetização Científica (AC), inserida em um processo amplo de formação para o exercício da cidadania, que deve realizar-se fundamentalmente na escola e desdobrar-se em etapas posteriores, ao longo da vida (LEDERMAN, 1992; ACEVEDO-DÍAZ et al., 2003; ACEVEDO-DÍAZ, 2004). Assim, em um mesmo processo educativo, devem ser desenvolvidas as dimensões cognitivas, afetivas, atitudinal, ética e cultural (ACEVEDO-DÍAZ et al., 2003). Essas competências são compostas de conhecimentos, processos, 82 pressupostos, valores e atitudes relacionados à C&T e inovação que deve ser mais um componente fundamental da prática escolar (JENKINS, 1996; RUDOLPH, 2000). Para falar de AC e LC quando estamos abordando NdC&T, é importante que o professor tenha conhecimento destes dois conceitos tão relevantes hoje em todas as situações de aprendizagem, uma vez que seguindo as tendências do ensino construtivista, a alfabetização deve ser seguida de letramento. Alfabetização, segundo Soares (2001), é a ação de alfabetizar, de tornar alfabetizado e letramento é o resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais da leitura e escrita. Hoje em dia é muito comum, tanto o uso do termo LC quanto AC. Nas pesquisas em Educação em Ciências, o termo LC surge como alternativa para AC, pois ambos se referem ao preparo para a vida em uma sociedade científica e tecnológica. Porém, existem diferenças entre os dois termos, ou seja, a AC seria a aprendizagem dos conteúdos e da linguagem científica, enquanto que LC seria o seu uso num contexto sócio-histórico específico, ou seja, o uso do conhecimento científico e tecnológico no cotidiano do indivíduo, o que sugere que a relação entre alfabetização e letramento científico não seja vista de maneira dicotômica. Esta relação precisa ser questionada e refletida para que os professores tenham a oportunidade de pensar tanto sobre os conceitos que fundamentam suas práticas, quanto em suas escolhas pedagógicas. Assim, poderão efetivamente colaborar para um trabalho de formação que reconheça a importância de trazer para os educandos conteúdos sobre a linguagem escrita e a linguagem científica, sempre situada num contexto histórico e cultural. A natureza complexa, interdisciplinar, provisória e mutante dos temas sobre NdC&T se traduz num estado de controvérsia e ausência de consenso sobre os mesmos entre os próprios especialistas, pois NdC&T é um campo onde coexistem conjecturas razoáveis e claras discrepâncias (VÁZQUEZALONSO, ACEVEDO, MANASSERO-MAS, ACEVEDO-DÍAZ, 2001). A falta de consenso é um sério inconveniente para tomar as decisões curriculares e 83 didáticas, especialmente selecionar os conteúdos de NdC&T mais apropriados para o ensino e a aprendizagem dos estudantes (MACIEL; BISPO-FILHO; GUAZZELLI, 2010). Assim, a formulação das expectativas de aprendizagem relativas à NdC&T tomam como um dos componentes básicos compreender a Ciência como um processo de produção de conhecimentos, que serão utilizados no cotidiano pelos cidadãos. 2.3 Sequência Didática (SD) com Enfoque no Ensino e Aprendizagem sobre a Natureza da Ciência e da Tecnologia (EANdC&T) A sequência, módulo ou unidade didática vem sendo tema de interesse da área de educação há bastante tempo (GIORDAN; GUIMARÃES; MASSI, 2011). O conceito de Sequência Didática (SD) surgiu em 1996 na França; as SD deveriam englobar as práticas de escrita, de leitura e as práticas orais, organizadas no quadro de SD (MACHADO; CRISTOVÃO, 2006). Ao longo dos últimos anos, a pesquisa em ensino tem evidenciado a importância do trabalho com SD na qual visa auxiliar o professor no seu trabalho em sala de aula. SD nada mais é, que um conjunto de atividades ligadas entre si planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Guimarães e Giordan (2011) relatam que a SD tem grande importância como elemento de intercâmbio na aprendizagem, sendo considerada, ainda, como um conjunto de sequências de atividades progressivas, planificadas, guiadas por um tema, ou por um objetivo geral, ou por uma produção de texto final. O interesse desse procedimento didático normalmente é justificado pelas seguintes razões: - A SD permite um trabalho global e integrado; - Na sua construção, considera, obrigatoriamente, tanto os conteúdos de ensino fixados pelas instruções oficiais, quanto os objetivos de aprendizagem específicos; - Ela contempla a necessidade de se trabalhar com atividades e suportes de exercícios variados; - Ela permite integrar as atividades de leitura, de escrita e de conhecimento da língua, de acordo com um calendário pré-fixado; 84 - Ela facilita a construção de programas em continuidade uns com os outros; - Ela proporciona a motivação dos alunos, uma vez que permite a explicitação dos objetivos das diferentes atividades e do objetivo geral que as guia (MACHADO; CRISTOVÃO, 2006, p. 584). Nas aulas de ciências, a SD vem a ser um instrumento de auxílio à Alfabetização e Letramento Científico (ALC), com um conjunto ordenado de atividades estruturadas e articuladas para o alcance dos objetivos em relação ao conteúdo proposto. Quando as atividades são estruturadas e articuladas e didaticamente realizadas, apresentam resultados concretos de aprendizagem (MOURA, 2004; GOULART; FREITAS, 2005). Portanto, é preciso avaliar a pertinência ou não de cada atividade da SD, a falta de outras ou a ênfase que devemos atribuir (ZABALA, 1998). Campos e Nigro (1999) dizem que alguns pesquisadores, preocupados em estabelecer o que realmente se ensina na escola, propuseram que tudo o que é passível de aprendizagem é um conteúdo de ensino. Neste sentido, é importante lembrar os três tipos de conteúdos de ensino-aprendizagem: os conceituais, os procedimentais e os atitudinais. César Coll (1996) propôs a seguinte classificação para os conteúdos: os conceituais=saber sobre, procedimentais=saber fazer, atitudinais=saber ser. Para Campos e Nigro (1999), os conteúdos conceituais são aqueles que remetem ao conhecimento construído pela humanidade ao longo da história, ou seja, referem-se a fatos e conceitos. Já os conteúdos procedimentais, através das ações didáticas do professor, visam alcançar os objetivos esperados dos conteúdos curriculares através de atividades desenvolvidas. Os autores consideram que os conteúdos procedimentais vêm a ser as técnicas, métodos e destrezas, procedimentos que depois de aprendidos possibilitam a execução de certas tarefas, pois estão relacionados à aprendizagem de ações específicas. Por sua vez, os conteúdos atitudinais estão, na maioria das vezes, relacionados a comportamentos tais como: prestar atenção à aula, demonstrar respeito pelo professor e entregar as tarefas com pontualidade, favorecendo 85 assim, o aprendizado. Os autores dizem que os conteúdos atitudinais costumam ser classificados em dois tipos: atitudes dos alunos para com a ciência e atitudes científicas. Para os autores: As atitudes dos alunos para com a Ciência referem-se ao posicionamento pessoal dos alunos em relação a fatos, conceitos e métodos caracteristicamente científicos. Um exemplo seria o posicionamento do aluno quanto às conquistas e inovações tecnológicas relacionadas ao avanço científico, tais como vacinas, armas nucleares, poluição e fertilização in vitro, entre outras. Já as atitudes científicas seriam aquelas relacionadas especificamente à predisposição dos alunos a uma conduta, ou maneira de ser, supostamente científica. (CAMPOS; NIGRO, 1999, p. 52). Portanto, segundo os autores, para desenvolver atitudes científicas nos alunos seria importante trabalhar com eles a valorização de algumas características pessoais relacionadas ao trabalho científico. Para Zabala (1998) os conteúdos procedimentais vêm a ser a interpretação e realização de planos. Os conteúdos atitudinais atuam como cooperação para a definição de algo, pois estes são formados pelo conjunto de atividades apresentadas anteriormente. Para o autor, refletir sobre o que implica aprender implica também apreendê-lo de maneira significativa, o que pode nos conduzir a estabelecer propostas mais fundamentadas, suscetíveis de ajudar. Os três tipos de conteúdos (conceituais, procedimentais e atitudinais), podem ser considerados como três momentos pedagógicos de uma mesma SD, baseados na participação do professor e do estudante, os quais assumem papel de destaque na prática educativa, proporcionando à educação um avanço em relação ao modelo de ensino tradicional (GOULART; FREITAS, 2005). A aplicação desta metodologia de ensino permite explorar as características do modelo didático como uma fonte de informações para que o educador acompanhe e oriente seus alunos. O ponto de partida para a atividade de ensino deve ser uma situação concreta, de forma que as escolas possam vir a criar seus próprios modelos e relacioná-los com o local e o global 86 (PUJOL, 2007). Desta forma, os alunos passam a dominar pouco a pouco as características da atividade e tornam-se capazes de produzir conhecimentos. A SD é constituída basicamente por quatro momentos: 1. Sensibilização, 2. Problematização, 3. Organização do Conhecimento e Desenvolvimento, 4. Síntese e Finalização (ZABALA, 1998). O momento da sensibilização corresponde ao levantamento inicial de uma atividade a ser realizada em sala de aula. É um processo educativo que visa tornar sensível, possibilitar uma vivência com vistas a construir conhecimentos não só pela racionalidade, mas também a partir de sensações, intuição e sentimentos (MOURA, 2004). O momento de problematização de conceitos e práticas, compreende o questionamento de conhecimentos veiculados pelo ensino-aprendizagem; é entendido como eixo estruturador da atividade docente (DELIZOICOV, 2001), pois o ato de problematizar conhecimentos compartilhados em abordagens pedagógicas implica tomar decisões de natureza social e contextual, além de produzir controvérsias para construir novos conhecimentos. Após a problematização, resta estabelecer a etapa de organização do conhecimento e desenvolvimento, procedimento que diz respeito à escolha do aparato teórico e metodológico que auxiliará o professor na busca pelas respostas às questões formuladas. Esta etapa envolve o planejar, um ato decisório político, científico e tecnológico, pois toda e qualquer ação depende de uma decisão filosófico política que dá a direção para onde vai se conduzir a ação; é um conjunto de ações/atividades desenvolvidas pelo professor, com base nos momentos anteriores e ligadas entre si, que possibilita o desenvolvimento de competências e habilidades por meio de SD previamente planejadas, organizadas e problematizadas de acordo com os objetivos que se quer alcançar (ZABALA, GERALDO, 2009). 1998; DELIZOICOV, 2001; MOURA, 2004; É nesse momento, que o conhecimento das diferentes áreas é apresentado e articulado aos conhecimentos anteriores dos estudantes (GOULART; FREITAS, 2005). 87 O momento de síntese e finalização é a etapa em que se dá a finalização da SD e a retomada, pelo professor, dos conceitos explorados ao longo dos momentos anteriores, levantando possíveis dúvidas e sanando-as de forma sintética; é o momento em que o aluno pode realizar uma produção final colocando em prática os conhecimentos adquiridos nos momentos anteriores. Eisenkraft (2003) apresenta uma estrutura didática de ensino nomeada de ciclo de aprendizagem 7E7. Nesta estrutura didática as etapas são orientativas, podendo ser também flexíveis e desenvolverem-se em conjunto. Os 7E são: 1. Enganchar: nesta etapa deve-se levar em conta a diversidade do individuo, visando ao mesmo tempo, motivando-o, envolvendo-o, despertando seu interesse e curiosidade. 2. Extrair: fazer emergir as concepções prévias, na qual, irá diagnósticar as verdadeiras necessidades para o ensino, proporcionando construções de uma aprendizagem significativa. 3. Explorar: através de atividades, fazer com que os indivíduos consigam processar a aprendizagem. 4. Explicar: esta fase visa reforçar a fase de exploração através de conceitos, terminologia, feitos, leis, etc. 5. Elaborar: deve-se propor perguntas ou resolver problemas novos, transferindo e aplicando a aprendizagem a novos domínios do entorno próximo. 6. Estender: nesta fase impera a criatividade transferindo e aplicando novos domínios e questões mais adiante dos indivíduos. 7. Examinar: aplicando métodos e instrumentos de avaliação formativa a todos os aspectos relevantes da aprendizagem (EISENKRAFT, 2003, p. 57). Para Sedaño et al. (2010), o uso de SD no ensino de Ciências Naturais pode proporcionar momentos para que os alunos trabalhem e discutam temas científicos, utilizando ferramentas culturais próprias da comunidade científica, como por exemplo, a experimentação e a pesquisa. Nesse sentido, ao se engajar nas interações discursivas com o professor nas situações de aprendizagem em sala de aula, o aluno melhor estabelece as conexões entre a 7 Recebe esse nome porque as sete etapas cíclicas da estrutura didática começam com a letra E, sendo: Enganchar, Extrair, Explorar, Explicar, Elaborar, Estender e Examinar. Tradução do autor. 88 compreensão do cotidiano e o conhecimento científico (SCHROEDER; FERRARI; SYLVIA, 2009). Relacionar o novo conhecimento com a realidade social, superar o conhecimento sincrético e, a partir da análise e da reflexão totalizadora, desenvolve o conhecimento sintético (GERALDO, 2009). O Ensino de Ciência na escola básica vem passando por um processo de revisão desde a segunda metade do século XX. Acredita-se, que se desde os primeiros anos escolares os alunos tivessem a possibilidade de entrar em contato com a Ciência, a resposta dos mesmos em torno dessa temática seria outra (PORRO; ARANGO; ALMIRÓN, 2012). Como parte da inovação curricular acredita-se que a inserção da temática NdC&T com emprego de SD, desenhadas para o desenvolvimento de um determinado conteúdo escolar, seja uma das alternativas para a compreensão do cidadão acerca de acontecimentos ocorridos na atualidade. Isso ocorre de tal forma, que ensinar um conceito não pode mais se limitar ao mero fornecimento de informações sobre estruturas que correspondam ao estado da Ciência do momento, mesmo que estas sejam eminentemente necessárias (ASTOLFI; DEVELAY, 1991). A construção de SD com enfoque na NdC&T se faz necessária na atualidade. Assim, as SD devem ser concebidas de modo que organizem e sistematizem os conteúdos explorados acerca da NdC&T de forma intencional e explícita, junto com atividades de reflexão. A literatura atual considera que este seja um dos métodos mais eficientes para o ensino da NdC&T (ACEVEDO-DÍAZ, 2009b). Em relação ao currículo escolar, a SD visa desenvolver nos alunos, além de habilidades e competências, a dimensão investigativa e a capacidade de questionar os processos naturais e tecnológicos, identificando regularidades, apresentando interpretações e prevendo evoluções, bem como fazer uso dos conhecimentos científicos para explicar o mundo natural e para planejar, executar e avaliar intervenções práticas no mesmo. Sobre as competências básicas, as SD com enfoque em NdC&T permitem desenvolver nos estudantes a curiosidade e conhecimentos relacionados com diversas áreas, a partir da 89 observação, análise e comparação; uso de critérios; leitura, interpretação e construção de hipóteses, etc. 2.3.1 Importância da aplicação de Sequências Didáticas sobre NdC&T no Ensino Médio e no curso de Ciências Biológicas, com vistas à mudança de conceitos atitudinais CTS/ NdC&T e formação para a cidadania Estudos recentes desenvolvidos por Lederman (2007), Acevedo-Díaz (2009a), García-Carmona, Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011) vêm auxiliando a organizar e sistematizar esse campo. Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2012) ressaltam que os currículos de muitos países já oferecem como um de seus conteúdos oficiais, a temática NdC&T. Essas pesquisas têm defendido que a inserção do enfoque sobre a NdC&T pode facilitar a (re) construção de um currículo adequado e a eficácia do ensino em sala de aula com o auxílio da utilização de SD específicas, as quais procuram facilitar o ensino de diferentes métodos nos diversos níveis de ensino. Uma SD, que apresente uma relação norteadora com o enfoque na NdC&T, permite desenvolver nos estudantes a curiosidade e conhecimentos relacionados com diversas áreas, a partir da observação, análise e comparação; uso de critérios; leitura, interpretação e construção de hipóteses, etc. Vázquez-Alonso (2010) justifica esta relação ao afirmar que a NdC&T resume o conjunto de características de C&T como uma maneira de conhecer e produzir conhecimentos válidos. Conforme previsto em diversos documentos oficiais brasileiros (PCN, OCEM, etc) a C&T é um componente fundamental de inovação curricular escolar. Assim sendo, uma SD deve apresentar uma relação com a NdC&T. Sabe-se que um dos objetivos educacionais mais gerais em Ciências é desenvolver a curiosidade do estudante e o gosto pelo aprender. Para que os estudantes (enquanto cidadãos) possam aprender e desenvolver um pensamento crítico acerca da C&T e de suas implicações na sociedade contemporânea, a SD deve contribuir para o Ensino de Ciências e 90 assinalar a importância desse campo do conhecimento para a formação do cidadão. Visando alcançar a melhoria no currículo de ciências e a formação para a cidadania, acredita-se que abordar NdC&T em uma SD possa trazer para a sala de aula o debate almejado sobre a dimensão social do desenvolvimento científico-tecnológico, entendido como produto resultante de fatores culturais, políticos e econômicos. Uma SD com enfoque na NdC&T pode desenvolver nos alunos, além de habilidades e competências, a dimensão investigativa e a capacidade de questionar os processos naturais e tecnológicos, identificando regularidades, apresentando interpretações e prevendo evoluções; fazer uso dos conhecimentos científicos para explicar o mundo natural e para planejar, executar e avaliar intervenções práticas no mesmo. Por esta razão, no Ensino de Ciências uma das finalidades dessas SD é mostrar que a visão distorcida das Ciências por parte dos cidadãos pode ser superada a partir das atividades propostas, além de contribuir para a compreensão acerca da importância das atividades científicas por parte da sociedade. 91 III- ABORDAGEM METODOLÓGICA Nesta pesquisa conjugamos métodos e instrumentos de coleta de dados qualiquantitativos. Nessa perspectiva os métodos deixam de ser percebidos como opostos para serem vistos como complemetares. Sobre a conjugação do método qualitativo e quantitativo, Goldenberg (1999) afirma que a maior parte dos pesquisadores admite que não há uma única técnica, um único meio válido de coletar os dados em todas as pesquisas, pois o método utilizado vai depender das questões levantadas no início da pesquisa e quais os problemas que se quer responder. Acredita-se que há uma interdependência entre os diversos métodos de pesquisa. Neves (1996) acredita que, combinar técnicas quantitativas e qualitativas torna uma pesquisa mais forte e reduz os problemas de adoção exclusiva de um desses grupos. Considerando as características das duas modalidades de pesquisa, Meksenas (2007), diz que é possível afirmar que as duas metodologias são mais complementares do que opostas entre si. Sobre essa comunicação entre as duas modalidades de pesquisa, Goldenberg (1999) afirma que: A interação da pesquisa quantitativa e qualitativa permite que o pesquisador faça um cruzamento de suas conclusões de modo a ter maior confiança que seus dados não são produtos de um procedimento específico ou de alguma situação particular (GOLDENBERG, 1999, p. 62). Conforme afirma Khun (2007) a relação entre as duas metodologias é geral e ao mesmo tempo estreita. Nesta pesquisa de caráter qualiquantitativo, buscamos a contribuição da pesquisa intervenção-experimental, uma ferramenta bastante utilizada em pesquisas educacionais em Ciências. Utilizamos este método no processo de intervenção didática, quando testamos uma sequência didática como instrumento de intervenção pedagógica. Pesquisar concepções atitudinais de estudantes instaurando um processo de reflexão em cada um dos participantes sobre suas próprias 92 concepções (GALIAZZI et al., 2001) é uma das justificativas para a opção pela metodologia de pesquisa intervenção-experimental. Pressupõe-se que os alunos aprendam fazendo, através de um processo indutivo e simplificado de redescoberta do conhecimento científico (AMARAL, 1997). Segundo Minayo et al. (2010), os estudos experimentais permitem melhor controle, pois a randomização minimiza a interferência de fatores de confusão, conhecidos ou desconhecidos dos investigadores. Assim sendo, esta pesquisa intervenção-experimental reúne etapas de pré-teste, intervenção, e pós-teste com um grupo experimental e outro grupo controle. A SD utilizada na intervenção deve passar por um processo experimental, ou seja, somente o teste dos fatos (SD) da experimentação pode demonstrar sua validação sobre a pesquisa (LAVILLE; DIONNE, 1999). Este tipo de pesquisa cria oportunidades de melhoria na compreensão sobre o tema abordado, tornando-se forte aliada das pessoas em situação real, na qual os pesquisadores intervêm conscientemente sobre a formação do sujeito. O desenvolvimento das ações realizadas nesta pesquisa foi dividido em três etapas: na primeira ação aplicamos o questionário como pré-teste; na segunda realizamos a intervenção didática e na terceira aplicou-se o mesmo questionário como pós-teste. Para analisar os resultados do questionário (préteste e pós-teste) a fim de verificarmos os indicadores de mudanças, utilizamos o teste estatístico Wilcoxon. 3.1 Procedimento Estatístico Como trabalhamos com amostras pequenas nesta tese, entre os vários testes de comparação existentes optamos pela utilização do teste estatístico Wilcoxon. O teste Wilcoxon, foi utilizado entre os mesmos grupos nos dois níveis de ensino, comparando o pré-teste com o pós-teste. O teste estatístico Wilcoxon é um procedimento onde dois conjuntos são investigados, o segundo constituído dos mesmos elementos do primeiro, 93 formando-se pares de unidades onde cada indivíduo contribui com dois escores, ou seja, funciona como seu próprio controle. São, pois, amostras relacionadas, pareadas ou dependentes, tomadas para testar a mediana das diferenças antes e depois da condição objeto da pesquisa (AYRES et al., 2007). O teste Wilcoxon apresenta uma confiança preestabelecida de 95%, assim, nesta pesquisa os valores menores que 0,05 caracterizam índice de confiabilidade de mudança nas respostas. 3.2 Metodologia do Projeto EANC&T As diretrizes gerais do projeto EANC&T foram seguidas durante nossa atuação, visando garantir a unidade e coesão do trabalho e a comparabilidade dos resultados entre os grupos de diversos países participantes. A investigação EANC&T envolve um conjunto de ações similares, realizadas no lugar de atuação do pesquisador, com os estudantes dos diversos níveis, grupos naturais de sala de aula a partir da intervenção experimental realizada. O modelo geral da ação investigativa se ajusta ao desenho de um pré-teste – intervenção – pós-teste, aplicados ao grupo experimental, mais um grupo controle onde são aplicados o pré-teste e o pós-teste, sem realizar a intervenção. A equipe de investigação do projeto EANC&T contribuiu cooperativamente para preparar e desenhar os instrumentos de intervenção comuns a todos os grupos a partir da bibliografia e dos contatos profissionais com os demais grupos que também trabalham com esses temas. No projeto EANC&T cada investigador desenha e decide, em seu lugar de atuação, as amostras específicas, o tempo de sua atuação, o pessoal colaborador e o número de instrumentos que aplica, além de coordenar a intervenção. Na metodologia quantitativa, adotada no projeto EANC&T, foi utilizado o Cuestionario de Opiniones sobre la Ciencia, la Tecnologia y la Sociedade (COCTS). 94 3.2.1 Características do COCTS Nesta pesquisa qualiquantitativa, utilizamos o COCTS (já foi utilizado no projeto PIEARCTS), o qual se transformou em um instrumento validado para avaliação de concepções e atitudes relacionadas a CTS. O COCTS é um instrumento amplo sobre os conteúdos CTS, flexível na sua aplicação, válido e confiavél estatisticamente para as investigações relacionadas às questões CTS (ACEVEDO-DÍAZ, 2001; MANASSERO-MAS; VÁZQUEZ-ALONSO; ACEVEDO-DIAZ, 2003; 2004). Este instrumento está baseado no uso de um conjunto de questões de opção de múltipla escolha, considerado como um dos melhores instrumentos já elaborados com emprego de papel e lápis para avaliar as atitudes sobre temas e questões relacionadas a ciência da natureza (BISPO-FILHO; SEPINI; MACIEL, 2011). O questionário COCTS, em sua forma original, é composto por 100 questões, independentes entre si e que podem ser aplicadas de forma flexível e abertas. A estrutura do questionário oferece, entre as questões, diferentes alternativas relativas à NdC, organizadas em temas e subtemas, conforme mostrado no quadro 2. Quadro 2 – Questões do COCTS por dimensão, temas e subtemas. Temas Sub-temas Número das Questões do COCTS DEFINIÇÕES 1. Ciência e Tecnologia 01. Ciência 02. Tecnologia 03. I+D 04. Interdependência 10111, 10113 10211 10311 10411, 10412, 10413, 10421, 10431 SOCIOLOGIA EXTERNA A CIÊNCIA 2. Influência da Sociedade sobre a ciência e tecnologia 01. Governo 20111, 20121, 20131, 20141, 20151 02. Indústria 03. Militar 20211 20311, 20321 04. Ética 20411 05. Instituições educativas 06. Grupos de interesse especial 20511, 20521 20611 07. Influência sobre os cientistas 08. Influência geral 20711 20811, 20821 95 3. Influência triádica 4. Influência da ciência e tecnologia sobre a Sociedade 01. Interação CTS 01. Responsabilidade Social 02. Decisões Sociais 03. Problemas Sociais 04. Resoluções de Problemas 05. Bem estar econômico 06. Contribuição ao poder militar 07. Contribuição do pensamento social 08. Influência geral 5. Influência da ciência 01. União das culturas escolar sobre a 02. Fortalecimento social Sociedade 03. Caracterização escolar da ciência SOCIOLOGÍA INTERNA DA CIÊNCIA 6. Características dos cientistas 01. Motivações 02. Valores e normas 03. Crenças 04. Capacidades 05. Efeitos do gênero (masculino e feminino) 06. Infra reapresentações das mulheres 7. 01. Coletivo Social Construção social do 02. Decisões científicas conhecimento científico 03. Comunicação profissional 04. Competência profissional 05. Interações Sociais 06. Influência dos indivíduos 07. Influência nacional 08. Ciência pública e Ciência privada 8. Construção social da 01. Decisões tecnológicas tecnologia 02. Autonomia da Tecnologia EPISTEMOLOGIA 9. Natureza do 01. Observações conhecimento científico 02. Modelos científicos 03. Esquemas de classificação 04. Provisoriedade 05. Hipóteses, teorias e leis 06. Aproximação para as investigações 30111 40111, 40121, 40131, 40142, 40161 40211, 40221, 40231 40311, 40321 40411, 40421, 40431, 40441, 40451 40511, 40521, 40531 40611 40711 40811, 40821 50111 50211 50311 60111 60211, 60221, 60222, 60226 60311 60411, 60421 60511, 60521, 60531 60611 70111, 70121 70211, 70221, 70231 70311, 70321 70411 70511 70611, 70621 70711, 70721 70811 80111, 80121, 80131 80211 90111 90211 90311 90411 90511, 90521, 90531, 90541 90611, 90621, 90631, 90641, 90651 07. Precisão e Incerteza 08. Raciocínio Lógico 90711, 90721 90811 09. Pressupostos da Ciência 10. Estado epistemológico 90921 91011 11. Paradigmas e coerência conceitual Fonte: https://eancyt.mawidabp.com/. Acesso em: 22 set. 2011. 91111, 91121 96 Por ser um questionário de respostas múltiplas, o retorno direto dos respondentes nos permite obter uma série de variáveis quantitativas de atitudes relacionadas com cada questão: índice atitudinal de cada pessoa, por questão, de cada categoria (Adequada [A], Plausível [P] e Ingênua [I]) e o índice atitudinal global (BENNÁSSAR et al., 2010). Cada uma das questões do COCTS está representada por um índice quantitativo de atitudes, de modo que produzem índices atitudinais que constituem o conjunto de variáveis básicas do estudo e medem as atitudes sobre os temas CTS-NdC&T. Todas as questões apresentam um formato idêntico: um texto inicial que apresenta um problema, seguido de uma lista de frases (etiquetadas sucessivamente com letras A, B, C...), cujo o conteúdo reflete razões aos problemas do texto. Cada questão apresenta um novo problema e traz um conjunto de frases diferentes em seu conteúdo e quantidade. Para cada frase o indivíduo atribui uma nota que varia de 1 a 9 e não simplesmente marca a alternativa que acha que venha a ser a correta (MANASSERO-MAS, 2010). As frases onde os repondentes não conseguem atribuir um valor da escala, podem ser repondidas como Não-Entendo (NE) ou Não-Sei (NS). Essa metodologia, baseada em repostas múltiplas por perguntas, supera e evita as dificuldades metodólogicas normalmente encontradas nos instrumentos de avaliação, proporcionando uma avaliação quantitativa válida e possibilitando, assim, comparações estatísticas de hipóteses e permitindo uma ampla discussão dos resultadas (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS; ACEVEDO-DÍAZ, 2006). A métrica desenvolvida para o COCTS oferece medidas de índices atitudinais no intervalo de [-1, +1], muito usado nas investigações sociais sobre atitudes, com uma parte positiva e outra negativa, que refletem intuitivamente em ambos os aspectos, positivos e negativos, das atitudes (VÁZQUEZALONSO; MANASSERO-MAS; ACEVEDO-DÍAZ, 2006). As respostas das atitudes em escala de índices atitudinais, requer uma transformação de pontuação direta, emitida pelos respondentes, quantificadas como grau de acordo em uma escala de Likert de 9 pontos (1 a 9). Esta conversão aplica dois 97 critérios universais (a distância da pontuação direta e a pontuação ideal de cada frase, que depende da categoria das frases) e um critério local, a categoria de cada frase (MANASSERO-MAS, 2010). A pontuação ideal para cada frase depende da categoria da frase (seria a pontuação melhor esperada de um respondente para essa categoria), que são as seguintes: Adequadas (acordo total=9 pontos), Plausíveis (acordo parcial=5 pontos) e Ingênuas (desacordo total=1 ponto) (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS; ACEVEDODÍAZ, 2006; MANASSERO-MAS, 2010). Essas classificações estão detalhadas no quadro 3 abaixo. Quadro 3: Valores para preenchimento das questões. Desacordo Acordo Outros Indeciso Total Alto Médio Baixo 1 2 3 4 5 Baixo Medio Alto Total 6 7 8 9 Não Não Entendo Sei NE NS Fonte: Bennássar, et al, 2010, p. 223. O índice atitudinal reservado a uma pontuação direta depende da distância entre essa pontuação, emitida por um respondente, e a pontuação ideal. Quanto maior for a distância da pontuação ideal (que depende da categoria da frase), menor é a pontuação do índice atitudinal reservado. Com essa métrica, os índices atitudinais de todas as frases do questionário são bem definidos, padronizados e normalizados (MANASSERO-MAS, 2010). Conforme a autora, cabe destacar que a riqueza e variedade de temas presentes no questionário COCTS, junto com a sua organização interna, oferece aos professores oportunidade a desenvolverem currículos que contemplem atividades sobre a NdC&T nas aulas de Ciências. O índice correspondente depende da categoria da frase (adequada, plausível, ingênua) e da distância da pontuação direta até a pontuação ideal de cada categoria (simbolizado por ter reservado o índice atitudinal máximo +1). Cada pontuação direta corresponde aos índices que estão abaixo, na mesma 98 coluna, segundo a categoria da frase (MANASSERO-MAS, 2010), conforme apresentamos no quadro 4. Quadro 4: Pontuações diretas utilizadas para a conversão da nova métrica. Grau de Quase Nulo acordo Nulo Escala direta 1 2 Categorias Adequadas -1,00 -0,75 Plausíveis -1,00 -0,50 Ingênuas 1,00 0,75 Fonte: Manassero-Mas, 2010. Pontuação Direta Parcial Parcial Baixo Parcial Alto baixo alto 3 4 5 6 7 Pontuações atitudinais correspondentes -0,50 -0,25 0,00 0,25 0,50 0,00 0,50 1,00 0,50 0,00 0,50 0,25 0,00 -0,25 -0,50 Quase total 8 0,75 -0,50 -0,75 Total 9 1,00 -1,00 -1,00 O Modelo de Respostas Múltiplas (MRM), utilizado na avaliação das atitudes, CTS reveladas com a aplicação do questionário COCTS, embasado nas escalas das frases em categorias e na métrica normalizada, aponta importantes vantagens na investigação: 1. O grau de concordância com cada uma das opções sobre a questão em um valor da escala normalizada, de modo que se aproveita todas as informações disponíveis nas frases para determinar as atitudes das pessoas; 2. É invariante para todos os temas e questões CTS; 3. É confiavél e está normalizada na mesma escala [-1, +1]; 4. Alcança um elevado grau de precisão na avaliação de atitudes; 5. Permite a realização de medidas atitudinais quantitativas e a aplicação de técnicas estatísticas de verificação de hipóteses e comparação de grupos; 6. Pode-se construir análises e diagnóticos qualitativos, com base em dados quantitativos válidos e confiávies (MANASSERO-MAS, 2010, p. 25). No que se refere à aplicação de questionários como instrumento de pesquisa, Chizzotti (1991) afirma que, enquanto instrumento de coleta de dados, este constitui-se de um conjunto de questões pré-elaboradas, sistemáticas e sequencialmente dispostas em itens que constituem o tema da pesquisa, com objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito sobre o assunto investigado, de modo que os informantes saibam opinar ou informar. Para que o questionário seja eficaz, o informante deve compreender 99 claramente as questões propostas no questionário, sem dúvidas em relação ao conteúdo abordado e os termos empregados, que devem ser compatíveis com o nível de informações dos respondentes, respeitando-se sua condição e suas reações pessoais. Após a conversão das respostas diretas apresentadas pelos sujeitos, esses valores foram convertidos em valores atitudinais em nova métrica. Assim, após esta etapa utilizamos o teste estatístico Wilcoxon para averiguar se ocorreram mudanças de concepções atitudinais nos indivíduos. 3.3 Amostra dos Sujeitos A amostra para testar a validade dos instrumentos, visando uma melhor compreensão sobre o enfoque da NdC&T, foi constituído por estudantes do último ano da Escola Estadual Padre Piccinini (terceiro ano do Ensino Médio) e formandos do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Cruzeiro do Sul – Campus Anália Franco e São Miguel. Visando garantir uma eficácia do enfoque sobre NdC&T foram selecionadas amostras regulares distribuídas em dois grupos: Grupo I. – estudantes do último ano do Ensino Médio (16-17 anos); Grupo II. – estudantes do último ano do curso universitário em formação para professores (19 – 44 anos) do curso de licenciatura em Ciências Biológicas. Os grupos I e II, com seus dois subgrupos, apresentaram 4 grupos com um total de 97 estudantes. Sendo, 35 estudantes do grupo experimental (Ensino Médio + Graduação) e 62 estudantes do grupo controle (Ensino Médio + Graduação). A distribuição e siglas referentes à amostra estão apresentadas no Quadro 5. Quadro 5 – Descrição dos Grupos participantes na pesquisa. Grupos G-I G - I Exp. G – I Contr. G - II Descrição Grupos de estudantes do último ano do Ensino Médio (16 – 18 anos). Subgrupos G – I Estudantes Grupos de estudantes do último ano do Ensino 25 Médio / 3º ano C- Grupo Experimental. Grupos de estudantes do último ano do Ensino 33 Médio / 3º ano A - Grupo de Controle Subtotal do Grupo - I 58 Grupo de estudantes do último ano do curso universitário em formação para professores do curso de licenciatura em Ciências Biológicas (19 – 44 anos). 100 Subgrupos G – II Grupos de estudantes do último ano do curso universitário em formação para professores do curso de licenciatura em Ciências Biológicas Campus Anália Franco - Grupo Experimental. G – II Contr. Grupos de estudantes do último ano do curso universitário em formação para professores do curso de licenciatura em Ciências Biológicas Campus São Miguel - Grupo Controle. Subtotal do Grupo - II Estudantes do Grupo – I (G – I Exp. + G – I Contr.) + Estudantes do Grupo – II (G – II Exp. + G – II Contr.) Fonte: Elaboração do autor. G - II Exp. 10 29 39 97 3.4 Instrumentos Nesta tese empregaram-se três tipos de instrumentos, primeiro o questionário COCTS aplicado no pré e pós-teste; segundo instrumento o de intervenção didática através da SD, e como terceiro instrumento o questionário aberto. 3.4.1 Questões do COCTS Como questionário utilizamos o COCTS, já apresentado anteriormente, lançando mão das questões relacionadas com a SD utilizada. O COCTS apresenta uma quantidade de questões especificas que foram utilizadas como base para a construção do material de intervenção. Junto com a aplicação do COCTS, foi solicitado aos respondentes que preenchessem outro questionário com alguns dados sociodemográficos (sexo, idade, local de trabalho) para uma melhor representação da amostra (Anexo A). O questionário COCTS é flexível, podendo ser utilizadas todas as questões, porém como não teríamos tempo, dentro do cronograma do projeto, para trabalhar com todas as questões, optamos por trabalhar somente com as questões apontadas dentro da SD utilizada. Essas questões serviram de base para a averiguação no pré-teste e posteriormente de comparação no pós-teste, sendo aplicado no grupo controle e grupo experimental, tanto no Ensino Médio 101 quanto na Graduação. No Quadro 6 estão as dimensões exploradas nas 7 questões que foram utilizadas na pesquisa. Quadro 6 - Dimensões exploradas, temas e sub-temas das questões do COCTS utilizadas nessa pesquisa. Temas Sub-Temas DEFINIÇÕES 1. Ciência e Tecnologia Número das Questões no COCTS8 01. Ciência 10113 SOCIOLOGÍA INTERNA DA CIÊNCIA 6. Características dos cientistas 02. Valores e normas 7.Construção social do conhecimento 02. Decisões científicas científico 06. Influência dos indivíduos 60211 - 60221 70221 70611 - 70621 EPISTEMOLOGIA 9. Natureza do 06. Aproximação para as investigações conhecimento científico Fonte: Elaboração do autor. 90621 3.4.2 Sequência Didática A SD que foi utilizada como instrumento de intervenção didática consiste de um plano de aula visando trabalhar aspectos do enfoque CTS/NdC&T. Apresenta características simples e inteligíveis, evitando, sempre que possível, a eloquência. Esta SD, aqui descrita, foi aplicada somente com o grupo experimental do Ensino Médio e da Graduação. A seleção desta SD como instrumento de intervenção didática, deu-se em uma das etapas do projeto EANC&T, onde foram produzidas mais de 50 SD9 entre todos os participantes da pesquisa internacional. Numa das primeiras etapas desta pesquisa, os pesquisadores deveriam realizar a aplicação de suas SD produzidas, assim como, testar outras SD confeccionadas por outros pesquisadores em seu ambiente de trabalho, fazendo os ajustes necessários antes de aplicar nos grupos definitivos. 8 9 As questões do COCTS utilizadas na pesquisa estão descritas na integra no Anexo 2. Estão disponíveis através do endereço eletrônico: https://eancyt.libreduca.com/?lang=en. 102 Das 50 SD disponíveis para aplicação, a que mais me chamou a atenção foi a SD intitulada - Os cientistas constroem explicações: o caso de onde surgem os seres vivos -, produzida por Ángel Vázquez Alonso em parceria com Maria Antonia Manassero Mas, ambos docentes da Universidad de las Islas Baleares, Palma de Mallorca, Espanha. O que me fez escolher esta SD e trabalhar com ela nesta tese, foi a temática proposta pelos pesquisadores, Origem da vida, sendo que se enquadra numa busca imprescindível pela melhoria da compreensão sobre a NdC&T, abordando uma temática que, para este pesquisador, representa uma lacuna no Ensino de Ciências em geral. A SD trabalhada enfoca o conteúdo de ensino dos seres vivos e traz como justificativa o fato de que os cientistas usam todas as suas capacidades mentais e as ferramentas disponíveis para obter dados sobre os temas que estudam; analisando e propondo explicações apropriadas, tornando-as válidas após o conhecimento científico. Na relação com o currículo, a temática da SD é encontrada nos PCN de Ciências Naturais para o Ensino Médio. Já para a Graduação essa relação é encontrada nas DCN para o curso de Ciências Biológicas que orienta a formulação do Projeto Pedagógico do Curso. Sobre as competências básicas, espera-se que as científicas, linguística, social e cívica sejam contempladas. Dentre os objetivos da SD, espera-se que os estudantes venham a considerar a influência de fatores pessoais dos cientistas (concorrência, raciocínio, criatividade, etc.) sobre o conhecimento que produzem; consigam avaliar a forma como o conhecimento é gerado a partir dos trabalhos dos cientistas e avaliem a importância das divergências entre os mesmos (disputas) como fonte de melhoria do conhecimento científico. Assim, no quadro 7 apresentamos a SD utilizada nesta tese. Os materiais e recursos que auxiliaram todo o processo de aplicação da SD nesta pesquisa estão melhor explicitados no capítulo IV. 103 Quadro 7 - Esquema geral da sequência didática. Título: Os Cientistas constroem explicações: o caso de "onde surgem os seres vivos" Justificativa/Descrição Geral: Os cientistas usam todas as suas capacidades mentais e as ferramentas disponíveis para obter dados sobre os temas que estudam, analisando e propondo explicações apropriadas, tornando-as válidas após o conhecimento científico, devendo esse conhecimento ser comunicado a outros cientistas, que examinam e criticam severamente, e às vezes teimosamente em revistas ou em conferências científicas. O resultado desse complexo processo de depuração é validar e melhorar nosso conhecimento da natureza. Relação com o Currículo: PCN Ensino Médio – “Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias”, Conteúdo Básico Comum (CBC - MG) para o 3º ano do Ensino Médio contemplam o tema. Competência(s) Básica(s): Competência científica, a competência linguística, competência social e cívica. Objetivos: Considerar a influência de fatores pessoais de cientistas (concorrência, raciocínio, criatividade, etc.) Com o conhecimento que produzem. Avaliar a forma como o conhecimento científico é gerado a partir dos trabalhos dos cientistas. Avaliar a importância das divergências entre os cientistas (disputas) como fonte de melhoria do conhecimento científico. Metodologia/ Materiais/ Atividade (Aluno / Professor) Organização Recursos Enganchar / Introdução-motivação: Apresentação da SD. Expositiva Livre Extrair / Conhecimentos prévios: Citar alguns exemplos sobre o tema que sejam familiares e motivadores para os estudantes (sondar os Expositiva Livre conhecimentos / ideias prévias) Desenvolvimento da Atividade Explicar / Conteúdos: Texto Leitura do texto / Explicar, esclarecer e monitorar. Aula leitura Tabela completa de dados e explicações / Ajudar e monitorar. Comum Atividade 1 Explicar / Procedimentos: Atividade 2 Cada aluno escolhe uma das três posições (grupo A, B ou C); escreve Debates Atividade argumento a favor de sua posição e contra as outras / o professor Fixação 3 monitora, controla e supervisiona. Comum Atividade 4 Explicar / Atitudes: Participação dos estudantes nos debates referentes às atividades Classe realizadas. Explorar / Consolidação: Auxiliar no suporte dos resultados das discussões, argumentos e Classe exemplos das atividades. Elaborar Perguntas: Examinar/Avaliação Instrumentos / Questões do COCTS Pré-teste / Pós10113 60211 60221 70221 70611 70621 90621 COCTS teste Estender / Atividades de reforço + Atividade de recuperação: Atividade Estender / Descrever sobre um caso científico que os indivíduos Individual de conheçam. ampliação Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011) adaptado pelo autor. 104 3.4.3 Questionário Aberto O questionário aberto (Quadro 8) vem a ser o terceiro instrumento de avaliação, sendo o mesmo, estruturado em sete questões dissertativas, em que os respondentes - estudantes do grupo experimental tanto do Ensino Médio quanto da Graduação – participantes da intervenção didática apresentaram e expressaram suas considerações positivas ou negativas sobre a atividade de intervenção realizada (SD). No projeto EANC&T, este procedimento está previsto após a aplicação do questionário COCTS no pós-teste, mas nesta pesquisa optamos em realizar a aplicação deste questionário aberto logo após a finalização da aplicação da intervenção didática. O objetivo da aplicação deste questionário aberto são dois: primeiro para validar e confirmar as respostas do questionário de avaliação mediante, o aprofundamento da explicação ou exemplificação; o segundo, aprofundar o padrão de pensamento sobre NdC&T, focando principalmente as potenciais respostas contraditórias dadas pelos repondentes. Quadro 8 - Questionário aberto aplicado aos estudantes do grupo experimental. Questionário Aberto (opinião dos estudantes sobre a unidade didática) 1. Foi interessante a unidade didática para você: ( ) Muito, ( ) Médio, ( ) Pouco, ( ) Muito Pouco (marcar uma). Descreva as razões que justifiquem a opção acima escolhida. 2. Quais aspectos consideram MAIS relevantes e, porque qual razão é Mais relevante cada um deles? Aspectos mais interessantes... Razões pela qual é mais relevante... 3. Que aspectos considera MENOS relevante e, porque qual razão cada um foi Menos relevante? Aspectos MENOS relevantes… Razão pela qual é MENOS relevante... 4. O que você aprendeu com a unidade didática? 5. Que dificuldade você encontrou para realizar a unidade didática? 6. Que ideias ou opinião sobre a ciência e tecnologia você deixou de ter ou mudou depois de realizar a unidade didática? Antes pensava que.... Agora pensa que... 7. Descreva brevemente com suas palavras, figuras ou mapas seu modelo atual sobre a ciência e tecnologia. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). 105 3.5 Procedimento do Trabalho de Campo O procedimento utilizado está pautado no projeto EANC&T, no qual se aplicou um tratamento experimental através do ensino de um enfoque sobre NdC&T, mediante o planejamento e aplicação do instrumento de pré-teste intervenção didática (sequência didática) e pós-teste, valorando a efetividade deste tratamento aplicado a grupos naturais de estudantes. Conforme apresentado anteriormente, esta ação foi realizada nos dois níveis de ensino: Ensino Médio e Superior. O Quadro 9 abaixo apresenta o esquema tratamento experimental realizado: Quadro 9 – Desenho experimental: seleção de grupo, intervenção didática e avaliação. Seleção aleatória do grupo Grupo Pré-teste: instrumento de avaliação Experimental Tratamento Tratamento: instrumento de intervenção didática Intervenção Didática Pós-teste: instrumento de avaliação Tratamento Controle Tratamento → Tratamento (Diretrizes comuns aplicadas aos processos de seleção da mostra, intervenção didática e avaliação) dia/mês/ano dia/mês/ano dia/mês/ano (90 dias) Tempos orientativos (dia zero) (45 dias) Fonte: https://eancyt.mawidabp.com/. Adaptado pelo autor. No esquema acima, podemos verificar que o grupo experimental recebe o tratamento (instrumento de intervenção didática) e o grupo controle não, mas nos dois grupos se aplica o questionário (pré-teste e pós-teste). Sobre as diretrizes e para que os benefícios dos controles de variáveis próprios deste desenho experimental se efetivem, se requer que as condições das aplicações aos dois grupos (experimental e controle) sejam idênticas em seu nível, o qual facilitou a comparação entre as duas aplicações experimentais do projeto. A diretriz geral desta metodologia foi respeitar um princípio de equidade entre os grupos em seu nível de ensino de modo que os tempos de aplicação dos testes aos grupos, controle e experimental teriam que ser equivalentes; os 106 estudantes dispuseram do mesmo tempo para completar as respostas de avaliação e receberam as mesmas explicações prévias acerca do questionário na intervenção didática e não receberam ajuda diretamente para responder. 107 IV - DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA Nesse capitulo apresentamos o cenário onde e como foi desenvolvida a pesquisa tanto na Instituição de Ensino Superior quanto na Escola Básica; o perfil dos estudantes; a aplicação do pré-teste, da intervenção didática com a utilização da SD e a aplicação do pós-teste, visando situar o leitor no ambiente da pesquisa em que foi realizada. 4.1 Contexto da Escola Básica e da Instituição de Ensino Superior Nesta pesquisa decidimos trabalhar com dois grupos distintos de sujeitos. Estudantes do último ano do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini de Paraguaçu – Minas Gerais e do último semestre de Graduação em Ciências Biológicas (licenciatura) da Universidade Cruzeiro do Sul – São Paulo, Campus Anália Franco e São Miguel. 4.1.1 Escola Estadual Padre Piccinini – Paraguaçu / Minas Gerais A Escola Estadual Padre Piccinini está situada no município de Paraguaçu, estando localizada no Sul do Estado de Minas Gerais. A cidade de Paraguaçu-MG possui nos seus 103 anos de emancipação política, uma população de 20. 245 habitantes (IBGE, 2010) para uma área de 424.296 KM 2. A cidade está localizada na margem da BR-471, Próximo da BR-381 Rodovia Fernão Dias, que liga Minas Gerais a São Paulo. A Escola Estadual Padre Piccinini atende 1110 estudantes, sendo 335 estudantes do Ensino Fundamental, 714 estudantes Ensino Médio e 61 estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A escola é a única instituição do município que oferece o Ensino Médio. Conforme consta no PPP na escola predomina a heterogeneidade da clientela. No último Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)10, apenas 99 estudantes (54,10%) realizaram a avaliação, considerada hoje como um dos meios diretos de 10 Fonte: <portal.mec.gov.br/images/divulgacao_ministro.xls>. 108 ingressar no nível superior. A média geral da escola referente ao ENEM é de 482,677 pontos, considerada media-baixa para os padrões nacional. 4.1.2 Universidade Cruzeiro do Sul – São Paulo / Campus São Miguel e Campus Anália Franco A Universidade Cruzeiro do Sul, Campus São Miguel, está localizada na Avenida Doutor Ussiel Cirilo, nº 225 em São Miguel Paulista. O Campus Anália Franco, está situado na Avenida Regente Feijó, nº 1295 no Bairro do Tatuapé, ambos os Campus estão situados na cidade de São Paulo/SP. Atualmente estes dois campus oferecem uma variada concentração de cursos superiores nas mais diversas áreas do conhecimento. Desta variedade de cursos ofertada pela universidade nos dois campus, foi objeto de nossa pesquisa o curso de Ciências Biológicas, modalidade licenciatura. A partir de 2013, o Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas é ofertado apenas no Campus São Miguel. 4.2 Característica da amostra estudada: perfil dos estudantes Com a participação destes indivíduos na pesquisa, visou-se abranger dois momentos na educação, ou seja, como estão sendo formados estudantes do último ano do Ensino Médio e estudantes do último ano da Graduação. Esses dois níveis de escolaridade não foram escolhidos aleatoriamente, pois almejávamos investigar os mesmos. 4.2.1 Perfil dos estudantes do último ano do Ensino Médio Visando uma melhor apresentação dos sujeitos da pesquisa, fomos ao encontro da direção da escola para obter dados mais precisos sobre a relação sociocultural e socioeconômica dos estudantes, porém fomos avisados de que os dados apresentados pelos estudantes não são fidedignos. Assim sendo, optamos somente por apresentar os dados colhidos na intervenção desta pesquisa. 109 Os estudantes do último ano do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini, período diurno, 51% residem no centro da cidade, 30% residem nos bairros e 19% são oriundos da zona rural do município. Apresentam faixa etária de 16 a 19 anos de idade, sendo que 2% tem 19 anos, 3% 16 anos, 12% 18 anos e os demais, 83% tem 17 anos. Quanto ao gênero, 16 estudantes são do sexo masculino e 42 estudantes do sexo feminino. Esses estudantes, em sua maioria, não trabalham (69%), porém os que trabalham (31%) ocupam cargo no comércio, nas indústrias, na lavoura e em outros locais, em meio período, período vespertino. 4.2.2 Perfil dos estudantes do último período de graduação em Licenciatura em Ciências Biológicas – Campus São Miguel e Campus Anália Franco Quanto ao gênero, os estudantes do último período de Graduação de licenciatura em Ciências Biológicas do período noturno, Campus Anália Franco, cinco (5) dos 10 estudantes (100% da classe) são homens e 5 são mulheres. Todos trabalham e residem nas seguintes regiões11: Vila Formosa (2), Penha (2), Tatuapé (2), Vila Ivone, Água Rasa, Vila Rica e Chácara Mafalda. Quanto a idade, apresentam faixa etária que varia de 20 a 40 anos: 20% (2) tem de 20 a 29 anos e 80% (8) tem de 30 a 40 anos. Entre os 29 estudantes do Campus São Miguel, 3 são homens e 26 são mulheres. Todos trabalham. A maioria reside em regiões próximas ao Campus (bairros da zona leste de São Paulo): Vila Barros (1), Vila Cosmopolita (1), Ermelino Matarazzo (2), Monte Belo (1), Jardim Helena (1), Sapopemba (1), Itaim Paulista (2), Itaquera (4) e São Miguel Paulista (16). Percebemos que esses estudantes, tanto do Campus Anália Franco, quanto do Campus São Miguel, residem em bairros populares próximo ao 11 Número de estudantes por região. 110 Campus onde estudam. Logo, pode-se inferir que se trata de estudantes trabalhadores. Os estudantes do Campus São Miguel apresentam faixa etária que vária entre 19 a 44 anos de idade, sendo que 7% (2) tem idades entre 41 a 50 anos, 14% (4) tem entre 30 e 40 anos e 79% (23) de 19 a 29 anos. Visando obter dados mais aprofundados dos estudantes de Graduação, tanto do Campus Anália Franco quanto do Campus São Miguel, solicitamos ao departamento responsável da Universidade (Assessoria Acadêmica) que nos fornecesse os dados socioculturais e socioeconômicos referentes ao perfil destes estudantes, o que gentilmente nos foi concedido. Dentre as várias informações fornecidas, apesar destas serem referentes ao total de alunos do Curso por campus e não apenas das turmas por nós analisadas, optamos por apresentar os dados globais que julgamos ser de importância para esta pesquisa. Entendemos que o perfil dos alunos das duas classes de graduação, por nós, investigados está contemplado nos dados referentes ao perfil do total de alunos do curso em questão. Este questionário sociocultural e socioeconômico foi realizado pela universidade no início do ano letivo de 2012 e se refere aos alunos prováveis concluintes do curso neste ano. Apresentamos abaixo, o percentual de cada questão selecionada por nós, entre aquelas que compunham o questionário sociocultural e socioeconômico aplicado pela universidade, destacando apenas as que consideramos importantes para esta pesquisa. Uma das questões selecionadas por nós, visa saber qual foi o curso que os estudantes de graduação realizaram antes de ingressar no curso de Ciências Biológicas. Dentre os estudantes do Campus Anália Franco 70,6% realizaram somente o ensino médio regular (2º grau), 11,8% realizaram ensino médio técnico (2º grau técnico), 5,9% realizaram ensino médio magistério e os demais 11,7% 17,6% realizaram o supletivo (completo e incompleto). Dentre os estudantes do Campus São Miguel 52,8% realizaram somente o ensino médio 111 regular (2º grau), 25,5% realizaram ensino médio técnico (2º grau técnico), 2,8% realizaram ensino médio magistério e os demais 18,9% realizaram o supletivo (completo e incompleto). Conforme as porcentagens apresentadas anteriormente, a grande maioria dos estudantes cursou somente o Ensino Médio antes de ingressar no nível superior (curso de Licenciatura em Ciências Biológicas). A questão subsequente visava saber onde esses estudantes haviam concluído o Ensino Médio. Os estudantes do Campus Anália Franco 94,1% concluíram o Ensino Médio somente em instituição pública e 5.9% frequentaram o Ensino Médio a maior parte em instituições pública. Os estudantes do Campus São Miguel 79,2% concluíram o Ensino Médio somente em instituição pública, 10,4% somente em instituição particular, 8,5% a maior parte em instituição pública e 1,9 a maior parte em instituição particular. Nota-se que grande maioria desses estudantes concluiu o Ensino Médio em instituições públicas. As demais respostas para esta questão representam percentuais muitos baixos, tornando-se desprezíveis, ou seja, o número de estudantes que cursou escolas particulares não influenciou os resultados apresentados posteriormente para a amostra global. Na sua maioria, dentro de um contexto atual brasileiro, os estudantes trabalham para se manter no curso. A próxima questão averiguo a relação da atividade profissional realizada pelos estudantes. Dentre os estudantes do Campus Anália Franco 33,3% são assalariados (as) em empresa privada, 27,8% são assalariados (as) em empresa pública, 22,2% são estagiários (as), 5,6% são autônomos (as), 5,6% são empresários (as) e 5,6% estão desempregados (as), mas estão procurando trabalho. Os estudantes do Campus São Miguel 36,7 são assalariados (as) em empresa privada, 29,4% são assalariados (as) em empresa pública, 12,8% estão desempregados (as), mas estão procurando trabalho, 7,3% são estagiários (as), 4,6% são autônomos (as), 4,6% nunca trabalharam, mas estão a procura, 2,8% estão desempregados (as), mas não estão a procura e 1,8 são empresários (as). Percebemos nos dados apresentados anteriormente, que a maioria é 112 trabalhador assalariado, ou seja, são estudantes que vêem em um curso superior uma possibilidade de melhoria social. Outra característica importante no perfil deste questionário socioeconômico e sócio cultural desses estudantes, e que achamos importante apresentar, pois auxiliaria no processo desta investigação, foi a questão que visava saber se os estudantes exerciam, na época da pesquisa, atividades relacionadas com o curso. Os estudantes do Campus Anália Franco 52,9% não realizavam atividades relacionadas com o curso, 41,2% exerciam atividades relacionadas com o curso e 5,9% não exerciam atividades profissional. Dentre os estudantes do Campus São Miguel 53,8% não exerciam atividades relacionadas com o curso, 38,7% exercem atividades relacionadas com o curso e 7,5% não exerciam atividade profissional. Esses dados são bastante expressivos em relação a quantidade de estudantes que já trabalhavam em áreas relacionadas ao curso. Ao mesmo tempo, essa descoberta foi de extrema importância para a averiguação das hipóteses deste trabalho. Outra pergunta que achamos interessante apresentar e que auxiliou na análise dos dados, foi a questão que visava averiguar se os estudantes leem algum jornal diariamente. Dentre os estudantes do Campus Anália Franco 64,7% às vezes leem algum jornal, 29,4% sempre leem algum jornal e 5,9% nunca leem jornal. Os estudantes do Campus São Miguel 67,6% às vezes leem algum jornal, 21% nunca leem jornal e 11,4% sempre leem algum jornal. Conforme as porcentagens apresentadas para essa questão, temos que os estudantes ainda não apresentavam o hábito da leitura, o que é estranho em se tratando de estudantes concluintes de um curso de Licenciatura. A questão sucessiva visou averiguar, se os mesmos possuíam o hábito de leitura semanal/mensal. Os estudantes do Campus Anália Franco 58,8% às vezes, 23,5% sempre e 17,6% nunca. Dentre os estudantes do Campus São Miguel 69,8% às vezes, 24,5% nunca e 5,7% sempre. Outro dado referente ao perfil destes estudantes e que achamos essencial estar apresentando, foi em relação ao principal motivo da escolha do curso de graduação em Ciências Biológicas (licenciatura). Dentre os 113 estudantes do Campus Anália Franco 73,7% identificação com a área, 5,3% indicação vocacional, 5,3% ascensão profissional/social, 5,3% mercado de trabalho, 5,3% valor da mensalidade e 5,3% devido a outras razões. Os estudantes do Campus São Miguel 68,5% identificação com a área, 10,8% devido a outras razões, 6,3% indicação vocacional, 4,5% ascensão profissional/social, 4,5% mercado de trabalho, 3,6% interferência da família ou de amigos e 1,8% valor da mensalidade. Segundo o Projeto Pedagógico de Curso de Ciências Biológicas (2008), o perfil desejado do egresso do curso é que este seja um profissional qualificado, crítico, criativo, consciente de sua responsabilidade como agente de transformação social, preparado para absorver técnicas e inovações e com capacidade de adaptação às situações novas. Conforme os dados dos gráficos 13 e 14, percebe-se que a maioria dos estudantes apresentava identificação com a área, ou seja, com a escolha do curso, o que contribui para a construção de um profissional seguro quanto ao que deseja como profissão. 4.3 Aplicação do pré-teste com questionário COCTS ao grupo controle e grupo experimental – Ensino Médio e Graduação Neste capítulo apresentamos detalhadamente a aplicação do pré-teste com os estudantes do Ensino Médio e da Graduação, tanto do grupo controle quanto do grupo experimental. Para uma melhor interpretação do processo de aplicação do pré-teste, optamos por seguir uma cronologia de datas das aplicações do questionário e apresentar uma breve descrição do modo como ocorreu essa aproximação com a escola, universidade e estudantes. No dia 06 de julho de 2012 ocorreu a aplicação do questionário aos estudantes Ensino Médio da E. E. Padre Piccinini/Paraguaçu-MG, grupo controle e grupo experimental. No dia 14 de agosto de 2012 foi aplicado o préteste aos estudantes da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul/São Paulo-SP, Campus São Miguel, este designado como grupo controle. No dia 15 114 de agosto de 2012 ocorreu a aplicação do mesmo pré-teste aos estudantes da Graduação, Campus Anália Franco, designados como grupo experimental. Como sabemos, a educação apresenta como uma de suas finalidades transmitir a cultura, apresentando aos indivíduos sua real contribuição em seu meio social, desenvolvendo suas potencialidades e, como consequência, promover o próprio desenvolvimento da sociedade onde vivem (OLIVEIRA, 2001). Assim, tentando estabelecer um vínculo com as comunidades escolares da cidade de Paraguaçu/MG e da Universidade Cruzeiro do Sul-SP, fomos ao encontro dos estudantes, professores e direção, no intuito de provocar uma aproximação dos mesmos com o tema da pesquisa. Relatamos inicialmente como foi o contato com direção, professores e estudantes da Escola Básica, bem como a aplicação dos instrumentos de pesquisa e, a seguir, como ocorreu o contato e o processo de aplicação com os graduandos de Licenciatura em Ciências Biológicas. Conforme apresentado anteriormente, a E. E. Padre Piccinini/Paraguaçu-MG, abrange todo o Ensino Médio do município e abriga uma grande quantidade de alunos de todas as classes sociais da cidade, tanto moradoras da região urbana quanto de zona rural. Para que essa aproximação acontecesse da melhor maneira possível, foi realizada uma reunião com o diretor da escola a fim de apresentarmos a proposta de trabalho a ser desenvolvido com os alunos. Nesta mesma reunião, detalhamos toda a parte do projeto a ser realizada na escola. Explicamos que a aplicação do questionário pré-teste e pós-teste (COCTS), mais a intervenção didática com uso da SD aos alunos do Ensino Médio do período diurno, seria realizada em três dias letivos e em datas distintas uma da outra, o que tomaria parte das aulas dos professores, mas que o assunto abordado traria novos conhecimentos para os estudantes, contribuindo para a sua formação para a cidadania. Após toda a minha explanação sobre o projeto, o diretor comunicou que iria providenciar o que era cabível de sua parte para a realização da pesquisa. Assim, me ofereci para conversar com os professores visando justificar a 115 realização do projeto e explicar porque necessitaria da ajuda e da compreensão dos docentes para o andamento da pesquisa na instituição. Porém, o diretor respondeu que não haveria necessidade, pois a inclusão deste trabalho no âmbito escolar seria de extrema importância para todos. Aproveitando a discussão sobre o projeto, realizei um convite aos professores, por meio do diretor, para participarem da pesquisa. Ainda nesta reunião, realizamos um sorteio para definir qual classe seria o grupo controle e qual seria o grupo experimental participante da pesquisa. Como resultado do sorteio ficou definido que o grupo controle seria a classe A e o grupo experimental a classe C. Na época do trabalho de campo desta pesquisa a escola contava com um total de cinco classes do último ano do Ensino Médio (classes A, B, C, D e E). Nessa aproximação com a direção escolar, tivemos o intuito de estabelecer uma relação direta entre a escola e a proposta do projeto, já que as atividades desta magnitude são escassas no município. Nossa intenção foi que a pesquisa viesse levantar questões em prol da melhoria das relações locais e almejadas nesta pesquisa, já que acreditamos que a valorização da educação pode impulsionar os cidadãos para o aprender e, como consequência, virem a ter uma participação mais efetiva nas questões políticas e sociais do município, tornando-se parte de uma sociedade mais crítica. Após acertar com a direção todos os detalhes da pesquisa, foi possível realizar a aplicação do pré-teste no dia 06 de julho de 2012, durante o período de aula, junto aos alunos do Ensino Médio do período diurno da Escola Estadual Padre Piccinini em Paraguaçu / MG, tanto ao grupo controle quanto ao grupo experimental, que foram realizadas na mesma data. Como não houve manifestações dos docentes quanto ao seu interesse em participar do projeto, durante a aplicação foi solicitado aos mesmos que se ausentassem da sala para que os alunos se sentissem mais a vontade ao responder o instrumento. O questionário COCTS, foi aplicado às 2 turmas do último ano do Ensino Médio, turmas A e C, totalizando 58 questionários respondidos. Na primeira parte do horário no dia da aplicação do pré-teste (7:30h à 9:15h), aplicamos o 116 questionário na turma A, totalizando 25 questionários respondidos. Na segunda parte do horário deste mesmo dia (9:45h à 11:30h) aplicamos o questionário na turma C, obtendo um total de 33 questionários respondidos. Visando uma aplicação dos questionários de forma clara, procuramos padronizar o modo de expor as informações e orientações nas salas de aula. Após a apresentação do pesquisador e do projeto, passamos a fornecer algumas orientações, tais como: as respostas teriam que ser respondidas a caneta, com letra legível e, se possível, que os alunos não se preocupassem quanto às respostas (se estariam corretas ou erradas), pois o objetivo era identificar suas concepções atitudinais (ideias e conhecimentos prévios) sobre o tema da pesquisa, garantindo que a identificação dos mesmos seria mantida em sigilo. Após as orientações, foi realizada a distribuição do questionário e da folha de gabarito (Anexo B). Em seguida, junto com os estudantes realizamos a leitura do questionário, o qual, posteriormente, foi respondido pelos mesmos. O mesmo procedimento foi realizado com o grupo controle e grupo experimental. A primeira parte do questionário consta da identificação dos estudantes: idade e gênero. Para auxiliar os estudantes no preenchimento das respostas, incluímos nesta primeira parte o exemplo de uma questão do COCTS. A segunda parte do questionário consta das questões em si. A aplicação do questionário ocorreu tranquilamente. Após os estudantes terem respondido o mesmo foi recolhido pelo pesquisador. Conforme apresentado anteriormente, os demais indivíduos participantes desta pesquisa foram os Graduandos em licenciatura do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Cruzeiro do Sul, Campus São Miguel e Anália Franco. A aproximação com a instituição e com os graduandos foi bem mais tranquila, não necessitando a realização de reuniões com a coordenação. Essa tranquilidade na aproximação foi devido ao fato de minha orientadora ser docente da Universidade Cruzeiro do Sul e no período da realização do trabalho de campo da tese estar lecionado para ambas as turmas de graduação nos campus correspondentes. A mesma cedeu três datas 117 aleatórias, conforme cronograma da pesquisa, apresentado anteriormente, para cada turma, a realização da etapa de trabalho de campo da pesquisa. Visando uma padronização de ações no trabalho de campo, os mesmos processos realizados com os alunos do Ensino Médio, foram realizados com os alunos da Graduação. O único imprevisto, que ocorreu dentro o plano de ações, foi que não tivemos como realizar a aplicação do questionário nas duas turmas de graduação no mesmo dia, devido a distância entre os dois Campus e ao fator de locomoção/logística dentro da cidade de São Paulo. O questionário de pré-teste aplicado ao grupo controle, que ficou determinado como sendo os Graduandos do Campus São Miguel, foi aplicado no dia 14 de agosto de 2012 e a aplicação no grupo experimental, Graduandos do Campus Anália Franco, ocorreu no dia 15 de agosto de 2012, ambos os grupos no período noturno. A escolha do grupo controle e do grupo experimental, nos dois campus, aconteceu através de um sorteio. Consideramos ser de extrema importância a participação desses graduandos no trabalho, tanto para a realização da pesquisa propriamente dita, quanto para ampliar o seu conhecimento em relação à temática da NdC&T, já que são estudantes do último período do curso. Outro aspecto importante, é que, ao que tudo indicava, atuariam como futuros professores de Ciências e de Biologia nas Escolas Básicas. 4.4 Aplicação da Sequência Didática (SD) com o grupo experimental Ensino Médio e Graduação O processo de intervenção didática realizada nesta pesquisa foi padronizado para os dois níveis de ensino, na qual, adotamos a mesma estratégia para os grupos experimentais. Na Escola Básica, a intervenção foi realizada no turno matutino (7:30h – 11h), no dia 28 de agosto de 2012. Na Graduação a intervenção ocorreu no dia 03 de outubro de 2012, sendo realizado também somente em um turno, neste caso, turno noturno, horário em que as aulas são oferecidas na instituição de 118 ensino. Visando uma maior aproximação do mesmo método, procuramos usar o mesmo tempo que dispomos na Escola Básica na Graduação, ou seja, de 3:30h, assim a intervenção foi realizada da 19:30h até as 23h. A intervenção didática realizada emprega estratégias de ensino destinado a promover a mudança conceitual e aprendizagem significativa, e explorar o potencial do processo histórico da ciência, fazendo dela educacionalmente inspiradora. Com essa intervenção didática visamos trabalhar sobre vários aspectos, da validação do conhecimento científico ao conteúdo de forma mais explícita e extensivamente. Dentro do processo de realização da intervenção didática nos dois níveis de ensino, posso afirmar que não ocorreu em momento algum, nenhuma intervenção negativa durante a aplicação, no qual, fui muito bem recebido pelos estudantes e docentes. Após essa receptividade, utilizei o mesmo procedimento realizado no pré-teste, solicitando aos professores que se ausentassem da sala de aula. Visamos também, deixar bem claro aos estudantes que a participação deles nesta pesquisa era de extrema importância, mas caso não quisessem participar, poderiam se ausentar da sala. Nenhum dos estudantes, tanto no Ensino Médio quanto na Graduação, não ausentaram-se, ou seja, essa atitude dos estudantes, demonstrou uma motivação por parte deles em participar da pesquisa. No início da intervenção didática foram explicadas todas as etapas aos estudantes e como os procedimentos seriam realizados por eles e por mim. Eles deveriam descrever todas as suas colocações referentes à atividade, e eu ficaria como interlocutor das atividades e ao mesmo tempo mediador e motivador da mesma. Em seguida foi entregue a cada estudante o material impresso (Anexo C) contendo material para responderem as atividades e o questionário aberto. Após a entrega do material, foi realizada uma leitura e averiguação de eventuais dúvidas referentes ao mesmo. Sendo que tanto no Ensino Médio quanto na Graduação os estudantes não apresentaram dúvidas sobre o material. 119 Antes de iniciar a atividade no Ensino Médio foi perguntado aos estudantes se gostariam de realizar a atividade em grupo ou individualmente. Alguns sugeriram em grupo e outros individualmente, assim, optamos por realizar uma votação na sala de aula, e a maioria votou na realização da atividade individualmente. Após a decisão, alguns estudantes me informaram que a atividade em grupo nesta sala aula não é positiva, pois, sempre que um professor optava em administrar uma aula com atividades em grupo os estudantes se dispersavam do trabalho a ser realizado, e somente alguns estudantes realizavam as atividades propostas. Como a atividade de intervenção didática foi realizado primeiro com os estudantes do Ensino Médio, e desejávamos uma padronização na aplicação da intervenção: na Graduação a possibilidade de realizar atividade em grupo não foi sugerida, assim, foi realizada individualmente. Na aplicação cada atividade era exposta em slide com o auxílio do datashow. Mesmo já tendo realizado a leitura anteriormente, optei em realizar novamente a leitura de cada atividade, na medida em que a mesma era exposta no slide. As atividades foram cronometradas sem que os estudantes pudessem perceber, sendo que, após a realização da leitura da atividade eram destinados, aproximadamente 30 minutos para que os estudantes a respondessem. Esse procedimento foi realizado em todas as etapas da atividade. A primeira atividade da SD consta da leitura pelos estudantes do texto “De onde surgem os seres vivos?” (Quadro 10). Sendo que este texto não foi projetado no slide do data-show. Nesta primeira atividade procedeu-se da seguinte forma, foi realizada a leitura do texto pelo pesquisador; após, foi solicitado aos estudantes que realizassem à leitura do texto, individualmente. Após a leitura individual, foi perguntado aos estudantes se tinham alguma dúvida referente ao mesmo. Tanto no Ensino Médio quanto na Graduação os estudantes não relataram dúvida referente ao texto. 120 Quadro 10 – Texto para leitura atividade 1. Leitura 1: De onde surgem os seres vivos? 1. Séculos atrás, as pessoas pensavam que o grão poderia produzir camundongos 2. e ratos. Essa ideia, muitas vezes chamada de "geração espontânea", tem 3. bom senso suficiente e, é compreensível. As pessoas viram que os ratos 4. apareciam de repente no celeiro onde os grãos eram 5. armazenados por um tempo. Da mesma forma, elas perceberam que 6. a carne que era deixada por vários dias, ficava cheia de vermes e eles 7. pensavam, que a carne produzia os vermes. Esta idéia coincide com a imagem 8. religiosa, que o homem é feito de terra, e com os escritos de 9. Aristóteles, que disse que todos os animais são formados a partir de 10. quatro elementos: fogo, água, ar e terra. Quase todos os cientistas 11. acreditavam nesta explicação. 12. Em 1668, o cientista italiano Francesco Redi suspeitou que os vermes 13. eram produzidos por minúsculos e invisíveis ovos colocados por moscas 14. na carne. Outros insetos, como de borboletas, colocam ovos que se 15. convertem em larvas antes se tornarem adultos. Redi testando 16. sua idéia colocou pedaços de carne em uma série de garrafas. Fechou 17. bem alguns dos frascos e em outro colocou uma gaze 18. para fecha-lo. Depois de esperar 19. alguns dias, Redi concluiu que os vermes só apareciam nas garrafas 20. abertas. Ele também viu como os vermes finalmente converteram-se 21. em moscas. 22. Redi concluiu que o material inerte não produzia os 23. organismos vivos. Para testar melhor sua experiência, ele colocou moscas e 24. vermes mortos dentro dos frascos fechados com carne. Não apareceu 25. vermes vivos nos recipientes fechados 26. com moscas mortas. Redi estava satisfeito, mas muitos outros 27. discordavam dele. Nos próximos dois séculos, continuou 28. o debate sobre a geração espontânea. No entanto, as 29. observações acumulavam-se mais e mais contra ela, e pouco a pouco 30. as pessoas pararam de acreditar na geração espontânea. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). Após a leitura do texto, foi apresentada aos estudantes através de slide a atividade subsequente dessa atividade, sendo também realizada a leitura. A atividade traz cinco frases A, B, C, D e E, transcritas na íntegra do texto (Quadro 11). Após a realização da leitura das frases, solicitamos aos estudantes que refletissem sobre o conteúdo de cada frase e o significado de cada uma delas para eles. Em seguida pedimos que decidissem se essas frases eram um dado ou uma explicação; após sua decisão, o estudante deveria marcar com um X a melhor definição para a frase. 121 Quadro 11 – Atividade 1. Atividade 1 O quadro abaixo apresenta frases transcritas da leitura anterior. Reflita sobre o conteúdo e o significado de cada uma delas, para decidir se são um dado ou uma explicação. Para cada enunciado, marque um (X) no lugar que você considera adequado, como um dado ou uma explicação: Estes anunciados são… ...um dado. ...uma explicação. "Todos os animais são formados a partir dos quatro elementos: fogo, água, ar e terra". B "Os vermes só aparecem em garrafas abertas." C "Os vermes, eventualmente, se transformaram em moscas." D "Os materiais sem vida não produzem organismos vivos." "Não aparece vermes vivos em recipientes que têm moscas e E vermes mortos." Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). A No enunciado da atividade 1, fica claro que não há necessidade do estudante lembrar-se de cada detalhe da história para respondê-las, pois, o objetivo é formar uma opinião fundamentada com base de como funciona a ciência. Nesta atividade ocorreram debates e conversas para a sua realização, tanto no Ensino Médio, quando na Graduação. Nas demais atividades 2, 3 e 4 os debates são tarefas mais ou menos independentes, mas inter-relacionados, e seu desenvolvimento auxilia para estruturar o apoio à aprendizagem das ideias certas. Além disso, a distinção entre dados e explicações trabalhados na atividade 1 é central para os argumentos utilizados nos debates das frases dos grupos A, B e C das demais atividades. Por exemplo, os dados bem gravados não mudam, mas podem mudar ou melhorar a explicação dos demais dados das outras atividades. Visando uma melhor explicação nas demais atividades (2, 3 e 4), optamos por apresentar na íntegra a atividade aos estudantes, pois acreditamos que esse procedimento apresenta um melhor esclarecimento da questão, contribuindo para as respostas dos estudantes. Nas atividades 2, 3 e 4 seguimos como padrão a seguinte explanação, tanto na Graduação quanto no Ensino Médio, primeiro apresentávamos o slide com a atividade e em 122 seguida realizou-se a leitura do slide, e após deu-se um espaço de tempo para os estudantes responderem. Consequentemente, em todas as demais atividades (2, 3 e 4), tanto os estudantes do Ensino Médio quanto da Graduação exclamavam em voz alta a frase escolhida e o que iriam escrever sobre a mesma, iniciando-se um debate com as visões diferentes para cada uma das frases dos grupos, nas atividades trabalhadas. Neste momento, solicitávamos aos estudantes que descrevessem em seu material o que tinham acabado de expor para a questão apresentada. Acreditamos que essas exclamações, por parte dos estudantes, foram muito benéficas para a atividade e principalmente para os estudantes, pois fez com que eles refletissem mais atentamente em cada atividade e em cada frase do grupo. As discussões realizadas durante as atividades serviram de oportunidade interessante para introduzir novos conteúdos criativos e relevantes para as repostas descritas, podendo ser vislumbrados outros elementos da atividade científica, como a questão de explicações alternativas e planejamento de experimentos para explicações contrastantes pelos respondentes. A estrutura das atividades 2, 3 e 4 segue o mesmo modelo, primeiramente é apresentado o tópico da questão visando instigar o respondente, e posteriormente, três frases, grupos A, B e C. No quadro 12 apresentamos a atividade 2. Quadro 12 – Atividade 2 da Sequência Didática. Atividade 2 Tópico Algum tempo atrás, as pessoas perceberam que: "A carne deixada ao ambiente natural por vários dias ficava cheia de vermes." Os cientistas acreditavam que os vermes apareciam na carne espontaneamente. Redi, no entanto, começou a duvidar desta explicação. Na ciência, é muito comum que um cientista venha a preferir uma explicação à outra. A experiência pessoal de um cientista pode afetar a explicação que prefere. Grupo A Os cientistas têm uma mente aberta, então sua experiência pessoal não influencia a explicação aceita. Grupo B 123 A experiência pessoal do cientista determina completamente a explicação que aceita. Grupo C A experiência pessoal dos cientistas influencia na explicação, mas não determina totalmente. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). Nas atividades 2, 3 e 4, os estudantes tiveram que optar por uma frase dos grupos, com a qual, eles concordassem; após sua escolha, apresentar uma argumentação a favor da frase escolhida e, posteriormente, descrever argumentos às frases dos grupos não escolhidos, apresentando também exemplos para a posição escolhida e para a não escolhida. No quadro 13 apresentamos o modelo utilizado para a explanação das respostas utilizados pelos estudantes. O quadro 13 foi expandido para o formato e tamanho necessário, para que os estudantes pudessem facilmente escreverem seus argumentos. Quadro 13 – Quadro para as argumentações dos estudantes para as atividades 2, 3 e 4. Selecione a posição…. Argumentos para a posição escolhidas Argumentos contra as posições não escolhidas Exemplos Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). Visando uma melhor apresentação dos dados, optamos por identificar os estudantes através da ordem numérica, ou seja, estudantes de Graduação 1 a 10, ficando assim representados G1, G2, G3, etc, e os estudantes do Ensino Médio de 1 a 25, sendo assim representados EM1, EM2, EM3, etc. A terceira atividade está apresentada no quadro 14 e traz como debate para a intervenção, o modo como os cientistas procedem para alcançar uma explicação sobre aquilo que eles estudam. Quadro 14 - Atividade 3 da Sequência Didática. Atividade 3 Tópico Redi duvidava da idéia geral sobre a "geração espontânea". Não acreditava que esta ideia fosse correta. Ocorreu-lhe que talvez: "Os vermes são produzidos por minúsculos ovos invisíveis, colocados por moscas na carne." Como os cientistas fazem para dar uma explicação sobre o que estudam? 124 Grupo A Os cientistas baseiam-se nos dados. Se os dados são suficientes, eles podem logicamente apresentar uma explicação correta. Grupo B Os cientistas partem dos dados e usam sua imaginação para gerar uma possível explicação dos dados. Uma explicação não se pode raciocinar. Grupo C Os cientistas continuam a coleta de dados até que tornam óbvia a explicação correta. Não necessitam de imaginação. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). Durante a intervenção alguns estudantes se expressavam, não concordando com as afirmativas expostas nos slides, e algumas vezes ocorreram debates interessantes. Neste momento, como pesquisador, procurava conduzir e ao mesmo tempo favorecer ainda mais esses debates, lembrando-os que descrevessem toda a sua colocação no material que foi entregue. Esse episódio ocorreu tanto com estudantes do Ensino Médio, quanto com os de Graduação. A quarta atividade (quadro 15) apresenta como os cientistas fazem para chegar a um acordo referente a uma melhor explicação de um determinado caso, no que, eles estudam. Quadro 15 - Atividade 4 da Sequência Didática. Atividade 4 Tópico Redi acreditava que a melhor explicação para o aparecimento dos vermes é a seguinte: "Os vermes são produzidos por minúsculos ovos, invisíveis, colocados por mosca na carne." Outros cientistas, no entanto, não estavam convencidos e pensaram que havia outras explicações. Você esperaria que os cientistas concordassem sobre qual é a melhor explicação? Como os cientistas podem chegar a um acordo sobre qual é a melhor explicação? Grupo A Se os cientistas experientes possuem os mesmos dados, deveriam concordar sobre qual é a explicação correta. Grupo B Há muitas maneiras de explicar os mesmos dados, por isso esperamos que cada cientista proponha sua própria explicação. Grupo C Pode haver várias explicações boas para os mesmos dados. Seria de esperar que os cientistas com experiência não concordassem. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). 125 Outra atividade realizada nesta intervenção para finalizar a aplicação desta SD, é uma atividade de ampliação, onde os estudantes, com base nas ideias expostas nas atividades anteriores, escrevessem um resumo sobre um caso científico que os mesmos conheciam. O quadro 16 também foi expandido para o formato e tamanho necessário para que os estudantes pudessem facilmente escrever seus argumentos. Quadro 16 – Atividade de ampliação Atividade de ampliação Sobre as ideias expostas nessa atividade, escreva sobre um caso científico (resumido), no qual você conhece. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). No Ensino Médio, alguns estudantes colocaram, que no decorrer do trabalho e em alguma atividade, não se sentiam preparados para debater as colocações que foram apresentadas nas atividades e deixaram em branco a respostas, e alguns não conseguiram terminar de escrever seu pensamento por completo. Quanto aos estudantes de Graduação esse fato não ocorreu. Referente a esse acontecimento, já esperávamos que alguns estudantes do Ensino Médio não viessem a terminar a atividade, devido à complexidade da mesma. A terceira e última fase da intervenção consistiu da aplicação de um questionário aberto estruturado em sete questões (Quadro 17). Nesta fase da intervenção, visando uma melhor expressão dos estudantes referente à atividade realizada, deixei-os à vontade para responderem o questionário aberto. O objetivo da aplicação deste questionário foi avaliar a aplicabilidade da SD nos dois níveis de ensino e também averiguar, se a intervenção possibilitou realizar uma melhor aprendizagem sobre a temática da pesquisa e qual a avaliação dos estudantes sobre a atividade desenvolvida. 126 Quadro 17– Questionário aberto. Questionário aberto (opinião dos estudantes sobre a SD) 1. Foi interessante a unidade didática para você: ( )Muito, ( )Médio, ( )Pouco, ( ) Muito Pouco (marcar uma). Descreva as razões que justifiquem sua escolha. 2. Quais aspectos considera Mais relevantes e, porque razão é Mais relevante cada um deles? Aspectos mais relevantes... Razão pela qual é mais relevante... 3. Que aspectos considera Menos relevante e, porque razão cada um foi Menos relevante? Aspectos Menos relevantes… Razão pela qual é menos relevante 4. O que você aprendeu com a Sequência Didática? 5. Que dificuldade você encontrou para realizar a Sequência Didática? 6. Que ideias ou opiniões sobre a ciência e tecnologia você deixou de ter ou mudou depois de realizar a Sequência Didática? Antes pensava que.... Agora penso que... 7. Descreva brevemente com suas palavras, figuras ou mapas, seu modelo atual sobre a ciência e tecnologia. Fonte: Vázquez-Alonso; Manassero-Mas (2011). 4.5 Aplicação do pós-teste com questionário COCTS ao grupo controle e grupo experimental – Ensino Médio e Graduação Apresentamos a seguir a aplicação do pós-teste realizado com os grupos experimentais e controle do Ensino Médio e Graduação, sendo esta a última etapa de campo da tese. A aplicação do questionário COCTS para análise do pós-teste foi em seu contexto uma aplicação muito tranquila em ambos os níveis de ensino. Visando seguir o contexto de uma padronização de aplicação, seguimos o mesmo processo realizado no pré-teste, ou seja, o questionário foi primeiramente entregue aos estudantes e posteriormente realizado uma leitura do mesmo. Conforme apresentado anteriormente, a aplicação com os estudantes do Ensino Médio ocorreu no dia 15 de novembro de 2012 e foi novamente aplicado para duas turmas do Ensino Médio (classe A e C), como foi definido no pré-teste. Na data de aplicação do pós-teste, tanto no Ensino Médio quanto na Graduação estavam presentes todos os estudantes que participaram das 127 duas fases anteriores (pré-teste e intervenção), sendo que a presença de todos esses estudantes, também na aplicação do pós-teste, foi um ganho inigualável para a pesquisa. Seguindo a uniformização realizada no pré-teste, a aplicação do questionário procedeu-se da seguinte forma no Ensino Médio: na primeira parte do horário no dia da aplicação (7:30 h a 9:15 h) aplicou-se o questionário na turma A (grupo controle) e na segunda parte do horário (9:45 h a 11:30h) foi aplicado o questionário na turma C (grupo experimental). Na Graduação o questionário pós-teste aplicado os Graduandos do Campus São Miguel (grupo controle), foi aplicado no dia 13 de novembro de 2012. A aplicação aos Graduandos do Campus Anália Franco (grupo experimental) ocorreu no dia 14 de novembro de 2012, ambos no período noturno, horário das aulas. Visando uma padronização de ações no trabalho de campo, os mesmos processos realizados com os alunos do Ensino Médio, foram realizados com os alunos da Graduação. O único imprevisto, já detectado no pré-teste, e que ocorreu também no pós-teste, foi que não tivemos como realizar a aplicação do questionário nas duas turmas de Graduação no mesmo dia, devido ao fator de locomoção/logística dentro da cidade de São Paulo, como já exposto anteriormente. A aplicação dos questionários tanto no Ensino Médio quanto na Graduação, ocorreu de forma tranquila, sem nenhuma interferência negativa. Vale ressaltar que poucos estudantes no Ensino Médio recordaram das duas outras fases da pesquisa realizada anteriormente, enquanto que os estudantes de Graduação todos recordavam. Após a distribuição do questionário e da folha de gabarito, passamos a fornecer, conforme foi realizado no pré-teste, algumas orientações que pudessem auxiliar os estudantes a responderem o questionário, tais como: respostas com letra legível e escritas com canetas e que a identificação dos mesmos seria sempre mantida em sigilo. Após essas explanações, passamos para a leitura das questões do questionário e, logo em seguida, os estudantes passaram a responder. Todos 128 os procedimentos foram realizados nos dois níveis de ensino e em ambos os grupos pesquisados. 129 V – RESULTADOS: ANÁLISE E DISCUSSÃO Neste capítulo apresentamos, analisamos e discutimos os resultados decorrentes da aplicação do pré-teste comparando com os resultados do pósteste aplicados aos grupos controle e experimental do Ensino Médio e da Graduação. Também apresentamos a análise e discussão dos resultados originados da intervenção didática junto aos grupos experimentais da Graduação e do Ensino Médio, por meio da aplicação da SD. Apresentamos e analisamos, também, o questionário aberto respondido pelos estudantes dos grupos experimentais após a aplicação da SD. 5.1 Análise e Discussão dos Resultados do Questionário COCTS (Pré e Pós-Teste) aplicado nos Grupos Controle e Experimental do Ensino Médio e Graduação Neste capítulo apresentamos os resultados do questionário COCTS, comparando os dados obtidos do pré-teste com os do pós-teste. Para a comparação dos resultados lançamos mão do teste estatístico Wilcoxon, procurando verificar se havia ocorrido mudanças positivas nas concepções atitudinais dos estudantes do grupo experimental do Ensino Médio e da Graduação sobre questões relacionadas com a NdC&T. Para que pudéssemos ter uma ideia do ganho real obtido com a aplicação da SD, procuramos verificar também, se no tempo decorrido entre a aplicação do pré e do pós-teste havia ocorrido alguma mudança de concepções atitudinais nos estudantes do grupo controle do Ensino Médio e da Graduação, mesmo sem que esses grupos tivessem sofrido intervenção didática. Para uma melhor visualização, optamos por realizar uma padronização na apresentação dos resultados. Primeiramente apresentamos os índices estatísticos dos estudantes do Ensino Médio e, posteriormente, os índices dos estudantes da Graduação. Nos resultados estatísticos do teste de Wilcoxon, os índices menores que 0,05 (<0,05) caracterizaram diferenças estatisticamente significativas nas respostas do questionário COCTS. As frases que apresentam diferenças estatisticamente significativas estão sinalizadas, na tabela, com um 130 asterisco (*), objetivando uma melhor visualização e identificação das respostas. Visando, também, um melhor entendimento por parte do leitor, optamos por descrever primeiramente a questão avaliada, assinalando as classificações das frases, adequadas, plausíveis e ingênuas. A questão 10113 do COCTS, que tem como tema a definição de Ciência e Tecnologia e como subtema a Ciência, visa saber como o processo da ciência é mais bem descrito. A questão apresenta seis frases, sendo uma frase adequada (F), três plausíveis (A, C e E) e duas ingênuas (B e D). Na Tabela 1 apresentamos os resultados estatísticos da questão 10113 do COCTS, referente aos estudantes do Ensino Médio. Tabela 1. Resultado estatístico da Questão 10113 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação do pré-teste com o pós-teste. Questão 10113 – Frases A. Tudo o que fazemos para entender o mundo ao nosso redor. B. O método científico. C. Descobrir a ordem que existe na natureza. D. O uso da tecnologia para desvendar os segredos da natureza. E. A aplicação de métodos qualitativos e quantitativos para entender o universo. F. Observar e propor explicações sobre relacionamento no universo, e verificar a validade das explicações. Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T12 Média 0.076 -0.303 60 0.0085* -0.320 -0.220 90 0.2877 -0.068 -0.326 121 0.0309* -0.370 -0.270 116 0.2517 0.182 0.766 118 0.3913 0.000 -0.020 82 0.1524 -0.280 0.172 140 0.0741 -0.510 -0.470 73 0.2856 -0.333 0.014 78 0.0115* -0.280 -0.140 74 0.1935 0.311 0.432 207 0.3000 0.180 0.890 3 0.0001* p13 Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média Conforme apresentado na tabela 1 as respostas dos estudantes do grupo controle, do Ensino Médio, apresentam diferenças estatísticamente significativas para as frases A e E (plausíveis) e frase B (ingênua). O grupo experimental apresentou diferença estatística para a frase F (adequada). 12 13 T: valor calculado da estatística. p: probabilidade exata calculada. 131 Com esse resultado percebemos que, quando se pretende averiguar como o processo da ciência é mais bem descrito, os estudantes do grupo controle conseguiram indicar o que seria uma classificação ingênua (frase_B_p=0.0309) e plausível (frase_A_p=0.0085 / frase_E_p=0.0115) para o melhor processo da ciência. Porém, esses mesmos estudantes não indicaram a colocação adequada. Já os estudantes do grupo experimental, que participaram da intervenção didática, conseguiram indicar dentre as frases a alternativa adequada (frase_F_p=0.0001) para o processo da ciência. Na tabela 2, apresentamos os dados estatístico referente aos estudantes de Graduação. Tabela 2. Resultado estatístico da Questão 10113 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação préteste com o pós-teste. Questão 10113 – Frases A. Tudo o que fazemos para entender o mundo ao nosso redor. B. O método científico. C. Descobrir a ordem que existe na natureza. D. O uso da tecnologia para desvendar os segredos da natureza. E. A aplicação de métodos qualitativos e quantitativos para entender o universo. F. Observar e propor explicações sobre relacionamento no universo, e verificar a validade das explicações. Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média 0.052 -0.362 89 0.0140* -0.050 -0.400 18 0.1540 -0.379 -0.474 132 0.2021 -0.400 -0.400 27 0.0510 0.086 0.086 176 0.5000 0.000 0.150 10 0.4583 -0.310 -0.397 150 0.2545 -0.275 -0.400 11 0.0865 -0.086 -0.172 86 0.2391 -0.150 0.000 12 0.3677 0.629 0.058 61 0.0280* 0.550 0.925 2 0.0213* p Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média Conforme consta na tabela 2 na comparação do pré-teste com o pósteste o grupo controle apresenta diferença estatisticamente significativa na frase A (plausível) e na frase F (adequada). O grupo experimental apresenta diferença estatisticamente significativa para as frases F (adequada). 132 Referente aos dados estatísticos da graduação, percebemos que os estudantes do grupo controle conseguiram indicar qual seria a frase plausível (frase_A_p=0.0140) e qual seria a frase adequada (frase_F_p=0.0280) para o processo da ciência. Os estudantes do grupo experimental indicaram, entre as frases, qual seria a adequada (frase_F_p=0.0213) para o processo da ciência. Comparando os dados estatísticos dos estudantes do Ensino Médio e da Graduação (grupo controle e experimental), nesta questão 10113 ficou evidenciado que o emprego de debates sobre o processo e os métodos da ciência, podem ser realizados em sala de aula dos cursos de formação de futuros professores, pois como foi constatado estatisticamente, a intervenção didática apresentou uma modesta diferença do grupo experimental (frase_F_p=0.0213) sobre o grupo controle (frase_F_p=0.0280) na frase adequada. Também os estudantes do grupo controle indicaram a frase plaúsivel (frase_A_p=0.0140) que define o melhor processo da ciência. Em relação aos estudantes do Ensino Médio, acreditamos que debates acerca desta questão também podem ser realizados em sala de aula, pois os resultados demonstram que, com a intervenção didática realizada, o grupo experimental conseguiu identificar a frase adequada (frase_F_p=0.0001). Isso não aconteceu com o grupo controle (frase_F_p=0.3000) nesta questão, mas os mesmos conseguiram indicar as frases plausíveis e a frase ingênua. Após análise dos dados obtidos com a questão 10113, acreditamos que atividades desta magnitude (aplicação de SD), realizada com enfoque na NdC&T, podem nos apresentar uma direção mais detalhada para uma compreensão de como os estudantes, após serem indagados sobre questões referentes ao processo da ciência, analisam as verdadeiras aplicações da mesma na sociedade atual. Com essa análise constatamos ser possível realizar mudanças de concepções atitudinais nos estudantes, pois a grande maioria concordou que o processo da ciência sempre apresenta um caráter incerto e provisório. 133 Para Santos e Schnetzler (2010) quando se consegue tal compreensão acerca da Ciência, os próprios estudantes poderão avaliar as aplicações da ciência na sociedade, levando em conta as opiniões controvertidas. Os autores complementam dizendo que, ao contrário, com uma visão de ciência como algo verdadeiro e acabado, os estudantes terão dificuldade de aceitar a possibilidade de duas ou mais alternativas para o problema em questão. As questões 60211 e 60221 encontram-se dentro do enfoque da Sociologia Interna da Ciência, tendo como tema as características dos cientistas e como subtema valores e normas. A questão 60211 apresenta em seu enunciado, que o melhor cientista é sempre aquele que possui a mente aberta é imparcial e é objetivo em seu trabalho; sendo que essas características pessoais são necessárias para fazer uma ciência melhor, e que os melhores cientistas não tem necessariamente essas características. A questão 60211 está estruturada com seis frases, sendo uma frase adequada (C), três frases plausíveis (D, E e F) e duas ingênuas (A e B). Na tabela 3 apresentamos o resultado do teste estatístico da questão 60211 dos estudantes do Ensino Médio. 134 Tabela 3. Resultado estatístico da Questão 60211 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 60211 – Frases A. Os melhores cientistas têm essas características, já que de outra forma prejudicaria a ciência. B. Os melhores cientistas têm essas características, porque quanto mais dessas características possuírem, melhor a ciência é feita. C. Esses aspectos não são suficientes. D. Porque às vezes ficam presos e tão profundamente interessados ou preparados em seu campo. E. Porque depende do caráter de cada cientista. F. Os melhores cientistas não têm estas características pessoais, em maior medida do que qualquer outro meio científico. Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T Média 0.008 -0.121 100 0.1239 -0.280 -0.300 132 0.4276 -0.402 -0.424 198 0.3327 -0.390 -0.350 123 0.4483 0.462 0.523 168 0.3069 0.690 0.840 58 0.0682 0.030 0.045 224 0.4306 -0.100 -0.060 106 0.3706 0.152 -0.182 114 0.0213* -0.180 0.080 70 0.0925 -0.182 0.061 171 0.1029 -0.160 0.080 59 0.1242 p Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média Na tabela 3, vemos que os estudantes do grupo controle apresentam diferença estatisticamente significativa para a frase E (plausível). Já o grupo experimental não apresentou diferença estatisticamente significativa para nenhuma das frases. Acreditamos que para essa questão em debate a intervenção didática não conseguiu trazer um melhor entendimento da temática para os estudantes. Os índices estatísticos dos estudantes da Graduação da questão do COCTS 60211 estão representados na tabela 4. 135 Tabela 4. Resultado estatístico da Questão 60211 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação préteste com o pós-teste. Questão 60211 – Frases A. Os melhores cientistas têm essas características, já que de outra forma prejudicaria a ciência. B. Os melhores cientistas têm essas características, porque quanto mais dessas características possuírem, melhor a ciência é feita. C. Esses aspectos não são suficientes D. Porque às vezes ficam presos e tão profundamente interessados ou preparados em seu campo. E. Porque depende do caráter de cada cientista. F. Os melhores cientistas não têm estas características pessoais, em maior medida do que qualquer outro meio científico. Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média -0.448 -0.345 125 0.2375 0.175 0.000 20 0.2074 -0.319 -0.397 132 0.3035 0.200 -0.150 16 0.2206 0.569 0,517 141 0.2769 0.775 0.900 6 0.0881 -0.172 0.000 101 0.2039 -0.150 0.000 20 0.3611 -0.207 -0.103 94 0.2274 -0.050 0.000 25 0.3994 -0.069 -0.069 146 0.4545 0.200 -0.200 4 0.0711 p Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média Na tabela 4 percebe-se que tanto os estudantes do grupo controle quanto os estudantes do grupo experimental não apresentam diferenças estatisticamente significativas para nenhuma das frases desta questão. Nos índices da questão 60211, apresentados anteriormente, averiguamos que tanto os estudantes do Ensino Médio quanto os estudantes de Graduação não apresentam mudanças de concepções atitudinais em seus grupos experimentais para o tema em debate, ou seja, que o melhor cientista é sempre aquele que possui a mente aberta, imparcial e é objetivo em seu trabalho. 136 Quanto à não mudança de concepções atitudinais, acreditamos que as colocações do pesquisador e os debates e discussões realizadas durante o processo de intervenção didática, não foram suficientes para os estudantes conseguissem avaliar adequadamente as frases da questão em seu contexto, ou seja, que as características pessoais dos cientistas são importantes, porém não suficientes para se fazer uma ciência melhor. Uma outra constatação que fizemos a partir desse resultado, é que embora debates sobre as características dos cientistas não sejam geralmente realizados em sala de aula, os estudantes podem obter informações a partir de outras fontes, pois conforme foi constatado no grupo controle do Ensino Médio, mesmo sem a intervenção didática houve melhora (mudanças de concepções atitudinais) nos resultados comparativos da frase plausível (frase_E_p=0.0213). A questão 60221 apresenta, em seu enunciado, que certas características pessoais podem ser importantes na ciência, como, por exemplo, ter a mente aberta, lógica, objetiva, imparcial. Os cientistas apresentam essas caracteristicas não somente em seu trabalho, mas também em sua vida familiar. A questão encontra-se estruturada com seis frases, sendo uma frase adequada (D), três frases plausíveis (B, C e E) e duas frases ingênuas (A e F). Na tabela 5 apresentamos os resultados dos índices estatísticos do Ensino Médio da questão 60221 do COCTS. Tabela 5. Resultado estatístico da Questão 60221 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 60221 – Frases A. Os cientistas têm essas características no trabalho e em sua casa. B. Os cientistas têm essas características em seu trabalho (que são necessários para fazer Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T Média -0.205 -0.265 216 0.3679 -0.280 -0.420 111 0.2058 -0.121 -0.197 195 0.3133 -0.340 -0.020 29 0.0368* p Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média 137 ciência), mas não em casa. C. Os cientistas têm essas características em seu trabalho (que são necessárias para fazer ciência), mas não necessariamente em casa. D. Não se pode assumir que os cientistas têm estas características no trabalho ou em casa mais do que outras pessoas. E. Os cientistas não têm estas características no trabalho ou em casa mais do que outras pessoas. F. Cientistas podem ter uma mentalidade menos aberta, porque o seu sucesso no trabalho depende de ter uma atitude lógica, simples ou estreita. -0.045 -0.136 128 0.2602 -0.360 -0.240 60 0.2174 -0.008 0.174 140 0.0757 -0.160 0.780 20 <0.0001* -0.121 -0.061 182 0.3122 -0.160 0.020 73 0.1826 0.068 -0.015 204 0.5509 0.180 0.110 99 0.4041 As respostas dos estudantes do grupo controle do Ensino Médio não apresentaram diferenças estatísticamente significativas nas frases para a questão. Já no grupo experimental, os estudantes conseguiram identificar que os cientistas apresentam certas características pessoais que podem ser importantes na ciência, sendo que indicaram a frase B ingênua (p=0.0368), ou seja, que o cientista não é uma pessoa diferente no trabalho em relação a sua casa. Também indicaram a frase D, adequada (p=<0.0001), sendo que não se pode afirmar que os cientistas não apresentam essas características em casa ou no trabalho. Na tabela 6 apresentamos os índices estatísticos dos estudantes da Graduação referente a questão 60221 do COCTS. 138 Tabela 6. Resultado estatístico da Questão 60221 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação préteste com o pós-teste. Questão 60221 – Frases A. Os cientistas têm essas características no trabalho e em sua casa. B. Os cientistas têm essas características em seu trabalho (que são necessários para fazer ciência), mas não em casa. C. Os cientistas têm essas características em seu trabalho (que são necessárias para fazer ciência), mas não necessariamente em casa. D. Não se pode assumir que os cientistas têm estas características no trabalho ou em casa mais do que outras pessoas. E. Os cientistas não têm estas características no trabalho ou em casa mais do que outras pessoas. F. Cientistas podem ter uma mentalidade menos aberta, porque o seu sucesso no trabalho depende de ter uma atitude lógica, simples ou estreita. Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média p -0.388 -0.328 132 0.2986 -0.250 -0.200 27 0.4797 -0.172 0.178 88 0.1027 -0.200 0.200 2 0.0374* -0.207 0.398 91 0.1246 -0.150 0.250 10 0.0693 0.397 0.124 115 0.0607 0.400 0.925 0 0.0059* -0.017 0.343 110 0.1930 -0.450 -0.200 5 0.2501 0.147 0.694 125 0.3463 0.275 0.425 9 0.1763 Conforme apresentado na tabela 6, os índices apresentados pelos estudantes do grupo controle de Graduação não apresentaram diferenças estatísticamente significativas para as frases da questão. Sobre o grupo experimental, nota-se que os estudantes apresentaram diferenças estatísticamente significativas para a frase B plausível (p=0.0374) e para a frase D adequada (p=0.0059). Nesta questão evidenciamos um dos potenciais da SD, pois os estudantes do grupo experimental, tanto do Ensino Médio quanto da 139 Graduação, apresentaram diferenças estatísticamente significativas para as frases adequadas. Nesta questão, a partir dos debates ocorridos em sala de aula na intervenção didática, os estudantes tiveram a possibilidade de perceber que os cientistas não são deuses e sim pessoas normais, que não nasceram dotadas de super poderes, e que passam por dificuldades pessoais como qualquer outro cidadão, ou seja, cientistas são seres humanos, são como a maioria das pessoas na vida cotidiana. Sobre esta questão 60221 apoiamo-nos em Gil-Pérez e Vilches (2011), os quais colocam que deve-se realizar a imersão dos estudantes em uma cultura científica através de atividades que busquem apresentar o verdadeiro trabalho dos cientístas, pois com essa visão esses indivíduos conseguiram desenvolver uma melhor compreensão sobre a NdC e conseguiram superar o reducionismo conceitual da ciência. A questão 70221, também aborda o enfoque da sociologia interna da ciência, com o tema construção social do conhecimento científico e subtema decisões científicas. Essa questão trata de quando se propõe uma nova teoria científica e se os cientistas devem decidir se a aceitam ou não; sua decisão é baseada objetivamente sobre os fatos que defendem a teoria, não sendo influenciados por sentimentos ou motivações. A questão apresenta 5 frases, sendo duas adequadas (B e D), uma plausível (E) e duas ingênuas (A e C). Na tabela 7 apresentamos os índices estatísticos dos estudantes do Ensino Médio. Tabela 7. Resultado estatístico da Questão 70221 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 70221 – Frases A. As decisões dos cientistas baseiam-se exclusivamente sobre os fatos, caso contrário as teorias não podem ser adequadamente suportada podendo ser imprecisas, inúteis ou até prejudiciais. B. As decisões dos Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T Média p Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média -0.174 -0.417 100 0.0463* -0.480 -0.380 111 0.2058 0.356 0.477 162 0.2583 0.310 0.810 21 0.0002* 140 cientistas não são baseadas apenas nos fatos, elas são baseadas na teoria. C. Depende do caráter de cada cientista. D. Porque os cientistas são humanos, suas decisões serão influenciadas, em alguma medida, por seus próprios sentimentos internos. E. As decisões são baseadas menos em fatos científicos e muito mais sobre seus próprios sentimentos e sua opinião sobre a teoria, ou benefícios pessoais, tais como fama, segurança no emprego ou dinheiro. -0.152 -0.311 136 0.0993 -0.260 -0.230 103 0.3320 0.098 0.152 184 0.3285 0.040 0.810 2 <0.0001* -0.152 -0.106 154 0.4043 -0.400 0.240 47 0.0028* Os estudantes do grupo controle do Ensino Médio indentificaram a frase A ingênua (p=0.0463), isso não ocorreu com o grupo experimental na mesma frase (p=0.2058), conforme identificado no processo estatístico. No grupo experimental as frases que apresentam diferenças estatísticamente significativas são as frases B (p=0.0002) e D (p=<0.0001), sendo essas classificadas como adequadas e a frase E (p=0.0028) plausível. Para as mesmas frases, no grupo controle não ocorreram diferenças estatísticamente significativas (frases B_p=0.2583; D_p=0.3285; E_p=0.4043). Acreditamos que um dos fatores cruciais para que o grupo experimental viesse a apresentar essa melhora significativa nesta questão, comparando com o grupo controle, foi devido aos debates e discussões realizadas na aplicação da intervenção didática que contribuiram para essa mudança significativa. Na tebela 8 apresentamos os índices estatístico dos estudantes da Graduação referente a questão 70221 do COCTS. 141 Tabela 8. Resultado estatístico da Questão 70221 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação préteste com o pós-teste. Questão 70221 – Frases A. As decisões dos cientistas baseiam-se exclusivamente sobre os fatos, caso contrário as teorias não podem ser adequadamente suportadas, podendo ser imprecisas, inúteis ou até prejudiciais B. As decisões dos cientistas não são baseadas apenas nos fatos, elas são baseadas na teoria. C. Depende do caráter de cada cientista. D. Porque os cientistas são humanos, suas decisões serão influenciadas, em alguma medida, por seus próprios sentimentos internos, E. As decisões são baseadas menos em fatos científicos e muito mais sobre seus próprios sentimentos e sua opinião pessoal sobre a teoria, ou benefícios pessoais, tais como fama, segurança no emprego ou dinheiro Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média -0.483 -0.431 114 0.3365 -0.250 -0.275 22 0.4764 0.414 0.604 148 0.3482 0.225 0.775 3 0.0104* -0.276 0.795 161 0.4785 -0.150 -0.100 14 0.2643 0.284 0.636 144 0.3093 0.075 0.075 6 0.0125* -0.397 0.113 76 0.0506 -0.550 -0.550 16 0.2206 p Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média Conforme apresentado na tabela 8, os índices apresentados pelos estudantes do grupo controle não apresentaram diferenças estatísticamente significativas para as frases da questão. Sobre o grupo experimental, nota-se que os estudantes apresentaram diferenças estatísticamente significativas para as frases B (p=0.0104) e D (p=0.0125), sendo ambas classficadas como adequadas. Nesta questão, podemos afirmar que com a realização da intervenção didática os estudantes do grupo esperimental da Graduação e do Ensino 142 Médio, apresentaram mudanças de concepções atitudinais acerca da construção social do conhecimento científico (decisões científicas), concepção essa almejada pelos teóricos, ou seja, que quando se propõe uma nova teoria, as decisões dos cientistas não sejam baseadas apenas nos fatos, mas sustentadas também pela teoria (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSEROA-MAS, 2012), pois se a teoria foi comprovada com sucesso, comparando sua estrutura lógica com outras teorias, ela explicará todos os fatos. As questões 70611 e 70621 referem-se também ao enfoque da sociologia interna da ciência, tendo como tema a construção social do conhecimento científico e subtema a influência dos indivíduos. A questão 70611, em seu contexto apresenta que, com o mesmo conhecimento básico, dois cientistas podem desenvolver a mesma teoria independentemente um do outro. A natureza científica não afeta o conteúdo de uma teoria e o caráter do cientista influenciará no conteúdo de uma teoria. A questão está estruturada com 6 frases, sendo duas adequadas (E e F), uma plausível (D) e três ingênuas (A, B e C). O teste estatístico referente à questão 70611, apresentado na tabela 9, permite verificar que os estudantes do Ensino Médio tanto do grupo controle quanto do grupo experimental, apresentaram mudanças de concepções atitudinais para essa questão. Os estudantes do grupo controle apresentam diferença estatisticamente significativas para as frases B e C (ingênuas) e para as frases E e F (adequadas). O grupo experimental apresenta diferença estatisticamente significativa para as frases E e F (adequadas). 143 Tabela 9. Resultado estatístico da Questão 70611 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 70611 – Frases A. Porque o conteúdo é baseado em fatos e no método científico, os quais não são influenciados por questões pessoais. B. Porque o conteúdo é baseado em fatos e estes não são influenciados por questões pessoais. C. Porque o conteúdo é baseado em fatos. D. Porque diferentes cientistas realiza m pesquisas de forma diferente (por exemplo, irá revelar-se mais profundamente ou levantar questões ligeiramente difer entes). E. Porque diferentes cientistas pensaram de maneiras diferentes e têm idéias ou opiniões um pouco diferentes. F. Porque o conteúdo de uma teoria pode ser influenciado por aquilo que um cientista quer acreditar, os preconceitos também desempenham um papel. Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T Média -0.311 -0.333 161 0.4785 -0.420 -0.520 144 0.2327 -0.045 -0.394 101 0.0057* -0.300 -0.300 150 0.4943 -0.114 -0.447 73 0.0026* -0.290 -0.420 102 0.1368 -0.197 -0.212 228 0.4590 -0.300 -0.020 63 0.0989 0.348 0.583 121 0.0309* 0.200 0.820 5 <0.0001* -0.091 0.333 93 0.0123* 0.240 0.800 10 0.0003* p Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média Conforme apresenta a tabela 9, nota-se que os estudantes do grupo controle conseguiram indentificar que as frases B (p=0.0057) e C (p=0.0026) são ingênuas, isso não sendo identificado com o grupo experimental para as mesmas frases tendo a frase B (p=0.4943) e a frase C (p=0.1368). Para as frases classificadas como adequadas, o grupo controle apresentam índices estatisticamente significativos, frase E (p=0.0309) e frase F (p=0.0123), percebemos que os estudantes do grupo experimental apresentaram índices 144 mais condizentes com a proporção estatística nas frases adequadas, frase E (p=<0.0001) e frase F (p=0.0003). Na tabela 10 apresentamos os índices dos estudantes da Graduação referente a questão 70611 do COCTS. Tabela 10. Resultados estatístico da Questão 70611 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 70611 – Frases A. Porque o conteúdo é baseado em fatos e no método científico, os quais não são influenciados por questões pessoais. B. Porque o conteúdo é baseado em fatos e estes não são influenciados por questões pessoais. C. Porque o conteúdo é baseado em fatos. D. Porque diferentes cientistas realiza m pesquisas de forma diferente (por exemplo, irá revelar-se mais profundamente ou levantar questões ligeiramente difer entes). E. Porque diferentes cientistas pensaram de maneiras diferentes e têm idéias ou opiniões um pouco diferentes. F. Porque o conteúdo de uma teoria pode ser influenciado por aquilo que um cientista quer acreditar, os preconceitos também desempenham um papel. Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média p Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média -0.474 -0.422 134 0.3187 0.300 -0.050 19 0.3392 -0.302 -0.319 136 0.4697 -0.375 0.000 10 0.1313 -0.414 -0.388 150 0.3683 -0.325 -0.350 17 0.4168 -0.293 -0.190 105 0.3511 -0.500 0.100 11 0.0463* 0.578 0.353 107 0.0677 0.400 0.800 3 0.0089* 0.362 0.103 115 0.0607 0.100 0.900 0 0.0077* Conforme apresentado na tabela 10, os índices apresentados pelos estudantes do grupo controle não apresentaram diferenças estatísticamente 145 significativa para as frases da questão. Sobre o grupo experimental, nota-se que os estudantes apresentaram diferenças estatísticamente significativas para a frase D plausível (p=0.0463) e para as frases adequadas E (p=0.0089) e F (p=0.0077). Para essa questão podemos averiguar, conforme comprovado pelo teste estatístico, que os estudantes do grupo experimental acreditam que o caráter do cientista influencia no conteúdo de uma teoria. Assim, podemos afirmar que para essa questão os estudantes do grupo experimental apresentaram mudanças de concepções atitudinais sobre a questão levantada, sendo que diferentes cientistas pensam de maneiras diferentes e têm ideias ou opiniões um pouco diferentes e o conteúdo de uma teoria pode ser influenciado por aquilo que um cientista quer acreditar, pois os preconceitos também desempenham um papel importante. Quando os estudantes conseguem ver que a ciência é resultado do espírito crítico mais profundo, ou seja, formado por cientistas que carregam em si os mais diversos dogmas, esses estudantes terão condição de enfrentar problemas e buscar, através da participação, tentativas de construções de soluções do modo de fazer Ciência na sua formação, ou seja, enxergaram porque os cientistas pensam de maneira diferente e apresentam idéias ou opiniões diferentes (ACEVEDO-DÍAZ et al., 2009). A questão 70621 apresenta, em seu contexto, que alguns cientistas brilhantes, como Einstein, têm uma maneira única e pessoal de ver as coisas. Estes pontos de vista criativos determinam como outros cientistas interpretam as coisas no mesmo campo e que os cientistas brilhantes têm grande influência sobre outros cientistas. Esta questão apresenta em sua estrutura 5 frases, sendo uma adequada (D), três plausíveis (A, B e C) e uma ingênua (E). O teste estatístico referente a questão 70621, apresentado na tabela 11, permite averiguar, através dos índices, que os estudantes do grupo controle do Ensino Médio não apresentam diferenças estatisticamente significativas para o enfoque trabalhado na questão. Os estudantes do grupo experimental 146 apresentaram diferenças estatisticamente significativas para a frase D, sendo essa classificada como adequada. Tabela 11. Resultado estatístico da Questão 70621 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 70621 – Frases A. Porque os cientistas, como seres humanos, tomam as opiniões pessoais e peculiares dos cientistas que admiram. B. Porque os cientistas brilhantes têm opiniões radicalmente diferentes sobre um assunto, e esses pensamentos criativos também fazem os outros olharem as coisas de forma diferente. C. Cientistas influenciam outros cientistas brilhantes, mas somente se houver uma boa evidência ou raciocínio para apoiar as suas opiniões. D. Os cientistas brilhantes podem ter alguma influência se outros cientistas excepcionais decidirem aceitar as opiniões de cientistas brilhantes em seu próprio ponto de vista. E. Os cientistas brilhantes não influenciam outros cientistas. Cada cientista tem seu modo particular de ver as coisas. Isto leva a novas ideias na ciência. Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T Média -0.076 -0.167 155 0.2969 -0.200 0.000 40 0.1221 -0.242 -0.333 85 0.2276 -0.100 0.020 102 0.3195 0.000 -0.136 178 0.1965 -0.180 -0.160 98 0.3969 0.212 0.386 142 0.1269 0.290 0.770 27 0.0004* -0.182 -0.303 177 0.1692 -0.020 -0.130 116 0.2469 p Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média 147 Comparando os resultados averiguados (estatísticamente) dos estudantes do grupo controle com o grupo experimental, nota-se que o grupo experimental apresentou diferenças estatisticamente significativas para a frase D adequada (p=0.0004), enquanto que os estudantes do grupo controle para a mesma frase apresentaram índice (p=0.1692) que foge do esperado pelo teste estatístico. Na tabela 12 apresentamos o resultado do teste estatístico para a questão 70621 dos estudantes da Graduação. Tabela 12. Resultado estatístico da Questão 70621 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação préteste com o pós-teste. Questão 70621 – Frases A. Porque os cientistas, como seres humanos, tomam as opiniões pessoais e peculiares dos cientistas que admiram. B. Porque os cientistas brilhantes têm opiniões radicalmente diferentes sobre um assunto, e esses pensamentos criativos também fazem os outros olharem as coisas de forma diferente. C. Cientistas influenciam outros cientistas brilhantes, mas somente se houver uma boa evidência ou raciocínio para apoiar as suas opiniões. D. Os cientistas brilhantes podem ter alguma influência se outros cientistas excepcionais decidirem aceitar as opiniões de cientistas brilhantes em seu próprio ponto de vista. E. Os cientistas brilhantes não influenciam outros cientistas. Cada cientista Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média p Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média -0.138 -0.069 167 0.2944 -0.200 0.050 5 0.1244 -0.207 -0.224 137 0.4879 0.100 0.150 18 0.4721 -0.276 -0.172 95 0.2381 -0.200 0.300 9 0.0486* 0.310 0.190 96 0.2435 0.775 0.775 11 0.0776 0.112 -0.095 130 0.1873 -0.050 0.225 17 0.1423 148 tem seu modo particular de ver as coisas. Isto leva a novas ideias na ciência. A tabela 12 permite afirmar que os estudantes do grupo controle da Graduação não apresentam diferenças estatisticamente significativas para a questão trabalhada. Os estudantes do grupo experimental apresentam diferenças estatisticamente significativa para a frase D (p=0.0486), sendo essa classificada como adequada. Para essa questão 70621 percebemos que os grupos experimentais, tanto do Ensino Médio quanto da Graduação, vão ao encontro do que se espera de uma classificação adequada para a resolução desta questão, sendo que cientistas brilhantes podem apresentar interferência, desde que os cientistas decidam aceitar as opiniões de outros cientistas sobre o seu ponto de vista. Sobre as questões 60211, 60221, 70221, 70611 e 70621, que tratam da Sociologia Interna da Ciência, concordamos com Vázquez-Alonso et al. (2007), pois acreditamos que, após a atividade realizada em aula, esses estudantes puderam perceber que a Ciência na sociedade é praticada por um grupo de profissionais (cientistas) que são caracterizados por tradições compartilhadas, costumes e estruturas organizacionais específicas para realizar o seu trabalho e que apresentam relações pessoais e de grupos, entre si e com outras instituições sociais próximas. Os autores completam dizendo que atividades de intervenção didática, que busquem trabalhar e demonstrar a construção do conhecimento sociocientífico, conseguem levar aos estudantes que a Ciência é um empreendimento humano, talvez um pouco especial pelos objetivos pretendidos, conhecimentos gerados e a forma como o fazem, mas como tantos outros, o cientista está sujeito às contingências históricas e sociais específicas da condição humana, tais como ideologias, diferentes pressões, influências, coincidências, serviços, restrições, relacionamentos e etc. 149 A questão 90621 apresenta como enfoque a epistemologia, tendo como tema a natureza do conhecimento científico e como subtema aproximação para as investigações. Em seu contexto, a questão traz que os melhores cientistas são aqueles que seguem os passos do método científico. Essa questão encontra-se estruturada em cinco frases, sendo uma adequada (C), duas plausíveis (D e E) e duas ingênuas (A e B). Nesta questão, conforme constatado na tabela 13 os estudantes do grupo controle do Ensino Médio não apresentam diferenças estatisticamente significativas para a mesma. O grupo experimental apresentou diferenças estatisticamente significativas, conforme constatado na frase C, sendo essa uma frase adequada. Tabela 13. Resultado estatístico da Questão 90621 do COCTS respondida por alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Padre Piccinini do município de Paraguaçu-MG. Grupo controle e grupo experimental comparação pré-teste com o pós-teste. Questão 90621 – Frases A. O método Científico assegura resulta dos válidos, claros, lógicos e exatos. Portanto, a maioria dos cientistas segue os passos do método científico. B. O método científico, como ensinado na sala de aula, deve funcionar bem para a maioria dos cientistas. C. O método científico é útil em muitos casos, mas não garante resultados. D. Os melhores cientistas são aqueles que usam qualquer método para obter resultados favoráveis (incluindo imaginação e criatividade). E. Muitas descobertas científicas foram feitas por acaso, não seguindo o método científico. Préteste/ Média Grupo Controle n=33 Pósteste/ T Média p Grupo Experimental n=25 PréPósteste/ teste/ T p Média Média -0.402 0.368 141 0.1905 -0.390 -0.400 138 0.3659 -0.333 -0.311 230 0.3585 -0.350 -0.310 82 0.4309 0.500 0.303 172 0.0682 0.440 0.870 33 0.0007* -0.364 -0.197 100 0.1239 -0.400 -0.120 61 0.0502 -0.197 -0.273 147 0.3334 -0.340 0.020 81 0.1396 150 Conforme consta na tabela 13, nota-se que os estudantes do grupo experimental apresentaram mudanças de concepções atitudinais para a frase adequada da questão. Para a mesma frase, os estudantes do grupo controle apresentaram p=0.0682 enquanto os estudantes do grupo experimental apresentaram p=0.0007. Acreditamos que o trabalho desenvolvido na intervenção didática possa ter contribuído para as mudanças identificadas. Na tabela 14 apresentamos os índices estatísticos dos estudantes de Graduação referente à questão 90621 do COCTS. Tabela 14. Resultado estatístico da Questão 90621 do COCTS respondida por alunos da Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul do município de São Paulo-SP. Grupo controle e grupo experimental comparação préteste com o pós-teste. Questão 90621 – Frases A. O método Científico assegura resulta dos válidos, claros, lógicos e exatos. Portanto, a maioria dos cientistas segue os passos do método científico. B. O método científico, como ensinado na sala de aula, deve funcionar bem para a maioria dos cientistas. C. O método científico é útil em muitos casos, mas não garante resultados. D. Os melhores cientistas são aqueles que usam qualquer método para obter resultados favoráveis (incluindo imaginação e criatividade). E. Muitas descobertas científicas foram feitas por acaso, não seguindo o método científico. Préteste/ Média Grupo Controle n=29 Pósteste/ T Média p Grupo Experimental n=10 PréPósteste/ teste/ T p Média Média -0.509 -0.517 114 0.4792 -0.550 -0.525 21 0.4295 -0.302 -0.295 147 0.4602 -0.450 -0.350 28 0.5000 0.534 0.339 89 0.0661 0.675 0.875 3 0.0260* -0.293 -0.196 97 0.3826 -0.150 0.100 8 0.1359 -0.362 -0.250 120 0.4101 0.000 0.100 19 0.3392 151 Conforme constatado na tabela 14, os estudantes do grupo controle da Graduação não apresentaram diferenças estatisticamente significativas nos resultados do pré e do pós-teste. O grupo experimental apresentou diferenças estatisticamente significativas para a frase C adequada. Comparando os índices estatísticos para a frase, entre os dois grupos (controle e experimental), nota-se que o grupo controle apresentou para a frase C p=0.0661, enquanto que o grupo experimental apresentou para a frase C p=0.0260. Para a questão 90621, conforme constatado nas tabelas 13 e 14, os estudantes de Graduação e do Ensino Médio, em seu grupo experimental, pelo teste estatístico, apresentaram diferenças significativas. Acreditamos que ocorreram mudanças de concepções atitudinais, pois conforme constatado no teste estatístico, fica evidente que, para esses estudantes o método cientifico é útil em muitos casos, mas não garante os resultados esperados; que os melhores cientistas também precisam de originalidade e criatividade. Já os grupos controle de ambos os níveis não apresentaram concepções adequadas para a questão. Fica evidente, também nesta questão, que a intervenção didática realizada com a SD auxiliou na melhoria dessas concepções atitudinais apresentadas pelos estudantes. As análises apresentadas anteriormente em relação às setes questões do COCTS aplicadas aos estudantes dos grupos controle e experimental do Ensino Médio e da Graduação, permitem afirmar que a intervenção didática com os estudantes dos grupos experimentais contribuiu para que ocorressem mudanças de concepções atitudinais significativas no período compreendido entre o pré-teste e o pós-teste. Em relação às frases classificadas como adequadas, plausíveis e ingênuas, as sete questões estão estruturadas com nove frases adequadas, dezesseis plausíveis e quatorze ingênuas. Dentre as trinta e nove frases analisadas, as que mais sofreram alterações nos grupos experimentais foram as adequadas. No Ensino Médio foi constatado mudanças de concepções atitudinais em sete das nove frases adequadas (77.7%) e na Graduação ocorreu mudanças em oito frases adequadas (88.8%). Somente na questão 152 60211 a frase adequada não apresentou mudanças significativas, tanto no grupo experimental do Ensino Médio quanto no da Graduação. Sobre as frases plausíveis, das dezesseis frases que abrangem as sete questões, no Ensino Médio ocorreram mudanças em três frases (18.75%) e na Graduação em duas frases (12.5%). Do total de quatorze frases ingênuas, somente uma (7.14%) apresentou mudanças significativas entre estudantes da Graduação. No grupo controle, tanto do Ensino Médio quanto da Graduação (grupos que não sofreram a intervenção didática), ocorreram mudanças em duas frases adequadas, sendo uma frase no Ensino Médio (11.11%) e uma na Graduação (11.11%). Das quatro frases plausíveis, percebeu-se mudanças em três frases no Ensino Médio (18.75%) e em uma na Graduação (6.25%). Entre as quatorze frases ingênuas, ocorreram mudanças em quatro (28,57%), todas no Ensino Médio. Nos resultados aqui identificados pela comparação dos questionários pré-teste e pós-teste sobre o enfoque CTS/NdC&T, percebemos, com base nos índices estatísticos, que não há um distanciamento entre o Ensino Médio e a Graduação. Conforme os dados obtidos, os estudantes dos dois níveis de ensino apresentam o mesmo tipo de conhecimento para o enfoque apresentado nas questões. Assim, concordamos com Gíl-Péres e Vilches (2011) que o verdadeiro problema de se aprender sobre a NdC, é que ela surge distorcida no ensino da educação científica, inclusive no nível universitário. Para que ocorram mudanças mais significativas na Graduação, especialmente entre os estudantes de Licenciaturas, em relação às mudanças no Ensino Médio, é necessário proporcionar aos graduandos condições para que venham superar visões deformadas e empobrecidas sobre C&T socialmente aceitas, mas que afetam os próprios professores, principais responsáveis pela formação dos cidadãos. Acreditamos que essa falta de compreensão dos estudantes de ambos os níveis, acerca de questões relacionadas com NdC&T/CTS, possa estar associada as lacunas existentes nos currículos, nos PPP, planos de ensino, etc, os quais, muitas vezes, se distanciam da realidade dos alunos, seja pela 153 falta de formação específica dos formadores para abordar a temática, seja pela deficiente formação básica dos estudantes, o que nos leva, também a deduzir, que falta incluir atividades desse tipo na formação de professores tanto da escola básica, quanto do ensino superior. Para que ocorram mudanças mais significativas nas concepções atitudinais dos estudantes e uma maior compreensão do tema NdC&T/CTS em relação ao ensino dos conteúdos desenvolvidos em ambos os níveis, a investigação em Didática das Ciências vem mostrando que os docentes e os estudantes precisam estar envolvidos em atividades de investigações científicas que tragam uma melhor compreensão conceitual sobre a NdC, e NdT e de suas relações com a sociedade, além de se buscar oportunidades de apoio para uma reflexão crítica acerca das mesmas (HODSON, 1992 apud GIL-PÉREZ; VILCHES, 2011, p. 17). Dito com outras palavras, o que esta investigação mostrou é que a compreensão significativa dos conceitos científicos exige superar o reducionismo conceitual e apresentar o Ensino de Ciências como uma atividade próxima à investigação científica, que integre os aspectos conceituais, procedimentais e axiológicos14 (GIL-PÉREZ; VILCHES, 2011). Comparando os resultados do questionário COCTS dos estudantes do Ensino Médio e da Graduação, obtidos nesta pesquisa, com os resultados do PIEARCTS (BENNÀSSAR et al., 2010), verifica-se uma grande proximidade de atitudes, valores e crenças em CTS por parte dos sujeitos das duas pesquisas. Assim sendo, para finalizar essa análise, concordamos com Maciel e BispoFilho (2010) quando se referem aos resultados do PIEARCTS, os quais evidenciaram a necessidade de se investir cada vez mais nos processos de formação docente, visando minimizar a distância entre professores e estudantes, no que diz respeito aos interesses, crenças, valores e atitudes para com os temas CTS/NdC&T. Concordamos com os autores quando estes afirmam que identificar as crenças dos sujeitos em relação à NdC&T permite 14 Axiológicos é tudo aquilo que se refere a um conceito de valor ou que constitui uma axiologia, isto é, os valores predominantes em uma determinada sociedade, ou seja, em um determinado assunto implica a noção de escolha do ser humano pelos valores morais, éticos, estéticos e espirituais. 154 compreender o posicionamento dos mesmos frente às questões diretamente relacionadas com CTS, especialmente no que se refere aos impactos do desenvolvimento científico-tecnológico na sociedade. 5.2 Análise e Discussão dos Resultados da Sequência Didática com os Grupos Experimentais – Ensino Médio e Graduação Neste tópico da tese apresentamos, analisamos e discutimos, a partir dos referenciais, as respostas apresentadas pelos estudantes do grupo experimental do Ensino Médio e da Graduação referente às atividades da SD, tratadas na intervenção didática. Visando uma melhor discussão das respostas dos estudantes, optamos por realizar um sorteio das respostas dos sujeitos para analisar e discutir as respostas dos mesmos apresentados na SD. Acreditamos que com a realização deste sorteio aleatório das respostas seria possível analisar os dados qualitativos obtidos com estudantes dos dois níveis e, ao mesmo tempo, relacioná-los com os dados quantitativos ao retomar a questão norteadora desta tese para nossas considerações finais. O sorteio das respostas, tanto para a Graduação quanto para o Ensino Médio, foi realizado da seguinte forma: para a atividade 1 não realizamos sorteios, preferimos apresentar as porcentagens das escolhas realizadas pelos estudantes; para as atividades 2, 3 e 4, como elas estão estruturadas com três grupos (A, B e C), separamos os estudantes que escolheram cada um dos grupos, ou seja, Grupo A, B e C e realizamos um sorteio para cada grupo, sendo que a frase escolhida está apresentada e analisada nesta parte da tese, tanto para os estudantes de Graduação quanto para os estudantes do Ensino Médio. As demais argumentações dos estudantes estão apresentadas da seguinte forma nos Apêndices desta tese: Apêndice A - argumentações da atividade 2; Apêndice B – argumentações da atividade 3 e Apêndice C – argumentações da atividade 4. 155 Para a atividade de ampliação, optamos por realizar também um sorteio, sendo sorteadas duas argumentações referentes à atividade para cada nível de ensino, ou seja, duas argumentações dos estudantes de Graduação e duas argumentações dos estudantes do Ensino Médio. As demais argumentações dos estudantes de Graduação para esta atividade estão apresentadas no Apêndice D e as argumentações dos estudantes do Ensino Médio no Apêndice E. Para um melhor entendimento do leitor, apresentamos primeiramente as respostas dos estudantes da Graduação e posteriormente as dos estudantes do Ensino Médio. Conforme apresentado anteriormente no capítulo IV - Desenvolvimento da Pesquisa - a intervenção didática com a SD está composta por cinco atividades. A apresentação das respostas dos estudantes seguirá a ordem cronológica da realização das atividades. A primeira atividade da SD constava da leitura, pelos estudantes do texto “Como surgem os seres vivos?” (Quadro 10, p. 126). No Ensino Médio alguns estudantes disseram que já haviam visto no livro didático algo parecido com o texto. Alguns estudantes lembraram-se da experiência com a carne no frasco, e relataram que viram figuras no livro didático. Outros afirmaram que nunca tinham visto ou ouvido essa história. Já os estudantes de Graduação, afirmaram que se lembravam do texto, quando eram estudantes da escola básica e que também já tinham debatido essa história com um professor da graduação em aula, logo no início do curso, porém, não recordavam da história com tantos detalhes conforme estava descrita no texto. Referente à lembrança de alguns estudantes do Ensino Médio sobre a história do texto, fomos pesquisar no PPP da escola algo referente ao tema da leitura da primeira atividade, sendo que não encontramos nada relatado no documento. Como não tivemos acesso aos planos de ensino dos professores, não podemos afirmar se o tema foi abordado ou não pelas disciplinas de conteúdo de conhecimento biológico específico. Não contentes, achamos 156 cabível averiguar no livro didático15 adotado pela escola, onde se encontrava o tema trabalhado na intervenção didática. O tema está presente no livro didático de Biologia em seu primeiro volume, o qual é direcionado aos estudantes do primeiro ano do Ensino Médio. Os estudantes envolvidos nesta pesquisa são do terceiro ano do Ensino Médio, logo devem ter abordado o tema quando estavam no primeiro ano do curso. Na Graduação fomos averiguar se no PPC do curso o tema do texto estava presente. Encontramos referência ao mesmo nos objetivos cognitivos de aprendizagem. Após, essa busca e com os relatos dos estudantes, ficou evidente que uma boa parte dos mesmos já teve um mínimo de contato com a história do texto. Na atividade 1 subsequente (Quadro 11, p. 127) os estudantes deveriam direcionar qual frase era um dado e qual era uma explicação. Procurando uma melhor visualização a fim de debater sobre as respostas apresentadas pelos estudantes, achamos cabível identificar nas respostas dos mesmos, nesta primeira atividade, as frases e sua classificação corretas, conforme apresentadas por Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011). No Quadro 15 encontram-se o percentual das respostas dos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente à atividade 1. Quadro 18 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio grupo experimental referente a atividade 1. (Opções corretas estão em cinza) Graduação E. M. Frase A Dado Exp. 40% 60% 32% 68% Frase B Dado Exp. 80% 20% 72% 18% Frase C Dado Exp. 80% 20% 76% 14% Frase D Dado Exp. 40% 60% 22% 68% Frase E Dado Exp. 70% 30% 22% 68% No percentual das respostas apresentadas no quadro 18, podemos perceber que tanto os estudantes de Graduação quanto do Ensino Médio apresentam uma dificuldade para compreender, em uma frase, o que vem a ser um dado e uma explicação. Por se tratarem de frases passíveis de uma colocação adequada, acreditávamos que a quantidade de estudantes que deveriam optar pela resposta correta seria bem mais expressiva. Porém, por se 15 LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia Hoje. São Paulo: Ática, 2012. 157 tratar da primeira atividade relacionada com a SD, pressupomos que os resultados das mesmas possam ter sofrido alguma interferência devido ao fato dos estudantes ainda estarem adaptando-se à proposta por nós apresentada e por ainda não terem participado de uma atividade como essa no seu dia a dia em sala de aula. Acreditamos, também, que esses resultados possam estar intimamente ligados ao não questionamento e realização de debates dessa grandeza por parte dos professores, tanto no Ensino Médio quanto na Graduação. Na Graduação, acreditamos que essa dificuldade poder estar associada, também, a não ocorrência de uma abordagem interdisciplinar no curso, fazendo com que cada disciplina se torne isolada e trabalhada de forma linear na formação dos estudantes. Para o Ensino Médio acreditamos, ainda, que o debates não ocorram devido as salas de aula super lotadas, a falta de material adequado para a realização dos mesmos, aulas de curta duração com grande quantidade de conteúdos a serem ministrados aos estudantes e as avaliações anuais que a escola e os estudantes sofrem e que não tratam de temas deste nível, as lacunas na formação dos professores, etc. Nas atividades 2, 3 e 4, conforme apresentado no capítulo IV, os debates fizeram parte das tarefas propostas nessas atividades, as quais são mais ou menos independentes, embora inter-relacionadas. Seu desenvolvimento serviu para estruturar e dar apoio à aprendizagem das concepções adequadas. Além disso, conforme descrevem Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011), a distinção entre dados e explicações trabalhadas na atividade 1 é central para os argumentos utilizados nos debates das frases dos grupos A, B e C nas demais atividades. Portanto, os dados, se bem compreendidos, podem não sofrer alteração, podendo servir, também, de auxílio para uma possível mudança ou melhoria na explicação dos demais dados relacionados com as outras atividades. Visando uma melhor explicação, nas demais atividades (2, 3 e 4) optamos por apresentar um quadro contendo os percentuais das escolhas realizadas pelos estudantes para cada frase e, posteriormente, as argumentações apresentadas pelos mesmos, conforme definido pelo sorteio aleatório. 158 A atividade 2, conforme apresentado no quadro 12 (p. 129), aborda no seu contexto a experiência pessoal do cientista, ou seja, até que ponto seu cotidiano, sua vida pessoal, suas crenças e o seu conhecimento podem vir a interferir na pesquisa científica que realiza. As escolhas das frases dos grupos experimentais apresentadas pelos estudantes da Graduação e do Ensino Médio, conforme quadro 19, vão ao encontro do que afirmam Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011), sendo que a posição adequada para essa atividade é a frase do grupo C. Quadro 19 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio grupo experimental referente à atividade 2. Graduação E. M. Frase Grupo A ----------8% Frase Grupo B 10% 12% Frase Grupo C 90% 80% Conforme apresentamos no quadro 19, os estudantes, tanto da Graduação (90%) quanto do Ensino Médio (80%), em sua maioria, optaram pela frase correta do grupo (frase C). Abaixo, no quadro 20, apresentamos algumas argumentações para a frase escolhida e para a não escolhida pelos estudantes da Graduação. Quadro 20 - Argumentos para a frase do grupo escolhido e para as frases dos grupos não escolhida apresentado pelos estudantes de Graduação referente a atividade 2. Estudante / Frase do grupo escolhida G4/ B G5/ C Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Tudo o que sabemos nos dias de hoje foi porque alguém descobriu e cientificamente comprovou seus resultados, então cada descoberta pode sim ser um fator determinante para a mudança de uma teoria atualmente aceita. A experiência pessoal de um cientista influencia na explicação, pois os estudos científicos partem de algo visto no cotidiano (que faz parte da experiência pessoal dele). A partir daí, ele começa a realizar estudos e experimentos que A ciência está em constate mudança, então os cientistas devem estar abertos a novas descobertas, comprová-las e compartilhar, a fim de que sejam comprovados os mitos e esclarecida a real explicação. Posição A – Se o cientista tem uma mente aberta, ele não descarta nenhuma possibilidade, nem mesmo sua experiência pessoal. Posição B – Não é apenas a experiência pessoal do cientista que determina a explicação aceita, mas um Exemplos Um exemplo pode ser os remédios caseiros que nossas mães, avós e suas ancestrais usavam para tratar de algumas doenças. Elas os usavam baseadas 159 comprovem o que ele observou e veio a deduzir, para tentar transformá-la em uma teoria comprovada e aceita cientificamente. G6/ C A partir de observações do cotidiano surgem conceitos que ao serem pesquisados podem gerar conhecimentos científicos. conjunto de fatores como, experiência pessoal, pesquisas, experimentos e seus resultados. Além disso, devem-se levar em consideração os conceitos da sociedade em que ele se insere, pois esta pode aceitar ou negar dependendo do pensamento e conceitos éticos, políticos, econômicos e religiosos da mesma. Posição A – Os cientistas justamente por terem a mente aberta vão buscar a partir de conhecimentos populares ou pessoais, possíveis explicações para os acontecimentos. Posição B – Uma experiência pessoal é um caminho para novas descobertas, porém não é suficiente para determinar completamente uma explicação. em suas experiências pessoais de tentar usá-los, baseandose em algo que viviam ou um animal que utilizou do mesmo método para se curar ou algum outro acontecimento. Darwin e a observação dos tentilhões que apresentavam formato de bicos diferentes dependendo do local onde habitavam. Dentre as argumentações dos estudantes apresentadas no quadro 20, o estudante G4 (que representa 10% da amostra do seu grupo), que optou pela frase B (incorreta), acredita que a experiência pessoal do cientista determina completamente a explicação aceita, ou seja, não tem necessidade de se realizar experimentos científicos para ser comprovado. Está ideia do estudante vai de encontro ao que descreve Demo (2000), ou seja, que fazer Ciência é, na essência, questionar com rigor, na acepção precisa de atitude sistemática cotidiana e não de resultados esporádicos, estereotipados, sendo que a ciência não se basta com formalidades consideradas exemplares, como o uso lógico, mas sim através da comprovação de experimentos científicos. Já os estudantes G5 e G6, que optaram pela frase C nas suas argumentações e nos exemplos, descrevem que a experiência do cientista é fundamental. Descrevendo que a observação proporciona experiência e que a observação e experiência não determinam totalmente uma explicação, pois ela deve estar também embasada em experimentos científicos. Essa descrição vai 160 ao encontro do que afirmam Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2007) quando afirmam que a experiência não determina totalmente uma pesquisa, pois todas as pesquisas realizadas deverão ser comprovadas cientificamente e seus resultados revertidos para a sociedade. No quadro 21 apresentamos as argumentações dos estudantes do Ensino Médio. Quadro 21 - Argumentos para a frase do grupo escolhida e para a frase dos grupos não escolhidas apresentado pelos estudantes do Ensino Médio referente a atividade 2. Estudante Frase do grupo escolhida EM2/ B Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Pois a experiência pessoal dos cientistas determina completamente a sua explicação. Sem a experiência completa não seria capaz de se explicar de forma alguma. Posição A – Sim, os cientistas tendem a ter uma mente aberta, mas a sua explicação tem que ser aceita. Tem que opor-se suas idéias, imaginação e ser aceita por outros cientistas. Posição C – A experiência social influencia na explicação, porém determina totalmente. Posição A – Porque eles precisam pelo menos um pouco de sua experiência pessoal, para até ajudá-los às vezes. Posição B – A experiência não determina completamente sua explicação, podendo ser usados outros tipos de argumentos. A experiência pessoal não deve influenciar de maneira alguma, pois pode trazer muita consequência na vida de quem aceita a explicação. EM4/ C Porque realmente influencia um pouco, mas não necessariamente que ele precise somente de sua experiência pessoal, deixando de lado outros tipos de argumentos. EM25/ A A mente aberta é indispensável em qualquer profissão, pois a experiência pessoal de cada um não deve influenciar. Exemplos Um cientista ao estudar um produto e colocá-lo no mercado pode causar diversas consequências a quem consome, se houver intervenção pessoal. 161 Conforme as argumentações dos estudantes do Ensino Médio, 80% escolheram a frase C, apresentando argumentações que condizem com a escolha, ou seja, que a experiência pessoal do cientista influencia nas explicações, não determinando completamente. Para a frase A, 8% dos estudantes acreditam que os cientistas apoiam-se somente em seus experimentos e que a experiência não deve influenciar em seu contexto científico. Para a frase B, 12% dos estudantes, que a escolheram, acreditam que a experiência profissional do cientista determina completamente sua explicação. Acreditamos que através das reflexões surgidas nessa atividade, devemos, dentro do campo de pesquisa da NdC&T, buscar e apresentar aos estudantes as relações existentes no campo CTS, destacando, também, os aspectos negativos que muitas vezes são gerados pelos avanços desenfreados dos processos científico e tecnológico, enfocando, também, o papel do cientista nos mais diversos setores da sociedade, pois cientistas são cidadãos que podem ser influenciados por suas crenças, objetivos, etc, e que dependem da sociedade para seguir com o seu trabalho. Acreditamos, também, que as argumentações anteriormente apresentadas pelos estudantes, tanto da Graduação quanto do Ensino Médio, vão ao encontro da descrição feita por Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2007) acerca das atitudes sobre a CTS/NdC&T, que são consideradas um dos principais problemas enfrentados pela educação científica, sendo que as colocações apresentadas pelos cientistas, muitas vezes, podem vir a ser fatores cruciais para o desenvolvimento social de uma determinada sociedade, especialmente para as sociedades onde os avanços estão atrelados na utilização das aplicações da C&T e para as sociedades em via de desenvolvimento, onde a C&T/NdC&T podem representar caminhos para as respostas de suas necessidades. Conforme a argumentação apresentada pelos sujeitos da pesquisa após a segunda atividade, nota-se que eles acreditam que a experiência pessoal do cientista, referente a uma determinada pesquisa é, sim, importante, devendo 162 ser considerada como fator relevante. Porém, a experiência do cientista não determina totalmente uma pesquisa, pois todas as pesquisas realizadas deverão ser comprovadas cientificamente e seus resultados revertidos para a sociedade. Essas argumentações descritas na atividade 2 trazem luz a um antigo debate sobre qual é a verdadeira autonomia da Ciência em relação à sociedade, (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2007; ACEVEDO-DÍAZ, 2009a; VELHO, 2011), se é que essa autonomia existe. As argumentações apresentadas pelos estudantes se caracterizaram pelo conhecimento e também pelo não conhecimento do verdadeiro papel dos cientistas na sociedade (PREMEBIDA; NEVES; ALMEIDA, 2011). Conforme descreve Dagnino (2008), devemos, através das reflexões no campo NdC&T, buscar de maneira menos ingênua as relações existentes entre CTS, destacando também, os aspectos negativos associados ao avanço científico e tecnológico e o papel do cientista na sociedade a partir das mais diversas perspectivas. Parafraseando Vázquez-Alonso et al. (2001), concordamos com ele quando descreve que os objetivos que se planejam com visões educacionais devem, sim, ser claros, ainda que não muitos ambiciosos, para que se consiga uma formação alfabetizada e não somente letrada. Temas acerca da NdC&T, que almejam distinguir o que é Ciência do que não é Ciência, assim como os debates, não devem ficar atrelados somente a estas colocações, mas sim, ser expandidos, o que poderá auxiliar os estudantes a compreenderem e debaterem argumentos contrários e criticar a si mesmo. Ainda que estes objetivos possam ser modestos, são valiosos para o Ensino de Ciências de todas as pessoas, não tanto por sua profundidade, mas sim por sua capacidade para chegar a todos os cidadãos, especialmente a quem não vai prosseguir no futuro com uma formação científica especializada (VÁZQUEZALONSO et al., 2001). A terceira atividade (Quadro 14, p. 130) apresentou como debate para a intervenção o modo como os cientistas procedem para alcançar uma explicação sobre aquilo que estudam. 163 No quadro 22, apresentamos o percentual das escolhas das frases pelos grupos experimentais de estudantes da Graduação e do Ensino Médio referente a atividade 3. Quadro 22 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a atividade 3. Graduação E. M. Frase Grupo A 30% 32% Frase Grupo B 40% 64% Frase Grupo C 30% 4% Também nessa atividade 3 as opções escolhidas pelos estudantes vão ao encontro do que afirmam Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011) quando colocam que as posições mais corretas nesta terceira atividade são as frases do grupo A e B. No Quadro 23 apresentamos as argumentações dos estudantes da Graduação. Quadro 23 - Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentado pelos estudantes de Graduação referente a atividade 3. Estudante / Frase do grupo escolhida G5/ C G9/ B Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Avaliando os cientistas de hoje, com mais tecnologias à disposição, deixou-se a necessidade de imaginar algumas explicações já que elas, muitas vezes, conseguem explicar concretamente o que ocorre e como ocorre. Hoje temos mecanismos que nos possibilitam saber efetivamente como ocorrem, embora algumas coisas ainda não sejam explicadas e permaneçam em constante estudo. Antigamente necessitavase muito da imaginação, pois algumas coisas os cientistas não viam, como por exemplo, os ovos das moscas da carne. Os cientistas precisam tanto de dados como de imaginação. A imaginação é necessária para criar hipóteses a qual se faz Posição A – Nem sempre uma explicação é 100% correta, sempre há a possibilidade de ser desbancada. Posição B – Os cientistas partem de dados e usam sua imaginação para gerar uma possível explicação, e esta pode, ainda, não ser fundamentada. Entretanto, isso ocorreria muito mais na antiguidade do que hoje em dia. Posição A – Sem os dados não dá para fazer uma teoria plausível. Posição C – Sem imaginação, não consegue chegar a uma Exemplos Argumento a favor: duplicação do DNA, divisão das células. 164 G10/ A testes para coletar dados mais próximos de uma explicação correta. Os cientistas trabalham em cima dos dados coletados, para chegar a uma conclusão e apresentar sua explicação certa. hipótese que prove a explicação correta. Posição B – Só a imaginação não é suficiente para dar uma explicação correta. E toda experiência tem que ser fundamentada. Posição C – A imaginação não é suficiente para se formar uma idéia, mas é necessária para ajudar nas pesquisas de uma experiência. Nas argumentações descritas pelos estudantes de graduação para os grupos de frases consideradas corretas, totalizando 70% das escolhas (Frase A _30%_+_Frase_B_40%), nota-se nas argumentações para as frases escolhidas pelos estudantes G9 e G10, ambos descrevem que tanto a imaginação do cientista quanto os dados são importantes para se alcançar êxito em uma pesquisa, pois com a imaginação pode-se pressupor um determinado resultado, sendo que, somando imaginação e dados esses podem apresentar uma explicação correta. Referente às argumentações para as frases não escolhidas, os estudantes descreveram que a imaginação ou somente os dados são insuficientes para poder apresentar uma explicação fundamentada em uma pesquisa científica. Essas argumentações vão ao encontro com Laville e Dionne (1999) que descrevem que o conhecimento positivo repousa na experimentação, ou seja, a observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor tal ou tal causa ou consequência, levando a uma ou várias explicações e que somente o teste dos fatos pode demonstrar sua precisão. Na argumentação que apresentamos, o estudante optou pela frase do grupo C, sendo esta considerada inadequada. Percebemos nas suas descrições que com o advento da tecnologia, a imaginação deixou de ser considerada um fator importante, ficando a tecnologia responsável pela explicação. Essa descrição vai ao encontro do que descreve Vázquez-Alonso (2010), que o ensino de Ciências necessita ser revisto, pois vem proporcionando uma visão distorcida acerca da própria Ciência e do cientista, vigorando, muitas vezes, o pensamento de uma atitude cientifica tecnocrática, de que C&T podem resolver 165 todos os problemas, no qual crença e imaginação não atuam em C&T e que os estudantes apresentam crenças empiristas, pois acreditam que os dados falam por si mesmos (a evidência empírica permite sempre a verificação decisiva de hipóteses). No quadro 24 apresentamos as argumentações dos estudantes do Ensino Médio. Quadro 24 - Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentado pelos estudantes do Ensino Médio referente a atividade 3. Estudante / Frase do grupo escolhida EM2/ A EM20/ B EM25/ C Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Um cientista tem que se basear em dados, se os dados estiverem corretos, ele poderá logicamente apresentar uma explicação correta. Posição B – Os cientistas partem de um dado correto e usam a imaginação. Podendo ser fundamentais para uma explicação. Posição C – Os cientistas necessitam obviamente de sua imaginação também. Posição A – Dados não são suficientes. Posição C – A imaginação é o principal. Eles partem da imaginação e vão usando os dados para chegar a um fundamento. Para que haja uma afirmação concreta é preciso que haja uma prova, é preciso fazer experimentos até que tenha total certeza de que tal afirmação é verdadeira, consequentemente sem intervenção da imaginação. Posição A e B – Ao estudar um possível fato, não se deve usar a imaginação, pois o mesmo deve ser preciso e concreto. Exemplos Einstein não seria nada sem sua imaginação para visualizar suas teorias. Um cientista imagina ter descoberto a cura para a AIDS, quantas pessoas seriam enganadas por tal afirmação. Conforme apresentado no quadro 22, 96% dos estudantes do Ensino Médio escolheram as frases (frase_A_32%_frase_B_64%). consideradas Nas corretas argumentações nesta apresentadas questão pelos estudantes EM12 e EM20 sobre a frase escolhida e para as não escolhidas, apoiando-nos em Caamaño (2012), quando descreve que a introdução do ensino e aprendizagem sobre a NdC vem permitir aos estudantes compreender 166 o funcionamento da Ciência e da comunidade científica, como se constrói e se valida o conhecimento científico, como tomar consciência dos valores implicados nas atividades científicas, ou seja, apresenta aos estudantes que a imaginação, os dados e a experiência são uma tríade fundamental para se conseguir um êxito científico. No exemplo apresentado pelo estudante EM20 percebe-se que foi dada uma maior ênfase a imaginação, deixando de lado os demais componentes para a realização e, posteriormente, a explicação de uma teoria. Entre os estudantes que escolheram a frase C, considerada incorreta (4%), percebe-se na descrição do estudante EM25 que a imaginação não deve ser utilizada em momento algum de um experimento científico, ficando somente amparado pelos dados colhidos. Esta colocação vai de encontro ao que descreveu Piaget (1968, apud FOUREZ, 2002, p. 49), de que a ciência alimenta-se de fatos observados, ou seja, não somente os dados são importantes como também a imaginação, pois os cientistas não são indivíduos que observam o mundo partindo do nada, são participantes de um universo cultural e linguístico em que se inserem, assim como os seus projetos individuais e coletivos, profissionais e pessoais. Acreditamos que nessa atividade 3 foi possível promover aos estudantes, mesmo de maneira modesta, formas de pensamentos que são usadas pelos cientistas em suas observações. Acreditamos que para ocorrer efeitos positivos é necessário que questionemos sempre quais são as verdadeiras dificuldades enfrentadas pelos estudantes quando se trata de desenvolver ou adquirir essas formas de pensamentos, a partir de uma atividade em termos de procedimentos, e como poderia a educação científica favorecer essa aquisição adequada acerca da NdC&T; a melhor forma de aprender os fatos da ciência é compreendê-los. O problema é que compreender algo é bem mais difícil do que repeti-lo e, por conseguinte, ensinar conceitos é mais complexo do que informar dados (POZO; GÓMEZCRESPO, 2009). 167 A quarta atividade (Quadro 15, p. 131) aborda como os cientistas fazem para chegar a um acordo referente a uma melhor explicação de um determinado caso sobre o qual eles estudam. No quadro 25, apresentamos o percentual das escolhas das frases dos grupos pelos estudantes referente a atividade 4. Quadro 25 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a atividade 4. Graduação E. M. Frase Grupo A 20% 20% Frase Grupo B 60% 72% Frase Grupo C 20% 8% Nesta quarta atividade, as frases dos grupos escolhidas pelos estudantes, em sua maioria, vão de encontro com as respostas esperadas por Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011) quando afirmam que a posição mais correta nesta quarta atividade é a frase do grupo C. No quadro 26 apresentamos as argumentações dos estudantes da Graduação. Quadro 26 - Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentado pelos estudantes de Graduação referente a atividade 4. Estudante / Frase do grupo escolhida G1/ A G2/ B Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Na ciência não existe uma verdade absoluta, pode ser o inicio de uma prerrogativa até a consumação do seu feito, mas existe o fator transitório, até que uma idéia mais avançada e condizente faça outra querer a anterior. Posição B – Se todos os cientistas produzirem os seus dados com as devidas explicações, enfraqueceriam o estudo das ciências, tornandose uma torre de babel, tendo cada uma a sua grife. Posição C – Se todos os cientistas experientes cometessem a discórdia dos novos experimentos, não haveria mais campo de estudo e a ciência iria fracassar, devido a arrogância e prepotência dos cientistas pela não aprovação de novos experimentos. Posição A e C – Cientistas devem obter seus dados e a partir desses dados ver quais são os pontos de convergências Cada cientista tem que ter sua própria explicação e essa explicação baseada nos dados pode ou não parecer com a de Exemplos 168 outros cientistas. G4/ C Pode haver várias prováveis explicações para os mesmos dados, mas é necessário que quando existir divergência haja a necessidade de rever as várias explicações, comprovar com dados o porquê tal explicação é certa ou errada. dos assuntos. E assim formular uma melhor explicação. Posição A e B – Um cientista não deve se limitar somente com aquilo que já sabe, deve simplesmente usar uma constante básica do conhecimento, sendo importante que quando houver divergência no caso dos cientistas, consigam chegar a uma conclusão coerente. Conforme dados apresentados no quadro 25, os estudantes de Graduação (20%) escolheram a frase considerada adequada para essa questão. Sobre as argumentações apresentadas pelo estudante G4, nos apoiamos em Vázquez-Alonso et al. (2001) quando estes se colocam contra visões distorcidas da educação científica, pois, esta deve assumir um objetivo transversal e global e trabalhar com todos os conteúdos e atividades em sala de aula. Assim, parece que não deveriam existir contradições evidentes entre ambas as argumentações para que os estudantes possam alcançar uma compreensão adequada, crítica e atualizada dos processos científicos. Os demais estudantes que optaram pelas frases consideradas inadequadas (80%), nas argumentações apresentadas pelos estudantes G1 e G2, fica evidente que a argumentação do estudante G1 é uma afirmativa interessante, pois mesmo tendo optado pelo grupo da frase incorreta, descreve que no processo da ciência não existe uma verdade absoluta, fazendo com que surjam novas perguntas sobre um mesmo processo. Esta colocação vai ao encontro do que nos apresenta Vázquez-Alonso (2010), que o processo da ciência não é infalível. Nas suas argumentações para as frases não escolhidas pelo estudante G1, evidenciamos que para ele devem-se realizar sempre debates, independente se um cientista experiente venha a discordar ou não de um determinado dado. O estudante G2 descreve, nas suas argumentações, que deve haver convergência para as explicações e essas precisam ser comprovadas com dados e não se limitar ao conhecimento que já se possui, mas sim fazer pesquisa até que se chegue a um resultado adequado. Apoiando-nos em Vázquez-Alonso et al. (2001), compreendemos que ainda 169 que esta colocação possa ser modesta, é valiosa, não tanto por sua profundidade, mas sim por sua capacidade, pois fica claro na argumentação do estudante G2 que devemos rever as várias explicações existentes para o mesmo dado, ou seja, não aceitar simplesmente uma determinada colocação de um cientista, pois o questionamento e a análise crítica das situações e dados é um dos objetivos da formação para a cidadania. No Quadro 27 apresentamos as colocações dos estudantes do Ensino Médio. Quadro 27 - Argumentos para a posição escolhida e para a posição não escolhida apresentado pelos estudantes do Ensino Médio referente a atividade 4. Estudante / Frase do grupo escolhida EM1/ B Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Todos têm uma forma de pensar e chegar a um mesmo resultado. Posição A – Pode-se haver várias explicações para um determinado tema. Posição C – Não é a experiência que define a propriedade intelectual do cientista. Posição B – Serão diferentes, mas bem semelhantes. Posição C – Mesmo havendo varias explicações para um dado, a pesquisa varia em acordo. Posição A – Não, pois cada um tem sua própria opinião. Posição B – Há muita maneira, mas há de se esperar que os cientistas concordem com a explicação mais correta. EM10/ A Eles podem até ter explicações diferentes, porém semelhantes e consequentemente entram em consenso. EM12/ C Sim, pode haver várias explicações para o mesmo dado, mais cada cientista tem uma opinião diferente e tem o direito de não concordar com alguma explicação. Exemplos Conforme apresentado no quadro 25, os estudantes do Ensino Médio apenas (8%) escolheram a frase considerada adequada para essa questão. As argumentações apresentadas pelo estudante EM12 vão ao encontro do que descreve Vázquez-Alonso (2010), ou seja, que os cientistas são pessoas como qualquer outra, trazendo consigo suas crenças e opiniões sobre um determinado assunto, sendo que pode apresentar concordância ou não para 170 uma mesma explicação, ocorrendo discordâncias entre os pesquisadores, mesmo que tenham várias explicações boas para os referidos dados. Entre os estudantes que optaram pelas frases A e B (92%), consideradas inadequadas, para as argumentações das frases escolhidas e não escolhidas apresentadas pelos estudantes EM1 e EM10, apoiamo-nos em Manassero-Mas (2010) quando descreve que a ciência é realizada por pessoas (cientistas e tecnólogos) com todas as virtudes e limitações da condição humana. Segundo a autora, essas visões diferentes podem ampliar e incluir novas questões sobre as características pessoais e comunitárias dos cientistas e tecnólogos e sua verdadeira contribuição pessoal e social para a construção do conhecimento científico com base na NdC&T. Genericamente, a aprendizagem sobre a NdC tem a ver com a forma como os cientistas conhecem o que eles conhecem, ou seja, reporta-se à forma como o cientista projeta, gera e usa os seus conhecimentos. Santos (2001) descreve que as propostas de atividades em que o processo de construção do conhecimento científico pelos estudantes, de uma forma ou de outra, é orientado pelas formas como se pensa que os cientistas os constroem, podem ser englobados na dimensão da disciplina convencionalmente designada por NdC. Muitas vezes não é a sociedade em seu todo que vem a frente nessas discussões, mas sim os interesses industriais, pessoais, etc. Ao invés de exibirem compromisso com as normas da Ciência, às vezes os cientistas apresentam um notável distanciamento desse tipo de conduta, deixando, seu ego de cientista aflorar de modo mais forte e, por vezes, esquecendo da sociedade. Sobre esses acontecimentos Vázquez-Alonso (2010) descreve que grande número de pesquisadores, trabalhando fora do sistema acadêmico vem levantando vários questionamentos sobre o compromisso dos cientistas em suas pesquisas com a sociedade, na atualidade. No que se refere à atuação dos cientistas e às concepções de CTS, acreditamos que elas podem ser socialmente construídas, pois a sociedade exerce controle sobre a C&T, bem como a C&T refletem sobre a sociedade. 171 Sobre essa competição intrínseca, que muitas vezes afloram nos cientistas e que reflete na sociedade. Sendo ela capaz de mudar este debate, apoiamo-nos na publicação da NSTA (1990, apud SANTOS, 2001, p. 42-43) que compreende que a sociedade exerce controle sobre as C&T, sendo esse controle realizado por meio do viés das subvenções que a elas se concedem. A NSTA reconhece, também, os limites da sociedade na utilização das C&T para o progresso do bem-estar humano. Sobre as argumentações apresentadas pelos estudantes nas atividades 2, 3 e 4, acreditávamos e esperávamos que as colocações descritas seriam mais condizentes com o nível de ensino destes estudantes, principalmente da Graduação, pois conforme relatado pelos próprios estudantes, os mesmos já tiveram contato com o conteúdo apresentado, tanto na época do Ensino Médio quanto agora na Graduação. Acreditávamos, também, que eles teriam condições de apresentar exemplos para a frase dos grupos escolhidos e para as frases dos grupos não escolhidos, o que foi apresentado por apenas alguns estudantes, tanto da Graduação quanto do Ensino Médio. Algumas argumentações apresentadas fogem da circunstância da atividade, sendo que mesmo o estudante tendo optado pela frase do grupo correto, a argumentação não condiz com a escolha. Notamos também, que alguns estudantes apresentaram uma enorme dificuldade para descrever suas argumentações equivalentes para a opção escolhida. Referente às dificuldades para descreverem as argumentações, acreditamos que possam estar relacionadas ao tipo de formação até agora lhes ofertado. Os debates realizados durante as atividades almejavam trazer uma visão sobre o que se conseguiu produzir num entrelaçamento de ideias com as concepções dos estudantes. Alguns estudantes apresentaram indicadores de duvidosa validade científica, pouco precisos e com omissões, os quais dificultaram a sua compreensão, mostrando, algumas vezes, argumentos mais próprios do senso comum do que de qualquer conhecimento científico esperado. 172 Quanto aos estudantes de Graduação, por se tratarem de futuros professores, presumimos que o fato de não conseguirem relacionar o que foi ensinado no Ensino Médio com o que vem sendo ensinado na Graduação e, ao mesmo tempo, estabelecer conexão entre esses conhecimentos e a construção de suas concepções acerca dos temas abordados, sua formação representa, desde já, uma influência negativa para o seu desenvolvimento e atuação profissional. Esses graduandos deverão tratar, em sua prática docente, com conteúdos e métodos de ensino semelhantes aos que foram abordados neste trabalho. Esta constatação ficou evidente também entre os estudantes do Ensino Médio, onde alguns não conseguiram entrelaçar o conteúdo exposto na atividade da SD com o conhecimento de seu dia a dia, o que poderá gerar concepções ingênuas acerca de futuros debates científicos. Acreditamos, ainda, que essas dificuldades de compreensão de conteúdos sobre a NdC&T apresentada tanto pelos estudantes da Graduação quanto pelos estudantes do Ensino Médio, se constituem em desafios que os professores têm que enfrentar na atualidade. Um aspecto que vem dificultando o entendimento da NdC&T nos dois níveis de ensino, é a falta de novas abordagens pedagógicas nos cursos de formação de professores, particularmente no que diz respeito ao uso de novos métodos didáticos que visem auxiliar o professor no ensino e formação do cidadão. Acreditamos que durante o processo de formação do cidadão no espaço educacional, é preciso prever um espaço interdisciplinar para que os estudantes passem a entender e dominar também o conteúdo que se aprende no cotidiano, proporcionando um conhecimento sólido para o desenvolvimento da educação. Desta forma, os cidadãos em formação não só estarão aptos a desenvolver atividades que integrem a educação, como, também, a partir desta experiência, tornarem-se capazes de refletir e, quem sabe, conscientemente, assumir uma nova postura como cidadão, ou seja, utilizar os debates em seu cotidiano e associar os conteúdos apresentados em sala de aula com situações reais que vivenciam, construindo uma nova visão de mundo. Os professores de Graduação dos cursos de licenciatura têm como maior desafio colaborar no sentido de fazer o licenciando enxergar-se, de fato, 173 como professor. É preciso que durante o processo de formação dos futuros professores de Ciências lhes sejam apresentadas oportunidades para que os mesmos elaborem os saberes da docência, tais como o diálogo, a colaboração, a troca, a descoberta e a reflexão, levando-os, assim, a construir sua própria identidade profissional. Além de atualizar os conhecimentos científicos, o futuro professor necessita de espaço para a reflexão sobre o fazer pedagógico, seja por meio de leituras, de pesquisas específicas ou de trocas de experiências, para que possa desenvolver habilidades para trabalhar individualmente ou em equipes. Portanto, o bom desempenho do exercício da profissão professor exige, além de saberes teóricos (conteúdos), conhecimentos, habilidades, competências e saberes específicos da docência. Conforme afirma Nóvoa (1992), o processo de ensino não pode ser uma simples transposição do saber científico para o conhecimento escolar e o professor deve não apenas dominar a matéria que ensina, mas também compreender a maneira como o conhecimento se constitui historicamente. Acreditamos que atividades como as que realizamos nesta pesquisa propiciem aos estudantes, pensarem acerca dos acontecimentos científicos e tecnológicos na sociedade, o que vem a ser uma exigência na atualidade, pois tem uma relação direta com o impacto das transformações científicas, sociais e culturais na educação e no ensino, reconhecido hoje por pesquisadores em educação, além de engendrar uma reavaliação do papel da escola e dos professores na sociedade, onde o indivíduo assume importância fundamental. Afinal, o cidadão precisa estar apto a enfrentar os desafios dos tempos atuais e, para tal, deve receber uma formação condizente com esse novo perfil profissional que a sociedade exige em qualquer área. Dos professores de Ciências espera-se que possam contribuir de forma significativa para que seu aluno se desenvolva como pessoa autônoma e capaz de participar, como cidadão de pleno direito, num mundo cada vez mais exigente sob todos os aspectos, pois a mudança experimentada na sociedade em sua organização necessita de pessoas que modifiquem estruturas arcaicas e autoritárias de ensino (MORAN, 2003). Acreditamos que a melhoria da 174 qualidade de ensino de Ciências passa, necessariamente, pela revisão dos padrões de formação de professores, pois a maioria dos cursos de licenciatura está apoiada na concepção de professor como um profissional que deverá transmitir conhecimentos científicos adquiridos em situações específicas. Portanto, não formam professores capazes de ensinar o aluno a pensar. Segundo Bizzo (2012), as concepções dos estudantes não são aproximações imperfeitas de um ideal científico adulto, mas sim molduras teóricas coerentes com a sua experiência e que devem ser entendidas em sua complexidade, sem que o ensino de Ciências corra o risco de ser ineficiente. A última atividade realizada na SD é a atividade de ampliação, onde os estudantes descreveram um resumo sobre um caso científico que os mesmos conheciam (Quadro 16, p. 131). No quadro 28 apresentamos todos os casos citados pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio. Quadro 28 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio sobre um caso científico. Estudantes Graduação G1 G2, G6 e G8 G3 G4 G5 G7 G9 G10 Estudantes Ensino Médio EM1 EM4 EM5 e EM7 EM12 EM21 EM6 e EM23 EM8 EM9 EM10 EM13 EM14 EM25 Casos científicos Experiência com células troncos Descoberta da Penicilina Gravidade A descoberta de Mendel Evolução das Espécies Vacina contra o vírus H1N1 Descoberta da densidade por Aristóteles Vacina contra a raiva As experiências de Francesco Redi Gripe Aviária O tratamento para os portadores de HIV A cura da AIDS O vírus do HIV A teoria da evolução A Lei do uso e desuso proposta por Lamarck. Ovelha Dolly O vírus transmissor da peste e a nova vacina para o tabagismo O DNA e o seu genoma Vacina contra a raiva e a sua não distribuição no ano de 2011 O experimento contra a calvície realizada em ratos Abaixo apresentamos as descrições sorteadas tanto de estudantes da Graduação quanto do Ensino Médio, sobre casos científicos que conheciam. 175 As demais descrições estão apresentadas no Apêndice D (estudantes de Graduação) e Apêndice E (estudantes do Ensino Médio). Estudante G4 citou como um caso científico de seu conhecimento a descoberta de George Mendel. A grande descoberta que Mendel fez e comprovou ao cruzar ervilhas de cores diferentes, que nos dias de hoje com o grande avanço, pode parecer sem sentido, mas foi de grande importância para que nos dias de hoje, pudéssemos saber o que sabemos, foi através de seu grande experimento que foi possível comprovar e provar para a humanidade como acorre a transmissão gênica que nos dão as características visíveis e genéticas. O estudante G5 descreveu como caso científico a evolução das espécies. Um caso científico a ser abordado é o da evolução das espécies proposta por Lamark, muito ridicularizado atualmente por suas proposições “ilógicas”. Ele propôs que as experiências e mudanças que determinado indivíduo sofresse, seria passado aos seus descendentes hereditariamente. Um exemplo disso é o que ele afirma como sendo a explicação para o pescoço longo das girafas. Sua constate necessidade de alcançar as folhas altas, fez com que ela adquirisse um pescoço longo. Isto também embasa a sua teoria do uso e desuso de algum órgão do indivíduo, onde muito usado, prevaleceria e se fosse pouco usado desapareceria. Estas foram algumas das proposições feitas por Lamark. O estudante EM13 apresentou como um caso científico conhecido, o DNA e o seu genoma. Eu aprendi algo sobre o DNA que o seu genoma pode ser mudado trocando células cancerígenas por células saudáveis e fazendo com que poucas pessoas nasçam com problemas. O estudante EM23 apresentou como caso científico a evolução, citando a colocação de Lamarck, a visão de Darwin sobre o postulado de Lamarck e a herança genética de Mendel. Evolução: Lamarck dizia que a girafa tinha o pescoço alongado por erguer muito o pescoço para pegar folhas nas árvores para mascas. Darwin pegou a ideia de Lamarck, e elaborou a sua que existia dois tipos de girafas a de pescoço curto e a de pescoço longo, que as de pescoço curto se extinguiram só sobrando quem evoluísse, no caso, 176 as de pescoço longo. Mas na época dos dinossauros existiam peixes gigantes que hoje são pequenos. Mendel entrou então com a genética para explicar o caso dos peixes. Concluindo: A ideia se transformou em outra mais provável e mais aceita, mas que faltou um pedacinho do enigma, faltando encontrar com outro pedacinho uma ideia concluindo e que talvez possa ter outra ideia e outra ideia. Referente aos casos científicos acima, descritos pelos estudantes da Graduação e do Ensino Médio, notou-se que eles apresentaram uma grande dificuldade em descrever e expor suas ideias. Entre os casos apresentados percebemos que há uma proximidade verbal entre as colocações, ou seja, nas descrições dos estudantes de Graduação a fala foge do contexto científico esperado para um concluinte de um curso superior de Ciências Biológicas. Sobre os estudantes do Ensino Médio, esses casos se enquadram com a experiência adquirida e que são apresentadas pelos professores. Assim, acreditamos que essa aproximidade das respostas dos estudantes dos dois níveis, possa estar associada com o modelo de ensino dos dois níveis, que acreditamos serem muito semelhantes, mesmo em níveis de ensino distintos. Difícil de ser analisado, porém significativo para se relatar, foi a disposição, interesse e enorme curiosidade demonstrada pelos estudantes durante todo o processo realizado na pesquisa. Por terem passado pelas atividades anteriores (propostas na realização da SD) e sob o pretexto de descrever um caso científico, mesmo que resumidamente, percebemos o envolvimento e interesse dos estudantes. O uso da SD auxíliou e/ou facilitou a compreensão de alguns aspectos da natureza do conhecimento científico, mesmo tendo o aluno apresentado, às vezes, erros conceituais. Para nós, as colocações dos estudantes representam a necessidade de se pensar em possíveis caminhos para o ensino de Ciências e podem vir a ser uma ajuda importante para o pesquisador-professor no exercício da sua docência e na melhoria da SD utilizada, bem como na construção de novas SD a partir dos dados coletados nas atividades descritas anteriormente. 177 Trabalhos anteriores (GARCÍA-CARMONA; VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012; ERLAM; OLIVEIROS, 2012; BISPO-FILHO, 2012; ARIZA; VÁZQUEZ-ALONSO, 2013; entre outros) sobre noções de estudantes sobre casos científicos, identificadas com o auxílio de SD, revelaram equívocos conceituais pelos estudantes e sugerem que eles tendem a identificar uma teoria como sendo a descrição do fato ou uma hipótese comprovada experimentalmente. Conforme comprovado nas representações decritas anteriormente pelos estudantes, estes, em geral, não percebem as teorias coerentes como estruturas conceituais e, muitas vezes, usam construções para fornecer uma explicação lógica de certos fenômenos naturais. Nos resultados até aqui apresentados, identificamos dificuldades que ultrapassam os limites dos métodos e da teoria recorrida. Os resultados, conforme foi constatado, indicam que a dificuldade em compreender e aplicar o enfoque CTS/NdC&T, seja em nível de Graduação ou no Ensino Médio, reflete, principalmente, lacunas no desenvolvimento de três aspectos educacionais: currículo, atividades de ensino e aprendizagem e formação dos professores. Na sua maioria, os estudantes de Graduação já vêm do Ensino Médio com grande deficiência sobre o enfoque NdC&T/CTS, o que, às vezes, é agravada pela estrutura curricular apresentada pelos cursos de graduação que não apresentam e/ou não oferecem condições para que os estudantes venham a desenvolver tais conhecimentos. Já os estudantes do Ensino Médio, muitas vezes, não são apresentados ao enfoque devido aos currículos lineares desenvolvidos pelas escolas e à formação dos seus professores. Os resultados aqui apresentados foram examinados com o objetivo de identificarmos a existência, ou não, de significados relacionados às mudanças de concepções atitudinais em relação ao enfoque da temática NdC&T/CTS em sala de aula, ou que pudessem ser desvelados a partir de um discurso implícito, como por exemplo, as dificuldades concretas relacionadas com a construção ou aplicação da SD utilizada nesta tese. A introdução do enfoque CTS/NdC&T na área educacional, em geral vem enfrentando problemas semelhantes, pois apresentam muita teoria e muitos métodos derivados das 178 diversas áreas das Ciências. A consequência disto é uma imensa fragmentação do enfoque, pois muitas vezes as teorias e os métodos não são articulados com a realidade vivenciada pela sociedade. Na perspectiva de Santos (2007), embora os PCN apresentem tópicos relativos ao princípio da contextualização em que se explicita a inclusão de temas que englobem as inter relações entre CTS, alguns livros didáticos trazem fundamentos da C&T de forma individualizada, não contextualizando as disciplinas e/ou conteúdos escolares com os conhecimentos advindos do cotidiano (SANTOS; SCHNETZLER, 2010). Consequentemente, conforme mostram os resultados desta tese, os estudantes apresentam dificuldades quanto a uma visão global de CTS/NdC&T. A própria configuração da área (VÁZQUEZ-ALONSO, 2010; MANASSERO-MAS, 2010) reforça a dificuldade que os estudantes já possuem para compreender a visão global de um método ou de uma teoria envolvendo CTS/NdC&T. 5.3 Análise e Discussão dos Resultados do Questionário Aberto aplicado ao Grupo Experimental – Ensino Médio e Graduação A terceira e última fase da intervenção consistiu na aplicação de um questionário aberto estruturado com sete questões (Quadro 17, p. 133). Conforme descrito anteriormente, o objetivo da aplicação deste questionário foi avaliar a aplicabilidade da SD nos dois níveis de ensino e também averiguar se a intervenção possibilitou, ou não, uma melhor aprendizagem sobre a temática da pesquisa, além de conhecer a avaliação dos estudantes sobre a atividade desenvolvida. No quadro 29 apresentamos o percentual atribuído pelos estudantes para a questão 1 do questionário aberto para a classificação da SD. Ficou evidente que a maioria dos estudantes aprovou a realização da SD em sala de aula como recurso e estratégia para a intervenção didática. 179 Quadro 29 – Percentual das respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a primeira questão do questionário aberto. Graduação E. M. Muito 20% 50% Bastante 70% 40% Pouco 10% 5% Muito pouco -----------5% Para nós, a classificação da atividade como muito e bastante, valores atribuídos pelos estudantes do Ensino Médio e da Graduação para a SD, feznos compreender que a sua utilização como estratégia e recurso didático para a intervenção realizada foi promissora e que a mesma pode ser trabalhada em espaços reais com estudantes da escola básica ou do ensino superior. Os resultados das avaliações feitas pelos estudantes vão ao encontro do que afirmam García-Carmona, Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2012), de que a introdução de SD explícita em relação ao enfoque CTS/NdC&T, sem cair em um erro de identificação com os procedimentos científicos, é mais aceitável do que se pensa no ambiente educacional. As justificativas descritas pelos estudantes da Graduação e do Ensino Médio (classificações muito e bastante) são apresentadas no Quadro 30. Quadro 30 - Justificativas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a primeira questão do questionário aberto. Estudante Graduação G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 Estudante Ensino Médio EM1 EM3 Justificativa Pois, foi a primeira vez que participei de uma pesquisa assim. Poder ter mais algumas ideias sobre os cientistas. Fazer com que pensemos um questionamento simples mais que ainda nos dias de hoje muitos não saibam. Foi bastante interessante, pois é um assunto um tanto quanto relativo dependendo do ponto de vista que se leva em conta. Isso gera grandes debates interessantes onde pode-se partilhar conhecimentos e idéias e onde suas teorias podem vir a cair e a dar lugar a novas teorias. Foi interessante para rever conceitos e desenvolver novo olhar antes não presente sobre os assuntos. Fazer pensar no que se baseiam as explicações metodológicas e tomadas de decisões científicas. A proposta da unidade didática foi interessante, pois avaliou nossas opiniões. Não havia respostas prontas para escolher a qual você se encaixa melhor. Ter que raciocinar para aprender. Porque a ciência nos ajudam a evoluir e melhorar nossa vida. Ampliou a visão sobre o surgimento dos seres vivos. Mesmo não interessada, o assunto foi agradável. 180 EM4 EM5 EM6 EM7 EM8 EM9 EM10 EM11 EM12 EM13 EM14 EM15 EM17 EM18 EM22 EM25 Foi interessante, pois é sempre bem vindo novos conhecimentos, para enriquecer nosso aprendizado. Aprofundou meus conhecimentos. Foi muito interessante porque sempre tive curiosidade em entender como cada coisa teve seu início. Pois com ela (SD) descobri mais sobre o que os cientistas pensam. Por que irá ajudar no meu futuro. Aprendi mais sobre os cientistas. Pois faz pensar sobre como são os cientistas e se todas as teses são fundamentadas em dados concretos. Achei interessante saber mais sobre a ciência. Foi bem legal, gostei bastante. Mesmo não gostando da área de ciência eu achei interessante. Interessante porque me fez refletir e pensar algumas coisas que antes não havia pensado. Por que a ciência ajuda a evoluir e melhorar nossa vida. Achei interessante saber mais sobre como é a vida de um cientista. Mesmo não interessando muito pelo assunto de ciências, achei interessante a aula. Conhecimento nunca é dispensável. Fez-me descobrir coisas que nem pensava que existia. E me fez analisar determinado tema e tirar minhas conclusões. Às vezes convivemos com coisas que nunca observamos ou nunca nos interessamos, com o assunto discutido, pude observar várias coisas. Sobre as justificativas apresentadas pelos estudantes no quadro 30, pode-se constatar que a SD representou um impacto positivo, segundo as declarações por eles descritas. Notamos, em algumas justificativas, que a realização da intervenção proporcionou reflexões e deu origem a pensamentos não antes constatados com atividades desenvolvidas por outros professores em sala de aula. Essa atividade ampliou a visão desses estudantes para debates mais científicos. Alguns estudantes justificaram que puderam aprender mais sobre a vida de um cientista e como sua descoberta pode ser muitas vezes rejeitada ou aceita pela sociedade. Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2012) descrevem que quando se trabalha com atividade que visa proporcionar um enfoque holístico, a relevância social, os valores éticos e democráticos, consegue-se apresentar a ideia de uma ciência para todos, onde se pretende um ensino de ciências escolar que não exclua nada, buscando um equilíbrio entre a inclusão dos temas e sua relevância para todos os estudantes. Com a intervenção foi possível levantar questionamentos considerados até então simples, mas que não são realizados no cotidiano e que podem trazer a tona pensamentos reflexivos sobre ações na sociedade. Acreditamos, 181 também, que um dos pontos cruciais desta proposta é que ela deixa o respondente a vontade, ou seja, este pode expressar sua opinião tranquilamente, já que as atividades não apresentavam respostas prontas, seja na intervenção ou no questionário COCTS, fazendo com que os estudantes viessem, através dos dados oferecidos, a construir e expressar seu ponto de vista acerca do tema trabalhado. Essas colocações aqui relatadas vão ao encontro de Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2011) quando descrevem que, quando o estudante passa por um processo de intervenção ou uma atividade e após, tem um tempo livre para pensar e expressar sua opinião, independente do meio, este consegue levantar argumentações tanto para a sua visão quanto para as visões sobre as quais ele não concorda, mesmo que de forma simples, e este pode vir a começar a utilizar esse pensamento e essa estratégia de discussão no seu dia a dia. Na segunda questão do questionário aberto foi solicitado aos estudantes que apontassem quais aspectos foram considerados por eles como mais relevantes e porque razão eram mais relevantes. No quadro 31 apresentamos as colocações dos estudantes da Graduação e do Ensino Médio acerca dessa segunda questão. Quadro 31 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a segunda questão do questionário aberto. Estudantes Graduação Aspectos mais relevantes... G1 O texto da leitura. G2 Dados. G3 As explicações dos cientistas. G4 Avanço da ciência. G5 Sempre ter a mente aberta a todas as possibilidades é essencial. G6 Saber ou tentar entender como os cientistas desenvolvem suas teorias. G7 G8 Pensar no contexto e história da vida do cientista. Dar a opinião. Razão pela qual é mais relevante... Pela sua desenvoltura e coerência textual. Sem os dados não existe nada na ciência. Pois mostra que tem que ter fundamento para poder haver as explicações. Importância da ciência para que hoje saibamos tudo o que é importante. É essencial ter a mente aberta para ampliar as possibilidades, pois se alguma for descordada logo de cara, as respostas às perguntas podem nunca serem encontradas. Compreensões de como as teorias são desenvolvidas não sendo algo fácil. Porque pode influenciar nos seus métodos e explicações. A opinião é sempre fundamental, para 182 G9 G10 Estudantes Ensino Médio EM1 EM4 O texto científico. O fato dos cientistas trabalharem muito. O cientista pesquisa muito. A forma como os cientistas pensam para chegar a uma explicação correta. EM5 Como tudo e denominado. EM8 A tecnologia espontânea. EM9 As experiências. EM10 EM11 EM13 EM14 EM18 A diferenciação de dados e explicação. A vida dos cientistas, explicação da ciência. A imaginação de alguns cientistas. O fato dos cientistas trabalharem muito. As definições científicas. EM23 As experiências feitas pelos cientistas. Concorrência. EM25 As descobertas dos cientistas. EM22 se concluir algo. Para tomar como base as respostas. Duas ou mais cabeças pensam melhor que uma. Duas cabeças pensam mais que uma. Que às vezes opiniões iguais ajudam a chegar a uma explicação correta. É interessante saber de onde vêm os nomes e onde são geradas as coisas. Porque nada surge do nada. Do nada que eles faziam experiência na época. Por ser importante esse conhecimento. Desconhecia a vida dos cientistas. A inteligência dos cientistas. Duas ou mais cabeças pensam melhor do que uma. Que não se pode apoiar-se somente em um dado. Pois são a partir delas que chegamos a uma conclusão sobre o tema. Cada um tem um modo de pensar. As maiorias das coisas descobertas fazem parte do nosso cotidiano. Nas repostas apresentadas pelos estudantes sobre a segunda questão, notamos que as colocações descritas pelos estudantes dos dois níveis de ensino estão muito próximas. Acreditamos que essa proximidade das colocações possa estar atrelada às propostas curriculares dos cursos. As colocações descritas, a nosso ver, deixam claro que as formações desses indivíduos se equiparam apesar das diferenças consideráveis elencadas nos documentos oficiais de cada um (DCNEM e DCNCB). Embora haja eventos e trabalhos que discutam o enfoque CTS/NdC&T no currículo, no ensino e na formação de professores, por exemplo Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC), encontros nacionais e regionais da Associação Brasileira de Ensino de Biologia (SBENBIO), encontros internacionais realizados pela Associação Ibero Americana Ciência-Tecnologia-Sociedade na Educação em Ciências (AIACTS) e pelo NIEPCTS, entre outros, ainda são poucas as soluções 183 apresentadas para os vários problemas, quando se trabalha com a temática. Ainda não se percebe nenhuma mudança curricular concreta que possa contribuir para a formação em NdC&T/CTS nesta área, exceto as disciplinas CTS hoje incluídas em alguns cursos de pós-graduação em ensino de Ciências. A maioria dos currículos, seja na Graduação ou Ensino Básico, não contempla disciplinas e metodologias de ensino em CTS/NdC&T, mesmo que em caráter optativo (como a que é ofertada no curso de Pedagogia da Univ. Cruzeiro do Sul), conforme constatado na nossa análise dos documentos escolares. Von Linsingen (2007) descreve que uma ação disciplinar com essa grandeza e com tratamento transversal em CTS/NdC&T, destina-se a suprir parte dessa carência formativa para os estudantes de todas modalidades de ensino, sendo entendida no contexto desta reflexão como uma importante contribuição para a formação voltada para a visão ampliada do comprometimento social de CTS/NdC&T, objetivos claramente contemplados na metodologia inovadora aplicada neste trabalho. Na terceira questão, foi solicitado aos respondentes que apontassem quais aspectos consideravam menos relevante na SD e qual a razão de considerarem menos relevante. No quadro 32 apresentamos as colocações dos estudantes da Graduação e dos estudantes do Ensino Médio em relação a esta terceira questão. Quadro 32 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a terceira questão do questionário aberto. Estudantes Graduação Aspectos menos relevantes... G2 Qual cientista está certo. G5 Saber se um cientista é experiente ou não. G7 Considerar a experiência de um cientista para validar uma explicação. G10 O cientista só defende a sua experiência. É a diferença entre um dado e uma explicação. Estudantes Razão pela qual é menos relevante... Porque qualquer explicação pode ser derrubada com uma nova descoberta. Somente a permanência de um cientista, não pode avaliar a sua real capacidade, nem dizer que ele é mais correto ou mais errado. O que faz um cientista é o constante questionamento, inclusive de suas próprias perguntas. Um cientista experiente deveria acompanhar a experiência dos novos, pelo fato de estarem com idéias mais novas. 184 Ensino Médio EM7 EM13 EM21 EM24 O texto de leitura 1, que um verme nascer do próprio alimento. O menos relevante é que cientistas perdem tempo de vida tentando explicar algo. Cientistas que resolvem por eles. A intervenção da vida pessoal dos cientistas. Não tem como um alimento ‘fabricar’ seu próprio ‘veneno’. Algumas coisas não ficam totalmente explicadas pelos cientistas. Não pensam no próximo. O maior interesse é nas descobertas. Também nesta questão constatamos que as colocações apresentadas pelos estudantes dos dois níveis de ensino estão muito próximas, pois apresentam colocações consideradas por eles como menos relevante, embora sejam de grande importância para uma formulação de um contexto mais científico. Por exemplo, a experiência do cientista e a intervenção da vida pessoal dos cientistas nas pesquisas. Sobre esses exemplos, os estudantes não percebem que saber diferenciar um dado para uma explicação é de extrema importância para se formar estruturas conceituais coerentes; que a experiência de um pesquisador, toda sua história em um determinado campo é de grande valia para o andamento da pesquisa; que o cientista é uma pessoa como qualquer outra, que tem seus desejos, suas paixões, suas crenças e que esses fatores podem vir a interferir em uma pesquisa. Acreditamos que essas considerações apresentadas pelos estudantes representam, a nosso ver, grande equívoco na construção de concepções atitudinais associadas à construção de um processo científico. Conforme descreve Caamaño (2012), a aprendizagem acerca da NdC permite aos estudantes, além de compreender o funcionamento da ciência e da comunidade científica, apresentar aos mesmos como a imaginação, os dados e a experiência são uma tríade fundamental para se conseguir um êxito científico. Na quarta questão averiguou-se qual foi o real aprendizado que os estudantes tiveram com a aplicação da SD. Essa questão, assim como as demais, é de extrema importância para que venhamos a conhecer o significado da SD aplicada e quais poderão ser as possíveis alterações a serem realizadas na mesma em futuras aplicações. No quadro 33 apresentamos as colocações dos estudantes da Graduação e dos estudantes do Ensino Médio. 185 Quadro 33 - Colocações apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a quarta questão do questionário aberto. Estudantes Graduação G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 O que você aprendeu com a unidade didática? Acrescentou um conhecimento maior na resolução de minhas questões. Aprendi a transcrever no papel as minhas idéias. Que alguns cientistas estão mais preocupados com seus próprios pensamentos do que aceitar explicações mais coerentes que as suas. Como se faz importante o avanço da ciência e tecnologia. Manter a mente aberta às possibilidades que surgirem e nunca descartar nenhuma sem antes testá-las. Existe diferença entre um dado e uma explicação. Que são muitos os fatores envolvidos em uma pesquisa científica e da mesma forma a evolução da ciência. Analisar alguns aspectos (opiniões). Eu aperfeiçoei a exposição de idéias e opiniões. Que não basta ter só uma ideia tem que pesquisar e ter certeza do que esta apresentando. Estudantes Ensino Médio EM1 EM4 EM5 EM6 EM7 EM9 EM10 EM11 EM12 EM14 EM21 EM22 EM23 EM25 Aprendi que para ter uma informação e ideia formada é preciso anos de estudo e experiência. Sobre cientistas, que é fundamental a união de sua imaginação com os dados que eles encontram. Sobre como tudo é desenvolvido. Que são intrigantes os fatos cujos cientistas tentaram explicar. Que os cientistas antes de afirmarem algo, é realizado um estudo de anos. Que cada pessoa ou cientista tem seu modo de pensar e explicar até chegar ao seu objetivo. Que cientistas usam todas as ferramentas para realizar suas pesquisas. Que cada cientista tem sua explicação mesmo tendo dados iguais, explicam de acordo com os seus pensamentos. Aprendi que nada é da noite para o dia. Tem que ter muito trabalho e dedicação para chegar a uma boa explicação. Que não basta ter só uma ideia tem que pesquisar e ter certeza do que se esta apresentando. Que os cientistas são estudiosos, críticos. Não tem como tirar conclusões sem antes fazer uma pesquisa a fundo do tema abordado. Que há uma concorrência entre cientistas que querem se beneficiar. A prestar mais atenção nas coisas ao meu redor, porque tudo um dia já foi descoberto. Nas colocações descritas pelos estudantes na quarta questão, acreditamos que apresentaram colocações compatíveis com os propósitos esperados de uma atividade que envolva a temática CTS/NdC&T, ou seja, debates que tragam conotações sobre as discussões na atualidade. 186 Sobre a aprendizagem esperada com os estudantes após a intervenção, constatamos que ficou evidente nas descrições, como a SD intrigou-os ao enxergarem como as suas opiniões são importantes para a sociedade, seja a partir do simples fato de transcreverem suas opiniões para um papel, seja pelo fato de entenderem como a sociedade impulsiona os conhecimentos científicos ou o avanço, mesmo que isso ocorra, às vezes, de modo maléfico. Como apresentado nas descrições dos estudantes, estes não aprendem conceitos soltos, mas sim formando um conjunto que tenha sentido para eles, ou seja, construindo modelos mentais sobre os fenômenos que são apresentados na Ciência (CAAMAÑO, 2012). Conforme o apresentado nesta atividade, o estudante vem construindo conhecimento desde a primeira atividade. Porém, devem ocorrer mudanças no processo de desenvolvimento curricular em aula, desde a elaboração de uma sucessão de modelos que progressivamente se vai completando até se chegar ao modelo científico escolar desenhado para cada nível de aprendizagem (CAAMAÑO, 2012). O que vem ocorrendo na atualidade, é que uma parte fundamental do currículo se centra em ensinar ideias de ciências sem incorporar ideias sobre a Ciência, relativas ao processo como se chegou ao conhecimento, o que se comprova em muitos estudos sobre as ideias que têm os professores e alunos sobre a ciência (FERNANDÉZ et al., 2005 apud CAAMAÑO, 2012). Bazzo, Von Lisingen e Pereira (2000) descrevem que um dos objetivos sociais desses estudos é promover a alfabetização científica, mostrando a C&T como atividades humanas de grande importância social, por formarem parte da cultura geral das sociedades modernas. Acreditamos que as descrições apresentadas pelos estudantes, nessa atividade vão ao encontro do propósito do enfoque CTS/ NdC&T, que é fazer com que os cidadãos, consigam ver e, principalmente, entender todo o processo que nos circunda na atualidade e saber como todo processo científico demanda de vários processos em conjunto e que o cidadão tem voz ativa nessas decisões. Conforme ainda descrevem Bazzo, Von Lisingen e Pereira (2000), as atividades tratadas com enfoque CTS/NdC&T estimulam ou consolidam nos 187 jovens o interesse pelos estudos C&T, mostrando com ênfase a necessidade de um juízo crítico e de uma análise reflexiva bem embasada das suas relações sociais. A quinta questão visou averiguar se os estudantes haviam tido alguma dificuldade para realizar as atividades propostas na SD. No quadro 34 apresentamos as colocações dos estudantes da Graduação e dos estudantes do Ensino Médio. Quadro 34 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a quinta questão do questionário aberto. Estudantes Graduação G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 Estudantes Ensino Médio EM1 EM4 EM6 EM7 EM8 EM9 EM10 EM12 EM13 EM22 EM25 Que dificuldade você encontrou para realizar a Sequência Didática? As respostas são quase idênticas. Achar uma resposta que bate-se com o que eu acho o que é certo. Decidir por qual resposta seria a melhor. Ter que relembrar métodos científicos. Como o assunto é relativo e cada um tem uma visão, é difícil analisar as proposições aqui apresentadas e dizer que uma está completamente certa perante as outras. Muitas vezes não há certo ou errado e sim um ponto de vista, no qual certo e errado vão variar. Dificuldade de dar exemplos. Relembrar exemplos de forma integral. Relembrar nomes de alguns cientistas para as atividades. As propostas (A, B e C) são bem semelhantes, e ai tem que parar para pensar. Percebe-se que as questões são mais complexas, dificultando as respostas. Falta de conhecimento do conteúdo por minha parte. Dizer qual é dado e qual é explicação, pois confundi um pouco. A falta de aprofundamento nas teorias expostas, o que já estudei foi passado “por cima”, apenas o básico. Não temos muito estudo suficiente sobre isto na escola, tudo que vemos na escola é só uma noção. Interpretar. Explicar as questões. A diferenciação de dados e explicação. Falta de conhecimento próprio e interpretação. Ficou meio confuso pensar no que os cientistas precisavam fazer para explicar os acontecimentos. Dificuldade na interpretação de alguns dados. Em relacionar o que era um dado e o que era uma explicação. Nas respostas descritas nesta quinta questão pelos estudantes de Graduação, notamos que a dificuldade apresentada vai ao encontro de nossas colocações apresentadas logo na introdução deste trabalho, ou seja, que a formação desses estudantes ainda está muito próxima da formação recebida 188 na Escola Básica, ou seja, eles não conseguem, apesar de já terem passado por um longo período em formação, apresentar e/ou descrever argumentações próprias tendo apenas como base informações de um determinado contexto. Nas respostas apresentadas pelos estudantes do Ensino Médio, a nosso ver, fica explícito que as descrições apresentadas por eles não são expostas pelos professores em sala de aula, tendo ainda o enfoque no modelo conteudista, pois esses estudantes apontaram como dificuldade nesta atividade a elaboração de argumentações, afirmando que só tem uma noção geral de tudo o que é apresentado na escola, ficando evidente uma falta de aprofundamento em sua aprendizagem. Em relação às argumentações apresentadas para essa questão, tanto pelos estudantes da Graduação quanto os estudantes do Ensino Médio, apoiamo-nos em Pozo e Crespo (2009) que consideram que a dificuldade dos estudantes para encontrar sentido e, ao mesmo tempo, encontrar em seu cotidiano argumentações para uma atividade escolar, nos remete a ineficácia do sistema educacional, uma vez que o Ensino de Ciência geralmente é ineficaz para provocar profundas mudanças não apenas conceituais, mas também as mudanças atitudinais e procedimentais que são requeridas para a transição do conhecimento cotidiano para o científico. A presença dessas dificuldades, apresentadas pelos estudantes como obstáculos, apontou para a necessidade de se repensar não apenas o processo de ensino a partir dos métodos utilizados em nossa pesquisa, mas também, de forma integrada, o processo de EANC&T. A sexta questão visou averiguar quais ideias os estudantes tinham sobre C&T antes da atividade realizada, e se com a SD esse pensamento mudou ou passou a não existir mais nas concepções dos estudantes. No quadro 35 apresentamos as colocações dos estudantes da Graduação dos estudantes do Ensino Médio em relação a sexta questão. 189 Quadro 35 – Respostas apresentadas pelos estudantes de Graduação e do Ensino Médio referente a sexta questão do questionário aberto. Estudantes Graduação Antes pensava que... G3 Tem alguns que preferem defender suas idéias a concordar com a dos outros. G5 Existia algo concreto sempre. G7 Tudo era concreto sempre G8 Um experimento já era o bastante para comprovar algo. G10 Estudantes Ensino Médio EM1 EM4 EM5 EM6 EM7 EM8 EM11 EM12 EM13 Os cientistas trabalham juntos. Era menos complexo chegar a uma conclusão. A imaginação não contribuía para nada. A ciência não era tão importante. Não havia importância os estudos sobre tantos acontecimentos. A ciência e a tecnologia não nos serviam em muitas coisas, tinha aparecido do nada. Antes não tinha muita noção e nem curiosidade de saber o sentido e uso de cada coisa. Os cientistas tinham as mesmas opiniões sobre tudo. Que era mais fácil chegar a uma conclusão. Cientistas não precisavam de imaginação. EM22 Não eram importantes tantos estudos para determinadas conclusões. EM25 Muitas coisas não tinham a menor importância. Agora penso que... Todos têm que trabalhar para um bem comum. Nada é totalmente concreto e correto. A qualquer momento tudo pode mudar ao se descobrir novas hipóteses. As coisas podem mudar ao se descobrir novas hipóteses. Não é apenas minha opinião que importa, mas de diversos cientistas para comprovar algo, além da experiência. Cada um defende sua idéia. É preciso muito tempo e estudo para se chegar a esta conclusão. Sim, a imaginação é importante e necessária. Sem os conhecimentos da ciência não se pode tirar certas conclusões. Hoje não teríamos nem noção sobre nada sem os estudos feitos lá atrás. Sem essas explicações o mundo seria muito vago. Agora procurarei saber o significado de cada coisa, como ela existe. Cada um tem seu modo de pensar. Que tem que ter calma para concluir uma pesquisa. Os cientistas precisam de muita imaginação. O estudo é a principal arma que temos, pois é o que justifica as descobertas. Os cientistas são pessoas indispensáveis no qual convivemos sem perceber. Pelas respostas atribuídas pelos estudantes, tanto da Graduação quanto do Ensino Médio, acreditamos que ocorreram mudanças modestas referentes à C&T. Embora as argumentações não possam, em sua maioria, representar uma mudança real do enfoque trabalhado, essas argumentações sintetizam a visão mais comumente encontradas em trabalhos realizados por outros pesquisadores (GARCÍA-CARMONA; VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO- 190 MAS, 2012; ERLAM; OLIVEIROS, 2012; BISPO-FILHO, 2012; ARIZA; VÁZQUEZ-ALONSO, 2013; entre outros). Essa visão vai ao encontro de Auler (2002) quando afirma que pensamentos muitas vezes peculiares, conforme os aqui apresentados pelos estudantes, possam ser atribuídos a grande valorização das disciplinas nas suas formas tradicionais e também a não familiaridade dos professores com a natureza dos materiais CTS/NdC&T. Se a escola básica proporcionar um ensino de qualidade, pautado pela apresentação explícita dos conteúdos comuns ao nível de ensino, de uma forma os estudantes se apropriem dos seus significados, já estará facilitando uma melhor compreensão acerca da NdC&T. Desse modo, parece que não devem existir contradições evidentes entre as disciplinas para que os alunos possam alcançar uma compreensão adequada, crítica e atualizada de NdC&T. Isso é algo que deve ser observado no momento da elaboração dos currículos escolares. Para uma contextualização mais adequada de NdC no currículo de Ciências, tem-se que levar em conta três elementos básicos que não se pode separar: a história da ciência e da tecnologia, a atualidade tecnocientífica e as finalidades da educação cientifica (ACEVEDO-DÍAZ et al., 2007). A história da C&T deve servir de contexto aos elementos de NdC a ensinar, pois sem elas a NdC poderia ficar reduzida ao mero academicismo. Ademais, temos que dar uma atenção prioritária à C&T do presente, porque há um contexto muito mais próximo e ligado aos interesses e necessidades do mundo onde vivem os estudantes. Por último, não podemos esquecer que a educação científica persegue diversas finalidades (ACEVEDO-DÍAZ, 2004; AIKENHEAD, 2003; VÁZQUEZ-ALONSO et al., 2005; ACEVEDO-DÍAZ et al., 2007). Cada elemento de NdC pode contribuir melhor que outros para alguns propósitos educativos e cada finalidade educativa pode requerer mais uns elementos que outros de NdC. Esses pontos chaves têm implicações no ambiente escolar e devem proporcionar uma aprendizagem articulada e contextualizada dos procedimentos científicos, mostrando sua diversidade e utilidade, sendo esta, 191 provavelmente, a melhor maneira de se conseguir trabalhar com NdC&T a partir de uma atividade em sala de aula. As atividades mais apropriadas para a compreensão da NdC&T são as atividades de investigações, o estudo de casos históricos e contemporâneos, as atividades de modelização, de argumentação e comunicação, as atividades que impliquem a discussão de controvérsias científico-tecnológicas (CAAMAÑO, 2012). De acordo com Furlan et al. (2010) o ensino tem o grande papel de tentar responder aos anseios da sociedade moderna, servindo de ponte entre ciência básica e a tecnologia. Este é um dos desafios que nós, educadores, temos que enfrentar, procurando desmistificar tal pressuposição e incorporar o conhecimento específico. Quando se trabalha com a aprendizagem, deve-se levar em conta que esta é uma atividade essencialmente humana e relacional, o que exige compreender a natureza como um todo dinâmico, sendo o ser humano parte integrante do processo além de agente de transformação do mundo em que vivemos. Assim, contextualizar as temáticas CTS no Ensino de Ciências não significa meramente usar os exemplos do cotidiano, da vida e do mundo para ilustrar o conhecimento científico mas, ao contrário, significa lançar mão do conhecimento científico sistematizado para compreender os fenômenos naturais, ou seja, para compreender o mundo em que vivemos. Na sétima questão solicitamos aos estudantes que descrevessem brevemente, com palavras, figuras ou mapas, o seu modelo atual sobre a Ciência e Tecnologia. Num primeiro momento apresentamos as colocações dos respondentes da Graduação e, num segundo momento, as colocações apresentadas pelos respondentes do Ensino Médio. O estudante G9 descreve que: “é a tecnologia que permite o avanço da ciência”; G10 “a tecnologia ajuda na evolução da ciência, e a ciência faz com que a tecnologia se evolua para acompanha-la” e pelo G3 “Eles (os cientistas) tem muito mais a tecnologia a favor da ciência do que tinham há tempos atrás, está ‘facilitando’ para os cientistas esse fato”. Nas respostas apresentadas pelos estudantes, podemos notar que há uma percepção de que a tecnologia é dependente da ciência, assim como a ciência é dependente da tecnologia, e de 192 que ambas, na sua evolução, são dependentes entre si, e que esse processo está cada vez mais rápido na sociedade, pois a C&T são amplamente amparadas pelo auxílio que os cientistas possuem hoje para poderem realizar suas pesquisas, fazendo com que os cidadãos se sintam familiarizados com essas novas tecnologias. Chrispino (2008) aponta que os cidadãos, nos dias de hoje, se sentem bastante familiarizados com os aparatos tecnológicos (recursos produzidos pela tecnologia), pois afinal sua vida cotidiana está repleta desses recursos que deixam de ser suporte e passam a ser considerados indispensáveis. O autor completa dizendo que desde as tecnologias de transporte até os aparelhos celulares modernos, os homens vêm se deixando “escravizar” pelas tecnologias, pois estas tornam suas vidas confortáveis, ou tornam suas tarefas cotidianas menos penosas. A G4 descreveu que “Não há um modelo específico, a cada momento somos deparados com novas descobertas, usamos hoje coisas que antes não imaginávamos, e que hoje está tão perto”. Sobre essas colocações apoiamonos em Mccomas (2005, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 10) para quem o conhecimento científico é provisório, durável e auto corrigível. Isto significa que a ciência não pode provar nada definitivamente, porém muitas conclusões científicas seguem sendo valiosas e de larga duração, devido à forma como se desenvolvem os processos de investigação, a detecção e a correção de erros, que são parte do processo. Na atualidade a ciência está interligada com a tecnologia. Juntas foram criando, cada vez mais rápido, essas infinidades de coisas com as quais hoje nos deparamos na sociedade. O G7 respondeu que: “A ciência e a tecnologia assolam todo o contexto das sociedades atuais. Desde a saúde até a educação são influenciadas pela ciência e a tecnologia, que até determinam níveis de sucesso e fracasso nesses meios”. Referente a esse fracasso e sucesso citados pelo estudante, Santos (1995) afirma que a Ciência moderna produz conhecimentos e desconhecimentos, na qual se faz do cientista um ignorante especializado e faz 193 do cidadão comum um ignorante generalizado. O autor completa dizendo que nenhuma forma de conhecimento é, em si mesma, racional, só a configuração de todas elas, é racional, pois fazer Ciência é, na essência, questionar com rigor. O G2 colocou que: “Brasil e África são os lugares com os aspectos mais atrasados, e o hemisfério norte em geral é muito mais avançado”. Essa resposta do estudante vai ao encontro do que apresenta Dagnino (2008), para quem o atraso nas pesquisas científicas brasileiras é oriundo de dois processos históricos, primeiro referente à nossa colonização, pois como sabemos o Brasil foi explorado por muitos anos, tendo demorado os colonizadores a fixarem raízes no pais, e o segundo foi devido a nossa ditadura, a qual fez com que vários cientistas fugissem e se exilassem em outros países, o que retardou nosso desenvolvimento científico e tecnológico, o que é sentido até hoje. Em relação às repostas apresentadas pelo G1: “A ciência e a tecnologia caminham juntas para o progresso e evolução da humanidade, mas precisamos usá-la de maneira racional e prudente”, e G6: “A ciência avança conforme o avanço da tecnologia. Caminham juntas”, percebemos que esse caminhar junto da ciência e da tecnologia pode estar implicado naquilo que nos apresenta Vazquez-Alonso (2010), ou seja, nas mais diversas áreas, pois em grande parte, ciência e tecnologia são, hoje, o sustento e o motor mais importante do desenvolvimento econômico mundial. O G5 construiu uma ‘pirâmide’ contendo setas de duplo sentido, conforme figura 1: Sociedade Ciência Tecnologia Figura 1 - Apresentação do estudante G5. 194 Essa representação é chamada, por vários pesquisadores da área do Ensino de Ciência que trabalham com o enfoque CTS, de tríade CTS, na qual C, T e S estão interligadas, pois a Ciência necessita da tecnologia assim como a tecnologia necessita da Ciência e ambas necessitam da sociedade, ou viceversa. A C&T está de tal forma interligada à sociedade que esta última não sabe mais como viver sem as primeiras (CHRISPINO, 2008). O estudante G8, além da apresentação do desenho (Figura 2) para expressar a representação da ciência e da tecnologia, descreveu também a seguinte afirmação: “A ciência avança com a tecnologia, a tecnologia avança com a ciência e ambas evoluem juntas”. Ciência Tecnologia Figura 2 – Apresentação do estudante G8. Sobre a colocação apresentada pelo estudante G8, apoiamo-nos em Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2007) que descrevem que a C&T e a NdC&T são fatores cruciais para o desenvolvimento social, tanto para as sociedades industrializadas, cujo progresso e avanço estão atrelados precisamente na utilização das aplicações científicas e tecnológicas, quanto para as sociedades em via de desenvolvimento, onde a C&T/NdC&T podem representar caminhos para as respostas de suas necessidades, ou seja, que C&T evoluem juntas e essa evolução está enraizada na maioria das vezes em aplicações voltadas para a sociedade. Dentre as respostas apresentadas pelos (as) estudantes do Ensino Médio, o EM14 descreveu que: “a tecnologia ajuda na evolução da ciência e a ciência faz com que a tecnologia se evolua para acompanhá-la”, e o EM9 escreveu que: “a ciência e a tecnologia devem andar juntas, pois a tecnologia 195 ajuda a expandir a ciência e a ciência faz com que a tecnologia sempre esteja em melhora para atender suas necessidades”. As respostas apresentadas pelo estudante G8, EM14 e EM9 vão ao encontro do nosso pensamento, sendo que a C&T caminham juntas na atualidade, independente de quem surgiu primeiro. O certo é que ambas se interligam e que hoje já não conseguimos mais falar de uma sem citar a outra. A Ciência com o auxílio da tecnologia produz materiais, pois a tecnologia é, formada principalmente por ideias e técnicas para conceber e fazer coisas, sendo eles benéficos ou não para o progresso da sociedade (MANASSEROMAS; VAZQUEZ-ALONSO, 1998). A C&T tem importância evidente e indiscutível no mundo moderno e adquirem caráter relevante em todos os aspectos da vida, influenciando, certamente, os processos de transformações políticas das sociedades contemporâneas (ACEVEDO-DÍAZ, 2006). Mesmo que a C&T caminhem juntas, Lewontin (2001) descreve que a ciência é uma instituição social a respeito da qual existe uma grande dose de equívocos, mesmo entre aqueles que delas fazem parte, ou seja, um conjunto de métodos, de pessoas e um grande corpo de conhecimento que chamamos de científico e que está, de alguma forma, separada das forças que regem nossas vidas do dia a dia e que governam a estrutura de nossa sociedade. Referente à tecnologia, Salomon (1988 apud SANTOS; SCHNETZLER, 2010) afirma que esta deve ser apresentada como aplicação das diferentes formas de conhecimento para atender às necessidades sociais. Mesmo que às vezes as tecnologias sejam a principal indústria e fonte de esperança de lucro para o capital de risco, ou seja, C&T caminham juntas e ambas dependem uma da outra, elas apresentam equívocos, os quais, muitas vezes, são sentidos pela sociedade que, por isso, nem sempre está em condições de atender a demanda dos cidadãos. O estudante EM13 respondeu que: “a ciência e a tecnologia do século XXI está cada vez mais aprofundada em explicar cada acontecimento”. Referente a essa colocação sobre o aprofundamento para explicar os 196 acontecimentos científicos, esse não se iniciou com o advento da C&T da atualidade, e sim com a natureza da revolução científica que atravessou os séculos. Conforme apresentado nas várias literaturas e na própria atividade realizada na intervenção didática, os cientistas sempre procuraram explicações para um acontecimento científico, sendo essas explicações recebidas de várias maneiras pela comunidade, sendo ela científica ou não (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2011). Uma revolução científica, independente de qual século ocorreu, sempre será revolucionada pela C&T, nas quais o paradigma a ser aprofundado para uma melhor explicação, não poderá emergir apenas de um paradigma científico, mas também de um paradigma puramente social. Para o estudante EM12 “a cada dia nos surpreendemos mais e mais com a ciência”. Salomon (1988 apud SANTOS; SCHNETZLER, 2010) descreve que a ciência apresenta um caráter provisório e, em algumas conotações, apresenta teorias científicas incertas. Essa surpresa apresentada pela Ciência é justificada por NSTA (1990 apud SANTOS, 2001, p.43) que reconhece a origem da ciência e compreende que o saber científico é provisório e sujeito a mudanças, a depender do acúmulo de resultados. Porém, deve-se ficar atento que a ciência e seus métodos não podem contestar todas as perguntas. Em outras palavras, existem limites sobre os tipos de perguntas que se pode pedir que responda a ciência. (McCOMAS, 2005, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012). O estudante EM10 apresentou a seguinte resposta: “velocidade de informação”. Acreditamos que essa resposta vá ao encontro de Santos (1995), para quem o mundo é comunicação e, por isso, a lógica existencial da ciência é promover a situação comunicativa. A velocidade de informações que aparecem cada vez mais rápidas na atualidade, trazem benefícios e malefícios para a sociedade. O EM 22 respondeu a questão com um desenho (Figura 3). 197 Figura 3 - Modelo atual da natureza da ciência e da tecnologia pelo estudante EM 22. Nesta colocação, EM 22 deixa evidente que a Ciência pode vir a explicar todo o processo da tecnologia. Acreditamos que essa representação vai ao encontro do que descreve Caamaño (2012), que a Ciência é uma atividade encaminhada à construção de conhecimentos, sendo também, uma atividade orientada a produzir modelos que ajudem a explicar os fenômenos que queremos compreender, no qual, os modelos científicos são mediadores entre a realidade que se moderniza e as teorias sobre a realidade. O EM8 respondeu que: “com a ciência e tecnologia aprendemos a descobrir todo o nosso mundo, tudo o que acontece e o que aconteceu, até hoje em dia”, o EM7 “o mundo sem a ciência e tecnologia não é nada, pois já estamos tão acostumados, que se perdemos a ciência e tecnologia não conseguiremos viver”, já o EM6 “a ciência e a tecnologia nos dias atuais são praticamente a base da vida. O homem sem conhecimentos científicos e tecnológicos é considerado burro”. O EM1 através do desenho (Figura 4) apresentou seu modelo atual para a ciência e tecnologia e o EM5 colocou que: “a ciência e a tecnologia hoje é fundamental para o desenvolvimento. O ser humano sem conhecimento não se desenvolve”. 198 Figura 4. Modelo atual da natureza da ciência e da tecnologia pelo estudante EM 1. A partir das colocações dos estudantes EM8, EM7, EM1 e EM5, percebemos que a C&T estão interligadas, pois a Ciência necessita da tecnologia assim como a tecnologia necessita da Ciência, sendo que ambas necessitam da sociedade. Esse caminhar junto da ciência e da tecnologia pode estar implicado no que apresenta Vazquez-Alonso (2010), ou seja, nas mais diversas áreas. O estudante EM 23 representou através de um desenho (Figura 5). Figura 5. Modelo atual da natureza da ciência e da tecnologia pelo estudante EM 23. Acerca da descrição realizada pelo estudante EM23, apoiamo-nos em Osborne (2003, apud VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2012, p. 11), o qual descreve que a ciência é uma atividade que implica criatividade e imaginação, como sucede em tantas outras atividades humanas e que confiam em sua inspiração e imaginação, sendo que algumas ideias científicas são extraordinariamente realizações intelectuais; que formular hipóteses e fazer predições dos fenômenos naturais é um processo essencial para o desenvolvimento de novos conhecimentos. 199 O estudante EM11 descreveu que: “a tecnologia gera ciência, várias tecnologias são descobertas através da ciência”, o EM25: “a ciência e a tecnologia é uma evolução humana para o próprio homem, diariamente várias doenças tem cura graças a ciência e principalmente a tecnologia que permitem curas que antes eram consideradas impossíveis” e EM4 que: “a ciência e sua tecnologia é muito importante, evoluem a cada dia, buscando sempre novas soluções para doenças, remédios, etc”. Referente às colocações apresentadas pelos estudantes EM11, EM25 e EM4, apoiamo-nos em Auler e Bazzo (2001), que descrevem que na atualidade vem ocorrendo um fenômeno de mudança em determinadas sociedades acerca da compreensão do papel da C&T na vida das pessoas. Os autores completam dizendo que essa nova mentalidade/compreensão da C&T contribuiu para a quebra do belo contrato social para a C&T, qual seja, o modelo linear/tradicional de progresso/desenvolvimento. O reconhecimento da importância da C&T na economia das sociedades conduziu a sua admissão no ensino. Como afirmamos anteriormente, C&T caminham juntas na atualidade. As respostas apresentadas neste questionário aberto são múltiplas e muito diversas, refletindo, talvez, o tipo de inovação metodológica utilizada e aplicada. Acreditamos que a atividade realizada proporcionou inspiração aos estudantes, que conseguiram representar por meio de figuras. Os resultados evidenciados pelo COCTS apontaram, para a estratégia desenvolvida, que as afirmativas adequadas foram as que mais sofreram mudança na comparação do pré-teste com o pós-teste. Os resultados mostram, ainda, que os estudantes participantes tiveram, como em outras pesquisas anteriores, posicionamentos iniciais bastante ingênuos. Os resultados mostram que a intervenção realizada (questões do COCTS, SD e entrevista) utilizando como estratégia para o enfoque EANdC&T foi eficiente para provocar mudanças de concepções atitudinais. As argumentações descritas pelos estudantes nos informam as concepções e os aspectos afetivos relacionados com a aprendizagem e o Ensino de Ciências, assim como as implicações desta prática educativa para a 200 inovação educativa na área. As argumentações dos estudantes sugerem várias mensagens positivas e negativas sobre a imagem da C&T. Acreditamos que esse resultado deva-se ao tipo de formação desses estudantes, sendo que a formação no Ensino Médio vem a ser mais generalista, envolvendo um leque de conteúdos e enfoques durante o decorrer do ano letivo, os quais se intercomunicam, enquanto que na Graduação a formação ainda é unidirecionada. Por outro lado, consideramos importantes as respostas dos estudantes, além de otimistas quando se referem à contribuição que C&T pode vir a proporcionar para a sociedade. Percebe-se, também, nas repostas dos estudantes que estes vêem a C&T como criadoras de maiores oportunidades para as futuras gerações, fazendo com que a vida seja mais saudável, mais fácil e mais cômoda. Nota-se, ainda, nas respostas, que os benefícios da Ciência são maiores que seus possíveis efeitos prejudiciais. Algumas opiniões são otimistas em relação aos benefícios sociais da C&T, tendo ainda um alto grau de confiança na Ciência, nos cientistas e no método científico, sendo que nem sempre os benefícios são repassados aos verdadeiros necessitados dessas intervenções. Ainda analisando as argumentações, vê-se que os estudantes apresentam uma imagem da NdC&T que podemos considerar neutra. Esta análise, em si mesma, constitui-se em uma interpretação direta para o ensino de ciência, pois com a inovação da metodologia inserida espera-se que a mesma venha a ser um instrumento coadjuvante na promoção para uma imagem mais positiva, adequada e ajustada do papel da NdC&T no mundo atual. Inserir essa abordagem sobre a NdC&T por meio da SD com uma perspectiva crítica, significou ampliar o olhar dos estudantes sobre o papel da C&T na sociedade. Essa intervenção envolveu valores e atitudes associados à compreensão conceitual de temas relativos aos aspectos sócios científicos, nos quais a tomada de decisão implicaria a compreensão de conceitos científicos relativos à temática em discussão. Assim, concordamos com Acevedo-Díaz; 201 Vázquez-Alonso; Manassero-Mas, 2003; Vázquez-Alonso; Manassero-Mas, 2007; Velho, 2011; García-Carmona; Vázquez-Alonso; Manassero-Mas, 2012 entre outros, que afirmam que não se pode negar que é fundamental desenvolver métodos e técnicas de avaliação compatíveis com a nova concepção de Ciência e de sua relação com a tecnologia e processo de inovação, visando o bem estar da sociedade. Sabemos que um dos objetivos educacionais mais gerais em Ciências é desenvolver a curiosidade do estudante e o gosto pelo aprender, para que os estudantes, enquanto cidadãos possam aprender e desenvolver um pensamento crítico acerca da C&T e de suas implicações na sociedade contemporânea. Essa intervenção realizada por meio da SD contribuiu para o Ensino de Ciências e auxiliou a assinalar a importância desse campo do conhecimento para a formação do cidadão. Assim, devemos ressaltar que o objetivo desse ensino sobre NdC&T/CTS é promover a educação científica e tecnológica dos cidadãos. Em outras palavras, pode-se dizer que o objetivo CTS principal é o desenvolvimento da capacidade de tomada de decisão (SANTOS, 2007). Assim, esses resultados anteriormente apresentados nos apontaram caminhos e necessidades de repensarmos profundamente nossa prática com a intervenção didática, munidos da SD, a partir de um novo olhar sobre o currículo, contemplando a NdC&T; sobre os estudantes (cidadãos em formação) e sobre a própria educação em C&T proposta nos documentos oficiais. Esses resultados nos fazem acreditar que é possível, a partir de atividades como esta, superar a apatia, a negação, a falta de motivação e o desânimo que, muitas vezes, estão presentes nas atitudes e nas práticas dos atores escolares, principalmente de alunos e professores. Na prática, nesta análise podemos observar que em determinados momentos as perspectivas analíticas de cunho qualitativas predominam sobre as quantitativas e vice-versa. Acreditamos que essa ocorrência deu-se pelas exigências do processo de conhecimento, onde o melhor método é sempre aquele que melhor se adequa à reconstrução teórica da realidade. 202 Auler (2002) ao discutir as dificuldades presentes na compreensão de professores sobre CTS descreve que este enfoque deveria voltar-se à discussão e problematização de construções históricas sobre a atividade científico-tecnológica. Neste contexto, nossa pesquisa vai ao encontro desta proposta, pois apresenta na atividade proposta discussão e problematização referente a essa construção científico-tecnológica. Para Auler (2002), resolver um problema apenas no nível tático não será suficiente, é necessário desenvolver a habilidade de atacar o problema também a nível estratégico, ou seja, melhorar a prática e habilidade desses estudantes quanto a visão global do processo histórico científico, o que frequentemente é pouco desenvolvido. Auler ainda sugere que temos que buscar a participação da sociedade, sendo que o enfoque CTS comparece no sentido da reivindicação de democratização das decisões em temas sociais envolvendo ciência e tecnologia. Sobre a necessidade de uma prática com vistas a melhorar a concepção dos estudantes acerca de CTS/NdC&T, conforme descrito anteriormente, também é apontado como desafio para que possamos proporcionar uma visão holística sobre o enfoque. É necessário realizar práticas com projetos realistas que estimulem o interesse dos estudantes. A inserção de atividades inovadoras converge para as iniciativas didáticas propostas e identificadas pela nossa pesquisa, e nos relatos dos estudantes na entrevista, sendo que estes acreditam que com a atividade realizada, ou seja, a prática vivenciada em sala de aula a partir dos debates sobre as diferentes conotações, vieram auxiliar a recompreensão deles sobre CTS/NdC&T, conforme constatado nos resultados. Os autores até aqui citados afirmam, ainda, que para se ensinar CTS/NdC&T a literatura recente atribui ao fator implícito e explícito a apresentação da NdC em sala de aula como uma característica chave para a efetivação de seu ensino. Outro fator positivo encontrado nos resultados das entrevistas com os estudantes, e que se apresentou internamente apoiado nos referis, foi que para promover uma efetiva aprendizagem nos indivíduos, devemos recorrer a atividades deste patamar, envolvendo processos de reflexão sobre CTS/NdC&T MANASSERO-MAS, 2012). (GARCÍA-CARMONA; VÁZQUEZ-ALONSO; 203 Ao integrar conteúdos de CTS/NdC&T nas atividades de ciência escolar, mesmo que de forma modesta, melhoramos a visão dos estudantes a respeito da distinção de várias questões, observação, criatividade, subjetividade, etc. Em geral, a inserção explícita dos distintos conteúdos, como foi realizado nesta pesquisa, promove, entre outros aspectos, a reflexão dos estudantes, mostrando uma maior efetividade educativa, e destaca as ideias adequadas e inadequadas sobre CTS/NdC&T. Assim, constatamos que os estudantes participantes da pesquisa, a partir da prática com a intervenção didática proposta, melhoraram sua compreensão referente ao enfoque sobre CTS/NdC&T. Nos seus trabalhos Acevedo-Díaz et al. (2005) e Acevedo-Díaz (2010), apresentam os desafios enfrentados pelos professores na compreensão e na transmissão de conceitos referentes à CTS/NdC&T. A experiência docente destes pesquisadores mostrou que a fase de especificação sobre CTS/NdC&T é um desafio pedagógico para os professores e estudantes. Os trabalhos realizados por esses autores mostram que os professores e estudantes apresentam dificuldades durante o processo de aprendizagem de CTS/NdC&T. Nesta tese constatamos que os estudantes, na sua maioria, reconhecem que a tarefa de análise das frases na intervenção didática não é tarefa fácil e compreendem que isso ocorre porque tudo é muito abstrato e eles geralmente não estão acostumados a pensar desta maneira. Por exemplo, eles compreenderam as colocações das frases apresentadas, porém nem todos conseguiram apresentar argumentações convincentes, tanto a favor da frase escolhida quanto das não escolhidas. Também não conseguiram apresentar exemplos sobre as tais argumentações, o que nos leva a acreditar que apesar de terem compreendido o conceito da atividade proposta, não souberam abstraí-los a partir das atividades realizadas, conforme constam em suas argumentações. Eles também assumem que tem dificuldade em diferenciar e descrever as argumentações e os exemplos. Neste caso, acreditamos que o grande desafio é o movimento cíclico de ir do nível abstrato para o concreto e para o abstrato novamente para poder extrair suas respostas. 204 A proposta de Acevedo-Díaz et al. (2005) e Acevedo-Díaz (2010) é melhorar a abordagem do ensino sobre CTS/NdC&T, incluíndo conceitos da história, filosofia, sociologia, entre outros, acreditando assim, conseguir melhores resultados para o enfoque. A dificuldade em lidar com conceitos abstratos também é relatada no contexto do ensino de conceito de CTS/NdC&T. A grande dificuldade dos estudantes, conforme apresentada nos resultados da intervenção didática, está em compreender o caráter imprevisível do não determinismo de CTS/NdC&T, pois a partir da experiência prévia dos estudantes com os demais conteúdos de ensino, (de outras áreas) espera-se uma resposta correta, o que nem sempre acontece, fazendo com que eles demonstrem uma visão equivocada deste conceito sobre CTS/NdC&T. O desconforto em lidar com situações que admitem várias soluções e não apenas uma solução correta, também foi enfrentada pelos estudantes, tanto no questionário quanto na intervenção didática. A fase de identificação das respostas coerentes, indagadas nas atividades após a leitura de um acontecimento científico, proporcionou aos estudantes um distanciamento de sua experiência prévia, porém mantendo sempre uma visão coerente do fato. A dificuldade em lidar com a possibilidade de várias respostas corretas para um mesmo problema está relacionada à capacidade de interpretação sistemática, sendo que estes estudantes apresentam dificuldade para compreender que a atribuição de valores a uma atividade é um processo único e válido para o EANC&T. No caso das dificuldades apresentadas pelos estudantes uma sugestão proposta para minimizar as mesmas quando enfrentadas no cotidiano, seria expor o conceito de não determinismo de CTS/NdC&T. Conforme Santos (2007), não se procura uma ligação artificial entre o conhecimento científico e o cotidiano, restringindo-se tanto os exemplos apresentados pelos estudantes, quanto a ilustração ao final de alguns conteúdos. Ao contrário, o que se propõe é partir de situações problemáticas reais e buscar os conhecimentos necessários para entendê-las e procurar solucioná-las. 205 O EANC&T também enfrenta dificuldades por lidar com conceitos abstratos. Santos (2007) descreve que neste sentido, assumir o papel central do princípio da contextualização na formação da cidadania implicará a necessidade da reflexão crítica e interativa sobre situações reais e existenciais para os estudantes. Tal como ocorrido em nossa pesquisa, os resultados evidenciaram que os estudantes, não na totalidade, alcançaram o nível de abstração desejado para o EANC&T. Mesmo que em alguns momentos dos resultados os estudantes não tenham apresentado a mudança de concepção atitudinal esperada para a atividade. Nesta linha de pensamento, as atividades vão ao encontro do proposto por Santos, pois se buscou o desenvolvimento de atitudes e valores aliados à capacidade de tomada de decisões responsáveis diante de situações reais. Conforme afirmam Santos e Mortimer (2002), Santos (2007) e Santos e Schnetzler (2010), a inserção de abordagens de C&T no Ensino de Ciências, com uma perspectiva crítica, significa ampliar o olhar sobre o papel da C&T na sociedade e discutir em sala de aula questões dos mais diversos meios. Os autores consideram que essas discussões envolvem valores e atitudes quando estão associadas à compreensão conceitual dos temas relativos a esses aspectos sociocientíficos. Finalizam dizendo que a tomada de decisão implica a compreensão de conceitos científicos relativos à temática em discussão, conforme proposto na intervenção didática desta tese. Observando a convergência dos resultados finais de nossa pesquisa (intervenção didática, entrevista e questionário pós-teste) com os resultados de outros trabalhos, tais como os de Bispo-Filho (2012), Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2013), Bispo-Filho, Maciel, Sepini e Vázquez-Alonso (2013), Vázquez-Alonso; Manassero-Mas e Montesano (2014), entre outros, que realizaram pesquisas nesta mesma perspectiva, verificamos que os resultados apontados pelos autores apresentam soluções para a problemática de ensinar e trabalhar CTS/NdC&T em sala de aula, sendo que vai muito além do ensino através de métodos e apontam para dificuldades e soluções muito mais abrangentes. Os autores afirmam que esses resultados podem fornecer 206 caminhos para o desenvolvimento de novas propostas de intervenção didática, possibilitando a retroalimentação do processo realizado. Bispo-Filho (2012) descreve que uma avaliação que não tem um fim em si mesmo, pode ser pensada de forma a permitir uma tomada de decisão por parte de quem planeja e executa a SD relacionada à CTS/NdC&T. Assim, concordamos com Bispo-Filho (2012) quando defende que ações desta magnitude podem proporcionar uma reflexão do pesquisador ou professor sobre o próprio ato de ensinar enquanto ensina, o que se justifica pela característica natural da própria Ciência e do caráter interdisciplinar dos conteúdos que envolvem CTS/NdC&T e que ultrapassam a ótica tecnocrática da C&T, pois considera aspectos epistêmicos, sociais, políticos e culturais, em busca da compreensão das relações entre CTS no passado, no presente e num futuro. Segundo os resultados de nossa pesquisa, o desenvolvimento das capacidades de interpretação atitudinais no EANC&T é necessário para uma melhor compreensão de vários conteúdos do enfoque CTS/NdC&T. Conforme descrevem Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2013), os resultados empíricos de um estudo de caso confirma a eficácia do método reflexivo e explícito, especificando a melhoria em três aspectos: controvérsias (eventos de fechamento), universalidade da Ciência (influência da personalidade do cientista) e a pesquisa científica (método científico), o que contribui para o crescente corpo de conhecimento que suporta a eficácia de vários métodos inspirados pelo ensino explícito e reflexivo. Para Vázquez-Alonso e Manassero-Mas (2013), a auto-avaliação qualitativa (entrevistas) mostra mudanças entre os resultasdos do pré e pósteste, ou seja, uma tendência para minimizar e que tende a perceber as mudanças, sendo elas relevantes em alguns casos ou não. Contudo, como a pesquisa revela, as capacidades metodológicas podem ser úteis, se possuirmos a mente aberta para apoiar nossas discussões e ações relativas ao processo de ensino-aprendizagem da área de EANC&T. No caso desta proposta de EANd&T, é necessário incluir o desenvolvimento da autonomia e 207 da capacidade de enfrentamento das questões de ordem social provocadas pelos problemas reais da sociedade moderna. Assim, concordamos com Vázquez-Alonso (2012) quando afirma que devemos atribuir propostas explícitas para mais adiante do simples enfoque CTS/NdC&T, visando estabelecer traços com outros conteúdos que tenham esse caráter explícito a respeito da temática, pois com a finalidade de ensinar CTS/NdC&T a intervenção explícita deve ser intencional para esse fim, deixando de ser um subproduto para se tornar um componente central na aprendizagem. As argumentações obtidas através do instrumento da intervenção didática, que se propões a avaliar as prováveis mudanças conceituais nos estudantes após a intervenção, revelaram que a maioria demonstrou mudanças diante de situações nunca antes colocadas para sua reflexão. Em suma, os resultados do modelo de atividades reflexiva, conforme a utilizada, confirma sua validade específica para melhorar a compreensão sobre CTS/NdC&T, através de atividades compartilhadas de reflexão e avaliação replicáveis e padronizadas, quantitativas e qualitativas, que facilitam a sua difusão e utilização. Além disso, as tarefas específicas realizadas contribuem para a formação no conhecimento pedagógico do conteúdo de ciência (VÁZQUEZ-ALONSO; MANASSERO-MAS, 2013). Nesta atividade a eficácia foi avaliada por comparação do teste aplicado ao grupo controle e grupo experimental e que indica que o grupo experimental obteve uma compreensão significativamente melhor sobre CTS/NdC&T do que o alcançado pelo grupo de controle. Portanto, a melhora apresentada pelos estudantes vai ao encontro no trabalho de Vázquez-Alonso, Manassero-Mas e Montesano (2014) quando afirmam que após a intervenção, as colocações descritas pelos estudantes apresentam maior autenticidade e internalização de significados de CTS/NdC&T, porque eles não são atribuíveis aos estímulos externos que geralmente incentivam a aprendizagem (passar por exames, tirar boas notas, etc.), mas sim por uma motivação intrínseca, em que se argumenta e discute o problema sócio-técnico, da atividade proposta. Assim, os resultados apresentados nesta tese vão ao encontro dos resultados apontados na tese de Bispo-Filho (2012), quando apresenta que o estudo acerca da NdC&T é, sem 208 dúvida, uma das melhorias a serem incluídas nos currículos escolares nas próximas ações formativas das distintas etapas educativas, no que se refere ao planejamento, desenho e inovação do currículo, e a formação inicial e continuada de professores, se o que desejamos, de fato, é uma AC&T de qualidade. Em resumo, cruzando os resultados da pesquisa com os referenciais teóricos, podemos dizer que a utilização da SD desenhada e testada mostrounos que são potenciais instrumentos didáticos para o processo de EANC&T com foco na formação dos sujeitos para uma cidadania letrada e alfabetizada. Nesta tese e nos demais trabalhos realizados por nós e aqui citados, mesmo com alguns resultados apurados negativamente, eles nos apontam para um redesenho e replanejamento de ações relacionadas à SD, conforme verificado no trabalho de Bispo-Filho (2012) e nesta tese, de modo que venha a proporcionar uma reflexão do professor sobre o próprio ato de ministrar em sala de aula o enfoque NdC&T. Ao final desta tese, os resultados revelaram uma convergência entre a atividade proposta aos estudantes e o material utilizado, validando cientificamente a SD, na perspectiva qualitativa e quantitativa. Para Bennássar et al. (2010), a visão distorcida de CTS/NdC&T pode ser superada a partir de ações didáticas em sala de aula que trabalhem e/ou apresentam este enfoque aos estudantes. Como verificamos a partir dos resultados, o ensino explícito de CTS/NdC&T se mostra muito eficaz, pois esse enfoque explícito implica que CTS/NdC&T devam ser trabalhadas em sala de aula como resultados de um planejamento curricular, tal como ocorre com os demais conteúdos da ciência escolar. 209 VI – CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos resultados desta tese ficou evidenciado que uma atividade inovadora com a introdução de uma SD pode ser fácil e eficientemente utilizada como uma prática inovadora nas disciplinas de Ciências. Além de reunir várias áreas do saber, permite alcançar um resultado mais amplo no que se refere ao conhecimento propriamente dito (conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais). Foi possível, ainda, comprovar a enorme abrangência desta atividade como estratégia inovadora em relação ao ensino tradicional, que é massivo e descontextualizado. A temática utilizada na SD como elemento de convergência mostra-se de grande importância para a educação, pois o caráter interdisciplinar permite a abordagem de várias áreas do saber, além de criar condições para despertar no estudante sua capacidade para contemplar o estudo enfocado com o cotidiano. A utilização desta atividade como estratégia de ensino colabora, também, para a desmistificação das relações dos processos históricos da Ciência com a atualidade, contribuindo para a disseminação do conhecimento sobre a importância das atividades científicas. Adicionalmente, também favorece a agregação de outros valores ao ensino, visto sua potencialidade, epistemológica, social, cultural, etc., pois o tema é um valioso instrumento didático para estimular a curiosidade do estudante na busca, indagação e investigação do meio que o circunda, assegurando a interrelação entre as aulas de Ciências. A estratégia de ensino empregado no Ensino Médio e na Graduação é tentativa de conciliar diferentes tipos de saber no enfoque CTS/NdC&T, provocando uma dinâmica pedagógica para aliar conhecimentos locais e universais e valorizar o saber regional sem se descuidar dos valores da Ciências, embora este espaço nem sempre seja assim compreendido. 210 Retomando a questão desta tese (Que mudanças de concepções atitudinais em relação aos temas CTS/NdC&T, podem ser provocadas nos estudantes concluintes do Ensino Médio e da Graduação em Ciências Biológicas, a partir de uma intervenção pedagógica com emprego de uma sequência didática), podemos afirmar que: 1. Ao considerarmos os resultados quantitativos evidenciados no pósteste pelo teste estatístico utilizado (Wilcoxon) e a partir da atividade realizada, podemos constatar que acorreram mudanças de concepções atitudinais nos estudantes do grupo experimental, tanto do Ensino Médio quanto da Graduação, relacionadas à temática NdC&T/CTS. Percebemos que os impactos observados são, em sua maioria, significativos, considerando que mudar concepções e atitudes é realmente uma tarefa muito difícil, pois estão relacionadas, entre outras, com a cultura, conhecimento prévio e convicções pessoais. Observa-se que em algumas atividades da SD, os resultados foram impactantes, pois provocaram mudanças de concepções atitudinais frente à questão explorada na atividade. Com os resultados constatou-se que há necessidade de se estabelecer um diálogo científico entre os diferentes campos do saber nos dois níveis de ensino, de forma que estudantes e professores possam reconhecer o valor do enfoque CTS/NdC&T e priorizar situações de ensino e aprendizagem na área. 2. Referente ao emprego da SD, como auxílio na mudança de concepções atitudinais, a atividade realizada permitiu afirmar que essa pode constituir-se em estratégia e recurso didático, adequados ao Ensino de Ciências, para formação da cidadania e ao desenvolvimento de competências profissionais necessárias para trabalhar com o Ensino de CTS/NdC&T. A atividade proposta é, também, um instrumento que permite realizar comparações entre as diversas fases de desenvolvimento da SD, fornecendo informações importantes, tais como os pontos fortes e fracos e as oportunidades de replanejamento a partir dos resultados obtidos. Conforme afirmado várias vezes nesta tese, a NdC&T vem a ser um dos componentes mais importantes e inovadores para a alfabetização e letramento 211 científico pretendidas. A literatura atual vem divulgando que estudantes e professores têm uma deficiente compreensão sobre a NdC&T. Portanto, este é um enfoque que necessita de mais investigação para que possa contribuir para a melhoria do seu ensino e aprendizagem. Sobre essa colocação, os resultados desta pesquisa, considerando-se o pré-teste, intervenção didática, entrevista e pós-teste, possibilitaram, ainda, uma grande aproximação com os objetivos almejados nesta tese. Referente ao objetivo geral (Contribuir para melhorar a compreensão e a qualidade do ensino e da aprendizagem sobre NdC&T de estudantes de escola básica e da graduação (futuros professores de Ciências), por meio de um instrumento de intervenção didática (SD)), podemos afirmar que a pesquisa trouxe contribuições para a melhoria e compreensão do enfoque CTS/NdC&T através de uma intervenção didática com os estudantes envolvidos, conforme resultados qualitativos (SD e entrevista) e quantitativos (pré e pós-teste) apresentados. Sobre o objetivo específico (Verificar quais mudanças de concepções atitudinais sobre temas CTS/NdC&T podem ser alcançadas com o uso de um instrumento de intervenção didática (SD) planejado com esse fim), foi constatado maior movimento de mudanças nos relatos com vistas à formação para a cidadania. Em relação ao instrumento didático utilizado (SD e entrevista), podemos afirmar que os resultados mostram que os mesmos são instrumentos potenciais para o processo do Ensino de Ciências com enfoque CTS/NdC&T e a formação para a cidadania. Referente à verificação das mudanças alcançadas pelos estudantes a partir da intervenção didática introduzida em sala de aula, comparando as atitudes CTS/NdC&T dos estudantes no início e no final da intervenção, podemos observar que as concepções sobre as definições do enfoque trabalhado se aproximaram, em muito, de concepções mais adequadas, isto é, estão em sintonia com os referis da área. Conforme descrito anteriormente, mesmo que alguns resultados analisados apontem para uma atitude modesta, eles vêm nos direcionar para 212 um redesenho e replanejamento de execuções relacionadas à SD, como: introdução desta SD no processo educacional letivo e não como uma atividade diferenciada, adaptação ao público alvo, melhoramento nos debates propostos, enquadramento melhor do tempo na atividade, atividade em conjunto com outras disciplinas, etc. Os resultados já mencionados vão ao encontro das investigações realizadas com o objetivo de melhorar a compreensão da NdC&T, já apontados nos resultados do PIEARCTS. Para que ocorram mudanças, é preciso adesão ao uso de diferentes metodologias, apontando que o tratamento intencional e explícito de NdC&T, junto com atividades de reflexão, é o método mais eficaz para melhorar a compreensão de NdC&T. Assim, retomando as hipóteses (O emprego de SD, contribui para a reflexão dos sujeitos acerca de temas CTS/NdC&T e, como consequência, ajuda a provocar mudanças nas concepções de atitudes em relação ao tema: As mudanças provocadas podem ser validadas pelos resultados obtidos, com emprego de instrumentos de avaliação desenhados a partir das questões do COCTS e adaptados aos objetivos e conteúdos dos instrumentos de intervenção didática aplicados (SD); O instrumento de intervenção didática (SD), desenhado para diversos contextos e aplicados com uma metodologia explícita e reflexiva em sala de aula, pode resultar num ensino de qualidade e na melhoria da aprendizagem sobre NdC&T), vimos que é possível afirmar que os resultados estatísticos evidenciaram melhoras na compreensão de algumas concepções atitudinais dos estudantes sobre CTS/NdC&T. Constatamos que as questões do COCTS podem se constituir em um importante material de intervenção didática para o Ensino de Ciências. A experiência vivenciada nesta pesquisa mostra que os instrumentos de intervenção didática são estruturantes e potencializadores no que tange ao desenvolvimento de atividades com enfoque CTS/NdC&T, podendo sim, suscitar num ensino de qualidade e na melhoria da aprendizagem, sendo que esses cidadãos tenham condições de discutir sobre CTS/NdC&T. 213 Nesse sentido, esta pesquisa pretendeu, também, contribuir para outras pesquisas futuras, não limitando-nos a metodologia inovadora empregada, mas também como um fator motivacional para os estudantes. Com a atividade desenvolvida, acreditamos ter contribuído para o desenvolvimento de materiais didáticos que tenham como meta a formação cidadã com enfoque CTS/NdC&T. Consideramos importante destacar que esta tese teve como fato de inovação a SD trabalhada com prática inovadora voltada em CTS/NdC&T, cujo objetivo central foi analisar as mudanças de atitudes apresentadas pelos estudantes participantes e a formação cidadã construída a partir destes conteúdos, o que não foi tarefa fácil. Ao se considerar o processo formador ao quais os estudantes foram submetidos, sabe-se que o mesmo difere, em muito, da tradicional formação de estudantes de áreas cientificas. A SD aplicada nessa pesquisa, além do propósito de analisar sua eficácia, estava direcionada a ocasionar mudanças conceituais detectadas em outras pesquisas (ex. PIEARCTS, 2010). Os resultados da avaliação desta SD apontaram para possíveis trajetos na busca por melhoria nas atitudes a partir das atividades propostas com enfoque no CTS/NdC&T, ou seja, essa SD precisa ser mais vezes testada e comparada em seus resultados com os demais já existentes. Esta tese mostrou que uma estratégia didática relativamente simples, e fácil de executar em processos formativos, foi capaz de provocar mudanças de concepções atitudinais sobre CTS/NdC&T no grupo experimental de estudantes, tanto na Graduação quanto no Ensino Médio. Acreditamos que a compreensão sobre CTS/NdC&T por todos os cidadãos, em um nível que propicie a tomada consciente de decisões, é um consenso. Os cidadãos devem vir a ser formados nas escolas, principalmente pelos professores, com a consciência de que têm o direito de opinar, defender seus posicionamentos e mais ainda, o direito e o dever de participar nas decisões da sociedade de seu tempo. Na educação científica, percepção pública e imagem da C&T são temas de natureza social de capital importância, pois têm relação com a vida diária das pessoas. Estamos convencidos de que as instituições de ensino devem convocar seus formadores para assumir a responsabilidade de formar um cidadão com a 214 consciência de que poderão ser responsabilizados, no futuro, tanto pelas suas escolhas quanto pela sua omissão. Considerando os dados obtidos com esta pesquisa, é possível afirmar que os mesmos não apenas responderam a nossa questão de investigação, como também possibilitaram o alcance dos objetivos propostos e a confirmação das hipóteses, ratificando a tese por nós defendida, ou seja, mudanças de concepções atitudinais CTS/NdC&T podem sim ser intencionalmente provocadas no espaço de formação dos sujeitos, ou seja, em sala de aula, desde que no processo de ensino e aprendizagem sejam empregados instrumentos didáticos inovadores e adequados à formação pretendida, ou seja, instrumentos (SD) pautados no enfoque CTS/NdC&T, no desenvolvimento do pensamento crítico e no compromisso com a formação para a cidadania. 215 REFERÊNCIAS AMERICAN ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF SCIENCE. Science for all americans. New York: Oxford University Press, 1993. Disponível em: <http://www.project2061.org/esp/publications/sfaa/online/sfaatoc.htm>. Acesso em: 16 dez. 2013. ABD-EL-KHALICK, F.; LEDERMAN, N, G. The infuence of history of science courses on students' views of nature of science. Journal of Research in Science Teaching, v. 37, n. 10, p. 1057-1095, 2000. Disponível em: <http://www.bu.edu/hps-scied/files/2012/10/Abd-El-Khalick-HPS-Influence-ofHistory-of-Science-Courses-on-Students-Views-of-NoS.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. ABREU, M. C.; MASETTO, T. M. O professor universitário em aula. São Paulo: Associados, 1989. ACEVEDO-DÍAZ, J. A. Análisis de algunos critérios para diferenciar entre ciencia y tecnologia. Enseñanza de las Ciencias, v. 16, n. 3, p. 409-420, 1998. Disponível em: <http://ddd.uab.es/pub/ensenanzadelasciencias/02124521v16n3p409.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______. A. Cambiando la práctica docente em la enseñanza de las ciências a através de CTS. Sala de leitura CTS+I OEI, 2001. Disponível em: <http://www.oei.es/salactsi/acevedo2.htm>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______. Reflexiones sobre lãs finalidades de la enseñanza de lãs ciências: educación científica para la cidadanía. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de lãs Ciencias, v. 1, n. 1, p. 3-16, 2004. Disponível em: <http://venus.uca.es/eureka/revista/Volumen1/Numero_1_1/Educa_cient_ciuda dania.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______. Relevancia de los factores no-epistémicos em la percepición pública de los assuntos tecnocientíficos. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de lãs Ciencias, v. 3, n. 3, p. 369-390, 2006. Disponível em: <http://venus.uca.es/eureka/revista/Volumen3/Numero_3_3/Acevedo_2006.pd> Acesso em: 22 abr. 2012. ______. El estado actual de la naturaleza de la ciência em la didáctica de lãs ciências. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de lãs Ciencias, v. 5, n. 2, p. 133-169, 2008. Disponível em: <http://venus.uca.es/eureka/revista/Volumen5/Numero_5_2/Acevedo_2008.pd> Acesso em: 22 mar. 2012. ______. Conocimiento didático del contenido para la enseñanza de la naturaleza de la ciência (II): uma perspectiva. Revista Eureka sobre 216 Enseñanza y Divulgación de lãs Ciencias, v. 6, n. 2, p. 164-189, 2009a. Disponível em: <http://venus.uca.es/eureka/revista/Volumen6/Numero_6_2/Acevedo_2009b.pd f>. Acesso em: 22 mar. 2012. ______. Enfoques explícitos versus implícitos en la enseñanza de la naturaleza de la ciência. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciencias, v. 6, n. 3, p. 355-386, 2009b. Disponível em: <http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=92013010004>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______. Formación del profesorado de ciências y enseñanza de la naturaleza de la ciência. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciencias, v. 7, n. 3, p. 653-660, 2010. Disponível em: <http://rodin.uca.es/xmlui/bitstream/handle/10498/9817/Acevedo_2010.pdf?seq uence=1>. Acesso em: 22 mar. 2012. ______; MANASSERO, M. A.; VÁZQUEZ-ALONSO, A. Aplicación del cuestionário de opiniones cts com uma nueva metodologia em la evaluación de um curso de formación cts del profesorado. Tarbiya, n. 37, p. 31-66, 2006. Disponível em: <http://web.uam.es/servicios/apoyodocencia/ice/tarbiya/pdf/revistas/Tarbiya037. pdf>. Acesso em: 12 dez. 2013. ______; VÁZQUEZ-ALONSO, A.; MANASSERO-MAS, M. A. Papel de la educación CTS em uma alfabetización científica y tecnológica para todas las personas. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 2, n. 2, p. 80-111, 2003. Disponível em: <http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen2/REEC_2_2_1.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______. et al. Mitos da didática das ciências acerca dos motivos para incluir a natureza da ciência no ensino das ciências. Ciência & Educação, v. 11, n. 1, p. 1-15, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v11n1/01.pdf>. Acesso em: 22 abr. 2012. ______. et al. Consensos sobre la naturaleza de la ciência: fundamentos de uma investigación empírica. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de lãs Ciencias, v. 4, n. 1, p. 42-66, 2007a. Disponível em: <http://venus.uca.es/eureka/revista/Volumen4/Numero_4_1/Acevedo_2007.pd> Acesso em: 22 mar. 2012. ______. et al. Consensos sobre la naturaleza de la ciência: aspectos epistemológicos. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de lãs Ciencias, v. 4, n. 2, p. 202-225, 2007b. Disponível em: <http://venus.uca.es/eureka/revista/Volumen4/Numero_4_2/Acevedo_et_al_20 07.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2012. AIKENHEAD, G. STS education: a rose by any other name. In: CROSS, R. T. (Ed.). A vision for science education: responding to the work of Peter J. 217 Fensham. New Yourk, NY: Routledge Falmer, 2003. p. 59-75. Disponível em: <http://www.learningdomain.com/Rose.by.Name.STS.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______. Educación ciência-tecnología-sociedad (cts): uma buena Idea como quiera que se Le llame. Educación Química, v. 16, n. 2, p. 114-124, 2005. Disponível em: <http://garritz.com/andoni_garritz_ruiz/documentos/ciencia_sociedad/Aikenhea d%20'a%20rose%20by%20any%20other%20name'%20EQ%202005.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. ALVAREZ, F. M. Hacia uma visión social integral de la ciencia e la tecnología. Organização dos Estados Iberoamericanos, p. 1-26, 2001. Disponível em: <http://www.campus-oei.org/cts/vision.htm>. Acesso em: 16 dez. 2013. AMARAL, I. A. Conhecimento formal, experimentação e estudo ambiental. Revista Ciência & Ensino, v. 2, p. 10-15, 1997. Disponível em: <http://prc.ifsp.edu.br/ojs/index.php/cienciaeensino/article/viewFile/23/30>. Acesso em: 15 jan. 2011. ARIZA, M. R.; VÁZQUEZ-ALONSO, A. Investigando dragones: uma propuesta para construir uma visión adecuada de la naturaleza de la ciencia em educación secundaria. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciencias, v. 10, n. 1, p. 85-99, 2013. Disponível em: <http://reuredc.uca.es/index.php/tavira/article/view/311/pdf_114>. Acesso em: 13 jul. 2013. ASTOLFI, J. P.; DEVELAY, M. A didática das ciências. Campinas: Papirus, 1991. AULER, D. Interações entre ciência-tecnologia-sociedade no contexto da formação de professores de ciências. 2002. 258 f. Tese (Doutorado em Educação)-Universidade Federal de Santa Catarina, Santa Catarina, 2002. Disponível em: <http://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/82610>. Acesso em: 16 dez. 2013. ______; BAZZO, W. A. Reflexões para a implementação do movimento CTS no contexto educacional brasileiro. Ciência & Educação, v. 7, n. 1, p. 1-13, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n1/01.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. AYRES, M. et al. BioEstat5.3: aplicações nas areas das ciências bio-médicas, 2007. Disponível em: <http://www.mamiraua.org.br/ptbr/downloads/programas/bioestat-versao-53/>. Acesso em: 22 ago. 2014. BAZZO, W. A. Ciência, tecnologia e sociedade e o contexto da educação tecnológica. 2. ed. Santa Catarina: UFSC, 2010. 218 ______; VON LISINGEN, I.; PEREIRA, L. T. V. O que são e para que servem os estudos CTS, 2000. Disponível em: <www.nepet.ufsc.br/Documentos/310.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2013. BENNÀSSAR, A. R. et al. Introducción: educación científica y naturaleza de la ciencia. In: ______. et al. Ciencia, tecnología y sociedad en Iberoamérica: una evaluación de la comprensión de la naturaleza de ciencia y tecnología. Madrid: OEI, 2010. n. 05, p. 15-56. Disponível em: <http://www.oei.es/salactsi/DOCUMENTO5vf.pdf> Acesso em: 10 nov. 2012. BISPO-FILHO, D. O. Estudo do impacto de sequências didáticas com enfoque em ciência, tecnologia e sociedade (cts)/natureza da ciência e tecnologia (ndc&t) em estudantes da pedagogia. 2012. 235 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática)–Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2012. ______; SEPINI, R. P.; MACIEL, M. D. Contribuições do COCTS como uma referencial teórico metodológico nas investigações relacionadas com a temática cts. In: AMARAL, C. L.; MACIEL, M. D. Coleção pesquisa e práticas em educação: ciência e tecnologias. São Paulo: TERRACOTA, 2011. p. 147-160. BIZZO, N. M. V. História da ciência e ensino: onde terminam os paralelos possíveis? Em Aberto, v. 11, n. 55, p. 29-35, 1992. Disponível em: <http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/download/815/733>. Acesso em: 30 set. 2012. ______. Ciências: fácil ou difícil? São Paulo: Biruta, 2012. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Estabelece instituir um estado democrático. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 05 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 03 jan. 2014. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB nº 9.394, promulgada em 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 dez. 1996. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, 2000. ______. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas. Parecer nº CNE/CES 1.301, 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1301.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2013. CAAMAÑO, A. La elaboración y evaluación de modelos científicos escolares ES uma forma excelente de aprender sobre la naturaleza de la ciência. In: 219 PEDRINACI, E. et al. 11 ideias clave El desarollo de la competência científica. Barcelona: GRAÓ, 2012. p. 105-126. CAMPOS; M. C. C.; NIGRO, R. G. Didática de ciências: o ensinoaprendizagem como investigação. São Paulo: FTD, 1999. CARVALHO, L. M. A natureza da ciência e o ensino das ciências naturais: tendências e perspectivas na formação de professores. Pro-Posições, v. 12, n. 1, p. 139-150, 2001. Disponível em: <http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/textos/34-artigos-carvalholm.pdf.>. Acesso em: 18 dez. 2013. CHASSOT, A. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. Rio Grande do Sul: UNIJUÍ, 2003. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e Ssociais. São Paulo: Cortez, 1991. CHRISPINO, A. O enfoque CTS: ciência, tecnologia e sociedade e seus impactos no ensino. Revista Tecnologia & Cultural, v. 10, n. 13, p. 7-17, jul./dez. 2008. ______. O uso do enfoque CTS por professores do ensino médio da rede oficial do estado do Espírito Santo: primeiros resultados. In: SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO DE CIÊNCIA-TECNOLOGIA-SOCIEDADE NO ENSINO DAS CIÊNCIAS, 2., 2010, Brasília. Anais... Brasília: UnB, 2010. v. 1. p. 1-1. COLL, C. Psicologia e currículo: uma aproximação psicopedagógica à elaboração do currículo escolar. São Paulo: Ática, 1996. DAGNINO, R. As trajetórias dos estudos sobre ciência, tecnologia e sociedade e da política científica e tecnológica na Ibero-América. ALEXANDRIA-Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 1, n. 2, p. 3-36, 2008. Disponível em: <http://alexandria.ppgect.ufsc.br/files/2012/03/renato.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2013. DELIZOICOV, D. Problemas e problematizações. In: PIETRECOLA, M. (Org.). Ensino de física: conteúdo, metodologia e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: Ed. UFSC, 2001. DEMO, P. Educar pela pesquisa. São Paulo: Ed. Autores associados, 1996. EFLIN, J.T.; GLENNAN, S.; REISCH, R. The nature of science: a perspective from the philosophy of science. Journal of Research in Science Teaching, v. 36, p. 107-116, 1999. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/(SICI)10982736(199901)36:1%3C10 7::AID-TEA7%3E3.0.CO;2-3/pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. EISENKRAFT, A. Expanding the 5E model. The Science Teacher, v. 70, n. 6, p. 56-59, 2003. Disponível: em: 220 <http://emp.byui.edu/FIRESTONEL/bio405/readings/learning%20models/expan ding%205E.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. ERLAM, N. R. C.; OLIVEROS, E. E. M. Una unidad didáctica sobre la carga teórica de las observaciones, un tópico de la naturaleza de la ciência y la tecnologia (ndcyt) en profesores de ciencias em formacion de la universidad del tolima(ut)-colombia, en el marco del proyecto eancyt. In: VII SEMINÁRIOS IBÉRICO/ III SEMINARIO IBEROAMERICANO CTS EM LA ENSEÑANZA DE LAS CIENCIAS, 7., 2013, Madri/ Espanha. Anais... Madri: OEI, 2013. p. 1-17. FARIAS; C. R. O.; FREITAS, D. Educação ambiental e relações CTS: uma perspectiva integradora. Ciência & Ensino, v. 1, n. esp., nov. 2007. Disponível em: <http://www.unilasalle.edu.br/canoas/assets/upload/quimica/educacao_ambient al_e_relacoes_cts_uma_perspectiva_integradora.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2013. FERNÁNDEZ, I. et al. El olvido de la tecnología como refuerzo de las visiones deformadas de la ciencia. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 2, n. 3, 2003. Disponível em: <http://www.saum.uvigo.es/reec/.>. Acesso em: 18 dez. 2013. FOUREZ, G. A construção das ciências. Lisboa: Instituto Piaget, 2002. FURLAN, C. M. et al. Extração de DNA vegetal: o que estamos realmente ensinando em sala de aula? Química Nova na Escola, v. 33, n. 1, 2010. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc33_1/05-RSA6409.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2013. GALIAZZI, M. C. et al. Objetivos das atividades experimentais no ensino médio: a pesquisa coletiva como modo de formação de professores de ciências. Revista Ciência & Educação, Bauru, v. 7, n. 2, p. 249-263, 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n2/08.pdf>. Acesso em: 10 out. 2011. GÁRCIA-CARMONA, A.; VÁZQUEZ-ALONSO, A.; MANASSERO-MAS, M. A. Comprensión de los estudiantes sobre naturaleza de la ciência: análisis del estado actual de la cuestión y perspectivas. Enseñanza de las Ciencias, v. 30, n. 1, p. 23-34, 2012. Disponível em: <http://www.researchgate.net/publication/231182679_Students'_understanding _about_nature_of_science_analysis_of_current_situations_and_perspectives/fil e/9fcfd507fd49ae0c9a.pdf.>. Acesso em: 19 dez. 2013. GERALDO, A. C. H. Didática de ciências naturais na perspectiva históricocrítica. Campinas: Autores associados, 2009. GIL PÉREZ, D.; VILCHES, A. Importância da educação científica na sociedade atual. In: CACHAPUZ, A. et al. A necessária renovação do ensino de ciências. 3. ed. Perdizes-SP: Cortez, 2011. p. 17-34. 221 GIORDAN, A.; VECCHI, G. D. As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. GIORDAN, M.; GUIMARÃES, Y. A. F.; MASSI, L. Uma análise das abordagens investigativas de trabalhos sobre sequências didáticas: tendências no ensino de ciências. In: ENPEC, 8., 2011, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2011, p. 1-13. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0875-3.pdf.>. Acesso em: 23 dez. 2013. GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. 3. ed. Rio de Janeiro: Record,1999. GOULART, S. F.; FREITAS, D. S. Unidades didáticas interdisciplinares: possibilidades e desafios. In: ENPEC, 5., 2005, Bauru. Anais... Bauru: local, 2009, p. 1-11. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/venpec/conteudo/artigos/1/pdf/p414.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2013. GUIMARÃES, Y. A.; GIORDAN, M. Instrumento para construção e validação de sequências didáticas em um curso a distância de formação continuada de professores. In: ENPEC, 8., 2011, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2011. p. 1-13. Disponível em: <http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R0875-2.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidade de ParaguaçuMG. 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=314720>. Acesso em: 03 set. 2010. JENKINS, E. W. The “nature of science” as a curriculum component. Journal of Curriculum Studies, v. 28, n. 2, p. 137-150, 1996. Disponível em: <http://www.edu.uwo.ca/jcs/catalogue.html>. Acesso em: 15 abr. 2011. JULIO, A. B. As atitudes de alunos do ensino médio em relação a ciências, tecnologia, sociedade e ambiente (CTSA) no contexto da produção da cana de açúcar e etanol. 2010. 128 f. Dissertação (Mestrado em Educação)Universidade Metodista de Piracicaba, Piracicaba, 2010. Disponível em: <https://www.unimep.br/phpg/bibdig/aluno/down.php?cod=614>. Acesso em: 15 abr. 2013. KHUN, T, S. A estrutura das revoluções científicas. 9. ed. São Paulo: Perspectiva, 2007. LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999. LEDERMAN, N. G. Students’ and teachers’ conceptions of the nature of science: a review of the research. Journal of Research in Science Teaching, 222 v. 29, n. 4, p. 331-359, 1992. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/tea.3660290404.html>. Acesso em: 15 abr. 2011. ______. Syntac of nature of science within inquiry and science instruction. In: FLICK, L. B.; LEDERMAN, N. G. (Ed.). Scientific inquiry and nature of science. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2006. p. 831-879. Disponível em: <books.google.com.br/books?isbn=1402058144>. Acesso em: 19 dez. 2013. ______. Nature of science: past, present, and future. Chapter 28, p. 831-880, 2007. Disponível em: <http://www.csssscience.org/downloads/NOS_Lederman_2006.pdf.>. Acesso em: 19 dez. 2013. LEWONTIN, R. C. Biologia como ideologia: a doutrina do DNA. Ribeirão Preto: FUNPEP, 2001. LÓPES-CEREZO, J. A. L. Ciência, tecnología y sociedad: el estado de la cuestión en Europa y Estados Unidos. Revista Iberoamericana de Educación, n. 18, p. 41-68, set./dez. 1998. Disponível em: <http://www.rieoei.org/oeivirt/rie18a02.htm>. Acesso em: 18 dez. 2013. MACHADO, A. R.; CRISTOVÃO, V. L. L. A construção de modelos didáticos de gêneros: aportes e questionamentos para o ensino de gêneros. Linguagem em (Dis)curso,Tubarão, v.6, n.3, p. 547–573, set./dez. 2006. Disponível em: <http://www.portaldeperiodicos.unisul.br/index.php/Linguagem_Discurso/article/ view/349>. Acesso em: 19 dez. 2013. MACIEL, D. M; BISPO-FILHO, D. O.; GUAZZELLI, I. R. B. Relatório de pesquisa. Proyecto Iberoamericano de Evaluación de Actitudes Relacionadas con la Ciencia, la Tecnología y la Sociedad (PIEARCTS), Brasil, 2010. MACIEL, M. D. et al. Lês representations sociales dês professerus d lénseignement moyen par rappout au su sida, à la drogue, à la violence et à la prévention. In: CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE REPRESENTACIONES SOCIALES, 7., 2004, Gualadajara. Anais... Guadalajara, 2004. ______; BISPO-FILHO, D. O.; SCHIMIGUEL, J. Atitudes CTS reveladas por estudantes de pós-graduação em ensino de ciências e matemática. In: AMARAL, C. L. C.; CURI, E. (Org.). Pesquisas e práticas de ensino em química e biologia. São Paulo: Terracota, 2009. p. 43-58. MANASSERO-MAS, M. A. El proyecto Iberoamericano de evaluación de actitudes relacionadas com la ciência, la tecnologia y la sociedad (PIEARCTS): um estudio de investigación cooperativa. In: MACIEL, D. M.; AMARAL, C. L. C.; GUAZZELLI, I. R. B. (Ed.), Ciência, tecnologia & sociedade: pesquisa e ensino. São Paulo: Terracota, 2010. p. 13-42. 223 ______; VÁZQUEZ-ALONSO, A. Opinions sobre ciència, tecnologia i societat. Palma de Mallorca: Govern Balear, Conselleria d'Educació, Cultura i Esports, 1998. ______; ______; ACEVEDO-DÍAZ, J. A. Cuestionario de opiniones sobre ciencia, tecnología y sociedad (COCTS). Princenton, NJ: Educational Testing Service, 2003. Disponível em:<http://www.ets.org/testcoll/>. Acesso em: 10 nov. 2010. ______; ______; ______. Evalución de las atitudes del profesorado respecto a los temas CTS: nuevo avances metodológicos. Investigación Didáctica, v. 22, n. 2, p. 299-312, 2004. Disponível em: <http://www.researchgate.net/publication/39077829_Evaluacin_de_las_actitude s_del_profesorado_respecto_a_los_temas_CTS_nuevos_avances_metodolgic os/file/d912f508ae5d681478.pdf.>. Acesso em: 30 mar. 2011. MARTINS; I. P.; PAIXÃO, M. F. Perspectivas atuais ciência-tecnologiasociedade no ensino e na investigação em educação em ciência. In: SANTOS, W. L. P.; AULER, D. CTS e educação científica: desafios e tendências e resultados de pesquisa. Brasília: UNB, 2011. p. 135-160. MEKSENAS, Paulo. Aspectos metodológicos da pesquisa empírica: a contribuição de Paulo Freire. Revista Espaço Acadêmico, n. 78, v. 7, nov. 2007. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/078/78meksenas.htm>. Acesso em: 22 set. 2009. MILLAR, R. Twenty first century science: insights from the design and implementation of a scientific literacy approach in school science. International Journal of Science Education, v. 28, n. 13, p. 1499-1521, 2006. Disponível em: <http://eprints.whiterose.ac.uk/6452/>. Acesso em: 19 dez. 2013. ______; OSBORNE, J. F. Beyond 2000: science education for the future. London: King's College London, 1998. Disponível em: <http://www.nuffieldfoundation.org/sites/default/files/Beyond%202000.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. MINAYO, M. C. S. et al. Métodos, técnicas e relações em triangulação. In: ______; ASSIS, S. G.; SOUZA, E. R. Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2010. p. 71-104. MORAN, J. M. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. Informática na Educação: Teoria e Prática, Porto Alegre, v. 3, n. 1, p. 137144, 2003. Disponível em: <http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espacovirtual/espacoeducomtec/artigos/ensino%20e%20aprendizagem%20inovadores%20com%20t ecnologias.pdf>. Acesso em: 20 out. 2014. 224 MOURA, A. C. O. S. Sensibilização: diferentes olhares na busca dos significados. 2004. 101 f. Dissertação (Mestrado em Educação Ambiental)– Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande – RS, 2004. NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa – características, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisas em Administração, v. 1, n. 2, p. 1-5, jul./dez. 1996. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-art06.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2013. NÓVOA, A. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992. NRC - National Science Education Standards. Washington DC: National Academy Press, 1996. Disponível em: <http://www.csun.edu/science/ref/curriculum/reforms/nses/nses-complete.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. OCDE. PISA – Science competencies for tomorrow’s world. Paris: OECD, 2006. Disponível em: <http://www.oecd.org/document/2/0,3343,fr_32252351_32236191_39718850_1 _1_1_1,00.html.>. Acesso em: 19 dez. 2013. OLIVEIRA, P. S. Introdução à sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 2001. OKI, M. C. M.; MORADILLO, E. F. O ensino de história da química: contribuindo para a compreensão da natureza da ciência. Ciência & Educação, v. 14, n. 1, p. 67-88, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v14n1/05.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. PAGLIARINI, C. R. Uma análise da história e filosofia da ciência presente em livros didáticos de física para o ensino médio. 2007. 115 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física)–Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007. PDI. Plano de Desenvolvimento Institucional 2009-2013. Universidade Cruzeiro do Sul, 2013. PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Tradução de Patrícia C. R. Porto Alegre: Artmed, 2000. PPC. Projeto Pedagógico de Curso. Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade Cruzeiro do Sul, 2008. PORRO, S.; ARANGO, C. B.; ALMIRÓN, M. E. La ciência de la vida cotidiana. In: SEMINÁRIO IBÉRICO/III SEMINÁRIO IBEROAMERICANO CTS EM LA ENSEÑANZA DE LAS CIENCIAS, 7., 2012, Madrid. Anais... Madrid: OEI, 2012. p. 1-9. POZO, J. I.; GÓMEZ-CRESPO, M. A. A aprendizagem e o ensino de ciências. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 225 PRAIA; J.; GIL-PÉREZ, D.; VILCHES, A. O papel da natureza da ciência na educação para a cidadania. Ciência e Educação, v. 13, n. 2, p. 141-156, 2007. Disponível em: <http://www2.fc.unesp.br/cienciaeeducacao/viewarticle.php?id=395>. Acesso em: 18 dez. 2013. PREMEBIDA, A.; NEVES, F. M.; ALMEIDA, J. Estudos sociais em ciência e tecnologia e suas distintas abordagens. Revista Sociologias, v. 13, n. 26, p. 22-42, 2011. PUJOL, R. M. Didáctica de las ciências em la educación primaria. Madrid: SINTESIS, 2007. RUDOLPH, J. L. Reconsidering the “nature of science” as a curriculum component. Journal of Curriculum Studies, v. 32, n. 3, p. 403-419, 2000. Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/002202700182628>. Acesso em: 15 abr. 2011. SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. Porto: Afrontamento, 1995. SANTOS, M. E. V. M. Desafios pedagógicos para o século XXI: suas raízes em forças de mudança de natureza científica, tecnológica e social. Lisboa: Horizonte, 1999. ______. A cidadania na “voz” dos manuais escolares: o que temos? O que queremos?. Lisboa: Horizonte, 2001. SANTOS, W. L. P. Contextualização no ensino de ciências por meio de temas cts em uma perspectiva crítica. Ciências & Educação, v. 1, n. esp., nov. 2007. Disponível em: <http://prc.ifsp.edu.br/ojs/index.php/cienciaeensino/article/viewFile/149/120>. Acesso em: 20 mar. 2011. ______. et al. O enfoque CTS e a educação ambiental. In: ______; MALDANER, O. A. (Org.). Ensino de química em foco. Ijuí: Unijuí, 2010. p. 131-157. ______. Significado da educação científica com enfoque CTS. In: ______; AULER, D. CTS e educação científica: desafios, tendências e resultado de pesquisa. Brasília: UNB, 2011. p. 21-48. ______; MORTIMER, E. F. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. ENSAIO- Pesquisa em Educação em Ciências, v. 2, n. 2, p. 1-23, dez. 2002. Disponível em: <http://ufpa.br/ensinofts/artigos2/wildsoneduardo.pdf>. Acesso em: 18 dez 2013. SANTOS; W. L. S.; SCHNETZLER, R. P. Educação em química: compromisso com a cidadania. 4. ed. Ijuí-RS: UNIJUÍ, 2010. 226 SCHROEDER, E.; FERRARI, N. E. M.; SYLVIA R. P. A construção dos conceitos científicos em aulas de ciências: contribuições da teoria históricocultural do desenvolvimento. In: ENPEC, 7., 2009, Florianópolis. Anais... Florianópolis, 2009. p. 1-15. Disponível em: <http://posgrad.fae.ufmg.br/posgrad/viienpec/pdfs/798.pdf>. Acesso em: 19 dez. 2013. SEDAÑO, L.; OLIVEIRA, C. M. A. de; SASSERON, L. H. Análise de sequências didáticas de ciências: enfocando o desenvolvimento dos argumentos orais, da escrita e da leitura de conceitos físicos entre alunos do ensino fundamental. In: ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA, 12., 2010, Águas de Lindóia. Anais... Águas de Lindóia, 2010. SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. SOUZA, Ó. C. Aprender e ensinar: significados e mediações. In: TEODORO, A.; VASCONCELOS, M. L. Ensinar e aprender no ensino superior: por uma epistemologia da curiosidade na formação universitária. 2. ed. São Paulo: Makenzie, 2003. SOUZA CRUZ, S. M.; ZYLBERSZTAJAN, A. O enfoque ciência, tecnologia e sociedade e a aprendizagem centrada em eventos. In: PIETRCOLA, M. (Org.). Ensino de física: conteúdo e epistemologia numa concepção integradora. Florianópolis: UFSC, 2001. p. 171-196. STRIEDER, R. B. Abordagens CTS na educação científica no Brasil: sentidos e perspectivas. 2012. 283 f. Tese (Doutorado em Ensino de Física) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012. TEIXEIRA, S. R. Competências profissionais do professor de ciências construídas no processo de formação e nas situações de trabalho. 2007. 169 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2007. TRIVELATO, S. L. F. Ciência/tecnologia/sociedade: mudanças curriculares e formação de professores. 1993. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1993. VACCAREZZA, L. S. Ciencia, tecnología y sociedad: el estado de la cuestión em América Latina. Revista Iberoamericana de Educación, n. 18, set./dez. 1998. Disponível em: <http://www.rieoei.org/oeivirt/rie18a01.htm>. Acesso em: 18 dez. 2013. VÁZQUEZ-ALONSO, A. Importância da alfabetização científica e do conhecimento acerca da natureza da ciência e da tecnologia para a formação de um cidadão. In: MACIEL, D. M.; AMARAL, C. L. C.; GUAZZELLI, I. R. B. (Ed.). Ciência, tecnologia & sociedade: pesquisa e ensino. São Paulo: Terracota, 2010. p. 43-70. 227 ______. et al. Cuatro paradigmas básicos sobre la naturaleza de la ciencia. Argumentos de Razón Técnica, v. 4, p. 135-176, 2001. Disponível em: <http://institucional.us.es/revistas/argumentos/4/art_5.pdf>. Acesso em: 20 mar. 2011. ______. et al. Consensos sobre la naturaleza de la ciencia para la enseñanza de las ciencias. In: CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE INVESTIGACIÓN EN LA DIDÁCTIVA DE LAS CIENCIAS: EDUCACIÓN CIENTÍFICA PARA LA CIUDADANÍA, 7., 2005, Granada. Anais eletrônicos… Granada, 7-10 set. 2005. Disponível em: <http://blues.uab.es/rev-ens-ciencias/.>. Acesso em: 19 dez. 2013. ______; MANASSERO-MAS, M. A. La relevancia de la educación científica. Palma de Mallorca: UIB, 2007. ______; MANASSERO-MAS, M. A. Enseñanza y aprendizaje sobre la naturaleza de la ciencia y tecnología (eancyt): una investigación experimental y longitudinal. 2011. Disponível em: <https://eancyt.libreduca.com/?lang=en>. Acesso em: 28 jan. 2012. ______; MANASSERO-MAS, M. A. Os cientistas constroem explicações: o caso de onde surgem os seres vivos. (Projeto) Enseñanza y aprendizaje sobre la naturaleza de la ciencia y tecnología (EANCYT): una investigación experimental y longitudinal, 2011. Disponível em: <https://www.eancyt.mawidabp.com/.>. Acesso em: 10 mar. 2011. ______; ______. La selección de contenidos para enseñar naturaleza de la ciência y tecnologia (parte1): uma revisión de las apotaciones de la investigación didáctica. Revista Eureka sobre Enseñanza de las Ciencias, v. 9, n. 1, p. 2-31, 2012. Disponível em: <http://reuredc.uca.es/index.php/tavira/article/viewFile/137/pdf_82>. Acesso em: 19 dez. 2013. ______; ______. La comprensión de un aspecto de la naturaleza de ciencia y tecnología: Una experiencia innovadora para profesores en formación inicial. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciencias, v. 10, n. extra, p. 630-648, 2013. Disponível em: <http://reuredc.uca.es/index.php/tavira/article/view/407>. Acesso em: 27 maio 2014. ______; ______; ACEVEDO-DIAZ, J. A. An analysis of complex multiple-choice science-technology-society items: methodological development and preliminary results. Science Education, v. 90, n. 4, p. 681-706, 2006. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/sce.20134/pdf>. Acesso em: 12 dez. 2013. ______. et al. Consensos sobre la naturaleza de la ciencia: la ciencia y la tecnología en la sociedad. Revista Educación Química em Línea, v. 18, n. 1, p. 38-55, 2007. Disponível em: <http://www.educacionquimica.info/busqueda.php>. Acesso em: 10 jun. 2011. 228 ______. et al. Proyecto de investigación iberoamericano en evaluación de actitudes relacionadas con la ciencia, la tecnología y la sociedad (PIEARCTS). In: MEMORIA DEL I CONGRESO IBEROAMERICANO DE CIENCIA, TECNOLOGÍA, SOCIEDAD E INNOVACIÓN CTS+I, 2008. México. Anais eletrônicos... México D.F. 19-23 jun. 2008. Disponível em: <http://www.oei.es/memoriasctsi/simposio/simposio09.pdf.>. Acesso em: 18 dez. 2013. ______; MANASSERO-MAS, M. A.; MONTESANO, M. Una secuencia de enseñanza-aprendizaje sobre un tema socio-científico: análisis y evaluación de su aplicación en el aula. Revista Educación Química em Línea, v. 25, n. 1, p. 190-202, 2014. Disponível em: <http://www.educacionquimica.info/include/downloadfile.php?pdf=pdf1497.pdf& download=1.>. Acesso em: 27 maio 2014. VELHO, L. Conceitos de ciências e a política científica, tecnológica e de inovação. Revista Sociologias, v. 13, n. 26, p. 128-154, 2011. VERASZTO, E. V. et al. Influência da sociedade no desenvolvimento tecnológico: um estudo das concepções de graduandos brasileiros do Estado de São Paulo. Revista CTS, v. 6, n. 17, p. 179-211, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.org.ar/pdf/cts/v6n17/v6n17a09.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2013. VON LINSINGEN, I. Perspectiva educacional CTS: aspectos de um campo em consolidação na América Latina. Ciência & Ensino, v. 1, n. esp., nov. 2007. Disponível em: <http://prc.ifsp.edu.br/ojs/index.php/cienciaeensino/article/download/150/108.>. Acesso em: 18 dez. 2013. ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 229 ANEXOS Anexo A – Questionário sociodemografico para identificação dos estudantes Anexo B – Questões do questionário COCTS utilizadas e folha do gabarito Anexo C – Material para respostas sobre a Sequência Didática 231 ANEXO A – Questionário sociodemografico para identificação dos estudantes APRESENTAÇÃO Este questionário anônimo pretende conhecer as suas opiniões sobre algumas questões importantes sobre a ciência e a tecnologia no mundo atual. Todas as questões têm a mesma estrutura: um texto inicial que coloca um problema ao qual se segue uma lista de frases que representam diferentes alternativas de possíveis respostas a esse problema e que estão ordenadas e identificadas sucessivamente com uma letra (A, B, C, D etc.). Pede-se que atribua um valor relativo ao seu grau de concordância pessoal com cada uma dessas frases escrevendo no quadrado à esquerda da frase o número que representa a sua opinião, expresso numa escala de 1 a 9 com os seguintes significados: DESACORDO INDECISO ACORDO OUTRO Total Alto Médio Baixo Indeciso Baixo Médio Alto Total Não a entendo Não sei 1 2 3 4 5 6 7 8 9 NE NS Nos casos em que não possa manifestar a sua opinião relativamente a alguma frase, escreva uma razão: NE (Não entendo a frase) ou NS (Não sei o suficiente para avaliar). Exemplo de pergunta com respostas (Os números situados na coluna da esquerda representam as respostas que deve escrever; os valores neste exemplo são fictícios e não devem ser tomados como referência para mais nada). 10412 - A ciência influencia a tecnologia? 1 A. A ciência não tem muita influência na tecnologia. 6 B. Tecnologia é ciência aplicada. 8 C. O avanço na ciência conduz a novas tecnologias. 9 D. A ciência torna-se mais valiosa quando usada na tecnologia. 7 E. A ciência é o conhecimento básico para a tecnologia. 8 F. Os conhecimentos da investigação científica aplicada são mais usados na tecnologia que os conhecimentos da investigação científica pura. 2 G. A tecnologia é a aplicação da ciência para melhorar a vida. DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS (marque com um X nas respostas seguintes). Em que país você vive? Argentina1ı Brasil2 ı Colombia3ı Espanha4ı México5ı Portugal6ı Uruguai7ı Outro8ı Qual a sua idade? ____ anos (escreva a idade). Qual o Sexo? Masculino1ı Feminino2ı É estudante? Sim, Ensino Médio (3ºANO)1ı Sim, iniciando a Universidade (1º ANO)2ı Sim, concluindo a Universidade (ULTIMO ANO) 3ı Não4ı Sim, pós-graduando 5ı É professor/a…? em formação1ı em exercício2ı Não sou professor/a 3ı Se é professor/a, em formação ou em exercício, em que nível? Fundamental (1º 2º CEB)1ı Médio Regular2ı Médio de formação profissional3ı Tecnológico superior4ı Superior Pleno (licenciatura/bacharelado)5ı Outro6ı (escreva)___________ Qual é o seu grau acadêmico mais elevado? Doutor1ı Mestre2ı Licenciado3ı Bacharel4ı Tecnológico superior5ı Outra6ı(escreva) Como definiria a especialidade principal da… (música, teatro, pintura, escultura, desenho, etc.) (literatura, línguas, história, arte, filosofia, lógica, etc.) …sua formação? 1ı 2ı …sua ocupação? 1ı 2ı (direito, economia, política, sociologia, geografia, psicologia, educação) (também arquitetura, matemáticas, informática, etc.) 3ı 3ı 4ı 4ı (física, química, biologia, geologia, ambientais, do mar, medicina, etc.) Uma mistura das anteriores (incluindo ciências) 5ı 5ı 6ı 6ı Nenhuma das anteriores ou outras 7ı 7ı Os dados abaixo só devem ser preenchidos para pesquisas efetuadas no Brasil. Estado1 Cidade: 2 Bairro: 3 EF: Série: EM6ı Série: ES 7ı 232 ANEXO B – Questões do questionário COCTS utilizadas e folha do gabarito Questionário 10.113 - O processo da ciência é melhor descrito como...: A. Tudo o que fazemos para entender o mundo ao nosso redor. B. O método científico. C. Descobrir a ordem que existe na natureza. D. O uso da tecnologia para desvendar os segredos da natureza. E. A aplicação de métodos qualitativos e quantitativos para entender o universo. F. Observar e propor explicações sobre relacionamento no universo, e verificar a validade das explicações. 60.211 - O melhor cientista é sempre aquele que possui a mente aberta, imparcial e é objetivo em seu trabalho. Essas características pessoais são necessárias para fazer uma ciência melhor. A. Os melhores cientistas têm essas características, já que de outra forma prejudicaria a ciência. B. Os melhores cientistas têm essas características, porque quanto mais dessas características possuírem, melhor a ciência é feita. C. Esses aspectos não são suficientes. Os melhores precisam de outras características pessoais, tais imaginação e honestidade. cientistas também como inteligência, Os melhores cientistas não têm necessariamente essas características: D. Porque às vezes ficam presos e tão profundamente interessados ou preparados em seu campo, que podem ficar fechados, tendenciosos, subjetivos e nem sempre lógicos em seu trabalho. E. Porque depende do caráter de cada cientista. Alguns são abertos, objetivos, etc em seu trabalho, enquanto outros podem ser fechados, subjetivos e assim por diante. 233 F. Os melhores cientistas não têm estas características pessoais, em maior medida do que qualquer outro meio científico. Esses aspectos não são necessários para fazer uma ciência melhor. 60.221 - Certas características pessoais podem ser importantes na ciência (por exemplo, ter a mente aberta, lógica, objetiva, imparcial). Os cientistas têm essas características, não somente em seu trabalho, mas também em sua vida familiar. A. Os cientistas têm essas características no trabalho e em sua casa. As características pessoais dos cientistas em seu trabalho (por hábito ou treinamento) são prolongadas em suas vidas diárias. B. Os cientistas têm essas características em seu trabalho (que são necessários para fazer ciência), mas não em casa. Essas características pessoais muitas vezes se prolongam em sua vida diária, mas não necessariamente em todos os casos. Depende de cada pessoa. C. Os cientistas têm essas características em seu trabalho (que são necessárias para fazer ciência), mas não necessariamente em casa. Cientistas são seres humanos, são como a maioria das pessoas na vida cotidiana. D. Não se pode assumir que os cientistas têm estas características no trabalho ou em casa mais do que outras pessoas. E. Os cientistas não têm estas características no trabalho ou em casa mais do que outras pessoas. Como eles são tão profundamente presos, interessados e educados em seus domínios específicos, podem ter a mentalidade estreita, não sendo lógicos, parciais e subjetivos. F. Cientistas podem ter uma mentalidade menos aberta, porque o seu sucesso no trabalho depende de ter uma atitude lógica, simples ou estreita. 70.221 - Quando se propõe uma nova teoria científica, os cientistas devem decidir se a aceitam, ou não. Sua decisão é baseada objetivamente sobre os fatos que defendem a teoria, não sendo influenciados por sentimentos subjetivos ou motivações. A. As decisões dos cientistas baseiam-se exclusivamente sobre os fatos, caso contrário as teorias não podem ser adequadamente suportadas, podendo ser imprecisas, inúteis ou até prejudiciais. B. As decisões dos cientistas não são baseadas apenas nos fatos, elas são baseadas na teoria. Se a teoria foi aprovada com sucesso, comparando sua 234 estrutura lógica com outras teorias, com simplicidade a teoria explica todos os fatos. C. Depende do caráter de cada cientista. Alguns cientistas são influenciados pelos seus sentimentos pessoais, enquanto outros cumprem o seu dever de tomar as suas decisões com base apenas em fatos. D. Porque os cientistas são humanos, suas decisões serão influenciadas, em alguma medida, por seus próprios sentimentos internos, por sua opinião sobre a teoria ou benefícios pessoais, tais como a reputação, segurança do trabalho, ou dinheiro. E. As decisões são baseadas menos em fatos científicos e muito mais sobre seus próprios sentimentos e sua opinião pessoal sobre a teoria, ou benefícios pessoais, tais como fama, segurança no emprego ou dinheiro. 70.611 – Com o mesmo conhecimento básico, dois cientistas podem desenvolver a mesma teoria independentemente um do outro. A natureza científica não afeta o conteúdo de uma teoria. A. Porque o conteúdo é baseado em fatos e no método científico, os quais não são influenciados por questões pessoais. B. Porque o conteúdo é baseado em fatos e estes não são influenciados por questões pessoais. No entanto, o modo como o cientista faz um experimento será influenciado pelo seu caráter. C. Porque o conteúdo é baseado em fatos. No entanto, o modo como o cientista interpreta os fatos serão influenciados por seu caráter. O caráter do cientista influenciará no conteúdo de uma teoria: D. Porque diferentes cientistas realizam pesquisas de forma diferente (por exemplo, irá revelar-se mais profundamente ou levantar questões ligeiramente diferentes). Portanto, obtém resultados diferentes. Em seguida, esses resultados vão influenciar o conteúdo de uma teoria. E. Porque diferentes cientistas pensaram de maneiras diferentes e têm idéias ou opiniões um pouco diferentes. F. Porque o conteúdo de uma teoria pode ser influenciado por aquilo que um cientista quer acreditar, os preconceitos também desempenham um papel. 70.621 - Alguns cientistas brilhantes como Einstein tem uma maneira única e pessoal de ver as coisas. Estes pontos de vista criativos 235 determinam como outros cientistas interpretam as coisas no mesmo campo. Os cientistas brilhantes têm grande influência sobre outros cientistas: A. Porque os cientistas, como seres humanos, tomam as opiniões pessoais e peculiares dos cientistas que admiram. B. Porque os cientistas brilhantes têm opiniões radicalmente diferentes sobre um assunto, e esses pensamentos criativos também fazem os outros olharem as coisas de forma diferente. C. Cientistas influenciam outros cientistas brilhantes, mas somente se houver uma boa evidência ou raciocínio para apoiar as suas opiniões. D. Os cientistas brilhantes podem ter alguma influência se outros cientistas excepcionais decidirem aceitar as opiniões de cientistas brilhantes em seu próprio ponto de vista. E. Os cientistas brilhantes não influenciam outros cientistas. Cada cientista tem seu modo particular de ver as coisas. Isto leva a novas ideias na ciência. 90621 - Os melhores cientistas são aqueles que seguem os passos do método científico. A. O método científico assegura resultados válidos, claros, lógicos e exatos. Portanto, a maioria dos cientistas segue os passos do método científico. B. O método científico, como ensinado na sala de aula, deve funcionar bem para a maioria dos cientistas. C. O método científico é útil em muitos casos, mas não garante resultados. Portanto, os melhores cientistas também precisam de originalidade e criatividade. D. Os melhores cientistas são aqueles que usam qualquer método para obter resultados favoráveis (incluindo imaginação e criatividade). E. Muitas descobertas científicas foram feitas por acaso, não seguindo o método científico. 236 Gabarito COCTS Cidade:___________________________________ Estado:_______________ Escola/Universidade: ______________________________________________ Estava presente no dia da intervenção: Sim ( ) Não ( ) Série/Semestre: __________ Data: ____/______/______ Questões A B C D E F 10.113 60.211 60.221 70.221 70.611 70.621 90.621 LEMBRETE: Observação: nas respostas das questões referente ao gabarito acima, não se deve marcar com um “X” a resposta correta, mas sim, atribuir um valor numeral, conforme descrito abaixo: DESACORDO INDECISO Total Alto Médio Baixo 1 2 3 4 ACORDO Indeciso Baixo Médio 5 6 7 Alto 8 OUTRO Total Não a entendo 9 NE Não sei NS 237 Anexo C – Material para respostas sobre a Sequência Didática De onde surgem os seres vivos? 702 decisões científicas Atividades: Leia a história na primeira página, que trata de como funciona a ciência. Em seguida responda às perguntas da Atividade 1 na próxima página. Não há necessidade de lembrar cada detalhe da história para respondê-las. Nem todos concordam sobre qual é a resposta correta para algumas destas questões e as atividades seguintes. O objetivo é formar uma opinião fundamentada com base em como funciona a ciência. 238 Leitura 1: De onde surgem os seres vivos? 1. Séculos atrás, as pessoas pensavam que o grão poderia produzir camundongos 2. e ratos. Essa ideia, muitas vezes chamada de "geração espontânea", tem 3. bom senso suficiente e, é compreensível. As pessoas viram que os ratos 4. apareciam de repente no celeiro onde os grãos eram 5. armazenados por um tempo. Da mesma forma, elas perceberam que 6. a carne que era deixada por vários dias, ficava cheia de vermes e eles 7. pensavam, que a carne produzia os vermes. Esta ideia coincide com a imagem 8. religiosa, que o homem é feito de terra, e com os escritos de 9. Aristóteles, que disse que todos os animais são formados a partir de 10. quatro elementos: fogo, água, ar e terra. Quase todos os cientistas 11. acreditavam nesta explicação. 12. Em 1668, o cientista italiano Francesco Redi suspeitou que os vermes 13. eram produzidos por minúsculos e invisíveis ovos colocados por moscas 14. na carne. Outros insetos, como de borboletas, colocam ovos que se 15. convertem em larvas antes se tornarem adultos. Redi testando 16. sua ideia colocou pedaços de carne em uma série de garrafas. Fechou 17. bem alguns dos frascos e em outro colocou uma gaze 18. para fecha-lo. Depois de esperar 19. alguns dias, Redi concluiu que os vermes só apareciam nas garrafas 20. abertas. Ele também viu como os vermes finalmente converteram-se 21. em moscas. 22. Redi concluiu que o material inerte não produzia os 23. organismos vivos. Para testar melhor sua experiência, ele colocou moscas e 24. vermes mortos dentro dos frascos fechados com carne. Não apareceu 25. vermes vivos nos recipientes fechados 26. com moscas mortas. Redi estava satisfeito, mas muitos outros 27. discordavam dele. Nos próximos dois séculos, continuou 28. o debate sobre a geração espontânea. No entanto, as 29. observações acumulavam-se mais e mais contra ela, e pouco a pouco 30. as pessoas pararam de acreditar na geração espontânea. 239 Atividade 1 O quadro abaixo apresenta frases transcritas da leitura anterior. Reflita sobre o conteúdo e o significado de cada um deles, para decidir se são um dado ou uma explicação. Para cada enunciado, marque um (X) no lugar que você considera adequado, como um dado ou uma explicação: Estes anunciados são… A "Todos os animais são formados a partir dos quatro elementos: fogo, água, ar e terra". B "Os vermes só aparecem em garrafas abertas." C D E "Os vermes, eventualmente, se transformaram em moscas." "Os materiais sem vida não produzem organismos vivos." "Não aparece vermes vivos em recipientes que têm moscas e vermes mortos." … um dado … uma explicação 240 ATIVIDADE 2 De onde surgem os serem vivos? 702 Decisões Científicas Marque a posição escolhida: A Argumentos para a posição escolhida Argumentos contra as posições não escolhidas B C Exemplos 241 ATIVIDADE 3 De onde surgem os serem vivos? 702 Decisões Científicas Marque a posição escolhida: A Argumentos para a posição escolhida Argumentos contra as posições não escolhidas B C Exemplos 242 ATIVIDADE 4 De onde surgem os serem vivos? 702 Decisões Científicas Marque a posição escolhida: A Argumentos para a posição escolhida Argumentos contra as posições não escolhidas B C Exemplos 243 ATIVIDADE DE AMPLIAÇÃO Sobre as ideias expostas nessa atividade, descreva sobre um caso científico (resumido), no qual você conhece. 244 APÊNDICES Apêndice A – Argumentações apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio referente a atividades 2 da Sequência Didática. Apêndice B – Argumentações apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio referente a atividades 3 da Sequência Didática. Apêndice C – Argumentações apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio referente a atividades 4 da Sequência Didática. Apêndice D – Caso científico apresentado pelos estudantes de Graduação. Apêndice E – Caso científico apresentado pelos estudantes do Ensino Médio. 245 Apêndice A - Argumentações apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio referente a atividades 2 da Sequência Didática. Estudante Graduação/ Frase do grupo escolhida Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas G1/ C Há a necessidade da comprovação cientifica para a validação do experimento. G2/ C Todo cientista tem suas próprias crenças, então ele já faz experiências para ter relação com aquilo que ele acredita, mesmo que o resultado seja diferente ele vai tentar aproximar o máximo possível. Questões pessoais interferem no resultado final do experimento. O fator mente aberta e/ou fechada do cientista irá conduzir o caminho a seguir na sua metodologia. Se todos tivessem mentes abertas não teriam questionamentos de experiências e todos aceitariam as mesmas coisas. G3/ C Baseado na experiência é que ele vai fazer sua explicação, porém pode ser que em alguma passagem do processo pode ter existido uma dúvida que não interferiu no resultado. Posição A – Se a experiência foi pessoal, sempre para ele vai estar pelo menos um pouco certa. Posição B – Pode haver uma diferença entre a experiência e a explicação aceita, que somente para ele vai fazer sentido. G7/ C Os cientistas baseiam-se na experimentação e no método científico. É claro que na época, a sociedade e a cultura em que ele vive podem influenciar nos direcionamentos dos métodos científicos, mas não necessariamente determinará Posição A – Isso depende do contexto de vida do cientista, como dito anteriormente. Posição B – Não, pois um cientista baseia-se em métodos, hipóteses e experimentos, o que pode invalidar suas teorias Exemplos Quando Redi achou que os ovos eram colocados por moscas e assim nasciam os vermes muitos não aceitaram, já que a crença na época era da criação espontânea. Quando viram os ratos no celeiro junto com os grãos, eles não sabiam como os grãos viraram ratos, mas mesmo assim para eles era dessa forma que apareciam os ratos. 246 uma explicação científica. G8/ C Pois, as explicações dadas pelos cientistas, são feitas através de seus experimentos, ou seja, através do que ele pesquisou e observou podendo concluir algo, mas não terá a certeza, sem antes fazer vários testes. G9/ C Com certeza a experiência faz diferença, e faz diferença em qualquer função que uma pessoa desenvolva. Depois da experiência o cientista tem que continuar colhendo mais dados para determinar a descoberta. Fazendo mais pesquisa para ter uma conclusão que sua experiência é exata. G10/ C Estudante Ensino Médio/ Frase do grupo escolhida EM1/ B EM3/ B EM5/ C EM6/ C formuladas sobre a experiência pessoal. Posição A – Nem todos os cientistas possuem a mente aberta, assim aceitando apenas sua explicação. Posição B – Não é toda experiência pessoal que influência nas explicações. A experiência é um grande fator, mas não é o único. A experiência é necessária, mas também, não é ela a base de todas as explicações. Posição A – O fato de o cientista ter a mente aberta não quer dizer que a sua experiência está totalmente certa. É necessário mais pesquisas. Posição B – Só por ele ter feito a experiência não quer dizer que ele esta certo. Ele precisa colher mais informações, pesquisar mais, para sua experiência ser aceita. Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Cientistas passam parte da vida estudando, para que suas experiências tenham fundamentos. Com essas experiências profissionais e pessoais, conseguem tornar mais sólida sua explicação. Os cientistas apresentam os dados e com a sua compreensão do assunto, usam sua imaginação para gerar uma explicação. Por mais que seja indiretamente a experiência profissional, de certo modo, influência as explicações. Já que os cientistas executam várias experiências para não se equivocarem em sua explicação, eles têm um fundamento para a explicação aceita. Influência porque há muito cientistas que procuram explicar certos fatos a partir de algo que aconteceu com eles mesmos, acontecimentos Um cientista que tem suas crenças e faz baseados nisso, dificilmente aceitará a opinião do outro. Eles precisam da imaginação e entendimento do assunto para uma melhor explicação. Posição A – Não determina completamente mais influência. Posição B – A experiência profissional determina quase sempre toda explicação. Não concordo com as outras porque experiência pessoal mesmo que pouco não deixa influenciar na explicação dos fatos. Uma coisa que não Exemplos 247 pessoais. EM7/ C EM8/ C EM9/ C Muitas vezes um cientista acaba fazendo uma experiência pessoal justificando uma experiência mundial, onde nem sempre uma experiência mundial é explicada por uma pessoal. Ele já passou por experiência pessoal e sabe também por pesquisas científicas, mas não tem uma mente totalmente aberta. A vida pessoal pode sim influenciar, mas não faz que determine sua explicação completamente, pois poderia ocorrer o fato sem muito sentido. EM10/ C A experiência ajuda o cientista a desenvolver suas teses. EM11/ C Eles explicam nas experiências, mas não e totalmente determinada pela vida pessoal dele e sim pela sua experiência. EM12/ C Eu acho que os cientistas têm que ter suas experiências e muito conhecimento para chegar a um ponto fundamental. EM13/ C A experiência pode até dar certo e ajudar a explicar algumas coisas, mas não explicam totalmente. EM14/ C Depois da experiência o cientista tem que continuar tenha acontecido não há como explicar. Nem sempre um cientista tem uma mente aberta sobre as demais experiências. Um cientista nem sempre segue uma explicação aceitável para todos. É que uma experiência pessoal influência sim em uma pesquisa ou explicação de algo. Posição A – Os cientistas não têm a mente aberta, pois a experiência pode influenciar a explicação. Posição B – Acho que a experiência pessoal não determina completamente a explicação aceita. Posição A - Mesmo com a mente aberta e quase inevitável que o cientista não use experiências ou a imaginação. Posição B – Teses não são formados somente a base de experiência pessoal, deve-se haver todo um estudo e raciocínio lógico para sustentar uma tese. Posição A – A experiência pessoal influência sim na explicação de um cientista. Posição B – A experiência pessoal de um cientista não determina completamente na explicação aceita e sim nas descobertas. Posição A – Os cientistas não têm a mente aberta e suas experiências influênciam à explicação. Posição B – Acho que não se explica algo com apenas experiência própria e tem que ver outras experiências. Posição A – Se os cientistas tivessem a mente aberta, eles não discordariam com outros cientistas. Posição B – A experiência pode até explicar tal acontecimento, mas não explica totalmente. Posição A – O fato de o cientista ter a mente aberta não 248 colhendo mais dados para determinar a descoberta. Fazendo mais pesquisa para ter uma conclusão que sua experiência é exata. EM15/ C EM16/ C A experiência pessoal do cientista influência na explicação, já que certamente não acreditamos em qualquer coisa e em qualquer um, mas o experimento sendo comprovado a experiência pessoal não interfere. Toda pesquisa necessita da experiência dos cientistas, porém para determinar, não deve influências suas críticas ou argumentos pessoais. EM17/ C Que a experiência dos cientistas em tal assunto ajuda a explicá-lo de uma maneira mais compreensível. EM18/ C A experiência pessoal do cientista influencia, mas acredito que na maioria dos casos não seja o fator determinante para a explicação. EM19/ C A vida pessoal influencia, porém não totalmente. EM20/ C O que ele viveu, sua sabedoria pode servir como ajuda, mas não quer dizer que terá sucesso. EM21/ C Eles não possuem a total certeza e nem são donos da razão, com suas experiências eles explicam, alguns se quer dizer que a sua experiência está totalmente certa. É necessário mais pesquisas. Posição B – Só por ele ter feito a experiência não quer dizer que ela está certa, ele precisa colher mais informações, pesquisar mais para sua experiência ser aceita. Posição A – A experiência pessoal de um cientista influência para que outros aprofundem mais no que já foi descoberto. Posição B – Não determina completamente se tiver uma comprovação. Posição A – Os cientistas têm a mente fechada, influenciando sim a explicação aceita. Frase B - A experiência pessoal não pode influenciar completamente a explicação aceita. Posição A – Mesmo tendo uma mente aberta, sua opinião, experiência sempre influenciará na sua explicação. Posição B – E sua experiência não explicará totalmente porque haverá críticos com a sua própria experiência debatendo. Posição A – A experiência pessoal influência mesmo que involuntariamente. Posição B – Apesar de influenciar, não é só a experiência pessoal que determina a explicação, existem vários fatores, como o estudo. Posição A – Tudo que se vive você terá alguma experiência. Posição B – A vida pessoal não determina completamente a explicação aceita. Posição A – Apesar de ser um cientista ele não deixa de ser um homem com idéias que acabam influenciando a explicação aceita. Posição B – Determina em partes. Posição A – A experiência pessoal influência no trabalho não só do cientista, mas de todos. 249 convencem e outros não. EM22/ C Para as descobertas dos cientistas são levadas em conta tanto suas experiências como seu conhecimento, para que ele possa chegar a um consenso final sobre sua descoberta. EM23/ C Os cientistas têm uma concorrência entre eles, assim cada um tem um argumento. Muitos cientistas dão um ponta pé inicial, mas não sabem dominar totalmente deixando seu legado a futuras gerações e outros conseguem dominar totalmente mas a concorrência tenta deixar sua presença. Se os vários materiais de estudo de muitos cientistas tivessem o mesmo contexto e resultado, a explicação está correta. EM24/ A Posição B – As explicações não são aceitas totalmente. Posição A – Não tem como se explicar algo com devida certeza sem que haja experiências antes disso. Posição B – Assim como não se explica algo apenas com experiências próprias, pois o conhecimento é muito importante. Tudo que fazemos deve ter certo equilíbrio. Posição A – Os cientistas sempre influenciam nas explicações aceitas e eles vão ao que acreditam ou em busca de crédito. Posição B – Há sempre uma concorrência então os cientistas vão ao que eles acreditam. Posição B - imaginação nem sempre resulta em algo correto. Posição C – necessita sim de imaginação. 250 Apêndice B – Argumentações apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio referente a atividades 3 da Sequência Didática. Estudante Graduação/ Frase do grupo escolhida G1/ C Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Necessitam de imaginação para a comparação de dados e elaboração de teoria científica. Posição A – Caso sonhe, os dados apresentam uma explicação suficiente para uma comprovação científica. Posição B – A explição tem que ser fundamentada e coerente com o experimento. Posição B e C – Se usar a imaginação as teorias não teriam sentido, os cientistas usam as suas percepções. Posição B – Se a explicação não for fundamentada pode gerar margem para falarem que é uma simples hipótese. Posição C – Sem imaginação, os cientistas ficariam copiando experimentos dos outros ou então batendo a cabeça até sem querer acertar. Posição A e B – Os cientistas não podem se basear apenas nos dados que já tem, porque assim não estaria ampliando o seu campo de conhecimento a ciência, muito menos se faz a partir da imaginação, pois podemos imaginar coisas absurdas que são impossíveis de serem real e mais impossível ainda de serem comprovadas. Posição A – Os cientistas não podem utilizar-se exclusivamente de dados para justificar uma hipótese. Posição C – Os cientistas necessitam usar imaginação para formular hipótese. G2/ A Sem dados não tem como formar uma explicação, seria apenas uma teoria. G3/ A Através dos dados, desde que tenham uma lógica, eles conseguem fazer a explicação correta, pois tem onde se apoiar. G4/ C Para se chegar a um resultado, tem que haver dados suficientes independente da quantidade, até que se chegue a uma conclusão que de fato comprovem sua explicação. G6/ B Os cientistas coletam os dados observados nos quais vai se basear a partir de suas experiências, sua imaginação de como atingir seus objetivos, porém nem sempre esses resultados ou possível explicação são testados e apresentam uma justificativa concreta. Os cientistas estão constantemente em contato com os dados e informações, mas cabe a ele, a partir do seu questionamento desses dados, da sua imaginação formular uma explicação, que eventualmente pode não ter G7/ B Posição A – Somente baseando-se em dados não necessariamente uma explicação será correta. Posição C –É o mesmo caso da letra A e ainda, para formular uma explicação somente a partir de dados é Exemplos 251 G8/ B Estudante Ensino Médio/ Frase do grupo escolhida EM1/ B EM3/ B EM4/ B EM5/ B EM6/ B sido fundamentada em experimentos ou métodos próprios. Cientistas devem ter a imaginação, para criar testes e chegar à conclusão, mas nem sempre terão resultados. necessária imaginação. alguma Posição A – Cientistas utilizam de experimentos para ter certeza em seus testes. Assim, chegando a conclusões, que nem sempre serão corretas. Posição C – Como os cientistas vão criar experimentos, sem imaginação. Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Os cientistas além de partir dos dados para fundamentar suas experiências, tendem a usar a imaginação. Posição A e C – Não é só nos dados que se dá a explicação correta e também não se pode deixar a imaginação de lado. Posição A e C – Eles precisam da imaginação e entendimento do assunto para uma melhor explicação. Posição A – Eles não se baseiam somente em dados, é necessário utilizar sua imaginação e outras coisas mais. Posição B – Eles precisam de dados, mas não podem descartar sua imaginação. Posição A e C – Somente com os dados dificulta que os cientistas apresentem suas afirmações. Os cientistas apresentam os dados e com a sua compreensão do assunto, usam sua imaginação para gerar uma explicação. Os cientistas necessitam da união de sua imaginação com os dados, para gerar uma explicação, ás vezes até descartam uma explicação, caso não ajude em nada. Todos os cientistas, em todas as pesquisas necessitam de sua imaginação, para esclarecer suas dúvidas e demonstrar melhor suas explicações. Os cientistas primeiro usam a imaginação. Imaginam tal fundamento para depois expor uma possível explicação. EM7/ A Se dados colhidos explicarem a experiência podem sim logicamente serem corretas. EM8/ A Os dados podem ajudar em uma explicação mais complexa. Posição A e C – Não concordo com as outras, porque até mesmo para coletar os dados, os cientistas primeiro os imaginam. Posição B e C – Uma explicação nem sempre é correta. Nem sempre uma explicação é necessitada da imaginação do cientista. Posição B e C – Uma explicação formada através da imaginação não pode Exemplos 252 EM9/ A Eles precisam ter os fundamentos necessários para logicamente apresentar a explicação correta. EM10/ B Os dados são fundamentais, mas como Einstein dizia: a imaginação é mais importante que o conhecimento. EM11/ B Os cientistas precisam de dados para fazer explicações mais usa sua imaginação para poder explicar melhor. EM12/ A Os cientistas precisam dos dados e não precisam de imaginação para chegar a uma decisão correta. EM13/ B Com os dados fica mais fácil explicar e a imaginação é boa para demonstrar o que se esta tentando explica. EM14/ A Os cientistas trabalham em cima dos dados coletados, para chegar a uma conclusão e apresentar sua explicação certa. EM15/ B Os cientistas partem de dados que já foi falado ou imaginado para se ter uma comprovação do que foi dito ou por duvidar dos dados já explicados. ser tão fundamental, quando se tem ajuda de alguns dados. Posição B – Os cientistas deveriam conseguir todos os dados e usar sua imaginação para uma possível explicação. Posição C – Os cientistas também necessitam da imaginação. Posição A – Os dados são logicamente um ponto fundamental, porém não o único meio. Posição C – A imaginação é fundamental na ciência. Posição A – Os cientistas precisam de imaginação para ter uma boa explicação. Posição C – Não é só com os dados que vão conseguir ter uma explicação correta. Posição B – Os cientistas partem dos dados, mais não precisam de muita imaginação. Posição C – Os cientistas querem uma explicação menos demorada e nem tão complexa. Posição A – Se os cientistas baseassem nos dados, não precisariam dar uma explicação. Posição C – Cientistas precisam de imaginação, mas não para explicar os dados já obtidos. Posição B – Só a imaginação não é suficiente para dar uma explicação correta. A toda experiência tem que ser fundamentada. Posição C – A imaginação não é suficiente para se formar uma idéia, mas é necessária para ajudar nas pesquisas de uma experiência. Posição A – Se os dados são suficientes, os cientistas não teriam no que ficar trabalhando. Posição C – Os cientistas necessitam de imaginação 253 EM16/ B Os cientistas partem de um possível dado, e com sua parcela de imaginação podem gerar uma explicação. Explicação essa, que pode não ter fundamento. EM17/ B Os cientistas apresentam os dados e com a sua compreensão do assunto, usam sua imaginação para gerar uma explicação. Os cientistas partem dos dados e estudos, mas a imaginação também interfere. EM18/ B EM19/ A Tem que ter dados para se explicar algo. Imaginação não explica. EM21/ A Eles analisam muito apresentam uma lógica. EM22/ B Os dados são encontrados com base em experiências assim os cientistas usam sua imaginação para que possam explicar seus experimentos. Cada pessoa tem um cérebro, um pensamento, uma imaginação e logo assim uma explicação, um dom, um projeto, uma descoberta. Tudo menos um destino, pois todos morrerão. EM23/ B EM24/ A e Se os vários materiais de estudo de muitos cientistas tiverem o mesmo contexto e resultado, a explicação está correta. para que se possam criar novos experimentos. Posição A – Os cientistas precisam de uma parcela de imaginação para concluir os dados. Posição C – Cientistas precisam de uma mente aberta para fazer óbvia sua explicação. Posição A e C – Eles precisam da imaginação e entendimento do assunto para uma melhor explicação. Posição A – Eles baseiamse nos dados, mas não levam a eles em conta. Posição C – Podem até não necessitar da imaginação, mas mesmo assim a levam em conta. Posição B – Imaginação não explica sozinha. Também precisa de dados reais. Posição C – Necessitam de imaginação para que cheguem ao caminho certo para os dados. Posição B e C – Eles necessitam de imaginação. Eles precisam ter fundamentos, só a imaginação não dá. Posição A – A lógica não é obtida apenas com dados. Posição C – Sem imaginação não existem possibilidades. Posição A – Todos são críticos, vem de cada cabeça ser ou não ser, acreditar ou não acreditar. Posição C – Até hoje existem quebra cabeça que nenhum homem ousou em descobrir, ninguém é obvio e sim corretos. Posição A – A imaginação nem sempre resulta em algo correto. Posição C – Necessita sim de imaginação. Apêndice C – Argumentações apresentadas pelos estudantes de Graduação e Ensino Médio referente a atividades 4 da Sequência Didática. 254 Estudante Graduação /Frase do grupo escolhida G3/ A G5/ B Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Em cima dos dados é que os cientistas vão poder dar a explicação, e é através das experiências que eles reúnem dados, então quando mais experiências eles fazem, mais dados eles tem e podem no final fazer uma explicação correta, se o objetivo pretendido por todos for igual, por mais que cada um faça suas experiências no fim a explicação tem que coincidir. Realmente há diversas formas de interpretar e explicar os mesmos dados. Por isso, um mesmo resultado obtido por diferentes cientistas pode ter várias explicações muito boas e plausíveis. Assim, não é necessário ter a mesma explicação para um mesmo dado, levando cada cientista a elaborar sua própria explicação, onde elas podem divergir totalmente, concordar totalmente ou parcialmente em alguns pontos. Posição B – Se cada cientista der sua explicação ou não fizeram experiências suficientes ou um monte deles estão errados. Posição C – Tem que haver vários dados que levam a uma explicação, se cada um tiver sua explicação, qual estará certo. Posição A – Nem sempre os cientistas concordam com a explicação mesmo que os resultados que eles obtiveram forem os mesmos. Posição C – Só porque um cientista é experiente, não significa que ele não concordará nunca com as explicações de outras cientistas. Mas também, não se pode dizer que apenas os cientistas experientes obterão resultados, pois muitos cientistas novatos podem propor hipóteses fantásticas e comproválas cientificamente. Posição A – Não se deve aceitar uma explicação apenas pela experiência de um cientista e sim aceitar pela que melhor justifique o fato. Posição C – Um cientista experiente pode concordar com explicações de outros se estas forem coerentes e bem fundamentadas. Posição A – Um cientista experiente deve saber que os dados devem ser analisados, depois testados e daí então formular uma explicação, que não necessariamente será correta. Posição B – Não é a G6/ B Sob várias óticas, podem ser construídas hipóteses e estas testadas por diferentes métodos podem produzir para cada cientista diferentes resultados. G7/ B Cada cientista possui imaginação própria, muito embora possam seguir a mesma linha de pensamento, e dessa forma é de se esperar que alguns tenham explicações diferentes dos outros. Exemplos 255 G8/ C Os dados são uma parcela, más as explicações podem ser diversas, assim ocorrendo discórdia entre os cientistas. G9/ B Há várias formas de analisar os dados, depende da visão do cientista. G10/ B Cada cientista tem que acreditar na sua idéia, e fazer pesquisas para que prove que sua idéia é válida. Estudante Ensino Médio/ Frase do grupo escolhida EM2/ B experiência de um cientista que promove a concordância ou discordância entre eles. Posição A – Cada cientista tem sua opinião, assim ocorrendo discordância entre os cientistas. Posição B – Pode haver uma única concordância, apesar de difícil. Posição A e C – É o fato de haver várias explicações para os mesmos dados que causa tantas polêmicas no meio científico. Não necessariamente a discordância é de um modo geral, as vezes são pouco específico, o que faz com que a ciência nunca acabe com suas pesquisas. Posição A – Não deve fazer mais pesquisas e cada um tentar provar que a sua é a mais correta. Posição C – Os cientistas defendem suas teorias sem nem preocupar olhar a idéia do outro. Argumentos para a frase do grupo escolhida Argumentos para as frases dos grupos não escolhidas Pois, a muitas maneiras de se argumentar, explicar os dados, cada cientista deve por sua própria explicação em prática. Posição A – O grupo A está certo, mas cada cientista com sua imaginação. Posição C – Todos devem concordar com a experiência dos cientistas. Posição A e C – Como cada um tem sua opinião, pode haver várias explicações para os mesmos dados, sem dizer ou concordar qual é a correta. Posição B – Cada um, tem sua opinião, mas é muito difícil chegar a uma explicação correta, se tiver várias opiniões diferentes. Sem ao menos algumas iguais. EM3/ B Cada um tem sua própria mentalidade, podendo explicar o mesmo assunto de maneiras diferentes. EM4/ A Se os cientistas experientes tiverem os mesmos dados, é mais fácil de chegar a explicação correta. Exemplos 256 EM5/ B Há várias maneiras de chegar a alguma conclusão mesmo que se tenha o mesmo dado. EM6/ B Cada um tem uma maneira diferente de enxergar as coisas. EM7/ B Cada cientista pensa de uma maneira, mas no final todos chegam a uma conclusão. EM8/ C Cada um pensa de uma maneira diferente de explicar algo e alguns cientistas não concordam com a opinião dos outros cientistas. Cada um tem sua forma de explicar os mesmos dados, que levaria a explicação correta. EM9/ B EM11/ B Cada cientista tem seu modo de pensar, então cada um tem sua própria explicação. EM13/ A Cientistas têm que concordar se tem os mesmos dados, assim evitam dar explicações sem sentido. EM14/ B Cada cientista tem que acreditar na sua idéia, e fazer pesquisas para que prove que sua idéia é válida. EM15/ A Os cientistas que tiverem os mesmos dados têm que decidir qual a melhor explicação para Posição C – Mas caso o cientista experiente demore a concordar levaria muito tempo até chegar a explicação correta. Posição A e C – Mesmo com dados iguais muitos cientistas não concordam com as mesmas definições. Posição A e C – Não é porque eu penso de uma maneira que você tem que pensar como eu. Posição A – Nem sempre os cientistas têm os mesmos dados, assim nunca irão dar a mesma explicação. Posição C – Os cientistas encontram muitos dados com suas devidas explicações, mas os cientistas que tem mais experiências não concordam. Posição A e B – A maneira da explicação pode ser diferente, mas a concordância de todos tem que ser a mesma. Posição A – Todo cientista tem uma forma de expressar. Posição B – Se as explicações são boas para os mesmos dados os cientistas mais experientes deveriam concordar. Posição A – Podem ter os mesmos dados mais cada um tem uma explicação que nem sempre são iguais. Posição C – Se há varias explicações boas os cientistas devem concordar com suas experiências. Posição B e C – Alguns dados não têm como ter várias explicações, até porque de uma explicação para outra às vezes ficam sem sentido. Posição A – Não devem fazer mais pesquisas e cada um tentar provar que a sua é a mais correta. Posição C – Os cientistas defendem suas teorias sem nem procurar olhar a idéia do outro. Posição B – Se cada cientista propor a sua explicação seria difícil de entender varias 257 que se possa passar para a sociedade. EM16/ A Se os dados resultarem em uma só explicação, os cientistas devem concordar. EM17/ B Cada um tem uma mentalidade diferente, podendo explicar o mesmo assunto de diferentes maneiras. EM18/ B Há várias maneiras corretas de se explicar os dados, cada cientista deve defender a sua. EM19/ B Cada um tem um modo de entender e explicar algo. EM20/ B Cada um vê de um jeito. EM21/ B Cada um tem seu modo de explicar. EM22/ B Existem muitas formas de explicar algo, pois cada um tem seu ponto de vista. EM23/ B Cada um é cada um, todos os cientistas devem mostrar seu modo de pensar, mas que, a melhor ideia seja escolhida, por isso tem que se atualizar uma ideia, quem sabe um cientista experiente possa combater um futuro gênio que nem nasceu ainda. explicações. Posição C – Seria bom se os cientistas com experiência desse uma revisada no seu material e no material do seu colega. Posição B – Há sim várias maneiras de explicar os mesmos dados, porém, o necessário é chegar a uma explicação correta. Posição C – Cientistas devem sim concordar para chegar à explicação. Posição A e C – Como cada um tem sua opinião, pode haver várias explicações para os mesmos dados, mas sem dizer ou concordar qual a correta explicação. Posição A – Mesmo tendo os mesmos dados, a explicação não vai ser igual. Posição C – Nem só os cientistas com mais experiência vão discordar. Posição A – Não se deve concorda com algo, só quem tem mais experiência. Posição C – Com experiência também devem concordar. Posição A – Nem sempre entram em acordo. Posição C – Um menos experiente pode estar mais certo do que o experiente e ele como um bom cientista deve reconhecer isso para o bem da ciência. Posição A e C – Eles dificilmente concordariam um com os outros, os cientistas de experiência concordam com boas explicações. Posição A e C – Mesmo tendo dados iguais podemos enxergar de diversos ângulos e várias formas os dados obtidos. Posição A – Não, sempre deve haver desavenças para se atualizar. Posição C – Jamais um cientista vai perder o trono, ou seja, querer sair dele concluindo que sua ideia é única e universal e obviamente correta nunca entrando em acordo. 258 EM24/ B Cada um tem sua explicação de acordo com os estudos realizados. EM25/ B Cada pessoa tem uma maneira diferente de se expressar, de entender as coisas, por isso, argumentos diferentes não interferem no fato. Posição A – Não só cientistas experientes, mas também os capacitados. Posição C – Cientistas experientes têm que discordar com os resultados e pesquisas (provas concretas da verdade), e não por opinião. Posição A e C – O fato de haver um dado e cada cientista explicar de maneira diferente não irá tornar o mesmo falso. Convivemos diariamente com isso, principalmente na ciência, onde cada cientista explica de uma forma e na maioria das vezes não o torna falsa, podendo ajudar no entendimento da teoria em consequência de cada ser humano entender de uma forma. Apêndice D – Caso científico apresentado pelos estudantes de Graduação. 259 Estudante Graduação G1/ Experiências com células tronco G2/ Descoberta da penicilina G3/ Gravidade G6/ Descoberta da penicilina G7/ O vírus H1 N1 G8/ Descoberta da penicilina G9/ A descoberta da densidade por Aristóteles G10/ A vacina contra a raiva Caso Científico Experiências com células tronco, onde através de técnicas avançadas e a retirada das células da medula óssea, existe a possibilidade de regeneração de alguns órgãos ou tecidos pela aplicação deste material. Em um laboratório um estagiário esqueceu-se de jogar fora placas com bactérias e quando voltou do final de semana as placas estavam contaminadas por fungos, quando as placas iam ser jogadas fora o pesquisador percebeu que onde tinha fungo não cresceu bactéria, a partir daí criou-se a penicilina Quando a maça caiu na cabeça do cientista em baixo da árvore, para ele foi um dado, como uma experiência realizada, a partir desse fato ele começou a realizar mais experiências, juntar mais dados até concluir que existe uma força que atrai tudo para o “chão” – centro da Terra. Um cientista tinha duas amostras com colônias de bactérias e acidentalmente o fungo penicillium contaminou uma das amostras e o cientista pode observar que onde havia o fungo o crescimento bacteriano foi inibido o contrário do que ocorreu onde não havia o fungo em que havia proliferação bacteriana. Com isso passou a estudar o evento que possibilitou a descoberta da penicilina. A vacina contra o vírus H1N1 que assustou o Brasil com inúmeros casos da gripe, que levou a óbito algumas pessoas, há aproximadamente dois anos. Há um caso muito interessante, na qual, foi criado o antibiótico. Foi um caso acidental, porém trouxe muitos benefícios. O cientista deixou dois potes contendo bactérias, em uma delas adquiriu fungo no pote. O cientista percebeu que neste pote procriou fungo, a bactéria não se reproduziu enquanto no outro pote, as bactérias continuaram a se reproduzir normalmente. Então assim, surgiu a vacina Penicilina, salvando diversas vidas, pois ele percebeu que a presença de fungo inibia a bactéria. O caso é que ele teria que descobrir se a coroa tinha mesmo toda a barra de ouro que o rei pediu para o ourives. Aristóteles teve que usar a experiência pessoal: quando ele mergulhava na banheira a água se deslocava. Imaginação: ligar o fato da banheira com a possibilidade de mergulhar a coroa e a barra de ouro e comparar. Visão: conseguir visualizar que o que fazia a água deslocar era a densidade do corpo. Ano passado, não foi distribuído vacina contra a raiva, pelo fato de estar produzindo uma vacina que seja mais eficaz, a vacina antiga tinha perdido sua eficácia. Pelo fato de que o vírus evolui sempre. 260 Apêndice E – Caso científico apresentado pelos estudantes do Ensino Médio. Estudante Ensino Médio EM1/ As experiências de Francesco Redi EM4/ Gripe aviária EM5/ O tratamento para os portadores de HIV EM6/ A teoria da evolução apresentado por Charles Darwin EM7/ O tratamento para os portadores de HIV EM8/ A Lei do uso e desuso proposta por Lamarck EM9/ Ovelha Dolly EM10/ O vírus transmissor da peste e a nova vacina para o tabagismo EM12/ A cura da AIDS EM14/ Vacina contra a raiva e a sua não distribuição no ano de 2011 EM21/ O vírus do HIV Caso Científico Francesco Redi na sua teoria, mesmo acreditando que apareciam animais do nada, quis realizar a experiência com a carne para ver se os animais vinham de ovos. Por exemplo, no ano passado com a epidemia da gripe H 1N1, eles produziram uma vacina para caso a pessoa venha a pegar, não seja fatal. Diminuindo assim o número de pessoas com a gripe e o número de mortes. Depois de vários estudos, por vários cientistas foi descoberto um tratamento eficaz para portadores de HIV, mas não para por ai. Estudos comprovam que agora foi descoberto um novo vírus, porém bem mais fatal que a AIDS e ainda não existe nenhum contraceptivo ou remédio para prevenção desse vírus, nem mesmo algum tratamento. Darwin e a Teoria da Evolução por meio da seleção natural, ele procurou explicar que os seres vivos evoluíram de modo que sobreviveram apenas aqueles que se adaptaram aos novos ambientes. Sem sofrimento não há evolução. Com o passar dos anos, foi achada a cura para os portadores dos vírus HIV. E agora nos últimos meses foi encontrado um vírus ainda mais forte que o HIV, ainda sem cura. Lamarck desde 1809, Jean Baptiste Lamarck propôs que uma grande alteração no ambiente provocaria uma espécie, necessidade de se modificar formando novos hábitos e formulou duas teorias: Lei do uso de desuso: quando mais uma parte de órgão é usada, mais se desenvolve e as partes não usadas atrofiam ate desaparecer. É valida em partes. Ex: músculos dos atletas. O clone é uma forma de fazer dois DNS idênticos, já foram testados em animais e ate em seres humanos, mais o único que deu certo foi em animais, é o caso da ovelha Dolly que conseguiram clona - lá. Mas em pessoas não foi bem sucedido, pois elas não saiu perfeita, tendo que descartar os corpos isso acaba sendo um crime. Na edição de Junho último, da ciência hoje saiu uma reportagem sobre a peste (o vírus transmissor da peste), por onde tiveram mais focos da doença e onde ainda ocorrem alguns casos, no Brasil foram registrados dois casos em 2011. Em outra edição da ciência hoje, saiu um artigo falando sobre uma nova vacina para o tabagismo, esta seria capaz de inibir o prazer causado pelo cigarro, assim mesmo que a pessoa fume, ela não sentirá nenhum prazer e logo perderá a vontade de fumar. A cura da AIDS foi descoberta faz tempo, mais não apresentado a população, pois iria acabar com o lucro das empresas que produzem remédio para amenização da doença. Ano passado não foi distribuído a vacina contra a raiva pelo fato de estarem produzindo uma vacina que seja mais eficaz, a vacina antiga tinha perdido sua eficácia pelo fato de que o vírus evolui sempre. O vírus do HIV, conhecida como AIDS é um caso científico que foi descoberto. Transmitido em transfusão, relação sexual, é uma doença muito perigosa, que já matou várias pessoas e com o avanço 261 EM22/ O vírus do HIV EM25/ O experimento contra a calvície realizada em ratos tecnológico estão sendo descobertos remédios ou tratamentos que poderão curar as pessoas. Depois de vários anos de pesquisas conseguiram descobrir tratamentos para a AIDS, porém não era possível curar totalmente, só se diminuía os sintomas. Mas depois de muitas experiências, foi descoberta a cura, mas também surgiu um novo vírus ainda mais poderoso que o da AIDS que conhecemos. Há algum tempo atrás saiu uma reportagem na internet dizendo que um cientista estava fazendo experimentos com ratos em relação a uma determinada doença e no decorrer de todo o experimento percebeu que onde faltava pelos no rato, com aplicação do medicamento, nasceu novamente os pelos, ainda em estudos, cientistas tentam concluir se descobriram a cura para a calvície.