AVALIAÇÃO DO PROJETO CRIANÇA
SAUDÁVEL, EDUCAÇÃO DEZ
FICHA TÉCNICA
Instituição executora: Fundação de Desenvolvimento da Universidade Estadual
de Campinas (Fumcamp/Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação-NEPA).
Equipe responsável: Jaime Amaya Farfan (coordenador-geral), Maria Cristina Faber
Boog, Denise Giácomo da Motta, Maria da Conceição Pereira da Fonseca, Marina
Vieira da Silva, Miriam Correia de Carvalho, Rosana Maria Nogueira.
Equipe SAGI: Bianca Martins Bastos e Dionara Borges Andreani Barbosa.
Órgão de Cooperação Técnica Internacional: Organização das Nações Unidas
para Agricultura e Alimentação (FAO).
Projeto: UTF/BRA/064/BRA – Apoio à Implementação e ao Alcance dos Resultados
do Programa Fome Zero.
Período de realização: julho de 2006 a maio de 2007.
APRESENTAÇÃO DA PESQUISA
Objetivos
Avaliar a eficácia do projeto “Criança Saudável – Educação Dez”, em termos de distribuição, conteúdo e efetiva utilização do material do projeto, incluindo caderno do
professor e cartilhas. Buscou-se identificar o tempo decorrido entre a disponibilização
do material para as escolas, sua distribuição aos professores e sua efetiva utilização
junto aos alunos; avaliar a opinião dos professores sobre conteúdo didático e estratégias propostas para utilização do material como recurso didático; avaliar a utilização
do material junto aos estudantes; além de avaliar a valorização do tema “Alimentação
Saudável” pelos estudantes.
Procedimentos metodológicos
A pesquisa inclui um componente quantitativo e outro qualitativo. No componente
quantitativo foram aplicados questionários com diretores e professores de 292 escolas
de 104 municípios de todo país.
Para o componente qualitativo da pesquisa foram elaboradas 6154 redações pelos
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alunos de 4ª ou 5ª série, sendo 994 da região Norte, 2.144 do Nordeste, 660 do
Centro-Oeste, 1.419 da região Sudeste e 937 do Sul.
Resultados
Conforme informação dos gestores, uma proporção expressiva das unidades escolares
(90,75%) recebeu o material educativo do projeto “Criança Saudável, Educação Dez”,
o que permite afirmar que o envio por correio foi bem-sucedido.
Em 10,57% das escolas existe material guardado. As análises sugerem que o envio de
número insuficiente de material para distribuir a todos os alunos e professores foi
uma importante causa da permanência das cartilhas na escola, concomitantemente a
outras, como inadequação à região, especialmente à região Norte, e falta de orientação
sobre a finalidade.
A maioria dos professores (77,32%) se referiu a ter utilizado o material e, destes,
77,21% não encontraram dificuldade na sua utilização. Há, contudo, uma diferença
importante entre os percentuais de professores que analisaram as cartilhas (91,84%)
e o caderno do professor (51,59%).
O caderno do professor não chegou às mãos de grande parte deles. Os professores
que responderam à questão aberta sobre sua primeira reação ao tomar contato com
o material consideraram-no “interessante”, sem associá-lo ao ensino de temas relacionados à alimentação (60,8%), sendo essa proporção maior do que a de professores
que fizeram essa associação (12,2%).
Apesar de a maioria dos professores não ter, no primeiro momento, associado o
material educativo à alimentação, cerca de um terço tanto de gestores quanto de diretores, apontou mudanças de comportamento dos alunos em relação à alimentação,
consideradas de forma ampla (âmbito cognitivo, afetivo e da ação).
Expressiva parcela (82,16%) dos professores que informaram a reação dos alunos fez
referências positivas aos personagens, com especial ênfase na boneca Emilia, e na forma
de histórias em quadrinhos. Apesar do contexto das histórias de Monteiro Lobato
refletirem uma realidade e uma cultura do Sudeste, o “Sítio do Pica-Pau Amarelo”
foi muito bem recebido pela grande maioria dos sujeitos, em todas as regiões com
acesso à televisão.
Dos gestores das unidades escolares que receberam o material, 55,47% afirmaram
que não foi desenvolvida qualquer atividade educativa por iniciativa da escola a partir do material do projeto. O percentual de professores que deu a mesma resposta
foi semelhante, 63,38%, indicando consistência nos dados. Portanto, a utilização do
material deveu-se, precipuamente, à iniciativa individual dos professores.
Síntese das Pesquisas de Avaliação de Programas Sociais do MDS
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A apreensão dos conteúdos das cartilhas, obtida por meio das redações foi permeada
pela cultura de cada região. No Sul, há uma coerência do conteúdo das redações
com a informação técnica. No Norte, e em alguns locais de outras regiões como,
por exemplo, interior de Minas Gerais, prevalece a coerência do conteúdo das redações com o comportamento descrito no texto, deixando transparecer a vivência do
que é relatado. É importante considerar que, quando a criança escreve informações
tecnicamente corretas, isso não significa que ela se alimente melhor. Redações que
narram o cotidiano, provavelmente são mais fidedignas em resgatar o que realmente
acontece no domicílio.
Os resultados da análise das redações sugerem que a cartilha foi mais bem explorada fora das capitais, onde há menos acesso a outros recursos. Foi estatisticamente
significativa a diferença entre a menção a outros recursos (que não os do projeto
“Criança-Saudável, Educação Dez”) nas redações das capitais e de outras cidades.
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