CONGRESSO INTERNACIONAL DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL Intervenção e Educação Comunitária: Democracia, Cidadania e Participação Perdas e medos no Idoso. O poder das palavras para a cidadania? 1 Joaquim Parra Marujo [email protected] www.jmarujo.com Constituição da República Portuguesa 2 VII REVISÃO CONSTITUCIONAL [2005] Artigo 72.º Terceira idade 1. As pessoas idosas têm direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia pessoal e evitem e superem o isolamento ou a marginalização social. 2. A política de terceira idade engloba medidas de carácter económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade. A maior conquista da humanidade não foi a aterragem apoteótica, do ‘Curiosity rover’, ao planeta Marte, no dia 06 de Agosto de 2012, à procura de vestígios de vida, nem o casamento entre pessoas no mesmo sexo em Portugal3 ou a descoberta do átomo, ou da nanociência, mas sim a conquista de mais anos à vida e, na contemporaneidade, foi adicionar à quantidade de vida a qualidade de vida 4 com dignidade. Do ponto de vista demográfico, envelhecer é aumentar o número de anos vividos ao ciclo vital. Contudo, este envelhecimento terá de ser feito com dignidade. O termo dignidade é referenciado pela primeira vez, na história da humanidade, com Immanuel Kant, o filósofo da Modernidade, na sua obra "Fundamentação da metafísica dos costumes". Kant ao valorizar a dignidade humana arrolava: 1 Publicado em: Cebolo, C. S. G.; Lima, J. D.; Lopes, M. de S. – Animação sociocultural. Intervenção e educação comunitária: Democracia, cidadania, e participação. Chaves, Intervenção: Associação para a Promoção e Divulgação Cultural, 2013. 2 In: http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx [Consultado em 29 de Agosto de 2012]. 3 Lei nº 9/2001, de 31 de Maio de 2010 («é o contrato celebrado entre duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida, nos termos das disposições deste código», art.º 1577º do Código Civil). In: http://dre.pt/pdf1s/2010/05/10500/0185301853.pdf, [Consultado em 29 de Agosto de 2012]. 4 A qualidade de vida é “a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. É um conceito muito amplo que incorpora de uma maneira complexa a saúde física de uma pessoa, seu estado psicológico, seu nível de dependência, suas relações sociais, suas crenças e sua relação com características proeminentes no ambiente (OMS, 1994). 1 “o imperativo universal do dever poderia também exprimir-se da seguinte forma: age como se a máxima da tua ação devesse se tornar, pela tua vontade, lei universal da natureza. Uma pessoa que, por uma série de adversidades, chegou ao desespero e sente desapego à vida, mas está ainda bastante em posse da razão para indagar a si mesma se não será talvez contrário ao dever para consigo atentar contra a própria vida. Procuremos, agora, saber se a máxima de sua ação se poderia tornar em lei universal da natureza. A sua máxima, contudo, é a seguinte: por amor de mim mesmo admito um princípio, o de poder abreviar a minha vida, caso esta, prolongando-se, me ameace mais com desgraças do que me prometa alegrias. Trata-se agora de saber se tal princípio do amor de si mesmo pode se tornar lei universal da natureza. Mas logo, se vê que uma natureza cuja lei fosse destruir a vida em virtude do mesmo sentimento cuja determinação é suscitar sua conservação se contradiria a si mesma e não existiria como natureza. No reino dos fins, tudo tem ou um preço ou uma dignidade. Quando uma coisa tem preço, pode ser substituída por algo equivalente; por outro lado, a coisa que se 5 acha acima de todo preço, e por isso não admite qualquer equivalência, compreende uma dignidade.” Vejamos alguns dados estatísticos para compreendermos a evolução do envelhecimento humano. Em 1950, o mundo comportava cerca de 204 milhões de pessoas idosas. No ano 2000 atingia-se 606 milhões de idosos. Em 2050, a população idosa rondará os 2 mil milhões. O aumento será mais marcante nos países pobres, onde a população idosa se quadruplicará, passando de 374 milhões para 1,6 mil milhões6. Os países da Europa, segundo as previsões das Nações Unidas, terão altas proporções de pessoas com ou mais 65 anos de idade e, paradoxalmente, uma feminização da velhice. Em Portugal e segundo as projeções do INE "o número de idosos com mais de 65 anos será de 2,95 milhões em 2050, (...) e em 2046 a proporção de população jovem reduzir-se-á a 13% e a população idosa aumentará dos atuais 17,2% para 31%" . No Censos de 2011 verificou-se que “mais de um milhão e duzentos mil idosos vivem sós ou em companhia de 7 outros idosos” num total populacional de 10 561 614. Um verdadeiro desafio para os animadores socioculturais e para os gerontólogos. Com este novo quadro demográfico 8 tanto pode ser um perigo como uma nova oportunidade visto que, ser-se velho, comporta em si mesmo um estatuto de experiências, de “olhares-saberes” e de “olhares-saber-fazer” a serem aproveitados. 5 In: KANT, Immanuel – Fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. São Paulo: Martin Claret, 2004, p. 52-65. 6 Marujo, J. P. - Envelhecer, envelhecendo: necessidades de redes sociais de suporte. In: Ame suas rugas; pois há muito para viver. Vol. 2, Blumenau, 2009, p. 57. 7 In: http://censos.ine.pt/xportal/xmain?xpid=CENSOS&xpgid=censos2011_apresentacao. [Consultado em 29 de Agosto de 2012]. 8 “O fenómeno do duplo envelhecimento da população, caracterizado pelo aumento da população idosa e pela redução da população jovem, agravou-se na última década. Os resultados dos Censos 2011 indicam que 15% da população residente em Portugal se encontra no grupo etário mais jovem (0-14 anos) e cerca de 19% pertence ao grupo dos mais idosos, com 65 ou mais anos de idade. O índice de envelhecimento da população é de 129, o que significa que por cada por cada 100 jovens há hoje 129 idosos”. In: Destaque: Informação à comunicação social. INE. Portugal, 21 de Março de 2011, pp.1 e 2. 2 Simultaneamente, é o estigma de um ser já desvinculado social, cultural e economicamente que transporta o rótulo e a etiquetagem do mito da inflexibilidade face à mudança, o mito da improdutividade laboral e o mito da (falta de) autoestima. Naturalmente que o aumento do envelhecimento populacional se deve à esperança de vida à nascença que tem vindo a aumentar significativamente. Vejamos: Quadro nº 1: Esperança de vida à nascença Ano 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 Homens Mulheres 35.8 44.8 48.6 55.5 60.7 64.2 69.1 70.3 73.5 75,8 40.0 49.2 52.8 60.5 66.4 70.8 76.7 77.5 80.3 81.8 Fonte: INE, Séries Cronológicas Somente o aumento da esperança de vida à nascença justifica o envelhecimento do topo. Se analisássemos o decréscimo da fecundidade perceberíamos o duplo envelhecimento (base e topo da pirâmide) demográfico de Portugal, isto é, um aumento de idosos e a diminuição de jovens. Com os dados demográficos apresentados e com as iatrogenias do envelhecimento urge a necessidade de estreitar a relação entre a população idosa e a juventude (a intergeracionalidade). É da responsabilidade das universidades prepararem estudantes (animadores socioculturais e gerontólogos) preparados cientificamente para planearem e intervirem na prevenção da estabilidade da arquitetura: intelectual, informacional, lúdica, perceptiva, sensorial e cinestésica da pessoa idosa. As doenças, consideradas, do envelhecimento, provocam na pessoa idosa sentimentos de vazio social, dependências - familiar, económica, social, cultural e política - e de exclusão social. Toda esta problemática causa inúmeros sofrimentos ao idoso, contribuindo significativamente para a estigmatização, o isolamento e a exclusão social, levandoo à tristeza e depressão. Deprimido, aliena-se de tudo o que o rodeia, terminando na sua morte por isolamento familiar, espacial e sociocultural. 3 No futuro teremos uma nova geração de pessoas idosas. Dessa geração de "maiores", os idosos que realizem um envelhecimento ativo terão outra qualidade de vida e uma melhor “saúde” física, emocional, mental, cognitiva e espiritual. Para que "o mais velho" usufrua de uma melhor qualidade de vida – “saúde” física, psicológica e espiritual - urge estimulá-lo através de atividades psicomotoras (educação física), de estimulação cognitiva (leitura, música, pintura, etc.), técnicas de relaxamento e de meditação, ou seja estimulá-lo a ter um envelhecimento ativo. Todas estas atividades optimizarão a autoestima, a autoconfiança e a autoimagem. O "cuidador de pessoas idosas", o animador sociocultural/gerontólogo, deverá estar munido de conhecimentos de saúde/doença, de artes expressivas, científicos, metodológicos, ergonómicos, tecnológicos, funcionais e éticos para proporcionar uma intervenção de qualidade a nível da dimensão física, psicológica, cultural e social, espiritual, da participação comunitária, do associativismo e dos aspetos pessoais e educativos. Isto é, os cuidadores de pessoas idosas devem possuir competências cognitivas (informação), competências instrumentais (saber-fazer), competências pessoais (saber lidar com) e competências éticas (saber ser e saberestar-com). O maior desafio na atualidade é encontrar o metaparadigma do cuidador de pessoas idosas. O cuidador deverá integrar no seu currículo académico e profissional uma unidade curricular de gerontologia9. A qualidade, na dignidade da vida humana, dos serviços a prestar aos idosos depende da formação cívica e formativa dos profissionais que cuidem do geronte e, em Portugal, não há legislação relativa e muito menos os respectivos ratios de cuidadores para as instituições (residências, lares, hospitais, etc.). Sem legislação específica como se avalia a intervenção do animador sociocultural ou até mesmo do gerontólogo? A “grande” questão será: em que paradigma os animadores socioculturais e os gerontólogos se baseiam para melhorarem os cuidados assistenciais ao idoso? 9 A Gerontologia estuda “o idoso do ponto de vista científico, em todos os seus aspectos físicos, biológicos, psíquicos e sociais, sendo responsável pelo atendimento global do paciente. Assim, a geriatria, que se ocupa do aspecto médico do idoso, pode ser considerada como parte da Gerontologia”, in: Carvalho, E. – “Geriatria não faz milagres”. Revista Brasileira Clínica Terapêutica, XIII, 29, 1994. 4 Quando visito uma instituição para idosos não vislumbro qualquer registo da informação clínica, social, gerontológica e que cuidados se prestaram. Como se pode, então, avaliar a qualidade dos cuidados prestados aos idosos? O envelhecimento e a velhice estão na moda. Basta ver o número de jornadas, encontros e congressos realizados em 2011 e 2012, assim como o número de licenciaturas, pós-graduações e mestrados realizados por quase todas as instituições académicas. Com tanta informação técnica e científica será que se melhorou a qualidade dos cuidados prestados aos idosos? É do conhecimento geral que o aumento da longevidade levanta inúmeros desafios em diversos domínios como na saúde 10 (física e mental), nos contextos social, económica e política e na prestação de cuidados. O envelhecimento humano pode ser explicado segundo várias perspectivas e teorias quer das ciências das humanidades, quer das ciências sociais, quer tecnológicas (desde a sociologia, antropologia, filosofia, política, economia, direito, biologia, nutrição, medicina, informática, gerontodesign 11 , etc.) mas não existe uma teoria global e sólida. Há cada vez mais investigações, numerosas interpretações mas não há uma teoria geral que explique globalmente o fenómeno do envelhecimento humano. O envelhecimento humano 12 é universal, irrepetível, único e vivido por todos os seres vivos. O envelhecimento humano será sempre uma mescla da influência hereditária, do meio ambiente e dos factores psicossociais e segundo o Ministério da Saúde (2004), o envelhecimento é um “processo de mudança progressivo da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento, se desenvolve ao longo da vida. O envelhecimento não é um problema, mas uma parte natural do ciclo de vida, sendo desejável que constitua uma oportunidade para viver de forma saudável e autónoma o mais tempo possível, o que implica uma ação integrada ao nível da mudança de comportamentos e atitudes da população em geral 10 A saúde “é um recurso da vida quotidiana e não apenas um objectivo a atingir; trata-se de um conceito positivo que valoriza os recursos sociais e individuais, assim como as capacidades físicas”. (Cf. Organization Mondiale de la Santé. Glossaire de la promotion de la santé. Genève, 1999) 11 Gerontodesign “é a aglutinação de gerontologia com o design no sentido de haver um desígnio de projetar, conceber e adaptar modelos aos idosos e não de maliciosamente conspirar para “vender” modelos designados para pessoas com deficiência”. J.P. Marujo - Gerontodesign: the trademark of the design, the ergonomic design, the brand or no-name brands? Working papers: “Senses and sensibility in technology”: linking tradition to innovation through design, IADE, Lisboa, 2003, pp. 290-296. 12 O envelhecimento humano é “a última fase de um processo dinâmico de desenvolvimento que tem início na concepção e prossegue ao longo da vida do indivíduo, ou seja, nascer é começar a envelhecer, mais notória nas últimas fases de vida resultante da destruição dos tecidos ou sistemas orgânicos que leva a uma evolução biológica e psicológica responsável pela quebra de poder de sobrevivência e adaptação ao indivíduo. O envelhecimento não é uma doença, mas uma acumulação gradual de perdas funcionais irreversíveis que o idoso vai sofrendo ao longo da vida”. (Fernandes, Purificação L. D., 2002). 5 e da formação dos profissionais de saúde e de outros campos de intervenção social, uma adequação dos serviços de saúde e de apoio social às novas realidades sociais e familiares que acompanham o envelhecimento individual e demográfico e um ajustamento do ambiente às fragilidades que, mais frequentemente, acompanham a idade avançada”. Com os progressos científicos e tecnológicos da medicina e áreas afins, o idoso vive cada vez mais anos. Daí a necessidade de promoção do envelhecimento normal13 (saudável) com autonomia14 e independência15. Com a idade avançada, o risco de doença aumenta e naturalmente, um maior índice de dependência. Destarte, é necessário promover o envelhecimento ativo 16 para prevenir a perda de autonomia, independência, autocontrolo e a capacidade de estar orientado no tempo e no espaço, auto e alopsiquicamente. Para Salvador-Carulla (2004) 17 o envelhecimento ativo engloba factores como: a promoção da saúde, a prevenção de incapacidades, a maximização e compensação das funções cognitivas, a promoção do desenvolvimento afectivo e da personalidade e a optimização do envolvimento social do idoso. O envelhecimento bem sucedido ou seja com qualidade e dignidade de vida 18 depende da percepção que o idoso tem de si, do meio onde coabita, das expectativas de vida, dos suportes sociais e redes sociais que construiu e da sua cultura. Consequentemente, a qualidade de vida é determinada pela capacidade que o idoso tem em manter a sua autonomia e independência. A perda da qualidade de vida provocará no idoso ansiedade, apatia, labilidade emocional, isolamento social e depressão. 13 O envelhecimento normal “representa as alterações biológicas universais que ocorrem com a idade e que não são afectadas pela doença e pelas influências ambientais”. (Cf. World Health Organization. Men, Ageing and Health. Acheiving health across the span.Geneva, 2001). 14 Autonomia “é a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com suas próprias regras e preferências”. (Cf. Alexandra Pimenta Quedinho e Márcia Fernandes Tavares, 2010). 15 Independência “é, em geral, entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária – isto é, a capacidade de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros”. (Cf. Alexandra Pimenta Quedinho e Márcia Fernandes Tavares, 2010). 16 Envelhecimento ativo “é o processo de optimização das oportunidades para a saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que envelhecem”. (Cf. WHO. Active Ageing, A Policy Framework. A contribution of the WHO to the Second United Nations World Assembly on Ageing, Madrid, Spain, April, 2002). 17 Salvador-Carulla L - Financing Mental Health Systems - Spain. Report prepared for the Mental Health Economics European Network, 2004. 18 Qualidade de vida “é uma percepção individual da posição na vida, no contexto do sistema cultural e de valores em que as pessoas vivem e relacionada com os seus objectivos, expectativas, normas e preocupações. É um conceito amplo, subjectivo que inclui de forma complexa a saúde física da pessoa, o seu estado psicológico, o nível de independência, as relações sociais, as crenças e convicções pessoais e a sua relação com os aspectos importantes do meio ambiente”. (WHO, 1994). (Cf. World Health Organization. Men, Ageing and Health. Acheiving health across the span.Geneva, 2001). 6 A grande questão é questionarmos, como animadores socioculturais ou como gerontólogos, se a Sociedade Portuguesa ou a Europa estará preparada para cuidar dos “seus idosos”? Ou se a esperança de vida (proporcionada pela qualidade de vida) contribuirá para uma melhoria na qualidade/dignidade de vida dos idosos? Será que os idosos viverão com melhor saúde em qualidade de vida? Será que a sustentabilidade económica de Portugal e da Europa com mais idosos do que jovens poderá sustentar a saúde ou a reforma das pessoas idosas? Todos os países devem implementar políticas de “bem envelhecer” e com “cidades amigas do idoso” para que as pessoas envelheçam de forma ativa e saudável. As Nações Unidas preconizam para os Idosos cinco princípios: 1. Independência; 2. Participação; 3. Assistência; 4. Autorrealização; 5. Dignidade. As políticas de saúde, de emprego, de mercado de trabalho e de educação deveriam apoiar o envelhecimento ativo para que haja cada vez menos iatrogenias e deficiências na velhice, mais saúde ao envelhecer, uma melhor qualidade de vida com dignidade e mais idosos a participarem ativamente em movimentos sociais, culturais, económicos e políticos quer na comunidade, quer na sociedade. O futuro da população idosa dependerá do mercado de trabalho, dos planos de reforma, da sustentabilidade das economias, dos cuidados de saúde, das instituições de apoio ao envelhecimento e à velhice, do apoio familiar, da quantidade, qualidade e dignidade de vida, etc. A representação social da velhice 19 quer no modelo biomédico, quer no modelo sociocultural é caracterizado em termos de défice e involução. É um processo decadente porque o envelhecimento, com o avançar da idade, contempla um declínio biológico, assim como o aparecimento progressivo de doenças e de dificuldades funcionais e psicomotoras. 19 A velhice “não é uma variável fixa, que podemos analisar antes e depois da modernização, mas uma realidade culturalmente construída, inclusive pelas disciplinas científicas que a tomaram como alvo”. Groisman, D. (1999). 7 Deste modo, urge retirar estereótipos sociais sobre a velhice, porque ser velho não é nem sinónimo de patologias nem de incapacidades20. Velhice não é sinónimo de enfermidade. A velhice é simplesmente um processo de amadurecimento humano nas suas estruturas e nas suas funções interagindo com inúmeras variáveis (físicas, biológicas, químicas, psicológicas, sociais, culturais, económicas e políticas) que constituem o ambiente onde se vivencia todo o ciclo vital do idoso. Inúmeros investigadores são unânimes em arrolar que a velhice comporta quatro vertentes delimitadoras: cronológico, psicobiológico, psicoafectivo e social (Mishara e Riedel, 199521). Exemplificando: Estou velho porque tenho 65 de idade, reformeime agora, sinto-me bem na minha pele de velho e reformado, sou solteiro e sinto-me bem na minha solitude e pertenço ao coro da igreja e participo na banda do meu clube desportivo e recreativo dos “maiores”. Será que isto é a velhice? Ou a velhice será: cabelos grisalhos, pele seca e enrugada, perda de dentes, de memória, de audição e de visão, rigidez no andar, diabético, cardíaco, hipertenso e polimedicado? Será a velhice a última etapa do ciclo vital do ser humano? Qual será então o papel dos cuidadores (animador sociocultural/gerontólogo) no processo de envelhecimento (biológico22, psicológico23 e sociológico24) e na velhice? Teria sido mais fácil responder à seguinte questão: qual o contributo dos animadores socioculturais e da gerontologia na epidemiologia das doenças da velhice ou no processo de envelhecimento para resolver os problemas de saúde e prevenir as iatrogenias? A ONU – Organização das Nações Unidas – considera o período de 1975 a 2025 como sendo a “Era do envelhecimento”. 20 “É certo que o organismo humano experimenta o desgaste inerente a finitude dos seres vivos, mas esta diminuição não significa necessariamente déficit, já que o organismo funciona com níveis variados de superávit ou de reserva e, o que é mais importante, existe a possibilidade de intervir para atenuar e compensar os efeitos de tal desgaste sobre a capacidade dos indivíduos de seguir desempenhando por si mesmos suas atividades cotidianas” (Lazaeta, 1994:59). 21 Mishara, B.L.; Riedel, R. G. - El Proceso de envejecimiento. Madrid, Morata, 1995. 22 “considera o envelhecimento como um processo exclusivamente associado a mudanças físicas ou biológicas”. A. Requejo (2003). 23 “Descreve e prevê algumas das mudanças que ocorrem com o tempo e a idade no funcionamento psicológico das pessoas”. A. Requejo (2003). 24 “concentra-se na explicação da relação existente entre o contexto sociocultural e o comportamento dos idosos”. A. Requejo (2003). 8 Em Portugal, as principais investigações em gerontologia surgem com Barreto (1984), Marujo (1987) 25 , Paúl (1991), Pimentel (1995), Quaresma (1999), Ribeiro (2011), etc. A gerontologia é uma disciplina científica, holística, pluri-interdisciplinar e transdisciplinar, teórico-prática que investiga o envelhecimento primário (idade) e secundário (doença) do ser humano, da velhice, do velho e do morrer com dignidade26. Gerontologia, termo usado pela primeira vez por Metchnicoff em 1903, deriva etimologicamente do grego gero=envelhecimento e de logia=estudo. É a ciência que estuda e investiga o processo de envelhecimento humano nas suas dimensões genético-biológicas, psicológicas, socioculturais e metafísicas27. A gerontologia recebe aportes de quase todas as ciências: história, filosofia, psicologia, antropologia, sociologia, direito, design, economia, política, medicina, farmácia, etc. A gerontologia é uma ciência formal ou uma ciência intervencionista? A gerontologia estuda e prevê ou investiga, planeia, intervém e avalia? Será a gerontologia uma arte de cuidar? O que sabemos é que com o envelhecimento humano ocorrem um conjunto de alterações (perdas) nos sistemas: Respiratório Digestivo Osteoarticular Nervoso Tegumentário Imunitário Sensorial Muscular Endócrino Cardiovascular 25 A 3.ª idade e a farmacodependência: sob o ponto de vista antropológico. "Revista Gerontologia". UITI, Lisboa, Vol. IX, nº 33, 1º Trimestre, Jan./Fev./Mar. de 1987. 26 Marujo, J.P. - Velhos e sociedade, in: Graal. Lisboa, nº 3, ano III, 2004. 27 Marujo, J.P. - Sucata social: os velhos em Portugal. Resumos do 1º Congresso Nacional de Psiquiatria Forense. Porto, Associação Portuguesa de Estudos Psiquiátricos, 1995. 9 Estas perdas associam-se ao declínio das capacidades fisiológicas e funcionais (massa muscular, flexibilidade, psicomotricidade, cognitivo, etc.) do idoso. Isto é, há uma diminuição da funcionalidade e da autonomia do Idoso. Com estas perdas, o Idoso sente que os limites da quantidade de anos de vida do seu ciclo vital se aproxima dos limites da vida e o medo de abandono por parte dos seus familiares, o medo da solidão e o medo de morrer28 surge na mente29 do idoso. Nas perdas urge ensinar o idoso a compreender o fenómeno existencial da passagem para uma outra vida sem medo(s) 30 e a viver com as suas limitações físicas, psíquicas e cognitivas. O medo é apenas uma mente com ira, a mentira, para criar a confusão e a instabilidade. É do conhecimento geral que o medo debilita o sistema imunológico, corrói o bem-estar, a autoimagem, a autoconfiança e a autoestima. A velhice é sinal de perdas (físicas e somáticas, cognitivas, familiares, profissionais, zonas de conforto, de confiança, amor-próprio, de autoridade, de estatuto, de poder, de sonhos, etc...) onde o corpo se forma, se deforma ou se transforma com o avançar do tempo (a idade). Inúmeras perdas muitas vezes irrecuperáveis que se transformam em medos de viver uma vida já sem significado. As perdas são mudanças de estádios31 que é preciso identificar para que se possa atuar a “tempo e horas”. A reação do idoso às perdas é facilmente identificável porque se assemelha ao processo de luto identificado por Kubler-Ross, no seu famoso livro On death and dying (negação, revolta, negociação, depressão e aceitação). Saber trabalhar as perdas com o idoso é compromete-lo no processo de mudança para uma nova vida, mais real, mais significativa, mais feliz. Uma nova fase de liberdade, de autodescoberta, de experiências diversificadas, de novas relações e de aventura para o novo rumo de vida. 28 A Morte nunca é possível quando se trata de nós próprios. Nunca morremos. É inconcebível para a nossa mente que nos mente, imaginar um fim real para a nossa vida - e quando a trajectória vital tem um fim é mais fácil atribuí-lo a elementais divinos ou demoníacos, dizendo "Deus assim quis", "o destino estava traçado" ou "coisas do Diabo". A morte é um facto da vida, é real, é um vasto mistério mas não é o fim da vida. A vida em si própria, não é eterna. Compreender e aceitar a nossa morte conduz, inevitavelmente, a uma situação de responsabilidade para connosco, para com os outros e para com a Humanidade. Se diariamente pensarmos que vamos em breve morrer, talvez o nosso comportamento para com os Outros se torne, de facto, responsável e empenhado na construção de um Mundo mais humano, humanizado e fraterno. 29 O ser humano tem quatro mentes. Uma mente que pensa, uma mente que mente, a mente que mente fica demente e para a mente não estar demente cria a mente com ira que é a mentira. 30 “Aqueles que conseguirem ver através do medo estarão salvos” Tao Te Ching. 31 “Nesta fase, é importante perceber aquilo que se está a deixar e chorar por aquilo que nunca mais se terá. É útil dar nome a essas coisas em concreto e criar um ritual de despedida para elas” Susan M. Campbell. 10 As perdas foram sucessos na outrora da vida. Há que ter a coragem de assumir, com criatividade e sabedoria, as limitações impostas pela idade ou pela doença, percebendo os limites físicos e mentais e depois em vez da resignação, ganhar o Amor, a Curiosidade, a Jovialidade e a Alegria de enfrentar a última caminhada deste estádio do ciclo vital. Cabe ao animador sociocultural e ao gerontólogo trabalhar com o idoso, quer através de dinâmicas de grupo e/ou animação sociocultural, quer pela meditação e/ou hipnose no sentido que o Idoso sinta o medo e se questione: “De onde vem ele ao certo? Para onde vai? Em que ponto do seu corpo o sente? Ele aumenta ou 32 diminui? Consegue deixá-lo partir? Quer que ele se vá embora?” Escutar o medo é fundamental para que o receio não iniba o Idoso de viver e de ser feliz. Somente a prática do amor33 para connosco e para com outros vencerá o medo de viver com limitações ou o medo de deixar de viver. Aprender a destronar o medo e a sentir o amor tem uma curva de aprendizagem (tentativa e erro, competência e confiança, domínio e experiência e estagnação e apatia) que passa por verbalizar o medo e sentir a dádiva do amor do outro a entranhar-se na pele e o sentimento do amor por si próprio a enraizar-se na alma. Somos o que pensamos e fazemos o que sentimos. Mudar a linguagem é uma nova etapa na vida do idoso. Urge ter pensamentos positivos e aproveitar a resiliência34 para vencer e ultrapassar as perdas e vencer os medos. Reestruturar o idoso é fundamental. As dinâmicas com os idosos devem ter em conta que agora é tempo de estabelecer prioridades, de não viver no atafulhamento, de desligar-se das perdas de tempo, de fazer uma coisa de cada vez, de ter a cabeça limpa, de evitar as promessas e os prazos irrealistas, de aprender a dizer “não”35, de aprender a usar as tecnologias de ponta, de conviver, de sair de casa, de aproveitar as oportunidades socioculturais, de desfrutar da natureza, de aprender línguas, de namorar, de ser feliz, etc. 32 Cf. Shoshanna, Brenda – Viver sem medo. Lisboa, Sinais de Fogo, 2010, p. 37. “os nossos corações estão cheios de amor: não sobreviveríamos sem ele. Apesar disso, somos tão avaros, recusamo-nos a abrir o coração e a dar de nós. Logo, se aprendermos a diluí-lo, encontrar-nosemos na presença curativa do amor. A prática da diluição do medo é também a prática do amor, sendo que aprendê-la dissolve simultaneamente o medo que sentimos”. In: Shoshanna, Brenda – Viver sem medo, p. 45. 34 É a capacidade do idoso de se projetar no futuro com sucesso apesar de todos as perdas desestabilizadoras, das condições de vida difíceis ou de traumas às vezes graves. 35 Posen, David – Manter-se à tona em tempos de crise. Lisboa, Livros de Seda, 2011, pp. 130-135. 33 11 A felicidade plena36 comporta três rumos: 1 – O prazer de viver a vida, o sentir-se bem, o desfrutar do tempo, o sentir as emoções positivas e o ter energia. 2 – O envolvimento com a vida, com o trabalho ou com a reforma, com as pessoas, com as atividades e as experiências vivenciais. 3 – O sentido da vida, da convivência e da coabitação que dão o propósito à vida. A mente do idoso tem de ser expandida através da modificabilidade cognitiva37 com pensamentos e emoções positivas (orgulho, serenidade, alegria, calma, prazer, curiosidade, diversão, criatividade, optimismo, confiança, fé, esperança, etc.). Perante cada perda, o idoso terá de conceber novas ideias, encontrar respostas positivas e criativas e desenvolver recursos (psicológicos, intelectuais, sociais, espirituais e físicos) para a mudança, isto é, para um novo estilo de vida. Um idoso optimista, com uma linguagem positiva, com amor-próprio e uma boa autoestima poderá desfrutar de um conjunto de suportes sociais formais (centro de dia, centro de noite, centro de convívio, apoio domiciliário, acolhimento familiar, programa para idosos, acompanhamento, centros comunitários, colónia de férias) e de suportes sociais informais (família, vizinhos, amigos, grupos sociais, associações religiosas, associações lúdicas, associações partidárias, centros comunitários, 36 Cf. Seligman, Martin E. P. - Felicidade autêntica. Lisboa, Pergaminho, 2008, p. 21. A mente é modificável e sensível. A plasticidade neuronal cria-se quando há estimulação externa das estruturas funcionais do cérebro. A modificabilidade da mente nas pessoas idosas tanto pode ser cognitiva como neurogenética. Podemos estimular a plasticidade neuronal quer através de uma intervenção cognitiva (enriquecimento instrumental de Feuerstein) ou pela estimulação sensorial, psicomotora, cognitiva e metafísica de um rodapé inteligente: “A non-scientific assessment of the skirting 37 board has been carried out with formal health caregivers who have reported an improvement in the elderly person’s responses to daily life challenges and an enhanced level of well-being and will to live. In essence, this skirting board with an in built Snoezelen System provides the elderly person with the numerous benefits of the “Snoezelen Therapy Room”. By stimulating the senses, it helps reconnect the dementia patient to the world they left behind (Knippel, 2004). By providing an enjoyable experience, it helps reduce antisocial behavior and provides an environment that encourages meaningful relationships among staff and patients, promoting relaxation, and reducing psychological stress and staff burnout. Other benefits include relaxed patients, increased sense of happiness and interest, reduced sadness and fear, an increase in sociability and level of interest, and a decrease in disruptive behaviors and levels of anxiety (Chitsey et al., 2002). The experience of reinforcement helps offer positive meaning in their lives. When a dementia patient can’t explain why things happen, they can talk freely about the enjoyable music and lights during and after the session. As Dr. Staal says, “It is like taking a young kid to Disneyland.” In: Marujo, J.P.; Fernandes, V.; Tupholme, T. - 101 innovations for active aging. World Conference of Gerontechnology, in combination with the yearly ISARC conference dedicated to Robotics and Automation in Construction? Eindhoven, 26 de Junho de 2012. 12 grupos desportivos, etc.) onde encontrará suporte afectivo, emocional, perceptivo, informativo, instrumental, social e espiritual. Ser um idoso optimista implica ter a percepção que a realidade é aquilo que acreditamos ser amanhã. Se hoje estou feliz, amanhã irei desfrutar de uma felicidade autêntica. O ser humano possui o conhecimento e a sabedoria de ultrapassar os obstáculos da vida. A vida não é feita de problemas. A vida é composta de obstáculos que é importante transpor ou derrubar. É a mente consciente que nos mente ou nos desmente. Poderemos mudar a trajetória da vida se deixarmos que o subconsciente nos conduza ao equilíbrio, à harmonia e à alegria de viver. As palavras positivas geram atitudes e comportamentos positivos. Observar o mundo com alegria, com prazer e amor é adquirir comportamentos e ações positivas. Ver o mundo negro, triste, odioso, com culpas, implica que todas as células e o sistema imunitário fiquem debilitados, e o idoso ficará deprimido e o seu viver não será prazeroso. Neste caso é importante, através de dinâmicas e animações socioculturais, remover os scripts mentais do momento traumático, revivendo os factos que originaram as emoções negativas38 reformulando os scripts ou a programação mental para uma reprogramação mental de emoções positivas 39. Compreender as emoções é aprender a lidar com os sentimentos. Cada palavra contem em si um sentimento e os sentimentos trazem mensagens importantes para o quotidiano. Se os sentimentos e as emoções “suscitam bem-estar interior, isto significa que estamos no caminho certo. Se as emoções originam mal-estar estão a afirmar a urgência de fazermos 40 algo diferente” . O poder da mente é milagroso e permite resolver todos os obstáculos que a vida nos coloca porque a personalidade alicerça-se no que se acredita ser, isto é, a potencialidade humana está na sua autoimagem mental (cognitiva e espiritual). O ser humano é composto por um Todo (biopsicossocial, cultural e espiritual), a soma de todas as partes, numa fusão do eu com o cosmo, comportando em si um corpo 41, uma alma (a alma 42 como psique, consciência e mente desta vida e de outras vidas43) e um espírito44. 38 Por exemplo: “não valho nada”, “não mereço ser amado e ser feliz”, “sou um inútil”, “não sei conviver”. 39 Exemplos: “Eu sou uma pessoa de valor”, “Eu sou uma pessoa de sucesso”, “Eu sou uma pessoa vencedora”, “Eu sou uma pessoa feliz”, “Eu mereço viver, Eu quero Viver”, etc. 40 Cf. Jardim, Jacinto – Competências rumo à felicidades. Lisboa, Piaget, p. 22. 41 Na teoria dualista de Descartes, o corpo e o espírito são duas substâncias que não se misturam. O espírito vive no mundo da racionalidade (res cogitans). O corpo pertence às coisas do mundo como 13 Na alma situa-se a doença que imprime no corpo os sintomas. O corpo espelha-se na alma através do adoecer. A doença não é um mal em si mesmo. Quando a doença surge não é para a pessoa sofrer. A doença é um sinal importante para ser interpretado como tempo da mudança do estilo de vida, para não repetir os erros do passado. A doença é apenas uma mutação para ser lida e compreendida para se mudar de caminho, caminhando no caminho da transformação e de se transformar as emoções negativas em emoções positivas e de amar e ser amado e de evoluir para a última etapa da vida: o renascimento. O renascer consiste em fazer desaparecer o Velho Homem, no Homem Velho para nascer o Novo Homem, no Homem Novo e transformá-lo num Homem Sábio, um Sapiente Homem. Exemplificando com uma fábula: “Três rãs caíram num recipiente cheio de leite. A primeira, pessimista, chegou à conclusão de que não havia nada a fazer e deixou-se afogar miseravelmente. A segunda, intelectual, pensou que poderia sair dando um grande salto. Calculou os valores algébricos da trajetória e, depois, deu o salto. Mas, envolvida que estava nas suas elucubrações, não tinha reparado que o recipiente tinha uma asa, e foi bater precisamente nesse obstáculo. A terceira rã, que tinha uma grande vontade de viver, não fez outra coisa senão manifestar tal vontade: moveu-se, agitou-se e lutou. Até que, depois de tanta labuta e teimosia, o leite se transformou em 45 manteiga. E a rã salvou-se” . mais uma extensão (res extensa), o mundo das coisas mensuráveis. Para Descartes a glândula pineal teria como função unir a alma/espírito ao corpo. 42 A distinção entre a alma e o espírito surgiu com a terminologia judaico-cristã. 43 Para a “psicologia espiritual" ou para Carl Jung, o espírito é, também, o corpo psíquico. Esta unificação permite o contato com a quarta dimensão (o Mundo Astral). O ser humano, através da entidade espírito/corpo pode visitar outros lugares ou até outros tempos, dimensões e épocas. O Mundo Astral influencia o Mundo Terrestre. 44 Espírito advém etimologicamente do Latim "spiritus", significando "respiração" ou "sopro da vida". 45 Cf. Jardim, Jacinto – Competências rumo à felicidades. Lisboa, Piaget, p. 164. 14