Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro - seeduc Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - sect Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a distância do Estado do Rio de Janeiro - cecierj Sistema de Educação para Jovens e Adultos - seja Seja Profissional UV Um projeto de avaliação em construção 3 Agosto de 2012 Equipe de Avaliação Coordenação Geral: Prof. Luiz Antonio Rodrigues Dias Coordenação pedagógica: Profa. Malvina Tania Tuttman Coordenação de áreas: Ciências da Natureza: Prof. Milton Salles Roedel Ciências Humanas: Profa. Vera Lúcia Bogéa Borges Linguagens e códigos: Profa. Maria da Aparecida Meireles de Pinilla Matemática: Prof. Benaia Sobreira de Jesus Lima SUMÁRIO Equipe de Avaliação 2 Apresentação 4 1 Marco referencial: Inı́cio da trajetória 5 2 Uma proposta de avaliação 2.1 Breves reflexões sobre o ato de avaliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Metodologia de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3 Fases metodológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.1 Primeira etapa do processo de construção do Banco de Itens para a eja/rj . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.3.2 Segunda etapa do processo de construção do Banco de Itens para a eja/rj . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 8 10 11 3 A prova como um instrumento de avaliação 3.1 Construindo o item de múltipla escolha: estruturação e etapas . . . . . 3.2 Contribuições para a prática de elaboração de item . . . . . . . . . . . 3.2.1 Oficina de elaboração de itens - cecierj . . . . . . . . . . . . . 13 13 15 16 Referências Bibliográficas 18 3 11 12 APRESENTAÇÃO Caro(a) professor(a). O presente documento - Seja profissional: um projeto de avaliação em construção - configura-se como um dos instrumentos facilitadores da comunicação entre os profissionais que atuam na Educação de Jovens e Adultos do Estado do Rio de Janeiro, nas suas diferentes instâncias. Este é o primeiro volume. Nele você encontrará os fundamentos iniciais do Projeto Seja profissional, breves reflexões sobre o ato de avaliar, as fases metodológicas do projeto, bem como algumas orientações sobre a elaboração e revisão de itens, visando à construção de um Banco de Itens que permita a elaboração de instrumentos de coleta de dados confiáveis (instrumentos de avaliação), com qualidade cientı́fica e que qualifique a situação de aprendizagem de jovens e adultos participantes do Projeto Seja Profissional, ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem. A construção de um Banco de Itens para subsidiar a avaliação da Educação de Jovens e Adultos ofertada pela Rede Ceja apoia-se nos fundamentos teóricos e práticos utilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anı́sio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação. Uma de suas atribuições é a elaboração e a aplicação de avaliações nacionais da educação brasileira, o que justifica a metodologia delineada no presente projeto. A construção do nosso Banco de Itens será realizada com a participação efetiva dos profissionais atuantes na Rede Ceja, considerando e respeitando a sua prática docente. Ao revisitar Paulo Freire, reafirmamos a crença na “relação dialógica”, indispensável à construção do conhecimento. É dessa forma - interagindo, dialogando, construindo juntos - que iremos avançar, passo a passo, cotidianamente, em busca de uma prática educacional mais inclusiva. 4 CAPÍTULO 1 MARCO REFERENCIAL: INÍCIO DA TRAJETÓRIA Foi somente em meados do Século XX que as polı́ticas públicas voltadas para a educação de jovens e adultos no nosso paı́s se firmaram. Tais polı́ticas, porém, têm se mostrado precárias, compensatórias. É certo que a Constituição Federal de 1988 trouxe avanços quanto a essa séria questão, na medida em que assegura a oferta gratuita de ensino a todos os cidadãos que não tiveram acesso à Educação Básica regular. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) reitera e complementa o texto constitucional ao determinar que os sistemas de ensino “assegurarão gratuidade aos jovens e aos adultos que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades apropriadas, consideradas as caracterı́sticas do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames” (art.37, parágrafo 1◦ ). No entanto, a prática cotidiana de governos confronta-se, muitas vezes, com o texto da Constituição. Portanto, é mais do que oportuno romper com o já estabelecido, garantindo, principalmente aos filhos daqueles que são desfavorecidos socialmente, condições para que possam concluir o Ensino Fundamental e Médio, com qualidade. Ainda mais: que os jovens e adultos com mais de dezessete anos, excluı́dos do sistema regular de ensino possam concluir essa etapa de sua formação, de forma a desenvolver o seu potencial criador e recuperar a sua autoestima - pré-requisitos básicos para a inserção no mundo do trabalho. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicı́lios (Pnad) mostram que, infelizmente, o problema está longe de ser resolvido: dos 10, 3 milhões de jovens entre 15 e 17 anos, apenas 50, 9% estão no Ensino Médio, e dos 3, 3 milhões que ingressaram em 2008 no 1◦ ano, apenas 1, 8 milhões concluı́ram o 3◦ ano em 2010. As causas são antigas e conhecidas: propostas curriculares sem flexibilidade, dissociadas do mundo do trabalho, questões socioeconômicas, que empurram os jovens, antes da 5 idade adequada, para o mercado de trabalho, entre outras. Apesar da realidade que os dados estatı́sticos nos apresentam, a Educação de Jovens e Adultos (eja) começa a figurar nos planos educacionais de maneira mais efetiva, em uma tentativa de romper com os paradigmas de uma educação meramente compensatória, em busca de alternativas pedagógicas que estabeleçam a interseção entre trabalho, renda e educação, promovendo a permanência na escola. Nessa perspectiva surge o Projeto Seja profissional no Estado do Rio de Janeiro. Em outubro de 2011, as Secretarias Estaduais de Educação (seeduc) e de Ciência e Tecnologia (sect) assumiram pedagogicamente os Centros de Estudos de Jovens e Adultos (ceja). As sessenta e uma unidades do ceja passaram a ser coordenadas pela Fundação Cecierj, no oferecimento de educação na modalidade semipresencial para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, e pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), no que se refere aos cursos profissionalizantes. Com essa decisão polı́tica, o governo do Estado do Rio de Janeiro assume como meta o atendimento educacional a jovens e adultos que ainda não concluı́ram o Ensino Básico, na idade prevista pela legislação. O atual Plano Nacional de Educação (pne) do Estado do Rio de Janeiro evidencia que uma das principais dificuldades por que passa o eja é a falta de escolas ou espaços apropriados na rede pública para atender ao elevado número de jovens e adultos sem escolarização ou com escolarização incompleta. Aponta, também, que a eja necessita de uma polı́tica que rompa com a simples visão de uma educação “supletiva” e ofereça uma formação verdadeiramente cidadã. Por outro lado, a LDB estabelece que o “Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de educação a distância em todos os nı́veis e modalidades de ensino” (art.8◦ ). Nesse contexto, a Cecierj, por meio do Consórcio Cederj, constituı́do pelas seis Universidades Públicas sediadas no Rio de Janeiro - uenf, uerj, uff, ufrj, ufrrj, unirio - tem levado educação superior gratuita para todo o estado do Rio de Janeiro, atendendo, atualmente, a cerca de 30 mil alunos, em dez cursos de graduação. Essa experiência exitosa credencia a Cecierj a se lançar ao desafio de oferecer educação na modalidade semipresencial aos estudantes da eja do Estado do Rio de Janeiro, por meio de uma parceria com a Rede Ceja e com a Faetec/sect. Dessas parcerias surge o Sistema de Educação de Jovens e Adultos (SEJA Profissional). 6 É importante destacar que a oferta de educação a distância, em qualquer modalidade de ensino, prevê o atendimento ao estudante, a elaboração de material didático e a concepção de um projeto de avaliação do estudante. Dessa forma, foram estruturados grupos de trabalho formados por professores da rede estadual de ensino, preferencialmente com experiência e atuando em eja e professores de Universidades, especialistas em quatro áreas de conhecimento - Linguagem, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias - além de especialistas em currı́culo, avaliação e educação de jovens e adultos. A base de construção do Projeto Seja Profissional, no que se refere à parte da educação semipresencial, é a pesquisa-ação. De acordo com THIOLLENT, o que caracteriza a pesquisa-ação é a procura de maneiras de perceber problemas e encontrar soluções, a partir dos atores envolvidos na situação, além de trazer contribuições para a construção de conhecimentos teóricos ou conceituais1 . A participação, portanto, é o princı́pio norteador do trabalho desenhado e colocado em prática. Por isso, torna-se necessário um envolvimento significativo de todos os participantes no processo de decidir o quê, para quê, como fazer. Ao longo do processo, o próprio grupo sente a necessidade de se capacitar para o trabalho coletivo. A criação de um espaço de interlocução é imprescindı́vel. Grupos de discussões, seminários, a tentativa de criação de núcleos de trabalho nas Escolas - espaços destinados a pensar a eja e suas contribuições para a formação cidadã dos nossos jovens e adultos. Temos muitos desafios a serem superados. Entre eles, é preciso conhecer bem a realidade do ceja, adequar o atendimento a tal realidade, avaliar permanentemente para promover melhorias significativas. Enfim. . . é preciso responder a duas questões básicas, norteadoras de todas as ações - Quais as expectativas de aprendizagem para o final do Ensino Básico? Os estudantes da eja estão atendendo a tais expectativas? 1 THIOLLENT, Michel et al. Extensão universitária: conceitos, métodos e práticas. Rio de janeiro. Editora da UFRJ, 2003, p.59. 7 CAPÍTULO 2 UMA PROPOSTA DE AVALIAÇÃO 2.1 Breves reflexões sobre o ato de avaliar A avaliação da aprendizagem é um importante recurso pedagógico, imprescindı́vel para o educador e o educando perceberem-se e buscarem caminhos adequados de construção de conhecimentos e de formação de Competências e Habilidades desejáveis, em uma perspectiva emancipatória de vida. Isso significa que o ato de avaliar compreende ações inseparáveis que envolvem o estabelecimento de diagnóstico e do processo decisório. Para se diagnosticar, é necessária a definição de um marco referencial que indique os valores educacionais desejados, os princı́pios balizadores das ações pedagógicos, os sonhos, as utopias, bem como, no caso do espaço da escola, as expectativas de aprendizagem. O diagnóstico, portanto, refletirá a que distância o processo de aprendizagem encontra-se mais próximo ou afastado do marco de referência. Nessa perspectiva, o ato de avaliar implica ações de conhecer e de constatar. Essa percepção da realidade permite ao educador e ao estudante redirecionar caminhos. Ao conhecer ou constatar situações, tendo por base uma referência, atribuı́mos qualidades de satisfação ou insatisfação, em diferentes graus. Esse é um segundo momento do ato de avaliar. A partir dessa etapa, é preciso decidir o que precisa ser feito e como fazer para chegar ou se aproximar do marco desejado. O ato de avaliar pressupõe acreditar que é possı́vel alcançar o sonho, o ideal, a utopia desenhada. Pressupõe, portanto, apostar no potencial do professor e do estudante. Acreditar significa oferecer ao estudante e ao próprio professor as oportunidades de vivenciar experiências significativas que possibilitem a abertura para o novo, para o inusitado, para a superação. 8 A avaliação em uma concepção emancipatória diferencia-se de um resultado estático. Ela faz parte de um processo contı́nuo que envolve esperança (marco de referência), lucidez (percepção da realidade) e ação (tomada de decisão). Definido o marco referencial, imediatamente passamos ao diagnóstico. Para que a realidade seja bem percebida, é imprescindı́vel coletar dados relevantes. No caso especı́fico de diagnosticar o processo de construção de conhecimentos pelos estudantes, é preciso utilizar instrumentos que possibilitem a captação de dados fidedignos, que permitam ter um juı́zo de valor sobre a realidade, tendo em vista as expectativas de aprendizagem. Portanto, é preciso definir que informações se fazem necessárias para evidenciar as potencialidades e dificuldades apresentadas pelos estudantes, bem como os instrumentos mais adequados para a captação dessas informações e a forma de aplicá-los. Fica claro que não podem ser quaisquer dados, mas aqueles que permitiram identificar os avanços e as limitações, sempre tendo uma referência conceitual. Quando se pretende avaliar as áreas especı́ficas do conhecimento, os dados a serem coletados devem surgir, por exemplo, do projeto polı́tico pedagógico, que, entre outros aspectos, se apoia nas diretrizes curriculares e em uma Matriz de Referência de Conteúdos, Competências e Habilidades. O ato de avaliar, considerado dessa forma, deve se fundamentar em situações concretas previstas no projeto maior de educação. Isto é, nas práticas pedagógicas exercitadas e vivenciadas por todos os que participam da complexidade dos atos de aprender e ensinar. Por exemplo: se desejamos diagnosticar os aprendizados da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, os dados a serem levantados devem ser os que foram definidos como prioritários no planejamento de ensino e que foram alvo de um trabalho pedagógico nas aulas. Por outro lado, os instrumentos de avaliação da aprendizagem não devem ser quaisquer instrumentos, mas, sim, os adequados para coletar os dados que estamos necessitando obter para configurar o momento de aprendizagem do educando. É imprescindı́vel que os instrumentos de avaliação não estejam desvinculados do que é desejado pedagogicamente. Portanto, para obter os dados necessários a um diagnóstico da situação educacional, as provas, os testes, os exames, os trabalhos, que são os instrumentos de informação que o professor utiliza, devem ser coerentes com os Conhecimentos, Habilidades e Competências desenvolvidas no ato de ensinar e aprender. Os instrumentos utilizados precisam contemplar todos os aspectos considerados 9 essenciais no processo educacional, como, por exemplo, em uma determinada unidade de ensino. Por isso, é preciso cuidar da linguagem, da clareza dos instrumentos, para que o estudante possa compreender exatamente o que está sendo solicitado. O instrumento de coleta de dados não deve ser fácil ou difı́cil. Ele deve ser preciso, claro. Não deve ser um instrumento que imponha barreiras. Constitui-se em um instrumento de pesquisa que, se bem elaborado, dará a real dimensão da realidade educacional do estudante em um determinado momento. Ainda mais, possibilitará ao professor constatar fragilidades e avanços e redirecionar o processo. Um instrumento mal elaborado pode comprometer a apreensão da realidade e oferecer dados distorcidos da realidade, qualificando indevidamente o objeto ou o sujeito que está sendo avaliado, implicando decisões inadequadas, inapropriadas. O ato de avaliar só ganha significado quando se tem a clareza do que se deseja alcançar. O movimento que se segue implica verificar a que distância a realidade está do pretendido. Como fazer isto? Utilizando instrumentos de coleta de dados: provas, exames, exercı́cios, trabalhos individuais ou em grupos, redações, dramatizações, relatos, entrevistas, entre outros. O importante é que o instrumento seja cuidadosamente pensado, elaborado, aplicado e os seus resultados interpretados. Nesse sentido, o instrumento de coleta de dados passa a ter relevância no trabalho cotidiano da escola. Ele precisa ser bem elaborado para qualificar o quanto nossos estudantes são competentes em suas habilidades de analisar, refletir, propor, criticar, considerando os conteúdos que dão corpo às áreas de conhecimento. O presente projeto de avaliação considera as diretrizes curriculares para o Ensino Médio, a proposta curricular para a EJA no estado do Rio de Janeiro, os projetos polı́ticos pedagógicos da Rede Ceja, que expressam as expectativas de aprendizagem para jovens e adultos, bem como os módulos de ensino das áreas de conhecimento como marcos de referência. Cabe, então, a construção de instrumentos qualificados para constatar a realidade educacional de cada estudante, a partir das referências estabelecidas. Tudo em completa sintonia. Entendemos que bons instrumentos de avaliação são condição para uma prática avaliativa consistente e satisfatória. 2.2 Metodologia de trabalho A proposta é a de construir um projeto de avaliação em consonância com o material didático elaborado a partir das diretrizes curriculares para o Ensino Médio, considerando as especificidades da eja, e as expectativas de aprendizagem para jovens e adul10 tos é desafiadora. Esse grande e importante desafio só será factı́vel na medida em que todos os envolvidos no processo, em especial os professores da rede ceja, sejam participantes ativos dessa construção, já que a avaliação é parte integrante do ato educativo. Esta iniciativa irá conectar o processo de avaliação com a proposta curricular e permitirá estabelecer um padrão de qualidade de toda a rede ceja para nossos estudantes, definindo indicadores que venham revelar se a aprendizagem está ocorrendo e de que forma. O caminho teórico percorrido para fundamentar essa proposta avaliativa encontra suporte nas reflexões trazidas por alguns autores. Entre eles, Cipriano Carlos Luckesi e Maria Tereza Esteban - a questão da avaliação escolar; Marli Andre - práticas avaliativas; Maria Luiza Belloni - educação a distância; Danilo Gandin - avaliação e projeto polı́tico pedagógico; Paulo Freire - comunicação educativa. Fundamenta-se, também, nas práticas de diretores, coordenadores pedagógicos e professores atuantes na rede ceja, além de professores de outras Instituições de educação, especialistas nas áreas especı́ficas de conhecimento, avaliação e currı́culo. 2.3 2.3.1 Fases metodológicas Primeira etapa do processo de construção do Banco de Itens para a eja/rj 1. Levantamento de itens de provas ou exames já realizados nacionalmente, ou por unidades da Federação, pela equipe de Avaliação; 2. Digitalização dos itens, visando à compatibilidade de sistemas, pela Equipe de Avaliação; 3. Classificação dos itens quanto ao grau de dificuldade, pela Equipe de Avaliação; 4. Compatibilização de itens por Módulos/Unidades pela Equipe de Avaliação; 5. Disponibilização no Sistema Moodle de itens selecionados pela Equipe de Avaliação, para análise pelos professores da rede ceja, a partir dos critérios: (a) adequação ao conteúdo/currı́culo; (b) adequação ao nı́vel de dificuldade indicado pela Equipe de Avaliação; (c) adequação ao público de eja. 6. Elaboração de provas para cada Módulo/Unidades, pelos professores da rede ceja, a partir de sua experiência, conforme já vem ocorrendo, podendo, se desejar, nesse primeiro momento, utilizar os itens inseridos no Sistema ou adaptá-los; 11 7. Encaminhamento da análise de itens realizada pelos professores da rede ceja para a Equipe de Avaliação, bem como envio de itens elaborados ou adaptados pelos professores nessa primeira etapa de construção do processo avaliativo; 8. Realização de oficina de adaptação de itens com a Equipe de Avaliação; 9. Disponibilização no Sistema Moodle de mais um grupo de itens selecionados pela equipe de Avaliação, para análise pelos professores da rede ceja, a partir dos critérios: (a) adequação ao conteúdo/currı́culo; (b) adequação ao nı́vel de dificuldade indicado pela Equipe de Avaliação; (c) adequação ao público de eja. 10. Encaminhamento da análise de itens realizada pelos professores da rede ceja para a Equipe de Avaliação; 11. Realização de oficinas para revisão de itens; 12. Configuração do Banco de Itens para a eja/rj - primeira etapa. 2.3.2 Segunda etapa do processo de construção do Banco de Itens para a eja/rj 13 Capacitação de profissionais da rede ceja em metodologias de construção de itens de provas, nos moldes do inep; 14 Elaboração de itens novos para o Banco de Itens; 15 Configuração do Banco de Itens para a eja/rj - segunda etapa. 12 CAPÍTULO 3 A PROVA COMO UM INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO Cabe reforçar que o processo avaliativo é constante, contı́nuo, e faz parte integrante dos atos de aprender e ensinar. A avaliação entendida em um contexto de educação emancipatória deve ser exercitada para além da simples classificação dos estudantes, assumindo a função diagnosticadora e possibilitando ao professor acompanhar o desenvolvimento do aluno, seus avanços, suas dificuldades. Por ser constante, contı́nua, a avaliação diagnóstica deve utilizar uma variedade de instrumentos, que possibilite a obtenção de mais informações sobre o processo de construção de conhecimentos pelos estudantes. Portanto, a prova não é, nem deve ser, o único instrumento para subsidiar a avaliação do professor. Porém, na medida em que a prova faz parte do conjunto de instrumentos de avaliação, ela precisa ser elaborada adequadamente. Nesse sentido, e considerando que o objeto do Projeto é o de construir um Banco de Itens, optou-se, nesse momento, por apresentar orientações básicas sobre a elaboração de itens (questões) de resposta orientada ou objetivo. 3.1 Construindo o item de múltipla escolha: estruturação e etapas De acordo com o inep, “item consiste na unidade básica de um instrumento de coleta de dados, que pode ser uma prova, um questionário etc.” (Brasil. inep, 2006). Existem vários tipos de itens objetivos. O que irá compor o Banco de itens do presente projeto é o de múltipla escolha, que possibilita ao participante do teste optar por uma resposta entre um conjunto a ele apresentado, do qual apenas uma alternativa 13 é a correta. De acordo com o Guia de Elaboração e Revisão de Itens (volume 1) do inep (2010), o item deve indicar uma situação problema, que se caracteriza por apresentar ao participante uma situação ou fato do cotidiano, sob a forma de uma situação hipotética, assim estruturada: texto-base; enunciado, alternativas. O item deve estar referenciado por uma única Habilidade da Matriz, da proposta curricular ou dos módulos/unidades referentes às áreas de conhecimento. Devem sempre ser observados os seguintes aspectos: adequação ao conteúdo/matriz curricular; adequação ao nı́vel de dificuldade; adequação ao público de eja. A ficha a seguir, adaptada do Guia de Elaboração e Revisão de Itens (inep, 2010), apresenta os principais aspectos que devem ser considerados quando se elabora e faz a revisão de itens, bem como indica as principais etapas para a sua elaboração. 14 Ficha para orientar a elaboração e a revisão de item Código do item: 1a Leitura Aprovado ( ) 2a Leitura Aprovado ( ) Código do revisor: Aprovado com modificações do revisor ( ) Aprovado com modificações do revisor ( ) Devolvido para reformulação ( ) Reprovado ( ) 1 - Aspectos formais 1.1 Indica a habilidade? 1.2 Indica a competência da área? 1.3 Indica o nı́vel de dificuldade? 1.4 Indica as palavras-chave do item? 1.5 Indica o gabarito? 1.6 Apresenta o texto-base? 1.7 Apresenta referência bibliográfica completa do texto-base, de acordo com a abnt? 1.8 Apresenta o enunciado? 1.9 Apresenta o número de alternativas condizente com o Exame/Série? 1.10 Apresenta justificativas para cada alternativa? 2.1 2.2 2.3 2.4 2 - Composição do texto-base O texto-base é adequado em termos de coesão e coerência? A referência utilizada é fidedigna? O vocabulário e as situações utilizadas são adequados ao público de eja Rio de Janeiro? As imagens são pertinentes e de boa qualidade? 3 - Composição do enunciado 3.1 O enunciado apresenta claramente o que deve ser solucionado? 3.2 A problematização proposta pelo enunciado é satisfatória? 3.3 O vocabulário e as situações utilizadas são adequados ao público de eja Rio de Janeiro? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Sim Sim Sim Sim ( ( ( ( ) ) ) ) Não Não Não Não ( ( ( ( ) ) ) ) Sim ( ) Sim ( ) Sim ( ) 4 - Composição das alternativas e das justificativas 4.1 As alternativas relacionam-se com o enunciado e o texto-base, sem configurar Sim proposições independentes? 4.2 Há gabarito? Sim 4.3 A indicação do gabarito é correta? Sim 4.4 O gabarito é único? Sim 4.5 O gabarito é claro sem apresentar atrativos para a resolução? Sim 4.6 Os distratores são plausı́veis (sem pegadinha)? Sim 4.7 Os distratores são claros, sem indução ao erro? Sim 4.8 As alternativas apresentam paralelismo sintático e semântico? Sim 4.9 As alternativas foram redigidas sem termos absolutos (sempre, nunca,. . .)? Sim 4.10 As alternativas apresentam extensão equivalentes? Sim 4.11 As alternativas seguem uma sequência lógica? Sim 4.12 As alternativas apresentadas são corretas e válidas? Sim na∗ ( ) na ( ) na ( ) Não ( ) Não ( ) Não ( ) () Não ( ) ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) Não Não Não Não Não Não Não ( ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) ) na ( ) 5 - Adequação do item 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 ∗ O O O O O O O item atende a habilidade indicada? item atende a competência da área indicada? item é isento de erros conceituais? item é contextualizado? item é isento de informações preconceituosas ou controversas? nı́vel de dificuldade indicado é adequado? item está de acordo com a norma padrão da lı́ngua portuguesa? Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim na - não se aplica Observações complementares sobre o item 3.2 Contribuições para a prática de elaboração de item Para a maior compreensão da estrutura e das fases de elaboração de um item, vale a pena analisar um dos itens que foi elaborado pela Equipe da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, em uma oficina de construção de item ocorrida nos dias 21 15 de junho e 11 de agosto deste ano. No exemplo apresentado, é importante observar a sua estrutura (texto-base, enunciado, alternativas), assim como os principais aspectos que devem ser considerados quando se elabora um item. 3.2.1 Oficina de elaboração de itens - cecierj Formulário para elaboração de item Área do Conhecimento: Nı́vel: Linguagens e códigos e suas tecnologias ( ) Fundamental ( ) Médio O que o item avalia (habilidades/competências)? Competência 09/Habilidade 30 - Relacionar as tecnologias Dificuldade: de comunicação e informação ao desenvolvimento das ( ) Fácil sociedades e ao co nhecimento que elas produzem. (Enem) ( ) Médio Relacionar informações geradas nos sistemas de comunica( ) Difı́cil çãoe informação, considerando a função social desses sistemas. (eja) Elaborador(a): grupo de professores que participou da oficina de elaboração de item/cecierj Item 16 Figura 3.1: Revista O Globo, 10 de junho de 2012, p. 25. O desenvolvimento da sociedade está relacionado com o avanço das tecnologias, que estabelecem novos padrões de comportamento. O diálogo entre os personagens sugere que o resultado dessa modificação deve-se: (A) à confiança oferecida pelas informações transmitidas pelos meios de comunicação de massa; (B) à subordinação das pessoas aos recursos oferecidos pela Internet a ponto de prejudicar sua vida; (C) ao fato de a Internet permitir às pessoas a possibilidade de levarem uma vida isolada socialmente; (D) ao grande número de pessoas conectadas à Internet, que garante ao usuário rapidez e segurança. Justificativas: (A) errada. O texto não considera a questão da confiabilidade na relação da pessoa com a máquina nem aborda a comunicação de massa como seu foco. (B) certa. O domı́nio da Internet tem sido ampliado a ponto de interferir em vários aspectos da vida das pessoas à medida que elas se submetem a esse domı́nio. (C) errada. Embora a Internet possa induzir o usuário a uma vida isolada, o item não solicita que o candidato se detenha nesse aspecto, ele deveria perceber o nı́vel de dependência a que chega o personagem. (D) errada. A Internet, de fato, proporciona facilidade do rápido acesso à comunicação, no entanto, o item diz respeito ao estado psicológico personagem ao ser impedido de usar esse meio de comunicação. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Brasil. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anı́sio Teixeira (Inep). Guia de elaboração e revisão de itens. Brası́lia, 2010. v. 1. [2] Brasil. Ministério da Educação. Orientações curriculares para o ensino médio: linguagens, códigos e suas tecnologias. Brası́lia, 2008. v. 1. [3] Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brası́lia, 1999. [4] Brasil. Lei n◦ 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brası́lia, DF, n.248, 23 dez.1996. [5] Brasil. Ministério da Educação. Diretrizes para uma Polı́tica Nacional de Educação de Jovens e Adultos. Brası́lia: mec/fnuap, 1994. Disponı́vel em: http://mecsrv04.mec.gov.br/secad/sba/alfabetizando. Acesso em: 20 julho de 2012. [6] Esteban, M.T. (org). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro, DP&A, 1999. [7] Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1966. [8] . À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’água, 2001b. [9] Luckesi, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2002. [10] Thiollent, Extensão universitária: conceitos, métodos e práticas. Rio de janeiro. Editora da UFRJ, 2003. 18