Power, Pleasure, Patterns:
Intersecting Narratives of Media Influence
Joshua Meyrowitz
Journal of Communication, 58:641-63, 2008.
Poder, prazer, padrões: interligando
narrativas sobre a influência das mídias
Tradução e seleção de conteúdos para os slides:
Felipe Carvalho Beltrão Cavalcanti
Supervisão: Silvia M.G. Molina
Viés/ tendenciosidade dos cientistas: sempre se sabe
que ocorre em outros estudos, quase nunca se
assume que ocorre nos seus...
Para o autor, muitos estudos sobre tecnologias são
marcadamente “enviesados” dentro de três grandes
narrativas sobre o mundo.
Com o passar do tempo, estas três escolas de
pensamento se distanciaram, causando grande
fragmentação nos estudos de Media Ecology.
Em relação ao uso das mídias:
(tecnologias materiais e simbólicas)
1ª - A narrativa dos conflitos de Poder
2ª - A narrativa da busca pelo Prazer e autorrealização
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias/tecnologias através
dos quais elas próprias influenciam as sociedades.
Tecnologias como filtros sensoriais.
- O autor não pretende abolir estas narrativas, mas mostrar que elas
podem se comunicar umas com as outras mais do que geralmente
ocorre, e a ciência pode ganhar muito com isso.
Em qualquer das narrativas,
o foco central da Media Ecology/ Ecologia das Tecnologias
para o autor, está na pergunta:
- O que as mídias (as tecnologias) têm feito por nós
ou para nós?
(What do media do to us or for us?)
[-O que as tecnologias nos acrescentam, o que retiram de nós?]
Todas 3 narrativas estão embasadas em visões de mundo
diferentes. Cada uma possui diferentes valores, interpreta o
passado humano de um modo diferente, e portanto vê a realidade
de hoje de modo diferente.
- O autor defende que enxergar a realidade apenas por uma
destas “lentes” impede o observador de enxergar todos os fatos
que poderia observar.
1ª - A narrativa dos conflitos de Poder
também chamada de “Poder e Resistência”:
A vida humana é considerada uma luta pelo poder
A competição por recursos é um elemento básico da maior parte das
sociedades humanas
Tanto relações entre grupos quanto dentro de grupos envolvem
conflitos
O resultado é que os vitoriosos conseguem maior acesso aos
recursos, e com estes recursos conseguem manter suas posições e
aumentar a desigualdade cada vez mais.
1ª - A narrativa dos conflitos de Poder
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Os dominadores tendem a construir sistemas simbólicos que
naturalizem a dominação, tanto para eles mesmos quanto para os
dominados
A força bruta deixou de ser a principal arma, dando lugar a esquemas
ideológicos e psicológicos de dominação, que levam os oprimidos a
se tornarem complacentes com a situação
Mesmo assim, as revoltas sempre voltam a acontecer
1ª - A narrativa dos conflitos de Poder
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Esta narrativa vê as mídias (tecnologias materiais e simbólicas) tanto
como armas deste conflito quanto como campos de batalha que
devem ser disputados, por permitirem acesso a recursos, riqueza,
informação, representações simbólicas, poder, e o próprio acesso às
tecnologias.
1ª - A narrativa dos conflitos de Poder
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Esta narrativa descende dos trabalhos de Marx, Engels, Gramsci,
Horkheimer e Adorno.
Eles, entre outras aspectos, mostraram como aqueles que dominam
os meios de produção também dominam a produção mental de uma
sociedade.
1ª - A narrativa dos conflitos de Poder
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Esta narrativa floresceu através de estudos de crítica
cultural e de análise do discurso, principalmente mais
recentemente, enfocando os discursos presentes nos
meios de comunicação de massa modernos.
2ª - A narrativa da busca pelo Prazer e auto-realização
Também chamada de “Propósitos e Prazeres”
Humanos são seres ativos, conscientes, e cheios de propósitos na
utilização dos recursos humanos, materiais e simbólicos com os quais
eles têm contato ou criam.
Estão conscientemente usando o ambiente e uns aos outros para
satisfazerem suas necessidades e desejos individuais e coletivos. Tais
necessidades incluem comida, abrigo, interação social, sexo e
reprodução, jogos, diversão, experiências estéticas,
transmissão cultural e relaxamento.
2ª - A narrativa da busca pelo Prazer e autorrealização
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Tal processo também teria começado no início da história humana, na
confecção das mais simples ferramentas e nas mais simples tomadas
de decisões.
Tais ferramentas incluem invenções como as artes, as associações
humanas, a arquitetura, as mitologias, as religiões, entre outras.
Nesta narrativa, as interações entre as pessoas são mais vistas como
capazes de levar à satisfação mútua do que baseadas em processos
através dos quais um indivíduo ou grupo é beneficiado em detrimento
do outro.
2ª - A narrativa da busca pelo Prazer e autorrealização
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Ao interpretar as relações das pessoas com as mídias, esta
narrativa vê, por exemplo:
as audiências dos meios de comunicação como pessoas que estão
ativamente escolhendo entre diversas formas de comunicação,
tanto mediadas quanto não mediadas,
e os donos destes meios de comunicação estão lutando para
satisfazer estas audiências que podem rejeitá-los.
2ª - A narrativa da busca pelo Prazer e autorrealização
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Nomes relacionados com o embasamento teórico desta narrativa
surgem a partir da década de 40 e são Maslow , Herzog, Berelson,
Scharmm, Katz, entre outros.
O primeiro vinha da área da psicanálise, os demais desenvolveram
estudos na área de comunicação e publicidade.
Os estudos partindo desta narrativa geralmente usam a aplicação
de entrevistas e questionários, já que entendem que as vontades
das pessoas são as questões cruciais.
Também costumam separar entre o que os entrevistados desejam
ao utilizar uma tecnologia, daquilo que eles acreditam que de fato
obtêm através deste uso.
2ª - A narrativa da busca pelo Prazer e autorrealização
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Nesta narrativa, as grandes corporações podem ser vistas não como
forças dominantes, mas como parceiras ou até mesmo como
prestadoras de serviço ao público.
O autor do artigo finaliza o relato desta narrativa concluindo que,
apesar desta ser uma história lógica, ela frequentemente ignora
percepções importantes sobre as forças que limitam as opções das
pessoas, algo que é melhor abordado, de maneiras diferentes, pelas
outras duas narrativas.
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias através
dos quais elas influenciam as sociedades.
Também chamada de “Estruturas e Padrões”
Esta narrativa foca no quanto uma vida humana pode ser
influenciada pelo conjunto das estruturas naturais e criadas que
fazem parte do ambiente dentro do qual alguém está vivendo.
Neste sentido, o ambiente mais básico e exemplar para esta lógica é
o próprio corpo, que permite diversas possibilidades mas também
impõe diversos limites.
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias através dos quais elas influenciam as sociedades.
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Invenções humanas podem alterar as capacidades humanas,
encorajando algumas atividades e desencorajando outras.
Humanos podem viver em diferentes culturas e organizações sociais,
porém nem todo padrão pode existir em todo ambiente.
Por exemplo, o clima e o terreno exercem grandes influências nos
modos de subsistência, que por sua vez, influenciam as dietas
humanas, a mobilidade, as formações sociais e políticas e assim por
diante.
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias através dos quais elas influenciam as sociedades.
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Os ambientes com os quais os humanos interagem incluem as
inovações humanas, desde o domínio do fogo até os meios de
transporte.
Invenções humanas também são limitadas ou favorecidas por
fatores do ambiente, assim como também se tornam elas mesmas
ambientes que favorecem e desfavorecem outros aspectos desse
ambiente.
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias através dos quais elas influenciam as sociedades.
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Uma vez criadas e transmitidas às novas gerações através de
hábitos, instituições e valores, as inovações humanas não são/
podem não ser facilmente ou rapidamente modificadas.
Aqueles que nascem dentro delas tendem a vê-las como tão
naturais quanto as realidades ambientais ou físicas mais básicas.
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias através dos quais elas influenciam as sociedades.
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Esta narrativa tende a ver as tecnologias como ambientes que
estimulam certos aspectos e desestimulam outros.
Costuma comparar as diversas tecnologias umas com as outras,
comparando os ambientes que elas propiciam, e que muitas vezes
competem entre si (os próprios ambientes, ou seja, os usos de
tecnologias mutuamente excludentes).
Por exemplo, culturas orais possuem estruturas sociais e cognitivas
muito diferentes de culturas letradas, e cada novo desenvolvimento
nas formas de comunicação traz uma nova influência adicional.
3ª - A narrativa dos Padrões criados pelas mídias através dos quais elas influenciam as sociedades.
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Esta narrativa tomou forma a partir dos trabalhos de Innis, nos anos
40, que literalmente descreveu a história da civilização moderna em
termos de mudanças tecnológicas (indo da Mesopotâmia antiga até
o Nazismo).
Posteriormente, os trabalhos de Marshall MacLuhan deram
continuidade a estas questões.
Neil Postman também desenvolveu grandes contribuições.
Devido a estes trabalhos, hoje floresce o campo da Ecologia da
Mídia ou Ecologia das Máquinas (Media Ecology) ou Ecologia das
Tecnologias.
[Ecologia do Artificial e do Simbólico]
-O autor do artigo aponta que as três narrativas observam pontos
corretos, e talvez o único erro de cada uma seja desconsiderar
completamente as demais.
- Ele aponta que diversificar nossas formas de observar os
fenômenos tecnológicos certamente irá melhorar nossa
compreensão sobre os assuntos em questão.
Alguns exemplos de áreas onde uma única narrativa é talvez mais
capaz de explicar a questão:
-Desconstrução de propaganda de guerra: narrativa do “Poder e
Resistência”.
-Entendimento das satisfações pessoais por trás do uso de mídias:
narrativa dos “Propósitos e Prazeres”.
-Explicar mudanças estruturais entre padrões de comunicação:
narrativa das “Estruturas e Padrões”.
Alguns exemplos de áreas onde as três narrativas se fazem
necessárias:
-Cultura de celebridades: envolvem óbvias relações de poder, os
prazeres dos expectadores e os padrões das mídias através das
quais estas celebridades são criadas.
-Instrumentos de mídia independentes, como fóruns de internet,
Youtube, Wikipedia: envolvem respostas de resistência a certas
relações de poder, são movidas pelos prazeres dos usuários e são
condicionadas e criadas por certas estruturas tecnológicas.
PODER
PRAZER
PADRÕES
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