ESCOLA SUPERIOR DOM HELDER CÂMARA Faculdade de Direito A Viabilidade de Implantação do Policiamento Comunitário no Bairro Jardim Canadá no Município de Nova Lima-MG Bruno D’Assunção Coelho Belo Horizonte 2010 Bruno D’Assunção Coelho A Viabilidade de Implantação do Policiamento Comunitário no Bairro Jardim Canadá no Município de Nova Lima-MG Artigo apresentado ao Curso de Pós-graduação lato sensu em Polícia Comunitária e Segurança Cidadã da Escola Superior Dom Helder Câmara Orientadora: Adriana Maria da Costa Belo Horizonte 2010 Bruno D’Assunção Coelho A Viabilidade de Implantação do Policiamento Comunitário no Bairro Jardim Canadá no Município de Nova Lima-MG Artigo apresentado ao Curso de Pós-graduação lato sensu em Polícia Comunitária e Segurança Cidadã da Escola Superior Dom Helder Câmara Orientadora: Adriana Maria da Costa Aprovado em ____/____/________ Comissão examinadora: __________________________________________________________________________ Professor: __________________________________________________________________________ Professor: __________________________________________________________________________ Professor: Dedico este artigo primeiramente a Deus; a minha esposa Tatiana e aos meus filhos João Pedro e Luís Vítor, por compreenderem a minha ausência, durante a realização do curso; aos meus pais, aos professores e a todos aqueles que colaboraram diretamente para realização deste trabalho. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1 2 DESENVOLVIMENTO........................................................................................... 3 2.1 O marco normativo-doutrinário inicial do policiamento comunitário na PMMG... 3 2.2 A evolução doutrinária de policiamento comunitário na PMMG............................ 5 2.3 Princípios do Policiamento Comunitário na PMMG................................................ 9 2.4 O bairro Jardim Canadá em Nova Lima-MG 12 2.5 A articulação da PMMG para atender ao bairro Jardim Canadá.............................. 14 2.6 Metodologia, apresentação e análise dos dados....................................................... 14 3 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 25 A Viabilidade de Implantação do Policiamento Comunitário no Bairro Jardim Canadá no Município de Nova Lima-MG Bruno D’Assunção Coelho ∗ RESUMO Este artigo discorre sobre a viabilidade de implantação do policiamento comunitário, nos moldes regulados pelo ordenamento normativo-doutrinário da PMMG, no bairro Jardim Canadá, município de Nova Lima- MG e analisa os indicadores de criminalidade no referido bairro, no período compreendido entre os anos de 2007 e 2010. Palavras-chave: Policiamento comunitário. Jardim Canadá. Nova Lima-MG. 1 INTRODUÇÃO A busca pela realização satisfatória do policiamento denominado comunitário vem sendo objeto de estudos ao longo das últimas décadas, tanto no Brasil como em vários países do mundo, por ser tema que envolve a participação do público e da polícia para a efetivação de soluções de problemas e também por estar relacionada à qualidade de vida da população. Este artigo tem a pretensão de contribuir para a discussão do tema, sob a perspectiva específica da observação do bairro Jardim Canadá, município de Nova Lima-MG, verificando a viabilidade da implantação do policiamento comunitário junto à comunidade da referida localidade, com enfoque para a doutrina de atuação da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), na relação entre a polícia e o público, no período compreendido entre os anos de 2007 e 2010. O modelo de policiamento comunitário desenvolvido pela PMMG reflete a opção de gerenciamento adotado pela citada Instituição, demonstra a tendência de modernização na execução operacional de uma forma de policiamento e sugere os resultados a serem alcançados pelas medidas de interação propostas pelas normas da mesma polícia. ∗ Oficial Intermediário da Polícia Militar de Minas Gerais, graduado pelo Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais, atualmente exercendo o cargo de Subcomandante da Primeira Companhia Independente da Polícia Militar, sediada em Nova Lima-MG. Inicialmente, estabeleceu-se o problema que fundamentou este artigo: A implantação do Policiamento Comunitário, no bairro Jardim Canadá em Nova Lima-MG, nos moldes regulados pelo ordenamento normativo-doutrinário da PMMG, é viável? Nesse sentido, partiu-se, então, da hipótese de que é viável a implantação do Policiamento Comunitário, no bairro Jardim Canadá em Nova Lima-MG, nos moldes regulados pelo ordenamento normativo-doutrinário da PMMG, considerando especialmente a necessidade da adoção de estratégias de policiamento mais profissional para substituir as estratégias tradicionais de policiamento rotineiramente empregadas. Dando seqüência, elegeu-se o objetivo geral de analisar se é viável implantar o Policiamento Comunitário no bairro Jardim Canadá, sob o enfoque do ordenamento normativo-doutrinário da PMMG. Os objetivos específicos elencados para a realização da pesquisa foram relacionados à verificação do atual tipo de policiamento executado, à análise das características da comunidade e à definição das condições necessárias para a implantação do Policiamento Comunitário no bairro Jardim Canadá nos moldes propostos pela PMMG. A motivação para o desenvolvimento deste artigo recebeu o impulso da necessidade de se estudar os registros estatísticos sobre a criminalidade no bairro Jardim Canadá, com base, especificamente, nas ocorrências relativas ao período de setembro de 2007 a setembro de 2010. A partir dessa referência temporal e espacial foi iniciado o trabalho que passou a discorrer sobre a possibilidade de uma maior eficiência e proximidade do policial militar com a citada comunidade, por intermédio da implantação do policiamento comunitário. Novos conceitos estão sendo construídos, todos os dias, para a realização dos variados tipos de serviços existentes, e por isso verificou-se a importância de se discutir este tema, motivo pelo qual este artigo enfoca a viabilidade da implantação da mencionada forma de policiamento comunitário, que segue orientações normativo-doutrinárias da PMMG. A influência das doutrinas específicas da PMMG na promoção da participação do público e dos integrantes da referida Instituição em uma forma de policiamento comunitário no bairro Jardim Canadá em Nova Lima-MG é um assunto específico, que ainda não havia sido pesquisado sob o referido ponto de vista. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 O marco normativo-doutrinário inicial do policiamento comunitário na PMMG As organizações da atualidade estão abrindo as portas para demonstrarem a valorização dada às questões humanitárias, defendendo a ética e a transparência, afirmando não serem possuidoras de ambiente árido, praticando compartilhamento, exibindo tendências de que pretendem mudar comportamentos e atitudes, enquanto discutem o auto-desenvolvimento dos indivíduos que formam o respectivo corpo de pessoal. O relacionamento com os clientes passou a ser prioridade nas organizações e o relacionamento com o publico destinatário dos serviços se tornou assunto amplamente discutido. Na PMMG, uma instituição mineira secular, as mudanças não foram diferentes, e a Instituição caminhou no sentido de melhorar o respectivo ordenamento normativo-doutrinário, concebendo documentos que incorporaram esse espírito, tanto no enfoque do policiamento comunitário como no âmbito do relacionamento inter-organizacional. A partir do início dos anos 1990, especificamente por intermédio da Diretriz de Planejamento de Operações (DPO) 3.008, de 14 de Junho de 1993 - Polícia Comunitária - e das Diretrizes de Operações Policiais Militares (DOPM) 12/94, de 11 de Janeiro de 1994, a PMMG passou a enfocar o policiamento comunitário como uma medida de avanço constante. O propósito da DPO 3008/93-CG, marco da filosofia de Polícia Comunitária na PMMG, foi atingido no momento em que a Instituição promoveu de forma satisfatória a integração com a comunidade, demonstrando que a polícia sobrevive em função dos cidadãos, pois estes são destinatários dos serviços considerados indispensáveis à preservação da ordem coletiva. No citado marco de evolução como polícia, a PMMG enfatizou os pilares da parceria, da cooperação, da agilidade e da excelência profissional, que embora estivessem distantes da realidade cultural para aquele momento, vieram para combater e venceram os costumes de postura reativa até então adotados no âmbito da Instituição. A citada Diretriz, como nascedouro de uma vocação adormecida, trouxe em seus pressupostos o modelo de policiamento almejado pelas comunidades e lideranças, enfocando a prioridade da atuação preventiva, por intermédio de uma orientação de cunho normativo-doutrinário, condutora dos integrantes de seus quadros à compreensão de que a presença mais permanente do militar junto à determinada localidade se tornava essencial. As comunidades, carentes de proteção e socorro, demonstraram estar necessitadas de respostas ágeis por parte da polícia e para tanto a PMMG se alinhou neste sentido, dando preferência ao emprego do policiamento no processo a pé, aproximando o policial das pessoas destinatárias dos seus serviços. A máxima foi estabelecida no sentido de que comunidade e polícia deveriam ser parceiras, em estado constante de cooperação, identificando e discutindo problemas, na busca de soluções conjuntas. Desenvolvendo um atendimento de forma satisfatória à quase totalidade dos acionamentos feitos pelas comunidades, sob o embasamento filosófico da referida diretriz, a PMMG foi evoluindo gradualmente e aos poucos foi reforçada a “visão sistêmica da defesa social e da segurança pública e gestão compartilhada das políticas públicas”. A mesma Diretriz motivou a “transparência das atividades desempenhadas pela polícia, de forma a permitir um maior controle pela população”. O militar da PMMG passou a atuar como “planejador, solucionador de problemas e coordenador de reuniões para troca de informações com a população”. O marco foi estabelecido e a Instituição passou a executar suas atividades operacionais com “maior enfoque para a necessidade de um envolvimento comunitário, na busca da excelência organizacional da Polícia Militar". A comunidade foi mobilizada, o policiamento a pé foi restabelecido e incorporado como elemento ícone da prevenção, apresentando a Polícia Militar nas ruas, envolvendo o policial militar com as pessoas e aos poucos foram superadas as funções tradicionais da polícia, dentre elas a mais improvável de surtir efeito positivo, por estar relacionada ao controle reativo da criminalidade. Na mesma esteira e quase que de forma simultânea, a PMMG abordou o planejamento, a coordenação, a execução e o controle das atividades de polícia ostensiva de preservação da ordem pública, em todo o Estado de Minas Gerais, por intermédio da DOPM - 12/94, estabelecendo os principais pressupostos básicos para o processo cíclico que envolve a gestão das operações. A citada Diretriz, especificamente no que se refere ao Policiamento Comunitário, estabeleceu a Polícia Comunitária “como uma nova maneira de pensar na proteção e socorro públicos”. A mesma Diretriz enfatizou que esta maneira de pensar “baseia-se na crença de que os problemas sociais terão soluções cada vez mais efetivas, na medida em que haja a participação da população na sua identificação, análise e discussão”. 2.2 A evolução doutrinária de policiamento comunitário na PMMG O tema Policiamento Comunitário evoluiu no Brasil partindo do pressuposto de que a transgressão à esfera individual, pessoal, própria do indivíduo em si, é aquela que mais se apresenta na forma latente nas sociedades modernas, atingindo por via de conseqüência o patamar da coletividade e, em decorrência disso, os interesses difusos e coletivos também findam por serem atingidos. Neste contexto, se iniciaram os estudos detalhados sobre as instituições policiais, bem como passaram a ser estudadas as diversas dimensões da vida social e o padrão violento de atuação da polícia nos grandes centros urbanos. As polícias, por fim, foram destacadas como instituições centrais na polêmica e contraditória extensão de direitos de cidadania a toda a sociedade, e daí vieram as vozes das classes excluídas. Assim, quando o foco recai sobre o papel da polícia comunitária frente aos direitos fundamentais, torna-se indispensável analisar tanto os direitos individuais, que dizem respeito à determinada pessoa, como também os direitos homogêneos, pois estes últimos podem ser alcançados por todos, justamente por serem patrimoniais. Entretanto, não se pode perder de vista os direitos difusos, pois eles fundamentam-se na interpretação de que não deve haver desprendimento das garantias da dignidade da pessoa humana, considerando que eles são a própria dignidade em outra configuração mais ampla e mais importante O Brasil foi alcançado pelo estado democrático de direito tão almejado, a partir das primeiras reuniões da Assembléia Nacional Constituinte e da promulgação da atual Constituição Federal em 1988, momento no qual surgiram as primeiras discussões focadas na essência da verdadeira democracia. Naquela época, de acordo com Paixão (1988:188), "(...) grande parte do trabalho da polícia não envolve interação com criminosos - mas sim com populações definidas socialmente como focos potenciais de recalcitrância”, se referindo à desobediência ou à resistência decorrente das intervenções policiais junto aos cidadãos. Decorridos os anos após esta leitura sobre o momento vivido pela polícia no contexto da nação, se iniciam no início do século XXI as discussões mais acentuadas em torno dos modelos ideais de polícia e a primeira temática está relacionada à crença vigente no modelo tradicional de polícia, considerando que a presença ostensiva do policial é a maior força representativa da prevenção. Entretanto, o modelo de Polícia Militar no Brasil permanecia o mesmo, em decorrência das mudanças impostas a todas as instituições militares do Brasil no final dos anos 60. As Polícias Militares, em geral, por força das imposições reguladoras estabelecidas naquela época, especificamente em decorrência do Decreto-lei 667/69 1, permaneceram articuladas operacionalmente em regiões, áreas, subáreas e setores de policiamento, sob a responsabilidade de Comandos Regionais, Batalhões, Companhias e Pelotões, respectivamente. Em Minas Gerais a articulação da polícia militar não foi modificada. A PMMG, instituição militarizada, se manteve articulada como uma força militar auxiliar do Exército Brasileiro, dentro dos padrões de articulação inerentes às organizações militares profissionais. O assunto sempre foi polêmico e os estudiosos começaram a indagar sobre a relação dos efetivos das polícias e dos resultados que esses efetivos provocavam nos locais onde atuavam. Na visão de Bayley apud Beato (2001:10) "(...) existe um enorme consenso entre os pesquisadores a respeito do baixo efeito que o efetivo policial tem sobre as taxas de criminalidade". Neste mesmo sentido, o citado autor questiona se a estratégia adotada pela PMMG é válida, pois a Instituição estava alocando seus recursos humanos e materiais disponíveis, dando prioridade para aquelas regiões onde estavam sendo registradas as maiores incidências de criminalidade. Beato Filho (2001:10) apontou a interessante constatação de que em Minas Gerais, a Polícia Militar distribuía seus recursos materiais e humanos nas áreas onde predominavam os crimes contra o patrimônio e os conflitos sociais. 1 O Decreto-lei nº 667, de 2 de julho 1969 reorganizou as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, e estabeleceu que as Polícias Militares fossem consideradas forças auxiliares, reserva do Exército, organizadas na conformidade do referido Decreto-lei. Todavia, o mesmo não ocorria em relação aos crimes contra a pessoa, que apresentavam a menor correlação de efetivo policial versus número de habitantes, como no caso do homicídio. O mesmo autor concluiu então que o modelo de atendimento orientado por incidentes provoca um natural distanciamento entre policiais e as populações locais, e que tal modelo inviabiliza qualquer tentativa de desenvolvimento no conjunto de ações preventivas inteligentes. Beato Filho (2001) Baseados em estudos, como o anteriormente citado, além de outros que também contribuíram para a discussão dos referidos temas, e diante das afirmações suportadas por uma lógica aceitável, a PMMG também observou as mesmas evidências e promoveu ainda mais as necessárias mudanças em sua atuação operacional. Diante da necessidade de evoluir ainda mais seu ordenamento de cunho normativodoutrinário, a PMMG editou a Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública 01/CG, em 27 de Março de 2002, que consolidou os modernos princípios para o emprego da Instituição na segurança pública, revogando as DOPM 12, de 11 de Janeiro de 1994. Os novos pressupostos básicos, a partir de então, passaram a ser um conjunto com a finalidade de reger a estrutura do processo de planejamento, execução e avaliação das atividades de polícia ostensiva com enfoque na gestão orientada por resultados. Neste contexto, a temática referente ao policiamento comunitário passou a ser influenciada também pelo “acompanhamento da evolução da violência, criminalidade e características sócio-econômicas dos municípios, com o uso do geoprocessamento e indicadores estatísticos de segurança pública”, seguindo os ditames da referida diretriz. Os instrumentos idealizados pela norma foram o da “avaliação de resultados e estabelecimento de metas a serem atingidas” e o “envolvimento comunitário, através dos Conselhos Comunitários de Segurança Pública (Consep)”. Em 16 de dezembro de 2002 foi editada a Diretriz Para a Produção de Serviços de Segurança Pública 04/CG, que instituiu a filosofia de Polícia Comunitária na PMMG. A partir de então a relação com a sociedade adquiriu nova dimensão, representando uma reação institucional aos desvios inicialmente verificados na implementação do policiamento comunitário, sendo consideradas as orientações introduzidas pela DPO-3008/93-CG. A Diretriz relacionada à filosofia de polícia comunitária editada em 2002 trouxe em seu bojo a justificativa de que "desde a adoção da Polícia Comunitária pela PMMG, importantes mudanças foram feitas em relação às experiências anteriores.” A justificativa destacou o “abandono do enfoque central nas parcerias logísticas - segundo o qual os membros das comunidades terminavam por financiar, como compensação para a carência de recursos destinados pelo Estado, a prestação de serviços pela Instituição”. A nova doutrina exigiu menos romantismo e mais realismo na execução do policiamento comunitário e os princípios para a sedimentação do sistema objetivaram que “é necessário que todos na instituição conheçam os seus princípios, praticando-os permanentemente e com total honestidade de propósitos.” Na sequência, a Diretriz para a Produção de Serviços de Segurança Pública no 05/2002, de 27/12/2002, assinada pelo Comandante-Geral da PMMG, passou a estabelecer sobre a estruturação e funcionamento dos Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEP). A mesma diretriz da PMMG conceitua o CONSEP como “Entidade de direito privado, com vida própria e independente em relação à Polícia Militar ou a qualquer outro órgão público” reforçando o entendimento de que os citados conselhos não devem ser confundidos com os conselhos municipais de segurança pública, pois estes últimos “são criações dos poderes legislativos municipais, com propósitos político-partidários e voltados para a definição de ações estratégicas que influenciem o ente federativo como um todo”. Os CONSEP foram idealizados pela PMMG com a finalidade de congregarem as lideranças comunitárias, as autoridades policiais e os representantes de outros órgãos públicos ligados direta ou indiretamente à segurança pública, além de discutirem e adotarem medidas práticas que pudessem resultar na melhoria da qualidade de vida das comunidades, especialmente aquelas que apresentem maior exposição a fatores de risco que interfiram na dignidade humana. Os referidos Conselhos, em razão da citada norma interna da PMMG, passaram a ser direcionados a “democratizar o planejamento das atividades de polícia ostensiva de preservação da ordem pública, no âmbito de cada município”, tendo como finalidade precípua, no espaço de abrangência de cada CONSEP, a definição das prioridades de segurança pública. Desse momento em diante, os objetivos mais imediatos do policiamento comunitário deveriam aumentar a sensação de segurança subjetiva da população, possibilitando a confiança em relação à polícia, ao mesmo tempo no qual a comunidade passaria a contribuir para o controle da criminalidade. A comunidade se tornou usuária verdadeira do serviço policial e passou a ser ouvida, demonstrando possuir um importante papel estratégico na orientação da ação policial. Nesse mesmo contexto, Leigton apud Freitas (2003), observa que “a polícia comunitária representa o marco na mudança do conceito de ‘força’ policial para ‘serviços’ policiais” (p.26). Os CONSEP podem então ser observados como parceiros em uma estrutura criada como uma estratégia da PMMG para a realização da consulta à comunidade, aumentando o envolvimento da sociedade civil nos difíceis e delicados processos de decisão sobre a atividade dos policiais na localidade, desde que estejam inseridos nesses propósitos, 2.3 Princípios do Policiamento Comunitário na PMMG As transformações verificadas nas agências policiais de alguns países inspiraram as polícias latino-americanas a desenvolverem suas estratégias de policiamento. A PMMG está incluída neste contexto como uma seguidora de vários princípios oriundos de procedimentos institucionais de policiamento direcionados à melhoria da execução policial para a prevenção do crime nos países desenvolvidos, especialmente aqueles relacionados às experiências realizadas nos Estados Unidos da América. O ordenamento normativo-doutrinário da PMMG é decorrente da análise desses modelos institucionais para a execução do policiamento, seja tradicional ou profissional, segundo Moore (2003); estratégico, nos termos de Moore e Trajanowicz (1998); comunitário ou de prevenção do crime baseado na comunidade, conforme Bayley e Skolnick (2002); ou para solução de problemas, de acordo com Goldstein (1979) e Moore (2003). Nos EUA, a implantação do modelo de policiamento profissional foi decorrente das inovações tecnológicas introduzidas naquele país, e de acordo com Moore e Trajanowicz (1988: 73) a estratégia do "combate profissional ao crime (...) levou a polícia de um mundo de amadorismo, falta de lei e vulnerabilidade política para um mundo de profissionalismo, integridade e independência política". Neste contexto, no conceito de policiamento tradicional está explícita a opção das polícias pelo controle da criminalidade como principal e exclusiva finalidade do policiamento. Em razão disso, Moore e Trajanowicz (1988:73) estabelecem que um dos principais pressupostos do modelo profissional é "uma focalização direta sobre o controle da criminalidade e a resolução de crimes". O policiamento tradicional é caracterizado pelo isolamento social da polícia, representado pelo seu distanciamento das comunidades, procedimento que reflete de maneira negativa na solução dos problemas locais de segurança pública e na legitimidade das agências policiais, pois esse modelo de policiamento é descrito por vários autores como fator impeditivo ao atendimento de um anseio básico do cidadão, que deseja a presença real e não potencial da polícia. Diante desta constatação, os princípios do policiamento comunitário idealizados pela PMMG foram reorganizados e a partir da edição da Diretriz para a produção de serviços de segurança pública 04/2002, esses passaram a se iniciar pela “Filosofia e estratégia organizacional”, conceito no qual a base desta filosofia é a comunidade. A mesma Diretriz estabelece que o direcionamento dos esforços de polícia seja otimizado pela procura dos anseios e das preocupações nas próprias comunidades, a fim de traduzi-los em procedimentos de segurança, considerando ainda que a mesma diretriz condena a busca por idéias pré-concebidas. (Diretriz para a produção de serviços de segurança pública 04/2002. pp-8-9) Outro principio é o do “Comprometimento da organização com a concessão de poder à comunidade”, pois os cidadãos, dentro da comunidade, devem participar como parceiros plenos da polícia, tanto dos direitos como das responsabilidades envolvidas na identificação, priorização e solução dos problemas. O policiamento deve ser “descentralizado e personalizado”, pois “é necessário um policial plenamente envolvido com a comunidade, conhecido pela mesma e conhecedor de suas realidades.” No que se refere à “resolução preventiva de problemas a curto e a longo prazo” foi estabelecido como princípio que “a idéia é que o policial não seja acionado pelo rádio, mas que se antecipe à ocorrência.” A pretensão da norma foi direcionada à diminuição do número de chamadas das Centrais de Emergência. A ética, a legalidade, a responsabilidade e a confiança, foram elencadas em um princípio importante do Policiamento Comunitário, considerando que essa forma de policiamento “pressupõe um novo contrato entre a polícia e os cidadãos que ela atende, com base no rigor do respeito à ética policial, da legalidade dos procedimentos, da responsabilidade e da confiança mútua que devem existir.” A mesma diretriz também considerou que “cada policial passa a atuar como um chefe de polícia local, com autonomia e liberdade para tomar iniciativa, dentro de parâmetros rígidos de responsabilidade”, como principio de “extensão do mandato policial”. A “ajuda às pessoas com necessidades específicas” é um princípio direcionado à valorização da vida de “pessoas mais vulneráveis: jovens, idosos, minorias, pobres, deficientes, entre outros. Isso deve ser um compromisso inalienável do Policial Comunitário”. O princípio “criatividade e apoio básico” estabelece a necessidade de que exista “confiança nos profissionais que estão na linha de frente da atuação polícia”. Trata-se de um principio baseado em “confiar no seu discernimento, sabedoria, experiência e sobretudo na formação que recebeu.” A “mudança interna” é o principio relacionado à peculiaridade de que o “policiamento comunitário exige uma abordagem plenamente integrada, envolvendo toda a organização”. O último dos princípios, a “construção do futuro”, está baseado na necessidade de que seja oferecido à comunidade “um serviço policial descentralizado e personalizado, com endereço certo.” Observa-se, portanto, que a sedimentação da Polícia Comunitária depende da transferência de poder à comunidade, para que esta possa auxiliar no planejamento das atividades de segurança pública, influenciando na melhoria da qualidade de vida local e na eficiência da Polícia Militar. Por esta razão, a criação de Conselhos Comunitários de Segurança Pública (CONSEP) se tornaram tão importantes para o atingimento dos objetivos propostos pela PMMG, especialmente pelo fato da citada Instituição reconhecer a necessidade de apoiar a criação, a estruturação e o funcionamento desses conselhos, por meio da sensibilização e da mobilização comunitária. 2.4 O bairro Jardim Canadá em Nova Lima-MG O bairro Jardim Canadá foi objeto de estudo sobre o impacto do empreendimento denominado Mina Capão Xavier, em 2002, quando a empresa responsável pela coleta dos dados 2 apresentou um trabalho sobre vários itens verificados em pesquisa direta, dentre eles, o item “Propostas existentes para o desenvolvimento econômico”. Na época, Nova lima já era tratado como “município hospedeiro”, sendo feita a consideração sobre o esgotamento das áreas residenciais da região sul da capital mineira, fato que, por via de conseqüência, apresentava a tendência de que, a curto e médio prazo, ocorresse migração de uma parte da população de Belo Horizonte para bairros limítrofes entre os dois municípios. Os pesquisadores destacaram a formação do centro de comércio e serviços no bairro Belvedere III, situado em Belo Horizonte, e os rápidos efeitos da transformação daquela região e de outras áreas, como a extensão marginal da BR-040 no sentido ao Rio de Janeiro. Apesar das limitações decorrentes da presença de unidades de conservação ambiental e de áreas de mineração, foi dado enfoque ao bairro Jardim Canadá pelo perceptível processo de transformação apresentado naquela parte do município de Nova Lima, especialmente como opção para o assentamento de atividades comerciais, de serviço e indústrias. O município de Nova Lima, mesmo tendo a garantia de condições mínimas de sustentabilidade social e econômica, decorrentes de suas reservas de minério, dependia de ações de controle para consolidar as expansões comerciais e de serviços do bairro Jardim Canadá, além de outros pontos em desenvolvimento de assentamentos. O mesmo estudo verificou a inexistência de proposta especifica para o Jardim Canadá no planejamento municipal, sob a argumentação de que não havia patrimônio histórico nas proximidades, tornando a área imprópria para atividades turísticas, e que o padrão de ocupação do bairro era determinado por carências em sua infra-estrutura, inviabilizando projetos mais ousados. Entretanto, a localização estratégica do bairro, no eixo da BR-040, a meio caminho do segmento sul do município, deveria prevalecer sobre os empecilhos e garantir o dinamismo econômico do Jardim Canadá, independentemente da implantação do empreendimento Capão Xavier. 2 Praxis – Projetos e consultoria Contrariando as expectativas em torno do lugar, de acordo com publicação em matéria jornalística 3, e mesmo sem um planejamento específico, o bairro Jardim Canadá tornou-se o pólo empresarial e industrial que registrou o maior crescimento no município de Nova Lima, atingindo em 2009 o registro de aproximadamente 700 empresas das 1100 instaladas na região noroeste de Nova Lima. A mesma matéria informa que a Prefeitura de Nova Lima estima que o bairro possua aproximadamente 10.000 habitantes, 1.200 imóveis residenciais, 606 empresas comerciais, 38 prestadoras de serviços e 58 indústrias, além do Jardim Canadá representar a parcela correspondente ao segundo maior contribuinte de arrecadação tributária do município. A Associação Industrial e Comercial do Jardim Canadá (AICJC), de acordo com a mesma publicação, possui dados que comprovam que 6.000 empregos diretos são gerados pelas atividades desenvolvidas no bairro. A então Presidente da Associação Industrial e Comercial do Jardim Canadá, no ano de 2009, declarou na citada matéria jornalística que o bairro existe há mais de cinqüenta anos, mas que o movimento de ocupação residencial foi iniciado há vinte anos e que houve uma expansão expressiva nos últimos dez anos. O bairro foi tema de outra matéria denominada “Jardim Canadá cresce dividido entre o luxo e a pobreza”,4 em razão da existência de ruas de terra batida e casas sem rede de esgoto, estando estas características em um ambiente de “requinte e sofisticação”. A matéria informa que, apesar da vasta opção de comércio e indústria, os bens ofertados no bairro são acessíveis apenas para uma parte de seus habitantes, mesmo diante da estimativa do município de que são gerados quarenta novos empregos a cada mês, sendo esta média mantida desde o ano de 2005. Segundo Vargas (2003) o espaço do Jardim Canadá é heterogêneo, possuindo um numeroso segmento de moradores de baixa renda na porção sul do bairro, nas proximidades da rodovia, enquanto os moradores de renda mais elevada ocupam moradias na porção mais alta e ao fundo do bairro. 3 4 Revista Perfil – abril de 2009. Jornal “O Tempo” – maio de 2009. 2.5 A articulação da PMMG para atender ao bairro Jardim Canadá O bairro Jardim Canadá, localizado no município de Nova Lima-MG, está inserido na responsabilidade territorial da Primeira Companhia Independente da PMMG (1ª Cia Ind PM), sediada em Nova Lima. A localidade, especificamente para os efeitos do sistema de defesa social em Minas Gerais, é componente da Área Integrada de Segurança Pública 64 (AISP 64), que também engloba os bairros: Alphaville, Balneário Água Limpa, Capela Velha, Estância do Estoril, Estoril, Fazenda do Engenho, Jardim Amanda, Jardim Monte Verde, Lagoa do Miguelão, Mina do Tamanduá, Morro do Chapéu, Parque do Engenho, Parque do Tumba, Passárgada, São Sebastião das Águas Claras, Serra de Manacás, Solar da Lagoa e Vale do Sol. No que se refere especificamente à articulação de Polícia Militar, o bairro Jardim Canadá está na responsabilidade territorial do 4º Pelotão da 1ª Cia Ind, estando a sede do citado pelotão localizada no próprio bairro. A 1ª Cia Ind PM está subordinada à 3ª Região da Polícia Militar, sediada em Vespasiano-MG. 2.6 Metodologia, apresentação e análise dos dados Durante a revisão bibliográfica, verificou-se a necessidade da realização de uma pesquisa exploratória, com a finalidade de aprofundamento nos assuntos que envolvem o tema. A revisão bibliográfica foi breve, mas ofereceu os elementos necessários ao início da pesquisa exploratória e, acompanhando a visão dos estudiosos de polícia, verificou-se a conveniência de evidenciar as relações existentes entre o CONSEP, a Associação Industrial e Comercial do Jardim Canadá (AICJC) e o policiamento comunitário executado no bairro. A busca por esta evidência foi baseada no fato de que a informação é um importante elemento de racionalização entre as atividades realizadas pelos citados segmentos. O simples levantamento das ocorrências ocorridas no bairro produz um conhecimento que conduz a polícia no desenvolvimento das ações, determinando metas e evitando procedimentos difusos. Contudo, Manning (2003) orienta que, além disto, a informação deve ser vista como o insumo básico para a ação policial e que a fonte básica para sua obtenção é a população. Então, sob este enfoque comunitário, o mesmo levantamento permitiu a associação das ações da polícia às ações de cunho social, independentemente de policiais estarem diretamente envolvidos nestas últimas, considerando que um bom programa de policiamento comunitário depende de análises baseadas em informações bem caracterizadas, especialmente pelos referenciais temporal e espacial. Neste contexto, o CONSEP e a AICJC tendem a assumir um papel importante e passam a funcionar de forma a complementar o trabalho policial, incluindo nessa complementação a figura de um instrumento que coopera com a análise dos crimes ocorridos no bairro. Considerando que Manning (2003) destaca o papel da cultura e do trabalho policial no processamento dessas informações, sob a consideração de que a polícia depende de informações para realizar seu trabalho e que a população é a sua principal fonte de informações, foi realizada a revisão da literatura, a partir de onde se perguntou: As informações dos dados da Polícia Militar são compartilhadas com o CONSEP? Há resistência de militares contra o CONSEP? Há resistência dos membros do CONSEP contra a PM? A PM manda representantes nas reuniões do CONSEP? A PM aceita as opiniões do CONSEP? Qual foi a última reunião do CONSEP e qual a periodicidade dessas reuniões? A pretensão de tais perguntas foi a de verificar se existe acompanhamento da comunidade do Jardim Canadá sobre os dados referentes à criminalidade naquele bairro e se os dados são utilizados pelo CONSEP local ou pela AICJC. Ao mesmo tempo foi verificada a possível resistência que pudesse existir entre os representantes da comunidade e a Polícia Militar e também o grau de integração e interatividade existente entre os citados segmentos. A primeira entrevista da pesquisa exploratória foi realizada com o Oficial Superior Comandante da 1ª Cia Ind PM sediada em Nova Lima-MG. A segunda entrevista foi realizada com o Oficial Subalterno Comandante do setor de policiamento responsável pelo bairro Jardim Canadá. A terceira foi realizada com o Presidente da AICJC , sendo focada nas atividades da Associação e nos interesses da comunidade em participar do policiamento comunitário. A quarta e última entrevista, além dos itens comuns a todos os entrevistados, abordou especificamente a questão do CONSEP e foi feita diretamente com o Presidente do referido conselho, enfocando o uso das informações sobre a criminalidade no bairro. Nesse sentido, os quatro entrevistados responderam as perguntas relacionadas aos temas: policiamento comunitário, sistema de informações da PMMG, significados das codificações das ocorrências, utilização dos dados pelo CONSEP e pela AICJC, as finalidades do CONSEP, uso da inteligência policial e resistência ao trabalho do CONSEP. A partir dos relatos obtidos, constatou-se que há um sistema informatizado e bem estruturado que processa os dados e produz um conjunto de informações, baseado em registros de ocorrências policiais atendidas na área da 1ª Cia Ind PM, discriminando os eventos por Áreas Integradas de Segurança Pública (AISP). O sistema de classificação das ocorrências estrutura-se em categorias, grupos e classes, mas não é muito bem compreendido no meio civil, apesar de ser usado também por outros órgãos policiais. Os membros do CONSEP têm alguma dificuldade para se familiarizarem com os códigos e compreender a forma como estes são analisados e os membros da AICJC não possuem acesso aos mesmos dados, senão quando são convidados a participarem das reuniões do CONSEP ou mesmo quando fazem parte do referido conselho ao mesmo tempo em que representam a citada Associação. Um dos entrevistados afirmou que as informações permitem um excelente conjunto para análise e dessa análise podem ser desencadeadas as ações necessárias, mas para diminuir a criminalidade a população deve cooperar, atuando em parceria com a PM. Todos os entrevistados afirmaram que as informações são disponibilizadas para o CONSEP, mas que os efeitos práticos no uso dessas informações ainda dependem de mais atuação por parte dos membros do citado Conselho e dos demais envolvidos na solução dos problemas. Um dos entrevistados afirmou que as informações não podem ser utilizadas exclusivamente para a cobrança de um policiamento melhor, pois nem sempre os índices serão reduzidos de imediato, considerando que a manutenção do índice, dependendo do delito, pode ser compreendida como aceitável. Todos os entrevistados concordam no sentido de que não há necessidade de intervenção de polícia em cem por cento dos casos, pois inúmeras situações podem ser resolvidas pela própria comunidade e não carecem de atuação policial. Da mesma forma, todos os entrevistados concordaram que o CONSEP é uma fonte de informação sobre a sensação de segurança percebida pela comunidade e que as informações oriundas do CONSEP não podem ficar restritas ao conselho, mas foi verificada a compartimentação de informações entre o CONSEP e a AICJC; exceção feita aos casos nos quais o membro do CONSEP também pertence à AICJC. Os dois Oficiais PM entrevistados discordam que as informações de uso restrito da PM devem ser liberadas para o CONSEP, por força da própria norma interna da Instituição, apesar do Presidente do Conselho entender que o CONSEP do Jardim Canadá deveria ser informado sobre tudo o que diz respeito à segurança pública no bairro. Mesmo assim o Presidente do CONSEP demonstrou entender que a PMMG não pode compartilhar todos os dados e informações, mas ressaltou que a integração é tão boa ao ponto da proximidade entre os órgãos permitir que todos possuam informações úteis a serem utilizados em prol da comunidade. Os militares da PMMG são vistos como parceiros do CONSEP e o citado Conselho se esforça para realizar as reuniões simultaneamente com as reuniões da AICJC, quando estas são voltadas para o tema segurança pública. Os Oficiais Comandantes entrevistados afirmaram que as reuniões do CONSEP são geralmente à noite e há dificuldade para a participação dos militares envolvidos, em razão dos horários de trabalho na PM, mas não percebem resistência ao CONSEP, embora exista o paradigma de que o civil vai interferir e tentar dar ordens ao policial militar. Os mesmos Oficiais confirmaram que compartilham as informações que possuem com o CONSEP e que não observam resistência dos militares em relação à existência e atuação do referido Conselho, entendendo que também não há resistência do Conselho para com os militares que atuam no bairro. A PMMG é representada nas reuniões do CONSEP, momento no qual ocorre o debate sobre os temas mais importantes e sobre a demanda operacional de polícia no bairro, constatando-se que a Instituição se faz presente em todas as reuniões mensais do CONSEP. O membros da AICJC foram vistos pelos mesmos Oficiais Comandantes como pessoas interessadas na solução dos problemas, mas afastados do sistema de policiamento comunitário, em razão de a associação possuir outras atribuições além da preocupação com a segurança publica no bairro. Durante as entrevistas, constatou-se que a AICJC considera a PMMG participativa nas questões da Associação, não existindo qualquer resistência em nenhum dos lados e os convites para integração e interação são constantes e recíprocos. Em conclusões preliminares, percebeu-se na fase exploratória da pesquisa, que os entrevistados são facilitadores da implantação do policiamento comunitário no bairro Jardim Canadá, e que embora exponham posicionamentos próprios a respeito do tema, todos demonstram vontade de promover a integração e a interação entre a polícia e a comunidade. A pesquisa exploratória permitiu a interpretação sobre como são tratadas as informações entre a polícia e a comunidade no Jardim Canadá, evidenciando pouca resistência à pretensão de integrar e interagir o cidadão e o policial. No que se refere à pesquisa quantitativa, foram buscados os dados gerais sobre os principais eventos ocorridos em um período de três anos. A seguir serão apresentados dados referentes aos registros de ocorrências policiais relacionadas a crimes registrados no bairro Jardim Canadá no período de 2007 a 2010, Apesar do período referente à tabela 1 , adiante apresentada, estar inserido em momento influenciado pela força doutrinária imposta aos integrantes da PMMG, observa-se na citada tabela que há nos dados elencados a evidência de que o bairro Jardim Canadá sofre dos mesmos males que afligem a maioria das comunidades. A tabela 1 sintetiza quantitativamente os crimes registrados no bairro Jardim Canadá no período compreendido entre 01/09/2007 e 30/09/2010. Contudo, não há complexidade a ser discutida em relação ao ambiente denominado Jardim Canadá, ao qual se refere a tabela, pois em aproximadamente três anos, de setembro de 2007 a setembro de 2010, houve pouca mudança na evolução dos delitos ora elencados. As constatações e os detalhes a respeito dos dados constantes da tabela são apresentadas após a apresentação da mesma. Tabela 1 – Crimes registrados no bairro Jardim Canadá, no período compreendido entre 01/09/2007 e 30/09/2010. FREQUÊNCIA NATUREZA DO CRIME REGISTRADO ABSOLUTA RELATIVA FURTO 725 32,02 AMEACA 226 9,98 VIAS DE FATO / AGRESSAO 193 8,52 LESAO CORPORAL 174 7,69 OUTRAS INFRACOES C/ O PATRIMONIO 155 6,85 DANO 110 4,86 OUTRAS INFRACOES CONTRA A PESSOA 103 4,55 ROUBO 101 4,46 85 3,75 USO OU CONSUMO DE DROGAS 50 2,21 TRAFICO ILICITO DE DROGAS 40 1,77 ESTELIONATO 34 1,50 FURTO DE COISA COMUM 32 1,41 HOMICIDIO 13 0,57 OUTRAS OCORRÊNCIAS REGISTRADAS 223 9,85 TOTAL 2264 100,00 ALTERAÇÃO DE LIMITE/ESBULHO Fonte: Banco de dados da PMMG Especificamente, no que se refere aos crimes violentos, além dos 101(cento e um) roubos e 13 (treze) homicídios apresentados na tabela anterior, o bairro Jardim Canadá teve em seus registros, no mesmo período, a ocorrência de 05(cinco) estupros, 03(três) casos de seqüestro/cárcere privado, 01(um) caso de atentado violento ao pudor e 01(um) caso de extorsão, que estão inseridos nas 223 (duzentos e vinte e três) ocorrências agrupadas no final da mesma tabela. A acentuada participação dos crimes contra o patrimônio, especialmente o de furto, (32,02% do total das ocorrências registradas) representa a necessidade de organização por parte dos cidadãos envolvidos, bem como a necessidade da mobilização por parte da própria polícia. A tabela 2, apresentada a seguir, sintetiza quantitativamente os crimes registrados mensalmente no bairro Jardim Canadá no período compreendido entre setembro de 2007 a setembro de 2010. Tabela 2 – Crimes registrados mensalmente no bairro Jardim Canadá no período compreendido entre setembro de 2007 a setembro de 2010 MÊS/ANO 2007 2008 2009 2010 JAN - 68 62 72 FEV - 72 47 56 MAR - 49 71 80 ABR - 43 67 72 MAI - 47 81 76 JUN - 48 46 65 JUL - 51 55 60 AGO - 59 63 64 SET 60 72 68 69 OUT 51 64 50 - NOV 49 78 57 - DEZ 54 55 63 - FONTE: Banco de dados da PMMG O período ao qual se refere a tabela anterior também está inserido em momento influenciado pela força doutrinária imposta aos integrantes da PMMG, mas observa-se que há nos dados elencados a evidência de que o bairro Jardim Canadá mantém uma regularidade no número de ocorrências registradas, após a comparação entre os meses em cada um dos três anos. Nos anos citados pela Tabela 2 não há qualquer destaque que mereça ser comentado, especialmente pela regularidade verificada na comparação entre os dados; o que leva à depreensão de que ainda é momento oportuno para a implantação mais favorável do policiamento comunitário, considerando neste item que não há recrudescimento da criminalidade no bairro, embora haja necessidade de organizar os cidadãos envolvidos, bem como há necessidade de se mobilizar a própria polícia para a manutenção e posterior redução dos números ora apresentados. A tabela 3, apresentada a seguir, apresenta quantitativamente os dados referentes às ações e operações de polícia comunitária realizadas mensalmente no bairro Jardim Canadá no período compreendido entre setembro de 2007 a setembro de 2010. Tabela 3 – Ações e operações de polícia comunitária realizadas mensalmente no bairro Jardim Canadá no período compreendido entre setembro de 2007 a setembro de 2010. MÊS/ANO 2007 2008 2009 2010 JAN - - 5 15 FEV - - 3 14 MAR - - 1 5 ABR - - 3 - MAI - - 1 - JUN - - 0 - JUL - - - 2 AGO - - - 7 SET - - - 4 OUT - 1 2 - NOV - 1 - - DEZ - 2 - - FONTE: Banco de dados da PMMG O período referente à tabela 3 está inserido em momento influenciado pela força doutrinária imposta aos integrantes da PMMG, mas observa-se que não há qualquer registro de ação ou operação de polícia comunitária no bairro Jardim Canadá durante todo o ano de 2007. No ano de 2008 ocorreram apenas 04 (quatro) registros de eventos dessa natureza, especificamente nos meses de outubro, novembro e dezembro do referido ano. Há nos dados elencados a evidência de que no bairro Jardim Canadá não se mantém regularidade na execução de ações e operações voltadas exclusivamente para o policiamento comunitário, com a constatação de que ocorreu um fato atípico durante os meses de janeiro, fevereiro e março de 2010. No referido período foram realizadas 34 (trinta e quatro) das 66 (sessenta e seis) ações e operações de polícia comunitária constantes da tabela 3. Nos citados meses há um considerável destaque para a ocorrência desses registros, embora não tenha sido possível verificar os motivos que levaram a 1ª Cia Ind à realização desse número atípico de ações e operações específicas de polícia comunitária no bairro Jardim Canadá. Os dados da tabela demonstram que o bairro Jardim Canadá é ambiente propício para as ações e operações de polícia comunitária e que em razão de não existir constatação de recrudescimento da criminalidade no bairro, há necessidade de que estas ações e operações sejam organizadas e direcionadas com a cientificidade exigida pelo ordenamento normativodoutrinário da PMMG. Desta forma, considerou-se que os dados qualitativos, expostos nesta pesquisa, consistem em descrições detalhadas das situações vividas pelos entrevistados e objetivam a compreensão desses indivíduos em seus próprios termos, e que os referidos dados não podem ser padronizados como os dados quantitativos apresentados neste mesmo trabalho, motivo pelo foi utilizada a flexibilidade e a criatividade, tanto na coleta, quanto na análise. Baseado na flexibilidade e criatividade anteriormente citadas, depreende-se nesta pesquisa que o CONSEP é uma organização criada e ao mesmo tempo estimulada pela PMMG, e que em um processo de inúmeras dificuldades vem sedimentando-se como instrumento imprescindível junto à comunidade do Jardim Canadá e perante os próprios militares que atuam na localidade. Os princípios garantidores do desenvolvimento do policiamento comunitário, constantes da “Filosofia e estratégia organizacional”, ainda dependem de mais envolvimento dos atores chamados para o cumprimento dessa obrigação. Verificou-se que o direcionamento dos esforços da PMMG está sendo otimizado em razão da procura pela interatividade e integração por parte da própria comunidade do Jardim Canadá e que o teor das entrevistas realizadas e os dados apresentados nas tabelas demonstram a ocorrência de idéias pré-concebidas no desenvolvimento do policiamento comunitário. Os mesmos dados permitem a depreensão de que há comprometimento da PMMG com a concessão de poder à comunidade, mas o policiamento ainda não está totalmente descentralizado e personalizado, pois ainda não foi atingido o grau de envolvimento que permita aos atores serem conhecidos e conhecerem as realidades do bairro de forma plena. Os dados das ações e operações realizadas demonstram que a resolução preventiva de problemas ainda não foi devidamente planejada, com prazo definido, e que ainda não ocorreram medidas baseadas em estudos sobre a criminalidade, embora tenha sido verificado que há empenho das partes nesse sentido. 3. CONCLUSÃO O militar da PMMG deve ser um profissional convicto do dever de empenhar-se na construção de um ambiente propício para a polícia comunitária, Na atualidade, as numerosas obras relacionadas ao assunto ofertam leitura sobre as mais variadas experiências desenvolvidas no mundo e o Brasil já possui histórico satisfatório para o aproveitamento das próprias experiências. Os Policiais Militares, quando zelosos e seguidores do ordenamento normativo-doutrinário da PMMG, escolhem com critério as ferramentas a serem utilizadas no desenvolvimento do policiamento comunitário, identificando as melhores temáticas e seus enfoques para se manterem nos mesmos rumos tomados pela Instituição. Embora tenha sido constatado que a PMMG está cumprindo um papel importante no desenvolvimento do policiamento comunitário no bairro Jardim Canadá, sobretudo ao promover a aproximação entre a PM, a comunidade e os órgãos representativos, verificou-se que ainda há no desenvolvimento dessas pretensões um baixo grau de envolvimento, se consideradas forem as premissas impostas pelo ordenamento normativo-doutrinário vinculado ao objeto desta pesquisa. A viabilidade da implantação do policiamento comunitário no bairro Jardim Canadá está diretamente relacionada à necessidade de “Mudança Interna”, conforme dispõe o ordenamento normativo-doutrinário da PMMG, sendo importante considerar que o empenho na “Construção do futuro”, também será indispensável para que a comunidade receba o serviço policial da forma adequada. Conclui-se, portanto, que a implantação da Polícia Comunitária no bairro Jardim Canadá nos moldes do ordenamento normativo-doutrinário da PMMG é viável, mas depende ainda de um maior grau de envolvimento dos atores, de forma que seja transferido poder à comunidade, para que esta possa realmente auxiliar no planejamento das atividades de segurança pública, influenciando na melhoria da qualidade de vida local e na eficiência da PMMG. A cultura da PMMG perante o ordenamento normativo-doutrinário corresponde a uma série objetiva de valores que isoladamente vão se consolidando ao longo do tempo. Os conteúdos objetivos da doutrina de Polícia Comunitária exigem refinamento constante dos itens constitutivos dessa coletânea de experiências e aprendizados que, no decorrer de anos de experimentações e sedimentações, tendem a mudar a Instituição e seus parceiros. Finalmente, tendo em vista os esforços que vêm sendo executados pelos integrantes da 1ª Cia Ind PM, pela Associação Industrial e Comercial do Jardim Canadá (AICJC) e pelo Conselho Comunitário de Segurança Pública (CONSEP) que atua naquela localidade, conclui-se que é viável implantar o Policiamento Comunitário, idealizado pela PMMG, no bairro Jardim Canadá em Nova Lima-MG, com a adoção de estratégias de policiamento mais profissional em substituição às estratégias tradicionais de policiamento rotineiramente empregadas. Abstract: This article discusses the feasibility of implementing community policing in the manner established by the PMMG doctrine, in Jardim Canada, Nova Lima-MG which includes an analysis of changes in indicators of criminal activity in Jardim Canada for the period 2007 through 2010. Key words: Community Policing. Jardim Canada. Nova Lima-MG. REFERÊNCIAS BAYLEY, David; SKOLNICK, Jerome H. Policiamento Comunitário: Questões e Práticas através do mundo. 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