O ESTUDO DO BAIRRO E DO ENTORNO DA ESCOLA A PARTIR DE
PRÁTICAS CARTOGRÁFICAS: O CASO DA ESCOLA MUNICIPAL DO
BAIRRO JARDIM CÉLIA, UBERLANDIA – MG
STUDY OF THE NEIGHBORHOOD AND SURROUNDINGS OF THE
SCHOOL, USING CARTOGRAPHICAL PRACTICES: THE CASE OF THE
SCHOOL ESCOLA MUNICIPAL DO BAIRRO JARDIM CÉLIA IN
UBERLANDIA, MG
MARIA EDUARDA MEDEIROS CUNHA¹
ANTONIO MARCOS OLIVEIRA MACHADO²
PABLO RUTIERRY RODRIGUES SILVA³
¹Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Geografia
[email protected]
²Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Geografia
[email protected]
³Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Geografia
[email protected]
RESUMO
O trabalho é parte do projeto “Reconhecimento e valorização do espaço local por meio de atividades cartográficas” do
Programa de Extensão Integração UFU/Comunidade-PEIC, da Universidade Federal de Uberlândia. O objetivo
principal foi proporcionar aos alunos do 5º ano do ensino fundamental condições de se localizar, se orientar e,
principalmente, reconhecer e valorizar o local em que vive, a partir de atividades cartográficas. Entende-se que os
recursos cartográficos são essenciais para a formação e a atuação cidadã, uma vez que permite uma maior aproximação
da realidade e, consequentemente, aponta para uma perspectiva de desvelar as causas e as consequências das tomadas
de decisões e das atitudes cotidianas. O aprendizado e o domínio dessas linguagens devem ser viabilizados a partir das
primeiras séries do ensino fundamental com o intuito de que sejam incorporadas no cotidiano de cada cidadão. Para
tanto elaborou-se as seguintes atividades didáticas: mapeamento temático do entorno da escola usando imagens do
Google Earth; caminhada orientada usando a planta do bairro e construção de legendas a partir do mapa de bairros da
cidade de Uberlândia, MG. O uso das práticas cartográficas no ensino proporcionou aos alunos uma maior assimilação
dos conteúdos referentes ao espaço local, pois passaram a ficar mais atentos aos limites e características do lugar vivido,
tanto o espaço da escola quanto ao bairro e a cidade. Dessa forma percebe-se que o uso adequado desses recursos pode
despertar nos alunos um o sentimento de pertencimento e de obrigação a zelar pelo bem comum que, a partir do
reconhecimento geográfico, passa a ter uma maior valorização. O resultado do trabalho indica a eficácia da proposta na
prática, ao notar-se que os alunos passaram a se perceber em meio à distribuição espacial da cidade, e compreender a
importância de sua participação junto a comunidade para melhor cuidar do espaço em que vive.
Palavras-chave: Reconhecer, Valorizar, Espaço local, Práticas cartográficas, Ensino de geografia.
ABSTRACT
This study is part of the project “Reconhecimento e valorização do espaço local por meio de atividades cartográficas”
of the “Programa de Extensão Integração UFU/Comunidade –PEIC”, from the Federal University of Uberlandia. The
main goal was to provide 5th grade students the conditions to familiarize and orient themselves, and mainly to recognize
and appreciate the place they live in, using cartographical activities as a method to achieve such goal. It is understood
that the cartographic resources are essential for the development of citizens, since it allows a better approximation of
reality, and consequently, it shows us a way to uncover the causes and consequences of the decisions taken by us and
our routine activities. The learning process and the mastering of this form of communication should be made feasible
since the beginning of elementary school with the motif of being incorporated into the everyday lives of every citizen.
For that the following instructional activities were elaborated: manufacturing of a croquis of the school using free
vectorization and thematic mapping softwares of the school’s outline using satellite images obtained from Google
Earth®, support material which was given to the students so they could identify and mark down the physical structures
of the school the way they knew, together with an oriented walk around the school premises so that the integration of
the cartographical resource and reality could be personally experienced by each one, making the students feel and learn,
practically, the techniques of cartography such as: sitting or site-seeing, reference making, orientation and symbolizing.
The whereabouts of the neighborhood was also worked with using a chart of the city of Uberlandia with its
neighborhood divisions in hopes to teach the students to learn to be able to identify the place where they live in the city
in which they reside. Keeping in mind the scenario of the outskirts these students live in, they were asked, in a free and
creative activity, to draw a model of what they believe would be an “ideal” neighborhood. The drawings were collected
and analyzed, which showed us clearly the needs of this kind of community, which these children are aware to be living
in and how unhealthy this environment is. The children seemed to focus, in their drawings, on the social and economic
disequality present in today’s Brazilian cities. The use of cartographic practices in teaching provided the children with a
better assimilation of the content which refers to local space, since they showed, at the end, to have learned to be more
aware of the limits of the place they inhabit, from their school area all the way to their city’s limits. This way it’s
noticed that the adequate use of these resources can awaken, in children, a feeling of belonging and an obligation to take
better care of the their surroundings that, based on geographic acknowledgement, starts to have a more meaningful
value. The results of this study showed efficiency in the purposes and goals of these practices, as it was noticed that the
students started to become more aware of their role in the distribution of the city’s physical space, and their importance
in being an active member of the communities they live in for it to be taken better care of.
Keywords: Recognize, Appreciate, Local space, Cartographic practices, Teaching cartography.
1.INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
Trata-se de um artigo que fala os diversos aspectos vivenciados durante a execução de um projeto de cunho
educativo em escolas públicas e as problemáticas sociais envolvidas no contexto da educação brasileira, sobretudo em
instituições escolares das periferias, bem como as ferramentas educacionais que foram exploradas nas atividades do
projeto e que vem ganhando destaque no cenário nacional por seus mútuos benefícios para uma melhor estruturação da
educação básica e consequentemente para a formação da cidadania.
Ferramentas como a cartografia escolar, trabalhada de várias formas e com novas abordagens, auxiliam no
ensino didático de conteúdos de difícil abstração e de aspectos do espaço, questões pouco trabalhadas normalmente nas
escolas públicas. Atentando o aluno aos limites e características do lugar vivido, tanto o espaço da escola como em
escalas maiores como bairro, cidade e município, formando assim a ideia de território que é crucial para o entendimento
e a valorização das relações sociais vividas. Com isso tentamos despertar em cada um o sentimento de pertencimento
social e espacial e da obrigação a zelar pelo bem comum, que, a partir do reconhecimento geográfico, passa a ter uma
centralidade e valores maiores na consciência de qualquer um.
O contexto das escolas brasileiras das periferias é bem complicado. O fator socioeconômico dessas localidades
atribuem à estrutura escolar diversas dificuldades, como a própria escassez de recursos e investimento pelo governo, o
que dificulta e até impossibilita a realização de atividades diversificadas que agreguem valor à educação básica, e a
questão sociocultural que é criada em tal contexto. A violência e a degradação do espaço público fazem parte da
realidade e degrada também a imagem e a moral da comunidade escolar, o que, consequentemente, refletem em mais
descaso, déficit na qualidade do ensino e a desistência escolar, tanto pelos alunos e professorem quanto pela própria
comunidade em geral.
Se reconhecer no espaço é um passo inerente a todas as comunidades humanas, pois, trata-se de um processo
de interação cotidiana que, às vezes, se torna uma questão de sobrevivência dessas comunidades ao que diz respeito da
perpetuação dessas comunidades quanto a sua cultura e modo de vida, e gera, simultaneamente, uma familiaridade com
o meio vivido. Essas raízes desenvolvidas por indivíduos e sociedades em relação ao espaço são o que a Geografia
Humana trata como sendo o conceito de lugar, ideia muito utilizada e defendida nesse trabalho. Há, no entanto uma
diferença na intensidade desse fenômeno humano de acordo com as formas de aglomeração social, ou seja, quanto
menor e mais próximo ao meio natural se institui uma comunidade, mais conhecido e valorizado é o espaço vivido,
pois, chega às vezes a se impor ao homem uma questão de sobrevivência associado ao conhecimento detalhado do
espaço e de sua natureza. Não foi objetivo dessa pesquisa observar as características socioculturais nas comunidades
rurais, onde esse fenômeno se dá normalmente, mas sabe-se comumente que o espaço conhecido pelos moradores da
zona rural (tanto crianças quanto adultos) é bem maior espacialmente e mais abrangente no que diz respeito aos detalhes
e características desse espaço, além de possuir no censo comum dessas comunidades uma grande valorização simbólica.
Conhecem-se as estradas, os caminhos, as fazendas, vilas, os cruzeiros e as formas naturais (serras, córregos, matas e
árvores), tudo isso em uma abrangência espacial gigantesca, o que se espera da vastidão de uma zona rural. O
reconhecimento e valorização do espaço é então mais efetivo em sociedades que vivem em uma ligação mais íntima
com a forma natural desse espaço, na cidade, no entanto, esse privilégio é sufocado.
Nos centros urbanos a cultura da violência, encravada na consciência coletiva da sociedade atual, sufoca o
fenômeno de apego ao lugar em escala social. Se vê uma paisagem urbana formada predominantemente por muros e
portões, praças e ruas vazias e degradadas. A interação social na vizinhança muitas vezes se limita a uma única rua e a
uma dúzia de indivíduos em uma hipótese otimista. Esse aspecto das cidades não favorece a aproximação e a
identificação dos espaços por parte de seus moradores, pois nesse contexto, como citou Claval "A rua é o lugar de todos
os perigos.". Salientando, obviamente, que este é um princípio disseminado pelas pessoas, impregnado no imaginário
coletivo e influenciado pela cultura da violência que defendo ter como principal vetor a mídia de massa, mas que, salvo
do sensacionalismo dos meios de comunicação, não deixa de ter sua importância real.
A cultura globalizada do individualismo e a presença desanimadora da violência urbana já se torna um
problema na educação e no ambiente escolar. A falta de perspectiva futura por parte das crianças e, infelizmente, dos
educadores, formam uma educação debilitada, e pior, uma aprendizagem colocada em uma posição desimportante pelos
dois lados do processo educacional. O que agrava cada vez mais o descaso com o espaço e as relações sociais, uma vez
que os trabalhos a serem feitos na educação, que viriam a construir uma consciência social mais forte nos jovens, muitas
vezes não são abordados como deveriam, ou nem são tocados pelos educadores, que, desestimulados só perpetuam a
cultura de descaso com a educação.
O estudo de Geografia possibilita, aos alunos, a compreensão de sua posição no conjunto
das relações da sociedade com a natureza; como e por que suas ações, individuais ou
coletivas, em relação aos valores humanos ou à natureza, têm consequências — tanto para
si como para a sociedade. Permite também que adquiram conhecimentos para compreender
as diferentes relações que são estabelecidas na construção do espaço geográfico no qual se
encontram inseridos, tanto em nível local como mundial, e perceber a importância de uma
atitude de solidariedade e de comprometimento com o destino das futuras gerações. (PCN,
1997, p.76)
O Parâmetro Curricular Nacional (PCN) indica a cartografia escolar como um dos objetivos principais para o
ensino de geografia no Ensino fundamental. Pois, a leitura e a representação cartográfica permite uma visão clara e
objetiva para o estudo dos territórios, lugares e paisagens, além de ser altamente didática, quando lecionado
corretamente, e de imprimir no saber das crianças a dimensão em que se dão os fenômenos geográficos. Tal visão
mostra e faz entender ao aluno que ele é também participa desses processos, que são históricos e espacializados, e que
então cabe a ele também parte da responsabilidade na construção do território, dos espaços e da paisagem, e percebem
também que esses atos moldam os contextos sociais e ambientais em que estão inseridos e que serão sujeitos às
próximas gerações. Com isso, espera-se que a consciência coletiva forme gradativamente uma cultura de
responsabilidade social, que pense seus atos e discutam soluções aos problemas já instalados em seu território. Logo,
acreditamos que só a educação com comprometimento profissional e afetivo dará a juventude motivação e perspectiva
para mudar e manter uma sociedade melhor.
A cartografia é uma importante ferramenta do estudo geográfico, pois, possibilita a leitura da espacialidade em
que os processos histórico-sociais ocorrem. Essa ferramenta é usada desde a pré-história para a localização de
suprimentos e rotas de caça, ou seja, para a manutenção da sociedade a partir do conhecimento sobre o espaço e suas
características. Durante o desenvolvimento da humanidade os mapas tiveram papel importante para a compreensão e
informação sobre o espaço e hoje, com o desenvolvimento tecnológico e softwares e instrumentos, a cartografia possui
uma abrangência enorme no que diz respeito a formas de se explorar essa técnica para a educação.
Na maioria das vezes a cartografia é trabalhada de forma simplória nas escolas, exercícios que muitas vezes só
reproduzem táticas de memorização e que não fornecem embasamento suficiente para a completa compreensão da
linguagem cartográfica pelos alunos, estágio que só é alcançado quando se permite a esses alunos confeccionar e
interpretarem representações cartográficas, entendendo que esta se trata de conjunto de técnicas que representa e projeta
a realidade e entendendo também a importância e a funcionalidade que essa ferramenta oferece nas mais diversas
necessidades.
As atividades referentes à cartografia no primeiro ciclo do ensino fundamental devem seguir a capacidade e
limitações impostas pelas faixas etárias, são então atividades simples, mas que contribuem fortemente para a construção
do entendimento das técnicas e linguagens da cartografia. Usam-se desenhos e croquis, feitos pelos alunos ou não, para
familiarizar a ideia da representação no imaginário das crianças. A partir das atividades feitas pelos alunos é possível
observar as diferentes maneiras que cada um entende a espacialidade de uma representação, distância, orientação,
legendas e referências. E é importante não desvalorizar as diferentes formas que cada criança encontra para se
expressar, pois cada um traz consigo uma ideia própria que deve ser trabalhada e valorizada por já fazer parte do
conhecimento da criança.
Com as idades e séries mais avançadas já é possível trabalhar as técnicas mais complexas da cartografia. Por
terem uma compreensão matemática e raciocínios lógicos mais evoluídos, é possível trabalhar com aproveito os
conceitos de escala, projeções e orientação, além de surgir espaço para a abordagem mais política da cartografia:
delimitações territoriais, área municipal, zona urbana e zona rural. A partir dessas considerações surge também a
possibilidade de atividades extraclasse que deixa de teorizar a cartografia, mas a expõe na prática. Seja ela uma caminha
em torno da escola afim de confeccionar um mapa referencial simples com legenda e orientação, ou uma corrida de
orientação em que a capacidade de interpretação cartográfica dos alunos é colocada em prova na prática.
2 - DESENVOLVIMENTO
2.1 ENSINO-APRENDIZAGEM DE CARTOGRAFIA: SUAS PROPOSTAS
A Geografia permite conhecer os fenômenos do espaço e perceber suas dinâmicas, que interagem entre si e
esboçam o conteúdo do meio que nos cerca. Ela é importante para o reconhecimento da composição do espaço e seus
fenômenos. Como instrumento metodológico de reconhecimento dos espaços, a ciência geográfica utiliza-se das
práticas cartográficas, que assim sendo tornam a Cartografia uma área chave para seu estudo. “Através da linguagem
cartográfica é possível apontar o espaço concreto nas representações espaciais” (Assis e Lima, 2012). As práticas
cartográficas criam a possibilidade de ampliação do conhecimento sobre a distribuição do espaço. A aplicação dessas
práticas no ensino da Geografia, sobretudo no Ensino Fundamental, proporcionam uma orientação acerca dos conteúdos
do espaço, que dispersos constroem o meio em que se vive. A transmissão de conhecimentos a partir de práticas
cartográficas em prol de despertar nos alunos o interesse em conhecer os espaços e acima de tudo reconhecer o seu
espaço.
O trabalho foi desenvolvido em uma turma do 5º ano, de uma escola municipal da cidade de Uberlândia. Neste
ciclo de aprendizagem as aulas ainda não são específicas, os conteúdos são trabalhados de forma interdisciplinar na
maioria das vezes. Mesmo que não seja de forma específica, as disciplinas são trabalhadas ao longo do ano. Segundo o
Parâmetro Curricular Nacional, no segundo ciclo de aprendizagem,
Já se pode esperar que os alunos compreendam que para representar o espaço é preciso
obedecer a certas regras e convenções postuladas pela linguagem cartográfica e comecem a
dominá-las na produção de mapas simples, relacionados com o espaço vivido e outros mais
distantes. (PCN, 1997, p. 94)
2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Na primeira atividade desenvolvida com os alunos do 5º ano, foi utilizado um mapa da cidade de Uberlândia
dividido por setores. Buscou-se aplicar as práticas cartográficas afim de despertar nos alunos o interesse pelo
conhecimento do espaço urbano como um todo, e mais ainda o reconhecimento do seu bairro frente a espacialização do
município. Para tanto, os alunos foram orientados a preencher a legenda com cores diferentes, e posteriormente colorir
os bairros de acordo com cada setor (Fig. 1). Destacou-se na atividade o Rio Uberabinha, principal que corta a cidade, e
também o bairro onde se situa a escola, no caso Bairro Jardim Célia, de uma cor diferente das dos demais bairros. Com
essa atividade, os alunos tiveram mais clareza sobre a sua localização na cidade, e puderam reconhecer alguns bairros
que eles conheciam.
Fig. 1 – Divisão setorial do município de Uberlândia – MG.
Fonte: Aluna do 5º ano C, Escola Municipal Profª Carlota de Andrade Marquez; (2013)
Após se reconhecerem na espacialização da cidade, os alunos fizeram um exercício com o auxílio de uma
imagem retirada do Google Earth. Na imagem de satélite, tinha-se a escola e seus arredores. Com a ajuda de um papel
vegetal, os alunos foram orientados a fazerem um croqui da escola, fazendo levantamento de vegetação, identificação
do prédio da escola, e alguns espaços internos dela. Após os croquis prontos, foram produzidas legendas afim de
destacar os aspectos importantes da imagem.
Ao trabalhar o espaço da escola, também foram abordados os arredores desse espaço. O próximo passo,
consistiu em trabalhar o quarteirão da escola. Os alunos receberam uma folha em branco, e foi pedido a eles que
desenhassem oque havia no quarteirão da casa dele. Os alunos poderiam representar no papel as casas, os comércios,
terrenos baldios, etc. Feito isso os alunos foram orientados a fazer, em outra folha de papel em branco, o modelo de
“bairro ideal”. Os alunos expressaram através do desenho oque eles mais queriam que tivesse no bairro em que moram.
Durante a produção da atividade, percebeu-se a carência e a falta de recursos básicos, que refletem na vida destes
alunos, moradores de um bairro periférico de ocupação recente.
Fig. 2 – Desenho do bairro ideal.
Fonte: Aluna do 5º ano C, Escola Municipal Profª Carlota de Andrade Marquez; (2013)
Foi feita uma caminhada orientada pelo Bairro Jardim Célia, para que os alunos reconhecessem o bairro
utilizando um mapa. Para fazer essa atividade, os alunos foram orientados a como ler o mapa, orientá-lo e como
reconhecer alguns pontos. Durante a caminhada, foi percebido bastante lixo nas ruas, alguns terrenos vagos sujos, e a
falta de calçadas impossibilitando o pedestre a andar em segurança na rua. Os próprios alunos reconheceram a falta de
cuidados com o ambiente, e se viram como parte causadora desses problemas.
Fig. 3 – Caminhada orientada pelos arredores da escola, Bairro Jardim Célia, Uberlândia – MG.
Fonte: SILVA, P. R. R.; (2013)
A conscientização se mostrou clara na produção de texto que os alunos fizeram após retornarem para a escola.
Fig. 4 – Texto produzido após a caminhada orientada pelo bairro.
Fonte: Aluna do 5º ano C, Escola Municipal Profª Carlota de Andrade Marquez; (2013)
Para finalizar as atividades na escola, foi feito um levantamento de imagens de alguns pontos da cidade. Após
isso, foi montada uma apresentação em PowerPoint e, utilizando do recurso de mídia da escola, os alunos assistiram a
apresentação das imagens e junto com um mapa da cidade de Uberlândia foram reconhecendo os lugares nos devidos
bairros e setores da cidade. Muitos não reconheciam alguns pontos históricos da cidade.
Fig. 5 – Levantamento de alguns pontos importantes da cidade de Uberlândia – MG.
Fonte: Aluno do 5º ano C, Escola Municipal Profª Carlota de Andrade Marquez; (2013)
Cada lugar, seguindo a ordem de apresentação, foi enumerado e a partir do reconhecimento dos lugares os
alunos foram passando as informações para o mapa, montando uma legenda que fazia ligação entre os lugares das
imagens e sua localização no mapa.
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A execução dessas atividades se mostrou proveitosa ao que se refere ao aproveitamento das crianças e ao
cumprimento dos objetivos e propostas do projeto em primeira análise. Durante o decorrer desse tempo observou-se
notória evolução tanto na compreensão dos métodos da cartografia quanto na disciplina e comportamento por parte das
crianças. A timidez que atrapalha a alguns alunos, não somente na interação com as outras crianças mas também com os
professores, com o passar das aulas deu lugar a maior interação e participação por parte desses alunos. Apesar de ser
impossível avaliar o caráter de cidadania adotado com essas crianças no futuro o que fica com a conclusão dessa
primeira etapa é a sensação de semente plantada, com a certeza que de alguma forma, por mínima que seja, esse
conhecimento adquirido vai pesar nas escolhas futuras e na consciência desses cidadãos.
Que essa experiência sirva de motivação a mais professores e a mais projetos de ensino, pois, apesar de sofrer
das mazelas da burocracia e da falta de verba torna-se altamente produtivo e repleto de bons resultados. Estes resultados
são bem avaliado tanto por professores quanto por alunos, o que reforça a ideia de que esse exercício não é visto apenas
como mais uma atividade expositiva e repetitiva, mas que desperta em todos o desejo de entender e de ensinar de uma
forma lúdica e carinhosa, e essa deveria ser a conduta de todo o ambiente escolar, que tem que se unir e fortalecer seus
laços humanos para além de seus portões para que assim comece de dentro uma educação muito mais humana e de
qualidade.
4 - REFERÊNCIAS
ASSIS, Francisco de.; LIMA, Fernandes. A linguagem cartográfica e o ensino-aprendizagem da Geografia: algumas
reflexões. Santa Maria: Geografia Ensino & Pesquisa, vol. 16, n.2, maio/ago, 2012, Pp. 105-116.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia 1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental. Secretaria de
Educação. Brasília: MEC/SEM.1997.
CASTELLAR, Sonia Vanzella. A cartografia e a construção do conhecimento em contexto escolar. Novos rumos da
cartografia escolar: currículo, linguagem e tecnologia. São Paulo: Contexto, p. 121-135, 2011.
CLAVAL, Paul; PIMENTA, Luiz Fugazzola; PIMENTA, Margareth de Castro Afeche. A geografia cultural. Buenos
Aires: Eudeba, 1999.
DE ALMEIDA, Rosângela Doin. Cartografia escolar. 2ª ed. Editora Contexto. São Paulo, 2010.
LOCALI, Rafaela. Práticas Docentes Sobre Ensino do Lugar e Cartografia Escolar no Contexto de uma Pesquisa
Colaborativa: Processos de uma Construção. 2008. Tese de Doutorado. Dissertation, Universidade Estadual Paulista.
Instituto de Geociências e Ciências Exatas, São Paulo. 2008.
MOURA, Leda Maria Corrêa; FILIZOLA–UFPR, Roberto. Uso de linguagem cartográfica no ensino de Geografia:
os mapas e Atlas digitais na sala de aula. 2008.
SANTOS, Cátia dos et al. A Cartografia e o ensino da geografia. Revista Geográfica de América Central. Costa Rica,
2011.
Download

o caso da escola municipal do bairro jardim cél