Regio
na
lismo
sertanejo
Rubervânio Rubinho Lima
Copyright © 2011 by Rubervânio C. Lima
Capa e Diagramação:
Rubervânio Rubinho Lima
Impressão:
PerSe
Ficha Catalográfica:
Lima, Rubervânio Rubinho
Regionalismo sertanejo / Rubervânio Rubinho Lima. –
Paulo Afonso: PerSe, 2011.
106 p. : il. ; 21cm
ISBN:
1. Literatura brasileira – Teoria literária. 2. estudos
literários brasileiros. I. Título.
CDU:
Rubervânio Rubinho Lima
Regio
na
sertanejo
2011
lismo
Rubervânio Rubinho Lima,
nasceu em Paulo Afonso, Bahia, em
1979. Possui graduação em Letras,
com Habilitação em Inglês e
Português pela FASETE Faculdade Sete de Setembro Paulo Afonso-BA (2007) e PósGraduação da Especialização em
Estudos Literários, pela UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana (2009). Possui
ainda a Pós-Graduação em Gestão Cultural, pelo SENAC
(2011). É pesquisador e escritor de temas como cangaço,
cordel, xilogravura, cultura popular e estudos culturais
eliterários, sendo sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de
Estudos do Cangaço. Atua também como Gestor Cultural,
desenvolvendo projetos culturais e educacionais
relacionados à cultura. Está vinculado ao Centro de Estudos
da Memória do Cangaço - CECA/NECTAS, pela UNEB Campus VIII, em Paulo Afonso-BA. Escreve artigos, poemas,
contos, romances, roteiros e já foi premiado em vários
concursos literários. Publicou, pela UEFS, o livro de contos
intitulado “CONVERSAS DO SERTÃO”, que traz narrativas
que remetem para o cenário e o viver do sertanejo, com
histórias divertidas e uma linguagem característica. Possui
ainda alguns trabalhos em fase de publicação, tais como
dois outros livros de contos, um livro infanto-juvenil, um
romance e um ensaio, que aborda aspectos da cultura
popular e do cangaço.
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................ 08
1. O Romance Regionalista e as faces do realismo
crítico, no período do Modernismo ...................... 10
2. O retorno ao Regionalismo e a expressão
identitária em Os Desvalidos, de Francisco J. C.
Dantas ................................................................... 22
3. Arnaldo e Peri: dois heróis alencarianos ajudando a construir o caráter nacional ........................... 50
4. Eurico Alves: o retrato de um Sertanejo pelo poeta do sertão ......................................................... 90
“Sertão é do tamanho do mundo.”
(Grande Sertão: veredas - Guimarães Rosa)
Rubervânio Rubinho Lima
A presentação
Esse livro traz a reunião de quatro estudos que percorrem por alguns aspectos ligadas ao período de Regionalismo, iniciado no fim da década de 20 e início de 30, mas não
fica só nele. Aponta também análises de outros períodos,
inclusive atualmente, com a retomada dessa temática. Tomando como ponto de partida a leitura, por Gilberto Freyre,
do seu Manifesto Regionalista, em 1926, alguns escritores
do Modernismo trouxeram uma significação literária para o
cenário do Nordeste, abordando temas, que permeavam entre coronelismo, cangaceirismo, misticismo, sincretismo religioso, num ambiente de aridez.
Autores como Graciliano Ramos, Lins do Rego, Jorge Amado, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz,
formam o elenco dos escritores que trataram das temáticas
regionalistas, seguindo uma linha de realismo crítico e representando os problemas do Brasil daquela época.
Essa literatura trouxe uma linguagem seca e ríspida,
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Regionalismo Sertanejo
apontando um novo realismo, inspirado pelas primeiras
obras a retratarem o sertão, a seca, o banditismo, o
messianismo, o coronelismo, partindo do período do Romantismo e intensificando-se no Modernismo.
José de Alencar, ao meu ver, aparece como o primeiro
escritor, que mesmo situado literariamente no período do
Romantismo, retrata esse Regionalismo Literário, ao trazer
para suas obras, além do seu poder criativo e a capacidade
de construir narrativas muito bem estruturadas, também a
busca por chegar a um retrato do homem totalmente nacional.
Complementando esse livro, surgem dois capítulos em
que o regionalismo é reerguido, com a análise de obras de
escritores como o sergipano Francisco J. C. Dantas e o
poeta feirense Eurico Alves, completando esse cenário de
investigação do cenário sertanejo.
O Autor
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Rubervânio Rubinho Lima
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O Romance Regionalista e as faces
do realismo crítico, no período do
Modernismo
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Regionalismo Sertanejo
INTRODUÇÃO
O
presente texto, cujo escopo fundamental é o realce no
período literário do Modernismo, buscará apresentar o tempo desse
período em que os autores da prosa desenvolveram, como em
conjunto, um quadro de romances regionais, trazendo à tona uma
reflexão dos problemas sociais marcantes em um momento de vários
fatores. Tomando como pano de fundo o período da ascensão de
Getúlio Vargas e a ditadura, a literatura produzida aqui no Brasil nos
anos de 30 e 40 gravitou da difícil realidade gerada pela ditadura.
Cada autor passou a refletir sobre essa época a sua maneira, dando
vazão à uma literatura regionalista que realçava a região focalizando o
problema social ao lado de uma literatura urbana, alicerçada na
denuncia e nos registros dos espaços. A poesia também teve seu lugar
nesse confronto, enveredando para a crítica social e para o
entendimento das relações conturbadas do homem com o universo.
Essa literatura trouxe uma linguagem seca e ríspida, apontando
um novo realismo, inspirado pelas primeiras obras a retratarem o
sertão, a seca, o banditismo, o messianismo, o coronelismo, no
período do Romantismo, autores como Graciliano Ramos, José Lins
do Rego, Jorge Amado, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz,
Érico Veríssimo foram o elenco dos escritores que trataram das
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Rubervânio Rubinho Lima
temáticas regionalistas, seguindo uma linha de realismo crítico e
representando os problemas do Brasil daquela época.
1. AS RAZÕES
Essa literatura se afastava do pitoresco e não era uma mera
representação de costumes e folclore de cada localidade, mas uma
literatura que trouxe reflexões sobre problemas sociais marcantes do
momento em que os autores vivenciavam. O objetivo era a provocação
da conscientização através das obras, com ímpeto de denuncia, mas
com um ideal de criticar, denunciar a questão social, mas contribuir,
assim, para sua solução.
Muniz, em seu livro, “A Invenção do Nordeste”, aponta que
essa escrita trazia elementos culturais raros, como relíquias em via de
extinção, que resgatava o que estava prestes a se tornar passado
(1994, p. 52), no que diz, também que:
A literatura regionalista procura
afirmar a brasilidade por meio
da diversidade, ou seja, pela
manutenção das diferenças
peculiares de tipos e
personagens; por paisagens
sociais e históricas de cada área
do país, reduzindo a nação a um
simples somatório dessas
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Regionalismo Sertanejo
especialidades
literárias
diversas.
A produção regionalista do início
do século evidenciava o projeto
naturalista-realista de fazer uma
literatura fiel à descrição do
meio. (Muniz. 1994, p. 52 e 53)
Essa produção regionalista estava inserida em um contexto de
reivindicação e denuncia. Antonio Candido, ao falar sobre esse fazer
literário pré-modernista, aponta que essa literatura era pretensiosa,
de modo a nos colocar com olhar europeizado para essas questões
em evidência, e considera o regionalismo como uma das primeiras
vias de autodefinição da consciência local, no que diz:
O nosso nacionalismo foi antes
forjado
em
posição
regionalistas.
Mas
o
regionalismo pré-modernista se
mostrava, com seu ‘conto
sertanejo’, artificial, pretensioso,
criando um sentimento
subalterno e fácil de
condescendência em relação ao
próprio país, encarando com
olhos europeus nossas
realidades mais típicas. O
homem do campo é visto como
pitoresco, sentimental, jocoso.
(Cândido. 1980, p. 113)
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Rubervânio Rubinho Lima
Nesse cenário, percebe-se que em quase todos os romances
regionalistas desse período, há uma predominância da situação dos
proletários rurais, ou seja, dos dominados por um esquema de
opressão. Os desfavorecidos são oprimidos e trabalham sob o mando
dos grandes proprietários de terra, que são grandes latifundiários que
oprimem lavradores, senhores de engenho que mantêm cangaceiros
a seu serviço, ou grandes fazendeiros de cacau, onde o homem do
campo vive na miséria. Essa literatura explora a figura do sertanejo,
rijo e com a força de homem da terra, com sua linguagem peculiar.
Um aspecto da narrativa dessas histórias é a linguagem próxima
da fala, trazendo o cuidado que os romancistas de trinta tiveram em
reproduzir a linguagem regional típica, como forma de expressão
lingüística, com um aproveitamento no vocabulário próprio de cada
região.
2. OS REGIONALISTAS DE 30
Podemos afirmar que o marco inicial dessa aboredagem
regionalista é a publicação de “A Bagaceira”, de José Américo de
Almeida, no ano de 1928, oque impulsiona as escritas que têm como
pano de fundo temas como a miséria, a fome, o flagelo da seca, o
coronelismo, o cangaceirismo, o engenho, que surgiam em cena na
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Regionalismo Sertanejo
literatura neo-realista dos anos 30. Seguindo os passos de Américo
de Almeida, outros escritores também adentraram nesse cenário
regional e deixaram seus nomes na história da literatura.
Os escritores que compõem esse quadro regionalista, são
definidos pelos teóricos como áridos, secos, pontiagudos, lembrando
o deserto , o cacto, elementos característicos do sertão, por sua
linguagem crua e repleta de vivacidade e realidade dos personagens
retratados. Esses artista produziram, ao representarem o Nordeste,
a originalidade da nossa produção literária.
Para representar esse período, na literatura modernista de 1930,
faremos um breve percurso em alguns dos prosadores, os tido como
mais expressivos, nas suas obras, como forma de mostrar, por meio
da observação em autores como José Américo de Almeida, Rachel
de Queiroz, José Lins do Rego, Jorge Amado e Graciliano Ramos,
esse regionalismo crítico. Além dos citados, muitos outro poderiam
também compor esse quadro, contudo centraremos a análise em alguns
aspectos desses que representam um figuração mais ampla do
Romance de 30. A abordagem, porém, não será aprofundada,
extraindo-se apenas os aspectos mais significativos e sintizantes de
cada um desses autores dessa geração.
Fortemente influenciada pelas idéias de Gilberto Freyre, autor
do Manifesto regionalista (1926) e de Casa Grande & Senzala (1933)
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