24 de janeiro de 2012 Demanda Mundial por Alimentos A demanda mundial por alimentos pode dobrar até 2050, é o que diz um estudo da Universidade de Minnesota1 nos EUA. As causas desse fenômeno são o crescimento da renda dos países em desenvolvimento e a elevação da população mundial. Caso a produção agrícola se eleve para acompanhar essa demanda, pode se esperar um aumento no volume de cargas transportado. Isso significa mais caminhões, trens e navios cheios, pressionando por ampliação/melhorias na infraestrutura de transporte. O resultado seria uma grande pressão sobre o setor de logística. A demanda por alimentos é correlacionada positivamente com o crescimento populacional. Em recente estudo, a ONU2 projetou que em 2050 a população mundial será de 9,3 bilhões de pessoas, assumindo uma taxa de crescimento média de 0,84% ao ano. Ao final de 2011, éramos aproximadamente 7 bilhões de pessoas em todo o mundo. Isso significa que nos próximos 39 anos a população mundial poderá crescer 33%, o que elevaria a demanda por alimentos. Embora o crescimento estimado da população seja de 33%, a demanda por alimentos poderá dobrar devido também ao crescimento da renda dos países em desenvolvimento. Segundo estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)3, o centro de gravidade econômica mundial mudará para a Ásia. Atualmente, a região responde por 34% do PIB mundial, mas até 2034 essa participação poderá subir para 57%. Além disso, a classe média crescerá mais em países como China, Índia e Rússia. O crescimento da renda desses países, juntamente com a melhora na distribuição de renda, pressionará ainda mais a demanda por alimentos. Nos países em desenvolvimento, a elasticidade-renda da demanda4 por alimentos é maior que nos países desenvolvidos. Isso significa que, se a renda dos países em desenvolvimento crescer mais que a dos países desenvolvidos, o aumento da demanda mundial por alimentos será maior. Sob o ponto de vista do Brasil, isso representa uma série de implicações. Primeiramente, segundo a OCDE5, o país não crescerá no mesmo ritmo que os países asiáticos, portanto, a demanda interna por alimentos não crescerá tanto quanto nesses países. Por outro lado, segundo a Organização Mundial de Comércio6, o Brasil é o terceiro maior exportador mundial agrícola, ficando atrás apenas da União Européia (primeiro) e dos Estados Unidos (segundo). Canadá e China ocupam, respectivamente, a quarta e quinta posição (gráfico 1). Portanto, se a demanda por alimentos dobrar até 2050, haverá estímulos para que a produção nacional destinada às exportações se eleve e, conseqüentemente, ocorrerá aumento da pressão sobre a infraestrutura de transporte. A perspectiva de elevação da demanda por alimentos pode acarretar boas oportunidades para o Brasil, desde que os gargalos relacionados à infraestrutura de transporte sejam superados. Caso persistam os problemas associados a rodovias em mau estado, malha ferroviária de baixa abrangência e portos com problemas de acesso, o aumento da demanda mundial por alimentos pode não se traduzir em ganhos para o país, devido a dificuldades de escoamento. A conseqüência disso será a perda da competitividade da economia nacional e a redução da participação brasileira no mercado mundial agrícola. Considerando que o Brasil é o terceiro maior exportador agrícola, é fundamental que investimentos em infraestrutura de transporte sejam realizados. Dado o cenário futuro promissor para o mercado mundial de alimentos, o país só permanecerá competitivo se reduzir o Custo Brasil. Para conseguir isso, é fundamental reduzir os custos de transporte e 1 (David Tilman, 2011). 2 Seven Billion and Growing: the Role of Population Policy in Achieving Sustainability (United Nations, 2011). 3 The Emerging Middle Class in Developing Countries (OCDE, 2010). 4 A elasticidade-renda da demanda de um bem indica qual é a variação percentual na quantidade demandada da mercadoria causada pela variação de 1% na renda do consumidor. 5 Ver nota 2. 6 International Trade Statistics 2011 (World Trade Organization). Fonte: Organização Mundial do Comércio (2011)