Ano 08 | nº 42 | 2013 Conexão www.sindag.com.br/conexao E S P E C I A L Investimento em tecnologia produziu safra recorde O vice-presidente do Sindag – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola, Amaury Sartori e o diretor executivo da Andef – Associação Nacional de Defesa Vegetal, Eduardo Daher, consideram que o ano de 2012 foi favorável aos produtores para investimentos em defensivos agrícolas. As entidades afirmaram que o uso desses produtos pesou decisivamente na safra recorde de grãos que está sendo colhida, estimada pela Conab em 185 milhões de toneladas. De acordo com os executivos, preços internacionais atrativos para produtos como feijão, milho e soja, somados à boa liquidez do mercado interno, motivaram agricultores a perseguir ganhos em produtividade N 1 através das tecnologias para controle de pragas, doenças e plantas daninhas. Sindag e Andef informaram que esse cenário, sobretudo, ajudou a elevar em 14% as vendas da indústria de defensivos agrícolas entre os meses de janeiro e dezembro de 2012. O setor movimentou US$ 9,710 bilhões no período, contra US$ 8,488 bilhões de 2011. Os dirigentes ressaltaram, no entanto, que o comportamento do câmbio – situado na casa de R$ 2,00 durante vários meses de 2012 – produziu efeito relevante na variação do resultado apurado em comparação ao do ano passado. “Em 2011, o dólar se manteve em um patamar bem inferior, entre R$ 1,60 e R$ 1,70”, ponderou Ivan Amâncio Sampaio, gerente de informação do Sindag e coordenador de estatísticas. Segundo as entidades, a cadeia produtiva da cana-de-açúcar deu uma contribuição significativa ao resultado do setor. Os porta-vozes assinalam que na safra 2012/13, encerrada no mês de E S T A dezembro último, houve aumento expressivo nos investimentos das usinas na qualidade da matéria-prima para industrialização de açúcar e etanol e a cogeração. “O setor sucroenergético iniciou um ciclo de recuperação da moagem e para tanto reforçou tratos culturais”, avaliou Amaury Sartori. Eduardo Daher, da Andef, acrescentou que a seca nos Estados Unidos também influenciou as vendas de agroquímicos em 2012, marcadamente nos últimos meses do ano. “Os bons preços das safras anteriores capitalizaram produtores brasileiros de milho e soja, que ganharam motivação extra para investir na produtividade de suas lavouras com o advento da seca americana”, enfatizou o executivo. As entidades revelaram ainda que os mais representativos indicadores de vendas de defensivos apurados em 2012 estão concentrados nas culturas com maior potencial de crescimento em Valor Bruto da Produção (VBP) - dado aferido pelo Ministério da Agricultu- E D I Ç Ã ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que define o preço total das 20 maiores safras do País. A soja absorveu o maior volume de comercialização de defensivos agrícolas em 2012, com 47,2% do total, seguida pelas culturas de cana-de-açúcar (12,6%) e milho (9,4%), além de algodão (9,3%), café (3,5%), feijão (2,8%), citros (2,3%) e outras (12,9%). Nas vendas totais de defensivos em 2012, a participação percentual dos inseticidas aumentou de 35%, em 2011, para 38%, atingindo US$ 3,625 bilhões. Já o mercado de herbicidas girou em torno de 32% e US$ 3,135 bilhões, e os fungicidas atingiram 25%, resultando em US$ 2,449 bilhões. Os acaricidas e outros produtos somaram 5% e movimentaram respectivamente US$ 101 milhões e US$ 398 milhões. Para este ano, o Sindag projeta um crescimento da ordem de 4% no mercado de agroquímicos. Gráficos ilustrativos do Mercado 2012 na pág2. O Ação apreende 15 toneladas de defensivos ilegais Entrevista: Roberto Rodrigues pág. 2 pág. 3 Conexão Sindag E S P E C I A L D e f ensi v os A g r í co l as I l e g ais no B r asi l Confira os infográficos ilustrativos com dados do mercado brasileiro de agroquímicos por estado, cultura e classe. Operações apreenderam 15 toneladas em 2012 Vendas Estados - 2012 Valor - US$ Milhões SC 2% Vendas Estados - 2011 - 2012 Valor - US$ Milhões MT SP PR GO RS MG BA MS SC Demais 2011 1.751 1.297 1.029 822 880 704 657 406 189 753 8.488 20,6% 15,3% 12,1% 9,7% 10,4% 8,3% 7,7% 4,8% 2,2% 8,9% 100% 2012 2.080 1.431 1.124 988 927 805 765 481 194 915 9.710 Demais 9% MT 21% MS 5% BA 8% 21,4% 14,7% 11,6% 10,2% 9,5% 8,3% 7,9% 5,0% 2,0% 9,4% 100% MG 8% SP 15% RS 10% PR 12% GO 10% Vendas - Principais culturas 2011 - 2012 Valor - US$ Milhões Vendas - Principais Culturas 2011 - 2012 Valor - US$ Milhões 2011 3.692 43,5% 981 11,5% 741 8,7% 1.059 12,4% 314 3,7% 201 2,4% 259 3,1% 1.241 14,6% Soja 2011 2012 Cana Milho 4.566 Algodão Café 3.692 Feijão Citros Demais 981 1.244 1.059 915 741 1.241 Cana Milho 1.254 901 314 Soja 2012 4.566 47,0% 1.244 12,8% 915 9,4% 901 9,3% 340 3,5% 269 2,8% 221 2,3% 1.254 12,9% Algodão 340 Café 201 269 Feijão 259 221 Citros Demais Vendas de Defensivos Agrícolas por Classes - 2012 ACARICIDAS 1% OUTRAS 4% HERBICIDAS 32% INSETICIDAS 37% FUNGICIDAS 26% 2 CLASSES US$ 1.000 HERBICIDAS 3.135.218 FUNGICIDAS 2.468.991 INSETICIDAS 3.606.782 ACARICIDAS 101.009 OUTRAS 398.014 E ntre os meses de janeiro e dezembro de 2012, autoridades brasileiras realizaram dez operações especiais e tiraram de circulação quase 15 toneladas de defensivos agrícolas sem origem comprovada, objeto de contrabando e falsificação. Os dados são da Campanha Nacional Contra Agroquímicos Ilegais. As principais operações ocorreram nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Essas ações contaram com a participação da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Militar Estaduais, IBAMA, Ministério da Agricultura, Secretarias Estaduais de Agricultura, Ministério da Defesa (Exército, Marinha e Aeronáu- tica). Uma das operações, comandada pelo Ministério da Defesa, envolveu 19,5 mil oficiais das Forças Armadas e de outros órgãos públicos. No Rio Grande do Sul, uma operação da PF com apoio do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal autuou um agricultor em R$ 4,2 milhões por manter na propriedade defensivos agrícolas contrabandeados. Desde 2002, quando teve início a campanha nacional de combate aos agroquímicos ilegais, cerca de 500 toneladas desses compostos foram apreendidas pelas autoridades, com quase mil pessoas detidas. Esse volume de produtos, se for de origem legal, é suficiente para pulverizar áreas de lavouras equivalentes a 5,6 milhões de campos de futebol. Conexão Sindag E N T R E V I S T A Roberto Rodrigues e o Cooperativismo O nome do ex-ministro Roberto Rodrigues é quase sinônimo de Agronegócio. Nesta edição, ele fala ao Conexão Sindag sobre o Cooperativismo, tema que tem sido destacado na programação de suas palestras e apresentações desde o ano de 2012, período que foi designado pela FAO – órgão das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - como Ano Internacional das Cooperativas. A seguir, a íntegra da entrevista. Conexão Sindag – Como o senhor analisa o cooperativismo no cenário global de hoje e a situação do Brasil na área? Roberto Rodrigues – Embora o cooperativismo seja muito antigo, as cooperativas surgiram na metade do século XIX com a Revolução Industrial, marco histórico que gerou exclusão social e concentração da riqueza. Os excluídos acabaram juntando-se em cooperativas. As cooperativas tornaram-se parceiras das democracias autênticas, mas também floresceram em outros tipos de regime político. O número de cooperados em todo mundo supera um bilhão de pessoas. Se imaginarmos que para cada cooperado existem três dependentes, estão ligadas Conexão Sindag diretamente ao cooperativismo aproximadamente 4 bilhões de pessoas ou mais da metade da população do mundo, de 7 bilhões de pessoas. O movimento cooperativista é o mais importante, gigantesco e espetacular movimento socioeconômico de todos os tempos. O cooperativismo é tão importante que foi reconhecido no ano passado pela ONU, que deu ao ano de 2012 o nome de Ano Internacional das Cooperativas. Quanto ao Brasil, o País tem hoje cerca de 7 milhões de cooperados em 13 ramos de cooperativas, e se nós imaginarmos o mesmo processo, de três dependentes para cada cooperado, temos 21 milhões de pessoas. Cerca de 12% dos brasileiros são ligados de alguma forma às cooperativas. Estamos engatinhando ainda. Mesmo assim, o cooperativismo agropecuário já responde por 48% do valor da produção agrícola no Brasil, o que é um número notável, importantíssimo, sobretudo porque as cooperativas defendem a renda e a estabilidade dos pequenos produtores. CS – Em sua visão, que modelos de políticas públicas o Governo Federal pode estabelecer para favorecer o crescimento do cooperativismo? RR – Os governos democráticos, verdadeiros, legítimos, têm interesse na organização da sociedade e o cooperativismo é o braço econômico da organização social, de modo que qualquer go- verno democrático real defende as cooperativas e tem interesse na sua promoção. Isso tem sido mostrado em vários países, como Estados Unidos, Canadá, França, Japão. Aqui no Brasil nós temos uma tese que é defendida pela OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, pela qual não se deseja nenhum instrumento legal, nenhum mecanismo de apoio público que dê vantagens às cooperativas em relação aos concorrentes no mercado, como as empresas capitalistas convencionais. Nós não queremos nenhum tipo de van- tagem. Em compensação, não queremos nenhum tipo de desvantagem. As políticas públicas desejadas pelo cooperativismo brasileiro são aquelas que lhe garantam isonomia de tratamento em relação aos demais setores da economia nacional. Temos no Brasil uma lei de 1971 que definia como o governo intervinha em cooperativas. Essa lei perdeu completamente o significado, ficou obsoleta, com a promulgação da Constituição de 1988, porque a Constituição fez emergir o conceito de autogestão das cooperativas. Existe, agora, 3 ENTREVISTA um Projeto de Lei que está no Congresso Nacional desde 1989, que moderniza as relações do cooperativismo com a sociedade, estado, poder público. Mas até hoje não foi votado. Embora não seja um papel do governo, esse pode, sim, ajudar na discussão e votação de uma nova lei cooperativista, que resolva inclusive as questões tributárias para o setor. CS – Quais as principais contribuições do cooperativismo no desenvolvimento sustentável de um país? RR – Como o cooperativismo é uma doutrina social e econômica que tem princípios e valores muitos rígidos, de certa forma normatiza a relação das pessoas com a sociedade. No cooperativismo a democracia é também econômica. Um cooperado com 1 hectare tem os mesmos direitos de um que tenha 10 mil hectares. Outra coisa importante: quando uma cooperativa tem um resultado positivo, a “sobra”(que é o nome do lucro em cooperativas) é dividida de acordo com o valor das operações que cada cooperado realizou. A cooperativa tem duas palavras-chave – participação e solidariedade. Essa igualdade, enfim, é um instrumento de defesa da sustentabilidade e do desenvolvimento do País. De acordo com o sétimo princípio (preocupação com a comunidade), uma cooperativa não pode se preocupar apenas com o crescimento econômico e social dos seus cooperados, mas também de sua comunidade. Essa é a base, o alicerce do movimento AOS LEITORES cooperativista no Brasil e no mundo. CS – Qual a opinião do senhor sobre os agroquímicos e o papel desses produtos nos avanços que o agronegócio brasileiro vem obtendo nos últimos anos? RR - Em um país tropical como o nosso, é evidente que as tecnologias têm de ser diferentes das aplicadas em países de clima temperado. Aqui pragas e doenças são mais agressivas e exigem preocupações relacionadas à defesa sanitária, ao bem-estar das plantas, para que haja resultados positivos. Os defensivos agrícolas têm papel relevante na competitividade e na modernidade do agronegócio brasileiro. Expediente O Sindag, 72 anos, é vinculado à Fiesp, mantido por 50 empresas e representa o setor de defensivos agrícolas junto a órgãos de governo, poderes públicos, entidades de classe, comércio exterior, associações rurais e outros segmentos da indústria. Edição: Bureau de Ideias, Imprensa e Comunicação Telefone: (11) 5094-5533 - www.sindag.com.br; [email protected] Conexão Sindag é uma publicação mensal do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola. www.mercurioperfil.com.br 4 Estratégica – www.bureauideias.com.br Produção: Mercúrio+Perfil Sugestões de pauta e contato com o comitê editorial: [email protected] IMPORTANTE Denuncie. Não arrisque sua liberdade. Diga não aos agrotóxicos ilegais. Para sua proteção, respeito à saúde pública, ao meio ambiente e à segurança no trabalho, nunca use produtos falsificados e contrabandeados. É crime. Disque Denúncia Agrotóxicos Ilegais: 0800 940 7030 O novo Conexão L embramos que após cinco anos circulando na versão impressa, o informativo Conexão Sindag passará por uma reformulação editorial, que entre outras inovações o converte r á n u m a p ubl i c aç ão digital. A mudança ocorrerá a partir da edição de número 43. A Comissão de Comunicação do Sindag solicita aos associados e parceiros que façam um cadastro no endereço cadastroconexao@sindag. com.br, para receber por e-mail o novo Conexão Sindag.