Ana Paula Aoki
Os diferenciais competitivos no Cooperativismo de Crédito
ARTIGO APROVADO COM CONCEITO “
”, NO CURSO DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM NÍVEL DE ESPECIALIZAÇÃO EM MBA EXECUTIVO –
GESTÃO DE COOPERATIVAS DE CRÉDITO TURMA 2010/A, PROMOVIDO
PELA UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU - FURB.
________________________________________________
Leomar dos Santos - Doutor
Márcia de Jesus Xavier
Chefe da Divisão de Pós-Graduação
Prof. Leomar dos Santos
Coordenador do TCC
Blumenau,
Data de conclusão do artigo: 31/03/2013
1
OS DIFERENCIAIS COMPETITIVOS NO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO
Ana Paula Aoki*
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo identificar a percepção do público geral a respeito dos
diferenciais competitivos de uma cooperativa de crédito. Sendo este um fator que promove uma
diferenciação no mercado, possibilita a identificação dos principais aspectos, como diferenciais
competitivos, suas vantagens desenvolvimento e estratégia, para a melhoria no atendimento das
necessidades de seus associados. Este trabalho será iniciado com alguns esclarecimentos sobre
Cooperativismo, Cooperativismo no Brasil, contendo as principais ideias de alguns dos
precursores desta doutrina, bem como alguns aspectos históricos do cooperativismo no Brasil. É
fundamentado em pesquisa bibliográfica, baseando-se em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos e complementado por informações retiradas de sites
da Internet e de revistas. Desta forma, é muito importante a divulgação dos diferenciais
competitivos do cooperativismo à sociedade, para contribuir para o seu desenvolvimento e
crescimento regional. As cooperativas têm mostrado cada vez mais o seu potencial como uma
alternativa forte e inteligente para soluções financeiras.
Palavras-chave: Cooperativismo de crédito. Diferenciais competitivos. Vantagens.
1 INTRODUÇÃO
Os diferenciais das Cooperativas de Crédito é o tema que norteia este trabalho. A doutrina
do cooperativismo está se difundindo e assim conquistando não apenas uma parcela do mercado,
mas, também está competindo frente a frente com outros modelos de instituições financeiras já
consolidadas.
Pós-graduada no MBA Executivo: Gestão de Cooperativas de Crédito – FURB, 2012; Pós-graduada em Gestão
Marketing – FAE, 2004; Graduada em Ciências Econômicas – FURB, 2000.
*
2
Como em qualquer organização, os desafios são muitos. As cooperativas são uma “nova
ideia”, e mesmo sendo diferentes conseguem alcançar bons resultados, possuem crescimento e
concomitantemente prezam o social.
Existem várias formas de se abrir uma empresa. Ela pode ser uma firma individual,
limitada ou S.A, onde o principal objetivo será o lucro. Porém, cada vez mais um modelo um
tanto diferente vem conquistando espaço no mercado: o Cooperativismo de Crédito.
A principal diferença, é que os resultados operacionais, em vez de serem lucros, passam a
serem sobras. Estas sobras beneficiam diretamente todos os cooperados e indiretamente a região
de atuação desta cooperativa. E cada vez mais, este modelo vem sendo usado e procurado, tanto
por pessoas quanto por empresas e isto acontece não só no Brasil como nos demais países.
Os ramos de atuação das cooperativas de crédito, mais conhecidos são: agrícola, consumo
e de crédito. Existem várias outras possibilidades de atuação das cooperativas, já que estão se
fortalecendo graças a uma política incentivadora principalmente por parte do governo, assim as
perspectivas são favoráveis. Enquanto que as desvantagens desse tipo de organização estão mais
concentradas em relação ao custo para aplicação de um sistema mais forte e eficaz em gestão.
Este estudo é relevante, pois o sistema cooperativo está conquistando seu espaço e
demonstrando as várias oportunidades que estas associações de pessoas podem proporcionar.
Percebe-se que o agrupamento de pessoas em torno de instituições de lucro participativo está
crescendo e conquistando espaço no mercado, seja por sua filosofia de negócios sustentáveis ou
como instrumento de conquista de objetivos comuns. Esse aumento no crescimento de empresas
de crédito tem gerado efeitos positivos na economia, tornando-se uma alternativa viável e
rentável.
Cada ramo de atuação com suas particularidades, benefícios e diferenças procuram
atender as necessidades do coletivo, baseados na ajuda mútua e na solidariedade. Cooperativas
que inicialmente pequenas e fechadas mostraram sua importância para a economia e conseguiram
além de muitos estudiosos, seguidores. Diante da economia atual, onde estas “empresas” são uma
alternativa, confiável os seus diferenciais e importância se tornaram um tema extremamente
interessante para pesquisa.
Conforme Kotler (2000), “a diferenciação é o desenvolvimento de um conjunto de
identificação da necessidade do cliente que distinguem a oferta da organização da oferta da
concorrência”. Esta diferenciação varia muito conforme o setor e é nos serviços com valores
3
agregados e com qualidade que está a chave para o sucesso competitivo. De acordo com essa
definição, pode-se afirmar, então que a vantagem diferencial deve ser a criação de uma ideia
inovadora que pareça ser única no mercado. Essa estratégia de diferenciação enfatiza o motivo
pelo qual o consumidor deve comprar o produto da empresa e não de seus concorrentes.
O objetivo geral da pesquisa é identificar a percepção do associado a respeito dos
diferenciais competitivos de uma cooperativa de crédito em relação às Instituições de crédito
tradicional. Colaborar com um material esclarecedor e objetivo, voltado ao grande público em
geral no que diz respeito à Cooperativa de Crédito e seus diferenciais competitivos.
Uma importante questão a ser respondida é: onde estão os diferenciais das cooperativas de
crédito? Há muitos anos, as cooperativas de um modo geral, reforçam com o consumidor sua
eficácia na venda de diferenciais (sobras, voto, desenvolvimento local, tarifas e taxas
competitivas). Atualmente, diante da redução de taxas de juros das demais Instituições Bancárias,
percebem-se mudanças de alguns bancos para reduzir as taxas. Esse comportamento do mercado
acaba por tornar inútil uma das propostas do cooperativismo de crédito em que existem ganhos
para quem investe. O sistema cooperativo está conquistando seu espaço e demonstrando as várias
oportunidades que estas associações de pessoas podem proporcionar. Portanto, como sociedade
de interesses comuns, a concentração (congregação, junção, acúmulo) desse tipo de parceiro pode
gerar dificuldade. A cooperativa é um modelo de negócio podendo proporcionar muitos
benefícios aos associados, como por exemplo: fomentar a região, divisão de sobras (lucro),
redução de suas tarifas e taxas.
Para as cooperativas considera-se esse um momento de cautela, pois além dos fatores
citados anteriormente, há necessidade em expansão em tecnologia, renovação em marketing,
remuneração do capital social, absorção de inadimplências elevadas e não corretamente
precificadas.
2 COOPERATIVISMO
No decorrer da história, as pessoas buscaram as mais variadas formas de convivência para
facilitar a vida e trazer melhores condições de sobrevivência.
Desde o surgimento da humanidade, o homem procura formas de se associar para resolver
seus problemas, seja para caçar, colher, pescar, atacar, se defender, produzir, comprar e vender
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produtos, construir suas casas, entre outras atividades.
Estas estruturas utilizadas sem ter consciência, futuramente se tornam uma doutrina
chamada cooperativismo. Esta doutrina serve como uma maneira de organização para resolver
estas atividades fundamentais da necessidade humana, os princípios básicos dos tempos
primórdios, que é a ajuda mútua e a solidariedade.
Veiga e Fonseca (2001, p. 18) veem o cooperativismo como: “um sistema de ideias,
valores e forma de organização da produção de bens e serviços e do consumo que reconhece as
cooperativas como forma ideal de organização das atividades socioeconômicas. Seu objetivo não
é o conjunto das pessoas, mas, o indivíduo através do conjunto das pessoas”.
Segundo Pinho (2004, p. 136) o cooperativismo “pode ser focalizado como doutrina,
teoria, sistema, movimento ou simplesmente técnica de administração de cooperativas”. O
cooperativismo moderno enquanto empreendimento inicialmente surgiu na Inglaterra e França
durante o século XVIII e “prentendeu representar uma alternativa entre o capitalismo e
socialismo utópicos” (SANDRONI, 2006, p. 191). Mais tarde o cooperativismo se difundiu entre
diversos países, tendo como objetivo a prestação de serviços, a fim de corrigir os problemas
econômicos sociais por meio da criação de comunidades de cooperação. (PINHO, 2004).
Pode-se definir cooperativismo como uma doutrina, um sistema, um movimento ou uma
atitude que considera nas cooperativas a forma ideal de organização das atividades sócioeconômica. Onde as pessoas que participam desta doutrina o têm como filosofia de vida e
buscam divulgar e consolidar este sistema. Pois se trabalha para suprir necessidades individuais
visando o resultado como um todo. (KLAES, 2007).
2.1 O COOPERATIVISMO NO BRASIL
O Brasil, desde a época da colonização, já possui uma criação da cultura da cooperação,
que mais tarde vem a se transformar em cooperativas organizadas e deixam de ser apenas uma
sociedade solidária, que é fundamentada no trabalho coletivo para virarem instituições.
Segundo as informações disponíveis, apenas em 1889 começa de fato a história do
cooperativismo formal no Brasil. Com o processo de abolição da escravatura, novos imigrantes
para abastecimento das lavouras, aumento da migração, entre outros acontecimentos, começa a
surgir problemas de distribuição e abastecimento nos novos centros urbanos. Dentro deste
5
contexto foi fundada a primeira cooperativa formal do Brasil em 1889 que se chama Sociedade
Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto. (SOUZA, 2009).
Como não existia legislação específica tratando das sociedades cooperativistas, esta,
assim como outras cooperativas eram constituídas como sociedades anônimas. Somente em 1891
a Constituição Federal do Brasil, reconhece no parágrafo 8º do Artigo 72, o direito de associação
dos trabalhadores em sindicatos e cooperativas. Com esta mudança na constituição, considera-se
com frequência, que a primeira representante do cooperativismo moderno seja a Associação
Cooperativa dos Empregados da Companhia Telefônica de Limeira, criada em 1891 em São
Paulo. (SOUZA, 2009).
No dia 5 de janeiro de 1907 houve a promulgação da primeira lei relativa a cooperativas,
foi inspirado na Lei Belga de 1873, o Decreto nº 1673. Mesmo que ainda não reconhecesse nas
cooperativas com uma forma própria, relacionou com as entidades cujos membros se unem com o
objetivo de satisfazer suas necessidades através de uma empresa econômica, previu que as
cooperativas “podiam se organizar em sociedades anônimas, em nome coletivo [...], regidas pelas
leis que regulam cada uma dessas formas de sociedade, com as modificações instituídas naquele
decreto”. (FRÓES, 2001).
O ano de 1907 foi também o do surgimento de um novo ramo do cooperativismo
brasileiro. Por obra do governador de Minas Gerais, João Pinheiro, com o objetivo de reduzir a
intermediação de produtos agrícolas, apoiou o movimento cooperativismo e contribuiu para o
surgimento do cooperativismo agropecuário. Foram criadas inúmeras cooperativas de café, milho
e outros cultivos. (GUIMARÃES; ARAÚJO, 1999).
Em decorrência da legislação, várias outras cooperativas e associações foram criadas.
Outro exemplo foi entre os anos de 1918 a 1931 quando houve a criação de vários Bancos
cooperativos (tantos urbanos quanto rurais), Caixas populares e do tipo Raiffeisen (fundador da
primeira Cooperativa de crédito rural na Alemanha) e ainda cooperativas dos ramos de produção
rural, consumo e escolar. (PINHO, 2004). Percebe-se que inicialmente as cooperativas que
tinham maior importância eram as cooperativas de consumo e as de crédito rural, que recebiam o
apoio do governo federal para difundir. (SOUZA, 2009).
Em 19 de dezembro de 1932, com o Decreto nº 22.239, as cooperativas possuíram uma
margem de liberdade de constituição e funcionamento, facilitou e simplificou a sua fundação e
isentou uma série de impostos. O governo através desta lei regulamentou assim como incentivou
6
as cooperativas, que por sua vez tiveram um crescimento acelerado principalmente do ramo
agropecuário sob a influência estatal. Este Decreto é visto como o estatuto do cooperativismo,
mas, o mesmo ano seguinte foi substituído pelo de nº 23.611.
No dia 2 de dezembro de 1969 foi criada a OCB (Organização das Cooperativas
Brasileiras) que teve seu registro em cartório feito no ano seguinte. Uma das grandes
representantes dos interesses do cooperativismo nacional. Foi constituída como uma sociedade
civil e sem fins lucrativos, com neutralidade política e religiosa.
A evolução legislativa não cessou, assim como o surgimento de novos ramos e
cooperativas. Porém entre as conquistas na legislação, destacam-se as leis e decretos sobre as
cooperativas habitacionais e de crédito; as que instituíram e regulamentaram a Cooperativa
Integral de Reforma Agrária (CIRA); as que definiram a política nacional de cooperativismo e
que reorganizaram o Conselho Nacional do Cooperativismo e o Banco Nacional de crédito
Cooperativo. Mas, o ano de 1971 foi especial, pois, finalmente foi promulgado um novo estatuto
geral do cooperativismo. Através da Lei nº 5.764 que “define a política Nacional de
Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras providências.
(POLONIO, 1999).
Um dos fatos que contribuiu para o desenvolvimento das cooperativas no Brasil foi o
reconhecimento internacional do cooperativismo brasileiro. O que gerou isto foi a eleição do Sr.
Roberto Rodrigues, ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, à presidência da
Aliança Cooperativa Internacional (ACI) que em 1995 foi o primeiro presidente não europeu.
Para finalizar este relato do surgimento e evolução do cooperativismo no Brasil, resta
informar que as cooperativas estão sujeitas, entre outras, às seguintes normas: Constituição
Brasileira de 1988; Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009; Lei nº 5.764, de 16 de
dezembro de 1971; Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964; Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de
2002 – Código Civil brasileiro; Resolução nº 3.442, de 28 de fevereiro de 2007 e outras do Banco
Central.
2.2 DIFERENCIAIS COMPETITIVOS
Chiavenato e Neto (2003) relatam que diferenciais competitivos ocorrem quando uma
organização consegue superar as demais em um determinado aspecto do seu comportamento ou
7
em alguma das características de seus bens ou serviços. Neste caso, a comparação com a
concorrência acaba se tornando inevitável, pois os diferenciais competitivos nem sempre são
facilmente identificáveis, e podem ser um aspecto relativo de análise.
Ainda segundo os autores, para que haja uma vantagem competitiva sustentável são
fundamentais três condições: (1) perceptibilidade: consumidores percebem diferença consistente
entre o produto da empresa frente ao da concorrência; (2) favorabilidade: a diferença precisa ser
positiva e latente em relação aos concorrentes. Exemplo: atendimento diferenciado; preço tarifas
e taxas, entre outros; (3) sustentabilidade: a diferença precisa perdurar ao longo do tempo.
O encontro dessas três condicionantes é capaz de gerar vantagem competitiva em maior
ou menor grau, conforme o nível de entrelaçamento dos três fatores, de acordo com a percepção
da empresa ou consumidor (Quadro 1).
Quadro 1 – Condições diferenciais
Fonte: Chiavenato e Neto (2003).
Duas condicionantes inter-relacionadas podem gerar alguma vantagem, mas sem sucesso.
Caso perceptibilidade e favorabilidade estejam ligados em alguma campanha sem a
sustentabilidade, em curto prazo essa vantagem poderia ser recusada pelos consumidores.
8
Contudo, além dessas três condicionantes, conquistar a confiança e credibilidade, não é
uma tarefa muito fácil.
Na avaliação do Ministro Alexandre Tombini, Presidente do Banco Central,
o cooperativismo, com todos os avanços que teve, ainda é pequeno no sistema
financeiro. A participação de crédito e depósitos não chegou ao nível potencial. No Rio
Grande do Sul, a participação está numa faixa de um dígito mais próximo de 10, algo em
torno de 8 ou 9 por cento. É isso que deveria ser a média nacional.1
“O crescimento do setor é efetivamente, muito desigual nas diferentes regiões do país”.
Contudo, ninguém tem duvida de que o setor avançou consideravelmente nos anos mais recentes,
aproveitando-se, como fator externo, das prerrogativas legais e regulamentares, e, internamente,
do aperfeiçoamento da gestão. (MEINEN, 2012, p. 157).
Principalmente em função da ascensão da Classe C, o que mudou a economia brasileira, o
que tem ocorrido vantagens financeiras para as empresas e as Cooperativas estão atentas ao novo
Brasil e a nova classe D que surge como possibilidade de sustentar o crescimento de vendas.
2.3 AS VANTAGENS DO COOPERATIVISMO DE CRÉDITO
As vantagens das cooperativas de crédito quando comparadas as demais instituições
financeiras estão relacionadas aos seus menores custos operacionais, tendo em vista o fato de que
não operam com fins lucrativos.
Além disso, a importância do cooperativismo de crédito está também associada ao fato de
promover investimento privado com liquidez, aplicações conservadoras, seguras e de favorecer a
criação de emprego, renda, sendo por essas razões, identificado como um instrumento importante
para o desenvolvimento local.
Com efeito, diferentemente das instituições de crédito tradicionais, que tem caráter
restritivo, os mecanismos de acesso ao crédito através das cooperativas de crédito podem adquirir
maior flexibilidade de acesso e condições, inclusive para a classe menos privilegiada,
constituindo-se como alternativa de combate ao crescimento da pobreza, especialmente em
1
Extratos do pronunciamento do Ministro Alexandre Tombini, por ocasião do lançamento da agenda legislativa do
cooperativismo, em evento patrocinado pela OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, em 28/02/2012.
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função da forte tendência de redução do emprego formal e ampliação da informalidade do
emprego (BARONI et al., 2002; COELHO, 2003).
Ao contrário de uma relação pautada na ação solidária, a base desse modelo se situa a
partir de uma lógica de acumulação de capital. Isso porque os requisitos necessários de acesso
aos serviços se dão pela propriedade dos meios de produção e o volume de movimentação
financeira junto ao sistema. Por isso, a importância de suas vendas focadas em serviços,
atendimento personalizado, o que tende a reforçar os laços com a comunidade, com credibilidade
e confiança.
Ser associado e dono do negócio ao mesmo tempo é uma das vantagens do
cooperativismo de crédito, o que não ocorre com relação às demais instituições financeiras.
Enquanto as despesas com taxas de serviços em bancos convencionais não retornam ao
cliente, na cooperativa parte delas é compensada por meio da divisão das sobras.
Outra vantagem é a proximidade com a diretoria, o que facilita o acesso e a aprovação aos
serviços, como linhas de crédito, por exemplo. Lembrando que os valores captados pela
cooperativa ficam na própria cidade para fomentar os negócios locais, o que promove o
desenvolvimento da economia local.
É importante mencionar que as cooperativas de crédito no Brasil, são equiparadas às
Instituições Financeiras (Lei nº 4.595) e seu funcionamento deve ser autorizado e regulado pelo
Banco Central do Brasil (BACEN). O cooperativismo possui legislação própria, a Lei nº 5.764/71
e Lei complementar nº 130. Sendo assim, todo o seu funcionamento é supervisionado pelo
BACEN, de modo que o Estado não pode interferir no regular desenvolvimento da atividade
cooperativa. Além de todo respaldo legal, os associados também podem contar com o
disciplinamento mínimo do(s) fundo(s) garantidor(es) do cooperativismo de crédito, de modo que
haja uniformidade essencial de proteção aos associados investidores.
As negociações, sejam de produtos ou serviços, são sempre bem aconselhadas, para que
cada sócio tome sua decisão correta. Precisam ter maior divulgação, para despertar ao associado e
ao público geral que as cooperativas estão presentes e competitivas no mercado financeiro, para
que dessa forma todos possam ampliar as condições de investimento, aumentar o nível de
satisfação dos associados no sistema, por consequência a contribuição para o desenvolvimento
regional.
10
2.4 FATORES AO DESENVOLVIMENTO COM A COOPERATIVA DE CRÉDITO
A evolução e a expansão do sistema cooperativo geraram oportunidades de trabalho,
aumento da produção e até, em certos lugares, podem ocorrer maiores oportunidades de negócios
que possam agregar valor. Também passou a determinar que a cooperativa exercesse influência
na sociedade como um todo, de tal forma que as atividades dentro da cooperativa começassem a
ter reflexos na coletividade, determinando um movimento de aproximação entre os dois
universos.
No universo globalizado onde as relações de trabalho são baseadas na busca pelo
resultado financeiro (lucro), o modelo cooperativo surge como uma alternativa democrática,
sustentada por relações solidárias a partir das quais busca gerar processos de cooperação
baseados na igualdade e na justiça econômica e social.
As cooperativas possuem uma forma peculiar de comunicar-se com o seu público com
relação aos outros tipos de organizações, isso porque em uma cooperativa temos a ideia de
solidariedade, de cooperação mútua. Por isso, o relacionamento é um dos fatores importantes,
pois, a participação dos associados na cooperativa não deve ser imposta, mas, sim, uma adesão
espontânea dos indivíduos, dessa forma o cooperado passa a apoiar a cooperativa e utilizar os
seus serviços oferecidos pela mesma, pois, começam a entender que se trata também de sua
propriedade.
Para isso é necessário que a comunicação se faça presente entre as estratégias das
cooperativas, assim, o associado obtém informações sobre os projetos e realizações da
organização e percebe que é também, ouvido quando necessário. As cooperativas de crédito
entendem que ao valorizar o relacionamento e oferecer soluções financeiras irá contribuir a
qualidade de seu sócio e da comunidade.
Além disso, as cooperativas visam também a competitividade do mercado onde atuam,
isto através da concorrência. O ramo de crédito, por exemplo, mesmo não tendo um crescimento
maior que o sistema financeiro nacional, mostra que elas vieram para proporcionar à população
mais uma opção de instituição financeira de qualidade e confiabilidade. Além de estarem em
expansão, estão conhecidas. Mesmo não sendo associadas, as pessoas conhecem ou ouviram falar
das cooperativas, isto independente do ramo de atuação. Sendo assim, as cooperativas tendem a
crescer e a se desenvolver com os seguintes fatores importantes: tarifas e taxas mais acessíveis,
11
atendimento personalizado, divisão do lucro, fomento da região e criação de vínculo do sócio
com a Cooperativa.
2.5 AS ESTRATÉGIAS QUE AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO DEVERIAM UTILIZAR
PARA BUSCAR SE DIFERENCIAR
Nos países europeus e na Coréia do Sul, as pessoas ascenderam socialmente por meio da
educação e da habilitação profissional. Depois veio o aumento da renda. No Brasil, ocorre um
fenômeno peculiar: a construção da identidade está acontecendo pela inserção no mundo do
consumo. Empresas que começam a atuar com a classe D costumam se deparar com essa função
social e educativa.
As chances em conquistar e atingir esse novo público para as cooperativas de crédito são
grandes. Basta desenvolver um trabalho e focar esse novo consumidor, disposto a honrar suas
contas e dívidas.
Considerando que as cooperativas não se configuram como ameaça ao modo de produção
capitalista, mas, que podem revelar potencial emancipador para os associados, procuramos
desvendar o significado dessa forma de organização no Brasil, tendo em vista o seu crescimento
desde o final da década de oitenta. Essas cooperativas, que surgem num cenário político
orientado por medidas neoliberais, chamam a atenção por terem princípios contrários aos da
lógica capitalista que são segundo (BIRCHALL apud SANTOS; RODRÍGUEZ, 2002, p. 34),
identificados através dos seguintes itens:
a) vínculo aberto e voluntário (as cooperativas estão sempre abertas a novos membros);
b) controle democrático por parte dos membros (as decisões fundamentais são tomadas
pelos cooperados, independentemente das contribuições de capital feitas por cada
membro ou sua função na cooperativa);
c) participação econômica dos membros (tanto como proprietários solidários da
cooperativa, quanto como participantes eventuais nas decisões sobre distribuição de
sobras/lucro);
d) autonomia e independência em relação ao Estado e as outras organizações;
e) compromisso com a educação dos membros da cooperativa (pra lhes facultar uma
participação efetiva);
12
f) cooperação entre cooperativas através de organizações locais, nacionais e mundiais;
g) contribuição para o desenvolvimento da comunidade em que está localizada a
cooperativa.
A gestão do capital do cliente, através da utilização de suas práticas, o conhecimento do
cliente, o marketing de relacionamento e a orientação para o mercado constituem recursos
estratégicos que impactam positivamente na lealdade dos clientes da empresa.
Outro fator importante é a satisfação dos clientes, que é uma das principais formas que as
organizações possuem para conquistarem mercado. Ocorrendo a partir da captação e
relacionamento dos mesmos. Os clientes ficam mais exigentes e consequentemente, as empresas
buscam aprimorar conhecimento, qualidade, tendo como o principal objetivo a satisfação de seus
consumidores.
Tendo-se como hipótese o fato de que a satisfação do cliente é resultado dos serviços
prestados pela empresa, principalmente na qualidade do atendimento. O que é um dos fatores que
hoje as cooperativas estão atentas e enfatizam. Essa percepção desta satisfação para o sócio ou
cliente é fundamental para o sucesso de qualquer organização.
Com a queda das fronteiras devido a globalização, as cooperativas precisam se tornar
mais competitivas, se desenvolvendo cada vez mais para atingir seu espaço no mercado. Desta
forma, o planejamento tem se mostrado uma importante ferramenta em todo processo.
Segundo Moreira (2002) um sistema de planejamento é um conjunto de planos de metas e
política que visam resultados financeiros, possibilita a administração conhecer os resultados
operacionais da cooperativa e executar os acompanhamentos pertinentes para que esses
resultados sejam alcançados e os possíveis sejam analisados e corrigidos.
O planejamento e controle de acordo com Welsch (1983) têm uma relação com o sistema
contábil em que à contabilidade fornece os dados históricos quantitativos e geralmente estes
dados são relevantes para o desenvolvimento do plano da cooperativa. A composição financeira
do plano é estruturada de acordo com o formato contábil. A avaliação de desempenho que são
analisados os dados reais e planejados são fornecidos parte pela contabilidade.
Portanto, estas estratégias de relacionamento influenciam a qualidade dos serviços
financeiros prestados aos associados.
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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o término deste estudo pode-se concluir que o cooperativismo de um modo geral
está presente no nosso dia a dia, ainda que de forma imperceptível para a grande maioria das
pessoas, pois a liberdade, a livre iniciativa, a redução de desigualdades, solidariedade, a
promoção do bem comum ou coletivo e a não discriminação, integram alguns dos valores e
princípios do cooperativismo, que por sua vez, também está presente na Constituição Federal.
Isso mostra que para apoiarmos ou praticarmos alguns destes valores do cooperativismo,
não precisamos necessariamente ser vinculados ou cooperados a alguma cooperativa. Basta
entendermos que tudo isso demonstra a soma de valores individuais e coletivos perpetuados ao
longo de inúmeros séculos, e que foram considerados fundamentais para a melhoria da
convivência e consequentemente para o crescimento do bem comum.
É importante frisar que as Cooperativas de Crédito são instituições financeiras
supervisionadas pelo Banco Central, o qual exige: fortes pilares para sua operacionalização,
rígidos controles, auditorias independentes e transparência na gestão. Ele ainda orienta que a
gestão deva ser feita por executivos que vivem e conhecem muito bem a realidade regional, para
que assim a Instituição tenha total clareza nos esforços para o desenvolvimento da área de ação
da Cooperativa de crédito.
Para usufruir de todos os benefícios da sua Cooperativa de Crédito, é importante se portar
como um verdadeiro dono desta Instituição, concentrando nela suas transações financeiras e
participando para ganhar sempre. Como parceiro neste projeto deve se permitir que todos os
envolvidos conheçam a plenitude de suas demandas de serviços e produtos financeiros. Isto
permite aos cooperados, que obtenham seus reais ganhos financeiros e um atendimento de
altíssima qualidade. Assim, estabelece uma relação comercial de confiança mútua podendo
divulgar na sociedade, os benefícios, a qualidade e a solidez da sua Cooperativa de Crédito.
A utilização do sistema cooperativo torna-se um veículo de melhor aceitação ao público
em geral, pequeno ou médio empresário, pessoas que até possuam uma dificuldade no acesso a
financiamento, porém, se identificam com o sistema de atendimento diferenciado e personalizado
como nas cooperativas de crédito.
As cooperativas possuem custos operacionais menores, o que as levam praticar taxa de
juros mais baixos do que as instituições financeiras em geral. E por isso, os desafios são grandes,
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relacionados ao fortalecimento do sistema cooperativista, ao aperfeiçoamento estrutural, à
viabilização de novas cooperativas e consolidação de fundos garantidores.
Pode-se também dizer que as cooperativas de crédito, são instituições financeiras não
bancárias formadas por associados cujas operações são voltadas exclusivamente para o benefício
mútuo. Isso quer dizer, que a meta não é visar o lucro e em havendo, as sobras são distribuídas
aos associados de acordo com as cotas de capital investido e proporcionalmente às operações
realizadas.
Ou seja, as cooperativas de crédito são instituições que promovem intermediação
financeira, porém, com características democráticas que enfatizam o desenvolvimento social,
principalmente de uma parcela menos favorecida da população e a autoajuda. O incentivo ao
cooperativismo de crédito tem sido, em períodos recentes, alvo de medidas por parte dos
governos.
No sentido de contribuir para que as cooperativas possam cumprir adequadamente seu
papel e responder adequadamente aos estímulos do público em geral, esta pesquisa procurou
identificar seus diferenciais no mercado.
Contudo, é notória a importância da cooperativa de crédito, que na contramão dos bancos,
desenvolve grande parte dos depósitos para os seus locais de origem na forma de operações de
crédito, realizando a intermediação financeira de forma a maximizar a reciclagem dos recursos
que são poupados direcionando-os para o investimento e contribuindo para o desenvolvimento
regional.
REFERÊNCIAS
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201505191613580.Artigo Ana Paula Aoki_Os diferenciais