Faculdade Boa Viagem Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na cidade de Caruaru – PE Camilla Maria Malta Leite Recife, 2010 FACULDADE BOA VIAGEM CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO CLASSIFICAÇÃO DISSERTAÇÕES DE ACESSO A TESES E Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Mestrado em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus: Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas); Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada; Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia; A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor. Solicitase aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração. Título da Dissertação: “CAPITAL SOCIAL: O CASO DOS SUCESSORES DAS EMPRESAS FAMILIARES NA CIDADE DA CARUARU - PE”. Nome da autora: Camilla Maria Malta Leite Data da Aprovação: 30 de julho de 2010. Classificação conforme especificação acima: Grau 1 Grau 2 Grau 3 Recife, 30 de julho de 2010. __________________________ Assinatura do Autor Camilla Maria Malta Leite Orientador, Helder Régis Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na cidade de Caruaru – PE Dissertação de Mestrado apresentada como Requisito complementar para obtenção do grau de mestre em Administração, área de concentração em Pessoas e Organizações, do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial da Faculdade Boa Viagem. Recife, 2010 Faculdade Boa Viagem Centro de Pesquisa e Pós-graduação em Administração – (CPPA) Curso de Mestrado Profissional em Gestão Empresarial – MPGE Capital Social: o caso dos sucessores das empresas familiares na cidade de Caruaru – PE CAMILLA MARIA MALTA LEITE Dissertação submetida ao corpo docente do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial (MPGE) do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração (CPPA) da Faculdade Boa Viagem (FBV) e aprovada em 30 de julho de 2010. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________ Helder Pontes Régis, Doutor, Universidade Federal Rural de Pernambuco (Orientador) __________________________________________________________ Emanuel Ferreira Leite, Doutor, Universidade de Pernambuco (Examinador externo) __________________________________________________________ Maria Auxiliadora Diniz de Sá, Doutora, Faculdade Boa Viagem (Examinadora interna) Resumo Este estudo descreve como se estruturam as redes informais dos empresários sucessores das empresas familiares da cidade de Caruaru, localizada na região agreste de Pernambuco. Mais especificamente, como se estruturam as redes de relações surgidas entre os sucessores e seus mentores. É usado um modelo multidimensional e multimétodo com base na abordagem teórica do capital social para identificar as dimensões cognitiva, estrutural e relacional da rede informal de apoio à carreira dos sucessores. Através das três dimensões do capital social, foi possível estudar os conteúdos transacionados nessa rede: amizade, informação, confiança e mentoria. São analisadas as dimensões do capital social da rede de mentoria para mostrar a construção destas relações no contexto dos sucessores. Para a medição das funções da mentoria, dentre elas, a amizade, a informação e a confiança, foi utilizado o instrumento de medida construído e validado por Régis (2005). Observou-se que para os sucessores não há variações relevantes que diferenciem o tamanho das redes de amizade, informação e confiança. Estes achados diferem dos estudos no âmbito corporativo e das incubadoras de empresas, possibilitando argumentar ser esta uma característica das redes de sucessores. Corroborando Régis, Dias e Bastos (2006), este estudo encontrou que os laços fortes de interação estão relacionados às funções da mentoria. Os achados também mostraram que a construção da rede de apoio dos empresários sucessores é baseada na diversidade de papéis, porém prevalecem as relações com os familiares fundadores da empresa. No que diz respeito à rede de mentoria, predominaram as relações empreendedoras, com mais de dois mentores e laços fortes. Palavras Chave: Redes Sociais. Capital Social. Mentoria. Cognição Empreendedora. Sucessão. Empresa Familiar. Abstract This study describes how to structure the informal networks of entrepreneurs successors of family businesses in the city of Caruaru, located in the wasteland of Pernambuco. More specifically, how they structure the networks of relationships that arose between the successors and their mentors. It used a multimethod and multidimensional model based on the theoretical framework of social capital to identify the cognitive, structural and relational dimensions of informal network of support for the careers of successors. Through the three dimensions of social capital, it was possible to study the contents traded in this network: friendship, information, confidence and mentoring. It analyzes the dimensions of social capital network of mentoring to show the construction of these relations in the context of the successors. For measurement of the functions of mentoring, among them, friendship, information and confidence, we used the measuring instrument designed and validated by Régis (2005). It was observed that there are no relevant variations, for the successors, that distinguish the size of friendship networks, information and trust. These findings differ from studies in the corporate and business incubators, allowing argue that this is a feature of networks successors. Corroborating Regis, Dias and Bastos (2006), this study found that strong bonds of interaction are related to the functions of mentoring. The findings also showed that construction of the support network of entrepreneurs successors is based on diversity of roles, but prevails the relations with the company's founders. Regarding the network of mentoring, entrepreneurs relationships predominated, with more than two mentors and strong ties. Keywords: Social Networks. Social Capital. Mentoring. Entrepreneurial cognition. Succession. Family Business. Lista de Figuras Figura 1 Perspectiva multidimensional de capital social 12 Figura 2 Dimensões do Capital Social 31 Figura 3 Exemplos de Funções da mentoria 40 Figura 4 Tipologia da rede de relacionamentos sociais no trabalho 42 Figura 5 Mapa das categorias que significam uma carreira de sucesso para os sucessores 56 Figura 6 Mapa das categorias que significam o papel da network para o desenvolvimento da carreira dos sucessores 61 Figura 7 Evocações das categorias “funções de carreira”, “funções psicossociais”, e “satisfação de clientes” 63 Figura 8 Rede geral dos sucessores 65 Figura 9 Rede com identificaçao dos atores 67 Figura 10 Sub-rede de empresas conectadas por fundadores 68 Figura 11 Rede com centralidade de grau de entrada maior que 1 e identificação dos atores centrais 72 Figura 12 Representação gráfica dos laços de mentoria 80 Figura 13 Laços de mentoria com destaque para os laços fracos 81 Lista de Tabelas Tabela 1 Métricas para análise de Redes Sociais 34 Lista de Gráficos Gráfico 1 Papéis sociais dos apoiadores 49 Gráfico 2 Diversidade dos mentores 50 Gráfico 3 Técnica de quatro quadros para carreira de sucesso 55 Gráfico 4 Técnica de quatro quadros sobre o papel da network 60 Gráfico 5 Papéis sociais das pessoas da rede 74 Gráfico 6 Empresários e as suas avaliações quanto às relações de mentoria 75 Gráfico 7 Relação das redes de mentoria, amizade, informação e confiança 77 Gráfico 8 Diversidade de mentores 79 Gráfico 9 Papéis sociais dos mentores 82 Lista de Quadros Quadro 1 Evocações sobre a carreira de sucesso com suas Frequencia e OME 52 Quadro 2 Evocações sobre o papel da network com suas Frequencia e OME 59 Sumário 1 Introdução 10 1.1 Problema de Pesquisa 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral 1.2.2 Objetivos Específicos 1.3 Justificativas Teóricas 1.4 Justificativas Práticas 2 Fundamentação Teórica 11 14 14 14 15 17 20 2.1 Carreira Empreendedora 2.2 Empresas Familiares 2.2.1 Processo sucessório nas empresas familiares 2.3 Capital Social 2.3.1 Dimensão Cognitiva 2.3.2 Dimensão Estrutural 2.3.3 Dimensão Relacional 3 Metodologia 20 23 25 28 31 32 35 45 3.1 Locus da investigaçãoe amostra 3.2 Universo e amostragem da pesquisa 3.3 Instrumentos de Coleta 4 Resultados e Discussões 45 46 46 48 4.1 Resultados das etapa exploratória 4.2 Descrição das empresas e dos respondentes 4.3 Dimensão Cognitiva 4.3.1 Componentes cognitivos usados na análise das redes 4.3.1.1 Significados compartilhados sobre uma carreira de sucesso 4.3.1.2 Significados compartilhados sobre o papel da network 4.4 Dimensão Estrutural 4.4.1 Configuração da rede 4.4.2 Laços da rede 4.4.3 Componentes Estruturais usados na análise das redes 4.5 Dimensão Relacional 4.5.1 Componentes relacionais usados na análise das redes 4.5.1.1 Diversidade de papeis 4.5.1.2 Conteúdo transacionado 5 Conclusões e Sugestões pata futuras pesquisas 48 50 51 51 52 59 64 64 68 70 73 73 74 76 84 Referências 89 APÊNDICE A – SURVEY DA ETAPA EXPLORATÓRIA 97 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS 99 APÊNDICE C - CARTÃO GERADOR DE NOMES 102 APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO FINAL 104 1 Introdução As empresas familiares representam grande parte das empresas privadas do Brasil, desempenhando importante função na economia nacional, e sendo forte geradora de empregos. Apesar disso, o futuro dessas empresas não é garantido, visto que elas têm como grande desafio o processo sucessório. A sucessão representa uma fase complicada na vida dessas empresas, já que envolve o processo de transferência de poder e capital para as novas gerações. Assim, é clara a importância de se estudar as várias questões que envolvem as empresas familiares. Apesar disso, estudos atuais sobre o tema não são encontrados com freqüência. Portanto, analisar a rede de sucessores das empresas familiares da cidade de Caruaru, de acordo com os conteúdos transacionados (amizade, confiança, informação e mentoria), é de grande valia, uma vez que a análise da rede de relacionamentos pode trazer benefícios, tais como: identificação de indivíduos centralizadores e integração das pessoas, o que pode gerar maior motivação para disseminação de informação, por exemplo. Assim, a sobrevivência das empresas familiares depende da forma que seus sucessores se comportam. Diante disto, os sucessores ganham vantagem com relação a seguir uma carreira empreendedora, muitas vezes dispensando o emprego tradicional em outras empresas, e preferindo manter o vínculo com o negócio da família. A fim de tratar deste assunto, pesquisadores já realizaram estudos para identificar os fatores que levam uma pessoa a iniciar o seu próprio negócio. Dessa forma, percebe-se que, historicamente, grande parte das pesquisas em empreendedorismo busca articular fatores individuais que influenciem as pessoas a embarcarem na carreira empreendedora (SEXTON; BOWMAN, 1984). Joseph Schumpeter foi pontual em apontar os fatores que levam alguém a se tornar um empreendedor. Segundo Schumpeter (1983), o empreendedor não é necessariamente alguém que investe o capital inicial ou inventa o novo produto, mas sim a pessoa com a idéia do negócio. Para o autor “novas combinações”, ou seja, “fazer coisas novas ou coisas que já são feitas de uma nova maneira” seria vital. O capitalista arcava com o risco. Além disso, embora um “fundador” possa permanecer no comando de sua organização, na visão de Schumpeter, essa pessoa deixa de desempenhar uma função empreendedora tão logo pare de inovar. Contudo, é importante destacar que, no Brasil, segundo Macedo (2000) a maioria das empresas são familiares e, particularmente, na região Nordeste as empresas familiares ainda representam mais de 90% das empresas não estatais. Principalmente, as empresas de pequeno e médio porte que representam 60% do montante de empresas brasileiras. Apesar da importância e do peso dos grandes grupos nacionais e multinacionais, as empresas familiares representam 48% do PIB brasileiro, demonstrando sua importância no cenário político-econômico-social do país (IBGE, 2005). Assim, empresas de controle familiar são, geralmente, um grande canal de oportunidades para quem deseja empreender um negócio próprio. Dessa forma, dados sobre as organizações familiares alertam o pesquisador sobre o tema empreendedorismo, para uma maior reflexão quanto à relevância do papel da família na trajetória empreendedora. Com o intuito de conhecer as redes de relações de empresários “sucessores” da cidade de Caruaru, este estudo volta sua atenção sobre a construção, o conteúdo e o significado das redes sociais que apóiam esses empresários, não limitando o tipo de serviço oferecido pela empresa. Nesta trajetória, as redes de amizade, confiança, informação, e mentoria serão estudadas. Além disso, o foco do estudo está sobre as redes informais, especificamente, no que se trata da sucessão familiar. Será utilizada a metodologia empregada no estudo de Régis (2005), com instrumentos já validados para o ambiente do empreendedorismo. 1.1 Problema de Pesquisa Este estudo tem como base a teoria do capital social para compreender a rede de relacionamentos dos empresários sucessores. Tradicionalmente, a análise de redes considera características relativamente simples e superficiais, tais como densidade de ligação, ignorando características mais sofisticadas, como os atributos dos atores envolvidos ou a diversidade de papéis, que são parte de muitas redes, mas que dependem de um embasamento teórico para que tais características sejam mostradas (RÉGIS; DIAS; BASTOS, 2006). O problema está na falta de conexão entre os aspectos cognitivos, estruturais e relacionais quando se tenta explicar certas teorias sociais através das redes. Mais recentemente, Régis (2005) abordou os fenômenos das redes sociais através das três dimensões do capital social apresentadas por Nahapiet e Ghoshal (1998) para investigar a forma como os empresários buscam apoio nas suas redes de relacionamentos, como mostrado na figura 1 a seguir: no canto superior direito, é mostrada a dimensão cognitiva (compartilhamento de significados); no canto superior esquerdo, é mostrada a dimensão relacional (conteúdo transacionado); na base, é mostrada a dimensão estrutural (posicionamento dos atores). Dimensão Relacional Dimensão Cognitiva Dimensão Estrutural Figura 1: Perspectiva multidimensional do capital social Fonte: Adaptada de Régis (2005) O problema de pesquisa tratará destas três dimensões do capital social no contexto do processo sucessório das empresas familiares da cidade de Caruaru. Primeiramente a dimensão cognitiva do Capital Social. Nesta etapa serão considerados os significados compartilhados pelos empresários sucessores em relação às suas percepções sobre a rede que os apóia no desenvolvimento de suas carreiras. Em seguida a dimensão estrutural. A maioria dos pesquisadores tende a limitar seus estudos em características individuais da rede como a densidade, e acabam por ignorar os outros múltiplos componentes pelos quais muitas configurações de redes são compostas, como reciprocidade e centralidade. Mesmo quando esses componentes são abordados, os pesquisadores, na sua grande maioria, os utilizam isoladamente, ou seja, sem relação ao contexto que gerou a rede. Por último, com relação à dimensão relacional da rede de relações dos empresários da região, e aos tipos ou padrões básicos destas redes caracterizadas por diferentes conteúdos transacionados: redes de mentoria, de amizade, de informação e de confiança. A maioria das pesquisas sobre redes considera as características básicas da rede, tais como densidade da ligação, mas falha na exploração de outras propriedades mais complexas, como por exemplo, os atributos dos atores envolvidos ou a diversidade de seus papéis. Os processos de mentoria ocorrendo nas empresas que estão passando por uma etapa de sucessão familiar são pouco explorados. A seguir serão apresentadas as questões de pesquisa para guiar o trabalho deste estudo. 1) Considerando a Dimensão Cognitiva do Capital Social, como os sucessores compartilham significados com relação a uma carreira empreendedora de sucesso e com relação ao papel da rede de relacionamentos para o desenvolvimento dessa carreira? 2) Considerando a Dimensão Estrutural do Capital Social, quais as características da rede de mentoria construída pelos empresários “sucessores” no que se refere aos aspectos estruturais? 3) Considerando a Dimensão Relacional do Capital Social, como se estruturam as redes com relação aos conteúdos, de amizade, de informação, de confiança e de mentoria no processo de sucessão nas empresas familiares? 1.2 Objetivos Ao considerar a interseção entre os temas das redes sociais, do capital social, da cognição empreendedora e da mentoria e considerando que as redes dão suporte aos empresários de empresas familiares da cidade de Caruaru, este estudo busca atingir os seguintes objetivos. 1.2.1 Objetivo Geral Este estudo tem como objetivo geral compreender como se estruturam as redes de relacionamentos dos “Empresários Sucessores” das empresas da cidade de Caruaru, localizada na Região Agreste de Pernambuco, tomando como objeto de investigação, o capital social, as redes de mentoria e a cognição empreendedora. Assim, buscará entender os processos pelos quais as redes operam no contexto das empresas familiares localizadas nesta cidade e conhecer o comportamento desses empresários quanto à sucessão na empresa familiar. Devido à amplitude dos conceitos, envolvendo redes sociais e mentoria e ao fato do Capital Social ser multidimensional, são colocados os seguintes objetivos específicos. 1.2.2 Objetivos Específicos Compreender, com base na Dimensão Cognitiva do Capital Social, como os sucessores compartilham significados com relação a uma carreira empreendedora de sucesso e com relação ao papel da rede de relacionamentos para o desenvolvimento dessa carreira; Identificar as características da rede de mentoria, construída pelos empresários “sucessores”, no que se refere aos aspectos estruturais; Analisar como se estruturam as redes com relação à Dimensão Relacional, especialmente no que diz respeito aos conteúdos de amizade, de informação, de confiança e de mentoria no processo de sucessão; A seguir será abordada as justificativas prática e teórica para melhor embasar a problemática de pesquisa e objetivos citados anteriormente. 1.3 Justificativas Teóricas A realização deste estudo tem sua importância, uma vez que as empresas familiares representam uma parte importante da economia do país e apresentam carência de estudos visando analisar os sucessores, visto que a maior parte das pesquisas é orientada para a visão dos fundadores do negócio. Considerando o trabalho de Bethlem (1994), pode-se constatar que a quantidade de pesquisas americanas envolvendo a sucessão é superior ao número de pesquisas brasileiras sobre este assunto. Apesar disso, tanto a América quanto o Brasil necessitam de uma atualização de estudos sobre as empresas familiares. Portanto, considerando o papel que as empresas familiares têm para a economia do nosso país, ainda é pequeno o número de pesquisas brasileiras abordando o assunto, sendo imprescindível que os profissionais e autores interessados em empresas familiares continuem pesquisando os fenômenos que envolvem estas organizações. Dessa forma, existe a necessidade de maior conhecimento sobre o assunto, já que a sucessão está associada à sobrevivência das empresas familiares. De acordo com Oliveira (1993), encaminhar cedo e de forma segura a sucessão está longe de ser hábito rotineiro nas pequenas, médias e mesmo nas grandes empresas familiares, principalmente, na primeira geração, basta saber que apenas metade das empresas criadas no Brasil passa para a segunda geração e destas apenas 5% chegam à terceira geração. Assim, além deste benefício social, este trabalho pode ser utilizado pela academia como mais um dos meios para estimular e desenvolver novas linhas de pesquisas, ou seja, novos estudos de casos direcionados ao mesmo tema, que poderão validar, refutar ou aprimorar as propostas desta pesquisa. Neste estudo iremos considerar as necessidades de criar e manter relações sociais como fundamentais para o bom desempenho dos empresários participantes do processo de sucessão. Contudo, este estudo busca inovar sobre esta temática a partir da aplicação dos conhecimentos sobre cognição social e redes de relacionamentos. A motivação do estudo também está na carência de estudos empíricos que possibilitem a análise da construção social das redes de apoio aos sucessores e a análise dos conteúdos transacionados nestas redes. Assim, a recompensa, neste trabalho, está no fato de melhor compreender o comportamento dos empresários sucessores de uma herança que lhes foi deixada por gerações anteriores. Na tentativa de contribuir para o desenvolvimento dos estudos sobre empresas familiares, esta investigação abordará a questão do processo de mentoria na sucessão familiar e a construção social das redes de amizade, informação e confiança desses empresários da cidade de Caruaru. Além disso, é importante saber que as organizações estão inseridas na dinâmica social, política e econômica que se desenvolve no ambiente onde atuam e, simultaneamente, exercem impacto e precisam se adequar às mudanças. Sendo assim, para estudá-las é preciso considerar a realidade na qual elas se inserem, pois elas são produzidas em um dado contexto. As empresas brasileiras têm características empresariais das empresas familiares, ou seja, concentração de capital nas mãos de famílias detendo o controle majoritário da organização, respondendo inclusive pela gestão do negócio (POST, 1994). Em geral, os estudos sobre empresas familiares consideram que a propriedade, a gestão e a sucessão ou a intenção de passar o bastão definem uma empresa como familiar (LEONE, 1992). Porém, a sucessão em empresas familiares tem sido considerada como o mais importante desafio a ser enfrentado pelos fundadores na luta pela perpetuação do negócio, conforme afirmam os autores: Bornholdt (2005), Soares et al. (1997), Leone (1991). 1.4 Justificativas Práticas Observa-se no contexto econômico do País a importância de se estudar as empresas familiares, sejam pequenas, médias ou grandes, visto que são empregadoras de mão de obra nas mais diversas regiões, correspondendo com a sustentabilidade de uma grande parte da população. Visando a perpetuação da empresa familiar, muitas vezes, o herdeiro percebe a necessidade de permanecer no vínculo familiar, desta vez, não só como parente, mas também como profissional, tendo o mesmo que se capacitar para no futuro ser de fato o sucessor da empresa familiar. Neste trabalho, o termo “herdeiro” se refere à pessoa para qual será transmitida a propriedade dos bens ou direitos, em geral, filhos. Já o termo “sucessor” se refere à pessoa (filho, ou não) que irá assumir determinado cargo, assumindo as funções exercidas pelo sucedido na empresa familiar. Em outras palavras, o sucessor poderá ser um dos herdeiros que trabalha na empresa da família, representando o controle da empresa no futuro. Mais adiante, serão abordados os conceitos de empresa familiar e sucessão. A empresa familiar também está sujeita às modificações do ambiente (LODI, 1999) e se constitui em um dos principais pilares da economia mundial. O empenho e investimento de empreendedores ocasionaram o crescimento das empresas familiares que representam uma parte significativa dos empreendimentos existentes no território brasileiro. São caracterizadas em sua maioria, como pequenos e médios empreendimentos, que em sua soma representam uma grande parcela do espaço econômico, respondendo por grande parte da receita e dos empregos nas empresas privadas brasileiras (OLIVEIRA, 1999). No Brasil, as empresas familiares são maioria, e representam segundo vários autores, embora com números divergentes, acima de 90% do total de empresas do país. Netz (1992) afirma que elas representam 99% das empresas privadas e respondem por dois terços dos empregos, desempenhando importante função na economia. Para Martins (1981), representam 97% das empresas brasileiras; Bethlem (1989) afirma que os grupos empresariais brasileiros de propriedade familiar totalizam cerca de 90%. Advoga Moreira (1983) que 20% das empresas familiares estão passando por processos de sucessão, que irão demorar cerca de 3 a 5 anos para serem concluídos; acrescentando ainda “... as demais companhias já passaram ou ainda vão passar por esta fase”. Bornholdt (2005) e Bernhoeft & Gallo (2003) inferem que o processo de transição do controle da família enfrenta dificuldades de qualquer transição gerencial ou de propriedade, mas com diferencial complicador por fatores subjetivos e presentes na dinâmica empresarial e familiar. Leone (2005), Oliveira (1999) e Werner (2004) também concordam que a maioria dos problemas, com relação ao futuro das empresas familiares, está ligada a aspectos de sucessão. Tais problemas podem chegar ao extremo, mesmo em organizações rentáveis, como por exemplo em casos do encerramento da atividade, o que acaba por gerar problemas que extrapolam questões de família, a citar desempregos diretos e indiretos. Nessa linha, Lansberg et al. (1996) afirmam que 70% das empresas encerram as atividades com o falecimento do seu fundador e que o ciclo médio de vida é de 24 anos. Conclui ainda que as principais causas da morte dessas empresas estão ligadas a fatores como concentração em um produto específico, falta de planejamento estratégico e brigas de sucessão. A mesorregião do Agreste Pernambucano é uma das quinze mesorregiões do estado de Pernambuco. É formada por seis microrregiões e tem uma área aproximada de 24.400 km2 (24,7% do território pernambucano) e cerca de 1.800.000 habitantes (25% da população do Estado). O Município de Caruaru encontra-se inserido na Microrregião Vale do Ipojuca no Agreste Pernambucano, sendo o mais populoso da microrregião, tem uma população estimada de 278.655 habitantes em 2005 (IBGE, 2006). Caruaru está distante 130 km de Recife (capital do estado) e atende às necessidades econômicas, profissionais, culturais, educacionais e pessoais da população de toda a microrregião do Vale do Ipojuca, o que corresponde a 793.439 habitantes (IBGE, 2006). As principais atividades econômicas são comércio, serviços, indústria e agropecuária. O Município do Vale do Ipojuca, conhecido como a Princesa do Agreste, assim como, a Capital do Forró, Caruaru é a principal metrópole do Agreste pernambucano. Maior centro de arte figurativa das Américas, segundo a Unesco, é palco da mais famosa feira popular do Brasil. E como não poderia ser diferente, grande parte das empresas localizadas nesta região são empresas familiares. Assim, este trabalho se justifica pelo fato de buscar compreender o comportamento e conhecer a rede de relações dos “empresários sucessores” das empresas familiares desenvolvimento da dessa cidade rede e de Caruaru. suas Desta relações e, forma, beneficiará o conseqüentemente, o desenvolvimento da própria região que, possivelmente, poderá contar com estratégias para unir esforços a fim de implementar, viabilizar, e conseguir ajuda para desenvolver atividades sociais. Outra contribuição é a de trazer um alerta para os fundadores e sucessores quanto à necessidade de conhecer e facilitar o processo de sucessão nas empresas, fato que pode implicar diretamente na sobrevivência das empresas familiares. 2 Fundamentação Teórica A fundamentação teórica se apresenta dividida nas seguintes partes: na primeira e segunda seção, respectivamente, serão apresentadas a carreira empreendedora e as empresas familiares. Por último, serão apresentadas as dimensões do capital social e seus conteúdos transacionados: amizade, informação, confiança e mentoria. 2.1 Carreira Empreendedora O tema empreendedorismo, muitas vezes, induz a pensar que se trata de uma questão voltada a atender as necessidades das camadas superiores da nossa sociedade. Porém, na realidade, falar de empreendedorismo traduz a real necessidade de ampliarmos a capacidade de geração de empregos e crescimento econômico do País. Os defensores deste assunto, como Fernando Dolabela (2000), afirmam que o empreendedorismo trata, sobretudo, do combate à miséria e da distribuição de renda em nossa sociedade. A reflexão sobre este contexto traz o entendimento do porque o tema empreendedorismo se torna pauta prioritária para o desenvolvimento do nosso País, e como particularmente afeta o futuro da comunidade em geral. Caracterizar o que seja um empreendedor traduz-se num desafio permanente de investigação, sobretudo pela diversidade de variáveis que cercam esse ambiente. Para o economista Joseph Schumpeter (1983), o empreendedor é “aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos materiais”. Para Peter Drucker (2000), a essência do empreendedor é transformar idéias inovadoras em ações lucrativas, já que o empreendedor vê nas mudanças as oportunidades de negócios. Diante disto, o empreendedor seria conhecido como aquele que cria novos negócios, e que pode também inovar dentro de empresas já constituídas. Dolabela (1999a) revela que “o empreendedor traduz-se em uma atitude de ser, ou seja, um modo de vida com valores compreendidos pela ótica capitalista da constante busca de oportunidades”. Ao assumir riscos, envolver a si mesmo e possibilitar empregos para outras pessoas, traz consigo um sinônimo de aventureiro em terras desconhecidas. Todavia, a aventura individual de cada empresa traz em seu bojo certo número de características comuns que emerge tanto da observação direta, quanto da literatura específica sobre o tema. No entanto, o empreendedor é um exímio identificador de oportunidades, sendo um indivíduo curioso e atento às informações, pois sabe que suas chances de inovar melhoram quando aumenta o seu conhecimento. Dessa forma, o espírito empreendedor seria, portanto, uma característica distinta, seja de um indivíduo, seja de uma instituição. Mesmo assim, parece não existir um tipo específico de personalidade empreendedora, pois gente de personalidades e temperamentos variados saíram-se bem frente a desafios empreendedores (DRUCKER, 2000). De acordo com McClelland (1961), o sucesso empresarial não consiste apenas no desenvolvimento de habilidades específicas, tais como finanças, marketing, produção etc, nem apenas de incentivos creditícios e ou fiscais, mas também das habilidades atitudinais empreendedoras. Desta forma, pode-se sugerir que o espírito empreendedor tem responsabilidade sobre a criação e prosperidade dos negócios de sucesso. Além disso, Drucker (1986) sugere que uma das saídas para o desemprego e para a economia informal em uma sociedade em processo de desenvolvimento, como a brasileira, é o empreendedorismo. Nesta ótica, para o Prof. Emanuel Leite (2005), ser empreendedor, dono de seu próprio negócio, é o sonho de muita gente. Porém, deixar a segurança proporcionada por um emprego estável, pelo cheque que não falta ao fim do mês, abdicar do conforto dos inúmeros benefícios oferecidos pelas empresas é uma atitude difícil. É nesta etapa que os empreendedores se diferenciam das pessoas comuns, uma vez que são cidadãos que utilizam sua capacidade de trabalho e tenacidade para criar valor, riqueza e postos de trabalho. Não há verdadeiro empreendedor que se contente com poucos riscos e raras oportunidades (LEITE, 2002). Relacionando ao ser e ao dever-ser do real empreendedor, percebe-se a mudança no comportamento dos jovens, uma vez que, há uma ou duas décadas passadas, a maioria das pessoas faziam o que lhes era dito e pronto (DRUCKER, 1999), sendo isso um fato que não mais encontra respaldo nos dias de hoje. Atualmente, os jovens, desde cedo, são questionadores quanto ao que irão fazer para enfrentar o mercado de trabalho, como inovar e vencer a competição. No caso dos jovens sucessores, pode ocorrer o inverso, ou seja, eles serem questionados quanto a assumir uma carreira que agregue valor ao negócio da família. Diante disto, terão que estar aptos para enfrentar mudanças e utilizar estratégias para dar continuidade aos negócios da família. Drucker (2000) ainda apresenta o empreendedorismo como uma alternativa para que se possa fazer frente a esse desafio, vinculando a inovação como sendo o instrumento específico dos empreendedores, pelo qual eles exploram a mudança como oportunidade para um negócio diferente ou um serviço diferente. Ao tratar dos conceitos de Drucker sobre empreendedorismo, Leite (2002) considera que os empreendedores são aqueles que estão ao mesmo tempo criando novos tipos de negócios e aplicando novos e extraordinários conceitos gerenciais às atividades nas quais estão envolvidos. Leite (2002) também mostra o pensamento de Peter Drucker de que, as pequenas organizações têm sido mais empreendedoras do que as grandes. Isto se justifica porque as grandes sempre contratam profissionais especialistas. Ao contrário disto, as pequenas empresas dependem do próprio fundador, ou de poucos gerentes. O problema acontece quando as empresas começam a crescer. Há necessidade de contratar pessoas especialistas que incorporem as idéias do fundador. No caso das empresas familiares o problema é ainda maior, uma vez que existe a possibilidade da sucessão familiar, mas que, nem sempre, o sucessor está capacitado, ou tem a mesma visão do fundador. Dessa forma, este estudo tem seu foco nos sucessores das empresas familiares e se preocupa em analisar o compartilhamento de significados que os empresários sucessores usam para compreender as suas realidades. Para melhor compreensão do assunto, é necessário se aprofundar no tema que trata da empresa familiar, abordado a seguir. 2.2 Empresas Familiares A empresa familiar é provavelmente uma das mais antigas formas de negócio surgidas ao longo da evolução da humanidade (LEA, 1991). Apesar disso, percebese que só a partir da década de 60 surgiu um número expressivo de estudos científicos sobre as empresas familiares (KANITZ E KANITZ, 1978; SILVA, 1984; GUTIERREZ, 1987; LEONE, 1992; PROCIANOY, 1994; SCHEFFER, 1995; LEONE, SILVA, FERNADES, 1996). Atualmente, o tema não tem sido alvo freqüente de estudos, uma vez que existem poucos estudos recentes tanto no que se refere à esfera acadêmica quanto ao meio empresarial. Saber identificar o tipo de empresa que está sendo foco de investigação é ponto primordial e facilita a compreensão do estudo. Neste caso, chama-se atenção para a dificuldade em definir empresa familiar. Lodi (1986) afirma que o que define uma empresa como familiar é a influência recíproca entre a família e a firma. Para Oliveira (1999) “a empresa familiar caracteriza-se pela sucessão do poder decisório de maneira hereditária a partir de uma ou mais famílias”. Souza (2002) entende como empresa familiar “aquela que possui três categorias: a propriedade, a direção e a sucessão”. Para o autor, a empresa deve reunir, simultaneamente, as seguintes características para ser qualificada como familiar: a família deve possuir propriedade sobre a empresa (total, majoritária, ou controle minoritário); a família deve influenciar nas diretrizes da gestão estratégica da empresa; os valores da firma são influenciados ou identificados com a família; a família determina o processo sucessório da empresa. Conforme Lodi (1989), o conceito de firma familiar é: “empresa em que a consideração da sucessão da diretoria está ligada ao fator hereditário e onde os valores institucionais da firma identificam-se com um sobrenome de família ou com a figura de um fundador”. Para complementar a compreensão dessas organizações por meio de experiências externas à empresa brasileira, traz-se à tona o trabalho de Donnelley (1967), que considerou familiar a empresa “que tenha estado ligada a uma família pelo menos durante duas gerações e com ligações familiares que exerçam influência sobre as diretrizes empresariais, os interesses e objetivos da família”. Leone (1992) define que, indistintamente do porte da empresa, uma característica desse tipo de empresa é a utilização em larga escala de mão de obra de membros da família. Partindo do mesmo pressuposto, Gonçalves (2000) impõe três situações que podem caracterizar a empresa familiar: 1) a empresa é propriedade de uma família, possuidora da totalidade do capital ou sua maioria de forma a deter o controle econômico. 2) a família tem a gestão do negócio, cabendo a definição das metas, objetivos e diretrizes. 3) membros da família são responsáveis pela administração do negócio, mas com a participação de algum executivo em posições mais elevadas. Leone (2005), ainda reforça o conceito, explicitando determinados indicadores, a fim de uma empresa ser chamada de familiar: o seu início deve ter contado com a participação de um membro da família; os familiares devem estar presentes na direção e possuírem um vínculo com a propriedade; os valores do fundador ou da família devem estar identificados com os da firma; e na sucessão deve ser observado o fator hereditário. Este será o conceito adotado pelo presente trabalho, visto que, além de ser mais recente dentre os estudos citados, também contempla muito das idéias de outros autores. Da mesma forma que existem diversas definições sobre empresas familiares, são várias as teorias para compreender as empresas familiares. Os primeiros trabalhos, ainda nos anos de 1960 e 1970, afirmavam que as empresas familiares são compostas pela superposição de dois sistemas – a família e a empresa. Esses, contudo, são dois tipos bastante diferentes de sistemas. A família lida com a emoção. O sistema do negócio (empresa) lida com a premissa de que cada pessoa está agindo para maximizar os resultados financeiros. E o que torna as empresas familiares diferentes das não familiares é a proximidade entre esses dois sistemas. Tendo em vista que, para muitas pessoas, família e trabalho são as duas coisas mais importantes em suas vidas, pode-se dizer que nenhuma família consegue manter a família e o trabalho como dois sistemas completamente separados. No caso das empresas familiares isso é ainda mais evidente. Elas combinam as duas coisas em um mesmo espaço e muitos participantes de um sistema também participam do outro. Nos últimos anos, as empresas nacionais têm enfrentado mudanças tecnológicas, mudanças relacionadas à globalização e mudanças culturais, sobretudo, consumidores mais exigentes. Esses múltiplos fatores tornam o ambiente de negócios mais competitivo e levam à reorganização das empresas. No caso da empresa familiar, soma-se a esses, outro aspecto de fundamental relevância: o processo sucessório. Juntamente com a análise do Capital Social nas suas três dimensões, este trabalho voltará atenção para como o empresário está tratando a sucessão de sua empresa. Assim, o foco deste trabalho está nas empresas familiares, e mais especificamente nos sucessores que, no momento da pesquisa, participam da gestão das empresas em companhia do fundador ou não. Portanto, diante disto, é importante conhecer o conceito da sucessão, segundo os pesquisadores deste assunto. 2.2.1 Processo Sucessório nas empresas familiares Diferente dos pesquisadores das empresas familiares, a maioria das pesquisas sobre empreendedorismo foca em dois pontos: o que é ser empreendedor e o que um empreendedor precisa para iniciar um negócio de sucesso (DYER, 1992). Já os pesquisadores de empresas familiares, em grande parte, são interessados em descobrir o que acontece com os empreendedores quando estão em fim de carreira, momento no qual os mesmos não podem adiar o processo sucessório. Isto se deve ao fato de a sucessão ser um dilema, uma etapa de muitos conflitos para as empresas familiares. Pratz, citado por Scheffer (1993), coloca em termos jurídicos que a sucessão é considerada como a “transmissão dos bens da pessoa que falece aos seus herdeiros, legítimos ou testamentários”. Em termos legais, Levenhagen (1989), acrescenta que a sucessão legítima diz respeito à tramitação dos bens do falecido aos herdeiros, de acordo com a ordem de vocação hereditária: aos descendentes, aos ascendentes, ao cônjuge sobrevivente, aos colaterais, e aos Estados, Distrito Federal ou União. Ainda, segundo o autor, na sucessão testamentária, os bens podem ser livremente destinados a qualquer pessoa; porém havendo herdeiros, o testador só poderá dispor da metade de sua herança. A sucessão, segundo Leone (1991), “é o rito de transferência de poder e capital entre a geração que atualmente dirige e a que virá a dirigir, podendo acontecer de forma gradativa e planejada, ou quando por ocasião de morte, acidente ou doença do dirigente, de forma repentina”. Neste conceito, a sucessão está relacionada com a gestão da empresa familiar e, por este motivo, será utilizado neste estudo. Pesquisa desenvolvida por Leone (1991) com empresários de pequenas e médias empresas de João Pessoa (PB), evidenciou que o assunto sucessão não é tabu para esses dirigentes que a consideram como uma situação natural que deverá ser enfrentada. Vários autores, entre eles, Lodi (1986), Bernhoeft (1987) e Cohn (1991), consideram como poucos, os executivos que dedicam certa atenção para o planejamento de sua aposentadoria e, conseqüentemente, para a sua sucessão, ocasionando diversos problemas na gestão da empresa que, na maioria das vezes, poderiam ser antecipadamente resolvidos. Dessa forma, o processo sucessório torna-se uma fonte de conflitos. A sucessão é um momento crítico enfrentado pelas empresas familiares ao avançarem pelos diversos estágios do seu ciclo de vida. O sucesso ou o fracasso desse tipo de organização, nesta etapa de desenvolvimento, depende da capacidade de enfrentar os desafios apresentados pela “passagem do bastão” e de efetuar uma transição saudável. Bornholdt (2005) define que o processo sucessório é um tema muito estudado, discutido e descrito por pesquisadores, professores, consultores e profissionais, tendo os casos peculiaridades das mais variadas, concluindo que não existe uma formatação única que possa ser utilizada em qualquer caso. Porém, no momento do processo sucessório podem existir, nas empresas familiares, três níveis de duelo causados por diferentes problemas e identificados como: 1º nível - duelo do sucedido com ele mesmo; 2º nível - duelo do sucedido na escolha do sucessor e, finalmente, 3º nível - duelo entre sucessores (LEONE, 1996). Ainda de acordo com Leone (1999), neste momento, o herdeiro que possuir maior liderança, aliada a métodos de gestão adequados, sairá na frente, vencendo o duelo pela sucessão. Possivelmente, essa liderança manifestada não daria fim aos conflitos e problemas familiares apontados como um dos entraves ao planejamento do processo sucessório. Segundo Scheffer (1993), tem-se conhecimento de um número considerável de empresas familiares passando por processos de sucessão e, neste período, freqüentes conflitos e diferentes tipos de resistências emergem, envolvendo membros da família e profissionais que atuam na área. Pelo exposto, é possível constatar que a sucessão em empresas familiares caracteriza-se como um período importante e delicado do ciclo de vida dessas organizações. Inevitavelmente, irá ocorrer em todas as empresas familiares, independentemente, de seu porte ou ramo de atividade. A questão sucessória merece lugar de destaque, até porque, para alguns estudiosos, uma empresa só se transforma numa “verdadeira” empresa familiar quando consegue passar o controle para a segunda geração. Uma medida que facilitaria este planejamento seria uma melhor preparação dos herdeiros, dotando-os de formação técnica, já havendo sinais de progresso nesta área. No Brasil, por exemplo, dados da Faap indicam que 30% dos seus formandos em marketing, finanças e administração são herdeiros (GAZETA MERCANTIL, 1996a). Lodi (1994) defende a idéia de que, a cada dia, um maior número de empresas procurará a profissionalização total, de modo que nenhum membro da família estará na empresa até o nível da presidência. Lodi (1993) considera a profissionalização em seus vários aspectos: (1) o processo pelo qual uma organização, familiar ou não, assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas; (2) o processo de integração de gerentes contratados e assalariados no meio de administradores familiares; (3) a adoção de determinado código de formação ou de conduta num grupo de trabalhadores; (4) a substituição de métodos intuitivos por métodos impessoais e racionais; (5) a substituição de formas de contratação de trabalho arcaicas ou patriarcais por formas assalariadas. Nesse sentido, a empresa familiar deverá caminhar para uma nova estruturação. Porém, ainda, segundo Lodi (1994), vigora nas empresas familiares a gestão patriarcal, com forte apego ao patrimônio. Sendo assim, na transição para um modelo de gestão descentralizado, a transferência de poder e de responsabilidade é o caminho para o sucesso do empreendimento e se constitui um de seus maiores desafios. 2.3 Capital Social A estrutura das três dimensões do capital social apresentada por Régis (2005) servirá para entender como os empresários da cidade de Caruaru constroem suas redes de relacionamentos. Assim é importante buscar na literatura alguns conceitos de destaque para compreensão do capital social, a citar Bourdieu (1986) que definiu o capital social como “o agregado do atual ou potencial recurso ligado à posse de uma forte rede social, de relações mais ou menos institucionalizadas de compromisso e reconhecimento mútuo”. Outro estudioso, LIMA (2001), revela que o capital social pode ser entendido como um conjunto de normas de reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais desenvolvidas pelos indivíduos em sua vida cotidiana, resultando em benefícios diretos ou indiretos, sendo determinante na compreensão da ação social. O autor ainda destaca que à medida que outros autores envolveram o conceito, como, por exemplo, Coleman (1988, 1990) e Burt (1992), emergiu o consenso de que o capital social se refere às relações entre pessoas, não necessariamente formalizadas, que favorecem o acesso a recursos presentes na sociedade ou numa rede de relações. Assim, diferente de outros tipos de capital, o capital social é inerente às relações entre as pessoas apesar de também carregar um cunho de produção. Em outras palavras, composto por redes sociais informais entre indivíduos, seja nas suas relações na família, na igreja, na escola, no trabalho, entre outros (LIMA, 2001). Portanto, para fundamentar a base da teoria do capital social é de grande importância mergulhar, primeiramente, nas teorias das Redes sociais. Emirbayer e Goodwin (apud RÉGIS, 2005) definem Redes sociais simplesmente como um conjunto de relações ou ligações sociais entre determinados atores, os quais são aquelas pessoas que se comunicam em uma determinada rede e que também podem ser chamados de nodos ou elos. Outros estudiosos, como Marteleto (2001), por exemplo, considera que “as redes sociais ou network são representações de um conjunto de participantes autônomos, unindo idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados”. De acordo com Cross & Parker (apud GUIMARÃES e MELO, 2005), os principais padrões de relacionamento que se pode observar em uma rede são os seguintes: conectores centrais (hubs), interfaceadores (boundary spanners), intermediários de informação (information brokers) e pessoas periféricas (peripheral people). Além disso, por meio da técnica de análise de rede social, conhecida também por Social Network Analysis (S.N.A.), é possível diagnosticar as relações entre indivíduo e coletivo. Diante disto, a rede seria um sistema aberto, onde através de um intercâmbio dinâmico entre integrantes de um grupo (família, equipe de trabalho, bairro, organização, escola, associação de profissionais, igreja, entre outros) e integrantes de outros grupos, possibilita a potencialização dos recursos que possuem e a criação de alternativas novas para a resolução de problemas ou a satisfação de necessidades. Cada membro do grupo se enriquece através das múltiplas relações que cada um desenvolve, otimizando e fazendo com que a aprendizagem seja socialmente compartilhada. Assim, a intenção do trabalho em redes é juntar esforços, evitar duplicidade, alcançar por complementariedade uma maior capacidade resolutiva, ser mais eficazes e eficientes no que se faz como produto do intercâmbio e da colaboração (DABAS; PERRONE, 1999). No Brasil, a literatura sobre redes sociais é restrita, encontrando-se autores como Regina Marteleto, Eduardo Marques, Tonia Marta Barbosa, Francisco Guimarães e Elisete Melo, entre outros que publicaram artigos sobre o uso da Social Network Analysis como ferramenta para análise. Marteleto usou a técnica para estudar os movimentos sociais, enquanto Marques usou a técnica dentro da empresa CEDAE-RJ (Companhia Estadual de Águas e Esgoto – Rio de Janeiro). Macedo estudou a importância das redes informais para um sistema de inteligência competitiva. Já Guimarães e Melo fizeram uma abordagem da aplicação da técnica na gestão do conhecimento. Esclarecido a importância do conceito de redes sociais para o tema, daremos continuidade ao estudo do capital social, propriamente dito. A forma de abordar o capital social neste estudo considerou as três dimensões do capital social, empregadas por Nahapiet e Ghoshal (1998): a dimensão cognitiva, a dimensão estrutural e a dimensão relacional, como mostrado na Figura 2 (Pág. 26). Régis (2005) considera que estas dimensões operam de forma concomitante para formar as relações em rede. idéia idéia idéia Informação Mentoria Amizade Significados compartilhados Confiança idéia idéia idéia Dimensão Relacional Dimensão Cognitiva Dimensão Estrutural Configuração da network Força dos laços densidade Fortes Fracos centralidade Figura 2: Dimensões do Capital Social Fonte: Adaptado de Régis (2005) 2.3.1 Dimensão Cognitiva Esta dimensão é a base do primeiro objetivo específico deste trabalho: Compreender, com base na dimensão cognitiva do capital social, como os sucessores organizam suas cognições com relação a uma carreira empreendedora de sucesso e com relação ao papel da rede para o desenvolvimento dessa carreira. Dessa forma, mostrada na parte superior direita da Figura 2 (Pág. 26), a dimensão cognitiva aborda os significados que são compartilhados pelos atores da rede, ou seja, as idéias comuns sobre determinado assunto que fazem parte do contexto específico da rede e que orientam as decisões e os comportamentos dos empresários sucessores. Régis (2005) considera que esta dimensão representa o compartilhamento de significados entre os membros das redes, no que diz respeito às suas interpretações e sistemas de significados, incluindo a linguagem, os códigos e as narrativas compartilhadas. São os pensamentos que os membros de uma rede têm em comum com relação aos assuntos que fazem parte do cotidiano deles. A dimensão cognitiva assume um papel fundamental na compreensão da construção das redes de apoio dos empresários e é representada pelo compartilhamento de significados nas redes. As estratégias de aprendizagem utilizadas pelos empresários podem ser consideradas como facetas da dimensão cognitiva que também participa na geração da mudança de comportamento. 2.3.2 Dimensão Estrutural A dimensão estrutural, mostrada na parte inferior da figura 2 (Pág.26), traz tanto aspectos de nível micro (força das relações), quanto aspectos de nível macro (configuração da network). Conforme Régis (2005), a maioria dos estudos sobre redes sociais limita-se a esta dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre centralidade nas redes. Esta dimensão trata do segundo objetivo específico deste trabalho: Identificar as características das redes de mentoria, construída pelos empresários sucessores da região, no que se refere aos aspectos estruturais. A dimensão estrutural envolve aspectos estruturais dos relacionamentos entre os atores da rede e poderá ser analisada a partir de duas perspectivas: laços da network e configuração da network (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998). Os laços da network significam as maneiras como os atores estão relacionados, particularmente com respeito à proximidade da relação. Kuipers (1999) mede a força dos laços através de questões que envolvem a percepção individual sobre a proximidade da relação, a duração da relação e a freqüência dos contatos. Laços fracos são contatos não freqüentes. Estes laços têm a função de difundir informações, enquanto que os laços fortes são usados em assuntos mais particulares como o nascimento das mobilizações políticas (SANTOS, 2004). No que tange a configuração da network, as análises podem ser feitas pela determinação do padrão de ligações dentre os seus membros. Estes padrões de ligação são a centralidade, a densidade, a conectividade e a hierarquia e afetam a flexibilidade e a facilidade das comunicações nas redes pela facilidade, ou geração de furos de comunicação com relação aos membros das redes (RÉGIS, 2005). Segundo Régis (2005), a avaliação básica da estrutura de uma rede social pode ser feita pela análise da densidade e da centralidade desta rede. Para a análise das redes sociais, as medições de centralidade mais usadas são: centralidade de grau (degree), centralidade de intermediação (betweenness) e centralidade de proximidade (closeness). Pode-se dizer que a centralidade de grau de entrada mede a receptividade ou popularidade de uma pessoa na rede, por outro lado, a centralidade de grau de saída mede a sua expansividade (RÉGIS, 2005). Através da análise visual das redes é possível identificar como principais padrões, de acordo com Cross & Parker (apud GUIMARÃES e MELO, 2005): os conectores centrais ou hubs, os interfaceadores ou Boundary spanners, os intermediários de informações ou Information brokers, e as pessoas periféricas ou Peripheral people. Estes padrões são baseados em métricas, conforme tabela abaixo. Métrica in-degree centrality out-degree centrality betweenness centrality closeness centrality Métrica densidade reciprocidade Métricas para um nó Descrição É o número de setas que entram em um nó em um dado tipo de rede. Fornece uma perspectiva de centralidade local. É o número de setas que saem de um nó em um dado tipo de rede. Fornece uma perspectiva de centralidade local. É um indicador de quanto um nó particular está entre os vários outros nós na rede. É um indicador de quanto um nó está no menor caminho entre outros vários nós da rede. Fornece uma perspectiva de centralidade global. Métricas para Grupos Descrição É o número de conexões existentes dividido pelo número de conexões possíveis. Indica qual a proporção de conexões que tem uma relação de reciprocidade. Tabela 01: Métricas para análise de redes sociais Fonte: Guimarães e Melo (2005) Cálculo Somatório das setas que entram no nó. Somatório das setas que saem do nó. Número de vezes que o nó aparece como caminho entre todos os nós, dividido pelo número de caminhos existentes entre todos os nós. Somatório da distância entre de um determinado nó para com todos os outros da rede. Esse valor é normalizado em relação ao nó de menor valor. Cálculo Número de conexões existentes dividido pelo número de conexões possíveis. Número de conexões bidirecionais (recíprocas) dividido pelo número de conexões. Dessa forma, seguindo indicação dos mesmos autores, os conectores centrais são os nós da rede que possuem in-degree ou out-degree máximo; os interfaceadores, provavelmente, são os nós da rede com alto valor de betweenness; os intermediários de informações são os nós da rede com alto valor de closeness; e as pessoas periféricas são os nós da rede que possuem in-degree ou out-degree mínimo. 2.3.3 Dimensão Relacional A dimensão relacional, mostrada na parte superior esquerda da figura 2 (Pág. 26), aborda o conteúdo transacionado e a diversidade das ligações entre os atores da rede. Assim, considera os papéis que os atores assumem como: amigos, informantes, confidentes ou mentores. Contudo, o estudo desta dimensão visa atender o terceiro e último objetivo específico deste trabalho: Analisar as redes no que tange à dimensão relacional, focalizando os conteúdos de amizade, de informação, de confiança e de mentoria no processo de sucessão nas empresas familiares estudadas na cidade de Caruaru. Régis (2005) considera que a análise da dimensão relacional das redes poderá ocorrer através do conteúdo transacionado e da diversidade de papéis. Para isto, usa a definição de Boissevain (1974). Este autor vê o conteúdo transacionado como sendo formado de elementos materiais e não-materiais trocados entre dois atores em uma situação ou relação particular. Marinho-da-Silva (2003) considera que o conteúdo transacionado leva em conta o investimento dos atores na relação, particularmente, os benefícios que os atores esperam auferir de uma relação e reforçam a importância desta relação específica em comparação com outras. Em geral, estas relações advêm de papéis que correspondem às normas e expectativas que se aplicam ao ocupante de uma determinada posição nas redes (BOISSEVAIN, 1974). Assim, Régis (2005) afirma que cada pessoa assume um ou mais papéis específicos: professor, sócio, amigo, empregado, marido, pai, etc. Através de cada papel, uma pessoa entra em contato com grupos particulares de pessoas que compartilham a mesma atividade ou interesse. De acordo com Kuipers (1999), uma das precursoras na abordagem das redes de amizade, de informação e de confiança, a interação entre as pessoas de uma rede é específica ao contexto no qual é formada e os laços não podem ser usados para transferência indiscriminada de qualquer tipo de recurso. Em suma, o conteúdo transacionado em cada um destes tipos de rede é específico. A seguir, são apresentadas explanações sobre as redes de informação, amizade e confiança. Outros estudos foram abordados, porém foram tomados como base os estudos de Kuipers (1999) para definir estas três redes. Primeiramente, a Rede de informação, de acordo com Kuipers (1999), é considerada como uma rede informal onde o conteúdo transacionado diz respeito ao que está acontecendo na organização como um todo em relação a oportunidades de ascensão, processo decisório em outras divisões e/ou sucesso organizacional e que afeta todos os seus membros. Além disso, a capacidade de um grupo de obter benefícios se relaciona com sua capacidade de atingir outros grupos e indivíduos, facilitando o acesso à informação. Este fator foi assinalado por Granovetter (1973), se refletindo nos conceitos de "laços fortes e fracos". Desta forma, os laços fortes existentes dentro de um grupo não trariam informações novas, que seriam obtidas por ligações mais fracas com outros grupos ou indivíduos. Os adjetivos, forte e fraco, se relacionam com o tempo e esforço despendido para a manutenção dos laços (BURT, 1995). Assim, Granovetter (1973) destaca a importância de se obter informações novas (de fora do grupo) para que haja mudança no status quo. Posteriormente, Burt (1995) adiciona novos elementos, como a figura do intermediário de informação (brooker), capaz de superar os furos estruturais existentes nas redes do grupo social. Os resultados desses trabalhos podem ser aplicados a qualquer forma de organização humana e é um dos problemas destacados na ciência da informação: o usuário e os canais de acesso à informação e o e seu impacto no mapa cognitivo dos indivíduos para a tomada de decisão (também denominada, decisão informada). A posição dos indivíduos na estrutura social está relacionada aos conceitos de autoridade e esta é uma das características associadas à qualidade da informação a reputação da fonte. A difusão de novos conhecimentos e novas tecnologias depende, dentre outros fatores, dessa característica. A aplicação do conceito de capital social para explicar o comportamento informacional dos gerentes vem se desenvolvendo significativamente. Além dos trabalhos de Burt (1995, 2001), Burt, Hogarth e Michaud (2000), muitos outros trabalhos são citados em Borgatti e Foster (2003). A definição de Kuipers (1999) para Rede de amizade diz que é uma rede informal baseada na troca de amizade e socialização que fornece apoio e melhoram a auto-estima, além de encorajar certos comportamentos que aumentam a aceitação junto a grupos dentro das organizações. Além disso, Granovetter (1973), um dos autores que mostrou os recursos disponíveis através dos contatos ou conexões de uma rede de relacionamentos na sua obra “the strength of weak ties”, define os laços com base na freqüência dos contatos, na reciprocidade e na amizade existente nos relacionamentos. Este autor define os laços fracos com base nestas características da relação, sendo um dos primeiros autores a abordar a importância dos laços fracos. Os laços nos quais não há relações de amizade são exemplos de laços fracos. Este tipo de laço, quando empregado por um indivíduo de uma rede muito coesa, passa a ter um papel importante na expansão da fronteira da rede. A partir dos estudos de Granovetter (1973) sobre a força dos laços fracos, Krackhardt (1992) propôs a teoria da força dos laços fortes: A importância dos Philos nas Organizações, onde Philos é um termo grego semelhante à palavra Amizade. Em resumo, diz-se “A é philos de B” ou num caso simétrico, “A e B são philos”. Define-se um relacionamento philos como aquele que apresenta três condições básicas: Interação, afeição e tempo. Estas estão listadas a seguir: Interação – Para A e B serem philos, A e B devem interagir um com o outro. A implicação desse componente é que existirá uma grande probabilidade de um ter acesso a informação do outro. Assim as freqüentes interações irão proporcionar oportunidades para troca de informações. Afeição – Para A ser philos de B, A deve gostar de B, A deve sentir afeição por B. A avaliação deste componente permite sustentar a teoria do balanço de Heider e da “transitive closure” de Granovetter. Heider (1958) também prognosticou sobre a simetria do relacionamento “liking” (gostando) e resume que na maioria dos casos esses relacionamentos são simétricos. Porém, existem casos onde, ocasionalmente, a afeição não é recíproca, resultando em um relacionamento assimétrico. Tempo – A e B, para serem philos, devem ter um histórico de interações que tenha durado certo período de tempo. Isto é, não existe um philos momentâneo. Uma implicação é que no relacionamento de philos não pode ser estudado em experimentos de laboratório. Embora alguns possam induzir a um estado de afeição de curto termo e ao estudo do “liking”, o estudo do philos não é muito utilizado, onde os relacionamentos têm tempo suficiente para se desenvolver. Por último, é abordada a Rede de confiança. Kuipers (1999) afirma que a rede de confiança é uma rede de laços informais onde um ator corre riscos ao abrir mão do controle dos resultados por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou coação da relação contratual, estrutural ou legal. Nas relações de confiança, a interação cria oportunidade para a troca de informação confidencial ou não, a afeição cria motivação para tratar o próximo de maneira positiva ou pelo menos sem magoá-lo, caso contrário criaria sentimentos de stress, desarmonia e tensão e o tempo cria experiência necessária para permitir que cada pessoa saiba como a outra utilizará uma informação em comum (KRACKHARDT, 1992). Dessa forma, Santos (2004) sugere que os laços de confiança são mais centrados na pessoa do que na posição ou no cargo que esta ocupa. Relações de amizade e suporte social, por outro lado, desenvolvem-se rapidamente, exigindo um período de tempo mais curto para ocorrerem, enquanto que o desenvolvimento de laços de confiança (correr riscos) requer mais tempo e são mais duradouros. Régis (2005) mostra que a confiança tem a capacidade de afetar diretamente as outras formas de conteúdo transacionado nas redes, como o conhecimento tecnológico. Devido a confiança ser baseada em julgamentos sociais (ex.: competência e benevolência) e em julgamentos dos custos (ex.: risco) resultantes da possível infidelidade da outra parte (ex.: vazamento de informação), a confiança poderá afetar a informação transacionada. Considerando-se o modelo de Kram (1985), conforme a Figura 3 (Pág. 35), a amizade, a informação e a confiança fazem parte das funções da mentoria. A seguir é dado destaque ao tema mentoria, na visão desta autora. Rede de Mentoria Os comportamentos dos atores de uma rede diferem de acordo com os conteúdos nela transacionados. Por este motivo, é fundamental a ênfase desta fundamentação teórica nas redes de amizade, informação e confiança. Contudo, Régis (2005) argumenta que quando opera um padrão de relacionamentos de mentoria, tanto em rede quanto entre dois indivíduos, a literatura indica a presença de outras funções da mentoria. Dentre as funções da mentoria estão: a amizade, o coaching e a aceitação. Este autor também esclarece que a amizade é explícita nas funções da mentoria, enquanto a troca de informações e a confiança estão implícitas nas funções de coaching e aceitação, respectivamente. Na visão de Kram (1985), mentores são considerados como “pessoas sábias e experientes que estão comprometidas em providenciar ascensão e suporte à carreira dos seus mentorados”. Já Levinson et al (1978), em se tratando do contexto corporativo, propuseram que um mentor é “normalmente uma pessoa bem mais antiga, uma pessoa de maior experiência e maturidade [...] um professor, conselheiro ou padrinho” e, por sua vez, o mentorado é a pessoa que se beneficia da experiência, maturidade e proteção do mentor. Para Kram (1985), a mentoria possui dois grupos principais de funções. A função relacionada à carreira facilita o progresso da carreira pelo aumento da visibilidade do mentorado em relação à organização e pelo aumento do conhecimento do mentorado em relação ao “navegar” no mundo corporativo. As funções psicossociais promovem um apoio emocional e psicológico ao mentorado e servem para aumentar a confiança em relação ao seu papel profissional. A autora ainda argumenta que as relações de mentoria que facilitam a função psicossocial estão freqüentemente caracterizadas por trocas de experiências informais, relacionadas ao trabalho ou não. Juntas, estas funções capacitam as pessoas a enfrentarem os desafios de cada estágio de suas carreiras. A figura 3 (abaixo) mostra situações organizadas por Régis (2005) que exemplificam as funções de carreira e psicossocial, de acordo com Kram (1985). Exemplos de Funções da Mentoria Carreira Psicossociais - Patrocínio: quando o mentor indica/apóia o nome do mentorado para promoção em uma reunião de diretoria ou mesmo em conversas informais entre diretores; - Exposição-e-visibilidade: quando o mentor dá tarefas que fazem com que o mentorado tenha contato direto com pessoas de mais alto nível e estas vêem o seu potencial, facilitando futuras promoções; - Coaching: quando o mentor contribui para aumentar o conhecimento específico e a compreensão do mentorado sobre como navegar no mundo corporativo; - Proteção: quando o mentor serve de anteparo para que as falhas não sejam vistas até que o mentorado atinja níveis de desempenho dignos de exposição e visibilidade e - Tarefas desafiadoras: quando o mentor provê tarefas desafiadoras, apoiadas por treinamento técnico e feedback, capacitando o mentorado a desenvolver competências específicas. - Modelagem de Papéis: quando as atitudes, os valores e o comportamento do mentor servem como um modelo digno de ser seguido pelo mentorado; - Aceitação-e-confirmação: quando há aceitação, respeito e confiança mútuos capazes de desenvolver a coragem no mentorado para assumir riscos e tomar atitudes mais ousadas no trabalho; - Aconselhamento: quando o mentor provê conselhos que ajudam o mentorado a explorar suas preocupações que interferem no seu senso de autocompetência. Os mentores assumem o papel de ouvintes ativos apoiando a auto-exploração e oferecem as experiências pessoais como possíveis alternativas; - Amizade: quando a relação provê uma sensação de bem estar resultante da interação social informal. Isto permite um alívio da pressão do trabalho pela troca de experiências cotidianas (ex. almoço de trabalho). O relacionamento informal com alguém que é mais velho e mais experiente facilita o relacionamento com outras pessoas de nível mais elevado de autoridade. Figura 3: Exemplos de funções da mentoria. Fonte: Régis, 2005. A seguir são apresentadas as funções de carreira, segundo Kram (1985): O Patrocínio é uma espécie de poder refletido que o mentorado ganha através do mentor. Em casos de competição pela ascensão funcional, o patrocínio passa a ser essencial. A Exposição-e-visibilidade ocorre quando o mentor dá tarefas que fazem com que o mentorado tenha contato direto com pessoas de mais alto nível e estas vêem o seu potencial e fazem com que o mentorado aprenda sobre os níveis de autoridade e responsabilidade. No Coaching, o mentor, como se fosse um técnico esportivo, sugere estratégias para que os objetivos do trabalho sejam alcançados pelo mentorado, de forma que este consiga reconhecimento e progrida no seu trabalho. O mentor também mostra os jogos de poder existentes e a quem o mentorado pode compartilhar uma nova idéia. Na Proteção, o mentor protege o mentorado fazendo com que os seus erros não cheguem ao conhecimento dos níveis mais altos quando este ainda não atingiu a maturidade. A função de Tarefas Desafiadoras acontece quando o mentor supre o mentorado com tarefas desafiadoras e dá treinamento técnico e feedback de desempenho. Régis (2005) esclarece que enquanto o patrocínio, a exposição-e-visibilidade, o coaching e a proteção abrem caminhos para a promoção, as tarefas desafiadoras equipam a pessoa com as habilidades para seguir pelo caminho aberto pelo mentor. Este autor também mostra que, enquanto as funções de carreira dependem da posição e do nível de influência do mentor na organização, as funções psicossociais dependem mais da qualidade do relacionamento entre mentor e mentorado. As funções psicossociais, segundo Kram (1985), são apresentadas a seguir: Na Modelagem de papéis, o mentorado vê no seu mentor o seu “eu” atual e o seu “eu” idealizado, passando a admirá-lo, imitá-lo e respeitá-lo. A Aceitação-econfirmação é identificada quando há consideração e respeito mútuo na relação. O mentorado que experimenta aceitação e confirmação na relação se torna mais desejoso para discordar e iniciar conflitos na relação. Já o Aconselhamento do mentor ajuda o mentorado a explorar suas preocupações que podem interferir em seu senso de autocompetência no trabalho. Os conflitos internos que o mentorado tem são discutidos abertamente e o mentor apresenta as suas experiências. A função Amizade aparece na relação em que há uma sensação de bem estar e alegria resultantes da relação informal, da ligação e da compreensão mútua. O relacionamento informal com um colega mais experiente facilita o relacionamento com outras pessoas de hierarquia mais elevada. Régis (2005) mostra uma reconsideração da proposição de Kram (1985), que consideram a diversidade de mentores (pessoas buscam apoio não somente em um indivíduo quando precisam de apoio para o desenvolvimento das suas carreiras). Esta reconsideração foi apresentada por Higgins e Kram (2001). É essencial estudar a tipologia criada por Higgins e Kram (2001), a qual está baseada em duas dimensões principais: a diversidade da rede de relações de desenvolvimento e a intensidade das relações de desenvolvimento. Estas duas dimensões, em conjunto, produzem quatro categorias de redes de relações de desenvolvimento: rede “empreendedora” de relações; rede “oportunista” de relações; rede “tradicional” de relações; e rede “receptiva” de relações (Figura 4). INTENSIDADE DAS RELAÇÕES DE DESENVOLVIMENTO D I V E R S I D A D E Laços fracos Laços fortes D2 • D2 • • D1 Baixa • M • D1 • Receptiva D A S D1 R E L A Ç Õ E S Tradicional D2 • • D1 D2 • • • Alta D3 ● M M • • D4 Oportunista D3 ● M • D4 Empreendedora Adaptado de Higgins e Kram (2001). Figura 4: Tipologia da rede de relacionamentos sociais no trabalho Higgins e Kram (2001) tratam a diversidade das relações de desenvolvimento e a intensidade das relações como dicotômicas, embora reconheçam como contínuas, com o intuito de desenvolver os “tipos ideais” que estruturam as redes de relacionamentos voltados para o desenvolvimento. Os desenvolvedores (mentores) são identificados por D1, D2, D3 e D4 e o mentorado por M. As linhas cheias representam os relacionamentos fortes e as linhas tracejadas os relacionamentos fracos. Dessa forma, na Figura 4 (Pág. 37) é mostrada a perspectiva de desenvolvimento baseada na rede de relacionamentos, nas quais é considerada tanto a relação dos mentorados (M‟s) com seus respectivos desenvolvedores ou mentores (D1, D2, D3 e D4, por exemplo) quanto os relacionamentos que os desenvolvedores podem ter uns com os outros (demarcados pelas elipses). As características da rede “empreendedora” de relacionamentos indicam que esta parece ser a que melhor explica o processo de mentoria em empresas emergentes. Contudo, pesquisas sobre laços fortes têm mostrado que estes relacionamentos apresentam os mais altos níveis de confiança (KRACKHARDT, 1992) e são bastante úteis durante os tempos de crise no mercado de trabalho. Desta forma, a rede empreendedora de relações é formada de mentores (Desenvolvedores) que estão altamente motivados para agir em benefício dos seus mentorados, que passam a ter acesso a uma larga gama de informações. Sendo assim, a grande teia, que caracteriza as relações “empreendedoras”, é resultado da capacidade que alguns indivíduos têm de criar laços que passam a conectar àqueles que de alguma forma estavam desligados da rede. Para indivíduos com um nível de legitimidade organizacional baixo, Higgins e Kram (2001) mostram que tal configuração de rede pode ser importante, uma vez que fornece acesso a diferentes fontes de informação. Por outro lado, Higgins e Kram (2001) explicam que as redes oportunistas de desenvolvimento diferem das redes “empreendedoras” com relação à intensidade dos relacionamentos que formam a rede de relações do mentorado. A intensidade das relações de desenvolvimento vai variar de acordo com o nível de reciprocidade, com a freqüência dos contatos e com a proximidade emocional. O termo “oportunista” está relacionado à capacidade do indivíduo para aceitar vários relacionamentos que forneçam a assistência para o seu desenvolvimento. As relações “tradicionais” e “receptivas” envolvem poucos desenvolvedores (mentores) e são descritas a seguir. As redes de relacionamentos “tradicionais” são caracterizadas pelos laços fortes entre o mentorado e poucos desenvolvedores (mentores). Os estudos sobre mentoria tratam comumente destes casos, onde a pessoa possui um mentor e a relação é caracterizada pelo respeito, pela confiança e pela reciprocidade. É um tipo de relação em que pode haver mais de um mentor, mas que faz parte do mesmo grupo social como um chefe, ou um colega e que se conhecem, o que em geral não ocorre nas relações “empreendedoras” e “oportunistas” (círculos independentes na Figura 4, Pág.37). Por último, é apresentada a rede “receptiva” que é caracterizada por laços fracos e poucos desenvolvedores que também pertencem ao mesmo grupo social. Neste caso, o apoio fornecido ao mentorado é fraco e ocorre com menor carga de confiança, respeito e reciprocidade na troca. Higgins e Kram (2001) consideram que na “rede receptiva” são os desenvolvedores que começam a relação, significando o apoio unilateral. Tendo esclarecido a tipologia da rede de relacionamentos e os aspectos do processo de mentoria analisados neste estudo, a seguir é apresentada a metodologia que foi utilizada para a coleta e análise dos dados na busca de respostas ao problema de pesquisa. 3 Metodologia Foram utilizados métodos quantitativos e qualitativos através de uma abordagem multimétodo. Tomando como base o modelo do capital social apresentado por Régis (2005), foram identificadas as dimensões cognitiva, estrutural e relacional da rede. Em seguida, foram analisadas as interligações entre as dimensões do capital social. Com isto, foram mostradas as condições atuais de construção das relações de mentoria no contexto das empresas familiares da cidade de Caruaru. Portanto, este estudo replicou a metodologia empregada no trabalho de Régis (2005), “Construção social de uma rede informal de mentoria nas incubadoras de base tecnológica do Recife”. Foi adotado o estudo de caso (YIN, 2001) como estratégia de pesquisa. Assim, considerou-se como o caso a rede informal de “empresários sucessores” da cidade de Caruaru, localizada no Agreste de Pernambuco. Para isto, foram estudadas as relações entre os “empresários sucessores” que formam as interações de desenvolvimento desses empresários. 3.1 Locus de investigação e amostra Os procedimentos tiveram início com uma etapa exploratória. Foi utilizado um roteiro (APÊNCICE A), para identificar os empresários que fariam parte da amostra. Esta etapa conteve questões introdutórias com o intuito de conhecer a história de cada empresa, poder classificá-la como familiar ou não, e captar informações sobre os processos de mentoria nas empresas, tornando possível a escolha da amostra. Desta forma, a amostra escolhida foi intencional, compondo-se dos sucessores das empresas familiares de Caruaru, mais especificamente, os sucessores que atualmente participam da gestão da empresa, seja em conjunto ou não com o fundador. A relação de empresas familiares foi fornecida pela ACIC (Associação Comercial e Empresarial de Caruaru), a qual abrange um amplo leque de áreas de trabalho. 3.2 Universo e amostragem da pesquisa Neste estudo, houve a intenção inicial de pesquisar todos os associados da ACIC. Esta associação, fundada em 1920, tem como missão principal: Congregar empresários, executivos e profissionais liberais; defender seus interesses e fomentar o espírito empreendedor, objetivando o desenvolvimento social, cultural e econômico de Caruaru e região. Dessa forma, tem como público-alvo, especificamente, os Empresários de Caruaru. O número de associados é de aproximadamente 600 empresas, atuantes no comércio e na indústria. Foram pesquisados 30 empresários sucessores, portanto a amostra foi caracterizada como amostra por acessibilidade. Estes sucessores fazem parte de um total de 26 empresas que representam aproximadamente 5% das empresas associadas à ACIC. 3.3 Instrumentos de Coleta Para a consecução dos objetivos do estudo foram utilizados os seguintes procedimentos: A coleta de dados seguiu o modelo das três dimensões do capital social segundo Régis (2005). A ordem de apresentação foi a seguinte: identificação dos significados compartilhados (dimensão cognitiva), apresentação dos atores centrais da rede de desenvolvimento (dimensão estrutural) e apresentação do conteúdo transacionado na rede (dimensão relacional). Conforme Régis (2005), para se evitar vieses na pesquisa, a primeira dimensão a ser medida foi a dimensão cognitiva. Nesta etapa, os empresários fizeram evocações livres, sobre as idéias que possuem sobre uma carreira de sucesso e com relação ao papel da rede para o desenvolvimento da carreira (APÊNDICE B). À medida que os empresários foram respondendo às questões do roteiro, a pesquisadora registrou em frases curtas as idéias surgidas até um limite de 12 frases. As idéias citadas foram anotadas e apresentadas aos empresários para que eles confirmassem as respostas e indicassem o grau de importância de cada frase. As frases foram analisadas pela técnica do quadro de quatro quadros (FISCHER et al., 2003; REGIS; BASTOS; DIAS, 2008). Essa técnica combina a freqüência e a ordem de importância das frases, possibilitando a classificação das idéias centrais compartilhadas pelos empresários. Para descrever a dimensão estrutural os empresários preencheram o cartão gerador de nomes, de acordo com Régis (2005) (APÊNDICE C). Com este cartão em mãos, os empresários colocaram os nomes das seis pessoas mais importantes da sua rede de relações. Eles também identificaram o papel social destas pessoas (ex: pai, familiar, sócio, amigo, etc). Medições como a densidade da rede e a centralidade dos empresários foram feitas através do software UCINET 6.0 (BORGATTI, 2002). A força ou a proximidade da relação foi medida através de um questionário conforme Régis (2005) (APÊNDICE D). Os empresários responderam os itens do questionário com relação às pessoas que eles indicaram no cartão gerador de nomes. Para a medição da força de interação entre o empresário e as pessoas citadas no cartão foram usadas as cinco últimas questões, estas baseadas no questionário de Kuipers (1999). O questionário apresentado no APÊNDICE D também foi utilizado para medir o conteúdo transacionado (amizade, confiança, informação e mentoria), que fez parte da dimensão relacional. As 18 primeiras questões mediram estas variáveis através de uma escala tipo Likert, variando de 5 (sempre) até 1 (nunca). 4 Resultados e Discussões Este estudo procurou levantar as relações entre as três dimensões do Capital Social (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998; RÉGIS, 2005) para compreender como são construídas as redes de apoio ao desenvolvimento da carreira dos empresários “sucessores” da cidade de Caruaru, em Pernambuco. Mostra-se que as três dimensões do capital social estão inter-relacionadas e que dão apoio para o desenvolvimento da carreira dos empresários sucessores. A seguir são mostrados os resultados de uma etapa inicial, exploratória, para capturar as primeiras impressões sobre os temas de estudo. 4.1 Resultados da etapa exploratória Nesta primeira seção são apresentados os resultados do estudo exploratório. Através da aplicação de survey, foram apresentadas questões introdutórias aos sucessores para identificação das empresas como familiares, segundo requisitos estabelecidos no estudo de Leone (2005), e captação das informações sobre os processos de mentoria nessas empresas. Apesar de o questionário aplicado ter sido do tipo auto-administrado, a pesquisadora esteve junto aos respondentes durante a aplicação a fim de se garantir o melhor entendimento sobre o que estava sendo questionado. O questionário do tipo survey realizado mostrou que havia diversidade nas relações de mentoria e que alguns empresários possuíam vários mentores. As empresas pesquisadas têm em média 34 anos e os sucessores têm idade média de 35 anos. 91% das empresas pesquisadas estão passando para a segunda geração e apenas 9%, para a terceira geração. Constatou-se não haver programa formal de mentoria em nenhuma empresa pesquisada. Apesar disso, 93% dos sucessores responderam no survey que recebiam ajuda e conselhos de pessoas da família, enquanto 3% responderam que utilizavam conselhos de pessoas que não fazem parte da família, porém que são vinculadas à empresa e 3% não utilizam conselhos para tomada de decisões na empresa. Na etapa exploratória, identificou-se que as pessoas que apoiavam os sucessores (Gráfico 1) eram: pais (50%), irmãos (23%), consultores (16%), amigos (2%), cônjuges (2%). 7% 16% 2% 50% pais irmãos conjuge consultor 2% outros parentes 23% amigo Gráfico 1: Papéis sociais dos apoiadores Nesta etapa inicial, também se verificou que 60% dos sucessores indicaram apenas uma pessoa como sendo mentor, 27% indicaram duas, 10% indicaram três pessoas e apenas 3% não fizeram indicação (Gráfico 2, Pág.44). Os resultados obtidos, nesta etapa, auxiliaram na definição do paradigma adotado na pesquisa final da dissertação. 10% 3% Sem Mentor 27% 1 Mentor 2 Mentores 60% 3 Mentores Gráfico 2: Diversidade dos mentores A seguir é apresentada uma breve descrição dos sucessores e das empresas familiares que participaram do estudo final. Estes empresários foram entrevistados e responderam o questionário, incluindo o cartão gerador de nomes da rede de relações. 4.2 Descrição das empresas e dos respondentes Os participantes da pesquisa final totalizaram 30 sucessores com idade média de 35 anos. A coleta de dados constou da entrevista para a captura dos mapas cognitivos, do preenchimento do cartão gerador de nomes para o mapeamento das redes e das respostas ao questionário que mediu as funções da mentoria (incluindo amizade, informação e confiança). A partir do cartão gerador de nomes, os empresários citaram no total 169 nomes. Os nomes destas pessoas foram usados para a medição das funções da mentoria. Empresários diferentes citaram a mesma pessoa como componente da sua rede (17 nomes repetidos). Isto reduziu o número total de pessoas citadas pelos 30 empresários pesquisados para 148. Dentre os nomes citados, 14 foram sucessores participantes da pesquisa, ou seja, através deles ocorre interligação da rede de sucessores. A partir da próxima seção, os resultados estão dispostos na mesma ordem apresentada na fundamentação teórica, tomando como base as dimensões do capital social: cognitiva, estrutural e relacional. A dimensão cognitiva do capital social envolve representação, interpretação e entendimento do sistema existente. O capital social pode tomar várias formas, mas duas características sempre estão presentes: a estrutura da rede de contatos e a facilidade dos indivíduos para agir dentro da estrutura. Os resultados representam o capital social gerado na rede dos empresários sucessores de Caruaru. Inicia-se apresentando os resultados da dimensão cognitiva. 4.3 Dimensão cognitiva Os significados compartilhados pelos empresários sucessores com relação a uma carreira de sucesso e com relação ao papel da rede para o desenvolvimento desta carreira formam a base dos resultados da dimensão cognitiva. A seguir, são mostrados os mapas cognitivos compartilhados pelos empresários para cada um destes dois significados. 4.3.1 Componentes cognitivos usados na análise das redes Os significados compartilhados pelos empresários com relação a uma carreira de sucesso e com relação ao papel da rede para o desenvolvimento da carreira foram analisados a partir de seu conteúdo saliente (evocações). A seguir são detalhados os resultados sobre as evocações dos 30 empresários entrevistados. 4.3.1.1 Significados compartilhados sobre uma carreira de sucesso O quadro a seguir traz as evocações, de acordo com a freqüência e ordem média de evocação (OME) na fala dos empresários. A partir das evocações surgidas nas entrevistas, foi realizada uma análise de conteúdo para identificar as palavras ou frases que se repetiam nas evocações dos pesquisados. O produto obtido por meio das evocações livres foi analisado pela técnica de quatro quadros (FISCHER et al., 2003; VERGARA, 2005; REGIS; BASTOS; DIAS, 2008). O Quadro 1 revela as categorias usadas pelos empresários no compartilhamento dos significados. As evocações destacadas em negrito são as de maior força, como será explicado adiante. Quadro 1: Evocações sobre a carreira de sucesso com suas Freqüências e OME Evocações sobre a carreira de sucesso Freq. Ordem média Estabilidade financeira 23 2,3 Satisfação Pessoal 10 1,3 Reconhecimento – Empresa reconhecida 7 3,0 Satisfação dos colaboradores 5 3,2 Inovação – Empreendedorismo 5 2,2 Respeito 5 2,2 Satisfação de clientes 4 3,0 Sucesso na sucessão 4 1,75 Realização profissional 4 1,5 Qualidade de vida 4 1,5 Capacitação humana 3 2,67 Planejamento 3 2,67 Ética 3 2,0 Experiência 3 3,33 Autonomia Profissional 2 3,5 Geração de emprego 2 2,5 Sentimento de um dever cumprido 1 4,0 Gestão Profissionalizada 1 2,0 Trabalhar em harmonia 1 1,0 Regis (2005) considera que as evocações com freqüência igual a 1 podem ser desconsideradas neste tipo de análise. Mas foram aqui mantidas para possibilitar a identificação mais completa das evocações e assim servir para comparações com pesquisas futuras no ambiente de empresas familiares. Para as evocações sobre carreira de sucesso tem-se freqüência média igual a 4,7 e ordem média igual a 2,4 (Gráfico 3). Os cálculos da freqüência média e ordem média foram feitos da seguinte forma, tanto para as evocações sobre “carreira de sucesso”, como para o “papel da network”: n FME = Freqüência Média das Evocações Fi = Freqüência de cada evocação n = Número de evocações i = iésima evocação FME Fi i 1 n onde: F OMEi = Ordem Média de cada Evocação OMEi OEi i 1 F onde: OEi = Ordem em que a Evocação ocorreu para cada pesquisado que a citou (ex. 1º lugar, 2º lugar...) F = Freqüência de cada evocação i = iésima evocação n OME = Ordem Média de todas as Evocações OME OMEi i 1 n OMEi = Ordem Média de cada Evocação n = Número de evocações i = iésima ordem média de cada evocação Observa-se, no Gráfico 3, a seguir, que pelas direções das setas, o quadrante que detém as evocações de maior força é aquele em que a ordem média de suas evocações tende para o 1º lugar (antes do zero) e a freqüência de suas evocações tende para a freqüência da evocação mais citada, a “Estabilidade Financeira” com 23 evocações. 23 ORDEM MÉDIA DAS EVOCAÇÕES – OMEi Evocações de maior força: F > 4,74 e OMEi < 2,40 FREQÜÊNCIA o o o o Estabilidade financeira (23;2,3) Satisfação Pessoal (10;1,3) Inovação – Empreendedorismo (5; 2) Respeito (5; 2,2) Evocações Intermediárias: F > 4,74 e OMEi >= 2,40 o o Reconhecimento – Empresa reconhecida (7; 3,0) Satisfação dos colaboradores (5; 3,2) Evocações Intermediárias: Evocações Periféricas: F <= 4,74 e OMEi < 2,40 F <= 4,74 e OMEi >= 2,40 o o o o o o Sucesso na sucessão (4; 1,75) Realização Profissional (4; 1,5) Qualidade de vida (4; 1,5) Ética (3; 2,0) Gestão profissionalizada (1; 2,0) Trabalhar em harmonia (1; 1,0) Zero 1º lugar... o o o o o o o FME=4,74 Satisfação de clientes (4; 3,0) Capacitação humana (3; 2,67) Planejamento (3; 2,67) Experiência (3; 3,33) Autonomia Profissional (2;3,5) Geração de emprego (2; 2,5) Sentimento de um dever cumprido (1; 4,0) OME =2,40 4º lugar Gráfico 3: Técnica de quatro quadros para carreira de sucesso Fonte: FISCHER et al. (2003) Vale destacar que não é fácil para nenhum pesquisador explicar as percepções sociais dos indivíduos. As percepções são baseadas tanto sobre fatores implícitos quanto explícitos e os pesquisadores podem ter pouco insight com relação aos processos implícitos afetando as cognições sociais. O benefício do capital social aqui estudado é o apoio de pessoas que desempenham diversos papéis sociais e podem influenciar no desenvolvimento da carreira dos empresários sucessores. A idéia ou visão que os empresários têm com relação a uma carreira de sucesso foi avaliada positivamente entre os respondentes e está associada à possibilidade de sucesso da empresa e também ao sucesso pessoal. O mapa cognitivo que mostra os significados compartilhados pelos empresários sucessores sobre uma carreira de sucesso será apresentado adiante. O mapa caracteriza toda a amostra dos respondentes, fornecendo um panorama geral dos conteúdos evocados através de categorias, trazendo informações importantes sobre esta dimensão do capital social (Figura 5). Mapas cognitivos são ferramentas para representar dados verbais (informações orais ou escritas que expressam afirmações, predições, explanações, argumentos, regras) através das quais é possível o acesso a representações internas e a elementos cognitivos (imagens, conceitos, crenças causais, teorias, heurísticas, regras, scripts etc.) (LAUKKANEN, 1992). Neste sentido, Bastos (2002) esclarece que os mapas cognitivos podem dar acesso a pressupostos do respondente, mesmo quando estes não são visíveis para o próprio participante. o – Evocações de Maior Força o – Evocações Intermediárias o – Evocações Periféricas Figura 5: Mapa das categorias que significam uma carreira de sucesso para os sucessores O mapa da carreira de sucesso (Figura 5) mostrou apenas quatro evocações de maior força, representadas por círculo tracejado na cor vermelha. Com relação à “estabilidade financeira” e “satisfação pessoal”, pode ocorrer que os sucessores consideram que fatores econômicos e pessoais juntos se complementam, ou seja, fazer o que gosta e ser bem remunerado. O sucessor avalia positivamente a oportunidade de trabalhar na empresa da família, visto que conseguem enxergar a concretização de seus sonhos pessoais e materiais. Estas seriam fortes características para uma carreira de sucesso, na visão dos sucessores. A evocação “respeito”, também de força maior, envolve o respeito mútuo de familiares, clientes e colaboradores. Possivelmente, nesta categoria, está o desafio de obter o respeito profissional de alguém que sempre o viu como uma criança ou um dependente. Além disso, algumas pessoas vêem o sucessor como a pessoa que ele é, ao passo que outros o vêem como um felizardo ganhador da loteria que nunca estará à altura da tarefa que tem nas mãos. Em recente trabalho, Souza e Bastos (2006) mostram a diferença entre fundador e sucessor quanto ao sentimento de respeito e admiração de antigos funcionários. Antigos funcionários, principais portavozes dos fundadores, revelam admiração, respeito e consideração pelos patriarcas da empresa, com os quais conviveram por anos. Ao passo que não transparecem a mesma admiração pelos herdeiros que é demonstrada pelo líder-fundador. O sentimento pelos atuais dirigentes (sucessores) revela-se respeitoso e de admiração pela competência que demonstram na gestão da empresa, de acordo com os resultados obtidos à frente da organização. Da mesma forma, Cohn (1991) destaca a importância do desenvolvimento da competência profissional por parte dos sucessores como forma de conquistarem o respeito dos parentes, funcionários, clientes e fornecedores. A evocação “inovação-empreendedorismo” também aparece como núcleo central ou de força maior, e se refere ao negócio. As empresas foram formadas com um espírito empreendedor e os fundadores são, tradicionalmente, grandes descobridores de pessoas, processos e, principalmente, oportunidades. Casson (1982) sustenta que o empreendedor está no centro do processo de geração de lucro por ele ser alguém especializado em tomar decisões de julgamento sobre a coordenação de recursos escassos. Portanto, sugere-se que, na visão dos sucessores, continuar empreendendo e inovando, são ações necessárias para o negócio, ou melhor, para sobrevivência da empresa no mercado. Contudo, pode-se dizer que a categoria “inovação-empreendedorismo” tem ligação com a “estabilidade financeira”, sendo as duas de força maior. Na figura 5, mostrada acima (Pág. 50), o círculo tracejado na cor verde destaca as evocações intermediárias. Observa-se a preocupação do sucessor com a empresa da família, através de citações como “empresa reconhecida”, “sucesso na sucessão”, “trabalhar em harmonia”, “satisfação dos colaboradores”, “gestão profissionalizada”, “realização profissional” e “ética”. Como as empresas estudadas são do tipo familiar e o foco da pesquisa está no sucessor, considera-se que a categoria “sucesso na sucessão” engloba as outras categorias citadas. Lansberg (1999) cita que as empresas familiares bem sucedidas investem muito tempo e esforço estimulando o espírito de cooperação e preservando a harmonia entre os seus membros. Por outro lado, Lodi (1994) defende a idéia de que, a cada dia, maior número de empresas procurará a profissionalização total, de modo que nenhum membro da família estará na empresa até o nível da presidência. Esta situação observada por Lodi (1994) exemplifica a categoria “gestão profissionalizada”. Ricca (1993) observa que, para uma empresa familiar se tornar profissional, o primeiro passo não é contratar administradores que não pertençam à família; o fundamental é a atitude que a empresa assume diante da profissionalização. Os laços familiares são pré-requisitos que influenciam o direito à sucessão nos cargos de direção, porém as condições que o mercado determina devem ser consideradas como variáveis ambientais de relevância para o alcance de resultados por parte da empresa. Dessa forma, o primeiro passo no processo de profissionalização seria avaliar se a família conta com um talento familiar competente e se os sucessores querem enfrentar pessoalmente o desafio de se profissionalizar. Caso contrário, a solução seria contratar um profissional não familiar para a direção da empresa, visando a sobrevivência da mesma no mercado. A seguir são mostrados os resultados com relação ao papel da network para o desenvolvimento da carreira. 4.3.1.2 Significados compartilhados sobre o papel da network Assim como na seção anterior, o Quadro 2 traz as evocações sobre o papel da rede de relações para o desenvolvimento da carreira, de acordo com a freqüência e ordem média de evocação (OME) na fala dos sucessores. Para as evocações sobre papel da rede tem-se freqüência média (4,06) e ordem média (2,03). Quadro 2: Evocações sobre o papel da network com suas Freqüências e OME Evocações sobre o papel da network Freq. Para o desenvolvimento da carreira Ordem média Troca de experiências 10 1,6 Ajuda Financeira 10 2,4 Contato com as pessoas 8 2,88 Convivência e união familiar 7 1,29 Compartilhamento de informações 6 2,33 Incentivo – Estímulo 6 1,67 Indicações 5 2,8 Aconselhamento 4 2 Visitas a outras empresas 2 2,5 Estágio em todos os setores da empresa 2 1,5 Divisão de tarefas 2 1,5 Formação moral 2 1 Apoio emocional 1 4 Satisfação de clientes 1 3 Transferência de conhecimento 1 2 Reconhecimento 1 1 Apoio nas tarefas diárias 1 1 O Gráfico 4 revela as categorias usadas pelos empresários no compartilhamento dos significados. As evocações destacadas em negrito são as de maior força. Para tanto, foi utilizada a técnica de quatro quadros, através da qual são mostradas as evocações com os dados de Ordem Média de Evocação e Freqüência, respectivamente (RÉGIS; BASTOS; DIAS, 2008). 10 ORDEM MÉDIA DAS EVOCAÇÕES – OMEi Evocações de maior força: F > 4,06 e OMEi < 2,03 o Troca de experiências (10; 1,6) o o Convivência e união familiar (7;1,29) Contato com pessoas (8; 2,88) o Compartilhamento de informações (6; 2,33) o Indicações (5; 2,8) o Ajuda financeira (10; 2,4) o FREQÜÊNCIA Evocações Intermediárias: F > 4,06 e OMEi >= 2,03 Incentivo – Estímulo (6; 1,67) FME=4,06 Evocações Intermediárias: F <= 4,06 e OMEi < 2,03 o o o o o o Estágio nos setores da empresa (2; 1,5) Formação moral (2; 1,0) Transferência de conhecimento (1; 2,0) Reconhecimento (1; 1,0) Apoio nas tarefas diárias (1; 1,01) Aconselhamento (4; 2,0) Zero 1º lugar... Evocações Periféricas: F <= 4,06 e OMEi >= 2,03 o Visitas a outras empresas (2; 2,5) o Apoio emocional (1; 4,0) o Satisfação dos clientes (1; 3,0) OME = 2,03 4º lugar Gráfico 4: Técnica de quatro quadros sobre o papel da network Fonte: FISCHER et al. (2003) Os significados compartilhados estão relacionados às funções de carreira e psicossociais da mentoria (KRAM, 1985). O conjunto de evocações compõe as categorias compartilhadas pelos empresários com relação ao papel da rede para o desenvolvimento da carreira. O mapa cognitivo que mostra os significados compartilhados pelos empresários sucessores sobre o papel da rede para o desenvolvimento da carreira será apresentado adiante. Este mapa está dividido em duas partes: primeiramente são mostradas as categorias obtidas a partir dos conteúdos evocados (Figura 6); e em seguida, as evocações dos sucessores sobre o papel da rede (Figura 7). As categorias em destaque na cor vermelha são as que apresentaram evocações de maior força ou de núcleo central. A partir do trabalho de categorização das evocações, por se tratar de empresas familiares, foi observado que os empresários explicitam pensamentos não fazendo distinção com relação ao sucesso individual e o sucesso da empresa. Por exemplo, o patrocínio recebido por um sucessor para participação em capacitação contribui tanto para o sucesso individual como para o sucesso da empresa. No mapa do papel da rede de relações, as principais categorias relacionadas ao apoio para o desenvolvimento da carreira foram o coaching (informação), amizade e aconselhamento, como mostrado acima na Figura 6. Figura 6: Mapa das categorias que significam o papel da network para o desenvolvimento da carreira dos sucessores. Um ponto que merece destaque é a categoria “satisfação de clientes” (Figura 6). Ela foi criada a partir da evocação de núcleo periférico “satisfação de clientes” e não se encaixa em nenhuma das funções da mentoria, sendo considerada como uma categoria isolada e pode revelar a preocupação do sucessor com a situação da empresa no mercado e perante os clientes. Também é importante observar que a categoria “proteção” não foi citada. Observa-se na Figura 7 que, para as outras funções de carreira, as evocações citadas dentro de cada categoria foram: Patrocínio (“ajuda financeira em geral e financiamento de cursos”); exposição e visibilidade (“visitas a outras empresas, aumento do contato com outras pessoas, indicações em geral”); coaching (“acesso a informações, apoio nas tarefas diárias, transferência de conhecimento, troca de experiências”); tarefas desafiadoras (“estágios em diversos setores da empresa”). Para as funções psicossociais: Modelagem de papéis (“formação moral”); aceitação e confirmação (“reconhecimento”); aconselhamento (“apoio emocional, conselhos, estímulo, incentivo”); amizade (“convivência e união familiar”). Figura 7: Evocações das categorias “funções de carreira”, “funções psicossociais” e “satisfação de clientes”. Regis (2005) considera que os gestores do seu próprio negócio já se encontram no topo da organização. Desta forma, as atividades do mentor no que tange ao progresso na hierarquia da empresa não são relevantes. Contudo, na análise deste trabalho, consideramos o “fundador” como sendo o “sucedido” no processo de sucessão na empresa familiar. Dessa forma, contrariamente aos achados de Régis (2005), que dizem respeito ao fundador (sucedido), o sucessor almeja aspirar hierarquicamente, chegando ao topo da pirâmide e controle da empresa familiar. Neste caso, a visão tradicional da mentoria de Kram (1985), mencionada anteriormente, pode ser relevante para o sucessor enquanto o processo de sucessão não estiver concluído. Dando prosseguimento a apresentação dos resultados com base nas dimensões do capital social, são mostrados a seguir os resultados da dimensão estrutural. 4.4 Dimensão estrutural Duas perspectivas apresentadas na fundamentação teórica foram usadas para apresentar os achados desta dimensão: a configuração da rede e os laços da rede. 4.4.1 Configuração da rede A Figura 8 mostra a rede de relacionamentos e a estrutura geral da mesma. Os sucessores estão representados pela figura de um triângulo e as pessoas citadas são representadas pela forma de um círculo. Esta representação gráfica é utilizada como base durante toda a apresentação dos resultados. Neste primeiro mapa, na busca de melhor visualização, é apresentada a rede geral dos sucessores da cidade de Caruaru e cada cor representa uma sub-rede de relacionamento entre sucessores. Figura 8: Rede geral dos sucessores No cartão gerador de nomes, os 30 sucessores pesquisados foram solicitados a preencher os 6 nomes das pessoas da sua rede que foram as mais importantes para o desenvolvimento da carreira. A média de citações se aproximou de 6 nomes. Como já mostrado na Figura 8, há casos em que as pessoas citadas pelos sucessores são outros empresários sucessores. Neste caso, as ligações acontecem de triângulo para triângulo. 14 sucessores foram citados por outros sucessores, os quais consideram o par como membro de sua rede, ocupando papéis como irmãos, parentes, sócios ou amigos. 16 sucessores não foram citados por nenhum outro, sugerindo que estes não ocupam o papel de mentor, amigo, informante e/ou confidente para com os demais sucessores pesquisados. Na Figura 9, pode-se observar 15 casos de pessoas que fazem a ligação entre os sucessores (conectores) e que não são empresários sucessores. Estes casos estão marcados com a cor verde limão. Dos 15 conectores, 9 são fundadores da empresa familiar, ou seja, dentre aquelas pessoas que fazem a conexão na rede, o papel de fundador é o de maior destaque. Estes conectores que são também fundadores estão destacados na cor cinza. Os conectores centrais são atores bastante procurados, possuindo conhecimento do local de trabalho e visão geral da atividade, podendo fornecer ou indicar soluções de problemas quando solicitado. Os experts são os atores que possuem profundo conhecimento do produto ou serviço. A experiência e grande tempo na organização fazem com que os experts orientem funcionários com menor conhecimento e habilidade (AWAZU, 2004). Como se observou, mais da metade dos conectores são também fundadores da empresa familiar. Isto revela as particularidades desse tipo de empresa e do processo de sucessão. Os fundadores, neste caso específico, são os atores experts que conhecem a empresa, seus produtos e processos na sua totalidade. Assim, contribuem através de suas experiências para a formação do conhecimento dos seus sucessores. Além disso, como conectores, possuem uma visão geral do papel de empresário, podendo ser um solucionador de problemas e conflitos que possam existir entre os sucessores. Os nodos na cor amarela também são fundadores, sendo apenas e somente fundadores. Dessa forma, observando os nodos amarelos e cinzas, totaliza na rede geral 21 fundadores citados. Como se trata de empresa familiar, isto demonstra a forte presença do “pai” na rede dos sucessores. Sucessores Pessoas citadas Fundadores Conectores Fundadores e Conectores Figura 9: Rede com identificação dos atores A Figura 10 destaca a maior sub-rede, localizada a nordeste da figura. Nesta sub-rede, os conectores que também são fundadores são os que fazem a interligação entre três empresas distintas (marron, vermelho, azul e amarelo), expandindo suas fronteiras e levando, ou trazendo, novas informações. Isto faz com que eles detenham o controle desta comunicação. Estes fundadores/conectores estão mostrados na cor cinza. Sucessores Conectores e Fundadores Figura 10: Sub-rede de empresas conectadas por fundadores Do total de relações (169) entre os sucessores e as pessoas de suas redes, os laços fortes predominaram (141 relações), o que é uma característica dos cliques, relações fortes e fechadas se comparadas às relações com o ambiente externo, possivelmente para evitar a disseminação de informações confidenciais. Com este resultado se observa a relevância da força dos laços da rede. Os laços mostram a proximidade da relação e são mostrados a seguir. 4.4.2 Laços da rede Estudos mostram a importância da rede no desenvolvimento da carreira, através dos laços fortes e laços fracos existentes, cada qual atuando em condições específicas (MELO et al., 2005). Para a medição da força dos laços foram utilizados os dados coletados a partir do item 23 do questionário (APÊNDICE D) que tratou da proximidade da relação (KUIPERS, 1999). Este resultado fortalece as argumentações de Granovetter (1973) sobre a freqüência dos contatos, a reciprocidade e a amizade existentes nos relacionamentos. Considerando os laços, os sucessores (triângulos) estão ligados às pessoas da sua rede principalmente através de laços fortes, ou muito próximos. Isto acontece especialmente nas relações com os fundadores (pais) e onde existem laços familiares. O laço forte tem quatro características marcantes, sendo as duas primeiras subjetivas e interpretativas que são intensidade emocional e intimidade, a terceira característica é a reciprocidade e a última característica o tempo despendido no relacionamento (KRACKHARDT, 1992). Os resultados corroboram com Krackhardt (1992), no sentido que os laços fortes dos sucessores são na sua maioria laços familiares, onde aspectos emocionais estão envolvidos e o tempo despendido no relacionamento equivale aos anos de vida do sucessor. Além disso, os laços fortes são geralmente utilizados em situações de mudança e incertezas, facilitando o ingresso de pessoas próximas em organizações cujos mercados estão em condições de declínio. Laços fortes também proporcionam conforto e suporte durante a implementação de mudanças, onde os laços fortes participam ativamente do processo de mudança (BROWN; KONRAD, 2001). Esta abordagem pode ser associada ao processo de sucessão, ou seja, o processo de mudança no controle da empresa familiar. A preparação do sucessor para ocupar a função do fundador dentro da empresa. Nos resultados prevalecem os laços fortes entre sucessor e fundador. Os laços nos quais não há relações de amizade são exemplos de laços fracos. Kuipers (1999) mede a força dos laços através de questões que envolvem não só a percepção individual sobre a proximidade numa relação, mas também a duração da relação e a freqüência dos seus contatos. Do ponto de vista das relações formais, as redes são formadas, normalmente, por ligações fracas. Laços mais fracos são contatos não freqüentes. Os resultados mostram que os laços fracos (18 relações) foram compostos, na sua maioria, por pessoas importantes que participaram anos atrás da vida do sucessor (pessoas falecidas) e que, atualmente, não fazem parte do círculo de amizades do mesmo; pessoas que moram distante do sucessor (contatos não freqüentes); e psicólogos (contato formal entre médico e paciente). Dessa forma, os resultados se adequam aos achados de Granovetter (1973) e Kuipers (1999). Os laços fracos são um recurso importante, possibilitando mobilidade profissional. Pode atuar como fonte de coesão social, conectando pessoas e interesses profissionais. Estas ligações podem ser feitas entre atores que estão dentro da própria rede ou com atores que estão externos a ela. Laços fracos viabilizam a troca rápida de informações e idéias entre profissionais. Os laços fracos podem ter papel indispensável para integração entre comunidades e grupos diferentes trazendo informação nova para dentro da rede (GRANOVETTER, 1973). Desta forma, pode-se afirmar que o número reduzido de laços fracos dificulta o processo de inovação das empresas familiares do agreste de Pernambuco. 4.4.3 Componentes estruturais usados na análise das redes O software UCINET 6.0 foi usado para o cálculo dos componentes estruturais, são eles: medidas de centralidade de grau de entrada, centralidade de grau de saída e centralidade de intermediação (APÊNDICE G). Marinho-da-Silva (2003) e Quiroga (2003) apresentam as funções do software para o cálculo destas medidas. A centralidade fornece a medida da acessibilidade de um ator em relação aos outros atores da rede e depende do modo de distribuição, ou de interligação. A centralidade, além de medir a acessibilidade do ator, também mede o número de caminhos de comunicação em que ele está inserido. É assim que se conhece que quanto maior for o número de ligações entre os indivíduos de uma rede, menor será a probabilidade de um ator possuir o controle sobre o fluxo de informações. Desta forma, o poder de um ator depende do quanto ele centraliza o fluxo de informações, favores e serviços para e entre os membros de uma rede (REGIS; DIAS; BASTOS, 2006). A centralidade de grau de entrada é medida a partir do número de laços que um ator recebe de outros atores, enquanto que a centralidade de grau de saída é medida a partir do número de laços que um ator estabelece com outros atores da rede. Desta forma, medem, respectivamente, a receptividade e a expansividade dos empresários (WASSERMAN; FAUST, 1994). Neste trabalho a centralidade de saída apresenta pouca relevância, visto que cada respondente escolheu, em média, 6 pessoas mais relevantes da sua network, variando o número de ligações de saída entre 4 e 6 para todos os respondentes. A centralidade de entrada tem sua relevância, pois o número é variável (0 a 3 ligações de entradas), sendo analisado também o papel dessas pessoas dentro da network do respondente. Este baixo valor da centralidade de entrada é condizente com baixa interconectividade entre os sucessores das empresas pesquisadas. A Figura 11 (Pág. 66) apresenta os resultados do posicionamento dos indivíduos centrais na rede dos empresários sucessores. Nesta figura, foram retirados os indivíduos periféricos (centralidade igual a 1) que foram citados uma única vez pelos empresários. Foram retirados também os empresários isolados (suas citações não os conectava ao restante da rede). Contudo, as posições dos remanescentes permaneceram as mesmas em comparação com as outras configurações da rede já mostradas. A apresentação da rede de forma reduzida permitiu uma melhor visualização e facilitou a localização dos atores centrais. Os atores de número 67, 94, 95 e 117 atingiram maior centralidade de grau de entrada (receptividade igual 3,0) e estão destacados por um círculo vermelho. Os indivíduos 94, 95 e 117 são aqueles fundadores que também conectam quatro empresas, como mostrado na figura 11. Eles são empresários de sucesso na região do agreste pernambucano. Somente o ator de número 67 não é fundador, porém é membro da Associação Comercial e Empresarial da região. Esta associação tem como missão congregar empresários, executivos e profissionais liberais; defender seus interesses e fomentar o espírito empreendedor, objetivando desenvolver social, cultural e economicamente a região. A centralidade de grau também pode ser interpretada como o grau em que uma pessoa da rede é capaz de influenciar ou ser influenciada pelos outros componentes (QUIROGA, 2003). Isto confirma a capacidade desses atores na acessibilidade fornecida aos empresários sucessores, com relação à informação. Figura 11: Rede com centralidade de grau de entrada maior que 1 e identificação dos atores centrais Dois sucessores (círculos na cor rosa) se destacaram dos demais quanto à receptividade, ou seja, apresentaram centralidade de entrada maior do que os outros sucessores. A linha pontilhada na cor azul representa as relações de reciprocidade entre sucessores (respondentes). Neste caso, um respondente citou outro sucessor e vice-versa. A reciprocidade aconteceu unicamente entre sucessores que são irmãos e sócios, simultaneamente. A identificação da reciprocidade mostra, especialmente para as empresas familiares, a existência de características que são importantes para o processo de sucessão, visto que essas relações tendem à troca de experiências e suporte mútuo nos momentos de dificuldade. Recente pesquisa de Soares (2008), realizada com gerentes de empresa de serviços considera que os gerentes que não possuem reciprocidade com nenhum outro podem ter dificuldade em receber ou prestar suporte durante a resolução de problemas. A inexistência de laços de amizade, confiança, informação e aconselhamento tende a um relacionamento impessoal e de baixa cumplicidade entre as partes. Quanto à centralidade de intermediação, os atores que atingiram um valor acima de 11 (range de 1 a 22) estão destacados por um círculo tracejado na cor marrom, sendo os empresários R21 e R22 os que mais serviram como pontes para que atores não adjacentes da rede pudessem se conectar através deles, corroborando as explicações de Marinho-da-Silva (2003). Este resultado destaca ainda mais a importância dos fundadores e familiares para o desenvolvimento da carreira dos sucessores. A seguir são apresentados os resultados da dimensão relacional. 4.5 Dimensão relacional A posição que os sucessores ocupam faz com que tenham comportamentos diferentes quanto ao conteúdo transacionado quando comparados a estudos que tratam dos fundadores, como o estudo de Régis (2005) sobre empresários incubados. Neste estudo foi encontrado que o número de atores é aproximadamente igual para os papéis de amigos, informantes e confidentes, enquanto Régis (2005) encontrou um maior número de atores com papéis de amigos, confidentes e por último informantes. Isto, no ambiente das incubadoras de empresas do Recife. 4.5.1 Componentes relacionais usados na análise das redes A diversidade de papéis e o conteúdo transacionado foram as variáveis usadas na análise da rede dos empresários sucessores no que tange a dimensão relacional. A seguir são apresentados os resultados da diversidade de papéis. 4.5.1.1 Diversidade de papéis Ao se observar os papéis das 169 pessoas citadas pelos empresários no cartão gerador de nomes, foi possível identificar que: os papéis assumidos foram (Gráfico 5): pais (24%), irmãos (20%), amigos (14%), parentes (12%), colaboradores (9%), cônjuges (7%), consultores (4%), professores (4%), sócios (3%), empresários (2%), e psicólogos (1%). 3% 4% 2% Pais 1% Irmaos 24% 4% Amigos Parentes 7% Colaboradores Conjuge Consultores 9% Professores 12% 20% 14% Sócios Empresários Psicólogos Gráfico 5: Papeis sociais das pessoas da rede Um resultado que merece um esclarecimento é a ausência do papel de mentor. Nesta etapa da coleta dos papéis sociais, através do cartão gerador de nomes, os respondentes não haviam sido expostos aos conceitos da mentoria. A não ocorrência explícita para este papel é possivelmente uma conseqüência do não conhecimento do conceito de mentor por parte dos empresários sucessores. Os sucessores passaram o ter contato com o conceito de mentoria somente a partir das respostas aos itens do questionário (APÊNDICE D). A partir da medição das funções da mentoria, ao aplicar o questionário com os sucessores, foi possível verificar o número de mentores que cada empresário possuía, independentemente do papel social já citado por eles através do cartão gerador de nomes. Cada empresário usou a escala do questionário para avaliar o grau em que as pessoas da sua rede, citadas no cartão gerador de nomes, exerciam as funções da mentoria. Considerando que cada empresário citou, em média, aproximadamente 6 pessoas da sua rede e aplicou a escala para cada uma delas, as 169 pessoas citadas foram avaliadas quanto às funções da mentoria. Foi atribuído o papel de mentor àqueles indivíduos da rede que obtiveram um valor médio das funções da mentoria igual ou maior que 4 (escala Likert de 1 a 5) na avaliação dos empresários, totalizando uma rede de mentoria com 73 atores. Focando agora o questionário, os resultados apresentados no Gráfico 6 mostram que mais da metade dos respondentes (83%) possui pelo menos um mentor e o percentual daqueles que não possuem mentores foi de 17%. Os resultados apresentados no Gráfico 6 também mostram que 37% dos respondentes têm no máximo 2 mentores e 46% tem 3 ou mais mentores, mostrando que, no caso dos sucessores, há uma tendência maior para as redes empreendedoras. Isto mostra a diferença quanto às argumentações levantadas por Higgins e Kram (2001) sobre as redes de relações de desenvolvimento, para o ambiente empresarial. As autoras levantam que, no ambiente corporativo, há uma tendência de que os relacionamentos de mentoria venham a ocorrer predominantemente através de “redes tradicionais de mentoria” (Figura 5, Pág. 50). 17% 3% 13% 6 mentores 10% 5 mentores 4 mentores 3 mentores 2 mentores 17% 20% 20% 1 mentor Sem mentor Gráfico 6: Empresários e as suas avaliações quanto às relações de mentoria Na próxima seção, são abordados os conteúdos transacionados na rede dos sucessores. 4.5.1.2 Conteúdo transacionado A mentoria, através do modelo de Kram (1985), fez parte da dimensão relacional. Como mencionado anteriormente, foi utilizado o questionário de Régis (2005) para a medição das funções da mentoria entre os sucessores. Através dos itens que mediram as funções da mentoria para cada pessoa da rede do sucessor, também foi possível medir os conteúdos transacionados no que diz respeito às relações de amizade, de informação e de confiança (APÊNDICE E). Para isto, aqueles indivíduos que foram avaliados pelos empresários e que obtiveram um valor médio maior ou igual a 4 (escala Likert de 1 a 5) nos itens que mediram os conteúdos de amizade, informação e confiança foram considerados como amigos, informantes e confidentes. Desta forma, além da rede de mentoria (73 atores), foi possível identificar no número de atores que compõem as redes de amizade (101 atores), de informação (103 atores) e de confiança (110 atores). Estes conteúdos foram medidos individualmente através do questionário (APÊNDICE E). De acordo com Kuipers (1999), a rede de amizade se define como uma rede informal baseada na troca de amizade e socialização que fornece apoio e melhoram a auto-estima, além de encorajar certos comportamentos que aumentam a aceitação junto a grupos dentro da organização; a rede de informação é uma rede informal onde o conteúdo transacionado diz respeito ao que está acontecendo na organização como um todo, em relação a oportunidades de ascensão, processos decisórios e/ou sucesso organizacional. Estas informações normalmente afetam todos os membros da organização; e a rede de confiança é definida como uma rede de laços informais onde um ator corre riscos ao abrir mão do controle dos resultados por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou coação da relação, seja contratual, estrutural ou legal. Foi possível observar que para os sucessores das empresas familiares do agreste pernambucano não há variações relevantes que diferenciem o tamanho das redes de confiança, amizade e informação. De acordo com os dados, a rede de confiança é a maior delas com 110 atores, seguida pela rede de informação com 103 atores e por último, as redes de amizade e mentoria com 101 e 73 atores, respectivamente (Gráfico 7). 120 100 80 60 40 20 0 Mentoria Amizade Informação Confiança Gráfico 7: Relação das redes de mentoria, amizade, informação e confiança. Este resultado é contrário aos resultados encontrados por Kuipers (1999), Marinho-da-Silva (2003) e Santos (2004) que estudaram empresas em contextos corporativos. Estes autores encontraram que as redes de confiança são menores que as redes de informação, que por sua vez, são menores que as redes de amizade. Além disso, os resultados encontrados também diferem do trabalho de Régis (2005), realizado com empresários em processos de incubação, ou seja, fundadores do próprio negócio, onde a rede de amizade foi a maior, seguida das redes de confiança e informação. Segundo Kuipers (1999) as relações de amizade e suporte social se desenvolvem rapidamente durante curto período de tempo, enquanto que o desenvolvimento de laços de confiança requer mais tempo e da mesma forma, dura mais tempo. Os resultados, com relação às dimensões das redes, mostram que os empresários sucessores possuem muitos contatos na rede que são pessoas de sua confiança. Isto parece ser característica das empresas familiares, onde o pai é o fundador da empresa e devido à longa convivência profissional e familiar durante a formação do sucessor, acaba fazendo com que familiares sejam parte da rede de confiança do sucessor. Assim, propõe-se que no contexto das empresas familiares, a rede de confiança está mais presente no desenvolvimento da carreira do sucessor do que a rede de amizade. Esta distinção entre redes de confiança e amizade mostra que, no contexto dos sucessores, as relações entre pais e filhos, ou entre familiares próximos, são baseadas nas relações de confiança. Contudo, os dados mostram um pouco menos de troca de informações entre os sucessores e as pessoas citadas. Isto parece ser uma especificidade da empresa familiar, visto que, grande parte, principalmente as menores, limita a troca de informações aos membros da família. Um outro aspecto relevante diz respeito ao grande volume de trabalho, realizado por eles, não disponibilizando tempo para ampliar o número de laços com pessoas que forneçam informações úteis para o desenvolvimento da empresa. Desta forma, predominam os laços familiares como mostrado no Gráfico 5 (Pág. 68), onde os pais, irmãos, parentes e cônjuges somam 63% dos papéis sociais das pessoas que compõem as redes dos sucessores. Neste ponto, considerando apenas as relações de mentoria, pode-se observar no Gráfico 8 (Pág. 73) a diversidade dos mentores. Mantendo-se a característica da rede empreendedora de mentoria, conforme Higgins e Kram (2001) – Figura 4 (Pág. 37). Verifica-se que 54% dos empresários que possuem relações de mentoria, desenvolvem estas relações com três ou mais mentores. 17% 21% 13% 5 mentores 4 mentores 3 mentores 2 mentores 25% 24% 1 mentores Gráfico 8: Diversidade de mentores Para uma melhor compreensão das relações de mentoria no ambiente das empresas familiares, primeiramente, a Figura 12 (Pág. 74) mostra estas relações dentro da rede geral de sucessores. Observa-se a quantidade de mentores e não mentores dentro da rede geral. Os atores em amarelo são mentores. Vale destacar que apenas os respondentes (R9, R15, R17, R18 e R30), circulados na cor preta, não possuem mentores, de acordo com as respostas do questionário. Porém, eles se ligam a outras redes através de mentores de outros sucessores, com exceção de R15 que forma uma rede isolada. Exemplificando, R17 está conectado a R25 e a R26, através do mentor 117 que é mentor apenas de R26. Isto mostra a importância da mentoria para o desenvolvimento da carreira dos sucessores, visto que o mentor aparece como conector e expansor de fronteiras, podendo ser útil na busca de soluções para questões que precisam de recursos e conhecimentos que a organização não tem, sendo necessário buscá-los em outra rede. Sucessores Mentores Não mentores Figura 12: Representação gráfica dos laços de mentoria Na busca de um maior detalhamento da rede de mentoria, a Figura 13 mostra unicamente estas relações. A seguir é destacada a força dos laços das relações de mentoria. Dentre as 18 relações de laços fracos encontradas, observou-se que apenas quatro relações de mentoria ocorriam através destes laços fracos (distantes). Estas relações estão destacadas na Figura 13 (Pág. 75) pelas elipses tracejadas. Os dois respondentes (R23 e R24) estão ligados um ao outro através do fundador da empresa (pai) que já é falecido. Provavelmente, este fundador foi considerado um laço fraco, devido ao item 23 do questionário perguntar se a pessoa era um dos seus contatos mais próximos no momento atual. Neste caso, a figura do fundador é mentor com relação de laço fraco, pois contribuiu no passado para a formação e desenvolvimento da carreira dos respondentes, porém o contato hoje é distante. Todos os outros laços ocorreram com relações fortes, ou seja, nas avaliações feitas pelos empresários sucessores a respeito dos seus mentores (item 23 do questionário) prevaleceu o grau de interação “próximo” e “muito próximo”. Figura 13: Laços de mentoria com destaque para os laços fracos Para esclarecer os papeis sociais desempenhados por aqueles que são mentores, o Gráfico 9 (Pág.76) mostra os percentuais dos papéis sociais desempenhados por eles. Este gráfico possui diferenças em relação ao Gráfico 5, que mostrou estes dados para todas as pessoas da rede dos empresários sucessores. Porém, se assemelham em termos percentuais, visto que tanto a rede geral como a rede de mentores demonstra o papel de “familiares”, quando somados (pais, irmãos, cônjuge e parentes) como dominante em suas redes. 3% 3% 1% Pais 4% 36% 10% Irmão Conjuge Parente Amigo Colaborador 11% Socio Consultor 11% 21% Professor Gráfico 9: Papéis sociais dos mentores No preenchimento do cartão gerador de nomes, quando perguntados sobre a influência de pessoas no desenvolvimento de suas carreiras, todos os sucessores foram unânimes em apontar alguém que contribuiu, influenciou, aconselhou e serviu como referencial na suas vidas pessoal e profissional. Como mostrado no Gráfico 9, para 79% dos sucessores entrevistados, os familiares (pais, irmãos, cônjuges e parentes em geral) foram apontados como principais mentores e exemplos a serem seguidos (Régis, 2005). Esta forte influência, surgida naturalmente, deve-se à longa convivência profissional e familiar durante sua formação, embora outras pessoas externas à empresa também tenham sido citadas como mentores. Assim, fica evidenciada a influência positiva dos familiares, principalmente os pais, na formação profissional e psicossocial dos sucessores, ainda que isso tenha ocorrido na convivência diária na empresa e na informalidade (mentoria informal). Alguns sucessores que, devido ao falecimento do pai, foi privado de uma maior convivência profissional com ele, suprem esta ausência cercando-se de outros familiares, principalmente irmãos mais velhos, e em outros casos de consultores e conselheiros contratados pela organização. Estes outros atores influenciam e direcionam a formação e estilo de gerenciamento profissional destes sucessores. Assim, eles podem se valer das vantagens advindas de um mentor externo (GROTE, 2003), que possuem uma perspectiva de fora da organização, e pode assessorá-lo na solução de problemas e na formulação das estratégias organizacionais. No próximo capítulo são apresentadas as conclusões deste estudo e as sugestões para futuras pesquisas. 5 Conclusões e sugestões para futuras pesquisas Esta dissertação tratou de compreender de que forma a rede de relacionamentos contribui para o desenvolvimento da carreira dos empresários da cidade de Caruaru. Através das dimensões cognitiva, estrutural e relacional do capital social, foi possível estudar as relações informais de mentoria, assim como os conteúdos transacionados: amizade, informação e confiança. O desafio de estudar o processo de mentoria aliado à sucessão nas empresas familiares exigiu da pesquisadora uma sensibilidade para perceber os sentimentos envolvidos. O assunto sucessão familiar envolve seis pontos focais: o sucedido, o sucessor, a organização, a família, o mercado e a comunidade (BERNHOEFT, 1987). O foco deste trabalho está no sucessor, porém a figura do sucedido (fundador) se revela a todo instante, ao passo que representa o início e o crescimento da empresa. Além disso, por se tratar de empresa familiar, questões e relações de família que deveriam ser restritas ao lar e questões e relações profissionais que deveriam ser ajustadas na empresa, não se distinguem totalmente, podendo gerar conflitos. No entanto, as empresas familiares podem ser beneficiadas quanto ao processo de sucessão através da aplicação do conceito de mentoria. A preparação do sucessor, do fundador e da família para a sucessão é um fator importante na continuidade do empreendimento e na condição econômica e emocional da família. Os mapas cognitivos mostraram a importância da rede no desenvolvimento da carreira profissional do sucessor dentro da empresa familiar. Através dos mapas traçados, percebeu-se que, para os sucessores, uma carreira de sucesso significa principalmente: ser respeitado, ter estabilidade financeira e satisfação pessoal, inovar e empreender. Estas características podem estar associadas à própria cultura das empresas familiares. Respeito – A capacidade e a competência do sucessor podem ser questionadas pelos funcionários mais antigos da empresa familiar, visto que estes podem enxergá-lo apenas como o filho do dono, e não respeitá-lo como profissional. Estabilidade financeira e satisfação pessoal – São evocações que estão relacionadas, uma vez que, para o sucessor, estar satisfeito é garantir o conforto da família, o que é alcançado através do retorno financeiro que a empresa lhe oferece. Inovação e Empreendedorismo – Os sucessores carregam estas características como herança dos fundadores. O sucessor que possui uma rede de relacionamentos bem estruturada, com laços fortes bem trabalhados e laços fracos devidamente conectados tem sua possibilidade aumentada de ter sucesso na carreira à frente da empresa. Assim, observa-se que o desenvolvimento da carreira dos sucessores da região estudada está diretamente ligado às redes de relações e aos laços fortes e fracos que eles possuem. Além disso, através dos mapas cognitivos dos sucessores com relação às redes, percebe-se que a troca de experiências, a convivência e a união familiar, assim como o incentivo e o estimulo, são características que se destacam na rede. Estas características também estão associadas à cultura da empresa familiar. Portanto, o sucessor que conseguir visualizar seus laços e sua rede, assim como compreender o capital social desenvolvido no ambiente das empresas familiares poderá ter grande vantagem no processo de sucessão. Ao concluir esta dissertação, pode-se observar a importância dos laços familiares para o desenvolvimento da carreira do sucessor, visto que grande parte da rede de mentoria dos sucessores é formada por pais, irmãos, cônjuges e parentes em geral. Isto foi confirmado, visto que apenas dois sucessores tiveram relações de laços fracos com o fundador do negócio, o que foi justificado, uma vez que este fundador era falecido, não existindo, portanto, freqüência de contatos. Acredita-se que a função de mentoria tem significativa importância no desenvolvimento da carreira do sucessor, uma vez que a maior parte dos sucessores pesquisados possuiu mentores. Apenas quatro sucessores não apresentaram mentores, porém se ligaram a outras sub-redes através de atores mentores. Portanto, através de programas formais de mentoria, os laços podem ser reforçados e as relações podem ter maior contribuição para o desenvolvimento da carreira dos sucessores, como também pode facilitar o processo de sucessão nas empresas familiares. Também será possível examinar a extensão com que os programas formais de mentoria na empresa proporcionam o apoio através das funções de carreira e psicossociais, assim como examinar qual dessas funções está mais presente nas relações de mentoria. Além disso, foram estudadas as redes informais, gerando possibilidades de comparação entre as evidências aqui encontradas e as relações formais de mentoria dentro das empresas familiares. Um outro aspecto que possibilita futuras pesquisas é que o foco deste trabalho está sobre os sucessores, herdeiros que no momento da pesquisa trabalham na empresa. Contudo, é possível ampliar este foco aplicando a mesma estrutura para pesquisar os herdeiros em geral, como também os fundadores. Podem-se examinar os significados por eles compartilhados com relação à carreira de sucesso e ao papel da rede para o desenvolvimento da carreira e compará-los com os achados deste trabalho. Referências ALVARES, E. organização. Colaboradores: Lank, A G.; Aires, A.; Dupas G. Vries, M. K de; Costa, R.T. Governando a Empresa familiar. Rio de Janeiro. Editora Qualitymark. 2003. BASTOS, A. V. B; et al. Teoria implícita de organização em empresas com distintos padrões de inovação nos seus processos de gestão. Anais: Encontro Nacional de Estudos Organizacionais. Atibaia-SP, 2004. BASTOS, A. V. B. Cognição e ação nas organizações. In DAVEL, E.; VERGARA, S. (Orgs.) C. Gestão com pessoas e subjetividade. São Paulo: Atlas, 2001. ________. Mapas cognitivos e a pesquisa organizacional: explorando aspectos metodológicos. Estudos de psicologia. Natal, RN, v. 7, n. spe. 2002. ________. 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Porto Alegre: APÊNDICE A – SURVEY DA ETAPA EXPLORATÓRIA SURVEY – ETAPA EXPLORATÓRIA Nas questões a seguir, você encontrará temas que fazem parte do processo de empreendedorismo. Leia com atenção, procurando responder cada item de maneira que retrate a sua realidade. Por favor, não assine ou faça qualquer marca ou desenho que identifique o seu questionário, ele é anônimo. 1. A sua empresa tem quanto tempo de existência? ___________________ 2. O início da empresa teve participação de um membro da família? ____ Sim ____ Não 3. Você ou pessoas da sua família estão presentes na direção da empresa? ____ Sim ____ Não 4. Você utiliza conselhos de alguém mais experiente na tomada de decisões na empresa? ____ Sim ____ Não 5. Caso você respondeu “sim” na questão anterior, quem seria a pessoa de quem você utiliza conselhos? (Ex.: pai, irmão, consultor, amigo, professor, etc.) ___________________ 6. Esta pessoa também aconselha você em aspectos da vida pessoal que influenciam na sua carreira profissional? ____ Sim ____ Não APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTAS Roteiro de Entrevistas Nome:______________________________Empresa:__________ Quando você pensa em uma carreira de sucesso como gestor/sucessor do seu próprio negócio, que idéias lhe vêm à mente? Fale tudo que lhe ocorrer. Frases Roteiro de Entrevistas (continuação) Quando você pensa em uma rede de relacionamentos - Network, como gestor/sucessor do seu próprio negócio, que idéias lhe vêm à mente? Que papel a sua rede de relacionamentos teve ou tem para o desenvolvimento da sua carreira como empresário? Frases APÊNDICE C - CARTÃO GERADOR DE NOMES Cartão de Respostas Utilize a escala para responder às questões do número 01 ao 18: 5 – Sempre 4 – Frequentemente Por favor, escreva o nome e os papéis sociais das pessoas da sua Network, conforme o exemplo abaixo: Ex: Camilla Malta____ Papel Social: Amiga, Sócia, Mãe, Professora, Colaboradora________ 3 – Ocasionalmente A:___________________ _____________________ Papel Social: _____________________ ____ Seu nome: ________________________________ ________________________________ Nome da Empresa: ________________________________ F:____________________ ______________________ Papel Social: ______________________ ___ 2 – Raramente 1 – Nunca B:____________________ ______________________ Papel Social: ______________________ ___ C:____________________ ______________________ Papel Social: ______________________ ___ D:____________________ ______________________ E:____________________ ______________________ Papel Social: ______________________ ___ Papel Social: ______________________ ___ APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO FINAL FACULDADE BOA VIAGEM CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO PESQUISA DE MESTRADO: Mestranda: Camilla Maria Malta Leite Orientador: Prof. Helder Pontes Régis Nome: ___________________________________ Idade:______ anos E-mail: _________________________________________ Empresa: ________________________ CARUARU - 2010 Caro Respondente, As informações fornecidas serão tratadas com sigilo e conhecidas apenas pelos pesquisadores. Ninguém mais terá acesso a estas informações. Quando da divulgação dos resultados, os nomes não serão revelados em hipótese alguma. Os nomes citados no cartão de Respostas (ANEXO) serão codificados de maneira a preservar a confidencialidade dos dados. Agradeço, desde já, sua contribuição. CAMILLA MALTA [email protected] Cel. 9217-9197 Primeiro, pense um pouco sobre as pessoas com quem você interage, ou interagiu, no papel de gestor da sua empresa e que são, ou foram, relevantes para o desenvolvimento da sua carreira. Elas podem manter com você, ou ter mantido, vários tipos de relacionamentos. Exemplo: amizade (alívio das pressões do trabalho), informação (como se administra uma empresa) e confiança (assuntos confidenciais sobre a operação da empresa). Use o cartão de respostas (ANEXO) para listar os nomes das pessoas que são, ou foram, as mais importantes para o desenvolvimento da sua carreira. Em seguida, com relação a cada uma destas pessoas, por gentileza, indique com que freqüência elas se comportam, ou se comportaram, da forma apresentada nos itens da próxima página. Use a seguinte escala: 5 – Sempre 4 – Freqüentemente 3 – Ocasionalmente 2 – Raramente 1 – Nunca Obs: As letras C, D, E e F foram omitidas por questões de espaço. Esta pessoa . . . 1) ...indica, ou indicou, meu nome para participar de cursos ou programas de apóio ao novo empresário/sucessor. 2) ...fornece, ou forneceu, informações de como as coisas funcionam nas empresas sobre os procedimentos que devem ser adotados para que a empresa funcione no seu dia-a-dia. 3) ...me orienta, ou orientou, na formalização de uma rede de contatos com pessoas importantes para o desenvolvimento da minha empresa. 4) ...me mostra, ou mostrou, fontes de financiamento (ex: bancos oficiais, investidores privados, ou órgãos de apoio). 5) ....é, ou foi, convidada por mim para discutir as idéias inovadoras, antes de pô-las em prática. 6) ...tem me ajudado, ou ajudou, a lidar com as preocupações que tenho como empresário/sucessor. 7) ... participa, ou participou, do meu grupo de companheiros (ex.: torcemos pelo mesmo time, freqüentamos a mesma igreja, a mesma escola ou o mesmo grupo social). 8) ...me ajuda, ou ajudou, a terminar tarefas ou a cumprir prazos que de outra forma seriam difíceis de conseguir. 9) ...se comporta, ou se comportou, de maneira que merece ser imitada. 10) ...me orienta, ou orientou, na tomada de decisões com relação à administração da empresa (ex.: marketing, investimentos, preços, contabilidade etc.). 11) ...tem feito com que clientes, fornecedores, empresários ou órgãos de apoio vejam o meu trabalho, isto é, ela amplia, ou ampliou, minhas oportunidades futuras. 12) ...é, ou foi, do meu grupo de amigos (ex.: almoçamos juntos, trocamos e-mails ou batemos papo pelo telefone). 13) ...mantém, ou manteve, em segredo os assuntos compartilhados com ela. 14) ...é, ou foi, importante fonte de informação com relação ao que está acontecendo no ambiente de negócios em que a minha empresa está inserida. 15) ...age, ou agiu, com princípios: seu comportamento demonstra atitudes ou valores com os quais concordo. 16) ...tem indicado, ou indicou, o meu nome a clientes. 17) ...fornece, ou forneceu, orientações técnicas com relação aos produtos ou serviços da empresa e deu feedback quanto ao meu desempenho na aplicação das orientações. 18) ...é, ou foi, paciente para ouvir nas nossas conversas. A B 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 5 4 3 2 1 Informações sobre os Relacionamentos 19) Há quanto tempo, aproximadamente, esta pessoa é, ou foi, parte da sua rede de relações - Network? 20) Indique o nível de equivalência da idade desta pessoa com relação à sua. 1- Acima de 10 anos mais novo(a) do que eu 2- No máximo 10 anos mais novo(a) do que eu 3- Possui idade igual à minha. 4- No máximo 10 anos mais velho(a) do que eu 5- Acima de 10 anos mais velho(a) do que eu. A B ________ Anos ________ Anos 1 1 2 3 4 5 2 3 4 5 21) Indique a freqüência com que você interage, ou interagiu, com esta pessoa: 1 -Várias vezes ao dia 2 - Uma vez ao dia 3 - Algumas vezes por semana 4 - Uma vez por semana 5 - Algumas vezes por mês 6 - Uma vez por mês 7 - Algumas vezes por ano. 22) Indique a freqüência com que o seu negócio requer, ou requereu, interação com esta pessoa: 1 - Várias vezes ao dia 2 - Uma vez ao dia 3 - Algumas vezes por semana 4 - Uma vez por semana 5 - Algumas vezes por mês 6 - Uma vez por mês 7 - Algumas vezes por ano. 23) Indique o seu nível de relacionamento com esta pessoa: 1 - Muito próximo (Um de meus contatos mais próximos no momento) 2 - Próximo (Eu gosto de estar com esta pessoa, mas não a considero um de meus contatos pessoais mais próximos) 3 - Menos que próximo (Eu não me incomodo de interagir com esta pessoa, mas não tenho nenhuma intenção de desenvolver laços fortes) 4 - Distante (Eu só disponibilizo tempo para estar com esta pessoa se absolutamente necessário) 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 5 6 7 1 2 3 4 1 2 3 4 Comentários OBRIGADA PELA PARTICIPAÇÃO!