INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Copyright by João Cláudio Barroso Pereira Todos os direitos reservados ao Autor. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos, atualmente existentes ou que venham a ser inventados. A violação dos direitos autorais é passível de punição como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, Lei n° 6.895, de 17/12/80) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão, e indenizações diversas (artigos 122 a 124 e 126 da Lei 11° 5.988, de 14/12/73, Lei dos Direitos Autorais). ISBN: 978-85-464-0011-9 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Primeira Edição São Paulo 2015 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS__________________________________ 7 DEDICATÓRIA _____________________________________ 9 INTRODUÇÃO ____________________________________ 11 BREVE HISTÓRIA DOS JOGOS DE GUERRA COM MINIATURAS ___ 15 GENERALIDADES SOBRE MINIATURAS ___________________ 29 SEPARANDO OS MATERIAIS ___________________________ 36 PREPARANDO AS MINIATURAS_________________________ 41 CRIANDO CENÁRIOS _______________________________ 47 OUTRAS DICAS RELACIONADAS A MINIATURAS E CENÁRIOS ____ 56 SOBRE REGRAS ___________________________________ 60 CENÁRIOS HISTÓRICOS _____________________________ 68 CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________ 86 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA AGRADECIMENTOS Agradecimentos a Gibiteria e Bárbaras Magias pelo apoio cultural, especialmente aos jovens Thiago Villela e André Luís Carneiro. À Senhora Marlene Barroso Pereira pela revisão do texto. Às Senhoras Emília Gonçalves Barroso e Marilene Vasques Miceli pela pintura das miniaturas. À Dra Rosângela Ribeiro Machado Pereira e à Dra Carla Maria de Souza Carneiro por terem cedido gentilmente as fotos que foram usadas nas capas do livro. 7 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA 8 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA DEDICATÓRIA Este livro é dedicado a dois grandes pacifistas: Izhak Rabin e Mahatma Gandhi e a todos aqueles que lutaram e ainda lutam pela paz. 9 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA 10 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA INTRODUÇÃO Desde o início dos tempos as guerras devastam regiões, dizimam povos e culturas pelos motivos mais mesquinhos e vis. Mesmo com todo avanço científico, governos ricos preferem, descaradamente, apoiar conflitos e a expansão do mercado bélico e de novas tecnologias de guerra, ao invés de se preocuparem com controle e erradicação de doenças e combater fome e miséria. Diante deste contexto violento das guerras, um hobby apaixonante e educativo, Wargames ou Jogos de Guerra, consegue reunir nos Estados Unidos e Europa estudiosos e fãs para tardes inteiras de simulações de batalhas. No nosso país, já existem algum tempo interessados neste tipo de passatempo que se encontram em fanzines e lojas especializadas para jogarem, se divertirem e trocarem idéias. Estes preferem jogos de guerra voltados para as Guerras Napoleônicas e Segunda Guerra Mundial. 11 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Feira de Plastimodelo – INCAER - Foto Extraída do site da Gibi-teria e Bárbaras Magias - www.gibiteria.com.br Visando divulgar este hobby de modo sério e competente, sem vulgarizá-lo, escrevi este livro de maneira sistemática e mais didática possível, voltado para os iniciantes que talvez nunca tenham ouvido falar sobre o assunto e para todos veteranos que habitualmente trabalham suas miniaturas e jogam com elas, este livro presta uma singela e sincera homenagem. O livro foi dividido em oito capítulos. No primeiro capítulo são abordados, inicialmente, um resumo dos principais contextos históricos relacionados às guerras, seguidos das referências sobre os jogos de guerra com miniaturas citadas ao longo da história mundial. No segundo, são discutidos os tipos de miniaturas, escalas e tipos de batalhas envolvendo as figuras. No terceiro é feita uma referência sobre os tipos de materiais empregados para preparar as peças, tanto miniaturas, quanto cenários. 12 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA No quarto e quinto capítulos, o autor disserta sobre as noções básicas para preparo e pintura das peças e construção de cenários. Esquemas ilustrativos e fotos sobre o preparo das miniaturas e cenários estão incluídos nestes capítulos. O sexto capítulo aborda, de forma inédita, temas voltados para a segurança de quem manipula as miniaturas e material para o seu preparo. No sétimo, é proposto um sistema simplificado e próprio de regras, para jogar com miniaturas. O oitavo capítulo descreve, sucintamente, algumas batalhas históricas e sugere exércitos de miniaturas e opções de terrenos, para cada batalha. No final do livro, há uma série de sites da internet com dicas sobre pintura, confecção de miniaturas e terrenos e outras dicas que certamente lhe servirão para aprender mais sobre esse hobby. Em momento algum, o autor ou todos aqueles que contribuíram para este livro fazem apologia às guerras e à violência. As guerras são atos infames e desprezíveis, que contribuem cada vez mais para o retrocesso cultural e espiritual da humanidade. O autor declara não haver qualquer conflito de interesses entre a sua obra e as marcas descritas no decorrer do livro. Os produtos citados dispensam qualquer apresentação, em virtude da alta qualidade que os mesmos oferecem a este hobby. 13 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Detalhes das Capas: Capa da Frente mostrando da esquerda para direita fotografia do Leão de Saint Mark Paris-França, uma armadura medieval do Castelo de Chaves-Portugal e Cavaleiros Medievais- do Metropolitam Museum Nova Iorque-EUA Capa de trás mostrando da esquerda para direita um dos castelos em Versailles- França, fotografia mostrando miniaturas de soldados e povos que passaram por Chaves-Portugal e Castelo da fronteira entre Espanha e Portugal. 14 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA BREVE HISTÓRIA DOS JOGOS DE GUERRA COM MINIATURAS PRÉ HISTÓRIA E ANTIGUIDADE As guerras e as miniaturas de guerra são tão antigas quanto a humanidade, assim como o desejo e necessidade de registrar as vitórias sobre os oponentes. Foram descritos no curso do período Pré-Histórico confrontos, caracterizados como escaramuças, entre grupos de caçadores e coletores e posteriormente agricultores, que competiam entre si para ocupar territórios ricos em caça, pesca e matéria prima. Nesta fase da história, aproximadamente, entre 12.000 a 5.000 AC, seria questionável considerar conceito de “guerra¨, mesmo que fosse aplicado a números limitados de combates e de combatentes. O sentido verdadeiro da palavra guerra, como luta armada entre dois ou mais povos ou nações, foi melhor definido, a partir do surgimento do Terceiro Milênio da nossa Era, na Fundação das Cidades Estados, ou Estados, no caso Egito e Mesopotâmia. (3.000AC) Foram encontradas em tumbas egípcias miniaturas de fundo religioso e militar, sendo que estas últimas tinham registro detalhado de nome da unidade e força de combate. Não foi descoberta nenhuma regra referente a este achado, porém especulou-se que estas miniaturas fossem usadas como exercício de treinamento para jovens oficiais do exército do Faraó, fato sem comprovação até o momento. 15 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Em ruínas do Império Romano, também foram encontradas miniaturas representando legionários. O primeiro jogo de guerra conhecido e voltado para fins de simulações militares foi o Wei-Hai, atribuído ao famoso General Chinês Sun Tzu. Este jogo foi criado aproximadamente em 3000 A.C. Foi a versão original do jogo japonês Go, cujos estratagemas influenciaram Mao Tse Tung no século XX, na condução de estratégias políticas e militares na China. O jogo impressionou pela simplicidade das regras e complexidade obtida. Era um jogo de disputa de territórios, e cada jogador tentava ampliar seus domínios. Um outro jogo de guerra criado na antiguidade foi o Chaturanga, relacionado à história de Deuses e Heróis da Índia. Havia uma representação mais detalhada de soldados, cavalarias e elefantes de guerra cujos movimentos eram determinados por jogadas de dados. Foi inclusive citado no poema épico Mahabharata cuja criação seria bem anterior a história escrita, sendo considerado o precursor do xadrez. Foram necessários vários séculos, para o xadrez se popularizar, tendo sido criadas várias versões. IDADE MÉDIA E RENASCIMENTO Na Idade Média, o cristianismo se tornou a religião adotada pelos estados, porém houve imensa distância entre os ensinamentos cristãos e a realidade histórica. O conceito de uma “guerra justa”, foi elaborado por Santo Agostinho e definiu de vez o perfil belicoso da época. As cruzadas não foram mais do que um exemplo de guerra justa, uma guerra santa, dirigida contra os infiéis. A guerra justa permitiu o surgimento de uma 16 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA novidade importante na história do cristianismo medieval, a formação das ordens de cavalaria, destinadas à guerra. No século XIV, a pólvora foi introduzida no Ocidente e durante a Guerra dos Cem Anos, os canhões foram utilizados pela primeira vez. Mesmo assim, as batalhas eram ganhas ou perdidas dependendo, principalmente, dos combates corpo a corpo, enquanto que os combates à distância tinham um papel secundário, servindo somente para retardar o avanço inimigo. Durante o Renascimento, houve um avanço científico e artístico, tendo a Itália como berço cultural destas manifestações. No início do século XV, as armas de fogo individuais, como mosquete e arcabuz substituíram, progressivamente o arco e o arco-balestra. Entretanto, a infantaria com mosquetes necessitava de proteção contra os inimigos, durante combate corpo a corpo. Associada à infantaria havia contingente de piqueiros, soldados que portavam lanças compridas. A cavalaria adquiriu pistolas, e os canhões foram usados. Porém, as batalhas eram decididas pelos combates corpo a corpo. As principais referências conhecidas sobre miniaturas de guerra neste período foram: Na Idade Média e Renascimento, soldados de madeira ou metal eram manobrados sobre caixas de areia ou mesas compostas por miniaturas de terrenos que representavam campos de batalha, com finalidade de facilitar a visualização dos territórios, assim como treinar tropas para futuros combates contra reinos inimigos. Portanto, mais uma vez na história, estava sendo provado o valor das miniaturas militares, como importantes instrumentos para instrução dos reis e príncipes nas táticas básicas da guerra. 17 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Junellus Turianus criou para o Imperador Carlos V, pequenos soldados armados para serem montados sobre uma superfície ou tabuleiro e que se movessem artificialmente, conforme a disciplina da guerra; Um exército de madeira, com grande detalhe sobre as miniaturas e cenário utilizado, foi construído para Filipe IV, futuro Rei da Espanha. Houve também relato sobre um exército prateado de miniaturas, encomendado para o Rei Luís XIV da França, visando sua instrução sobre exercícios de estratégia. SÉCULO XVII EM DIANTE (GUERRAS EM MASSA) A partir do século XVII, começaram os conflitos em larga escala, como por exemplo a Guerra dos 30 anos, que envolveram exércitos cada vez mais numerosos e disciplinados. A Europa se destacou como um “teatro de conflitos”, enfatizando desde a carnificina da Idade Média, até os tempos modernos, aos quais foram referidos como uma “revolução militar”, caracterizada pelo crescimento quantitativo dos exércitos, maior poder de fogo, infantaria prevalecendo sobre a cavalaria, modificações de sistema de defesas projetando instalações capazes de resistir ao fogo da artilharia e a análise tática dos campos de batalha. Dentro deste contexto histórico, em 1644 Christopher Weikmann criou baseado no jogo de xadrez, Koenigspiel (Jogo do Rei), também chamado de “xadrez militar” ou “xadrez de guerra”. Foi bem aceito para sua época, sendo eventualmente considerado para fins de instrução. Este jogo incluía 30 peças para cada jogador, 18 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA com 14 tipos diferentes de peças, representando unidades militares, sendo que cada peça se deslocava de modo próprio. O primeiro wargame, totalmente diferente do xadrez, foi inventado em 1780 por Helwig, nobre súdito do Duque de Brunswick. A simulação proposta pelo jogo foi desenvolvida sobre um tabuleiro com 1666 quadrados, com cores diferentes, e cada um representando um tipo diferente de terreno. As peças do jogo representavam grupos de soldados, e não mais um tipo de combatente, e cada peça tinha um valor diferente de movimento, por exemplo a infantaria se movia em 8 espaços, enquanto a cavalaria em 12 espaços. Em 1795, George Vinturinus, um escritor militar do ducado Dinamarquês de Schlelswig, produziu uma versão mais complexa e completa do jogo de Helwig. Ele adaptou o jogo usando um tabuleiro maior com 3600 quadrados ao todo, também coloridos para representar terrenos. Havia um mapa definido, correspondendo à fronteira entre França e Bélgica. Novas peças representavam pontes, fortificações, equipes de apoio e peças de combate habituais, com movimento mais realista, porém limitado pelos quadrados. Obviamente, os militares da época descobriram uma oportunidade ímpar para este jogo, pois o mesmo começaria a ser oficialmente empregado, para fins de simulação de guerras. SÉCULO XIX-CRIAÇÃO DO KRIEGSSPIEL Destacadas as Guerras Napoleônicas e Guerra Civil Americana que serviram como fonte de inspiração para os jogos de guerra que foram desenvolvidos. 19 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA A invenção da baioneta revolucionou o modo de guerra da infantaria, pois não eram mais necessárias as unidades de piqueiros. A cavalaria adotou táticas de carga contra os oponentes da infantaria, sendo que a cavalaria pesada se destacou como a mais letal em situações de combate corpo a corpo. Os mosqueteiros já conseguiam parar um assalto inimigo, mesmo antes do combate corpo a corpo ocorrer. Kriegsspiel, palavra alemã para jogos de guerra, foi um sistema de simulação de combate usando miniaturas de guerra, voltado totalmente para treinamento de táticas de guerra pelos oficiais do exército Prussiano no século XIX. O primeiro conjunto de regras foi produzido pelo jovem Tenente do Exército Prussiano, Von Reisswitz, baseado no trabalho anterior de seu pai, em 1824. Ele fez várias melhorias comparadas ao trabalho do genitor, sendo que a principal diferença foi o cenário do jogo. Substituiu a caixa de areia por mapas topográficos, com escala de 1:8000. Este sistema foi considerado precursor dos modernos jogos de guerra e suas regras estabeleceram várias convenções para jogos de simulações, com miniaturas, usadas até hoje em dia. As principais convenções destacadas foram: 20 uso de mapas e tabelas de probabilidades; escala de mapa, correspondendo de 6 a 8 polegadas por milha e escala de tempo, com duração do turno de 2 minutos; distinção entre exércitos oponentes, com cores vermelha e azul para as peças; regras detalhadas para movimento, combate, linha de visão, alcance e moral da tropa. INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA uso de dados para determinar elementos aleatórios nas batalhas, quantificando os resultados dos combates, que passaram a ser calculados. Em 1857, o General Prussiano Von Moltke conferiu uma nova formulação militar ao Kriegsspiel, ressaltando sua importância na educação militar do Corpo de Oficiais do Exército Prussiano. A partir da segunda metade do século XIX, a essência básica do Kriegsspiel foi divulgada para vários países, para fins de aprendizado de simulações de conflitos. Em 1879, Georg Vinturinus readaptou o Kriegsspiel original, criando “Neues Kriegsspiel”. Nesta nova versão, um Juiz (em inglês-Umpire) de modo similar ao Mestre dos Jogos (em inglês –Dungeon Máster) no RPG, foi introduzido para esclarecer regras e organizar as partidas. Na América, em 1880, o Primeiro Tenente do Exército Americano, Charles Totten desenvolveu o Strategos, uma versão americana do Kriegsspiel, muito mais simples, combinando teorias dos jogos de guerra e xadrez. Já no final do século XIX, Robert Louis Stevenson escreveu um jogo de estratégia, com mapa, peças e com a mecânica empregada para desenrolar dos combates baseada no lançamento de pequenas esferas de chumbo. Além disso, certas situações como necessidade de reabastecimento das provisões e da munição deram uma nova perspectiva ao jogo. 21 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA SÉCULO XX Este século apresentou grandes transformações científicas, tecnológicas e bélicas. Houve duas Guerras Mundiais, sendo que na Segunda deu se a substituição do modo cavalheiresco e romântico de guerrear, mesmo assim não menos sangrento, por um moderno e avassalador. Após a Segunda Grande Guerra, o mundo mergulhou em estado de tensão constante, sujeito a uma hecatombe nuclear, período conhecido como Guerra Fria e que perdurou até 1989, com a queda do muro de Berlim. Foi marcado por vários conflitos que tiveram repercussões sociais, étnicas, políticas e religiosas em todo o mundo. Em 1991, houve a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Modernos jogos de miniatura receberam seus fundamentos a partir da publicação por Herbert George Wells, do livro Little Wars, em 1913. Foram empregadas regras inovadoras, referentes à coleção, à confecção das miniaturas de 54mm, com boa qualidade e preços bem accessíveis aos cenários praticados no carpete, ou até mesmo no chão de berçários, ou nos jardins e gramados, com terrenos construídos com terra, areia e pedras. Consequentemente, sem exceção o jogo elaborado por HG Wells permitiu a divulgação deste hobby para todos os públicos. Durante a Primeira Grande Guerra, muitas simulações dos conflitos militares foram testadas pelas potências envolvidas. Os jogos tiveram grande sucesso ao provar os possíveis desfechos das batalhas, apesar do descaso dos próprios Generais. 22 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Houve uma grande ausência no período entre guerras, no que diz respeito às atividades das simulações envolvendo miniaturas. De uma forma geral, a grande maioria do público desejava esquecer a carnificina da I Guerra Mundial, ao mesmo tempo em que se associavam às figuras, como responsáveis pela deflagração do conflito. A Alemanha foi uma exceção a esta regra de inatividade, pois manteve os jogos de guerra ou wargames como uma ferramenta de treinamento, especialmente, quando o Tratado de Versalhes lhe negou o direito de manter um efetivo do exército apropriado, para exercícios de treinamento em larga escala. Durante a Segunda Guerra Mundial, a RAF e o exército britânico utilizaram jogos de guerra, com regras muito mais sofisticadas e numerosas miniaturas, a fim de defender a Inglaterra e preparar, juntamente, com os aliados os ataques ao continente. Concomitantemente, a Alemanha e Japão empregaram também simulações de guerra. O ataque a Pearl Harbor foi encenando várias vezes pelos japoneses, usando miniaturas detalhadas dos navios de guerra e aviões. Este tema também foi considerado pelos americanos, segundo o relato do próprio Almirante Chester Nimitz: “..a guerra naval com o Japão foi reencenada várias vezes nas salas de jogos, por muitos e de modos diferentes, durante a guerra, de forma que nada surpreendente ocorreu- absolutamente nada, exceto os kamikazes que modificaram o curso final da guerra...” Após a II Guerra Mundial, militares veteranos começaram a divulgar este hobby, principalmente, na Europa. 23 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Apesar deste livro abordar principalmente os jogos de guerra envolvendo miniaturas, alguns fatos relevantes sobre jogos de tabuleiro devem ser reportados: Em 1952, foi criado o primeiro jogo de tabuleiro, disponível comercialmente, Tactics, da autoria de Charles S Roberts, considerado o pai dos jogos de tabuleiro. A novidade sobre este jogo era que o mesmo usava peças de papel cartão, ao invés das miniaturas dispostas sobre um mapa. As mesmas possuíam impressões de símbolos militares, indicando o tipo de unidade, assim como números que quantificavam movimento e força de combate. Foi também inventado um sistema de conjunto de tabelas, as tabelas de resolução de combate em inglês “combat results table”, que seriam padronizadas e usadas por todos os jogos de guerra de tabuleiro, em diante. Estes jogos eram bem mais baratos do que os de miniaturas, podiam ser jogados por uma pessoa, e necessitavam de menos tempo e espaço para o preparo. Facilmente, simulavam as situações operacionais e táticas da guerra, em comparação ao campo de batalha tático das miniaturas. Em 1957, foi criada a War Games Digest por Jack Scruby e Homer Delabar, a primeira revista de jogos de guerra do mundo, que permitiu aos jogadores, em todos os continentes, fizessem contatos e trocassem idéias sobre esta nova forma de jogar wargames. Em 1969, foi publicada a revista Strategy & Tactics por Christopher Wagner e James Dunnigan e cada número incluía sempre um novo jogo de guerra com regras, mapa e peças de papel cartão, e material de apoio para seu principal artigo de história militar. Oferecia sempre material de qualidade, atraindo atenção de iniciantes e veteranos neste hobby. 24 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Em 1974, Gary Gygax e Dave Arneson adotaram um novo conceito de jogos envolvendo miniaturas. Era o Dungeon Dragons, que se passava em épocas e mundos de fantasia, onde a espada e magias dominavam. Visava ao público mais adolescente, que se deliciava ao ler os romances de JRR Tolken. O Dungeon Dragons era um jogo de representação ou Role Playing Game, no qual cada miniatura representava um personagem, ao invés de unidades. Seguiram-se ao D&D vários tipos de livros de RPG, com os mais diversos temas e cenários. Na década de 80, a empresa Games Workshop desenvolveu um jogo de guerra de miniaturas, usando cenários de fantasia medieval, Warhammer, e uma variante deste, num mundo futurista, sombrio e assustador, Warhammer 40K, mundialmente conhecidos e apreciados até hoje, com regras agradáveis e bem assimiladas. Uma variação do Warhammer foi devidamente adaptada para cenários históricos, trazendo este hobby de volta as origens. Em 1988, durante o intervalo de uma convenção da Society of Ancients Conference (em português, Sociedade das Conferências Antigas), Phil Barker desenvolveu e apresentou um conjunto de regras para jogos com miniaturas muito simples, com duração aproximada de 10 a 15 minutos. Este conjunto de ideias foi publicado sob o título De Bellis Antiquitatis ou DBA. Os jogadores perceberam que a grande simplicidade das regras produziu verdadeiro realismo nas batalhas. Os jogadores representavam generais do exército, ao invés de comandantes das unidades. As regras do DBA agrupavam as miniaturas individuais, tornando-as um único elemento. Grupos de elementos se deslocavam juntos e cabia ao jogador assegurar a coesão destes grupos. Os combates eram bastante simplificados e rápidos e os resultados destes eram mais importantes do que o processo do combate, assegurando um toque bem mais realista. 25 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA A partir do surgimento do RPG houve grande interesse em todo mundo por este tipo entretenimento, e as décadas de 80 e 90 marcaram o apogeu do RPG e declínio dos jogos de guerra com miniaturas. SÉCULO XXI O novo milênio foi marcado profundamente pelos atentados de 11 de setembro de 2001 e pelo início da cruzada contra o terrorismo. De uma certa maneira, a preparação e a condução dos conflitos no Século XXI serão marcados pelo avanço científico, a tal ponto que a arte da guerra moderna se confundirá com o futuro tecnológico, disponibilizando um enorme crescimento do poderio militar, capaz de destruir a humanidade. Os jogos de guerra acompanharam e possívelmente acompanharão os avanços tecnológicos, sendo usados complexos simuladores de pilotos e sistemas estratégicos computadorizados para treinamento das forças armadas de vários países, fornecendo uma ferramenta complementar de aprendizado mais completo e atual. Pode–se concluir, sobre simulações com jogos de guerra, é que a maioria das falhas ocorrem quando os resultados são ignorados, e não quando seriamente considerados. No que concerne à história dos jogos de guerra com miniaturas, neste período atual, vários títulos de renome foram disponibilizados destacando-se: Mage Knight, miniaturas da linha Confrontation, Crystal Castle, entre outras, além das populares Warhammer e Warhammer 40 K. Há inclusive uma versão para jogos de miniatura do famoso jogo de tabuleiro Axis and Allies. 26 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Em 2003 houve pela Wizards of the Coast, mantenedora da marca Dungeon & Dragons (D&D)surgimento de nova linha de miniaturas colecionáveis, já pintadas e preparadas, com cards ou cartões referentes as miniaturas sendo estas destinadas: ou para utilização nos jogos de RPG, ou para fins de coleção, ou como peças fundamentais para jogos de batalhas, do tipo escaramuças entre miniaturas, com regras usadas pelo sistema do D&D. Uma mesma versão deste jogo foi produzida, utilizando miniaturas do universo Star Wars. Com o lançamento previsto para maio de 2008 da Quarta Edição do Jogo Dungeon & Dragons (D&D), haverá, provavelmente, o ressurgimento das miniaturas em mesas de jogos de RPG, pois as novas regras, mais simples e dinâmicas, preconizam a necessidade do emprego das miniaturas sobre um mapa ou cenário, além de adaptarem para as novas regras seu jogo de batalhas com miniaturas. Baseado em todas as informações disponíveis, na década de 70, os jogos de guerra com miniaturas forneceram as origens para os jogos de Roleplaying Games, como conhecemos atualmente. E cada vez mais os jogos de RPG, ao empregarem miniaturas, simulando situações de combate, parecem retornar as suas origens nos antigos jogos de guerra. BIBLIOGRAFIA -L`Histoire Spécial-Les Hommes et La Guerre Héroisme e Barbárie, juillet 2002, n 267 -G.Parker. The Cambridge Illustrated History of Warfare, Cambridge University Press, 1995. -L`Histoire- L` aventure des chevaliers, juillet 2002, n 16 -L`Histoire- Lês militaires du Moyen Age, n 26 27 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA -Neil Thomas. Wargaming An Introduction, Sutton Publishing, 2005. -Peter Perla. The Art of Wargaming. A guide for Professionals and Hobbyists, Naval Press Institute, 1990. -Cristina Von. A História dos Brinquedos. Ed Alegro, 2001. -Jaques Attié.A História dos Wargames, partes I, II e III -Paladino.A Era das Miniaturas. Revista Dragão Brasil, número 60, quinto ano. -Chris Pramas.What is Miniatures game? Setember 2001. -Luciano M. Bastos. A História dos Wargames, Revista Strategos, n 5, 2007. -Phil Barker. De Bellis Antiquitatis- version 2.0, Wargames Research Group, 2001. -Antônio Marcelo. Panzer Leader- Modulo Introdutório, 2007. -Paulo Vicente. Jogos de Empresas, Ed Makron Books,2001. -História dos Wargames na Internet(cin.ufpe.br) -Kriegsspiel from Wikipedia. -Scott Mingus. History of Wargaming.Military History Online, 2000. -Miniature Wargaming from Wikipedia. 28 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA GENERALIDADES SOBRE MINIATURAS Os jogos inspirados em conflitos interessam a humanidade há séculos, conforme discutido no capítulo anterior. Jogos como xadrez são tão abstratos e estilizados, que raramente são reconhecidos como um wargame ou jogo de guerra e representam somente os princípios militares da época. As miniaturas militares modificaram este aspecto estilizado, deram um charme próprio ao hobby, porém elas são, constantemente, alvos de críticas injustas e preconceitos sem fundamentos. Segundo Peter Perla em The Art of Wargaming basicamente, as pessoas se interessam por jogos de guerra (inclusive aqueles com miniaturas-observação do autor), pois apreciam a competição, conquista de territórios ou gostam de história militar ou da confraternização e socialização que as partidas proporcionam. Os militares utilizam os jogos de guerra, como auxílio no treinamento e aperfeiçoamento dos oficiais de alto escalão, discutindo e analisando eventuais problemas relacionados à instrução militar. Ao contrário do que parecem, os jogos de guerra com miniaturas permitem reviver, de modo sério, realista e responsável conflitos históricos, sendo os movimentos e combates entre tropas regulados por regras, que criam maior precisão histórica, disponibilizando ao jogador uma variedade interminável de batalhas, sobre os mais variados terrenos. As miniaturas possibilitam o prazer de um jogo inteligente e estimulante, e como qualquer outro hobby, 29 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA pode ser necessário tempo disponível e esforço para se dedicar. A maior vantagem dos jogos de guerra com miniaturas é disponibilizar as figuras sobre um campo de batalha, sob uma perspectiva tridimensional, situação que nunca será conseguida com jogos de guerra de tabuleiro, com mapas e peças de papel cartão. Nos cenários, as peças devem ter o mesmo tamanho e obedecer a mesma escala, para interagir com as outras miniaturas e com as maquetes. De um modo geral, há dois tipos de jogos de miniaturas: tipo escaramuças (em inglês-Skirmish) e batalhas em larga escala (em inglês-Mass Battle). No tipo escaramuças, uma miniatura ou figura representa somente um soldado ou criatura (quando se estiver jogando um cenário de fantasia) ou veículo. O seu “exército” ou “esquadrão” é geralmente formado por 7 a 12 miniaturas. A vantagem de se usar este tipo de jogo é que necessita de um número menor de figuras, e consequentemente, um espaço menor, sendo este mais rápido. A área proposta para dispor as figuras é de 60x60cm. Nas batalhas em larga escala cada miniatura pode representar de 20 a 50 soldados, sendo que este número pode variar entre 100 e 300 ao considerar figuras com 6 a 10mm. Leva muito mais tempo para preparar e para jogar, são necessárias grande número de miniaturas que proporcionam um espetáculo visual e desafio tático entre os jogadores. O espaço sugerido para este tipo de jogo é de 60x120cm ou 120x120cm. 30 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA SOBRE AS MINIATURAS E ESCALAS Os tipos de miniaturas mais empregadas são as de plástico e chumbo. São disponíveis em vários tamanhos e diferentes formatos, e obedecem a escalas prédeterminada. Estas escalas são muito frequentes em modelismo, elas representam soldados e veículos em geral. Os principais tamanhos com as respectivas escalas associadas são: 54MM E ESCALA 1:32 Esta foi a original usada por H. G. Wells, sendo mantida sua produção até hoje em dia. Pelo alto custo das miniaturas de chumbo, elas são adquiridas pelas famílias mais abastadas. Soldados de plástico da escala 1:32 podem ser menos caros. É importante lembrar que são compatíveis para jogos do tipo escaramuças. 25MM E ESCALA 1:76, 28MM E ESCALA 1:64 Este tamanho e escala são largamente utilizados por vários fornecedores de miniaturas em todo mundo. São geralmente muito detalhadas, portanto sendo mais largas, e as figuras podem ser pintadas facilmente. 31 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Exemplos de miniaturas de 25mm - Miniaturas da Wizards of the Coast para jogo de RPG gentilmente cedidas pela Gibiteria e Bárbaras Magias 20MM E ESCALA 1:72 É o tamanho clássico das miniaturas em plástico. É considerada por alguns autores, como a perfeita escala para jogos de guerra. São grandes o bastante, para permitir detalhamento aceitável, porém pequenas o suficiente, para constituir grandes exércitos sobre uma mesa de tamanho médio. 32 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Exemplos de miniaturas de 20mm pintadas a mão e representando cavaleiros e infantaria dos Cruzados 15MM E ESCALA 1:100(OU ESCALA 1:144) Possuem tamanhos menores e baixos preços. São um pouco mais fáceis de pintar. Servem também para representar exércitos em larga escala. 33 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Miniaturas de escala 1:100 do jogo de Miniaturas Axis & Allies 6MM E ESCALA 1:300 São disponíveis em metal. Nesta escala, pintura detalhada se encontra fora de questão, apenas áreas gerais da figura serão cobertas e evidentes. São muito boas para serem consideradas nos combates em larga escala, como as guerras napoleônicas e principalmente, nos cenários da Segunda Guerra Mundial. BIBLIOGRAFIA -Neil Thomas. Wargaming An Introduction, Sutton Publishing, 2005. -Chris Pramas.What is Miniatures game? Setember 2001 -Peter Perla. The Art of Wargaming. A guide for Professionals and Hobbyists, Naval Press Institute, 1990. 34 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA -D & D Chainmail –Livreto de Regras, Wizards of the Coast, 2001 -Phil Barker. De Bellis Antiquitatis- version 2.0, Wargames Research Group,2001. -Tom Moldvay. Dino Wars. Dragon Magazine 166, 1991. -Antônio Marcelo. Panzer Leader- Modulo Introdutório, 1997 35 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA SEPARANDO OS MATERIAIS Antes de preparar as miniaturas e cenários é sempre conveniente separar os materiais que serão usados. O objetivo deste capítulo é dissertar sobre estes materiais. MATERIAIS Pincéis, tintas e verniz Os pincéis são feitos de cerdas de qualidade e variam de tamanho, de acordo com sua função. Para pintura de cor de fundo da miniatura, pode –se empregar pincel do tipo 4/0 das marcas Revel ou Tigre ou Condor. Para ressaltar detalhes das miniaturas, principalmente, das miniaturas de 15 a 20mm, por exemplo é aconselhável pincel 5/0 também das marcas Revell ou Condor ou Tigre. Para pintura de peças de plástico ou metal, assim como dos cenários é sugerido tinta acrílica, devido as suas propriedades atóxicas, inodoras e a base de água. (As marcas usadas como exemplo são: Revell e Acrilex) Outro tipo de tinta empregada é a tinta esmaltada (em inglês- enamel paints) que fornece um bom brilho e boa cobertura para a peça. (Os exemplos de marcas são: Testors e Revell) 36 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Tinta spray pode ser usada para fornecer cor de fundo na miniatura, conforme será citado no capítulo sobre o preparo das miniaturas. O verniz é, geralmente, usado para dar o toque final da miniatura ou cenário. Pincéis e tintas comumente usadas 37 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Após uso de pincéis e paleta sugere-se limpá-los, para fins de conservação destes materiais. Estiletes, lixas e tesouras Estiletes e lixas servem para retirar as imperfeições das miniaturas. Já tesouras e estiletes servem para cortar isopor, borracha Eva e outros materiais, para fins de confecção dos cenários. Cola e paletas São sugeridas cola branca ou superbonder. Para fins de preenchimento de áreas, previamente imperfeitas das miniaturas e cenários, é recomendado massinhas de argila para pequenos espaços, durepóxi ou epóxi para espaços maiores. Um prato, pires ou azulejo de cor branca podem ser usados como paleta, para servir como reserva de cores e para misturar água com a tinta. Isopor, papel cartão, cartolina, espuma e borracha Eva. Poderão ser devidamente preparados para formar maquetes de prédios, pontes e ruínas. Inclusive papelão e plástico azul podem dar impressão de rio ou mar. A espuma pode ser usada na fabricação de colinas e terrenos, enquanto que a borracha Eva será útil na formação dos terrenos. Para maior detalhamento na confecção das colinas, um pirógrafo poderá ajudar. 38 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Pedras e materiais para confecção de terrenos. Elementos naturais e cenários pré-fabricados Estes itens podem ser, sabiamente, dispostos sobre o cenário de batalha, fornecendo um toque mais natural e realista. Serão discutidos no capítulo sobre confecção de cenários. Cenários pré-fabricados 39 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA BIBLIOGRAFIA -Cenários de Batalhas para Miniaturas- O Senhor dos Anéis- As Duas Torres, Ed Games Workshop, 2002. -Stephen Crane & Paul Murphy. Star Wars Miniatures Battles, West End Games, 1991. -Steve Jackson. Ogre Miniatures, SJ Games, 1995. -Gary Gygax & Jeff Perren. Chainmail rules for medieval miniatures, 2nd Edition, TSR, 1974 40 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA PREPARANDO AS MINIATURAS Os jogos de guerra com miniaturas possibilitam a visualização do enfrentamento entre exércitos no campo de batalha, em escalas padronizadas, produzindo uma perspectiva quase próxima do real. O preparo das figuras e cenários para as partidas pode ser um passatempo agradável. Há bastante material disponível em livros e revistas sobre pinturas das miniaturas e construção de cenários. Este capítulo fornece de modo didático, uma introdução à arte do preparo das miniaturas, sendo inseridos e analisados somente conceitos básicos sobre pintura das miniaturas. A medida em que o leitor for se sentindo mais seguro ao lidar com os passos iniciais e progredir com a técnica, ele poderá desenvolver e expandir seus talentos quanto a este hobby. PASSO A PASSO- PINTURA DE MINIATURAS Antes de pintar as miniaturas, você precisará prepará-las. Remova, gentilmente, qualquer irregularidade ou resíduos, com estilete, alicate e qualquer excesso com lixa, mantendo cuidado para não arranhar e ou danificar a pintura. No caso de miniaturas de plástico, os moldes são fornecidos em grade. Portanto, é aconselhável, antes de fazer qualquer coisa, lavar a grade usando água morna e um pouco de sabão ou de vinagre, para retirar qualquer excesso que possa existir na grade... Em seguida, cole as miniaturas sobre uma base. A base pode ser de qualquer material, como plástico, 41 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA madeira, metal ou papel cartão. Ela permite uma maior facilidade para a pintura das miniaturas, evitando que o pintor toque a figura e provavelmente manche o trabalho, além de se sujar todo. Uma vez que as miniaturas estejam coladas sobre a base, o leitor estará pronto para iniciar a técnica de pintura. Deve-se passar sobre as mesmas, uma pintura como cor de fundo. Esta cor de fundo funciona como uma camada protetora sobre elas, impedindo que partes de plástico e metal sejam vistas, além de facilitar o processo de pintura. Tenha cuidado para não usar tinta em excesso. As cores de fundo mais empregadas são branca e preta, podendo ser aplicadas sobre as figuras, pintando com pincel, ou através de spray. Há quem diga, que especialistas neste hobby preferem o preto como cor de fundo, e os iniciantes preferem o branco, já que este seria mais fácil para aplicar as cores. Cabe ao leitor escolher a cor de fundo de sua preferência. Miniatura coberta com tinta branca como cor de fundo 42 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Após a secagem da cor de fundo, suas miniaturas poderão ser pintadas. Nesta fase é importante saber o grau de detalhamento, para parecer visualmente próxima da realidade. Utilização de secador de cabelo, para secar e preparar a miniatura para ser pintada. É verdadeira a assertativa, na qual áreas menores podem ser pintadas usando um estilo mais minucioso. Mantenha sempre em mente, que na maioria das vezes, as miniaturas serão vistas a cerca de 30 cm de distância, e consequentemente, haverá pouca necessidade em detalhar os olhos, cintos, botões das roupas, a menos que se deseje isto de fato. Aplique uma cor de cada vez e tente fazer de modo mais limpo possível. Caso um pouco de tinta se espalhe por outros lugares, estes pequenos erros podem ser facilmente ocultados, sem comprometer o aspecto final. 43 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Ao pintar, adote uma posição mais conveniente e confortável possível, e procure não mover a miniatura, durante a pintura. Lembre-se sempre de adotar um sistema similar à linha de produção de fábrica, ou seja, ao invés de pintar uma figura de cada vez, pinte várias ao mesmo tempo. É melhor pintar em todas as miniaturas, uma cor de cada vez, começando nas superfícies maiores, até completar a seção que você deseja terminar. Você pode pintar, de uma vez, de seis a vinte miniaturas de infantaria, e três a dez de cavalaria, dependendo da escala. No momento em que a última figura tenha sido completada, é provável que a tinta na primeira já tenha secado, portanto é um bom momento para continuar o seu trabalho, pintando a próxima superfície a ser escolhida. Aplicando estes conceitos básicos, em breve o leitor terá um exército pronto para a batalha. Miniatura já sendo pintada, com a base pronta. 44 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Miniatura já totalmente pintada e envernizada, realçando alguns detalhes. Uma área pintada somente com uma cor fica meio sem graça. Para se obter um aspecto mais tridimensional, é sugerido aplicar uma camada de tinta sobre a outra, dando um efeito de sombra e luz. Pinte toda área, com tom mais escuro da cor desejada e em seguida passe uma segunda camada com o tom da cor, evitando pintar as partes mais escondidas, para que os tons mais escuros fiquem visíveis. Por último, aplique uma camada de tinta com tom bem mais claro nos pontos mais elevados. Após fazer tudo isso, dilua um pouco de tinta preta em água, até fazer uma mistura bem fina e aplique esta a miniatura. A tinta aquarelada escorregará entre os detalhes, escurecendo os cantos e espaços escondidos. Uma outra técnica e que no final do processo de pintura de miniaturas produz um grau de detalhamento maior é a de Drybrush (em português, Pincel a Seco) que consiste em aplicar tinta sobre a figura, com movimentos rápidos de pincel, praticamente quase seco. As partes mais salientes das peças ficarão melhores detalhadas pela tinta remanescente no pincel. 45 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Finalmente, pinte as bases das miniaturas, geralmente de uma cor, como por exemplo marrom ou verde. O leitor poderá decorar as bases usando pó de serragem, areia ou grama eletrostática, realçando o aspecto das bases. Basta colocar cola em toda a superfície da base e em seguida mergulhe a miniatura com a base em areia ou em pó de serragem. Permita que a areia ou grama cubra toda a base e em seguida chacoalhe toda a miniatura com a base para eliminar o excesso. A relação entre o número e tamanho das miniaturas e as dimensões das bases será discutida no último capítulo. No final de todo o processo de pintura, se desejar, aplique uma camada de verniz sobre a miniatura. Este verniz pode ser brilhante ou não, e pode ser aplicado com pincel ou spray. Esta aplicação cria uma camada protetora e evita que a pintura se desgaste e saia com o uso. BIBLIOGRAFIA -Neil Thomas. Wargaming An Introduction, Sutton Publishing, 2005. -Antônio Marcelo. Panzer Leader- Modulo Introdutório, 2007 -Peter Perla. The Art of Wargaming. A guide for Professionals and Hobbyists, Naval Press Institute, 1990. -Stephen Crane & Paul Murphy. Star Wars Miniatures Battles, West End Games, 1991. -Paladino.A Era das Miniaturas. Revista Dragão Brasil, número 60, quinto ano. -Cenários de Batalhas para Miniaturas- O Senhor dos Anéis- As Duas Torres, Ed Games Workshop, 2002. -Aventura Visual –Armas e Armaduras, Ed Globo, 1988 46 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA CRIANDO CENÁRIOS Além de pintar as miniaturas, os jogadores poderão construir seus próprios terrenos, onde se desenvolverão as batalhas. Dicas básicas de como preparar terrenos e maquetes serão discutidas. É sugerido que uma área de cerca de 90x180cm ou 120x240cm seja considerada para começar a dispor terreno suficiente, a fim de tornar o campo de batalha bem mais interessante. Um modo rápido, fácil e satisfatório de se construir um terreno bem básico é empilhar alguns livros e cobrir a área com um feltro verde ou marrom, para representar o chão. Basta espalhar algumas gemas de vidro, colocar papel colorido de azul simulando água, ou de cor marrom simulando um terreno de difícil acesso. TIPOS DE TERRENOS Espaço Vazio - basta apenas cobrir a superfície, com um feltro verde ou marrom. Liquens e grama de várias formas e espessuras podem ser encontrados em lojas de modelismo. Colinas e Elevações - são feitas de espuma verde ou marrom com espessura variável. Basta cortar alguns pedaços de espuma em formas de curvas irregulares. Os pedaços devem ter a mesma forma, porém tamanhos diferentes, e deverão ser colados em níveis, do maior para o menor, no topo de cada nível. 47 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Montando as colinas As colinas são montadas, a partir da colagem de sucessivos e pequenos níveis Visão de cima dos contornos 48 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Fotografia mostrando colinas e árvores Florestas - uma grande variedade de arbustos e árvores pode ser encontrada em lojas de ferromodelismo. Para criar uma floresta não muito densa, basta colocar um grupo de árvores sobre uma base, dando um espaço de cerca de 12cm para outro grupo de árvores. No caso de uma floresta densa, coloque várias árvores sobre uma base um pouco maior ou junte vários grupos de árvores. 49 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Fotografia mostrando árvores dispostas formando floresta O líquen pode ser usado para representar matagais, arbustos, vegetações em geral e terrenos pantanosos, podendo ser reaproveitado para criar cenários diferentes. Águas - para formar rios e lagos, usa-se uma fina camada de plástico transparente, cortado nas dimensões desejadas. Pinte com azul mais escuro a parte central do plástico para dar aspecto de águas profundas, e a parte periférica de azul mais claro, representando profundidades menores. Uma outra maneira mais simples e barata é empregar papel cartão de cores azul claro e escuro, prestando atenção aos níveis de profundidade, de forma que sejam devidamente identificados. 50 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Fotografia ressaltando rio e suas margens. Fotografia ressaltando rio e suas margens, além de ponte e árvores. 51 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Estruturas - estradas, pontes e edifícios podem ser comprados em lojas de ferromodelismo. Dão um toque bem realista ao cenário a ser escolhido. São disponíveis em resina ou gesso. Além de kits voltados para fabricar as próprias peças. Outras variedades de elementos cenográficos pré-construídos disponíveis são cercas vivas, muros, ruínas, etc. Pedras e pequenas rochas de seu jardim podem ser usadas para criar um efeito pouco mais realista. Seguem em anexo exemplos de elementos de cenografia extraídos da internet. Exemplo de muro Exemplo de ponte de pedra 52 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Exemplo de cerca - é sugerido dobrá-la na metade e colar e em seguida dobrá-la em 90 graus, a fim de manter firme a cerca, do mesmo modo que uma sessão de muro. Exemplo de cerca de vegetação Exemplos de oficina de armeiro 53 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA Exemplos de torre de castelo Exemplos de prédios em ruínas da Segunda Guerra – é sugerido colar essas peças no interior para formar uma plataforma. Campo de areia - talvez esta seja o campo de batalha mais complicado para se construir. Um campo de 54 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA areia não é nada mais do que uma mesa plana, coberta com alguns centímetros de camadas de areia. Obviamente, toda areia irá pesar muito quando disposta sobre a mesa. A grande vantagem deste cenário é que permite aos jogadores um completo controle para diversificar a paisagem e possibilitar um ponto de vista bem mais realístico. “Por terreno entendo as distâncias, se o terreno pode ou não ser atravessado sem dificuldade, se é aberto ou restrito e quais são as possibilidades de vida e morte.” “...conhece o inimigo, conhece-te a ti mesmo; tua vitória nuca será posta em risco. Conhece o terreno, conhece o tempo, tua vitória será então total.” Sun Tzu – A Arte da Guerra BIBLIOGRAFIA -Neil Thomas. Wargaming An Introduction, Sutton Publishing, 2005. -Peter Perla. The Art of Wargaming. A guide for Professionals and Hobbyists, Naval Press Institute, 1990. -The BattleTech Compendium-Fasa Corporation, Ed Fasa, 1990. -Stephen Crane & Paul Murphy. Star Wars Miniatures Battles, West End Games, 1991. -Steve Jackson. Ogre Miniatures, SJ Games, 1995. -Gary Gygax & Jeff Perren. Chainmail rules for medieval miniatures, 2nd Edition, TSR,1974 -Cenários de Batalhas para Miniaturas- O Senhor dos Anéis- As Duas Torres, Ed Games Workshop, 2002. 55 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA OUTRAS DICAS RELACIONADAS A MINIATURAS E CENÁRIOS Pintar miniaturas e construir cenários é uma atividade prazerosa, porém o manuseio destes elementos implica na utilização de várias substâncias químicas, contidas nas tintas, colas e solventes e que de algum modo podem ser prejudiciais ao nosso organismo. Serão discutidas algumas dicas de segurança, para o trabalho com as figuras e maquetes. SEGURANÇA DO LOCAL DE TRABALHO Preferencialmente, trabalhe em um local bem arejado, como por exemplo, quintal da casa ou área do prédio. Caso não seja possível utilizar estes locais para trabalhar, colocar pelo menos um ventilador, próximo de quem estiver pintando ou colando as figuras e maquetes. Um ventilador de teto demora um pouco mais para liberar o ambiente do cheiro das tintas, e um ventilador portátil ou de parede tende a criar um fluxo de ar que impede a concentração de partículas e cheiro no local de trabalho. Coloque um ventilador portátil atrás ou do lado de quem estiver pintando, pois dessa forma o fluxo de ar gerado pelo ventilador afastará do pintor o cheiro da tinta, solvente ou cola. Ao pintar figuras e maquetes dê preferência a um ambiente bem iluminado. Muitas vezes, é impossível preparar as peças e cenários durante o dia. As figuras pintadas durante a noite, provavelmente, terão uma cor 56 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA diferente sob a luz do dia. Um artifício, que de certa maneira evita que isto aconteça, é pintá-las à noite, usando uma lâmpada de luz negra, para produzir um aspecto mais natural. Estas lâmpadas podem ser compradas nas lojas de pintura ou de hobbies. SEGURANÇA PESSOAL Medidas para proteção pessoal também são sugeridas. Tenha cuidado ao manusear tintas e solventes. As situações hipotéticas descritas a seguir, raramente irão ocorrer com os pintores mais experientes e iniciantes mais cuidadosos, porém ACIDENTES podem acontecer com qualquer um e a qualquer hora. Em todas estas situações abaixo é recomendado procurar AUXÍLIO MÉDICO mais URGENTE e PRÓXIMO: 1) Contato de solventes com a boca, olhos e pele produzindo algum tipo de ardência ou queimadura, lave muito bem com água e sabão neutro a área afetada, cubra com gaze ou toalha limpa, em seguida pressione firmemente o local. Procure atendimento médico o mais rápido possível. 2) Diante da inalação ou ingestão acidental de solventes, deve-se procurar o serviço médico mais próximo. 3) Acidentes com objetos cortantes, como lâminas, estiletes, tesouras, podem produzir feridas que sangram. Nestes casos, pressionar ou comprimir bem o local que esteja sangrando, com toalha limpa ou gaze. Importante lembrar que se esse for localizado nos membros (mãos, braços, pés e pernas), NÃO fazer qualquer tipo 57 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA de garrote, próximo à lesão. Procurar atendimento médico urgente, para avaliar a ferida e provável vacina antitetânica, conforme indicação. É preciso esclarecer bem, que em nenhum momento as dicas deste capítulo possam desencorajar ou servir como um obstáculo para o hobby de preparo de miniaturas e maquetes. As informações supracitadas visam divulgar e esclarecer medidas básicas de segurança para o público alvo interessado neste hobby, a fim de apreciar cada vez mais, com menos riscos possíveis. Procure não deixar ao alcance de crianças pequenas, frascos de tinta, cola, solvente, materiais cortantes e sacos plásticos, pois estas correm risco de ingestão acidental das tintas e solventes, risco de se cortarem com objetos afiados e risco de sufocamento acidental com sacos plásticos. Um outro assunto que deve ser abordado neste capítulo, é sobre intoxicação por chumbo, ou saturnismo. Sites especializados de RPG, assim como reportagens da revista Dragão Brasil, especializada em RPG, atentaram para esta realidade. No Brasil, existem várias fundições que ao prepararem suas miniaturas, o fazem com uma quantidade de chumbo, acima daquela permitida pelas normas brasileiras. Consequentemente, isto pode levar a uma exposição e intoxicação pelo chumbo, caracterizando o saturnismo. A absorção do chumbo pode ser através da pele, por inalação e ingestão acidental. Geralmente, se relaciona a alterações em nível do sistema nervoso central (cérebro) e periférico (nervos periféricos), trato gastrointestinal (estômago e intestino), rins, e pode também estar relacionado a anemia. 58 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA Por mais piegas que seja esta afirmativa, sugerese que ao adquirir miniaturas de chumbo, procure pelo menos se informar sobre a procedência delas. BIBLIOGRAFIA -José G.Alves. Emergências Clínicas, Ed Rubio,2007. -Relatório Trabalhista- Intoxicação pelo chumbo- incapacidade para fins de benefícios, número 012, 10 de fevereiro de 2000. (sato.adm.br) -Paladino. A Era das Miniaturas. Revista Dragão Brasil, número 60, quinto ano. -Primeiros Socorros- Guia Como Se Faz, Ed Escala 59 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA SOBRE REGRAS Apesar de haver uma grande variedade de regras disponíveis para os jogos de guerra com miniaturas, pode-se afirmar que de um modo geral que elas possuem praticamente a mesma essência. Para estes jogos são sempre necessários dois exércitos e um campo de batalha. É preciso escolher o período histórico ou cenário de fantasia que se deseja jogar, assim como a escala das miniaturas e o tipo de batalha, escaramuças ou batalhas em massa. São geralmente definidas nas regras: os atributos das miniaturas incluindo seus deslocamentos, o posicionamento inicial das tropas, as regras que regem os combates corpo a corpo, os combates à distância e a avaliação do moral. São também consideradas os bônus e as penalidades para as peças. ATRIBUTOS DAS PEÇAS Os atributos das miniaturas são características próprias que representam os valores de movimentação, de combate, de moral e da quantidade de pontos de vida ou dano das miniaturas. Os valores de deslocamento correspondem a distância percorrida pelas peças, em centímetros, durante o turno do jogo. São geralmente medidas por réguas ou trenas. 60 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA ESTATÍSTICAS DE COMBATE As estatísticas de combate se referem às habilidades das miniaturas em combater e empregar armas de combate corpo a corpo e armas de longo alcance. Os danos das armas também podem ser computados. A maioria dos jogos empregam sistemas próprios de registro de suas estatísticas e de seus danos. As chamadas tabelas de dano (em inglês- Wound Chart) e tabelas de acerto (em inglês- To Hit Chart) dos jogos da série Warhammer e Senhor dos Anéis, as tabelas com estatísticas das unidades, como em jogos disponíveis pela Internet e no jogo Dino Wars, e cards com estatísticas individuais das miniaturas, conforme são encontrados nos jogos Chainmail de 2001 e Dungeon Dragons Miniatures da Wizards of the Coast, Axis and Allies. São bons exemplos de como os diferentes jogos lidam com combate e dano. MORAL Moral é a variável que avalia o comportamento das unidades, diante de uma situação inesperada. PONTOS DE VIDA OU VITALIDADE Pontos de vida ou vitalidade indicam a quantidade de dano ou ferimento que a miniatura pode suportar até ser retirada do jogo. 61 JOÃO CLÁUDIO BARROSO PEREIRA BÔNUS E PENALIDADES Os bônus são os modificadores que facilitam de algum modo às jogadas de ataque das miniaturas, tornando o ataque bem mais eficaz. Já as penalidades ou redutores atuam como modificadores, que diminuem estas jogadas de ataque, dificultando um pouco mais os ataques. Armaduras e escudos, coletes a prova de bala podem servir como protetores, minimizando o dano provocado pelas armas. Dependendo do ponto da vista, correspondem a bônus para as miniaturas que se defendem, ou redutores para as miniaturas que atacam. Baseado em tudo que foi discutido anteriormente é proposta uma regra simples para jogos de guerra com miniaturas. Esta serve para ser usada em qualquer período histórico ou cenário de fantasia e escala disponível, sendo preferível as de 20mm, escala 1:72. REGRA SUGERIDA PARA JOGO DE GUERRA COM MINIATURAS O jogo deve ser dividido em turnos e em cada turno, cada jogador deverá por vez: 1) movimentar suas unidades; 2) atacar; 3) e se houver indicação avaliar o moral das suas unidades. Esta regra simples, prática e rápida se baseia em remover miniaturas, dependendo do resultado obtido 62 INTRODUÇÃO AOS JOGOS DE GUERRA nas jogadas de ataques. Isto significa que cada dano produzido pelo combate corpo a corpo ou à distância, provoca um ponto de dano e, consequentemente, cada ponto de dano produzido corresponde a uma casualidade ou baixa, devendo ser a miniatura do oponente retirada do jogo. Por convenção, consideram-se as miniaturas atacantes as que agem durante o turno, já aquelas que adotam uma posição estática ou passiva são consideradas as miniaturas defensoras. Não serão incluídas regras para veículos. TIPOS DE UNIDADES Os tipos de unidades usadas são infantaria, cavalaria, artilharia sendo que cada tipo de tropa dependerá do período escolhido. As tropas de infantaria podem ser as de combate corpo a corpo, como por exemplo de soldados ou piqueiros (períodos da Antiguidade e Idade Média), ou as de combate à distância, como por exemplo arqueiros (Antiguidade ou Idade Média) e atiradores (Segunda Guerra Mundial). A tropas de cavalaria correspondem aquelas que empregam cavalaria leve e pesada, como elefantes de guerra, por exemplo (Antiguidade). As unidades de artilharia representam catapultas, armas de cerco (Idade Média) e canhões (Guerras Napoleônicas e Segunda Guerra Mundial). 63