UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DE POLPA DE MINÉRIO DE FERRO COM DIFERENTES GRANULOMETRIAS SILVIO ADRIANO MARTINS Belo Horizonte, 05 de Maio de 2014 i Silvio Adriano Martins COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS DE BOMBEAMENTO DE POLPA DE MINÉRIO DE FERRO COM DIFERENTES GRANULOMETRIAS Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Área de concentração: Mecânica dos Fluidos Orientador: Prof. Dr. George Eduardo Sales Valadão Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG 2014 ii Aos meus pais, irmãos e amigos iii AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me conceder saúde, força e paz para vencer todos os meus desafios. A minha família pelo apoio e dedicação. Ao meu orientador Professor George Valadão pela oportunidade para elaboração deste trabalho. Aos profissionais e colegas Dileni Sampaio, Daniel Pinto, Pedro Saúde, Andress Trávez, pela troca de experiência, auxilio e companheirismo. iv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 3 2.1 Mineroduto ........................................................................................................................... 3 2.2 Características da polpa ...................................................................................................... 9 2.2.1 Concentração de sólidos em peso ....................................................................................... 9 2.2.2 Concentração de sólidos em volume .................................................................................. 9 2.2.3 Densidade da polpa ........................................................................................................... 10 2.2.4 Reologia ............................................................................................................................ 10 2.2.5 Granulometria ................................................................................................................... 16 2.3.6 Forma das partículas ......................................................................................................... 18 2.3 Características do fluxo ..................................................................................................... 19 2.3.1 Tipos de fluxo ................................................................................................................... 19 2.3.2 Regimes de escoamento .................................................................................................... 21 2.3.3 Velocidade limite de transporte ........................................................................................ 22 2.4 Dimensionamento hidráulico do mineroduto .................................................................. 26 2.4.1 Balanço de energia ............................................................................................................ 26 2.4.2 Perda de carga para fluxos heterogêneos .......................................................................... 28 2.4.3 Perda de carga para fluidos newtonianos .......................................................................... 30 2.4.4 Perda de carga localizada .................................................................................................. 32 2.4.5 Pressão admissível da tubulação ....................................................................................... 33 2.4.6 Golpe de aríete .................................................................................................................. 35 2.4.7 Linha de gradiente hidráulico ........................................................................................... 37 2.4.8 Dimensionamento de bombas ........................................................................................... 39 3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 41 3.1 Projeto conceitual .............................................................................................................. 41 3.2 Propriedades da polpa ....................................................................................................... 41 3.2.1 Distribuição granulométrica ............................................................................................. 41 3.2.2 Reologia ............................................................................................................................ 41 v 3.2.3 Teste de Penetração .......................................................................................................... 42 3.2.4 Ângulo de escoamento e repouso ..................................................................................... 43 3.3 Bases de projeto ................................................................................................................. 44 3.3.1 Gravidade específica dos sólidos ...................................................................................... 44 3.3.2 Taxa de corrosão e abrasão ............................................................................................... 44 3.3.3 Faixa de concentração de sólidos ...................................................................................... 44 3.3.4 Rota e perfil do mineroduto .............................................................................................. 45 3.3.5 Produção ........................................................................................................................... 45 3.3.6 Vida útil do projeto e disponibilidade operacional do sistema ......................................... 46 3.3.7 Critérios hidráulicos do mineroduto ................................................................................. 46 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................................... 47 4.1 Ensaios de laboratório ....................................................................................................... 47 4.1.1 Distribuição granulométrica ............................................................................................. 47 4.1.2 Reologia ............................................................................................................................ 48 4.1.3 Teste de Penetração .......................................................................................................... 50 4.1.4 Ângulo de escoamento e repouso ..................................................................................... 51 4.2 Dimensionamento hidráulico ............................................................................................ 51 4.2.1 Velocidade mínima de operação ....................................................................................... 51 4.2.2 Perdas de carga unitária .................................................................................................... 52 4.2.3 Seleção da tubulação ......................................................................................................... 53 4.2.4 Gradiente hidráulico para condição de projeto ................................................................. 54 4.2.5 Equipamentos de bombeamento ....................................................................................... 56 4.2.6 Diagrama de operação ...................................................................................................... 57 4.3 Estimativas de custos do mineroduto ............................................................................... 60 4.3.1 Custos de investimento (CAPEX) .................................................................................... 60 4.3.2 Custos de operação (OPEX) ............................................................................................. 61 5 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA ................................................................... 62 6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 64 7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................................. 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 66 vi LISTA DE FIGURAS FIGURA 2.1 – Estação de bombas do mineroduto ......................................................................... 3 FIGURA 2.2 – Ligação em série de cinco bombas centrífugas de polpa (Weir, 2009). ................. 4 FIGURA 2.3 – Bomba de deslocamento positivo (Aker, 2010). .................................................... 5 FIGURA 2.4 – Instalação da tubulação principal do mineroduto (Brass, 2008). ........................... 6 FIGURA 2.5 – Abaixamento da tubulação principal do mineroduto (Brass, 2008). ...................... 6 FIGURA 2.6 – “Pig” instrumentado para inspeção de tubulação (Rosen, 2007). ........................... 7 FIGURA 2.7 – Procedimento para lançamento de “pig” na tubulação (Rosen, 2007). .................. 7 FIGURA 2.8 – Estação terminal do mineroduto. ............................................................................ 8 FIGURA 2.9 – Estação de dissipação (Brass, 2008). ...................................................................... 9 FIGURA 2.10 – Gradiente de velocidades entre placas paralelas ................................................. 11 FIGURA 2.11 – Modelos reológicos para diferentes fluidos (adaptado de Chaves, 2002). ......... 12 FIGURA 2.12 – Fluidos Newtonianos e de Bingham (adaptado de Chaves, 2002). .................... 13 FIGURA 2.13 – Reômetro para análise de viscosidades (Fann, 2013). ........................................ 14 FIGURA 2.14 – Medição de reologia ........................................................................................... 14 FIGURA 2.15 – Esquema de peneiramento de diferentes malhas (adaptado de Chaves, 2002). . 16 FIGURA 2.16 – Esfericidade de sólidos isométricos e geometria definida (Souza Pinto et al, 2009). ............................................................................................................................................. 18 FIGURA 2.17 – Tipos de fluxo (adaptado de Chaves, 2002). ...................................................... 19 FIGURA 2.18 – Variação do fluxo em função da densidade e tamanho de partículas (Chaves, 2002). ............................................................................................................................................. 20 FIGURA 2.19 – Regimes de escoamento. ..................................................................................... 21 FIGURA 2.20 – Velocidades de transição e deposição do fluido (adaptado de Wasp et al., 1976). ....................................................................................................................................................... 22 FIGURA 2.21 – Variação do parâmetro FL em função da granulometria (d50) e da concentração (adaptado de Wasp et al., 1977). ................................................................................................... 24 FIGURA 2.22 – Aplicação da equação de Bernoulli em um sistema simples. ............................. 27 FIGURA 2.23 – Aplicação da equação de Bernoulli em um sistema complexo........................... 28 FIGURA 2.24 – Relação Entre C/CA na tubulação (adaptado de Wasp, 1976). ........................... 29 FIGURA 2.25 – Ábaco de Moody (Macintyre, 1987). ................................................................. 32 FIGURA 2.26 – Linha de gradiente hidráulico (adaptado de Larock, 2000). ............................... 37 FIGURA 2.27 – Diagrama de perfil e gradiente hidráulico. ......................................................... 38 vii FIGURA 3.1 – Viscosímetro rotacional utilizado para análise das amostras de polpa. ................ 42 FIGURA 3.2 – Teste de penetração realizado nas amostras de polpa. .......................................... 43 FIGURA 3.3 – Verificação de entupimentos no tubo de acrílico. ................................................ 44 FIGURA 3.4 – Perfil do mineroduto. ............................................................................................ 45 FIGURA 4.1 – Distribuição granulométrica das amostras de polpa ............................................. 47 FIGURA 4.2 – Curvas de viscosidade obtidas .............................................................................. 49 FIGURA 4.3 – Curvas de tensão de escoamento obtidas .............................................................. 49 FIGURA 4.4 – Perfil e gradiente hidráulico para produção máxima ............................................ 55 FIGURA 4.5 – Diagrama de operação do mineroduto .................................................................. 58 FIGURA 5.1 – Comparativo de custos.......................................................................................... 63 viii LISTA DE TABELAS TABELA 2.1 - Abertura de telas normalizadas (Chaves, 2002). .................................................. 17 TABELA 2.2 - Valores de singularidades K ................................................................................. 33 TABELA 2.3 - Fatores de projeto para polpa de minério (ASME B31.4, 2012). ......................... 34 TABELA 4.1 - Resultado do ensaio de granulometria .................................................................. 47 TABELA 4.2 - Resultados do ensaio de reologia ......................................................................... 48 TABELA 4.3 - Resultados do teste de penetração ........................................................................ 50 TABELA 4.4 - Resultados do teste de ângulo de escoamento e ângulo de repouso ..................... 51 TABELA 4.5 - Velocidade de transporte calculada ...................................................................... 52 TABELA 4.6 - Perda de carga calculada ...................................................................................... 52 TABELA 4.7 - Características do material da tubulação para o mineroduto ................................ 53 TABELA 4.8 - Distribuição de espessuras ao longo do mineroduto ............................................ 54 TABELA 4.9 - Posição das estações do mineroduto .................................................................... 55 TABELA 4.10 - Pressões do mineroduto ...................................................................................... 56 TABELA 4.11 - Equipamentos de bombeamento ......................................................................... 57 TABELA 4.12 - Principais pontos de operação do mineroduto .................................................... 58 TABELA 4.13 - Faixa operacional do mineroduto ....................................................................... 59 TABELA 4.14 – Custos de investimento (CAPEX) em milhões de dólares ................................ 60 TABELA 4.15 – Custos de operação (OPEX) em dólares por tonelada transportada .................. 61 TABELA 5.1 – Resumo do sistema de bombeamento de cada amostra de polpa analisada. ........ 62 ix RESUMO O transporte de polpa de minério de ferro por tubulação denominado mineroduto constitui um sistema confiável e seguro, do ponto de vista operacional, e possui custos de investimento e operação inferiores aos sistemas de transporte convencionais. Enquanto que o custo operacional de uma ferrovia é de aproximadamente US$ 15/tonelada, o mineroduto possui um custo operacional aproximado de US$ 1,5/tonelada, desta forma, o estudo de sistemas de transporte por mineroduto é de grande relevância para indústria de minério de ferro. Estes sistemas podem transportar uma ampla faixa de sólidos com partículas finas e/ou grossas e a granulometria do minério de ferro irá influenciar nas propriedades da polpa e nas características de bombeamento. O trabalho apresentado compara os sistemas de bombeamento para cinco polpas de minério de ferro com granulometrias distintas, selecionando as mais adequadas para o bombeamento do ponto de vista técnico e econômico. Palavras Chaves: Polpa de minério de ferro, granulometria, mineroduto, bombeamento. x ABSTRACT The iron ore transportation by pipe denominated slurry pipeline is a reliable and saved system, from the operational point of view, and it holds a lower investment cost and operation than others conventional transportation systems. While the railroad operational cost is approximately US$15/tons, the slurry pipeline has an operational cost around US$ 1,5/tons, thereby the study of slurry pipeline transportation system is relevant to the iron ore industry. These systems are able to transport a wide range of solid with fine and/or thick particles and the size particle of the iron ore will influence either in the properties of the slurry or in the pumping characteristic. The presented paper compares the pumping systems for different iron ore with distinct particle size distributions, selecting the most suitable slurry for the pumping for the point of technically and economically view. Key words: Iron ore, particle size distribution, slurry pipeline, pumping. 1 1 INTRODUÇÃO Os minerodutos são utilizados em larga escala pela indústria mineral por representar um meio de transporte de sólidos com uma série de vantagens operacionais, tais como a alta confiabilidade, a facilidade de implantação e controle, o menor risco de acidentes, a menor demanda de manutenção e de pessoal envolvido no processo. Estes sistemas também são considerados um meio de transporte confiável e seguro em termos ambientais, uma vez que a polpa de minério de ferro é classificada como inerte e não perigosa pelos critérios da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Além das vantagens operacionais e ambientais, os minerodutos são uma alternativa economicamente viável, pois representam custos de investimento e operação inferiores aos sistemas de transporte convencionais, como o uso de transportadores de correia de longa distância, caminhões ou ferrovias. As tubulações podem ser aéreas ou enterradas e permitem uma maior flexibilidade no traçado, sendo empregadas em deslocamentos curtos dentro da usina, ou por longas distâncias. No Brasil existe como exemplo um mineroduto com comprimento aproximado de 400 km, em operação, no qual cerca de 24 milhões de toneladas secas de minério de ferro são transportadas anualmente desde a cidade de Mariana, em Minas Gerais, até a cidade de Ubu, no Espírito Santo. Existem também minerodutos curtos com comprimento aproximado de 5 km, como por exemplo, o mineroduto implantado por uma empresa do Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, que transporta a polpa de minério de ferro desde a mina até a planta de pelotização, localizado no município de Itabirito. Em ambos os casos, o transporte do minério de ferro por mineroduto tornou-se economicamente viável, uma vez que o uso de outro tipo de sistema de transporte, como caminhão ou ferrovia, elevaria o custo operacional, além de causar transtorno para a população nas regiões próximas às estradas ou ferrovias. Entretanto, o transporte de sólidos por tubulação é um desafio para engenharia, pois, se por um lado é necessário ter uma velocidade mínima de transporte para manter as partículas em suspensão e o fluxo em regime turbulento, por outro lado, o aumento da velocidade implica no aumento da perda de carga, das potências de bombeamento e dos requisitos dos equipamentos. Além disso, sólidos com diferentes tamanhos, irão apresentar características e comportamentos distintos, por este motivo é fundamental o estudo de polpas com diferentes granulometrias para 2 escolha daquela que for mais adequada para o bombeamento e que irá resultar na otimização do sistema, desde as fases de projeto, implantação e operação. 3 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Mineroduto Mineroduto pode ser definido como o modo de transporte de sólidos granulares misturado com um líquido, que funciona como veículo de transporte. Este líquido normalmente é a água, mas pode ser qualquer outro líquido conveniente, por exemplo, álcool etílico, metanol, salmoura etc. O sólido granulado pode ser constituído também pelos mais diversos materiais: carvão, minério de ferro, minério de cobre, concentrados de cobre, ferro ou fosfato, calcário, rejeitos de beneficiamento, lascas de madeira, bagaço de cana, etc. Surge uma terminologia singular em decorrência disto, para caracterizar cada aplicação específica: carboduto, salmouroduto, rejeitodutos, etc. (Chaves, 2002). A taxa de utilização de muitos minerodutos é superior a 95% do tempo, classificando os minerodutos como um modo de transporte muito confiável. Outra característica importante é a de usar pouca mão de obra quando comparado aos modos de transporte alternativos. Um sistema de transporte por mineroduto pode ser dividido em áreas ou instalações, entre elas: estações de bombas, tubulação principal, estações de válvulas/dissipação, estação terminal. A FIGURA 2.1 mostra uma estação de bombas típica: FIGURA 2.1 – Estação de bombas do mineroduto 4 A estação de bombas contém os tanques de estocagem de polpa com agitadores para abastecimento do mineroduto. Os agitadores são fundamentais para impedir a sedimentação das partículas sólidas no fundo do tanque, mantendo a polpa sempre homogênea. Estes equipamentos devem ser ligados a uma fonte ininterrupta de energia, como geradores de emergência, para continuarem funcionando mesmo no caso de falta de energia na planta. Caso a parada dos agitadores se deva a uma falha mecânica, a polpa dos tanques deve ser imediatamente drenada para uma bacia de emergência e/ou recirculada para os espessadores de polpa. Após os tanques de estocagem, na maioria dos casos é utilizado um distribuidor de polpa, trata-se de um tanque fechado com a função de direcionar a polpa para as linhas de alimentação das bombas de polpa. Em alguns casos específicos, a alimentação das bombas de polpa pode ser feita diretamente pelos tanques de estocagem. Para curtas e médias distâncias podem ser utilizadas somente bombas centrífugas de polpa, entretanto este tipo de bombas têm limitações da pressão máxima admissível da carcaça e da baixa eficiência mecânica. A solução de montar bombas em série permite aumentar a pressão até valores da ordem de 5.000 a 7.000 KPa. A FIGURA 2.2 mostra uma instalação com cinco bombas centrífugas de polpa ligadas em série. FIGURA 2.2 – Ligação em série de cinco bombas centrífugas de polpa (Weir, 2009). Quando não é possível utilizar somente as bombas centrífugas de polpa, geralmente para grandes distâncias de bombeamento e elevadas alturas manométricas, devem ser utilizadas bombas de deslocamento positivo do tipo pistão diafragma, como mostrado na FIGURA 2.3. 5 Estas bombas necessitam de uma pressão de sucção acima da altura de coluna de fluido disponível no tanque de estocagem, por este motivo, bombas centrífugas são instaladas a montante das bombas de deslocamento positivo. Neste caso é utilizada a terminologia “bombas de carga” para as bombas centrífugas de polpa. FIGURA 2.3 – Bomba de deslocamento positivo (Aker, 2010). A FIGURA 2.4 e FIGURA 2.5 mostram a instalação e o abaixamento da tubulação principal do mineroduto na vala. Esta tubulação pode ter trechos aéreos ou enterrados, ser revestida internamente e externamente e os lances de tubos podem ser unidos através de solda ou flanges. Podem ser instalados ainda pontos de monitoramento de pressão e detecção de vazamento ao longo do perfil do mineroduto, para isto, toda a faixa do mineroduto é percorrida por fibra ótica e os dados são visualizados pelo operador na sala de controle. 6 FIGURA 2.4 – Instalação da tubulação principal do mineroduto (Brass, 2008). FIGURA 2.5 – Abaixamento da tubulação principal do mineroduto (Brass, 2008). Periodicamente é necessária a manutenção do mineroduto, os procedimentos incluem a limpeza interna da tubulação, verificação de dimensões, detecção de falhas, incrustações, corrosão ou movimento da tubulação, para isto são utilizados dispositivos instrumentados chamados de “pig”, que são lançados dentro da tubulação e empurrados bombeando-se água. Neste caso, o mineroduto deve ser dotado de um canhão lançador de “pig” na estação de bombas e um canhão recebedor na estação terminal. A FIGURA 2.6 e FIGURA 2.7 mostram um “pig” instrumentado e a preparação para o lançamento no canhão lançador. 7 FIGURA 2.6 – “Pig” instrumentado para inspeção de tubulação (Rosen, 2007). FIGURA 2.7 – Procedimento para lançamento de “pig” na tubulação (Rosen, 2007). Após percorrer a tubulação do mineroduto, a polpa é entregue na estação terminal. A FIGURA 2.8 mostra uma estação terminal típica: 8 FIGURA 2.8 – Estação terminal do mineroduto. Na estação terminal são instalados tanques de recebimento de polpa com as mesmas características dos tanques da estação de bombas. Dependendo da necessidade do projeto, são construídas estações de dissipação de energia com placas de orifícios, estas estações podem estar localizadas ao longo do mineroduto ou na estação terminal. O objetivo principal das placas é elevar a linha piezométrica do sistema a montante, evitando depressões nos pontos altos do traçado do mineroduto que podem gerar a formação de vapor e colapso da linha caso a tubulação não tenha resistência suficiente para tal. As placas de orifícios podem ser fixas, instaladas diretamente na linha principal, ou móveis, instalados em “loops” de dissipação. Os orifícios móveis podem ser habilitados ou desabilitados dependendo da necessidade de operação do mineroduto. A FIGURA 2.9 mostra uma estação de dissipação com orifícios fixos e móveis. 9 FIGURA 2.9 – Estação de dissipação (Brass, 2008). 2.2 Características da polpa 2.2.1 Concentração de sólidos em peso A concentração de sólidos em peso (Cp) da polpa corresponde à massa da fração sólida dividida pela massa total da mistura, ou seja: Cp Massa Sólidos S VolS Massa Mistura S Vol S L Vol L (2.1) Onde: Cp = Concentração de sólidos em peso (%) VolL = Volume do líquido (m3) Vols = Volume do sólido (m3) ρS = Densidade do sólido (kgf/m3) ρL = Densidade do líquido (kgf/m3) 2.2.2 Concentração de sólidos em volume A concentração de sólidos em volume (Cv) corresponde ao volume da fração sólida dividido pelo volume da mistura: 10 Cv Vol S Volume de Sólidos Volume da Mistura Vol S Vol L (2.2) A partir da concentração de sólidos em peso (Cp) e da gravidade específica do sólido (GES) é possível obter a concentração de sólidos em volume: Cv CP C P GES (1 C P ) (2.3) 2.2.3 Densidade da polpa Assumindo que o fluido de transporte seja a água, a densidade da polpa (ρu) pode ser calculada pela concentração de sólidos em peso: u GES Cp GES (1 Cp) (2.4) Alternativamente pode-se calcular a densidade da polpa a partir da concentração de sólidos em volume: u 1 ( S 1).Cv (2.5) 2.2.4 Reologia Reologia é a ciência que estuda o escoamento e a deformação da matéria sob ação de uma força, sendo que os dois principais parâmetros reológicos são a viscosidade e tensão de escoamento. A maioria dos líquidos apresenta um comportamento denominado “newtoniano”. Tais fluidos apresentam uma única viscosidade (µ) a uma dada temperatura, independente da força de cisalhamento (Chaves 2002). O conceito de viscosidade e tensão de escoamento é explicado por Newton em seu modelo de placas paralelas. Neste modelo uma camada de fluido 11 está localizada entre duas placas, como mostrado na FIGURA 2.10. A placa inferior está fixa, sem movimento, e a segunda placa localizada sobre o fluido está em movimento devido à ação de uma força paralela a placa. FIGURA 2.10 – Gradiente de velocidades entre placas paralelas A tensão de cisalhamento (τ) é definida pela relação entre a força paralela (F) e a área (A) da placa superior: F A (2.6) A camada de fluido entre as placas apresentará uma distribuição de cisalhamento, diminuindo à medida que se afasta da placa superior pelo eixo y. Consequentemente, é produzida entre ambas as placas a denominada taxa de cisalhamento (γ): dV dY (2.7) A medida que se altera a força, a tensão de cisalhamento e a taxa de cisalhamento também se alteram proporcionalmente. Isto significa que existe uma relação direta entre a tensão de cisalhamento (τ) e a taxa de cisalhamento (γ), denominada por Newton como viscosidade (µ): 1 2 3 CTE 1 2 3 12 (2.8) Onde: τ = Tensão de cisalhamento (Pa ou dinas/cm2) µ = Viscosidade dinâmica do fluido (Pa.s ou cP) γ = Taxa de cisalhamento (1/s) O modelo de Newton, caracterizado por ter uma viscosidade constante, representa a maior parte dos fluidos puros (uma fase), como a água, assim a denominação de “fluidos newtonianos”. Entretanto, existem fluidos em que o valor da viscosidade, representada pela inclinação da reta em um gráfico tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento, não representa um valor constante (fluídos não newtonianos). A FIGURA 2.11 mostra um diagrama da tensão de cisalhamento x taxa de cisalhamento para vários tipos de fluidos estudados na Reologia, entre eles: fluidos newtonianos, dilatantes, plásticos, pseudoplásticos e pseudoplásticos com tensão de escoamento. FIGURA 2.11 – Modelos reológicos para diferentes fluidos (adaptado de Chaves, 2002). 13 A maior parte das polpas usuais em Tratamento de Minérios pode ser assimilada a um modelo denominado “fluido de Bingham” ou fluido visco-plástico (Chaves, 2002). O fluido de Bingham precisa ser cisalhado até um determinado valor limite para começar a escoar e se comportar como fluido newtoniano. Na FIGURA 2.12, o ponto de interceptação da reta sobre o eixo das ordenadas representa o esforço mínimo que deve ser fornecido para iniciar o deslocamento do fluído, este valor τ0 é conhecido como tensão de escoamento ou ainda, utilizando o termo da língua inglesa, “Yield Stress”. FIGURA 2.12 – Fluidos Newtonianos e de Bingham (adaptado de Chaves, 2002). No caso de polpas, os parâmetros de viscosidade e tensão de escoamento são afetados por vários fatores, tais como: forma da partícula, granulometria, temperatura e pressão entre outras características (Possa, 2004). Isto resulta em comportamentos reológicos distintos para diferentes tipos de polpas, impossibilitando o tabelamento. A reologia de uma polpa pode ser medida com um equipamento chamado de reômetro, mostrado na FIGURA 2.13. O instrumento permite medir a tensão de cisalhamento que se deve realizar para poder suportar uma determinada taxa de deformação do fluido (Nascimento, 2008). 14 FIGURA 2.13 – Reômetro para análise de viscosidades (Fann, 2013). Na prática, em um ensaio de reologia, pode-se obter o gráfico como mostrado na FIGURA 2.14. FIGURA 2.14 – Medição de reologia Na FIGURA 2.14 observa-se uma tendência linear do fluido, sendo esta a zona de interesse, pois mostra o comportamento linear do fluido de Bingham. Ao interpolar uma reta na zona de interesse, são obtidas a tensão de cisalhamento e a viscosidade do fluido. 15 No estudo de bombeamento de polpas, é comum utilizar os seguintes parâmetros: A = Coeficiente de tensão de escoamento ou “yield stress coeficient” B = Expoente de tensão de escoamento ou “yield stress exponent” B´ = Expoente de viscosidade ou “viscosity exponent" Estes parâmetros são utilizados nas relações reológicas abaixo, como forma de calcular a tensão de escoamento em dinas/cm2 e a viscosidade do fluido em centiPoise: 10Vr . B ' 0 A B (2.9) Onde: (dinas/cm2) τ0 = Tensão de escoamento = Fração volumétrica de sólidos Viscosidade da polpa (cP) = Viscosidade da água na temperatura medida (cP) Vr = Razão volumétrica de sólidos A fração volumétrica dos sólidos e a razão volumétrica dos sólidos são calculadas através das equações: u L GES L Vr 1 Onde: ρu = Densidade da polpa ρL = Densidade do líquido GES = Gravidade específica dos sólidos 16 2.2.5 Granulometria No caso de concentrados, sejam de cobre, ferro, ou fosfato, ou de rejeitos, a distribuição granulométrica já está estabelecida previamente, como resultado dos processos de beneficiamento que geraram estes concentrados ou rejeitos. O mineroduto deve ser projetado para transportar o material como ele se apresenta (Chaves, 2002). Outros casos, como o concentrado de minério de ferro para pelotização (“pellet feed”), em que o material será moído para ser utilizado industrialmente, deixam uma margem maior de escolha para o projetista. Uma vez escolhida a polpa, a distribuição granulométrica deve ser mantida constante ao longo de toda a vida do mineroduto. A forma mais usual de se medir a granulometria dos sólidos é passar uma amostra do material granulado através de uma série de peneiras ou malhas, cuja abertura é decrescente e padronizada. Desta forma o material mais grosso ficará retido nas primeiras peneiras e o material mais fino ocupará as peneiras inferiores, separando os sólidos em frações com diferentes tamanhos. O procedimento para análise granulométrica por peneiramento é ilustrado na FIGURA 2.15, as peneiras são colocadas uma sobre a outra e possuem um encaixe, de modo que não haja perdas de material, uma tampa e um fundo. FIGURA 2.15 – Esquema de peneiramento de diferentes malhas (adaptado de Chaves, 2002). 17 O conjunto de peneiras é levado a um dispositivo vibrador e deixado vibrar por um tempo suficiente para que haja a separação das partículas de diferentes tamanhos. A fração retida em cada peneira é pesada, obtendo-se o percentual de massa retido em cada malha. Supõe-se que o tamanho representativo de cada fração de sólidos retidos é a média geométrica das aberturas das peneiras. Assim o tamanho da malha de cada peneira será denominado o diâmetro nominal da partícula retida nesta peneira. É comum utilizar a escala Tyler para indicar o tamanho da malha de cada peneira. A TABELA 2.1 mostra as aberturas de telas normalizadas em mm e o equivalente na escala Tyler. O número que designa a peneira da série Tyler é o número de aberturas que se contam no comprimento de 1” de tela. TABELA 2.1 - Abertura de telas normalizadas (Chaves, 2002). Tyler Malha (mm) Tyler Malha (mm) 3,5 4 5 6 7 8 9 10 12 14 16 20 24 28 32 5,66 4,76 4 3,36 2,83 2,38 2 1,68 1,41 1,19 1 0,84 0,71 0,59 0,5 35 42 48 60 65 80 100 115 150 170 200 250 270 325 400 0,42 0,35 0,297 0,25 0,21 0,177 0,149 0,125 0,105 0,088 0,074 0,062 0,053 0,044 0,037 No bombeamento de polpa com alta concentração de sólidos em peso, a presença de certa quantidade de finos é sempre desejável, pois eles formam uma suspensão homogênea estável, que ajuda a manter as partículas mais grossas em suspensão. Caso contrário, quando a concentração de sólidos em peso é baixa, as partículas de maior tamanho, devido ao seu peso, tendem a ser transportadas na região mais baixa da tubulação, neste caso o fluxo é heterogêneo. É comum utilizar diâmetros característicos para representar a granulometria, sendo os mais comuns D50 e D95. Isso significa que D95 é o diâmetro da malha pelo qual passam 95% das partículas sólidas. 18 2.3.6 Forma das partículas O fator de forma das partículas afeta diretamente as propriedades da polpa, como a velocidade de sedimentação e o coeficiente de arraste, além de influenciar o desempenho de operações unitárias, como escoamento em tubos, tanques com agitação, células de flotação e leitos porosos (Souza Pinto et al., 2009). Wadell (1935) apresentou a definição do grau ou coeficiente de esfericidade das partículas (Ψ) como a razão entre a área superficial de uma esfera (s), que apresenta o mesmo volume da partícula, e a área superficial da partícula (Sp): s SP (2.10) A esfericidade das partículas apresenta valor máximo na unidade (Ψ=1) para partículas perfeitamente esféricas, diminuindo conforme a forma se afasta desta. A FIGURA 2.16 apresenta a esfericidade de algumas formas isométricas. FIGURA 2.16 – Esfericidade de sólidos isométricos e geometria definida (Souza Pinto et al, 2009). 19 2.3 Características do fluxo 2.3.1 Tipos de fluxo Suspensões coloidais podem manter-se indefinidamente em suspensão estável. Já com as misturas sólido-líquido usuais no tratamento de minérios, isto se constitui exceção, a regra sendo as partículas sedimentarem quando em repouso. Para o transporte é necessário que o escoamento tenha certo grau de turbulência, capaz de manter as partículas sólidas em suspensão (Chaves, 2002). A FIGURA 2.17 mostra os diversos tipos de fluxos que podem ser formados no interior da tubulação: FIGURA 2.17 – Tipos de fluxo (adaptado de Chaves, 2002). Fluxo homogêneo: As partículas sólidas se distribuem de maneira homogênea em qualquer ponto da secção transversal da tubulação. Não se observa diferenças de concentração de sólidos na secção transversal, e o tamanho das partículas sólidas tem uma distribuição granulométrica uniforme em toda seção. Este tipo de fluxo se encontra em misturas de alta concentração e tamanho de partículas finas e em sistemas operando acima da velocidade limite de transporte, é o tipo de escoamento desejado no bombeamento de polpas. 20 Fluxo heterogêneo com leito móvel: A concentração das partículas sólidas varia ao longo da secção da tubulação, é maior no fundo, decrescendo lentamente em direção ao topo. Grande parte dos sólidos se deposita no fundo da tubulação, mas continua em movimento, criando um leito móvel que acompanha o fluxo. Parte das partículas pode se mover por rolamento ou por saltitação. É uma situação indesejável, pois irá ocasionar o desgaste não uniforme da parede e maior na parte inferior do tubo. Fluxo heterogêneo com leito fixo: Esta é uma situação crítica do bombeamento de polpas, é observado em sistemas que operam abaixo da velocidade limite de transporte, devendo ser evitado a todo custo. Os sólidos depositados no fundo da tubulação deixam de se movimentar. Com o acumulo de sólidos, a secção útil vai diminuindo progressivamente, até o entupimento da linha. A FIGURA 2.18 correlaciona densidade e tamanhos de partículas aos fluxos homogêneo, heterogêneo e uma região de transição entre ambos. É possível observar como a presença de partículas finas, capazes de formar uma polpa homogênea, que mantém as partículas mais grossas em suspensão, afeta o comportamento das partículas grosseiras (Chaves, 2002). FIGURA 2.18 – Variação do fluxo em função da densidade e tamanho de partículas (Chaves, 2002). 21 2.3.2 Regimes de escoamento Uma classificação muito importante no transporte de polpas é o regime de escoamento ou grau de turbulência que o fluido apresenta, conforme indicado na FIGURA 2.19. O regime de escoamento pode ser caracterizado como: Regime Laminar: Em condições de baixas velocidades, as linhas de fluxo se desenvolvem por camadas paralelas, ou seja, todas as partículas se deslocam na mesma direção do fluxo médio. Este tipo de escoamento favorece o aparecimento do fluxo heterogêneo na linha. Regime de Transição: Para condições de maiores velocidades, as linhas de fluxo começam a escorrer de forma desordenada. Regime Turbulento: Com altas velocidades de transporte, o fluxo apresenta componentes de velocidade em todas as direções do escoamento, este tipo de escoamento é desejado, pois favorece o fluxo homogêneo na linha. FIGURA 2.19 – Regimes de escoamento. 22 2.3.3 Velocidade limite de transporte A velocidade limite de transporte de uma polpa é a menor velocidade na qual o sistema pode ser operado em condições de estabilidade, homogeneidade e sem depósito de partículas no interior do tubo. A velocidade limite é determinada pelo maior valor entre as velocidades de deposição e transição, ou seja, a velocidade mínima é a menor velocidade a qual se pode transportar o concentrado assegurando fluxo homogêneo e turbulento. (Brass, 2008). Se por um lado a velocidade de transporte deve ser suficientemente grande para produzir a turbulência necessária para manter os sólidos em suspensão, ela deve ser a menor possível para reduzir o atrito com as paredes do tubo e consequentemente reduzir a perda de carga (Chaves, 2002). A FIGURA 2.20 ilustra o comportamento de dois tipos de polpas minerais, homogêneas e heterogêneas, e as velocidades criticas de deposição e transição. FIGURA 2.20 – Velocidades de transição e deposição do fluido (adaptado de Wasp et al., 1976). 2.3.3.1 Velocidade de deposição Durand (1953) estabeleceu um modelo clássico para cálculo da velocidade crítica de deposição (VD) que varia de sistema para sistema em função do tamanho de partículas e da concentração de sólidos: 23 S L L V D FL . 2 gD (2.11) Onde: FL = Parâmetro de sustentação dependente da granulometria e concentração D = Diâmetro interno da tubulação (m) ρS = Densidade do sólido (kgf/m3) ρL = Densidade do líquido (kgf/m3) g = Aceleração da gravidade (m/s2) Shiller e Herbich (1991) propuseram a seguinte modificação do fator FL da equação de Durand para cálculo da velocidade limite de depósito: FL 1,3.CV [1 exp( 6,9.d 50 )] 0,125 (2.12) Onde: CV = Concentração volumétrica de sólidos d50 = Tamanho de partículas com 50% passante (mm) 24 FIGURA 2.21 – Variação do parâmetro FL em função da granulometria (d50) e da concentração (adaptado de Wasp et al., 1977). Para concentrações mais altas, Wasp et al. (1977), a partir da modificação do modelo de Durand (1953), apresentam uma correlação para a velocidade crítica de deposição, descrita na equação 2.13. 1 1 L d 16 V D 4. 95 .(CV ) 5 2 gD S L D (2.13) Uma importante contribuição é observada através dos trabalhos de Wasp e Slatter (2004), que desenvolveram um modelo preditivo para a velocidade de deposição, baseado em operações industriais de bombeamento de polpas minerais, com diâmetros de tubo que variam de 203,2 mm a 459,7 mm. O modelo, observado na equação 2.14, apresenta uso prático e utiliza variáveis de fácil obtenção. L V D 0,18. S L d 95 . S . gD . f 0, 5 0 , 22 e 4,34.CV Onde: d95 = diâmetro da partícula com 95% passante (2.14) 25 ρS = Densidade do sólido (kgf/m3) ρL = Densidade do líquido (kgf/m3) D = Diâmetro interno da tubulação (m) g = Aceleração da gravidade (m/s2) µf = Viscosidade do fluido carregador (Pa.s) Cv = Concentração volumétrica de sólidos 2.3.3.2 Velocidade de transição A velocidade de transição estabelece a diferença entre o fluxo laminar e turbulento, sendo que esta velocidade depende das características reológicas da mistura (densidade, viscosidade, tensão de cisalhamento) e diâmetro da tubulação entre outros fatores (Brass, 2008). Wasp e Slatter (1977) determinaram a seguinte correlação para cálculo da velocidade de transição baseado no modelo reológico do plástico de Bingham: VT Re C . D. (2.15) O número de Reynolds que define a transição entre regime laminar e turbulento não tem um valor constante, não sendo capaz de determinar com precisão o tipo de regime. Para obter uma melhor aproximação, associa-se o valor do Reynolds crítico ao número de Hedstrom (He): He ReC = 155.He0,35 para He < 1,5x105 ReC = 26.He0,5 para He > 1,5x105 0 D 2 2 (2.16) Onde: Vt = Velocidade de transição (m/s) 26 ReC = Reynolds crítico (adimensional) He = Número de Hedstrom (adimensional) ρ = Densidade da polpa (kgf/m3) D = Diâmetro da tubulação (m) η = Viscosidade da polpa (Pa.s) τ0 = Tensão de cisalhamento crítica (Pa) 2.4 Dimensionamento hidráulico do mineroduto 2.4.1 Balanço de energia Em mecânica dos fluidos, a Equação de Bernoulli permite modelar o escoamento de um sistema estacionário. Deduzida por Daniel Bernoulli (1700 – 1782), ela relaciona a energia potencial, energia cinética e a energia associada à altura de pressão. Para um fluido ideal, sem atrito, a energia total permanece constante ao longo de uma linha de corrente, a equação de Bernoulli pode ser escrita da forma: H Z p V2 2g (2.17) Onde: H = altura total de energia (m) Z = cota geométrica (m) p = altura de pressão (m) γ = peso específico do fluido (adimensional) V = velocidade (m/s) g = aceleração da gravidade (m/s2) Uma aplicação simplificada da equação de Bernoulli pode ser feita no sistema mostrado na FIGURA 2.22. 27 FIGURA 2.22 – Aplicação da equação de Bernoulli em um sistema simples. Considerando que o fluido seja a água e que o sistema esteja estático (v = 0), através do princípio de conservação de energia (H1 = H2), a pressão P2 pode ser obtida utilizando a equação de Bernoulli: Z1 p1 Z 2 p 2 p 2 Z1 Z 2 p1 Sistemas mais complexos, como mostrado na FIGURA 2.23, podem ser modelados através da equação de Bernoulli. Neste caso considera-se o sistema em regime permanente (vazão constante), a área da seção do tubo variável e a perda de energia devido ao atrito do fluído com as paredes da tubulação. H S Z V2 Hf 2g (2.18) Onde: Hs = altura de bombeamento (m) ΔZ = diferença de altura geométrica entre sucção de descarga (m) V = velocidade (m) g = aceleração da gravidade (m/s2) Hf = perda de carga por fricção (m) 28 FIGURA 2.23 – Aplicação da equação de Bernoulli em um sistema complexo Na equação 2.18, para fechar o balanço de massa foi adicionada a parcela da perda de energia por atrito (Hf). A determinação da perda de carga em sistemas de transporte de polpa será vista nos itens a seguir. A linha piezométrica, observada na FIGURA 2.23, representa a linha de gradiente hidráulico e será discutida no item 2.4.7. 2.4.2 Perda de carga para fluxos heterogêneos Para determinação da perda de carga hidráulica em fluxo de concentrados heterogêneos é utilizado o método empírico de Wasp. A principal característica deste modelo está na separação entre a fração homogênea do concentrado que atua como veículo de transporte da fração heterogênea. Utilizando a concentração volumétrica dos sólidos da linha de centro da tubulação como valor de referência (CA), a concentração volumétrica (C) a 0,08.D, como mostrado na FIGURA 2.24, pode ser obtida segundo a equação (Wasp, 1976): C w 1,8 log * C . . u A u* v f 8 (2.19) 29 Onde: C/CA = razão da concentração volumétrica de sólidos a 0,08.D e no centro da tubulação w = velocidade de sedimentação das partículas sólidas β = constante de Ismail para um dado tamanho de partículas = constante de Von Karman = velocidade de fricção (m/s) v = velocidade do concentrado (m/s) f = fator de atrito de Darcy determinado com a equação de Colebrook χ u * (m/s) FIGURA 2.24 – Relação Entre C/CA na tubulação (adaptado de Wasp, 1976). Esta aproximação é válida para transporte de fluídos em conduto fechado e foi obtida através de observações feitas em sistemas de transporte existentes. A fórmula para cálculo da perda de carga para parte homogênea composta pelo fluido não-Newtoniano (Bingham) é determinada por: Pv f .V 2 .vk D.2.g (2.20) Onde: ΔPv = perda de carga do veículo f = fator de atrito de Darcy determinado com a equação de Colebrook (mcf) 30 D = diâmetro interno da tubulação (m) V = velocidade do concentrado (m/s) vk = fator de Von Karman g = aceleração gravitacional (m/s2) A perda de carga devido aos sólidos da parte heterogênea pode ser calculada por: g.D.( SGS 1) Pc K .Págua.CvC 2 V . C D 1, 5 (2.21) Onde: ΔPc = perda de carga dos sólidos K = constante de Durand ΔPágua = perda de carga da água Cv(c) = concentração volumétrica do leito SGS = gravidade específica dos sólidos CD = coeficiente de resistência (mca) (mca) (kgf/m3) A perda de carga total é a soma da perda de carga da parte homogênea e da parte heterogênea: Ptotal Pv Pc (2.22) 2.4.3 Perda de carga para fluidos newtonianos Em fluidos newtonianos a perda de carga acontece pela dissipação de energia devido ao atrito do fluído com a parede interior da tubulação. A perda de carga pode ser calculada a partir da expressão clássica de Darcy-Colebrook (1845): 31 J f .v 2 D.2 g (2.23) Onde: J = perda de carga (m) f = fator de atrito de Darcy-Weisbach V = velocidade do fluxo (m/s) D = diâmetro do tubo (m) g = aceleração da gravidade (m/s2) Para escoamento laminar, onde o número de Reynolds ≤ 2000, o fator de atrito (f) é determinado pela equação: f 64 Re Re (2.24) V.D (2.25) Onde: Re = número de Reynolds η = viscosidade dinâmica (Pa.s) No escoamento turbulento, o fator de atrito é determinado através da equação de Colebrook-White: 2,51 2 log f 3,7 D Re f 1 (2.26) 32 Onde: ɛ = rugosidade absoluta (m) Uma forma direta de se determinar o fator de atrito é através do Diagrama de Moody, mostrado na FIGURA 2.25. FIGURA 2.25 – Ábaco de Moody (Macintyre, 1987). 2.4.4 Perda de carga localizada A perda de carga localizada origina-se em singularidades do conduto, tais como válvulas, curvas, cotovelos, uniões, que alteram a uniformidade do fluxo. Esta perda é calculada por: 33 2 V hs K 2.g (2.27) Onde: hS = perda singular (m) K = coeficiente de perda de carga de singularidades (m) V = velocidade média (m/s) g = aceleração da gravidade (m/s2) O coeficiente K é próprio de cada singularidade e normalmente é informada pelo fabricante. A TABELA 2.2 indica os valores usuais de K para diferentes singularidades. TABELA 2.2 - Valores de singularidades K Singularidade Curva 45 Standard Curva 90 Standard Curva 90 Raio longo Uniões Comporta Válvulas borboleta Válvulas diafragma Válvulas ângulo Válvulas globo Válvulas de retenção (check) Válvulas de retenção (pé) K 0,35 0,5 0,45 0,04 0,17 0,24 2,3 3,0 6,4 2,0 15,0 2.4.5 Pressão admissível da tubulação Para o dimensionamento de minerodutos, é utilizada a norma ASME B31.4 (Pipeline Transportation Systems for Liquids and Slurries) como referência. Esta norma substituiu a norma ASME B31.11 (Slurry Transportation Piping Systems) . Segundo a norma ASME B31.4, a pressão admissível de operação da tubulação é determinada conforme a seguinte expressão: 34 P 2.e.S D (2.28) S SMYS . E . FS (2.29) Onde: P = Máxima pressão admissível de operação (MPa) e = Espessura mínima da parede da tubulação (mm) D = Diâmetro exterior da tubulação (mm) S = Tensão admissível de trabalho da tubulação (MPa) SMYS = Tensão mínima de escoamento especificada (MPa) E = Fator de solda FS = Fator de projeto A TABELA 2.3 mostra os fatores de projeto para a polpa de minério de ferro para cálculo da pressão: TABELA 2.3 - Fatores de projeto para polpa de minério (ASME B31.4, 2012). Descrição Fator de Projeto Fator de Projeto em Estado Permanente 80,0% Fator de Projeto em Evento Transiente 88,0% A máxima pressão admissível da tubulação em estado permanente também é chamada de MAOP (Maximum allowable operating pressure) e a máxima pressão admissível em eventos transientes de MASP (Maximum allowable surge pressure). Como pode ser visto na TABELA 2.3, a norma permite que o MASP ultrapasse o MAOP em 10%. A espessura de parede é selecionada de modo que a máxima pressão admissível da tubulação, calculada pela equação 2.28, esteja acima das pressões de trabalho do mineroduto. 35 Entretanto, deve ser observada a perda de espessura por corrosão e abrasão, neste caso a espessura mínima é determinada pela expressão: em e A (2.30) Onde: em = Espessura mínima de parede (mm) e = Espessura de projeto calculado conforme ASME B31.4 (mm) A = Sobre espessura de corrosão e erosão (mm) Em polpas muito corrosivas e abrasivas, costuma-se utilizar revestimento interno para proteção da tubulação, neste caso a sobre espessura de corrosão e abrasão é nula (A = 0). 2.4.6 Golpe de aríete O golpe de aríete é o resultado da mudança de velocidade do fluxo em conduto fechado, gerando ondas de pressão que se movem ao longo da tubulação. Estes eventos ocorrem em operações eventuais do mineroduto (eventos transientes), como abertura ou fechamento de válvulas ou desligamento das bombas. Para cálculo da sobrepressão de transientes, pode ser utilizada a aproximação numérica de Joukowsky, proporcional a velocidade do fluido e a velocidade de propagação da onda transiente: hmáx a.V g (2.31) Onde: hmáx = sobrepressão devido ao golpe de ariete (mcf) a = celeridade da onda de pressão (m/s) V = velocidade do fluido transportado (m/s) 36 A velocidade de propagação da onda transiente, ou celeridade da onda, é calculada pela equação: a .g 1/ 2 .D.C 1 E.t 1/ 2 (2.32) Onde: β = módulo de elasticidade do fluido (kPa) ρ = densidade do fluido (kgf/m3) E = módulo de elasticidade do aço (kPa) D = diâmetro interno da tubulação (m) t = espessura de parede da tubulação (m) µ = coeficiente de Poisson C = constante de suportação da tubulação O tipo de suportação da tubulação tem influência na velocidade de propagação da onda transiente, de modo que: C = 1- µ2 para tubulação ancorada nas duas extremidades; C=5/4-µ para tubulação ancorada em apenas uma extremidade; C=0 para tubulação ancorada em toda sua extensão. A aproximação numérica de Joukowsky é muito conservadora, sendo utilizada somente na fase conceitual do projeto. Em estudos detalhados, a análise de transientes hidráulicos é feita através de modelos avançados, como os modelos desenvolvidos por Wylie e Streeter na aplicação do Método das Características. Devido à complexidade dos cálculos frequentemente são empregados programas computacionais. 37 2.4.7 Linha de gradiente hidráulico Muitas vezes referenciada como HGL (Hydraulic Grade Line), a linha de gradiente hidráulico representa as parcelas de carga estática da equação de Bernoulli, ou seja, a altura em metros de coluna de fluido (mcf) no interior do conduto somada à elevação do plano de referência (Larock, 2000): HGL Z p (2.33) A linha de gradiente hidráulico poderia ser medida por um tubo piezométrico inserido na tubulação, como mostrado na FIGURA 2.26, por isso também é chamada de linha piezométrica. FIGURA 2.26 – Linha de gradiente hidráulico (adaptado de Larock, 2000). A linha de gradiente hidráulico é uma ferramenta básica para o projeto de um mineroduto. Normalmente é elaborado um diagrama com o perfil da tubulação e a linha de gradiente hidráulico, permitindo visualizar de forma simples e prática as pressões do sistema. A FIGURA 2.27 mostra o perfil de um mineroduto, a linha de gradiente hidráulico em regime permanente (HGL), a altura estática, a linha de gradiente hidráulico máxima de transiente (por aproximação numérica de Joukowsky) e a pressão máxima admissível da tubulação em operação normal (MAOP) e em eventos transientes (MASP). 38 FIGURA 2.27 – Diagrama de perfil e gradiente hidráulico. As seguintes observações podem ser feitas a partir do diagrama de perfil e gradiente hidráulico: - À medida que a velocidade do fluxo aumenta, a inclinação da linha de gradiente hidráulico tende a aumentar devido ao aumento da perda de carga, por outro lado, à medida que a velocidade do fluxo diminui, a linha de gradiente hidráulico irá se estabilizar na horizontal. Na parada do mineroduto a pressão interna corresponde à linha de altura estática, ressaltando que é importante manter o mineroduto pressurizado mesmo na situação de parada, facilitando o reinício de bombeamento. - Uma bomba irá causar o aumento brusco da linha de gradiente hidráulico e ao longo do mineroduto haverá uma diminuição do HGL devido à perda de carga. A carga fornecida pela bomba, igual à diferença entre o HGL inicial e a elevação inicial, deverá ser suficiente para que o HGL chegue à estação terminal sem tocar no perfil. Em minerodutos longos pode ser utilizada uma estação de bombas intermediária que irá fornecer nova carga ao fluido, elevando a linha de gradiente hidráulico. Se o HGL estiver abaixo da seção da tubulação, a pressão manométrica neste ponto será negativa. Caso a pressão seja reduzida ao valor da pressão de vapor do fluido haverá a formação de bolhas que poderão ser carregadas pelo escoamento. Ao atingir uma região de pressão mais alta, as bolhas irão implodir pela ação da pressão externa. O colapso das bolhas pode causar o arrancamento de material da parede do conduto, fenômeno conhecido por 39 cavitação. As bolhas também podem acumular em um trecho da tubulação, aumentando de tamanho e tornando o escoamento intermitente, ou então pode ocorrer a separação da coluna de fluido se a bolha ocupar toda seção do tubo, fenômeno conhecido como slack flow. Quando as colunas de fluido volta-se a juntar, resulta em um grande pulso de pressão, cuja magnitude pode superar a pressão admissível da tubulação. - A pressão admissível da tubulação em operação normal (MAOP) deverá sempre estar acima da linha de gradiente hidráulico máximo em regime permanente (HGL), do mesmo modo, a pressão admissível da tubulação em eventos transientes (MASP) deverá sempre estar acima da linha de gradiente hidráulico máximo em regime transiente; - Mudanças bruscas na geometria interna da tubulação, como uma válvula ou placa de orifício, causam uma descida brusca na linha de gradiente hidráulico. Na estação terminal da FIGURA 2.27, percebe-se a queda do HGL, evidenciando o uso de algum dispositivo, como placas de orifício, para dissipação de energia. 2.4.8 Dimensionamento de bombas Uma vez determinada a altura de descarga da bomba é possível calcular o consumo de energia no eixo da bomba através da equação: P Q.SG.g.H 3600. P (2.34) A potência consumida pelo motor é calculada da seguinte forma: Pm P (2.35) T Onde: P = potência elétrica da bomba (kW) Q = vazão (m3/h) 40 SG = gravidade específica do fluido g = aceleração da gravidade (m/s2) H = altura total de descarga da bomba (m) ηP = eficiência da bomba (%) Pm = potência consumida (kW) ηT = eficiência de transmissão (%) Enquanto que a eficiência de uma bomba centrifuga é de aproximadamente 80%, as bombas de deslocamento positivo possuem uma eficiência em torno de 95%. 41 3 METODOLOGIA 3.1 Projeto conceitual O presente estudo aborda a primeira etapa do projeto de engenharia, também chamada de Estudo de Viabilidade. Nesta fase o cliente forneceu cinco amostras de polpa de minério de ferro para serem analisadas em laboratório, a partir dos resultados é feito o estudo em regime permanente para cada alternativa de bombeamento de polpa, aonde são determinados: velocidade mínima de transporte e perda de carga do sistema pelo método de Wasp; linha de gradiente hidráulico; estimativa de pressão de transientes através da aproximação numérica de Joukowsky; material, diâmetro e espessura da tubulação do mineroduto; vazão e pressão de descarga das bombas; estimativa de investimento (CAPEX - Capital Expenditure); estimativa de custo operacional (OPEX - Operational Expenditure). 3.2 Propriedades da polpa 3.2.1 Distribuição granulométrica A distribuição granulométrica de cada amostra é obtida através do ensaio de peneiramento. As amostras de polpa são homogeneizadas, separadas em vasilhas e levadas para secagem na estufa. Depois de secas, os sólidos granulados são colocados no agitador eletromagnético de peneiras e o conjunto é agitado por tempo suficiente para que ocorra a separação em frações. Cada fração é pesada, obtendo-se o percentual retido em cada peneira. 3.2.2 Reologia Os ensaios de reologia foram feitos através do viscosímetro Rheomat RM180, neste ensaio para cada uma das amostras de polpa são separadas quatro alíquotas com concentrações de 42 sólidos diferentes. A análise é feita para cada alíquota variando-se a taxa de cisalhamento (1/s) e registrando-se o valor da tensão de cisalhamento (Pa) fornecida pelo equipamento. FIGURA 3.1 – Viscosímetro rotacional utilizado para análise das amostras de polpa. A viscosidade (mPa.s) e tensão de escoamento (Pa) de cada amostra são obtidas segundo o modelo de Bingham. 3.2.3 Teste de Penetração O teste de penetração é uma prova de laboratório para determinar o grau de compactação de polpas sedimentáveis, medindo a massa necessária para um penetrômetro atravessar uma camada de sólidos sedimentada em um becker após 24 horas. Este teste é realizado com cada uma das amostras de polpa, o penetrador é posicionado na interface sólido/líquido formada após o tempo de sedimentação e, em seguida, deve ser adicionada uma massa suficiente para que a ponta do penetrador atinja o fundo do béquer, em um único movimento, como mostrado na FIGURA 3.2. Massas elevadas, acima de 50 g, indicam uma polpa muito compacta e no caso de parada de longa duração do mineroduto o processo de reinício de bombeamento é lento e dificultado, devendo-se bombear água até limpar completamente a tubulação. Polpas macias apresentam teste 43 de penetração com valores abaixo de 50 g, neste caso o reinício de bombeamento é rápido e ocorre sem maiores problemas. FIGURA 3.2 – Teste de penetração realizado nas amostras de polpa. 3.2.4 Ângulo de escoamento e repouso A determinação do ângulo de escoamento e repouso é fundamental no projeto de tubulações para transporte de polpa, indicando a inclinação máxima permitida para construção da tubulação. Caso a tubulação seja construída com uma inclinação superior ao ângulo de repouso, após uma parada de bombeamento, os sólidos sedimentados no fundo da tubulação tendem a escorregar e formar entupimentos nos trechos mais baixos do mineroduto. Esse teste é feito em duas etapas, determinando o ângulo de escoamento e em seguida o ângulo de repouso. No primeiro teste a amostra de polpa é homogeneizada e colocada em um tubo de acrílico fechado, na posição horizontal. Após o tempo de sedimentação de 24 horas, a inclinação do tubo é aumentada gradativamente até o momento que é observado o deslocamento de sólidos no interior do tubo, obtendo-se então o ângulo de escoamento. No teste do ângulo de repouso, a polpa homogeneizada é colocada no tubo de acrílico já posicionado com uma inclinação definida. Após o tempo de sedimentação é observado a formação de entupimentos no interior do tubo, como mostrado na FIGURA 3.3, caso haja entupimentos o teste deve ser repetido com uma inclinação menor. 44 FIGURA 3.3 – Verificação de entupimentos no tubo de acrílico. 3.3 Bases de projeto A seguir são apresentadas as premissas do projeto conceitual, estes dados são preestabelecidos pelo cliente e pelo projetista e, uma vez aprovados por ambos, servirão de base durante toda a execução do projeto. É importante que estes dados estejam bem consolidados porque qualquer alteração que ocorra durante o decorrer do projeto significará retrabalho e perda de horas de engenharia. 3.3.1 Gravidade específica dos sólidos A gravidade específica dos sólidos (GES) considerada neste estudo é igual a 5,0 para todas as amostras de polpa analisadas. 3.3.2 Taxa de corrosão e abrasão Assume-se que a taxa de desgaste da tubulação de aço por corrosão e abrasão combinadas seja de 0,08 mm/ano. 3.3.3 Faixa de concentração de sólidos Presume-se que a polpa a ser transportada é proveniente de espessadores de concentrado com capacidade de desaguá-las a uma concentração de até 74% de sólidos. Desta forma, a faixa 45 de concentração de sólidos em peso (Cp) considerada no dimensionamento hidráulico do mineroduto será de 69% a 73%, sendo: Concentração mínima: 69% Concentração nominal: 71% Concentração máxima: 73% 3.3.4 Rota e perfil do mineroduto Para o estudo a nível conceitual é considerado um mineroduto com 480 km de comprimento para transporte da polpa de minério de ferro da planta de beneficiamento até o porto. A FIGURA 3.4 mostra o perfil geométrico do mineroduto com seus pontos de elevação. FIGURA 3.4 – Perfil do mineroduto. 3.3.5 Produção O estudo hidráulico é feito considerando uma taxa de transporte nominal de 25,0 milhões de toneladas secas por ano (MTPA), com fator de projeto igual a 1,1. Isto significa que o mineroduto foi dimensionado para atender uma produção máxima de 27,5 MTPA. 46 3.3.6 Vida útil do projeto e disponibilidade operacional do sistema O mineroduto é projetado para uma vida útil de 20 anos, com disponibilidade operacional de 95%. 3.3.7 Critérios hidráulicos do mineroduto Os seguintes critérios são adotados para correta operação, segurança e confiabilidade do sistema de transporte de polpa por mineroduto: - O gradiente hidráulico em regime permanente deve ter uma altura de pressão de pelo menos 20 m.c.f. (metros de coluna de fluido) sobre o perfil do terreno em todos os pontos e em qualquer condição de operação, para evitar cavitação. - A altura estática do sistema deve ter uma altura de pressão de pelo menos 20 m.c.f. sobre o perfil do terreno, para que a linha permaneça pressurizada durante a condição de parada do mineroduto, facilitando o reinício de bombeamento. - A pressão máxima admissível da tubulação em regime permanente deve superar o gradiente hidráulico e a altura estática com no mínimo uma altura de pressão de 40 m.c.f. em todos os pontos do traçado e em qualquer condição de operação, isto irá garantir que a resistência da tubulação seja sempre maior que a pressão interna. - O gradiente hidráulico de transiente, estimado mediante o método de Joukowsky, deve ter uma folga mínima de 10 m.c.f entre a pressão máxima admissível da tubulação em eventos transientes. 47 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 Ensaios de laboratório 4.1.1 Distribuição granulométrica A TABELA 4.1 e FIGURA 4.1 apresentam a distribuição granulométrica obtida para cada amostra de polpa. TABELA 4.1 - Resultado do ensaio de granulometria Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Amostra 04 Amostra 05 Abertura Abertura % % % % % % % % % % (Tyler (µm) Passante Retido Passante Retido Passante Retido Passante Retido Passante Retido Mesh) Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. Acumul. 48 65 100 150 325 297 210 149 105 44 100,0 100,0 99,8 89,2 59,4 0,0 0,0 0,2 10,8 40,6 100,0 100,0 100,0 94,0 64,4 0,0 0,0 0,0 6,0 35,6 100,0 100,0 100,0 97,0 73,3 0,0 0,0 0,0 3,0 26,7 100,0 100,0 100,0 98,0 80,1 0,0 0,0 0,0 2,0 19,9 100,0 100,0 100,0 99,7 91,3 0,0 0,0 0,0 0,3 8,8 FIGURA 4.1 – Distribuição granulométrica das amostras de polpa A amostra 1 possui uma granulometria mais grosseira ao passo que a amostra 5 é mais fina de todas. O tamanho médio das partículas diminui progressivamente da amostra 1 para a amostra 5. 48 Uma forma fácil de classificar e identificar as amostras é a partir do passante acumulado na malha 325#. Observa-se a grande quantidade de finos na amostra 5, com 91,3% de massa passante na malha 325#, e a baixa quantidade de finos na amostra 1, com 59,4% de massa passante na malha 325#. Amostra 1 - 59,4%<325#; Amostra 2 - 64,4%<325#; Amostra 3 - 73,3%<325#; Amostra 4 - 80,1%<325#; Amostra 5 - 91,3%<325#. 4.1.2 Reologia A TABELA 4.2 apresenta os parâmetros reológicos encontrados para cada amostra de polpa: TABELA 4.2 - Resultados do ensaio de reologia Cp (%) η (mPa.s) 72,2 74,5 76,5 78,5 12,44 17,41 24,63 36,88 71,0 73,5 75,2 75,5 11,37 16,27 21,86 23,20 72,1 74,0 75,4 78,3 16,10 21,34 26,96 42,97 72,1 74,1 76,2 78,4 15,10 20,44 29,38 47,37 72,0 74,0 76,1 78,2 15,45 21,10 31,55 48,55 A 0 (Pa) Amostra 1 (59,4%<325#) 0,20 0,48 836.007 1,08 2,45 Amostra 2 (64,4%<325#) 0,14 0,40 920.000 0,76 0,87 Amostra 3 (73,3%<325#) 0,40 0,84 1.200.000 1,43 4,47 Amostra 4 (80,1%<325#) 0,51 1,12 2.000.000 2,57 6,17 Amostra 5 (91,3%<325#) 0,94 2,13 6.000.000 5,07 11,87 B B’ 12,08 2,23 12,00 2,31 11,72 2,36 11,97 2,42 12,38 2,45 49 A FIGURA 4.2 mostra as curvas de tensão de escoamento obtidas através do coeficiente de tensão de escoamento (A) e expoente de tensão de escoamento (B) e a FIGURA 4.3 mostra as curvas de viscosidade obtida através do expoente de viscosidade (B’). FIGURA 4.2 – Curvas de viscosidade obtidas FIGURA 4.3 – Curvas de tensão de escoamento obtidas 50 Para uma mesma concentração de sólidos em peso (Cp) a amostra 5, com granulometria mais fina, possui maior tensão de escoamento e maior viscosidade plástica e a amostra 1, com granulometria mais grosseira, possui menor tensão de escoamento e menor viscosidade plástica. Tanto a viscosidade quanto a tensão de escoamento aumentam em função da concentração de sólidos em peso e da quantidade de partículas finas de cada amostra. Este resultado é esperado porque quanto menor o tamanho de partículas mais a polpa se aproximará de uma substância coloidal, formando uma rede partículas organizadas no meio de dispersão, aumentando a estabilidade e viscosidade. Outra constatação importante dos resultados de reologia é que a viscosidade e a tensão de escoamento das amostras analisadas crescem exponencialmente a partir da concentração de 80% de sólidos em peso aproximadamente. Na prática, observa-se que para obter a consistência de pasta é necessária uma tensão de escoamento acima de 100 Pa, nesta situação o bombeamento através do mineroduto projetado seria impossível. Mas o limite máximo de concentração de sólidos em peso estabelecido para o bombeamento (73%) apresenta baixos valores de viscosidade e tensão de escoamento para todas as amostras de polpa, permitindo que o mineroduto opere com segurança. 4.1.3 Teste de Penetração Os resultados do teste de penetração, indicados na TABELA 4.3, mostram que as amostras 1 e 2 apresentaram maior resistência a penetração (maior compactação) ao passo que as amostras 3, 4 e 5 apresentaram menor resistência a penetração (menor compactação). TABELA 4.3 - Resultados do teste de penetração Amostra Amostra 1 (59,4%<325#) Amostra 2 (64,4%<325#) Amostra 3 (73,3%<325#) Amostra 4 (80,1%<325#) Amostra 5 (91,3%<325#) Massa do teste com único movimento (g) 60,0 60,0 35,0 30,0 25,0 Cp (%) 73 73 73 73 73 Do ponto de vista operacional, as amostras 3, 4 e 5 são desejáveis para o bombeamento. No reinício de bombeamento após uma parada do mineroduto, os sólidos sedimentados serão 51 colocados em suspensão com maior facilidade (operação de repolpagem), o reinício será rápido e ocorrerá sem grandes problemas. Por outro lado as amostras 1 e 2 apresentam alto grau de compactação, tornando o reinício de bombeamento lento e com grande risco de entupimento da tubulação. 4.1.4 Ângulo de escoamento e repouso A TABELA 4.4 apresenta os resultados do teste de ângulo de repouso das polpas analisadas. TABELA 4.4 - Resultados do teste de ângulo de escoamento e ângulo de repouso Amostra Cp (%) Amostra 1 (59,4%<325#) Amostra 2 (64,4%<325#) Amostra 3 (73,3%<325#) Amostra 4 (80,1%<325#) Amostra 5 (91,3%<325#) 74 74 74 74 74 Ângulo de escoamento (%) 16,5 18,0 20,5 22,3 25,0 Ângulo de repouso (%) 12,2 12,4 12,5 14,5 15,0 A amostra 5 é a que possui maior ângulo de repouso, desta forma o mineroduto poderá ser construído com rampas de inclinação de até 15%, valor usual em tubulações de transporte de polpa. As demais amostras possuem menores ângulos de repouso, isto significa maiores custos de terraplanagem nos trechos da rota do mineroduto que possuem inclinação maior que o ângulo de repouso. 4.2 Dimensionamento hidráulico 4.2.1 Velocidade mínima de operação A velocidade de operação segura do mineroduto corresponde ao maior valor entre a velocidade de deposição de partículas e a velocidade de transição entre o regime laminar e turbulento. A TABELA 4.5 mostra a velocidade de transporte calculada através dos modelos de Wasp para cada amostra de polpa: 52 TABELA 4.5 - Velocidade de transporte calculada Velocidade de transição (m/s) Velocidade de deposição (m/s) Velocidade mínima de transporte (m/s) Amostra 1 (59,4%<325#) 0,09 Amostra 2 (64,4%<325#) 0,09 1,93 1,50 1,32 1,30 1,22 1,93 1,50 1,32 1,30 1,22 Amostra Cp (%) Amostra 3 (73,3%<325#) 68 a 73 0,10 Amostra 4 (80,1%<325#) 0,11 Amostra 5 (91,3%<325#) 0,12 Aqui se observa que a velocidade de transição permanece baixa para todas as amostras, o sistema entrará em regime turbulento em baixas velocidades, isto é desejável no transporte de polpas. Mas o tamanho de partícula tem forte influência na velocidade de deposição, a amostra 1 (menor presença de finos) possui alta velocidade de deposição e a amostra 5 (maior presença de finos) possui baixa velocidade de deposição. Em todos os casos, a velocidade de deposição é superior à velocidade de transição e determinante para velocidade mínima de transporte. Os resultados estão de acordo com a literatura, quanto menor o tamanho de partícula maior será a velocidade de transição e, por outro lado, quanto maior o tamanho de partícula maior será a velocidade de deposição. 4.2.2 Perdas de carga unitária A TABELA 4.6 mostra a perda de carga calculada para cada amostra de polpa através do modelo de Wasp. TABELA 4.6 - Perda de carga calculada Amostra Amostra 1 (59,4%<325#) Amostra 2 (64,4%<325#) Amostra 3 (73,3%<325#) Amostra 4 (80,1%<325#) Amostra 5 (91,3%<325#) Velocidade do fluxo (m/s) Perda de carga (m/km) 1,80 4,62 4,70 4,78 4,91 5,05 Para uma mesma velocidade de transporte, a amostra 01 (menor quantidade de finos) terá menor perda de carga, e a amostra 05 (maior quantidade de finos) terá maior perda de carga. A 53 perda de carga varia de acordo com a viscosidade do fluido e, como visto, polpas com maior quantidade de finos terão uma maior viscosidade e consequentemente maior perda de carga. Além disso, pelo modelo de Wasp para parte heterogênea, quanto menor a granulometria, um número maior de partículas estará em contato com a parede da tubulação e maior será a área de contato e a dissipação de energia por atrito, aumentando assim a perda de carga da parte heterogênea. 4.2.3 Seleção da tubulação No presente estudo foi selecionada uma tubulação de aço carbono segundo a norma API 5L grau X70, com diâmetro nominal de 26 polegadas e espessura variável ao longo de todo o traçado. A tubulação não possui revestimento interno, para proteção contra corrosão química e erosão é considerado uma sobre espessura de aço. A TABELA 4.7 apresenta as principais características da tubulação. TABELA 4.7 - Características do material da tubulação para o mineroduto Descrição Unidade Valor Especificação - API 5L Grau X70 PSL2 Resistência de Escoamento Mínima Especificada MPa 482,7 Diâmetro Externo Polegadas 26 (660 mm) Espessura do Aço mm 7,92 / 8,74 / 9,53 / 10,31 / 11,13 / 11,91 / 12,7 / 14,27 / 15,88 / 17,48 / 19,05 / 20,62 Rugosidade mm 0,051 A TABELA 4.8 mostra a distribuição de espessura ao longo do traçado, este recurso é utilizado visando à redução da quantidade de aço, nos trechos do mineroduto com menor pressão interna. 54 TABELA 4.8 - Distribuição de espessuras ao longo do mineroduto Deste (km) Até (km) D. nom. (pol) Espessura (mm) Comprimento (km) 0 30 26 20,62 30 30 45 26 19,05 15 45 60 26 17,48 15 60 65 26 15,88 5 65 90 26 17,48 25 90 110 26 15,88 20 110 140 26 11,91 30 140 150 26 11,13 10 150 160 26 10,31 10 160 170 26 8,74 10 170 200 26 7,92 30 200 210 26 9,53 10 210 220 26 10,31 10 220 235 26 9,53 15 235 250 26 11,13 15 250 255 26 14,27 5 255 260 26 12,7 5 260 275 26 8,74 15 275 280 26 15,88 5 280 290 26 19,05 10 290 340 26 17,48 50 340 345 26 15,88 5 345 390 26 14,27 45 390 445 26 12,7 55 445 475 26 14,27 30 475 483 26 15,88 8 4.2.4 Gradiente hidráulico para condição de projeto Para produção máxima do mineroduto de 27,5 MTPA considera-se uma vazão de 1.883,1 3 m /h à concentração de sólidos em peso de 73%. A FIGURA 4.4 mostra o perfil da tubulação, o gradiente hidráulico em regime permanente (HGL) de cada polpa analisada, a altura estática e a pressão admissível da tubulação em regime permanente (MAOP) e transiente (MASP) para o ano 20 de operação. 55 FIGURA 4.4 – Perfil e gradiente hidráulico para produção máxima O mineroduto projetado é composto de duas estações de bombeamento (EB1 e EB2), uma estação de válvulas (EV1) e uma estação terminal (ET). A posição e elevação das estações são mostradas na TABELA 4.9. TABELA 4.9 - Posição das estações do mineroduto Estação Comprimento (km) Elevação (m) Estação de bombas 1 (EB1) 0 914 Estação de bombas 2 (EB2) 250 696 Estação de válvulas 1 (EV1) 280 514 Estação terminal (ET) 483 53 Devido à perda de carga da polpa de minério no interior da tubulação é necessária uma estação de bombas intermediária (EB2) para fornecer uma nova carga ao fluído. Caso fosse utilizada uma única estação de bombeamento a pressão necessária na descarga das bombas principais atingiria valores elevados, acima da pressão máxima admissível das tubulações e acessórios comerciais disponíveis. 56 A estação de válvulas (EV1) é utilizada na situação de parada de bombeamento, uma válvula de bloqueio irá quebrar a linha de altura estática, diminuindo a pressão do mineroduto a jusante. Sem a estação de válvulas, com a parada do sistema, a altura estática do fluído iria elevar a pressão interna da tubulação no trecho final do mineroduto, resultando no aumento da espessura da tubulação e dos custos de investimento. A TABELA 4.10 indica as pressões internas da tubulação nas estações do mineroduto para cada tipo de polpa. TABELA 4.10 - Pressões do mineroduto Pressões (kPa) Dinâmica Estática Estação Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Amostra 04 Amostra 05 Montante Jusante Montante Jusante Montante Jusante Montante Jusante Montante Jusante Montante Jusante EB1 - 16.286 - 16.594 - 16.989 - 17.690 - 18.447 - 848 EB2 472 9.782 472 10.075 472 10.446 472 11.103 472 11.812 5.990 7.425 EV1 11.621 11.621 11.879 11.879 12.203 12.203 12.778 12.778 13.396 13.396 11.717 472 ET 5.188 - 5.188 - 5.188 - 5.188 - 5.188 - 11.333 11.333 Observa-se o aumento das pressões internas dinâmicas das estações de acordo com o aumento da perda de carga de cada polpa, sendo que a amostra 01 (granulometria mais grosseira) possui as menores pressões e a amostra 05 (granulometria mais fina) possui as maiores pressões. 4.2.5 Equipamentos de bombeamento A TABELA 4.11 apresenta as características principais dos equipamentos de bombeamento das estações EB1 e EB2 do mineroduto, para cada tipo de polpa analisada. 57 TABELA 4.11 - Equipamentos de bombeamento Estação de bombas 1 Polpa analisada - Tipo - Quantidade - Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Amostra 04 Amostra 05 Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento positivo positivo positivo positivo positivo 7 (6 operacionais e 1 7 (6 operacionais e 1 7 (6 operacionais e 1 7 (6 operacionais e 1 7 (6 operacionais e 1 reserva) reserva) reserva) reserva) reserva) Pressão máxima de descarga kPa 16.286 16.594 16.989 17.690 18.447 Potência hidráulica kW 8.519 8.680 8.887 9.253 9.650 Potência consumida kW 9.963 10.152 10.394 10.823 11.286 Estação de bombas 2 Tipo - Quantidade - Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento positivo positivo positivo positivo positivo 4 (3 operacionais e 1 4 (3 operacionais e 1 4 (3 operacionais e 1 4 (3 operacionais e 1 4 (3 operacionais e 1 reserva) reserva) reserva) reserva) reserva) Pressão máxima de descarga kPa 9.782 10.075 10.446 11.103 11.812 Potência hidráulica kW 5.117 5.270 5.464 5.808 6.179 Potência consumida kW 5.985 6.164 6.391 6.793 7.227 A pressão de descarga nas estações de bombeamento está acima do limite de pressão suportado por bombas centrífugas, por este motivo é necessária a utilização de bombas de deslocamento positivo. Observa-se na TABELA 4.11 o aumento crescente da pressão de descarga e potências de bombeamento da amostra 01 (granulometria mais grosseira) até a amostra 05 (granulometria mais fina). Isto é devido ao aumento da perda de carga, viscosidade e tensão de escoamento, observado quando se aumenta a quantidade de finos da polpa analisada. 4.2.6 Diagrama de operação A FIGURA 4.5 mostra o diagrama de operação do mineroduto com a produção em milhões de toneladas por ano (MTPA) em função da vazão e concentração de sólidos em peso, e a TABELA 4.12 os principais pontos de operação. O diagrama de operação é limitado na direita pela pressão e vazão máxima das bombas de deslocamento positivo, representado pelos pontos E, F e G. O diagrama também é limitado na esquerda pela vazão mínima de transporte, indicado pelos pontos An, Bn e Cn, onde n corresponde ao identificador de cada amostra de polpa analisada. 58 FIGURA 4.5 – Diagrama de operação do mineroduto TABELA 4.12 - Principais pontos de operação do mineroduto Ponto Vazão (m3/h) Produção (MTPA) A2 (Amostra 02) 1.777,4 26,0 B2 (Amostra 02) 1.777,4 24,3 C2 (Amostra 02) 1.777,4 22,8 A3 (Amostra 03) 1.564,1 22,8 B3 (Amostra 03) 1.564,1 21,4 C3 (Amostra 03) 1.564,1 20,1 A4 (Amostra 04) 1.540,4 22,5 B4 (Amostra 04) 1.540,4 21,1 C4 (Amostra 04) 1.540,4 19,7 A5 (Amostra 05) 1.445,6 21,1 B5 (Amostra 05) 1.445,6 19,8 C5 (Amostra 05) 1.445,6 18,5 D (Amostra 02 a 05) 1.827,8 25,0 E (Amostra 02 a 05) 1.883,1 27,5 F (Amostra 02 a 05) 1.915,0 26,2 G (Amostra 02 a 05) 1.938,0 24,8 59 Além do limite esquerdo e direito, a faixa de operação do mineroduto está compreendida entre as concentrações de 69% a 73%. Isto significa que na operação continua com polpa o mineroduto irá trabalhar na área delimitada pelos pontos A-C-E-G. Para produções abaixo da linha C-G o mineroduto irá operar em regime de bateladas, alternando entre o bombeamento de polpa e água. A TABELA 4.13 apresenta a faixa operacional para cada polpa transportada. TABELA 4.13 - Faixa operacional do mineroduto Processo Unidade Amostra 01 Amostra 02 Amostra 03 Produção mínima / máxima MTPA N.A. Vazão mínima / máxima m3/h N.A. Concentração de sólidos em peso mínima / máxima % N.A. Amostra 04 Amostra 05 22,8 / 27,5 1.777,4 / 1.938,0 20,1 / 27,5 1.564,1 / 1.938,0 19,7 / 27,5 1.540,4 / 1.938,0 18,5 / 27,5 1.445,6 / 1.938,0 69 / 73 69 / 73 69 / 73 69 / 73 Como foi visto no item 4.2.1, quanto maior o tamanho de partícula, maior será a velocidade mínima de transporte para se evitar o depósito de sólidos no fundo da tubulação, limitando a faixa de operação de acordo com a polpa transportada. A amostra de polpa 05, com granulometria mais fina e menor velocidade mínima de transporte, apresenta a maior faixa operacional, ao passo que a amostra de polpa 02, com granulometria mais grosseira e maior velocidade mínima de transporte, apresenta a menor faixa operacional. A amostra de polpa 01, com o maior tamanho de partículas de todas as amostras, possui velocidade mínima de transporte acima da velocidade na vazão nominal e máxima do mineroduto. Por este motivo a amostra de polpa 01 não pode ser transportada no sistema projetado, não é representada no diagrama de operação e sua escolha é descartada. Para que esta polpa possa ser bombeada, o diâmetro da tubulação deveria ser reduzido, aumentando a velocidade do fluxo. Mas isto resultaria no aumento da perda de carga e das pressões internas, tornando a polpa inviável para o transporte de longa distância. A polpa 01 poderia ser transportada em minerodutos curtos que apresentem níveis aceitáveis de pressões a montante. 60 4.3 Estimativas de custos do mineroduto Com base no dimensionamento hidráulico apresentado, é feita a estimativa de custos de investimento e de operação do mineroduto. Os custos de investimento, ou CAPEX (Capital Expenditure), representa o montante para compra de equipamentos e instalação do mineroduto, já os custos de operação, ou OPEX (Operational Expenditure), representa as despesas para manter o sistema em funcionamento. Com o descarte da amostra de polpa 01, devido à limitação no diagrama de operação, mostrado no item 4.2.6, esta estimativa de custo é feita somente para as amostras de polpa 02, 03, 04 e 05. 4.3.1 Custos de investimento (CAPEX) Para estimativa de investimento, são considerados os custos das estações e dos principais equipamentos de bombeamento, e os custos da tubulação do mineroduto e sua instalação, como mostrado na TABELA 4.14. TABELA 4.14 – Custos de investimento (CAPEX) em milhões de dólares Polpa 2 TOTAL (USD$M) Polpa 3 TOTAL (USD$M) Polpa 4 TOTAL (USD$M) Polpa 5 TOTAL (USD$M) Estação de bombas 1 87,3 87,3 87,3 87,3 Estação de bombas 2 53,2 53,2 53,2 53,2 Estação de válvulas 1 14,0 14,0 14,0 14,0 Estação terminal 15,1 15,1 15,1 15,1 Mineroduto (tubulação e instalação) 731,5 703,7 675,9 667,4 TOTAL 901,2 873,4 845,6 837,1 Descrição A polpa 02 possui o maior custo total de investimento e a polpa 05 o menor custo. Devido à quantidade e modelo de bombas serem iguais para todas as polpas analisadas, os custos das estações de bombas para cada caso são iguais. Nesta análise apenas o custo de instalação do mineroduto é diferenciado, sendo que a polpa 02 possui o maior custo de instalação, isto porque o mineroduto deverá ser construindo respeitando a inclinação máxima de 12,2% definido pelo ensaio do ângulo de repouso, resultando em maiores gastos com movimentação de terra. A polpa 61 05, com o maior ângulo de repouso, igual a 15%, apresenta o menor gasto com movimentação de terras das polpas analisadas. 4.3.2 Custos de operação (OPEX) Para estimativa dos custos de operação, em dólares por tonelada de minério transportado, é considerado o consumo de energia e os gastos com manutenção, inspeções e mão de obra, como indicado na TABELA 4.15. TABELA 4.15 – Custos de operação (OPEX) em dólares por tonelada transportada Polpa 2 TOTAL (USD / Ton) 0,530 Polpa 3 TOTAL (USD / Ton) 0,542 Polpa 4 TOTAL (USD / Ton) 0,548 Polpa 5 TOTAL (USD / Ton) 0,552 Manutenção 0,170 0,170 0,170 0,170 Inspeções 0,020 0,020 0,020 0,020 Mão de obra operacional 0,050 0,050 0,050 0,050 0,770 0,782 0,788 0,792 Descrição Consumo de energia TOTAL A polpa 02 possui o menor custo operacional devido ao menor gasto de energia para bombeamento como foi mostrado na TABELA 4.11, ao passo que a polpa 05 possui o maior custo operacional. Os custos traduzidos para o valor presente representa um custo para o transporte nominal de 25 milhões de toneladas secas por ano igual a 21,2 milhões de dólares para polpa 02 e igual a 23,6 milhões de dólares para a polpa 05. 62 5 VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA A TABELA 5.1 apresenta o resumo dos principais parâmetros do sistema de bombeamento para cada amostra de polpa analisada: TABELA 5.1 – Resumo do sistema de bombeamento de cada amostra de polpa analisada. Item Polpa 01 Polpa 02 Polpa 03 Polpa 04 Polpa 05 % passante na malha 325# 59,4 64,4 73,3 80,1 91,3 Ângulo de repouso (%) 12,2 12,4 12,5 14,5 15,0 Teste de penetração em único movimento (g) 60,0 60,0 35,0 30,0 25,0 0,27 / 14,37 0,32 / 15,80 0,56 / 16,82 0,72 / 18,08 1,40 / 18,86 Velocidade mínima de transporte (m/s) 1,93 1,50 1,32 1,30 1,22 Faixa operacional (MTPA) N.A. 22,8 / 27,5 20,1 / 27,5 19,7 / 27,5 18,5 / 27,5 Custos de investimento – Capex (USD$M) N.A. 901,2 873,4 845,6 837,1 Custos de operação – Opex (USD/ton) N.A. 0,770 0,782 0,788 0,792 Reologia para concentração máxima de 73% de sólidos base seca Tensão de escoamento (Pa) / viscosidade (mPa.s) Comentários A polpa 01 é a mais grosseira e a polpa 05 é a mais fina. A inclinação máxima do mineroduto será menor nas polpas 01, 02 e 03, aumentando os custos de terraplenagem. Normalmente o ângulo máximo em minerodutos comerciais é de 15%. Acima de 50 g, observado nas polpas 01 e 02 é considerado alta compactação de sólidos e alto risco de entupimento. A polpa 01 possui baixa tensão de escoamento e viscosidade por ser um material mais grosseiro. A polpa 05 possui maior tensão de escoamento e viscosidade resultando em maiores custos de energia para bombeamento. Devido ao maior tamanho de grão, a polpa 01 possui alta velocidade mínima de transporte. A polpa 05, com menor tamanho de grão, possui baixa velocidade mínima de transporte. Devido à velocidade mínima de transporte, a polpa 01 não é bombeável pelo mineroduto de longa distância. A polpa 05 possui a maior faixa operacional. A polpa 02 possui o maior custo de investimento devido ao gasto com terraplenagem e a polpa 05 o menor custo de investimento. A polpa 05 possui o maior custo de operação devido ao gasto de energia para bombeamento e a polpa 02 possui o menor custo de operação com menor gasto de energia para bombeamento. 63 A polpa 01 com o maior tamanho de grão (59,4% passante na malha 325#) apresenta menores valores viscosidade, tensão de escoamento, perda de carga e potência requerida para bombeamento. Estas características são desejáveis no transporte por mineroduto, entretanto esta polpa é impossível de ser bombeada no sistema projetado devido à alta velocidade de sedimentação, alta compactação, e baixo ângulo de repouso. Estes fatores representam altíssimo risco operacional em minerodutos longos, aonde não é possível lavar com água toda a tubulação cada vez que o sistema de bombeamento for interrompido. O bombeamento da polpa 01 seria viável apenas em minerodutos curtos. A polpa 02 (64,4% passante na malha 325#) possui o diagrama de operação reduzido devido à velocidade de sedimentação. Seu resultado de compactação aliado ao baixo ângulo de repouso eleva o risco operacional e de entupimento da tubulação. Pelos motivos apresentados a escolha das polpas 01 e 02 para o bombeamento é descartada. Do ponto de vista técnico, as polpas 03, 04 e 05 são viáveis para o bombeamento e possuem características de bombeamento desejáveis, como baixa velocidade de transporte e baixa compactação. A FIGURA 5.1 mostra os custos totais atualizados para cada amostra de polpa. FIGURA 5.1 – Comparativo de custos A polpa 03 possui o maior custo de investimento e o menor custo de operação e a polpa 05 possui o menor custo de investimento e o maior custo de operação. No geral, a polpa 04 é a que registra um menor custo total atualizado, como mostrado na FIGURA 5.1, seguida pelas polpas 05, 03. Apesar da polpa 04 apresentar menor custo total de bombeamento, a diferença entre as polpas 03 e 05 é baixa. Desta forma, a partir da análise econômica, as polpas 03, 04 e 05 são viáveis para o bombeamento. 64 6 CONCLUSÕES No presente estudo, foi analisado o transporte de cinco amostras de polpa de minério de ferro, com diferentes granulometrias, através de um mineroduto com capacidade nominal de 25 milhões de toneladas secas por ano, vida útil de 20 anos e aproximadamente 483 quilômetros de extensão. Baseado nos resultados é descartado as alternativas de bombeamento das polpas 01 e 02 devido à faixa operacional reduzida, à alta velocidade de transporte, à alta compactação indicada pelo teste de penetração e a baixa capacidade de acomodação indicada pelo teste de ângulo de repouso. Os riscos operacionais das polpas 01 e 02 são elevados, principalmente na situação de parada do mineroduto, isto porque os sólidos sedimentados irão formar uma camada muito compacta na parte inferior da tubulação, dificultando o reinício de bombeamento e com risco de entupimento. O transporte destas polpas pode feito em minerodutos curtos, aonde é possível lavar toda a tubulação em um curto intervalo de tempo e parar o sistema cheio de água. A polpa 04 possui os menores custos totais atualizados para o sistema de transporte por mineroduto, seguida pela polpa 05 e 03. Entretanto, na análise global de viabilidade do empreendimento, deve ser avaliado também o sistema de beneficiamento e se o custo de moagem compensa obter uma granulometria mais fina para composição da amostra 04, ao invés de uma granulometria mais grosseira, para composição da amostra de polpa 03. Por estes motivos, analisando o sistema de bombeamento, tanto do ponto de vista técnico como econômico, são consideradas viáveis para o bombeamento as polpas 03, 04 e 05, sendo que, entre estas, a polpa 03 possui o maior tamanho de grão. 65 7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Com o objetivo de consolidar os itens analisados e fazer uma abordagem mais detalhada dos aspectos que foram introduzidos de forma parcial no presente estudo, são sugeridos os seguintes temas para trabalhos futuros: Verificação do bombeamento em estado de regime permanente para toda faixa de operação do mineroduto e em regime de bateladas, com trechos de água intercalados com trechos de polpa ao longo da tubulação. Análise detalhada de transientes para confirmar a espessuras da tubulação e classe de pressão de flanges e demais acessórios. Realização de testes de laboratório para determinação da taxa de desgaste por corrosão e abrasão nas tubulações não revestidas internamente. Cálculo detalhado de CAPEX e OPEX incluindo o sistema de beneficiamento e os custos de moagem do minério de ferro para obtenção de diferentes granulometrias. Realizar o estudo de bombeamento de rejeitos em pasta para disposição em barragens. Realizar o estudo comparativo de materiais de tubulação, avaliando o uso de soldas ou flanges ao longo do mineroduto. Verificar a influência do fator de forma na compactação dos sólidos no interior da tubulação após a parada do mineroduto e na velocidade de suspensão dos sólidos no reinício de bombeamento. 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE. API 5L: Specification for Line Pipe, 2004. 2 ABULNAGA, B. Slurry Systems Handbook, New York, 2002. 3 AKER SOLUTIONS. Applications for Aker Wirth Piston Pumps and Diaphragm Pumps, 2010. 4 AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS. ASME B31.11: Slurry Transportation Piping Systems, 2002. 5 AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS. ASME B31.4: Pipeline Transportation Systems for Liquids and Slurries, 2012. 6 BRASS ENGINEERING. Curso de Hidráulica Aplicada a Mineroductos. Santiago, 2008. 7 CHAVES, A. P. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios. Volume 1. São Paulo: Signus Editora, 2002. 8 DURAND, Basic Relationships of the Transportation of Solids in Pipes – Experimental Research; Proc. 5th Cong. Of Intern. Assoc. Hydr. Res., in Minneapolis, 1953. 9 FANN. Model 35 Viscometer Instruction Manual, 2013. 10 LAROCK, B. E., JEPPSON, R. W., & WATTERS, G. Z. Hydraulics of Pipeline System. Washington: CRC Press, 2000. 11 MACINTYRE, A. J. Bombas e Instalações de Bombeamento. Editora Guanabara, 1987. 12 NASCIMENTO, C. R. Reologia e Reometria Aplicadas ao Estudo de Polpas Minerais. Série Rochas e Minerais Industriais. CETEM. 54p, 2008. 13 POSSA, M. V. Reologia no Tratamento de Minério. Comunicação Técnica elaborada na 4ª Edição do Livro de Tratamento de Minérios. CETEM. Rio de Janeiro, 2004. 14 SCHILLER, R. E. and P. E. 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