07/04/2011 Composição centesimal Determinação dos componentes principais contido nos alimentos Água Minerais Fibras Proteínas Açúcares Lipídeos Ma. Milene T. Barcia UMIDADE Teor de água de um alimento constitui-se em um dos mais importantes e mais avaliados índices em alimentos. É de grande importância econômica por refletir o teor de sólidos de um produto e sua perecibilidade. 1 07/04/2011 Água nos alimentos O conteúdo de água de um alimento é expresso pelo valor obtido na determinação da água total contida no alimento. Existem moléculas de água com propriedades e distribuição diferentes num mesmo alimento. Água nos alimentos Alimentos % Umidade Produtos lácteos 87-91 Leite em pó 4 Queijos 40-75 Manteiga 15 Creme de leite 60-70 Sorvetes 65 Margarina e maionese 15 Frutas 65-70 Hortaliças 85 Carnes e peixes 50-70 Cereais <10 Macarrão 9 Pães e outros produtos de padaria 35-45 2 07/04/2011 Água nos alimentos Usualmente a quantidade de água nos alimentos é expressa pelo valor da determinação da água total contida no alimento. Porém, este valor não fornece informações de como está distribuída a água neste alimento nem permite saber se toda a água está ligada do mesmo modo ao alimento. Há também o fato de uma parte da água não ser congelável. Isso nos leva a crer que existem moléculas de água com propriedades e distribuição diferentes no mesmo alimento. Água nos alimentos Formas de apresentação da água no alimento: • Água livre - está presente nos espaços intergranulares. • Água de hidratação ou combinada – está ligada quimicamente com outras substâncias do alimento . 3 07/04/2011 Atividade de água (Aa ou Aw) É o teor de água livre, que é a relação entre a pressão de vapor da água do alimento e a pressão da água pura na mesma temperatura. Umidade ≠ Atividade de água * Uma salmoura com 90% de água, tem Aa baixa ou alta??? Umidade Importância da umidade • Estabilidade do alimento • Qualidade do alimento • Composição do alimento 4 07/04/2011 Reações nos alimentos em função da atividade de água Umidade pode afetar: Estocagem: alimentos estocados com alta umidade irão deteriorar mais rapidamente que os possuem baixa umidade. - Deterioração 5 07/04/2011 Umidade pode afetar: Embalagem: alguns tipos de deterioração podem ocorrer em determinadas embalagens se o alimento apresentar uma umidade excessiva. - velocidade do escurecimento - Permeáveis á luz e oxigênio Umidade pode afetar: Processamento: a quantidade de água é importante no processamento de vários produtos Rendimento do processamento: a água pode ser utilizada como uma medida indireta do rendimento de processamentos na indústria. 6 07/04/2011 Umidade É a medida total de água contida no alimento Metodologia Depende do método analítico o tipo de água que efetivamente será medido. Os métodos são fundamentalmente baseados na secagem da amostra, em reações químicas com a água, em destilação da água e na interação física da água. Tipos de métodos: 1- Métodos por secagem 2- Métodos por destilação 3- Métodos químicos 4- Métodos físicos Considerações para a escolha do método: Composição do produto Rapidez/Praticidade Exatidão Equipamentos Forma da água Quantidade de água 7 07/04/2011 Métodos por secagem Tipos: A- Secagem em estufa B- Secagem por radiação infravermelho C-Secagem em fornos de microondas Métodos por secagem + utilizado Secagem em estufas Água é eliminada por aquecimento, onde o ar quente é absorvido por uma camada muito fina do alimento, então conduzido para o interior por condução, ocorrendo assim a evaporação da água. TEMPO (horas) TEMPERATURA (>100°C) 8 07/04/2011 Secagem em estufa Tipos de estufas: 1. Simples 2. Simples com ventilador 3. A vácuo Tipos de Cadinhos: 1. Porcelana 2. Alumínio 3. Vidro Métodos por secagem Remoção da água por aquecimento Parâmetros importantes: Temperatura; Umidade relativa e movimentação do ar na estufa; Disposição do material na estufa; Material e tipo de cadinhos; Tamanho das partículas e espessura da amostra; Formação de crosta na superfície da amostra. 9 07/04/2011 Secagem em estufa Preparo da Amostra Amostras líquidas: evaporadas em banho-maria. Amostras açucaradas: adiciona-se areia misturada com amostra para aumentar a superfície da evaporação. Peso da amostra: depende da quantidade de água. Secagem em estufa PROBLEMAS SOLUÇÕES Amostragem Absorção de umidade Cápsulas com tampa e pesagem rápida Perda de umidade durante preparo da amostra Pesar antes e depois da preparação ou usar moinho de facas que diminui perdas Formação de crostas Usar asbesto ou areia Reações de decomposição ou polimerização Temperaturas baixas ou outros métodos Perda de compostos voláteis Outros métodos que não secagem Volatilização incompleta da água Tempo/temperatura adequados ou distribuição não uniforme no cadinho 10 07/04/2011 Secagem em estufa VANTAGENS DESVANTAGENS Análise simultânea de grande número de amostras Não aplicável para amostras com alto teor de voláteis (condimentos, óleos essenciais) Rapidez Decomposição térmica de compostos Simplicidade Só determina água livre Equipamento barato Adsorção de umidade após secagem Secagem por radiação infravermelha Consiste numa lâmpada de radiação infravermelho com 250 a 500watts, cujo filamento desenvolve uma temperatura de 700°C. É mais efetivo e envolve penetração de calor dentro da amostra, o que encurta o tempo de secagem em até 1/3 do total. 11 07/04/2011 Secagem por radiação infravermelha A distância entre a lâmpada e a amostra deve ser de 10 cm; A espessura da amostra deve ser entre 10 a 15 mm.; O tempo de secagem varia com amostra; O peso da amostra varia entre 2,5 a 10 g.; Possui uma balança que faz leitura direta; Seca uma amostra de cada vez. Secagem por fornos microondas Quando uma amostra úmida é exposta à radiação de microondas, moléculas bipolares (H2O), giram na tentativa de alinhar seus dipolos (rotação), liberando calor, e assim as moléculas de água passam para o estado gasoso. O calor é distribuído tanto na superfície como internamente, evaporando sem formar crosta na superfície. 12 07/04/2011 Secagem por fornos microondas Radiação eletromagnética 3MHz a 30.000GHz Novo e muito rápido Cloreto de sódio e Óxido de ferro Poder de energia radiante e o tempo podem ser calibrados Método por destilação Existe a mais de 70 anos Pouco utilizado Envolve o aquecimento da amostra na presença de um solvente orgânico imiscível com água. Medida direta da quantidade de água removida pela evaporação. 13 07/04/2011 Método por destilação Condenser Solvent Cold water Toluene Refluxing & Water Separation Method Graduated Trap Samples & Solvent Heating Mantle Método por destilação Demorado Baixa precisão Dificuldade de leitura Evaporação incompleta da água Aderência de gotas de água no vidro Protege a amostra Poder de energia radiante e o tempo podem ser calibrados Amostra e tolueno (PE = 111°C) 14 07/04/2011 Método por destilação VANTAGENS DESVANTAGENS Feito em atmosfera inerte, o que diminui a oxidação pelo ar Solubilidade parcial da água nos solventes empregados Decomposição térmica é menor, reduz reações químicas Baixa precisão do frasco coletor, da leitura de meniscos (volume de água muito pequeno) Em amostras com alto teor de voláteis Aderência de gotas de água nas paredes não conduz a grandes erros do frasco coletor Destilação de compostos solúveis em água, com ponto de ebulição menor que da água Possibilidade de formar emulsão Evaporação incompleta da água Tempo de análise longo Uso de solventes inflamáveis Método químico Nestes métodos um reagente químico é adicionado ao alimento que reage especificamente com água produzindo uma mudança mensurável volume, pressão, pH, cor, condutividade. Karl Fisher visual e eletrométrica 15 07/04/2011 Método químico Baseados na reatividade química da água. Karl Fischer usa o reagente de Karl Fischer (iodo+ dióxido de enxofre+ piridina+ metanol) I2 SO2 C5H5N CH3OH Método químico Karl Fischer Titulação visual 2 H2O + SO2 + I2 H2SO4 + 2HI- onde o I2 é reduzido para I- na presença de água Quando toda água for consumida, a reação cessa, e cor da solução passa de amarelo canário para amarelo escuro com um ponto final em amarelo marrom, característico do excesso de iodo. 16 07/04/2011 Método químico Karl Fischer Titulação eletrométrica São utilizados eletrodos de platina. É uma reação de oxirredução onde há transporte de elétrons enquanto houver água. Amperagem Método químico Karl Fischer Indicado para: Amostras com baixos teores de umidade ; Alimentos com alto teor de açúcar; Alimentos com alto teor de açúcar e proteína, como os cereais; Alimentos ricos em óleos essenciais. 17 07/04/2011 Método químico Karl Fischer VANTAGENS DESVANTAGENS Maior sensibilidade Não é específico, qualquer substância que possa reduzir o I interfere (vitamina C, compostos carbonílicos) Mais rápido que os métodos de secagem Aldeídos e cetonas podem reagir com MeOH formando acetais liberando água Adequado para amostras com baixo teor de água e alto teor de açúcar ou lipídeos Para amostras insolúveis em MeOH a extração da água pode ser incompleta Apresenta boa reprodutibilidade Substâncias oxidantes também interferem (peróxidos) Fornece teor da água livre e adsorvida Dessecante muito forte, tem que tomar muitos cuidados contra a umidade atmosférica Por ser um reagente instável deve ser padronizado constantemente (tartarato de sódio dihidratado) Método físico Absorção de radiação infravermelha RMN – Ressonância Magnética Nuclear Índice de refração/Refratômetro Densidade (picnometria) Cromatografia gasosa Condutividade elétrica Constante dielétrica (amido, proteínas = 10 e água = 80) 18 07/04/2011 MÉTODOS EXISTENTES SECAGEM DESTILAÇÃO QUÍMICO FÍSICO Estufa Karl Fisher Densitometria Estufa circulação forçada Carbureto de cálcio Refratometria Estufa a vácuo Condutividade Forno de microondas Métodos elétricos Infravermelho RMN Infravermelho Cromatografia a gás CINZA É o resíduo inorgânico que permanece após a queima da matéria orgânica, que é transformada em CO2, H2O e NO2. Constituintes da cinza Grande quantidades: K, Ca, Na, Mg Pequenas quantidades: Al, Fe, Cu, Mn, Zn Traços: As, I, F e outros elementos 19 07/04/2011 EXEMPLOS DAS CINZAS EM ALIMENTOS 20 07/04/2011 CONTEÚDO DE CINZAS É a medida da quantidade total de minerais presentes no alimento. CONTEÚDO MINERAL É a quantidade de componentes específicos da matéria mineral de um alimento: Ca, Na, K, Cl, etc. Minerais - podem apresentar teores variáveis em grupos ou num mesmo alimento, que podem ocorrer em função do: solo (pH, fertilidade, agrotóxicos, estrutura, microbiologia); animal (alimentação); processamento (refinamento de cereais). 21 07/04/2011 A determinação de cinzas e conteúdo mineral é importante por uma série de razões: Nutrição - alguns minerais são essenciais para uma dieta saudável (Ca, P, K e Na), enquanto outros podem ser tóxicos (Pb, Hg, Cd e Al). Rotulagem nutricional - a concentração e o tipo de mineral deve ser estipulado para apresentação no rótulo ou sua elaboração. Qualidade - a qualidade de alguns alimentos depende da concentração e do tipo de mineral presente, incluindo o sabor, aparência, textura e estabilidade. Indica conteúdo de frutas em doces. Alto índice de cinzas insolúveis em ácidos indica presença de areia. 22 07/04/2011 Processamento - o conteúdo mineral afeta as propriedades físico-químicas dos alimentos Determina o índice de refinação de açúcares e farinhas (influência na extração) Pode indicar beneficiamento, cozimento ou lavagem inadequada de produtos no processamento. Principais Métodos • cinzas secas • cinzas úmidas • cinzas secas a baixas temperaturas – plasma • cinzas por microondas O método escolhido depende: dos objetivos, do tipo de alimento e da disponibilidade de equipamentos 23 07/04/2011 Preparação das amostras • Sólidos • Amostras muito úmidas • Amostras muito gordurosas Possíveis problemas: contaminação da amostra por minerais no moinho; interação do cadinho com a amostra durante a análise. CINZA ÚMIDA Adequado para alimentos com alto teor de gordura. Emprega ácidos concentrados em alta temperatura (100°C) para provocar a destruição da matriz orgânica. É utilizada na determinação de elementos traços que podem ser perdidos na cinza seca. Ácido perclórico Ácido sulfúrico Ácido nítrico Utilizam-se misturas *Explodir; Demorado; Evaporar. 24 07/04/2011 Equipamentos Vantagens: • Melhor para composição individual de cinza; • Baixas T°: evita perdas de minerais por volatilização; • Decomposição rápida; • Menos sensível com relação à natureza da amostra. 25 07/04/2011 Desvantagens: • Reagentes corrosivos; • Não é prático para rotina; • Exige maior supervisão; • Nº limitado de amostras; • Necessita de análise em branco • Ácidos + matéria orgânica rica em gorduras forma elementos/substâncias explosivos e inflamáveis. Cinzas Secas O procedimento de cinza seca é realizado em mufla a altas temperaturas (500 a 600°C). É um método empírico,portanto deve-se especificar o tempo e a temperatura que foi determinada a cinza. Método Gravimétrico 26 07/04/2011 Cadinhos • Quartzo, Pyrex, Porcelana, Aço e Platina. • Seleção depende do tipo de alimento e da temperatura da mufla. Mais barato, resiste a altas temperaturas (< 1200°C). Resistentes a ácidos, mas podem ser corroídos por amostras alcalinas Incineração na Mufla 525°C: frutas, carnes, açúcar e vegetais. 550°C: cereais, lácteos, peixes , temperos e vinho. 600°C: grãos e ração. Acima de 600°C perde cloretos; Inferiores queima inadequada. 27 07/04/2011 ANÁLISE Previamente incinerado, esfriado e tarado Determinação da cinza solúvel e insolúvel em água Indicação útil da qualidade de determinados alimentos. A determinação da cinza insolúvel em água é uma indicação boa da presença de fruta em doces, geléias, sucos. Determinação da alcalinidade e cinza insolúvel em ácido A alcalinidade da cinza é em virtude dos ácidos orgânicos presentes nas (tartárico, málico, cítrico) que podem ser convertidos aos carbonatos correspondentes. Carne/cereais=ácida Frutas=alcalina Para verificar adulterações, como a presença de areia em condimentos e talco em confeitos (cinzas insolúveis em ácido). 28 07/04/2011 Cuidados especiais • Alimentos líquidos ou pastosos • Ricos em açúcar • Ricos em lipídeos • Ricos em amido e proteína MUFLA 29 07/04/2011 Vantagens: • Queima é seca; • Simples e seguro; • Manuseia grande número de amostras; • Determinação total dos minerais e preparo para minerais individuais; • Permite análises de alcalinidade, insolúveis em ácidos, solúveis. Desvantagens: • Demorado (12-24 h); • Alto custo operacional - mufla exige elevado consumo de energia; • T° elevada → vola\lização de alguns minerais (Cu, Zn,Fe, Pb, Hg) e/ou interação com o cadinho; • Manuseio cuidadoso → leveza das cinzas e higroscopicidade. O conteúdo de cinzas pode ser expresso em base seca ou úmida. Cálculo realizado sobre a amostra integral e amostra seca. 30 07/04/2011 Cinzas secas a baixas temperaturas -Plasma A matéria orgânica é rapidamente oxidada pelo oxigênio e a umidade é evaporada devido a temperatura (<150°C). 31 07/04/2011 Vantagem: Menores perdas por volatilização Desvantagem: Equipamento relativamente caro e a quantidade de amostra analisada é pequena. Cinzas por microondas Método recentemente desenvolvido. Rápido (até 10x em relação aos métodos convencionais) Alimentos ricos em lipídios Amostra líquida ou úmida: Alimentos ricos em voláteis e lipídios Alimentos com açúcares 32 07/04/2011 Erros na determinação Para valores maiores: incineração incompleta oclusão do carbono (dificulta a remoção) absorção de água durante a pesagem contaminação da amostra durante a análise (reagentes, água, poeira) erro na pesagem (cadinho quente) Para valores menores: volatilização com o uso de temperaturas elevadas (cloretos) decomposição de carbonatos perda mecânica ANÁLISE DOS ELEMENTOS INDIVIDUAIS A cinza obtida por via úmida está pronta para ser utilizada para a análise individual de cada elemento mineral nela contido. Absorção atômica; Emissão de chama; Colorimetria; Turbidemetria; Titulometria. 33