O PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA: - Como agente de mudança: conceito de mudança; princípios teóricos; forças que influenciam as mudanças nos sistemas de saúde; a resistência e seus fundamentos; - Como contribuinte na profissão: conceitos de poder e influência; oportunidade e constrangimentos inerentes à função de contribuinte; - Nos processos de melhoria continua da qualidade dos cuidados prestados. Liderança: conceitos; perspectivas actuais e históricas da liderança; o enfermeiro especialista como líder na equipa de cuidados, no serviço e na organização. O processo da tomada de decisão: A natureza da tomada de decisão clínica; potencialidades do processo de tomada de decisão em enfermagem; O envolvimento do doente na tomada de decisão. IRENE LOURO O PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA: - Como agente de mudança: conceito de mudança; princípios teóricos; forças que influenciam as mudanças nos sistemas de saúde; a resistência e seus fundamentos; IRENE LOURO Vivemos numa sociedade que sofre constantes transformações. As pessoas, os grupos e as organizações estão em permanente mudança. Mudança é um processo onde ocorre alteração ou modificação de uma situação existente, tornando-a diferente, o que implica rompimento entre hábitos e costumes. IRENE LOURO Porque a mudança é hoje tão falada no campo da saúde? A todo o momento somos solicitados para mudar em nome da melhoria da qualidade de vida. Verifica-se a “proibição” de certos comportamentos e produtos dada as consequências mais ou menos graves para a saúde. IRENE LOURO No entanto, a conservação da saúde não é a única motivação do homem – perdoa-se o mal que faz, pelo bem que sabe. Se as pessoas não quererem mudar alguma coisa em determinado momento da sua vida é porque nesse momento não percepcionam a mudança como vantagem. Os comportamentos e atitudes consideradas desadequadas existem porque desempenham uma função na vida das pessoas – biofisiológica e/ou psicossocial. Ex: fumar… IRENE LOURO Uma mudança pode implicar alterações quase imperceptíveis ou extremamente radicais no comportamento das pessoas, nas actividades desenvolvidas e nas estruturas organizacionais. IRENE LOURO Nos dias de hoje, o ambiente externo de uma qualquer organização revela-se altamente dinâmico, competitivo e incerto, originando múltiplas restrições, crises e momentos de transição durante toda a sua presença no mercado. Por esse motivo impõe-se repensar toda a organização com vista a uma melhor adequação e resposta às novas contingências. IRENE LOURO Factores de mudança Externos – são pressões do ambiente social no qual a organização está inserida, e portanto não são passíveis de controlo dos seus elementos. As pressões sociais, educacionais, politicas, tecnológicas, económicas e culturais são factores externos que provocam mudanças nas organizações de saúde e, consequentemente, no serviço de enfermagem IRENE LOURO Factores de mudança Internos – são pressões que surgem dentro das organizações, e por isso podem ser mais facilmente trabalhadas pelos seus elementos. Estes factores resultam da mudança de objectivos e da filosofia da organização e do serviço, da politica de pessoal, do processo de tomada de decisão, da nova tecnologia implantada, do relacionamento interpessoal e de normas e rotinas de trabalho estabelecidas para ou pelo grupo. IRENE LOURO Dimensões da mudança Estas podem ocorrer em três dimensões: Institucional ou estrutural objectivos e filosofia do grupo de trabalho estrutura organizacional do serviço forma de organização e divisão de trabalho e delimitação de funções desempenhadas pelos elementos da equipa estabelecimento de normas e procedimentos de enfermagem sistema de informação IRENE LOURO Dimensões da mudança Estas podem ocorrer em três dimensões: Tecnológica aplicação de novos métodos de trabalho e planeamento da assistência de enfermagem introdução de novos equipamentos e materiais desenvolvimento de novos procedimentos IRENE LOURO Dimensões da mudança Estas podem ocorrer em três dimensões: Comportamental relacionamento interpessoal liderança e a coordenação do grupo de trabalho o compromisso e a responsabilidade de cada elemento da equipa de enfermagem a motivação e o desempenho IRENE LOURO A mudança pode ser tratada pelo processo reactivo e ou pelo processo proactivo. No reactivo, os problemas ou assuntos são tratados depois que a mudança ocorreu. No processo proactivo, a mudança é planeada e passa pelas etapas: diagnóstico ou seja pela identificação e análise dos problemas escolha das soluções e estratégias, análise do campo de forças, dos ciclos de mudança e dos padrões de comunicação, acompanhamento e avaliação. IRENE LOURO Resistência à mudança As pessoas percebem de maneira diferente a necessidade de mudança. Enquanto para umas é um desafio, oportunidade de crescimento com efectiva utilização do seu potencial e ampliação do espaço decisório, para outras surge como ameaça, perda de estabilidade, de segurança, do equilíbrio, de hábitos, de confiança… IRENE LOURO Num processo de resistência à mudança, são observados comportamentos de agressividade, retrocesso, desabafo, fixação e resignação. Se não forem trabalhados estes comportamentos levam á frustração decorrente da incapacidade de colaborar com a mudança desejada ou de aceitá-la. IRENE LOURO O medo é o principal factor de resistência á mudança. Este pode estar relacionado com factos reais ou com imaginários de perda daquilo que é familiar e seguro. O Medo pode estar relacionado com: -desconhecido -factor económico -quanto à posição -perda de poder -competência e habilidade -quanto aos relacionamentos sociais -reestruturação -significado da mudança IRENE LOURO A resistência pode ser uma fonte de inovação se houver flexibilidade para a discussão e a retomada de posição. Uma das maneiras de tratar a resistência á através da informação. Todo o processo de mudança precisa ser acompanhado e constantemente avaliado para tornar realidade a mudança desejada. A avaliação de mudanças estruturais e tecnológicas é mais fácil se comparada à de mudanças na área comportamental, uma vez que estas são mais complexas e muitas vezes só se dão a longo prazo. IRENE LOURO As mudanças planeadas são necessárias em enfermagem, e é importante que sejam o fruto de reflexão sobre a prática vivenciada e das pesquisas desenvolvidas. O enfermeiro pode e deve assumir o papel de desencadeador do processo de mudança, precisando para isso de assumir uma posição de desafio frente à mudança, entendendo-a como uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento e não como uma ameaça. IRENE LOURO O PAPEL DO ENFERMEIRO ESPECIALISTA: Como contribuinte na profissão: conceitos de poder e influência; oportunidade e constrangimentos inerentes à função de contribuinte; IRENE LOURO O que é o poder? É a capacidade para obter aquilo que se pretende, apesar das resistências. Neste sentido temos que admitir duas coisas: -O poder nem sempre está onde parece. -Em todo e qualquer nível hierárquico, algumas capacidades de poder existem. IRENE LOURO Embora se trate de um assunto que frequentemente faz assomar às nossas mentes aspectos mais ou menos mórbidos, não podemos ignorar a presença do poder em toda a história humana, política, organizacional: sem ele, não há realizações humanas. IRENE LOURO A harmonia nem sempre está presente nas organizações e os conflitos de poder são quase uma constante. Facilmente se constata que os indivíduos e os grupos, têm objectivos que raramente coincidem. Tais metas não estão necessariamente ligadas às ambições pessoais: resultam de visões diferentes acerca dos meios para assegurar o funcionamento do conjunto organizacional IRENE LOURO Algumas definições de poder É a produção dos efeitos desejados Capacidade de mobilizar recursos Capacidade de levar outra pessoa ou grupo a aceitarem as nossas próprias ideias ou planos Capacidade de produzir ou modificar os resultados ou efeitos organizacionais Capacidade de autores individuais obterem o que desejam É a influência potencial de um agente sobre as atitudes e comportamentos de uma ou mais pessoas IRENE LOURO A influência é o efeito de uma parte (o agente) sobre a outra (o alvo). Esta pode ser exercida sobre pessoas, organizações ou eventos. Nas pessoas pode incidir sobre as suas atitudes, percepções, comportamentos ou combinações destes três aspectos. IRENE LOURO Os resultados das tentativas de influência de um agente sobre o alvo podem ser de três aspectos: -Empenhamento/implicação: o alvo concorda com a decisão ou solicitação do agente, e empenha-se na sua implementação -Obediência: o alvo dispõe-se a executar o que é solicitado, mas sem entusiasmo -Resistência: o alvo opõe-se ao que o agente propõe ou solicita. IRENE LOURO As tentativas de influência mais eficazes são as que suscitam empenhamento; as mais ineficazes são as que geram resistência. Para que um agente influencie e seja eficaz, é necessário que detenha capacidades e saiba usálas, ou seja que tenha poder. IRENE LOURO Influência é a transacção em que uma pessoa ou grupo age com o fito de alterar o comportamento de outro indivíduo ou grupo num sentido pretendido. O poder é a capacidade para exercer essa influência. Não tem que ser exercido para que exista: ele é uma força potencial. O mesmo não acontece com a influência, que é a aplicação dessa força potencial. IRENE LOURO Poder é diferente de controlo. Enquanto que o poder consiste na capacidade potencial para influenciar os outros, o controlo é um processo de exercer influência sobre os outros, mas com a peculiaridade de se tratar de uma forma extrema de influência. O poder é passível de existir sem qualquer controlo, mas o controlo não pode existir sem o uso do poder IRENE LOURO O poder como relação e não como atributo Devemos conceber o poder numa perspectiva relacional e não como propriedade ou atributo de alguém. Eu posso deter poder relativamente a uma pessoa, grupo ou organização, mas não o ter sobre outras pessoas, grupos ou organizações. Por outro lado, se as situações se alteram, a minha relação de poder com as diversas pessoas pode alterar-se, ou seja, aumentar, diminuir ou desaparecer. IRENE LOURO Um exemplo clássico é o da secretária que tem algum poder sobre o seu chefe. É ela que muitas das vezes sabe onde estão as coisas arquivadas, como avançar no labirinto administrativo, a quem apelar para que as coisas possam ser feitas mais rapidamente … Há aqui a noção de dependência. IRENE LOURO ? Pensemos numa empresa que precisando muito de um individuo, está disposta a pagar-lhe elevados benefícios. A dependência da empresa só existe se se conjugarem três aspectos: O individuo é importante para a empresa São escassas as pessoas com os mesmos atributos Dificilmente a empresa consegue substituir esse individuo por outro. IRENE LOURO Tácticas de influência e bases de poder Quem sabe usar determinadas tácticas de influência consegue incrementar as bases de poder. É o que acontece com alguém que através da persuasão racional bem sucedida, vai aumentando a sua credibilidade e o seu poder pessoal. É provável que as tácticas de influência e as bases do poder tendam a associar-se de determinada maneira, e que essas associações típicas sejam as potencialmente mais eficazes. IRENE LOURO Tácticas de influência e bases de poder Assim: O poder legítimo tenderá a ser exercido através de uma táctica legítima. É provável que gere mais obediência do que empenhamento; O poder de recompensa é usado através da táctica da transacção, isto é, conceder algo em troca da execução do pedido; O poder das competências especializadas, tenderá a ser exercido através da persuasão racional; O poder referente, exercido através de apelos inspiracionais e pessoais, assim como de tácticas de consulta/participação; O poder coercitivo tenderá a ser concretizado através de pressões e das tácticas legítimas e coligações. IRENE LOURO O poder das competências especializadas Alguns cuidados: Mesmo que seja reconhecido como um conceituado especialista, não actue de modo superior e arrogante. Não se comporte como se o seu alvo fosse ignorante. Não se esqueça de que não sabe tudo. O ponto de vista de não especialistas poderá ser útil para assuntos que exijam alguma criatividade. IRENE LOURO O poder das competências especializadas Alguns cuidados: Ao apresentar argumentos, permita que o seu alvo lhe coloque questões, pois desse modo poderá explicar melhor o que pretende e garantir que ele compreenda os seus pontos de vista. A eficácia dos seus pedidos e argumentos dependem da sua credibilidade. Portanto, é necessário que saiba comunicar. IRENE LOURO Consistência (os argumentos não podem ser contrditórios) Confiança Competência (naquilo que diz) (técnica e interpessoal) Comunicabilidade Cuidado Coragem (com o bem estar dos outros) (vontade de mudar: convicção) IRENE LOURO