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A mulher na
literatura
Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o Homem Gemer Sem
Sentir Dor
Zé Ramalho e Otacílio Batista

A mulher tem na face dois brilhantes
Condutores fiéis do seu destino
Quem não ama o sorriso feminino
Desconhece a poesia de Cervantes.
A bravura dos grandes navegantes
Enfrentando a procela em seu furor
Se não fosse a mulher mimosa flor
A história seria mentirosa.
Mulher Nova, Bonita e Carinhosa
Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor

Numa luta de gregos e troianos
Por Helena, a mulher de Menelau
Conta a história de um cavalo de pau
Terminava uma guerra de dez anos;
Menelau, o maior dos espartanos,
Venceu Páris, o grande sedutor,
Humilhando a família de Heitor
Em defesa da honra caprichosa

Alexandre figura desumana,
Fundador da famosa Alexandria,
Conquistava na Grécia e destruía
Quase toda a população Tebana.
A beleza atrativa de Roxana
Dominava o maior conquistador
E depois de vencê-la, o vencedor
Entregou-se à pagã mais que formosa.

Virgulino Ferreira, o Lampião
Bandoleiro das selvas nordestinas
Sem temer a perigo nem ruínas
Foi o rei do cangaço no sertão.
Mas um dia sentiu no coração
O feitiço atrativo do amor
A mulata da terra do condor
Dominava uma fera perigosa.
A mulher na Idade Média

Na sociedade portuguesa do século XIII
as mulheres, mesmo as damas da corte,
não tinham um papel importante, ou
mesmo um papel, na produção
intelectual. A maioria delas nem sabiam
ler e escrever, viviam para criação dos
filhos e cuidar do marido,

escolhido por seus pais, muitas vezes por
interesses econômicos, eram mulheres
mudas social e intelectualmente, não
tinham o direito de expressar o que
sentiam ou o que achavam sobre o
mundo. Tinham apenas o dever de serem
obedientes esposas e fervorosas
católicas.
Classicismo Luis de Camoes

Transforma-se o amador na cousa amada,
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho, logo, mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está ligada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.
Características do barroco

ele admirava santas, rainhas, condessas,
duquesas, princesas e bruxas. Esse último
tipo de mulher se opõe, claramente, ao
primeiro, durante o período da ContraReforma: santas = mulheres religiosas, que
seguem os mandamentos divinos; bruxas =
feiticeiras más, que são dominadas pelo
demônio.
A mulher em Gregório
Minha rica mulatinha,
desvelo e cuidado meu,
eu já fora todo teu,
e tu foras toda minha;

Juro-te, minha vidinha,
se acaso minha qués ser,
que todo me hei de acender
em ser teu amante fino pois
por ti já perco o tino,
e ando para morrer.

Discreta e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora,
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos e boca, o Sol e o dia:

Enquanto com gentil descortesia,
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança brilhadora,
Quando vem passear-te pela fria...

Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trata a toda a ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.

Oh não aguardes que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em
nada.
A mesma Maria Viegas sacode agora o poeta
estravagantemente porque se espeidorrava muito







Dizem que o vosso cu, Cota,
Assopra sem zombaria,
Que aparece artilharia,
Quando vem chegando a frota:
Parece, que está de aposta
Este cu a peidos dar,
Porque jamais sem parar








Este grão-cu de enche-mão
Sem pederneira, ou murrão
Está sempre a disparar.
De Cota o seu arcabuz
Apontado sempre está,
Que entre noite, e dia dá
Mais de quinhentos truz-truz:
Não achareis muitos cus





Tão prontos em peidos dar,
Porque jamais sem parar
Faz tão grande bateria,
Que de noite, nem de dia
Pode tal cu descansar.
Arcadismo
Convencionalismo amoroso
Ao se lerem vários poemas, de
poetas árcades diferentes, tem-se a
impressão de que se trata sempre de
um mesmo homem, de uma mesma
mulher e de um mesmo tipo de amor.
Não há variações emocionais.
Quem é o autor?


XLVII
Que inflexível se mostra, que constante
Se vê este penhasco! já ferido
Do proceloso vento, e já batido
Do mar, que nele quebra a cada instante!

Não vi; nem hei de ver mais semelhante
Retrato dessa ingrata, a que o gemido
Jamais pode fazer, que enternecido
Seu peito atenda às queixas de um
amante.

Tal és, ingrata Nise: a rebeldia,
Que vês nesse penhasco, essa dureza
Há de ceder aos golpes algum dia:

Mas que diversa é tua natureza!
Dos contínuos excessos da porfia,
Recobras novo estímulo à fereza.
Tomas Antonio Gonzaga

Minha bela Marília, tudo passa;
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Estão os mesmos Deuses
Sujeitos ao poder impio Fado:
Apolo já fugiu do Céu brilhante,
Já foi Pastor de gado.

Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Não voltam contra nós a face irada,
Façamos, sim façamos, doce amada,
Os nossos breves dias mais ditosos.
Um coração, que frouxo
A grata posse de seu bem difere,
A si, Marília, a si próprio rouba,
E a si próprio fere.

Ornemos nossas testas com as flores.
E façamos de feno um brando leito,
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores.
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que se passa,
Também, Marília, morre.

Com os anos, Marília, o gosto falta,
E se entorpece o corpo já cansado;
triste o velho cordeiro está deitado,
e o leve filho sempre alegre salta.
A mesma formosura
É dote, que só goza a mocidade:
Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
Mal chega a longa idade.

Que havemos de esperar, Marília bela?
Que vão passando os florescentes dias?
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias;
E pode enfim mudar-se a nossa estrela.
Ah! Não, minha Marília,
Aproveite-se o tempo, antes que faça
O estrago de roubar ao corpo as forças
E ao semblante a graça.
Romantismo
Gonçalves Dias

Se se morre de amor! — Não, não se
morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos,
Ao grande, ao belo; é ser capaz
d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E
ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa
alma
Fontes de pranto intercalar sem custo
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo
ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes:
Isso é amor, e desse amor se morre!
2ª Geração
Álvares de Azevedo
MALVA-MAÇÃ
De teus seios tão mimosos
Dá que eu goze o talismã!
Dá que ali repouse a fronte
Cheia de amoroso afã!
E louco nele respire
A tua malva-maçã!

Dá-me essa folha cheirosa
Que treme no seio teu!
Dá-me a folha... hei de beijá-la
Sedenta no lábio meu!
Não vês que o calor do seio
Tua malva emurcheceu?...
A pobrezinha em teu colo
Tantos amores gozou,
Viveu em tanto perfume
Que de enlevos expirou!
Quem pudera no teu seio
Morrer como ela murchou!
3ª geração
Castro Alves

BOA-NOITE
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito,
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
Realismo
Machado de Assis

“(...) Marcela amou-me durante quinze
meses e onze contos de réis (...)”
Missa do galo
 Comecei
a dizer-lhe os nomes de
alguns. Conceição ouvia-me com a
cabeça reclinada no espaldar,
enfiando os olhos por entre as
pálpebras meio-cerradas, sem os
tirar de mim. De vez em quando
passava a língua pelos beiços, para
umedecê-los..
 Quando
acabei de falar, não me
disse nada; ficamos assim alguns
segundos. Em seguida, vi-a
endireitar a cabeça, cruzar os dedos
e sobre eles pousar o queixo, tendo
os cotovelos nos braços da cadeira,
tudo sem desviar de mim os grandes
olhos espertos
A cartomante
 Camilo
quis sinceramente fugir, mas
já não pôde. Rita, como uma
serpente, foi-se acercando dele,
envolveu-o todo, fez-lhe estalar os
ossos num espasmo, e pingou-lhe o
veneno na boca. Ele ficou atordoado
e subjugado.
Vexame, sustos, remorsos, desejos,
tudo sentiu de mistura; mas a batalha foi
curta e a vitória delirante. Adeus,
escrúpulos! Não tardou que o sapato se
acomodasse ao pé, e aí foram ambos,
estrada fora, braços dados, pisando
folgadamente por cima de ervas e
pedregulhos, sem padecer nada mais que
algumas saudades, quando estavam
ausentes um do outro.
Naturalismo
Então ela, como se lhe houvessem aberto
de repente uma caudal de gozo, cravou os
dentes na face do grumete, numa fúria brutal,
e segurando-o pelas nádegas, o olhar
cintilante, o rosto congestionado, foi depolo na
cama:
Prai, meu jasmim de estufa, prai! Vais
conhecer uma portuguesa velha de sangue
quente. Deixa a inocência pro lado, vamos!...
Bateu a porta e começou a se despir a toda
pressa, diante de Aleixo, enquanto ele
deixava-se estar imóvel, multo admirado para
essa mulher-homem que o queria deflorar ali
assim, torpemente, como um animal.



- Anda, meu tolinho, despe-te também: aprende
com tu velha... Anda, que eu estou que nem uma
brasa!...
Aleixo não tinha tempo de coordenar idéias.
D. Carolina absorvia, transfigurando-se a seus
olhos.
Ela, de ordinário tão meiga, tão comedida, tão
escrupulosa mesmo, aparecia-lhe agora como um
animal formidável, cheio de sensualidade, como
uma vaca do campo extraordinariamente
excitada, que se atira ao macho antes que ele
prepare o bote...
Era incrível aquilo! A mulher só faltava
urrar! E a sua admiração cresceu ainda
mais quando ela, sacando fora a camisa
ensopada de suor, caiu nua no leito,
arquejante, segurando os seios moles, com
um estranho fulgor no olhar de basilisco.
Cruz e Sousa

Amar essa Núbia – vê-la entre véus
translúcidos e florentes grinaldas, Noiva
hesitante, ansiosa, trêmula, tê-la nos
braços como num tálamo puro, por entre
epitalâmios; sentir-lhe a chama dos beijos,
boca contra boca, nervosamente – certo
que é, para um sentimento d’Arte, amar
espiritualmente e carnalmente amar.

Beleza prodigiosa de olhos como pérolas
negras refulgindo no tenebroso cetim do
rosto fino; lábios mádidos, tintos a
sulferino; dentes de esmalte claro; busto
delicado, airoso, talhado em relevo de
bronze florentino, a Núbia lembra, esquisita
e rara, esse lindo âmbar negro, azeviche
da Islândia.
(“Núbia”)

No entanto, amar essa carne deliciosa de
Núbia, ansiar por possuí-la, não constitui
jamais sensação exótica, excentricidade,
fetichismo, aspiração de um ideal abstruso
e triste, gozo efêmero, afinal, de naturezas
amorfas e doentias.

Senti-la como um desejo que domina e
arrasta, querê-la no afeto, para fecundá-lo
e flori-lo, como uma semente d’ouro
germinando em terreno fértil, é querer
possuí-la para a Arte, tê-la como uma
página viva, veemente, da paixão humana,
vibrando e cantando o amor impulsivo e
franco, natural, espontâneo, como a obra
d’arte deve vibrar e cantar
espontaneamente.
Modernismo
Manoel Bandeira

Irene no céu
Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
— Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.

Flores Horizontais
flores da vida
flores brancas de papel,
da vida rubra de bordel,
flores da vida

afogadas nas janelas do luar
carbonizadas de remédios, tapas, pontapés,
escuras flores puras, putas, suicidas,
sentimentais.
Flores horizontais.
Que rezais?
Com Deus me deito.
Com Deus me levanto.
(Oswald de Andrade)
Carlos Drummond de Andrade


A puta
Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora.
Na rua de Baixo
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardendo
E labaredas torram a língua
De quem disser: Eu quero
A puta
Quero a puta quero a puta

Ela arreganha dentes largos
De longe. Na mata do cabelo
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem
parar
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino
O gosto menino
Que nem o menino
Sabe, e quer saber, querendo a puta.
Não quero ser o último a comer-te

Não quero ser o último a comer-te.
Se em tempo não ousei, agora é tarde.
Nem sopra a flama antiga nem beber-te
aplacaria sede que não arde

em minha boca seca de querer-te,
de desejar-te tanto e sem alarde,
fome que não sofria padecer-te
assim pasto de tantos, e eu covarde

a esperar que limpasses toda a gala
que por teu corpo e alma ainda resvala,
e chegasses, intata, renascida,
para travar comigo a luta extrema
que fizesse de toda a nossa vida
um chamejante, universal poema.
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