Sauditas, iraquianos ou argelinos, querem saber mais de Jesus Em França 30 convertidos chegados do Islão pedem à Igreja para acolher e evangelizar os muçulmanos Nas manifestações da Primavera egípcia, muitos mostravam juntos a Cruz e o Corão, mas uma infinidade de muçulmanos carecem de liberdade para escolher Actualizado 23 de Outubro de 2014 P.J.Ginés/ReL Durante o fim-de-semana de 11 e 12 de Outubro teve lugar em França, perto de Lille, um fórum sobre a evangelização dos muçulmanos, organizado pela associação Jeshuah al Masih ("Jesus o Messias"). Segundo informou LeSalonBeige.fr o bispo de Lille proibiu o uso de uma sala paroquial para este encontro, que afinal teve lugar num ginásio de Steenwerck, próximo de Lille. Era o segundo encontro deste tipo em França, e constatou-se um crescimento significativo em relação ao ano anterior: - 200 participantes no Fórum 2014 (100 em 2013), - 12 sacerdotes (2 em 2013), um deles da FSSP (Fraternidade Sacerdotal de São Pedro, ndt) da Bélgica, - 6 religiosas (2 em 2013), - 30 convertidos presentes (10 em 2013), - 19 expositores (10 em 2013), incluindo um do apostolado BNM-La Bonne Nouvelle aux Musulmans (A Boa Nova aos Muçulmanos), - 4 novas distribuidoras de folhetos BNM (de Orange, Nemours, Lille e Bélgica) que se acrescentam aos 60 repartidores de folhetos já activos em toda a França, uma acção da UNEC), - Múltiplos pedidos de testemunhos de conversão por parte de paróquias em França. Algumas coisas que se passam no mundo Uma das principais personalidades no encontro era Joseph Fadelle, iraquiano de uma família aristocrática chiita, convertido ao catolicismo em 1987 e autor do livro O preço a pagar. Fadelle apresentou algumas cifras que mostram que há interesse em países islâmicos pelo cristianismo. Disse que: - 120.000 sauditas abandonaram o islão - 40 famílias sauditas receberam o baptismo; - 4 famílias sauditas viajam uma vez por mês ao estrangeiro para participar na Santa Missa; - 80 famílias iraquianas preparam-se actualmente para receber o baptismo católico; - muitos muçulmanos do Norte de África abandonam o islão, sem converterse de momento ao cristianismo, mas a maioria dos cabilas (povo bérbere que habita Cabilia, região do norte da Argélia, ndt) já se converteu; - cada vez há mais solicitações de baptismo de ex-muçulmanos que vivem em França; - 300 ex-muçulmanos foram baptizados na Vigília Pascal de 2014 em Paris; Joseph Fadelle, autor de "O preço a pagar", esteve no congresso de convertidos vindos do Islão Pelo contrário, 4000 jovens franceses converteram-se ao islão em França em 2014, jovens que não eram em absoluto cristãos. Trata de "despistados espirituais" que caíram nas mãos dos salafistas ou bem que se converteram ao islão depois de casar-se com uma muçulmana ou, no caso delas, com um muçulmano. Alguns exemplos de convertidos e retornados Debaixo do pseudónimo Clotilde Clovis (em alusão a Santa Clotilde, esposa do rei franco convertido Clodoveo) fala e escreve a autora de «Candide au pays d´Allah» (Cândida no país de Alá) explicou neste encontro: «O meu esposo era um homem maravilhoso e fomos muito felizes durante os anos que vivemos juntos em França. Mas quando voltou ao seu país muçulmano, mudou completamente. Já não o reconhecia: deixou crescer a barba, obrigou-me a levar véu, encerrou-me e obrigou-me a submeter-me totalmente, a ele e à sua família... Escapei com os meus filhos, que puderam receber o santo baptismo. Continuo ainda sofrendo». Tomar o avião para poder ir à missa Um marroquino de 60 anos que se converteu ao catolicismo explicou as suas dificuldades para viver a fé. "Ao não poder ir à missa no meu país muçulmano, porque a polícia me vigia, tomo o avião uma vez por mês para ir a Paris e viver a Santa Missa e passar muitas horas na igreja para rezar e admirar a sua beleza. Assombra-me quantos franceses cristãos que vivem ao lado de uma igreja não vão a ela quando começam a soar os sinos!" Outro convertido chamado Michel explicou: “Aos 13 anos contei ao meu professor o meu sofrimento por causa dos maus tratos que me infligia o meu pai muçulmano; para ajudar-me, ensinou-me umas orações católicas que, mais tarde, já era adulto, me levaram ao baptismo". Uma rapariga chamada Hayet, também convertida, contou: “Fui maltratada pelo meu pai e meus irmãos durante anos, até ao dia em que Cristo veio salvar-me. O baptismo curou todas as minhas feridas e sofrimento." "Wu era muçulmana fervente, perto de Meca" Marie-Madeleine, uma convertida que vivia na Arábia Saudita, contou o seu testemunho com mais detalhe. Eu era uma muçulmana fervente, levava o véu, rezava cinco vezes ao dia e como vivia a 60 km de Meca, fiz várias vezes a peregrinação. Vivi um matrimónio misto islâmico-cristão durante 12 anos e cheguei à conclusão de que este tipo de matrimónio, mais que resolver os problemas, os coloca. Este tipo de matrimónio enfrenta numerosos obstáculos, dificuldades, sofrimentos e divisões e pode inclusive fazer perder a fé à parte católica. O demónio não ama dois esposos que se amam, e se não tem a mesma fé católica, ele estará feliz e fará todo o possível para separá-los e fazer que percam a fé. Acompanhando o meu esposo e os meus filhos à santa missa entendi rapidamente que, para que o nosso matrimónio permanecesse unido no amor, era necessário que nós estivéssemos no amor de Deus mesmo, do nosso único Salvador Jesus Cristo o qual, um dia me abraçou forte entre os seus braços perante o Santíssimo exposto na Basílica de Montmartre. O único milagre que fez para mim o meu matrimónio islâmico-cristão foi a minha conversão! Como podem ver, nada é impossível para Deus. Dou-lhe graças por ter-me tirado das trevas e por tudo o que faz por mim. Católica e orgulhosa de sê-lo, sou testemunho todos os dias do que Deus fez por mim. Católicas que se islamizaram... E voltaram Duas francesas de origem católica explicaram como se converteram ao Islão ao casar-se com muçulmanos e como uns meses depois voltaram ao catolicismo e baptizaram os seus filhos. Um sacerdote, o padre Fabrice Loiseau, falou dos seus encontros com jovens que se tinham convertido ao islão através da propaganda salafista (islamita radical). Fala com eles para tentar que entendam a sua cegueira e a gravidade da sua conversão. Outro sacerdote explicou que no seu departamento, Seine et Marne, 77 jovens se converteram ao Islão. Em parte sucede porque se casam com muçulmanos, mas também, disse, "pela pobreza dos cursos de catequese que fazem perder a fé a muitos jovens, que se dirigem então ao islão". Acrescentou que estes jovens são também atraídos pelo calor humano das famílias muçulmanas, que fazem que se sintam bem acolhidos. Outro sacerdote, o padre Guy Pages, explicou a sua evangelização entre muçulmanos em Paris e também na Internet, que dá muito fruto. Recebe mensagens muito animadoras da parte de muçulmanos, também do estrangeiro. Alguns muçulmanos contam que lhes é difícil baptizar-se em territórios islâmicos. Há convertidos ao catolicismo que denunciam que nas paróquias os acolhem mal. Também há católicos tímidos que vêem a sua fé avivada com os vídeos e O padre Guy Pages explica a Boa Nova cristã a pessoas de ori‐ gem muçulmana pela Internet conferências deste sacerdote. "Os muçulmanos são vítimas do Islão" Alguns sacerdotes no encontro declararam: "Não temos nada contra os muçulmanos, que são nossos irmãos; é o Islão o que nós denunciamos. É por caridade e para a sua salvação que devemos evangeliza-los e dizer-lhes a verdade para que saíam da sua cegueira. São eles mesmos as primeiras vítimas do islão, que nem sequer conhecem. Muitos não leram nunca o Corão". Uma paroquiana de Lille estava maravilhada por ver os convertidos de joelhos durante a consagração e a comunhão. Disse ao seu pároco: "Porquê não fazemos o mesmo na nossa igreja?". Ele respondeu-lhe: "Mas, porquê? Podemos adorar de pé". Na Argélia fazem-se evangélicos Alguns sacerdotes e membros da Comunidade de Notre Dame de Kabylie (www.notredamedekabylie.net) explicaram que muitos ex-muçulmanos recebe- ram o baptismo fora da paróquia - frequentemente com um período de catequese muito curto - e foram baptizados em pouco tempo. Um dos sacerdotes foi à Argélia, onde aldeias inteiras se converteram ao cristianismo e as pessoas são baptizadas por cristãos evangélicos porque a Igreja Católica está vigiada e tem medo que lhe tirem as igrejas. Estes aldeãos rezam como podem e pedem que lhes ensinem mais sobre Maria e Jesus, amariam ser católicos. Os delegados da Comunidade Notre Dame de Kabylie insistiram na importância do acolhimento dos convertidos. Há muitos ex-muçulmanos baptizados fora das paróquias, se encontram sós, sem acompanhamento. Há mulheres exmuçulmanas baptizadas cujos esposos muçulmanos, depois de anos, ignoram a sua conversão. Isto é causa de grande sofrimento. Falar aos muçulmanos com doçura Outro sacerdote, o padre Sami, pediu para falar aos muçulmanos com doçura e caridade, já que eles mesmos são vítimas do Islão. Insistiu em distinguir entre islão e muçulmanos. Acrescentou que "muitos estão conscientes da mentira do Islão e conhecem a verdade, mas estão habitados pelo demónio que possui a sua alma e bloqueia a sua vontade. Além disso, o islão é para eles, principalmente, uma identidade, um costume, uma tradição… Estão encerrados nele e nos toca a nós ajudá-los a sair das suas cadeias interior e exterior". Argumentou-se neste encontro que não existe um Islão moderado mas sim existem muçulmanos moderados (a grande maioria dos muçulmanos) que não deveriam ser contados como "verdadeiros muçulmanos" porque não seguem o Corão. São aqueles que não são polígamos e são contrários à perseguição dos não muçulmanos, que são contrários à sharia, etc. Estos «moderados» são como esses cristãos brandos que vão à missa só duas vezes ao ano, no Natal e na Páscoa, que não se confessam, etc... O perigo, disse-se, é que "um dia estes muçulmanos tímidos, quando sejam muitos e estejam pressionados pelos islamitas, nos perseguirão e submeter-se-ão às ordens dos loucos de Alá". Uma fonte de perigo é o retorno a França dos milhares de jovens com documentos franceses que estiveram na Síria e Iraque e ficaram fascinados pelo poder e a violência do Islão armado. Um sacerdote profetizou neste encontro que dentro de 10 anos a Igreja de França se arrependerá de não ter anunciado o evangelho aos muçulmanos. Só havia um muçulmano presente no Fórum, que preferiu permanecer no anonimato, por razões óbvias. A experiência de Joseph Fadelle Joseph Fadelle, cuja história em O preço a pagar cativou milhares de pessoas, contou alguns elementos da sua odisseia como convertido. "Um imã de uma mesquita da região parisiense ameaçou-me de morte", explicou. Também revelou que "um príncipe saudita me contactou desde Londres e me propôs um milhão de dólares com a condição de que voltasse ao islão e o anunciasse ao mundo inteiro através dos meios de comunicação". Outro exemplo de acosso, mas com final feliz: "Durante três anos um saudita insultou-me, humilhou-me e ameaçou de morte; agora, ele está-se preparando para receber o baptismo e anuncia, por sua vez, o Evangelho aos muçulmanos". Fadelle foi duro com o clero católico que dificulta o anúncio do Evangelho aos muçulmanos. «Há que rezar por certos membros do clero, tanto nas baixas como nas altas hierarquias, que estão pouco interessados na evangelização dos muçulmanos, e sobretudo por aqueles que são responsáveis do diálogo islâmico-cristão, que transformam em diálogo de salão quando deveria ser um diálogo de salvação». Também explicou que algumas famílias não trouxeram os seus filhos ao Fórum para protege-los, temendo que a presença de Fadelle os pusesse em perigo. Fadelle também criticou o Catecismo actual (o texto e a forma como se ensina) considerando-o muito "pobre" e pouco eficaz para dar uma boa preparação ao matrimónio e não prevenir sobre os riscos dos matrimónios mistos. (Com informação de Le Salon Beige, a partir da tradução de Helena Faccia Serrano, Alcalá de Henares) in