ROTEIRO MEDIEVAL DE SÃO PEDRO DE PENAFERRIM – SINTRA 12 DE ABRIL DE 2014 – SÁBADO – 15 HORAS ITINERÁRIO - TÚMULO DOS DOIS IRMÃOS - IGREJA DE SÃO PEDRO DE PENAFERRIM - CAPELA DE SÃO LÁZARO - FONTE DE SÃO PEDRO - BANHOS DE SANTA EUFÉMIA - ERMIDA DE SANTA EUFÉMIA - CASTELO DOS MOUROS (Primitiva Igreja de São Pedro) Túmulo dos Dois Irmãos Quem do Ramalhão se dirige para Sintra pela estrada de S. Pedro depara, do lado direito da estrada, em frente ao campo de futebol, com um curioso monumento funerário que a voz popular designa como Túmulo dos Dois Irmãos. Essa designação deve-se, segundo a lenda, ao facto de aí estarem sepultados dois irmãos, tendo um deles, sem o saber e movido pelos ciúmes, assassinado o outro, suicidando-se a seguir, após conhecer a identidade da vítima. Tal como a maioria das lendas, esta pouco ficará a dever à realidade, pois a abertura do túmulo no início do século XVIII revelou a existência de apenas um corpo que, segundo as teses mais plausíveis, embora incomprovadas, pertencerá a D. Luís Coutinho, Bispo de Viseu, mais tarde de Coimbra e depois de Lisboa, e que teria falecido em Sintra, vítima de lepra, em meados do século XV. Contudo, o nome de "Dois Irmãos" é o que prevalece e é apoiado pela singular existência de duas estelas discóides, uma em cada uma das extremidades da arca sepulcral, ambas com o emblema da cruz de Cristo gravado. A tampa tem também gravada uma cruz a todo o seu comprimento. De cabeceira a cabeceira, o túmulo mede 1,7 m e as cabeceiras têm um diâmetro de 35 cm e uma espessura de 20 cm. De referir que a posição atual do túmulo não é a original, pois situava-se inicialmente no cemitério da Gafaria de Sintra (hoje parcialmente ocupado pelo campo de futebol), tendo, devido à abertura da estrada, mudado várias vezes de poiso, até à sua localização actual. A cruz que o encima também é obra recente. Capela de São Lázaro Descrição Esta vetusta capela, sita na Rua Serpa Pinto em São Pedro de Penaferrim, fazia parte integrante da Gafaria de Sintra que existiu no mesmo local. A sua origem remonta, pelo menos, ao início do século XV, tendo sofrido obras mais tarde, por iniciativa da rainha D. Leonor, mulher de D. João II. A comprová-lo poderá o visitante verificar no seu interior, embutidos nas nervuras da abóbada da nave, o pelicano e o camaroeiro, emblemas adaptados por estes reis após a morte trágica do seu filho, o infante D. Afonso. A entrada faz-se por um singelo pórtico manuelino. Igreja de São Pedro de Penaferrim Igreja de fundação medieval, mas alterada no século XVI por iniciativa de D. Álvaro de Castro (1565), tem uma só nave coberta por abóboda artesonada quinhentista e revestida nas paredes laterais de magníficos azulejos azuis e brancos, de oficina lisboeta da primeira metade do século XVIII, representando cenas da vida de S. Pedro. In “http://www.cm-sintra.pt” Lenda de Santa Eufémia (Ermida de Santa Eufémia de Sintra) Fonte: Biblioteca Municipal de Sintra Imagem: quadro da autoria de Fernanda Mattos e Silva A Ermida de Santa Eufémia em Sintra no ano de 1962 "Diz-se que há muitos, muitos anos, na época em que os Bárbaros dominavam o Reino de Portugal, habitava em Sintra uma princesa muito boa e generosa, de nome Eufémia, estando esta apaixonada por um rapaz humilde. O seu pai, que era um rei austero e conservador, sempre foi contra o amor dos dois, e, por imposição deste, os dois apaixonados acabaram por deixar de se encontrar. Entretanto, o rapaz foi atingido por uma doença infecto-contagiosa na pele, que lhe abrangeu todo o corpo. A mãe do rapaz contou o sucedido à boa princesa que ficou desolada. Deste modo, Eufémia levou o seu amado ao alto da Serra de Sintra (hoje em dia onde se situa a capela de Santa Eufémia), ao lugar onde os dois costumavam encontrar-se e lavou-lhe todo o corpo com a água da fonte que ali existia. Aos poucos e poucos, as melhoras eram já visíveis, e em pouco tempo o rapaz ficou curado. Como prova do sucedido, a princesa Eufémia marcou o seu pé numa rocha; ainda hoje é visível a marca do seu pé e esse local foi transformado num oratório. O que sucedeu aos dois apaixonados ninguém sabe, o que se sabe é que a princesa ficou a ser adorada como Santa, a sua pequena imagem lá está na Capela de Santa Eufémia (Ermida de Santa Eufémia) e a água com que curou o rapaz seu amado é ainda por todos considerada como milagrosa." In “http://palacio-de-sintra.blogspot.pt” CASTELO DOS MOUROS Memória descritiva No alto de um cume agreste da Serra, sobranceiro à Vila de Sintra, ergue-se dominador o antiquíssimo Castelo dos Mouros. O primeiro pano de muralhas deste albacar nasce um pouco acima da extinta Igreja Matriz de São Miguel, contornando irregular e vastamente a íngreme montanha. Porém, este troço encontra-se hoje parcialmente destruído. Mais próximo do topo, surge-nos o Castelo propriamente dito, pleno de majestade. Aí erguem-se várias torres, sendo uma delas de feição semicircular, cujo acesso se processa através de cinco degraus de pedra. Devido à irregularidade do terreno, as muralhas do castelo foram, em certas zonas, edificadas sobre grandes penedos graníticos, facto que deveras contribuiu para os acentuados desníveis observados ao longo de todo o trajeto amuralhado, o que obrigou ainda à construção de longos e serpenteantes lanços de escadas. A porta principal da fortaleza inscreve-se num arco de volta perfeita, surgindo logo à esquerda uma cisterna abobadada, também medieval, que se impõe pelas suas dimensões e singularidade arquitetónica. Acerca das origens do denominado Castelo dos Mouros – construído num rochoso pico da agreste serrania, sobranceiro à Vila de Sintra – pouco se sabe. Ainda que alguns autores remontem a sua fundação ao período visigótico, as primeiras provas documentais reportam-se já à época de plena ocupação muçulmana, concretamente ao século XI. Todavia, será lícito concluir que a edificação do Castelo se tenha verificado anteriormente, talvez no século IX. Em 1093, D. Afonso VI, Rei de Leão, tomou Sintra aos muçulmanos; dezasseis anos volvidos, Sigurd, príncipe norueguês, saqueou o castelo dos Mouros, que os muçulmanos entretanto haviam recuperado. Também, por essa altura e por breve tempo, o conde D. Henrique o possuiu. No entanto, em 1147, após a conquista de Lisboa levada a cabo por D. Afonso Henriques, o castelo entregou-se voluntária e definitivamente aos cristãos. D. Afonso Henriques confiou então a guarda da fortaleza a "trinta povoadores", que não eram mais do que uma mera guarnição, aos quais foram concedidos privilégios através de carta de foral, outorgada pelo próprio Rei, em 1154. Foi também para eles que se ergueu, no recinto amuralhado, a primitiva igreja de São Pedro de Canaferrim. No entanto, com o contínuo e firme avanço da Reconquista cristã para Sul, o Castelo dos Mouros foi perdendo a sua importância estratégica. Mais tarde, em inícios da Segunda Dinastia, a consolidação da nacionalidade, a estabilidade social e a reorganização do reino, conduziram ao abandono total da grande fortaleza. Neste contexto, logo nos começos do século XV transferiu-se a paróquia de São Pedro para a nova igreja edificada no termo da Vila. E, nos finais de quatrocentos, apenas habitavam o sítio do castelo alguns judeus, que aí permaneciam, segregados da comunidade, por ordem régia. D. Manuel I extinguiu os "grupo minoritários" e, na sequência dessa atitude, o Castelo dos Mouros despovoou-se por completo. Abandonada, a fortaleza sentiu a implacável passagem do tempo e foi-se arruinando. Estado que se agravou «(...) por causa do terramoto de 1755 (...); a maior parte dos muros deste Castello se demoliu em muitas partes» (Memórias Paroquiais, 1758). No século XIX, D. Fernando II aforou a velha fortaleza e procedeu ao seu restauro integral. In “http://www.cm-sintra.pt”