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O Mundo Muçulmano
O
dossier
temático
“Mundo
Muçulmano”
encontra-se
subdividido em vários assuntos. Inicia-se por uma breve
resenha histórica do nascimento e evolução da Civilização
Muçulmana. A religião é o segundo subtema tratado,
apresentando os princípos doutrinários desta religião e um
breve dicionário do Islamismo. Seguem-se outros subtemas:
“Figuras históricas do Mundo Islâmico”; “Nações Árabes”;
“Notícias do Mundo Islâmico, “Arte Muçulmana” e outros.
ÍNDICE
História da Civilização Muçulmana
Origens
O nascimento do Islamismo
A expansão militar e comercial dos Muçulmanos
Os três califados
A Península Ibérica e a Civilização Muçulmana
Islamismo
Princípios doutrinários do Islamismo
Breve dicionário do Islamismo
O Islamismo na actualidade
Figuras históricas do mundo islâmico
Maomé
Avicena
Averróis
Nações árabes
Afeganistão
Irão
A Mulher no Mundo Muçulmano
Notícias do Mundo Muçulmano
Arte Muçulmana
Arquitectura
Viver segundo a Lei Islâmica
Os Contos das Mil e Uma Noites
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Património Cultural do Mundo Muçulmano
A Matemática que herdamos dos Árabes
Dias santos e festas
Links
Ideias para serem desfeitas
História da Civilização Muçulmana
Origens
A Civilização Muçulmana tem a sua origem na península da Arábia. Este território
era habitado por tribos nómadas e independentes. As suas principais formas de
subsistência eram a pastorícia e o comércio. As travessias pelo deserto em grandes
caravanas eram muito comuns no dia-a-dia dos Árabes. Havia fortes rivalidades
entre as tribos árabes. O assalto às caravanas de tribos rivais é um bom exemplo da
falta de união entre este povo. A actividade comercial possibilitou o desenvolvimento
de cidades, pontos de chegada e partida de rotas caravaneiras. A Península Arábica
era um ponto de passagem no comércio entre a Ásia e a Europa, principalmente, a
zona mediterrânica.
O deserto era o seu principal meio ambiente, local de difícil deslocação e orientação.
As suas viagens eram feitas a camelo e desenvolveram técnicas de orientação pelos
astros. Até ao século VII, os Árabes eram politeístas, tendo cada tribo os seus
deuses.
O Mundo Árabe deste período não tinha unidade política, nem unidade religiosa.
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O nascimento do Islamismo
No século VII, Maomé, um caravaneiro que já conhecia religiões monoteístas, o
Cristianismo e o Judaísmo, fundou uma nova religião monoteísta, o Islamismo.
Dizia-se enviado de Alá, ou seja, o deus único, começando a pregar esta nova
religião na sua terra natal, Meca, por volta de 610. No entanto, esta nova religião
não foi bem aceite pelos ricos mercadores da cidade, facto que provocou a sua fuga
(hégira) para Medina, em 622. Este acontecimento marca o início da era muçulmana
(ano 622).
O Islamismo conquistou progressivamente mais crentes e Maomé regressou a
Meca, em 630, depois de ter reunido um grupo de seguidores. Meca tornou-se,
então, o centro da nova religião e Medina a capital do Islão.
(Ver princípios do Islamismo no ponto 1.2. - Islamismo)
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A expansão militar e comercial dos Muçulmanos
Após a morte de Maomé, os Muçulmanos desenvolveram uma expansão militar
entre os séculos VII e VIII, em nome do Islamismo. Em cerca de um século, os
sucessores de Maomé, os califas, empreenderam a Guerra Santa. Os Muçulmanos
eram obrigados a difundir o Islamismo e a lutar contra os seus inimigos. Foi na
sequência destas ideais que os Muçulmanos formaram um verdadeiro império com
conquistas de territórios desde o Indo a Gibraltar e à Península Ibérica, desde o mar
Cáspio até ao deserto do Sara.
Acompanhando a expansão militar, os Muçulmanos também criaram um verdadeiro
império comercial. Estabeleciam rotas comerciais entre o Mediterrâneo e o Oriente.
Rotas como a rota da seda, que culminava na China e a rota das especiarias que
atingia a Índia e o Extremo Oriente pelo mar Vermelho e Golfo Pérsico. Eram rotas
terrestres e marítimas que trocavam uma grande variedade de produtos. O dinar era
o principal meio de pagamento.
O Mundo islâmico dominou as principais rotas comerciais mundiais até ao século XV
com as rotas caravaneiras da Ásia Central, as rotas marítimas do mar Vermelho e
Golfo Pérsico, a rota fluvial do Nilo e a rota mediterrânea.
Desta forma, a expansão muçulmana revestiu-se de características militares com a
Guerra Santa e económicas com a expansão comercial.
Os povos conquistados pelos Árabes foram sendo progressivamente islamizados,
embora os primeiros califas não tenham obrigado à conversão dos povos
conquistados ao Islamismo. Contudo, a conversão ao Islamismo tornou-se cada vez
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maior e os povos convertidos irão participar do movimento expansionista
muçulmano.
Este império transferiu a sua capital para Damasco, em 661, na Síria e em 762, uma
nova transferência para Bagdade, com uma nova dinastia de califas.
A partir do século IX, a unidade política do Império é abalada com a independência
de muitas províncias em relação à capital. O Império era demasiado amplo para
poder conservar a sua unidade política. O Império encontrou-se dividido em três
califados, o califado de Córdova, o califado do Egipto e o califado de Bagdade.
Os três califados
“Ao longo do século X, a unidade religiosa sob as ordens de um califa virá a quebrarse; lugares-tenentes do Profeta reinam em Bagdade, Cairo e Córdova. Seitas
diversas atraem a energia espiritual e justificam as revoltas sociais. Graves tensões
desequilibram a sociedade; a mesma cultura, ao aceitar de modo crescente as
contribuições originais de cada região, configura-se de modo diverso de um extremo
ao outro do Islão. (...) Separados por milhares de quilómetros, num esforço quase
simultâneo, seljúcidas e almorávidas não chegam a tomar consciência da sua
similitude. E ao ignorarem-se mutuamente, Oriente e Ocidente muçulmanos
separam-se cada vez mais. (...)
Movendo-se em esferas diferentes e cada vez mais particularistas, cada um deles,
abbássidas de Bagdade, fatimidas do Cairo e omíadas de Córdova são em si
próprios Estados de respeitável extensão, sólida economia e brilhante civilização. A
vinculação minimamente colectiva a um conjunto de condições históricas permite,
todavia, a existência de traços comuns, perante a crescente penetração de
tendências originais, díspares.
Os elementos comuns tem na base de todos eles a adesão a uma mesma fé. A
crença expressa e transmitida num idioma concreto, o Árabe, favorece a sua
expansão e aperfeiçoamento. (...) Também a mesquita, que conhece uma situação
semelhante por todo o espaço geográfico por onde se propaga. (...) Os seus traços
essenciais realçamos mais uma vez: comércio de nível transcontinental, capaz de
pôr em contacto áreas de produção afastadíssimas e estranhas, com toda a sua
troca e transferência de produtos, matérias-primas e produtos manufacturados;
civilização de núcleos urbanos e encruzilhadas de transacções mercantis, filosóficas,
religiosas e artísticas; isto é, de comércio e vida urbana. Juntamente com estes,
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podem-se assinalar outros elementos, também comuns ao Islão medieval, cujo
conhecimento nos chega através da arte e da literatura.”
Adaptado de Grande História Universal, vol. XII, Ediclube.
O califado do Cairo tem a sua origem no ano 969, depois do triunfo de um exército
berbere saído de Cairuã, onde se encontravam ismaelitas que vinham a minar as
bases do califado abbássida desde finais do século IX. Apoderam-se da Palestina e
de Damasco, formando o califado fatimida.
“Doutrina, proselitismo e êxitos militares, mas também administração política sagaz,
sólida propseridade económica e alto nível intelectual e artístico. Tudo isto é obra
dos fatimidas, quando, despojados das suas veleidades revolucionárias e zelo
messiânico, se empenham em conferir viabilidade política ao seu Estado, instalado
sem disputas no Egipto, Palestina e em parte da Arábia. O Cairo converte-se então
numa encruzilhada económica do mundo mediterrâneo e oriental (...). Cosmopolita e
acolhedor, o califado usa de uma tolerância não discriminatória para com Judeus e
Cristãos, o que não exclui temporárias e brutais perseguições, como as
experimentadas entre 1007 e 1014, que conduzem à destruição da igreja do Santo
Sepulcro de Jerusalém.”
Adaptado de Grande História Universal, vol. XII, Ediclube.
Progressivamente, os califas fatimidas foram perdendo a sua autoridade e viveram
revoltas palacianas, que geraram um movimento de descontentamento e
separatismo. A acrescer a tudo isto, depois de 1050, bandos de beduínos selvagens
do Alto Egipto invadem o Egipto e desvastam-no numa grande violência. Campos
devastados, cidades dispersas acabou por resultar na fragmentação do território em
pequenos principados.
O Califado de Córdova foi criado por Abd al-Rahman III, em 929. Apresentou uma
grande tolerância interna; desenvolvida rede comercial assente em florescentes
cidades; actividade intelectual e artística notável e sólida administração política. O
sucessor do 1º califa omíada foi Almansor que realizou fortes investidas contra os
cristãos. Após a morte de Almansor, em 1002, rapidamente a unidade do califado
desmoronou-se devido à crise política entre os berberes e os eslavos, grupos que
haviam participado nos exércitos de Almansor. Em 1031 foi o fim do califado de
Córdova com a fragmentação do Al-Andaluz em pequenos estados, os chamados
reinos das taifas, uns berberes, outros eslavos e outros ainda andaluzes.
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Pretendiam cada um destes grupos renascer a unidade califal e, para isso,
reconheciam a dinastia abbássida.
O Califado de Bagdade, abbássida foi perdendo autoridade. “Símbolo puramente
religiosos, o califa, desde 945, que não conseguia tornar efectiva a mais pequena
sombra de autoridade. (...) Os Turcos apoderam-se de Bagdade em 1055. A família
persa dos buyies passou a exercer a autoridade; bem depressa ao califa não restará
senão o direito de cunhar moeda e o prazer de ouvir o seu nome na oração solene
das Sextas-feiras. (...) Os verdadeiros governantes, os buyies, assumem o título de
sultões, sinal de soberania secular. Quanto à religiosa, continua nas mãos dosa
califas, mas tão precária que os seus ministros nem sequer são ortodoxos, mas
xiitas. (...) A própria economia irá ressentir-se, no decurso do século XI, da falta de
uma organização central do Império. O tráfico de longa distância começa a diminuir,
quando não a desaparecer; a escassez de metais preciosos asfixia a vida
económica de um império cuja natureza comercial se vai perdendo. (...)”
Adaptado de Grande História Universal, vol. XII, Ediclube.
A desconfiança dos califas para com as suas guardas pessoais, assente até então
nos Árabes e Persas, provocou o recrutamento de turcos nómadas oirundas do
Oriente, sendo a mais numerosa a dos seljúcidas. Receberam a conversão sunita
dos missionários de Bagdade e desenvolveram uma guerra santa contra os
heréticos xiitas, ou seja, os fatimidas do Cairo e os buyies de Bagdade. A pesar do
califa ser o governante religioso e os seljúcidas governam desde 1055. Foi nesta
data que se apoderaram de Bagdade.
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A Península Ibérica e a Civilização Muçulmana
“Tendo entrado no ano 711 pelo estreito de Gibraltar, os Muçulmanos subjugaram a
reino visigótico e, em poucos anos, conquistaram toda a Península Ibérica, com
excepção da região das Astúrias, onde os Cristãos organizaram a resistência.
Os Muçulmanos ainda tentaram conquistar o reino franco. Passando os Pirinéus no
ano 732, chegaram a Poitiers, mas aí foram derrotados por Carlos Martel e
obrigados a recuar para Península Ibérica.
A resistência dos cristãos à ocupação muçulmana transformou-se no movimento da
Reconquista. Iniciando-se nas Astúrias, com o lendário rei Pelágio, a Reconquista foi
simultaneamente um movimento militar e religioso de luta entre Cristãos e
Muçulmanos. Apoiado pela Santa Sé e pelos reinos cristãos da Europa, a partir do
século XI integrou-se no movimento das cruzadas.”
Fonte: Pedro Almiro Neves, Cristina Maia, Dalila Baptista – Clube de História 7, Porto Editora.
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Islamismo:
Princípios doutrinários do Islamismo
A doutrina islâmica assenta em dogmas muito simples, facto que possibilitou a sua
rápida difusão. Os princípios doutrinários desta religião encontram-se definidos no
Corão ou Alcorão, o livro sagrado dos Muçulmanos. Os pilares do Corão são os
seguintes: crença em Alá, deus único, e em Maomé, seu profeta; Oração cinco
vezes ao dia, e segundo certos rituais; o jejum nos 40 dias do Ramadão (9º mês
lunar árabe); a esmola aos pobres e a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na
vida.
O Corão para além de definir os mandamentos religiosos, também define regras
sociais, de comportamento e de costumes. Actualmente, existem grupos de
fundamentalistas islâmicos que interpretam o Corão como um código ou uma
constituição política.
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Breve dicionário do Islamismo
"abd" (plural "ibad" ou "abid") — Palavra que significa escravo, servo
(de Deus). No plural, "abid", é frequentemente usado para designar
"escravos", enquanto "ibad" é usado para servos (de Deus). "Al-Ibad"
significa "humanidade", embora o Corão use o plural "ibad" para
escravos. "Abd" é também usado nos nomes próprios. Exemplo: Abd
al-Rahman (Servo de Deus Misericordioso).
Aga Khan — A palavra "Agha" foi usada em turco para designar
"chefe"; mas também era usada para indicar eunucos ao serviço do
governo. A palavra era ainda utilizada em persa com significado
semelhante, mas frequentemente soletrada como "Aqa". "Khan" era
uma palavra turca e persa que significava "chefe" ou "senhor". A
combinação das duas num único título foi adoptada pelos imãs dos
nizaris, uma seita dos ismailitas. O título foi instaurado pelo Xá da
Pérsia em 1818.
Ahmadiyya — Um movimento religioso (com representação em
Portugal) fundado em 1889 por Mirza Ghulam Ahmad Qadiyan (18351908). O Ahmadiyya tem sido frequentemente perseguido por outros
muçulmanos desde que Ghulam Ahmad alegou ser o Mahdi, ou o
Prometido Messias. Os ahmadis acreditam que Jesus ressuscitou da
morte na cruz e foi para Srinagar (Índia) onde morreu e foi enterrado.
O Ahmadiyya dividiu-se em dois grupos: os qadiyanis, que
acreditavam em Ghulam Ahmad como um Nabi (Profeta), e os lahoris,
que acreditavam ser o seu fundador um Mujadid (Renovador). A sede
do Ahmadiyya funciona em Rabwah (Paquistão).
Alá — Esta palavra é formada do árabe "al-Ilah" que significa,
literalmente, "Deus".
alauitas e alevitas — Membros de um grupo também designado
nusayris, ou aqueles que seguem Ali Abu Talib. O nome nusayris
deriva de um dos seus primeiros líderes, Muhammad Nusayr (século
XIX). As suas crenças têm muito em comum com as dos ismailitas.
Há nusayris na Síria, na Turquia e no Líbano. Na Turquia são também
conhecidos como alevitas.
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Al-Azhar — Literalmente "O Brilhante" ou "O Radiante". O nome
completo é al-Jami al-Azhar (A Mesquita Radiante). É o título da mais
famosa universidade e mesquita, fundada pela dinastia xiita dos
fatimidas no Cairo depois de conquistar o Egipto em 969. Foi criada
inicialmente como um bastião da doutrina ismailita, mas tornou-se um
reduto da ortodoxia sunita com os ayúbidas (dinastia que precedeu os
mamelucos e cujo nome deriva do curdo Ayyub, pai do famoso
Saladino).
"Allahu Akbar" — Deus é grande (declaração ou expressão de
elogio e glorificação).
Al-Quds — Nome árabe de Jerusalém, que significa "A Sagrada". É
venerada como a terceira cidade santa do islão, depois de Meca e
Medina (na Arábia Saudita), porque o profeta Maomé, acreditam os
muçulmanos, ascendeu daqui aos Sete Céus.
Amal — Significa Esperança e é também o nome adoptado por um
grupo xiita no Líbano, fundado em 1974 pelo imã Musa al-Sadr, que
desapareceu em 1978, na Líbia.
Ashura — O décimo dia do mês muçulmano de al-Muharram. O
profeta Maomé costumava jejuar neste dia e por isso ainda hoje é
considerado um dia santo e de jejum pelos muçulmanos sunitas. Para
os xiitas é particularmente sagrado por ser o aniversário do martírio
de al-Hussein Ali na Batalha de Kerbala.
Assassinos — Seita medieval extremista dos nizaris, um ramo dos
ismailitas, que aprovava os assassínios políticos. Fundada por Hasani-Sabbah, tinha o seu quartel-general na fortaleza de Alamut. O nome
árabe de onde derivou a palavra Assassino é "hashishiyyin"
(literalmente, os "consumidores de haxixe"), talvez um insulto dirigido
ao grupo, mais do que uma reflexão dos seus verdadeiros hábitos.
"ayatollah" — Literalmente, "O Sinal de Deus". É um título atribuído
no século XX por aclamação popular e pelos seus pares aos
académicos xiitas que alcançaram eminência, geralmente no campo
da jurisprudência ou da teologia islâmica. Depois da revolução
iraniana de 1979 aumentou o número dos que se consideram
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"ayatollahs". No entanto, um pequeno número — talvez menos do que
dez — também ostenta o título de Ayatollah al-Uzma (O Maior Sinal
de Deus). Destes, o mais conhecido era o "ayatollah "Khomeini, que
também detinha o título de Maraji al-Taqlid (Fonte de Imitação). O
grau abaixo de um vulgar "ayatollah" é Hujjat I-Islam.
babismo — Movimento que deriva de "Bab" (literalmente "Porta" para
o Imã Oculto), título assumido em 1844 por Mirza Alu Muhammad
(1819-1850), de Shiraz (Irão), que acabou executado pelos seus fiéis.
Da seita babi nasceram posteriormente os "baha’is".
"baha’is" — Membros de uma nova religião que deriva do babismo,
fundado por Baha’ullah (nascido de uma família aristocrática de
Teerão) e propagada pelo seu filho Abd al-Baha. Acreditam num deus
transcendente que se manifestou através de uma cadeia de profetas,
alguns dos quais familiares ao judaísmo, cristianismo e islamismo, e
com poderes de verdade intrínseca. São um ramo de um ramo de um
ramo dos Ithna ’Asharis (xiitas), e por isso têm sido considerados
hereges pelos muçulmanos, sujeitos a perseguições e execuções.
"burqu’", em árabe (plural "baraqi"); "burqa’" (em persa) — O longo
véu que cobre a maior parte do corpo das mulheres muçulmanas,
excepto os olhos.
califa (em árabe "khalifa"; plural "khulufa") — Chefe da comunidade
dos crentes. A palavra árabe nos primórdios da história islâmica
significa, literalmente, "sucessor" ou "adjunto" (do profeta Maomé).
Este cargo (do islão sunita) combinava, teoricamente, uma função
espiritual e secular, embora, na prática, sob dinastias como a dos
Omíadas, a função secular suplantasse a espiritual.
"chador" — Vocábulo persa que designa a longa túnica e o véu
negros que cobrem todo o corpo feminino. É usado no Irão e em
vários países árabes.
Corão (em árabe Qur’an) — Significa literalmente "Recitação". É o
livro mais sagrado do islão, considerado pelos muçulmanos a palavra
de Deus revelada pelo anjo Gabriel ao profeta Maomé. O texto
consiste em 114 capítulos, cada um designado "sura" (em árabe).
Cada "sura" é classificado segundo a proveniência — Meca ou de
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Medina, as cidades onde Maomé recebeu as revelações divinas — e
cada uma está dividida em versículos.
Dar al-Harb — Significa, literalmente, a Casa da Guerra. É uma
expressão usada na lei islâmica para designar regiões ou países não
muçulmanos.
Dar al-Islam — Literalmente, a Casa do Islão. É um termo usado na
jurisprudência islâmica para indicar a totalidade das regiões ou países
sujeitos às leis muçulmanas. Contrasta com Dar al-Harb, mas há uma
terceira área chamada Dar al-Aman (Casa da Segurança).
druso (em árabe "durzi" — plural "duruz") — Seguidor de uma seita
religiosa dissidente dos ismailitas, que apareceu no século XI, no
Egipto. A palavra druso deriva do último elemento do nome próprio de
Muhammad Ismail a-Darazi. Este, considerado um dos fundadores
dos drusos, pregava que o sexto califa fatimida, al-Hakim Bi-Amr
Allah, era divino. Al-Hakim desapareceu em circunstâncias
misteriosas em 1021 e os drusos acreditam que não morreu. A sua
doutrina é muito complexa e secreta. É também elitista na
organização, dividindo os crentes em "’uqqal", ou inteligentes, e
"juhhal", ou ignorantes. Os drusos estão concentrados no Líbano,
Síria e Israel.
"fatwa" (plural "fatawa") — Termo técnico usado na lei islâmica para
indicar um julgamento ou uma deliberação legal formal.
"fiqh" — No seu sentido técnico, a palavra significa "jurisprudência
islâmica". Originalmente, era sinónimo de "compreensão" ou
"conhecimento". A jurisprudência islâmica baseia-se ou divide-se em
quatro principais escolas: hanafita, hanbalita, maliquita e shafita. Os
kharijitas e os xiitas têm os seus próprios sistemas de jurisprudência.
fundamentalismo (islâmico) — Na sua essência, esta expressão
parece indicar o desejo de regresso a um islão "ideal", talvez o da era
de Rashidun (epíteto aplicado aos quatro "Califas Correctamente
Guiados" — al-Khulufa al-Rashidun, que governaram a comunidade
dos crentes após a morte do profeta Maomé, ou seja, Abu Bakr, Umar
al-Khattan, Uthman Affan e Ali Abi Talib. Muitos fundamentalistas
islâmicos acreditam que o islão da era moderna e os chamados
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"Estados islâmicos" foram corrompidos. Desejam regressar ao
"verdadeiro" islão, sem qualquer compromissos com o secularismo, o
que frequentemente gera hostilidade em relação ao Ocidente.
"hajj" (plural "hajjat") — Peregrinação. Este é um dos cinco "arkan"
(pilares) do islão. Todos os muçulmanos, desde que satisfeitas as
condições de boa saúde e capacidade financeira, são obrigados a
fazer a peregrinação a Meca pelo menos uma vez na vida. O "hajj"
deve ser efectuado no Mês da Peregrinação (Dhu ’lHijja), ou seja, no
último mês do calendário lunar muçulmano, entre o oitavo e o 12º ou
13º dia.
"hijab" — Véu usado por muitas mulheres muçulmanas. Nem sempre
é símbolo de adesão ao fundamentalismo islâmico, mas apenas sinal
de respeito por uma tradição de modéstia feminina.
Hezbollah (em árabe Hizb Allah) — Nome que tem origem em duas
"suras" do Corão e significa Partido de Deus. Foi adoptado por um
movimento xiita fundado em 1982, no Líbano, pelos Guardas
Revolucionários iranianos.
"hojatoleslam" (em árabe e persa "hujjat ’l-Islam") — Grau de um
futuro "mujtahid" (teólogo), abaixo de "ayatollah", no Irão. A
designação significa, literalmente, "A Prova do Islão".
ibaditas — Membros da seita dos kharijitas, devem o seu nome ao
seu alegado fundador Abd Allah Ibad, um líder kharijita do século VII.
Os ibaditas, que representam uma facção moderada do islão, vivem
actualmente no sultanato de Omã (Golfo Pérsico), na África Oriental e
do Norte.
imã (em árabe "imam"; plural "a’imma") — Palavra que designa uma
variedade de conotações, cada uma delas necessitando de ser
cuidadosamente distinguida: 1) Derivando do vocábulo árabe que
quer dizer "chefiar" ou "conduzir a oração", imã tem o primeiro
significado de líder da prece. O islão não tem padres e, por isso, o
imã responsável da mesquita não é ordenado. No entanto, qualquer
homem muçulmano pode dirigir a oração na ausência do imã da
mesquita; 2) Os primeiros doze líderes dos Ithna ’Asharis, ou Doze
Xiitas, são referidos como Doze Imãs; 3) Os ismailitas reconhecem os
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sete primeiros imãs e o conceito de imã desempenha um papel-chave
nas complexas doutrinas do ismailismo; 4) Nos primórdios da história
islâmica, o título imã estava associado ao de califa; 5) Tem sido
usado simplesmente como título de respeito, por exemplo, pelo
falecido Khomeini, que preferia ser tratado por imã e não por
"ayatollah". Nesse caso refere-se o Imã Khomeini.
"In Sha’a Allah" — Expressão corrente árabe que significa "Se Deus
quiser"; deu origem ao português "oxalá".
Irmandade Muçulmana ou Irmãos Muçulmanos (em árabe alIkhwan al-Muslimun) — Organização fundada por Hassan al-Banna,
em 1928, no Egipto. Advoga o regresso ao verdadeiro islão, opõe-se
veementemente ao "imperialismo ocidental" e tem como objectivo o
estabelecimento de um Estado islâmico puro. A Irmandade foi
proibida pelo Governo egípcio em 1954, mas tem desde então
funcionado na clandestinidade, com ramos espalhados por vários
países árabes. O principal ideólogo da Irmandade, defensor da luta
armada para derrubar "regimes ímpios", foi Sayyid Qutb, executado
pelo Presidente Gamal Abdel Nasser em 1966. A sua obra mais
notável, referência para os fundamentalistas, é "Sinais na Estrada",
publicada nos anos 50, onde a sociedade é dividida em "ordem
ignorante" e "ordem islâmica".
islão — Palavra que significa literalmente "submissão" (à vontade de
Deus). É o nome de uma das grandes religiões monoteístas, fundada
pelo profeta Maomé no século VII d.C.
ismailitas (Isma’iliyya) — Seguidores de um ramo do islão que deve
o seu nome a Ismail, o filho mais velho de Ja’far al-Sadiq. Os
membros desta seita também se designam sétimos (porque
reconhecem os sete principais imãs depois da morte do profeta
Maomé) e "batiniyya" (devido à sua ênfase na exegese de "batin" ou
interpretação). A teologia dos ismailitas caracteriza-se por uma teoria
cíclica da história centrada no número sete, número que assume um
importante significado na crença de Ismail e na cosmologia. Hoje, os
ismailitas estão espalhados pelo mundo inteiro (incluindo Portugal),
mas concentram-se sobretudo no subcontinente indiano e na África
Oriental.
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"jihad" — Vulgarmente traduzida como "guerra santa". O vocábulo
tem o significado original, em árabe, de "combater". Alguns grupos
consideram-na o sexto pilar do islão, por exemplo, os kharijitas e os
ibaditas. A explicação mais aceitável é a de que todos os
muçulmanos são obrigados a travar uma "jihad" espiritual contra os
seus próprios pecados.
kharijitas — Membros de uma primeira seita islâmica, com origens
obscuras mas que pode ser reconstruída do seguinte modo: o nome,
em árabe "khawarij", significa "os que cindiram" (do grupo de Ali Abu
Talib); deriva do verbo árabe "kharaja" (sair ou cindir). A primeira
secessão foi a de um grupo de soldados de Ali na Batalha de Siffin,
que rejeitavam qualquer forma de arbitragem alegando que o juízo
final pertence a Deus. A eles juntaram-se mais tarde outros
dissidentes e foram este que deram aos kharijitas o seu nome. O
kharijismo, cujas crenças não são uniformes, dividem-se em várias
subseitas, algumas fanáticas e exclusivistas. Os descendentes
modernos dos kharijitas são os ibaditas.
Khomeini (Aytollah Ruhollah, 1902-1989) — Líder espiritual do Irão
depois da revolução de 1978-79 e principal obreiro da doutrina do
"governo do jurista" ("vilayat-i faqih", em persa; "velayat-l-faqih", em
árabe) ou "líder supremo" — poder temporal e espiritual. É esta
doutrina que legitima o poder temporal dos religiosos em Teerão.
"madrasa" (plural "madaris") — Escola ou lugar de ensino,
frequentemente ligada ou associada a uma mesquita.
(al-) Mahdi — Literalmente, "aquele que é correctamente guiado". O
Mahdi é uma figura de profundo significado escatológico no islão e um
título frequentemente reclamado por vários líderes na história
islâmica. O seu poder justo é prenúncio da aproximação do fim dos
tempos. Sunitas e xiitas aderem à crença no Mahdi, embora o xiismo
tenha desenvolvido uma doutrina mais profunda.
"majlis" (plural "majalis") — Lugar de encontro ou assembleia. A
palavra sofreu consideráveis desenvolvimentos sócio-históricos e hoje
é usada para designar a espécie de "parlamentos" existentes em
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alguns países árabes e no Irão. Referido ao Irão deve escrever-se em
caixa alta, pois faz parte do nome do parlamento.
Maraji al-Taqlid (singular Marji’ al-Taqlid) — Fontes de Imitação. Este
é um epíteto que caracteriza os "ayatollahs" com a patente de
Ayatollah al-Uzma. Um único ou supremo Marji’ chama-se Marji’ alTaqlid al-Mutlaq. Este título era usado por Khomeini no Irão, mas o
seu sucessor, Ali Khamenei, ainda não conseguiu ser aclamado como
tal.
Meca (em árabe Makka) — É a cidade mais sagrada do islão, cuja
história está intrinsecamente ligada ao profeta Maomé. Situa-se na
Arábia Saudita.
Medina (em árabe al-Madina) — Significa "A Cidade". É também
frequentemente caracterizada pelo epíteto al-Munawwara (A
Radiante). É o segundo santuário do islão e situa-se, tal como Meca,
na Arábia Saudita.
muezim (em árabe "mu’adhdhin") — A pessoa que chama os fiéis
para a oração ("adhan") a partir do minarete de uma mesquita. O
primeiro "mu’adhdhin" foi Bilal Rabah, nomeado pelo profeta Maomé.
mufti — Aquele que emite ou está qualificado para emitir uma
"fatwa". Pode ou não ter o título de "qadi" (juiz). O mufti serve de
ponte entre a pura jurisprudência e o islão actual.
"mullah" — Palavra derivada do árabe "mawla", que significa
"mestre". É usada como título de respeito por figuras religiosas e
juristas, no Irão e noutras partes da Ásia.
nizaris — Membros da seita dos ismailitas, que consideram Nizar, o
filho mais velho do califa fatimida al-Mustansir, o seu sucessor.
nusayritas — Membros de um grupo também designado alauitas,
que seguem Ali Abu Talib. O nome nusayritas deriva de Muhammad
Nusayr, líder muçulmano do século XIX. As suas crenças têm muito
em comum com os ismailitas. Há nusayritas na Síria, Turquia e
Líbano. Na Turquia são conhecidos como alevitas.
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Ramadão — O nono mês do calendário lunar islâmico e também mês
de jejum, do nascer ao pôr do sol.
"shura" — Palavra árabe que significa consulta, conselho, órgão
consultivo. Em alguns países é o equivalente a um "parlamento" sem
poderes. Escreve-se am caixa alta quando faz parte do nome.
"suna"— Literalmente, este termo significa "caminho percorrido", mas
de "prática habitual" passou a indicar palavras e actos específicos do
profeta Maomé.
sunita — Aquele que adere à "suna" ou às acções do profeta Maomé.
A palavra é usada para designar o ramo maioritário do islão.
"sura" (plural "suwar") — Capítulo do Corão, cada um dividido em
vários versículos.
"ulema" (singular "‘alim") — Professores religiosos, juristas, sábios,
imãs, juízes, "ayatollahs"... São geralmente referidos como um grupo
monolítico de intelectuais e académicos, guardiões da "ortodoxia". A
palavra nunca deve ser traduzida por clero, porque essa categoria
não existe no islão.
"umma" — Comunidade (dos crentes muçulmanos), povo, nação.
wahhabitas (em árabe "wahhabiyya") — Seguidores da doutrina
rigidamente puritana de Ibn Abd al-Wahhab, que rege o reino da
Arábia Saudita.
xiita (em árabe "shi’a")— Partidário de Ali Abu Talib. Os xiitas
escolheram Ali, o genro de Maomé, como sucessor do profeta,
enquanto os sunitas preferiram Abu Bakr, um dos seus primeiros
companheiros e convertidos. Para os xiitas, o imã é mais poderoso do
que o califa sunita. Os dois ramos distinguem-se ainda em questões
jurídicas e nos rituais.
[Dados extraídos e adaptados de "A Popular Dictionary of Islam", de Ian Richardson Netton,
Ed. Curzon Press, Londres, 1992, pelo Jornal Público, Novembro de 2001]
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O Islamismo na actualidade
“O Islamismo é uma religião com cerca de 1 bilião de seguidores no mundo,
com populações estabelecidas em todos os continentes habitados do planeta.
Um século após o seu aparecimento na Península Arábica, no século VII da
era cristã, podiam encontrar-se comunidades muçulmanas a viver na Ásia, na
África e na Europa. Foi através dos centros de estudo islâmicos e do trabalho
dos eruditos muçulmanos que muito do pensamento grego chegou à Europa
cristã. Os cientistas muçulmanos contribuíram grandemente para o avanço da
ciência, por exemplo, através da introdução do sistema algébrico, do número
zero, e das órbitas elípticas na astronomia. A importância dos muçulmanos
no desenvolvimento da cultura mediterrânica ocidental pode detectar-se em
algumas palavras de origem árabe que fazem parte do inglês actual (e de que
existem bastante mais exemplos em espanhol e português): álgebra, arroz,
almirante... Uma característica notável da história islâmica é o facto de que,
com apenas uma única excepção significativa, todas as terras onde o
Islamismo se espalhou permaneceram muçulmanas até aos dias de hoje. A
excepção são Espanha e Portugal, onde o longo processo da reconquista
cristã. a que se seguiu a Inquisição, levou à erradicação sistemática da
população muçulmana da região. Mesmo assim. quando o édito para a
expulsão final dos muçulmanos e dos judeus foi decretado, em 1619 (127
anos após o final da Reconquista, em 1492), cerca de dois milhões de
muçulmanos fugiram do reino de Castela, o que revela até que ponto o
Islamismo se tinha integrado na vida espanhola. O Islamismo continua a ser a
religião maioritária em países tão diversos como Marrocos, a ocidente, a
Indonésia, a oriente, e do Senegal, no sul, ao Cazaquistão, no norte. Em
cada um destes países o Islamismo é praticado de uma forma diferente,
sendo estas diferenças particularmente evidentes no modo como as pessoas
se vestem e nos costumes que rodeiam acontecimentos da vida como o
nascimento e o casamento. É assim que os muçulmanos bósnios vivem a sua
vida com costumes que têm mais a ver com os dos seus vizinhos cristãos do
que com os dos muçulmanos do Paquistão, e que os muçulmanos da
Indonésia incorporaram muitos elementos da mitologia hindu na sua vida
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religiosa. Noutras partes do mundo, os costumes muçulmanos locais
reflectem a necessidade que os muçulmanos sentem de se diferenciarem dos
seus vizinhos não-muçulmanos. Por exemplo, os muçulmanos indianos
comem determinados alimentos e evitam usar certas cores e flores durante
os seus casamentos com o fim específico de manterem as diferenças que os
distinguem da maioria hindu. É, portanto, possível falar em numerosas
«linhas de fractura» de identidade ao longo das quais se podem diferenciar
os muçulmanos, sendo estas linhas a língua, a etnia, a raça, a nacionalidade,
o sexo, as atitudes em relação ao mundo moderno, a experiência com o
colonialismo, a idade, o estatuto económico, a classe social, a identidade
sectária, etc. Qualquer afirmação acerca das crenças muçulmanas que se
reivindique universal acabará inevitavelmente por ser refutada pela existência
de excepções algures no mundo muçulmano.”
Fonte: ELIAS, Jamal J. – Islamismo, Ed. 70, 1999.
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Figuras históricas do mundo islâmico
Maomé (570?-632)
Profeta islâmico, Maomé sentiu-se chamado por Alá a pregar a sua revelação em
Meca, onde encontrou fortes obstáculos. Deslocou-se, com alguns companheiros,
para a cidade vizinha de Medina, onde conseguiu impor-se aos seus adversários.
Desta forma, conseguiu entrar vitorioso em Meca, dois anos antes da sua morte. A
herança político-religiosa de Maomé foi recolhida pelos Califas e a sua vida tornada
legendária e apresentada como modelo e exemplo. O nome de Maomé é invocado
na profissão de fé dos muçulmanos, que diz: "não há outro deus senão Alá e Maomé
é o seu profeta".
Avicena (980-1037)
Médico e filósofo muçulmano, Abu ' Alí al-Husayn ibn Sínã, era filho de uma família
de altos funcionários iranianos de origem turca, tendo recebido uma educação
baseada no enciclopedismo. Foi autor de uma obra enciclopédica, sendo
considerado um intelectual medieval, em que as suas ideias tiveram uma enorme
autoridade na medicina até aos tempos modernos. A sua principal obra foi Canône
de Medicina, escrita a partir do legado de Galeno, um médico grego do século I d.
C., foi traduzida para latim no século XII e reeditada em várias ocasiões, sendo
mesmo uma das bases do ensino da medicina até ao século XVII. Era intitulado
como sendo autor de duzentas e cinquenta obras, em árabe e persa. Como filósofo,
no mundo muçulmano, procurou um conhecimento intelectual e intuitivo, tratando de
conciliar o dogma do
Corão com o racionalismo aristotélico matizado de
neoplatonismo. Desempenhou um papel bastante importante, tanto na Medicina
como na Filosofia, na cultura ocidental, podendo mesmo falar-se de um "avicenismo
latino", com influência na obra de alguns pensadores cristãos, como S. Alberto
Magno, S. Tomás de Aquino*, Roger Bacon e Duns Escoto
Averróis (1126-1198)
Filósofo árabe, nasceu em Córdova e viveu durante o período da ocupação
muçulmana na Península Ibérica. A sua actividade intelectual foi
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plurifacetada, tendo reflectidos obre diversas áreas do conhecimento
humano: Filosofia, Matemática, Teologia, Direito e Medicina. Grande parte da
sua produção teórica reside no comentário dos textos aristotélicos, o que
originou um confronto intelectual com Avicena, outro filósofo árabe, de
formação neoplatónica. A sua principal preocupação foi a de demonstrar a
eventual identidade existente entre a obra aristotélica e o Corão.
Dicionário de Biografias, col. Dicionários Temáticos, Porto Editora, 2001.
Ruhollah Khomeini (1900-1989)
“Dirigente iraniano, religioso muçulmano xiita, após ter denunciado a política de
reforma agrária do xá Muhammad Reza Pahlevi, viu-se obrigado a exilar-se no
Iraque, França e Turquia, locais onde desenvolveu actividades conspirativas contra
o governo do Xá. Regressou ao Irão em 1979; teve uma grande recepção popular e
desencadeou a revolução islâmica. Tornou-se chefe de Estado, formando um novo
Go verno, com n ovos ministros e elaborou uma nova Constituição, que lhe atribuía
amplos poderes e que instituía o Estado islâmico. A nível externo desenvolveu uma
política de terrorismo e agressão, apoiando revolucionários islâmicos noutros países
do Médio Oriente. Empreendeu uma política de banir toda a ocidentalização do Irão,
proibindo as bebidas alcoólicas e a música ocidental, reintroduziu as penas
islâmicas, a submissão das mulheres, nomeadamente obrigadas a usar véu. Em
1989, condenou à morte o autor britânico Salman Rushdie, pela sua obra Versículos
Satãnicos, considerados blasfemos.”
Fonte: Dicionário de Biografias, Porto Editora, 2001.
Abd El-Kader (1808-1883)
Chefe militar e poeta sufi, autoproclamou-se “emir dos crentes” em 1832, declarando
guerra santa contra os franceses, que tinham invadido a Argélia em 1830. Depois de
ter obtido a adesão, forçada e espontânea, de muitas tribos argelinas, conseguiu
infligir vários reveses aos invasores. Porém, veio a refugiar-se em Marrocos depois
de ver as suas praças fortes tomadas pelos franceses. Em 1847 entregou-se aos
franceses e permaneceu exilado durante três antes no castelo de Amboise e em
Bursa, na Turquia, até que foi indultado por Napoleão III. A partir daí tornou-se
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partidário de França e passou a residir em Damasco. Conhecido como um forte
combatente anti-colonialista, também foi um poeta místico.
Abentofail (1105-1185)
Pensador hispanoárabe Ab~u Bakr ibn Tufayl, conhecido na Europa pelo nome de
Abentofail ou por Abubacer, foi médico do califa almóada Y~usuf I (1163-1184) e
amigo de Averróis. Escreveu um dos textos utópicos mais singulares medievais, a
novela filosófica Relato de Hayy ibn Yaqzãn, a qual veio a ser traduzida para latim
em 1671 pelo orientalista inglês Edward Pococke.
Alí Ahmad As’id Esber (1930)
Poeta libanês, conhecido pelo pseudónimo de Adonis, que se refere ao deus fenício,
símbolo da renovação cíclica. Considerado o maior poeta árabe vivo, pois
desempenhou um importante papel na nova valorização crítica da tradição poética
árabe frente às pressões intelectuais, políticas e religiosas do actual mundo islâmico.
Foi um dos fundadores da revista Poesia em Beirute, nos anos 60, testemunho de
uma liberalização total da tradição e de abertura à poesia estrangeira. Em 1968,
fundou e dirigiu a mais importante revista literária árabe, Mawãqif, um espaço de
liberdade e laboratório de renovação “desestruturante” da poesia, que foi
imediatamente proibida no mundo árabe.
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Nações árabes
! Afeganistão
Breve resenha histórica
“Conquistado pelos árabes em 698-700, o Afeganistão ficou sob o domínio
da brilhante dinastia iraniana dos samanies (875-1005), antes de encontrarse, durante a dinastia dos gaznawíes turcos (977-1186), à frente de um
império imenso ao que o grande conquistador Mahmud de Gazna conseguiu
conquistar ao norte da Índia.
Os sucessores dos gaznawíes no Afeganistão, os guries afegãos (c.10001215), implantaram em Déli o primeiro estado muçulmano da Índia, que foi
assolado no século XIII pelos mongóis e depois, no século XIV, por
Tamerlán. Os seus sucessores, os timuríes, converteram Harãt num brilhante
centro de cultura iraniana, e foi um deles, Bãber, quem a a partir de Cabul
fundou a dinastia dos mongóis da Índia. O Afeganistão foi objecto de disputa
permanente entre a Pérsia e o império mongol até à dinastia dos durraníes
(1747-1843), cujo o império englobou durante algum tempo o actual
Paquistão junto com Lahore. Apesar da pressão exercida pela penetração
russa na Ásia Central e depois de duas guerras contra os ingleses, donos da
Índia no século XIX, o país, sob o governo da dinastia dos barakzay (18191973), (...) transformou-se numa entidade geográfica e política coerente,
internacionalmente reconhecida em 1921. Um golpe de Estado militar aboliu
a monarquia em 1973 e um golpe comunista em 1978 abriu o caminho à
invasão soviética (1979-1992). “
Adaptado e traduzido de Diccionario de Civilización Musulmana, col.
Referencias Larousse Humanidades, Larousse Planeta, Barcelona, 1996.
“B.I.” do Afeganistão
Superfície: 652 090km2
Situação geográfica: situado na Ásia Central, limitado a Norte pela
Turquemenistão, Uzbequistão e Tajiquistão, ao Oeste pelo Irão, a Sul e a
Este pelo Paquistão, a Nordeste pela China.
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População: cerca de 22 milhões de habitantes
Público, Novembro de 2001
Capital: Cabul
Outras cidades importantes: Kandahar e Herat
Forma de Estado: Emirado islâmico
Governo: Aliança Democrática
Moeda: afegani=100puls
Língua: pushtu, dari (persa)
Religião: islâmica
Clima: continental; as temperaturas médias em Cabul variam entre 8 a 2ºC
em Janeiro a 16-33ºC em Julho.
Economia: agricultura, produções artesanais de têxteis, tapetes, produtos de
pele e couro, vidraria, bicicletas.
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Principais produções: ferro, cobre, gás natural, pastorícia (carneiros e
cabras), fruta, trigo, nozes, legumes e algodão.
Crescimento anual entre 1995/2000: 2,9%
Inflação: 14%
Mortalidade Infantil: 151/1000
Esperança de vida: 45 anos
Analfabetismo: 49% para o sexo masculino; 79,6% para o sexo feminino.
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Algumas descrições geográficas do Afeganistão
“O Afeganistão é um país de contornos bravios, ocultos vales verdes e
aldeias de casas de adobe. Uma pequena parte do território situa-se abaixo
de 1200m e a maior parte permanece inexplorada. As montanhas do Hindu
Cuxe, conhecidas localmente por Teatro do Céu, formam uma gigantesca
barreira que atravessa o centro do país. Segundo sistema montanhoso mais
alto do Mundo, os seus picos serrilhados elevam-se a 7690m no Leste,
formando uma paisagem lunar cujas elevações estéreis e planícies varridas
pelos ventos sempre fascinaram os viajantes. No Norte, ao longo das
margens do Amudária, (...) fica a região agrícola mais produtiva do país.
Grande parte do Sul e Sudoeste é desértica.
O clima é de extremos. As temperaturas de Verão podem subir a 49ºC no
Sul; as temperaturas de Inverno chegam a atingir –26ºC nas montanhas. A
amplitude térmica pode ser de 30ºC num só dia, e ventos impetuosos
provocam terríveis tempestades de poeira. (...)
Os Pashtuns constituem o maior grupo étnico, que representa metade da
população. Com os outros grupos – Tajiques, Hazaras, Turcomanos,
Usbeques, Nuristanis e Baluchis – formam uma lista que lembra os
sucessivos exércitos invasores que passaram pelo país, deixando cada um
os seus próprios colonos.
As rivalidades tribais dificultaram sempre a tarefa de governar o país. Cada
grupo mantém o seu individualismo próprio, mostrando-se pronto a contender
com os vizinhos e pouco disposto a submeter-se a qualquer governo central,
pelo menos não sem constantes protestos.”
Adaptado de Enciclopédia Geográfica, Selecções do Reader’s Digest.
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! Irão
Breve resenha histórica:
Ao longo do 2º milénio , tribos indo-europeias provenientes da zona da actual Rússia
meridional e da Transcaucasia, colonizaram as mesetas iranianas suplantando a
civilização assíria e babilónica e constituindo vastos impérios como o Império Medo
que esteve em guerra contra Atenas e o Império Aqueménida ou Persa (559-331 a.
C.), o mais glorioso que chegou a dominar territórios que se estenderam desde o
Indo ao Bósforo e do Cáucaso à Líbia.. A conquista de Alexandre Magno pôs fim ao
poder da dinastia aqueménida em 331 a. C. e provocou uma helenização superficial
do território. A dinastia sasánida (224-651) restaurou a grandeza da civilização
aqueménida e os valores iranianos. Este dinastia teve de enfrentar a penetração de
nómadas turcos e de outros povos procedentes do este e da Ásia central. Nos
séculos seguintes, anteriores ao nascimento do islão, a Pérsia sasánida e o Império
Bizantino, sucessor do Império Romano, desenvolveram uma série de guerras
procurando o domínio do Próximo Oriente. Tanto persas como bizantinos rodearamse de Estados vassalos (Mesopotâmia e Síria) que vigiavam as suas respectivas
fronteiras. Com o nascimento do Islamismo e a expansão muçulmana, o Império
Persa foi submetido aos muçulmanos depois das derrotas nas batalhas de Qãdisiyya
(637) e a de Nehavend (642). A adesão e conversão ao Islamismo permitiu que os
proprietários de terras pudessem conservar as suas propriedades.
Os turcos seljúcidas entraram em Bagdade em 1055 e o seu chefe adquiriu o título
de sultão, tendo organizado ao longo do século XI um poderoso Estado com capital
em Isfahãn que se estendia desde Kashgar até à Síria. Os turcos assimilaram a
cultura e o sistema de governo iranianos.
Os mongóis invadiram o Irão em 1231 e destruíram a instituição do califado, bem
como Bagdade (1258). Grande parte do país foi devastada, as povoações foram
massacradas e regiões inteiras regressaram ao nomadismo. No entanto, o sultão
mongol da Pérsia converteu-se ao islão em 1295, marcando, de certa forma, uma
reconciliação entre os conquistadores e os iranianos. No século XIV sofreram novas
invasões de turcomongóis, fundando a dinastia dos timuríes (1370-1506), os quais
actuaram como faustosos mecenas, desenvolvendo a literatura e as ciências na sua
brilhante corte de Harãt. Estes foram a última das grandes dinastias muçulmanas
originárias das estepes. No século XVI tribos turcomanas xiitas inauguram a nova
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dinastia safaví, os quais levaram o Império Persa ao seu apogeu, sobretudo durante
o reinado do xá Abbãs I (1587-1629), conseguindo fazer da capital uma “jóia” urbana
e dotaram o Irão de fronteiras coerentes, as quais são quase as mesmas do actual
Irão.
Durante a dinastia qayarí (1779-1924), de origem turcomano, o Irão conheceu uma
breve revolução constitucional e liberal, impulsionada pelos grandes comerciantes.
Porém, o xá recuperou o poder graças ao apoio da Rússia czarista. Ridã Kan, um
oficial de uma brigada persa, formada segundo o modelo russo, liderou um golpe
militar que destronou esta dinastia em 1924 e proclamou-se xá com o nome de Ridã
Sha Pahlaví, inaugurando uma dinastia que se prolongou até 1979. Este golpe
militar pretendeu acabar com uma monarquia feudal, corrupta e sob a influência
estrangeira da Grã-Bretanha e da URSS. O novo Estado iraniano passou a
designar-se por Irão em vez de Pérsia. Estamos na época do nascimento do Irão
moderno. Foram promulgadas códigos de leis civis e penais; combateu as
tendências autonomistas de várias tribos; constituiu um exército; mandou construir
as primeiras linhas férreas do país.
O Irão foi ocupado militarmente durante a 2ª Guerra Mundial pela Inglaterra e URSS,
temendo a simpatia iraniana pela Alemanha nazi, obrigando o xá a abdicar a favor
do seu filho, Mohammed Reza.
No pós 2ª Guerra Mundial, o jovem imperador aliou-se ao bloco ocidental e no país
crescia uma tendência reformista de continuar a revolução nacional iniciada pelo
anterior imperador. Em inícios da década de 50, o governo de Mosaddeq aprovou
uma lei que nacionalizava os campos petrolíferos explorados pela companhia
britânica Anglo-Iranian Oil Company, a qual detinha a concessão da extracção e da
comercialização de praticamente a totalidade do petróleo iraniano. O xá procurou
defender os interesses britânicos, facto que o levou ao exílio em Roma. Porém, um
golpe de estado, com a ajuda dos EUA, em 1953, depôs o governo e restituiu o
poder ao xá. Desta feita, o EUA começaram a ter um forte poder no Irão. Foi
estabelecida uma concessão por 25 anos a um consórcio que reunia as maiores
companhias ocidentais, com predomínio das americanas. Houve o restabelecimento
do poder monárquico e reforço da aliança com os EUA.
No década de 60 o xá promoveu a “revolução do xá e do povo”, através de uma
grande modernização do país. A reforma agrária, a industrialização do país, a
difusão da educação e de cuidados sanitários foram os principais aspectos
desenvolvidos com a intenção de tornar o Irão numa das principais potências
mundiais. Contudo, estes objectivos não foram alcançados e em 1978, a situação de
crise interna do país conduziu a uma série de sublevações lideradas por forças
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democráticas e pelo islamismo xiita, com destaque para ayatollah Khomeini. Em
1979, Khomeini regressou do exílio, convocando um referendo popular que decidiu a
destituição do xá e a supressão da Constituição monárquica de 1906. Era o início da
revolução islâmica.
O novo regime procedeu à nacionalização de companhias estrangeiras e
desenvolveu um programa de recuperação económica, interrompido pelo conflito
que se estalou com o Iraque em 1980. O Iraque atacou o Irão nas suas fronteiras,
provocando uma guerra entre estas duas nações.
A nova Constituição da república islâmica iraniana tem a peculiaridade de que todos
os órgãos políticos estão submetidos ao controlo do “líder religioso islâmico” e de um
“Conselho para a Protecção da Constituição” formado por 12 membros, seis
religiosos e seis magistrados.
Texto elaborado com base na informação das seguintes obras: Diccionario de
Civilización Musulmana, Larousse; Enciclopedia Geográfica, ediciones Garzanti.
“A população do Irão era constituída, na sua maioria, por xiitas, seguidores do ramo
xia do islão. Crentes resolutos na justiça e na luta do islão, denunciavam as
influências ocidentais, que ameaçavam o seu modo islâmico de viver e ofendiam o
seu nacionalismo religioso. O amplamente respeitado clérigo Ruhollah Khomeini já
muito antes tinha criticado o pai do xá por abandonar os costumes tradicionais do
islão e agora criticava a governação do filho. Em sermões e publicações contra o
governo, Khomeini e os seus sequazes no seio da influente comunidade e clero
islâmicos começaram a incitar o povo contra o xá, que recorria à polícia secreta, a
Savak, para suprimir toda e qualquer oposição. A prisão de Khomeini em 1963
desencadeou uma onda de protestos. (...) No ano seguinte Khomeini foi obrigado a
fugir do país.
Alimentada pelo aprofundamento das disparidades sociais e económicas e pela
repressão governamental, a determinação de extirpar os alegados costumes
corruptos e decadentes do Ocidente tornou-se um tema constante da revitalização
do islão. (...)
Apesar de estar no exílio, Khomeini, que atingira o estatuto de ayatollah – chefe
religioso de nível mais elevado -, continuava a ter um considerável número de
seguidores entre a população muçulmana do Irão. Tinha instalado uma base do
outro lado da fronteira, no vizinho Iraque, na cidade santa de Najaf, donde
trabalhava na congregação dos esforços de oposição ao xá.”
O Século do Povo, vol. 2, Gradiva.
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“Regresso ao Fundamentalismo Islâmico”
“A noite de 31 de Janeiro, nos arredores de Paris, Hadi Gaffari fazia parte de um
grupo que se preparava para uma muito esperada viagem de regresso a casa. «A
meia-noite aqueles que iam regressar a Teerão com o imã começaram a reunir-se
no pátio», diz ele. Na manhã seguinte embarcaram num jacto 747 da Air France.
“Estávamos muito felizes por regressarmos ao Irão. Unia-nos a todos um sentimento
comum (...) Reparei que o imã tinha a cabeça encostada à janela e estava envolvido
na capa preta”, recorda Hadi Gaiari. “Quando o piloto anunciou que tínhamos
passado as montanhas de Elburz, toda a gente explodiu em lágrimas (...) toda a
gente começou a entoar Allah ho akha! (Deus é grande!)”.
A figura de preto que estava no centro de toda aquela actividade era o ayatollah
Ruhollah Khomcini, venerado ancião líder da fé muçulmana xiita, que há muitos
anos se encontrava exilado. Regressava agora. Três milhões de pessoas invadiram
as ruas de Teerão para lhe darem as boas-vindas de regresso a casa. Shakoor Lotvi
era uma dessas pessoas. “A multidão era tão grande que não havia espaço para
toda a gente. As pessoas subiam às árvores, a qualquer ponto donde pudessem ver
o imã.”
Moshen Raíìgdoost conduziu o imã desde o aeroporto. Estava tão emocionado que
as mãos lhe tremiam agarradas ao volante. “As pessoas sentavam-se em cima do
carro, o carro andava e arrastava as pessoas (...) Aquelas horas são a melhor
recordação da minha vida.”
Khomeini e os seus seguidores tinham o propósito de levarem a .cabo uma
revolução islâmica que iria transformar radicalmente a vida das pessoas. Mas a
verdade é que estava em causa muito mais do que o destino do Irão. Em grande
parte do mundo a religião estava em ascensão, fruto do crescente número de
pessoas que começavam a pôr em causa as ideias e valores do Ocidente, rejeitando
a modernidade e voltando-se, em sua substituição, para as alternativas que a fé lhes
oferecia. Com o apoio popular das massas, movimentos religiosos cada vez mais
politizados iam desafiar os poderes estabelecidos. Depois de um século em que o
progresso e a modernização tinham sido identificados com a ciência e com a
rejeição da religião, Deus, corno se dizia, contra-atacava.”
HODGSON, Godfrey - O Século do Povo, vol. 2, Gradiva.
Nota: Este texto encontra-se no painel da especialidade do 12º ano.
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B.I. do Irão
Diciopédia 2002
Situação geográfica: situado no centro da Ásia ocidental, é banhado a Norte pelo
mar Cáspio e a Sul pelo oceano Índico (golfo Pérsico e golfo de Omán). A Norte é
limitado com a Arménia e Azerbaijão, a Este com o Afeganistão e Paquistão e a
Oeste com a Turquia e o Iraque.
Superfície: 1 648 00 km2
População: 46 500 000
Capital: Teerão
Governo: república islâmica
Moeda: rial=100dinares
Línguas: farsi ou persa (oficial); curdo, baluqui e turco
Religiões: muçulmana (99%); minorias cristã, judaica e zoroástrica
Clima: continental; as temperaturas médias em Teerão variam de –3 a 7ºC em
Janeiro a 22-37ºC em Julho.
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Produções: gado ovino, bovino e caprino, trigo, beterraba, cevada, arroz, algodão,
chá, tabaco, madeira, peixe, petróleo bruto e gás natural, carvão, sal, crómio,
chumbo, cobre e ferro.
Actividades económicas: refinação de petróleo e gás, aço, equipamento eléctrico,
cimento, têxteis, açúcar, farinha, mobiliário, materiais de construção, pesca.
Exportações: petróleo bruto, produtos refinados, tapetes, têxteis, algodão em rama,
fruta, artigos de couro.
Fonte: Enciclopédia Geográfica, Selecções do Reader’s Digest.
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A Mulher no Mundo Muçulmano
Clube de História 7, Porto Editora
“A mulher ocupa uma posição de inferioridade na sociedade muçulmana.
Quando falamos na mulher muçulmana, dois símbolos logo nos ocorrem: o
harém e o véu. Estes sinais distintivos das mulheres muçulmanas sugerem a
sua subordinação ao homem, apesar da igualdade espiritual das mulheres
estar expressa no Corão: “...e os homens que se lembram constantemente
de Deus, tal como as mulheres que o fazem, para todos eles Deus preparou
o perdão e uma enorme recompensa” (33:35)
A subordinação da mulher é demonstrada e justificada pela lei, costumes e
tradições da Civilização Muçulmana, dizendo mesmo que há apenas um
reconhecimento dos diferentes papéis dos dois sexos e não uma
inferioridade efectiva.
Assim, as marcas jurídicas da inferioridade da mulher são as seguintes:
-
a mulher só pode ter um marido, ao contrário do homem, que pode ter
quatro mulheres ao mesmo tempo;
-
a mulher só pode casar com um muçulmano, ao contrário do homem, que
pode casar com uma mulher de outra religião;
-
a mulher apenas pode pedir o divórcio em casos extremos, ficando a
custódia dos seus filhos para o pai, e o testemunho do homem tem o dobro
do valor do da mulher;
-
a herança da mulher é duas vezes inferior à do homem.
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A maioria das mulheres vive na reclusão, poucas foram as que tiveram
papéis activos em questões públicas, embora actualmente haja uma
crescente liberalização do papel das mulheres fora de casa que começou
sob a influência ocidental. Em alguns países, porém, verifica-se um
retrocesso aos valores islâmicos, através do fundamentalismo islâmico.”
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“Nações Unidas rendem-se às afegãs”
“O secretário-geral do ONU, Kofi Annan, quer que a sessão que hoje assinala o Dia
da Mulher na Assembleia Geral das Nações Unidas seja “uma celebração do espírito
indomável, heroísmo e resistência da mulher afegã”.
A sessão vai dedicar especial atenção às necessidades das mulheres e raparigas do
Afeganistão e à forma como podem contribuir para a reconstrução do país.
Antes da guerra civil que se seguiu à retirada soviética do Afeganistão, as mulheres
tinham um papel um papel predominante, não somente na administração pública,
mas também no ensino e na assistência sanitária. Esse papel foi completamente
eliminado com a subida ao poder dos talibãs, que proibiram às mulheres qualquer
papel activo na sociedade, até mesmo o de poderem trabalhar para garantirem a
sua subsistência.”
Fonte: Diário de Notícias, 8 de Março 2002
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“Vários versículos do Alcorão ensinam-nos claramente que os homens e as
mulheres têm responsabilidades e direitos religiosos iguais:
Quanto aos muçulmanos e às muçulmanas, ao fiéis e às fiéis, aos consagrados e às
consagradas, aos verazes e às verazes, aos perseverantes e às perseverantes, aos
humildes e às humildes, aos caritativos e às caritativas, aos jejuadores e às
jejuadoras, aos recatados e às recatadas, aos que se recordam muito de Deus e às
que se recordam d'Ele, saibam que Deus lhes tem destinado a indulgência e uma
magnífica recompensa.
(33:35)
Outros versículos dão a entender que existe uma igualdade biológica entre os sexos
- «Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma
espécie...» (30:21). O Alcorão sublinha também a importância dos laços de afecto (
«...e colocou amor e piedade entre vós.» (30:21) e a entreajuda («Os fiéis e as fiéis
são protectores uns dos outros...») (9:71). Noutras passagens do Alcorão, no
entanto, os homens são claramente descritos como superiores às mulheres:
Os homens são os protectores das mulheres, porque Deus dotou uns com mais
(força) do que as outras, e pelo o seu sustento do seu pecúlio. As boas esposas são
as devotas, que guardam, na ausência (do marido), o segredo que Deus ordenou
que fosse guardado. Quanto àquelas, de quem suspeitais deslealdade, admoestaias (na primeira vez), abandonai os seus leitos (na segunda vez) e castigai-as (na
terceira vez); porém, se vos obedecerem, não procureis meios contra elas. Sabei
que Deus é Excelso, Magnânimo.
(4:34)
Fonte: ELIAS, Jamal J. – Islamismo , Ed. 70, 1999.
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Notícias do Mundo Muçulmano
“São milhões de pessoas que anualmente partem de todos os cantos do
Mundo, do Afeganistão ao Uganda, para cumprir o último dos cinco
mandamentos do Islão: a peregrinação (“Haj” em árabe) a Meca, pelo menos
uma vez na vida.
Dizem os estudiosos que, ao orar em Meca, os Muçulmanos prestam
homenagem às provações do profeta Abraão, de Hagar e do seu filho Ismael,
nascido da união com aquela escrava egípcia.
Na cidade santa saudita, os peregrinos cumprem uma série de complexos
rituais de sacrifício e oração.
Antes obedeceram já a escrupulosas regras de conduta.
Ninguém pode pôr em risco o sustento da família para fazer peregrinação. É
preciso ter dinheiro suficiente e evitar contrair empréstimos. Convém também
pagar primeiro todas as dívidas e usar em Meca só o dinheiro que foi ganho
“legitimamente”.
“Antes de pisar o solo sagrado de Meca – proibido aos não crentes – os
Muçulmanos devem também pedir perdão a Alá, não só pelos seus pecados,
mas também pelas faltas dos seus familiares, amigos e até dos vizinhos.”
Jornal Público, de 23 Junho 1993, artigo de Margarida Santos Lopes.
“Homens-bomba são munição barata e altamente rentável”
“As organizações islâmicas palestinianas mais radicais, como o Hamas ou a Jihad
Islâmica, souberam rentabilizar a frustração da sociedade palestiniana para manter
acesa a chama do combate contra Israel. A Jihad (guerra santa) nasce nos
territórios como resposta à ocupação, como reflexo paralelo à luta – desprovida
desse carácter religioso – da OLP. Os atentados suicidas têm uma componente
dupla. É inegável o carácter religioso das acções, mas talvez seja mais importante o
factor táctico. Os homens-bomba representam um problema difícil de controlar. (...)
Em última análise, há que entender que o conflito israelo-palestiniano é um combate
desigual. Os palestinianos não dispõem do sofisticado material bélico que o exército
hebreu ostenta. (...)”
Fonte: Diário de Notícias, 28 Abril 2002
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“O homem que está em todas as paredes”
“Omã não pode deixar de fascinar quem goste de histórias e contos das mil e uma
noites. Vizinho da Arábia Saudita e do Yemen, nos anos sessenta era governado
pelo sultão Said bin Taimur, um homem aterrorizado com as diabólicas influências
ocidentais. Contra elas fechou todas as fronteiras, proibiu as importações,
inclusivamente de óculos, correu com aqueles que se lhe opunham. Mas cometeu
um “erro” – mandou o seu único filho, Sua Alteza Real, o sultão Qaboos bin Said,
estudar em Inglaterra. Quando deixou as areias do deserto, o sultãozinho tinha 16
anos e o Corão bem sabido, para regressar sete anos depois e uma volta ao mundo
dada. Said, cada vez mais fechado sobre si mesmo, vive então isolado num palácio
do sul de Omã e é ali que aprisiona durante seis longos anos o seu filho. Corre o
ano de 1970 e Qaboos tem já 30 anos quando, com o apoio discreto de britânicos,
depõe o pai. E inicia o “Renascimento Brilhante”, nome orgulhosamente dado à
época que então se iniciou. Desde aí transforma absolutamente o seu sultanato,
perante um povo que o venera, por obrigação, sempre, mas agora também por
sincera devoção.”
Fonte: Notícias Magazine, 10 Março de 2002
“Iranianos contra George Bush”
“No 23º aniversário da Revolução Islâmica, o Presidente Mohammad Khatami lançou
um apelo aos Estados Unidos para que “despertem e mudem de política e de
abordagem em relação ao Irão.
Centenas de milhares de pessoas participaram ontem em Teerão numa
manifestação destinada a assinalar o 23º aniversário da Revolução Islâmica, mas
que acabou por se transformar numa manifestação anti norte-americana e por
aproximar posições entre reformistas e os conservadores iranianos.
Repórteres no local calcularam entre 300 mil e 400 mil o número de manifestantes.
Homens, mulheres, crianças, soldados, políticos, religiosos e até bassidjis (milícias
islamitas) envoltos em mortalhas para simbolizar a disposição para morrer como
mártires protestaram contra as “ameaças de agressão” americana.”
Fonte: Diário de Notícias, 12 de Fevereiro 2002
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Arte Muçulmana
Arquitectura
“Os Árabes são construtores de mesquitas. O templo em que prestam
adoração a Alá é, na verdade, o espaço principal da sua Arte. Efectivamente,
os palácios e outras obras que ergueram com magnificência não conseguem
atingir a primazia que alcança, por toda a parte, a casa de oração.
Abóbadas e minaretes são a glória do talento arquitectónico que o Islão
patenteia. Os pórticos, as salas, as colunas, os arcos são o Belo
materializado em que se estrutura o edifício sagrado, com um sentido de
profusão que impressiona o discípulo de Maomé por imponência de
grandeza.”
A. do Carmo Reis – História da Arte, 11º ano, Porto Editora.
Na arquitectura, as mesquitas são os mais típicos exemplos de arte
requintada muçulmana. Observemos algumas imagens:
Mesquita de Córdova
(séculos VIII/IX), Espanha.
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Interior da Igreja de Mértola (Portugal), antiga mesquita muçulmana.
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A mesquita de Omar (Jerusalém)
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“Não existe sem dúvida um tipo único de mesquita. Desde as origens, há as de
planta central, como a do Rochedo, em Jerusalém, que são mais propriamente
monumentos comemorativos do que lugares de oração (...). Todavia, o tipo mais
usual – e o mais específico – é o seguinte: uma sala com apoios muitíssimo
numerosos – pilares ou colunas – que formam uma séria de naves paralelas entre si
e geralmente perpendiculares à parede da Kibla.”
Adaptado de Pierre du Colombier, História da Arte, Porto, Liv. Tavares Martins,
1956.
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Viver segundo a Lei Islâmica
Os princípios doutrinários do Islamismo (ver ponto 1.2. Islamismo) influenciam todo o
quotidiano e princípios de vida dos muçulmanos como por exemplo, a oração cinco
vezes ao dia, na mesquita ou em casa, virados para Meca. Muitos escritórios,
empresas e aeroportos têm locais próprios de oração. Todos dão um montante
anual de esmolas a pobres e necessitados, o qual é determinado por uma
percentagem fixa da riqueza e bens de cada um. Uma vez na vida o muçulmano tem
de fazer uma viagem de peregrinação a Meca. Durante o mês do Ramadão, apenas
as crianças, pequenas, mulheres mestruadas, velhos, doentes e viajantes é que não
são obrigadas ao jejum entre o nascer e o pôr do Sol. Neste jejum é incluído não
fumar, não beber nem ter relações sexuais.
Para além destes pilares do islão, existentes outras leis islâmicas que constituem a
sharia. Algumas nem sempre são postas em prática, como por exemplo algumas
das seguintes punições. O consumo de álcool é punido com chicotadas; o adultério
com o apedrejamento; o roubo com a amputação de mãos ou pés.
Quanto às leis económicas, a usura e a cobrança de juros bancários são proibidas.
O divórcio é permitido, embora apenas quando o marido o consente e a mulher fica
sujeita à perda da custódia dos filhos. Os casamentos são negociados sem o
consentimento da mulher. O vestuário deve ser simples e as mulheres devem ser
incentivadas a usar véu. A matança dos animais deve ser feita de acordo com os
métodos tradicionais, sendo proibido o consumo de carne de porco.
Resumo a partir de O Século do Povo, vol. 2, Gradiva.
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Os Contos das Mil e Uma Noites
“O texto árabe de As Mil e Uma Noites só foi impresso muito tardiamente em
Calcutá, em 1814, e posteriormente em Boulaq, em 1835, nas tipografias
reinstaladas por Mohammed Aly.
A origem destes contos, muito antiga, levanta problemas que ainda estão longe de
estarem ultrapassados de maneira segura. Se se acreditar na tradição árabe, a sua
fonte seria persa. (...) Os árabes transpõem esta literatura para a sua língua, os seus
mais puros e eloquentes escritores aperfeiçoam-se e dão-lhe uma feição elegante
(...). O primeiro livro composto desta maneira foi o Hezar Efeane, quer dizer Mil
Contos. (...)
Qualquer que seja a sua origem longínqua, As Mil e Uma Noites contêm a marca
profunda da civilização muçulmana da Idade Média. Os contos são narrados numa
prosa que se aproxima do árabe popular, mais do que a língua clássica. As variantes
que os manuscritos comuns apresentam, especialmente nas histórias e na sua
distribuição por “noites” (o termo “mil e uma noites” não deve ser tomado à letra;
originariamente significa apenas “um grande número”; os diversos redactores, e
depois os tradutores, procuram, mais ou menos artificialmente, obter um recorte das
histórias em mil fragmentos) provam que esses manuscritos devem ser uma ajuda à
memória dos narradores públicos.
Sob a forma que apresenta a maioria dos manuscritos, As Mil e Uma Noites
parecem ter origem no século XII, sem que mais nada se possa garantir. (...)
Ao lado desta fantasmagoria do absurdo, As Mil e Uma Noites, por um contraste
curiosos dão-nos uma evocação realista do pequeno povo do Oriente: o pobre
pescador à beira rio, o carregador e o seu cesto na feira, o comerciante prudente,
toda uma humanidade simples, sóbria, hospitaleira e sensível. Sobre as ruas nas
grandes cidades árabes, sobre os costumes dos mercadores, sobre a vida social,
sobre a religião muçulmana, esses contos trazem-nos uma documentação de uma
riqueza e de um precisão incomparáveis. As coisas vistas surgem com todo o seu
relevo e as personagens na sua típica singularidade.”
Fonte: Os Mais Belos Contos das Mil e Uma Noites, Livros de bolso Europa-América.
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Património Cultural do Mundo Muçulmano
Património classificado pela UNESCO
Irão:
Ruínas de Persépolis
Data da classificação: 1979
Relevância: Um testemunho único de uma civilização antiga na área do Médio
Oriente, a dinastia dos Aqueménidas, anterior à conquista de Alexandre Magno.
Património Cultural: Centro cerimonial erigido ao longo de 58 anos; construções
representativas edificadas sobre um terraço artificial tais como: a sala do trono
(apadana); a escada meridional da “apadana”, com relevos representando o cortejo
dos delegados dos vários grupos étnicos que constituíam o “grande-reino” persa; a
“Sala das Cem Colunas”, começada durante o reinado de Xerxes I e concluída no
tempo do seu filho Ataxerxes I; também os palácios de Dario e de Xerxes.
Cronologia:
520/19 a. C.: Durante a regência do “grande-rei” Dario I, edificação da “maravilha do
mundo de Persépolis”.
486-565 a. C. : Batalha de Issos (333) e subsequente conquista do “grande-reino”
Persa pelo exército de Alexandre, o Grande.
330 a. C.: Incêndio de Persépolis e assassínio de Dario III.
1931: Escavações com a supervisão científica de Ernst Emil Herzfeld.
1933: Descoberta, por Friedrich Krefter, de duas placas documentando a criação da
sala de trono.
1971: Criação de uma “cidade de tendas” por ocasião das comemorações dos 2 500
anos do império Persa.
Meidan-e schah (Praça Real) de Isfahan
Data da classificação: 1979
Relevância: Símbolo em pedra da civilização persa do século XV ao século XVII.
Património Cultural:
Meidan-e schah, a chamada Praça Real ou Praça do Xá, englobando a Mesquitra do
Xá (rebaptizada, em 1979, com o nome de Masdjed-e Iman) construída com 18
milhões de tijolos, meio milhão de azulejos em faiança; a Masdjed-e Lotfollah,
origianriamente uma mesquita privada da corte destinada ao sogro de Abas I; o
portal do bazar (Sar dar-e Qaisarieh) com cenas festivas e guerreiras do tempo de
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Abas I; a Masdjed-e Djomed (Mesquita de Sexta-deira), um complexo arquitectónico
integrado com uma área total de 170 m x 140 m e a Ponte Sublime, Ali Qapu.
Cronologia:
À volta de 900: Edificação da Masdjed-e Djomeh
1088/89: Obras de ampliação na mesquita de Sexta-feira.
1092: Construção do portal-sul e do mirabe na Mesquita de Sexta-feira.
1598: Isfaham passa a ser a capital da Pérsia.
1612-16: Construção da Masdjed-e Lotfollah.
1619: Instalação do bazar.
1638: Conclusão da Masdjed-e Imam.
1803: Restauro da Mesquita de Sexta-feira.
Adaptado de Tesouros da Humanidade e da Natureza, Público
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A Matemática que herdamos dos Árabes
O povo muçulmano deixou-nos vários legados importantes para a evolução da
Matemática. Um dos mais conhecidos, são Os Números. O sistema de numeração,
que hoje utilizamos, foi divulgado pelos povos árabes aquando da expansão da
civilização islâmica. Apesar de serem conhecidos por algarismos árabes, os dígitos
que hoje usamos são de origem hindu, mas como foram os árabes os responsáveis
pela sua divulgação ficaram conhecidos dessa forma.
De entre os algarismos, pensamos que o mais importante é o Zero. O nome indiano
para o zero, era Sunya, que significa vazio. Os árabes chamaram-lhe sifr. Alguns
eruditos ocidentais deram-lhe o nome de zephirus, raiz latina da nossa palavra zero,
e outros de cifra. Por questões religiosas o zero foi durante séculos rejeitado pela
civilização ocidental, o que provocou grandes atrasos no desenvolvimento de alguns
conceitos matemáticos muito importantes, como por exemplo, os conceitos de
infinito e de derivada.
Um dos matemáticos árabes mais famoso foi Maomé ibn-Musa al-Kowarizmi.
Escreveu diversos livros, sendo um deles o Al-jabr wa`l muqabala, que tratava da
resolução de equações elementares. O Al-jabr do título deu origem à nossa palavra
Álgebra. Escreveu também livros que explicavam formas de realizar alguns cálculos
complexos, tal como efectuado pelos povos hindus. Em linguagem dos nossos dias,
podemos dizer que ele apresentou um conjunto de Algoritmos, palavra esta que teve
origem no seu nome – al-Kowarizmi.
Também na Astronomia o povo árabe se distinguiu pelas análises matemáticas e
geométricas efectuadas. Cinco séculos antes de Copérnico ter afirmado que a Terra
gira em volta do Sol, já o matemático árabe Al Biruni sugeriu essa hipótese.
Também Al-Battani e Abul Waffa se tornaram célebres pelos seus estudos
astronómicos. Desenvolveram também instrumentos
para medir a altura dos astros acima do horizonte,
como é o caso do
Astrolábio.
Os conhecimentos
matemáticos adquiridos
eram utilizados na prática.
Foram a base para, por exemplo, a construção da
mesquita de Córdova ou o palácios La Alhambra (ambos em Espanha), e para
descobertas tecnológicas como por exemplo a Nora, utilizada na agricultura.
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Para mais informações pode consultar os sítios:
http://www.gap-system.org/~history/Indexes/Arabs.html
http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm22/frame4.htm
http://www.matemusic.hpg.ig.com.br/html/historias_matematicas.htm
http://www.hottopos.com/collat6/roshdi2.htm
Imagens recolhidas nos sítios:
http://www.alhambra-patronato.es/espanol/restaura/restauramain.htm
http://www.educom.pt/cc-nonio/leon/palavras_de_origem_arabe-gina.htm
em Abril de 2003.
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Dias Santos e Festas
Ashura (10 de Muharram, o primeiro mês): o Dia da Expiação muçulmano,
assinalado pelos sunitas com um jejum voluntário. É também o mais importante dia
santo xiita, que celebra o martírio de Hussein, neto do Profeta.
Eid milad ai-nabi (12 de Rubi al-awwal, o terceiro mês): Comemoração do
nascimento do Profeta.
Laylat ai-micraj (27 de Rajub, o sétimo mês): comemora a ascensão de Maomé ao
Céu. Também chamado Shab-e mi'raj e Miraj gejesi nas sociedades asiáticas nãoárabes.
Laylat ai-bara'a (14." noite de Sha'ban, o oitavo mês): a noite em que, segundo a
crença comum" o destino de cada ser humano para o próximo ano é registado no
Paraíso. É marcado por vigílias de oração e festas e iluminações de ruas. No Sul e
Sueste Asiático é também o dia muçulmano dos mortos, em que são feitas oblações
em nome dos antepassados falecidos. É também a véspera do aniversário do
décimo segundo imã dos xiitas dos Doze Imãs. Esta noite é também chamada Shabe barat.
Ramadão: Nome do nono mês do calendário islâmico, assinalado por um jejum
durante todo o mês, que se inicia antes do nascer do sol e termina a seguir ao pôr
do sol de cada dia.
Laylat ai qadr (a noite entre os dias 26 e 27 do Ramadão, o nono mês): a Noite do
Poder. Aniversário da noite em que o Alcorão foi pela primeira vez revelado a
Maomé. Segundo a tradição, os pedidos feitos a Deus durante esta noite são
concedidos. Também chamada Shab-e qadr e Kadar gejesi nas sociedades
asiáticas não-árabes.
Eid ai-Fitr (1 de Shawwal, o décimo mês): a festa que assinala o fim do Ramadão. O
segundo feriado mais celebrado do ano islâmico e que é marcado por muitas
festividades. Também chamado o Pequeno Eid ou o Eid de Açúcar.
Hajj (7 a 10 de Dhu al-hijja, o décimo segundo mês): a peregrinação ritual obrigatória
a Meca e aos seus arredores, que constitui um dos Pilares da Prática do Islamismo.
Só os peregrinos participam directamente nestes dias santos.
Eid ai-Adha (10 de Dhu al-hijja, o décimo segundo mês): comemoração do sacrifício
por Abraão do seu filho Ismael (Ismacil em árabe), o qual marca o final do Ha.ii. É o
feriado mais importante do calendário islâmico. Também chamado o Grande Eid ou
o Eid do Sacrifício.
Fonte: ELIAS, Jamal J. – Islamismo, Ed. 70, Lisboa, 1999.
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Links
The Basis of Muslim Belief
http://wings.buffalo.edu/sa/muslim/library/basics
Al-Maqasid: Imam Nawawi's Manual of Islam
http://www.nbic.org/isru/Resources/Maqasid/index.html
Fundamentos da fé islâmica, rituais de purificação e oração.
Islamic & Arabic Arts and Architectures
http://www.islamicart.com/
Extenso site sobre a arquitectura árabe, escrita e caligrafia árabe, moedas e história.
Al-Madinah Al-Munawwarah
http://www.al-muslim.org/madinah/m_top.htm
Informações sobre Madinah.
Isfahan Home Page
http://www.anglia.ac.uk/~trochford/isfahan.html
Arquitectura de Isfahan e arquitectura persa.
Mosques Around the World
http://www.uah.edu/msa/mosques.html
Pinturas de várias mesquitas de todo o Mundo.
Al-Andalus Architecture Image Gallery
http://www.islamzine.com/art/gallery.html
Islamic Art
http://ourworld.compuserve.com/homepages/eco/
DIA: Galleries: Ancient Art - Islamic Art
http://www.dia.org/galleries/ancient/islamicart/islamicart.html
Página de The Detroit Institute of Arts sobre a arte islâmica.
Islamic Art Home Page
http://www.eldarco.com/isart/
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Architecture of Islam
http://www.utexas.edu/students/msa/pictures/arch/arch.
IMAN - International Muslimah Artists Net
http://www.hammoude.com/
Sakkal Design Arabic Islamic Graphics
http://www.sakkal.com/
Calligraphy and Art
http://www.islam1.org/art/art1.htm
Islamic Art & Culture
http://islam.org/culture/default.htm
LotusArt
http://www.lotusart.com/
Caligrafia árabe em madeira.
Islamic Pictures & Arts
http://www.ummah.net/islamloads/pictures.htm
Arte islâmica.
Qur'anic Art in Arabic
http://www.islam101.com/quran/quran_art.html
"Art for God's Sake?"
http://www.amrnet.demon.co.uk/events/art99.html
Islamic Icons
http://members.xoom.com/_XOOM/msa_msu/icons.htm
Página Montclair State University MSA.
Some Characteristics of Islamic Arts
http://www.islam-online.net/iol-arabic/dowalia/fan-14/alrawe.asp
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Islam and the Arts
http://www.ifna.net/magazine/article_2.htm
Islamic Architect -- Mehrab
http://www.mehrab.com/
Islamic Art
http://www.missionislam.com/islam/art/default.htm
A colecção de arte gráfica islâmica da Mission Islam [Australia].
Islamic Banking
http://www.unn.ac.uk/societies/islamic/about/banking1.htm
Islamic Banking
http://www.uio.no/~stvhoy11/islbank.html
Islamic Banking and Finance Network
http://islamic-finance.net/
Centro de recursos da banca e finança islâmica. O site contém uma grande
variedade de artigos on-line sobre o Islão, a economia e a finança.
International Conference on Islamic Banking and Finance
http://www.isna.net/bankc.htm
Science and Technology
http://www.bangor.ac.uk/nus/islam/pages/sci_tech/
Al-Eijaz
http://www.aleijaz.org/
Extenso site com artigos e sobre o Islão e a ciência.
International Institute of Islamic Medicine (IIIM)
http://www.iiim.org/
O site inclui artigos sobre a medicina islâmica.
Fasting and the Patient: Some Guidelines
http://www.ima.org.za/FASTING1.HTML
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Site do Islamic Medical Association of South Africa.
Why Have Muslim Scholars Been Undervalued Throughout Western History?
http://www.muslim.index.com.jo:/muslim/turath.htm
Harun Yahya Series
http://www.harunyahya.org/Eng/homeeng.html
Why Did They Become Muslims?
http://www.hizmetbooks.org/Why_Become_Muslims/
Becoming Muslim
http://ds.dial.pipex.com/masud/ISLAM/nuh/bmuslim.htm
Returning to Islam
http://www.ianaradionet.com/prog08_return.html
Arquivos de um programa semanal da IANA Radionet sobre experiências de
conversão ao Islamismo.
Stories of New Muslims
http://www.usc.edu/dept/MSA/newmuslims/
Stories of New Muslims
http://www.hijau.com.my/Info/Islam/nmuslim.htm
Histórias do livro Islam Our Choice.
Why We Came to Islam
http://www.viewislam.com/muslims/index.html
Stories of New Muslims
http://www.isgkc.org/stories_toc.htm
Stories of New Muslims
http://members.aol.com/askgive/stories.htm
Histórias de novos Muslims.
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Some American Scientists who embraced Islam
http://www.mosque.com/alicamp.html
Muhammad Alexander Russel Webb
http://www.erols.com/ameen/biowebb.htm
Sisters Who Share
http://www.geocities.com/Wellesley/3565/shahadastories.htm
River Garden Arts
http://members.aol.com/RvrGdnArts/islam1.htm
"Coming to Islam: A Muslim Anthology" com detalhes sobre a viagem de Muslims
para e no Islão.
Converts to Islam
http://www.convertstoislam.org/
Extenso site para prestar ajuda a novos Muslims para aprenderem mais sobre a sua
nova fé. O site foi construído por convertidos ao Islamismo.
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Ideias para serem desfeitas
O islão esteve sempre em guerra com o Ocidente? Não, embora a história comum
esteja marcada por sangrentos mal-entendidos, religiosos e políticos, como as
Cruzadas ou os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 nos EUA.
E todos os muçulmanos são árabes? Não. Os turcos e os iranianos são muçulmanos
mas não são árabes; e também há libaneses e palestinianos que, sendo árabes, são
cristãos.
É verdade que o Corão obriga a mulher a ficar em casa ou a usar o véu? Este é um
tema com várias interpretações. Mas, sabiam que entre as mulheres de Maomé, o
Mensageiro de Alá, havia combatentes? A sua esposa predilecta, Aisha, defrontou o
califa Ali na batalha do Camelo em 636. E sabiam que a questão do véu precede o
islão e já existia 2000 anos antes de Jesus Cristo, referindo-se-lhe um texto assírio
como "marca distintiva das mulheres honradas"?
Laicidade e modernidade são compatíveis com a religião propagada por Maomé?
Sim, e o laicismo, já imposto como modelo político na Turquia (e, com menos
rigidez, também na Tunísia e na Síria), será cada vez mais um desafio para o mundo
muçulmano.
Assim
como
a
globalização
vai
obrigar
os
muçulmanos
a
modernizarem-se para não ficarem marginalizados.
As respostas a todas as dúvidas e inverdades sobre o islamismo são dadas, com
precisão histórica, pelo francês Paul Balta, actual director do Centro de Estudos do
Oriente Contemporâneo, na Sorbonne (Paris), num pequenino livro, "O Islão", que a
Editorial Inquérito incluiu na colecção "Ideias Feitas".
É apenas lamentável que o tradutor tenha confundido "islamitas" (os crentes) com
"islamistas" (os activistas de uma corrente política islâmica). Os dois termos são
diferenciados pelos próprios muçulmanos, para evitar a promiscuidade entre religião
e fanatismo, e para não cair no erro de tornar semelhantes "fundamentalismo"
(apego aos valores da fé) e "integrismo" (acção política geralmente violenta).
Se Balta é um brilhante professor, extraordinariamente didácticos são também Victor
Kuperminc, autor de vários artigos sobre o judaísmo, em "Os Judeus", e Dimitri
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Laboury, investigador do Fundo Nacional de Investigação Científica da Bélgica,
ligado à Universidade de Liège, em "O Egipto Faraónico".
Sobre a obra de Kuperminc, realce para a explicação de terríveis ideias feitas, como
a de que "os judeus crucificaram Jesus", que conduziram a incomensuráveis
tragédias, como o Holocausto. Nos seus esclarecimentos, o autor consegue ser
sério e simultaneamente divertido. Cita, por exemplo, em alguns capítulos, anedotas
que os judeus gostam de contar sobre si próprios - como aquela em que se pergunta
"Qual a diferença entre o Messias e o canalizador?", e se responde: "O Messias háde vir um dia".
Quanto aos faraós, Laboury também descodifica fantasias várias, designadamente a
de que "Cleópatra foi uma ambiciosa e maléfica sedutora". É particularmente
interessante o que ele escreve sobre aquela de quem Pascal disse que fosse o seu
nariz mais pequeno "toda a face da Terra teria mudado". Também vale a pena ler a
parte dedicada a Akhenaton, que começa com uma citação de Freud estabelecendo
"uma relação de filiação entre a religião politeísta do soberano egípcio e o fundador
do monoteísmo".
Com breves explicações etimológicas, no início, e conselhos bibliográficos, no final,
parece, assim, atingido o objectivo desta colecção: a "procura de um esclarecimento
distanciado e mais aprofundado sobre o que sabemos ou pensamos saber".
O Islão
Autor: Paul Balta
Editor: Editorial Inquérito
140 págs.
Os Judeus
Autor: Victor Kuperminc
Editor: Editorial Inquérito
139 págs.
O Egipto Faraónico
Dimitri Laboury
Editor: Editorial Inquérito
143 págs.
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