As Incubadoras do Ceará e sua relação com a promoção de inovações sustentáveis ALANDEY SEVERO LEITE DA SILVA UFPB/PPGI [email protected] POLYANA KARINA MENDES XIMENES Universidade de Fortaleza [email protected] FÁBIO FREITAS SCHILLING MARQUESAN Universidade de Fortaleza [email protected] As Incubadoras do Ceará e sua relação com a promoção de inovações sustentáveis Resumo O objetivo desse estudo é analisar a relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas. A categoria Processos, componente Sustentabilidade e respectivos proxies: viabilidade econômica; socialmente justa e ambientalmente correta é estudada através do Modelo CERNE da ANPROTEC. Metodologicamente a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva, explicativa e multicaso com coleta de dados feita a partir de entrevistas, grupos focais, questionários online e documentos. Evidenciou-se significativa relação entre as incubadoras e incubadas com a promoção de inovações sustentáveis, mas esforços se fazem necessários para novos estudos e ampliação da perspectiva da inovação econômica para inovação sustentável (AERTS et al ., 2007). Palavras-Chave: Incubadora. Incubada. Inovação. Sustentabilidade The Incubators of Ceará and its relation to the promotion of sustainable innovations Abstract The study objective is to analyze the relationship of the incubators of Ceará in the sustainable innovations development of its incubated companies. The Process category, component and their proxies Sustainability: economic viability; socially just and environmentally correct is studied through the CORE Model ANPROTEC. Methodologically the research is characterized as qualitative, descriptive, explanatory and multicase with data collected from interviews, focus groups, online surveys and documents. Showed a significant relationship between the incubator and incubated with the promotion of sustainable innovations, but efforts are needed to further study and expansion of the economic outlook for sustainable innovation (AERTS et al., 2007). Key words: Incubator. Incubated. Innovation. sustainability 1 INTRODUÇÃO A partir do trabalho de Birch (1979, 1987), com evidências sobre o impacto das novas e pequenas empresas na criação de novos postos de trabalho nos EUA, estas instituições têm sido observadas e desenvolvem-se como uma das fontes mais importantes de criação de emprego, riqueza e contribuição para o desenvolvimento econômico das regiões e das nações (STOKES; WILSON, 2010; THURIK;WENNEKER, 1999). Contrário aos estudos supracitados, outros relatos e pesquisas argumentam que as pequenas e novas empresas, em seus primeiros anos, são muito frágeis, vulneráveis e suas ofertas de emprego tendem a existir por um curto período de tempo, não contribuem efetivamente para o crescimento econômico, pois, pagam salários mais baixos e têm benefícios menos generosos em termos de seguros de saúde, férias, e planos de previdência (DAVIS et al. 1996a,1996b; STOKES; WILSON, 2010). Tais situações foram previamente tratadas em obras clássicas que abordam a “Reponsabilidade do Novo” (STINCHCOMBE, 1965) e a “Responsabilidade do Pequeno” (FREEMAN et al., 1983). Diante desse problema, as incubadoras foram instituídas como uma das fontes disponíveis de apoio às novas e pequenas empresas para inovarem e desenvolver-se com sucesso. O modelo precursor do processo de incubação de empresas da atualidade surgiu em 1959, no estado de Nova Iorque (EUA), instalada no espaço de uma fábrica fechada cujo espaço foi sublocado para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços (ANPROTEC, 2014a). As incubadoras de empresas, através de uma gama de mecanismos, programas e incentivos, têm a missão de ajudar os empresários das pequenas e novas empresas em países menos e mais desenvolvidos na inovação, promoção e formação de novos negócios econômicos, sociais e sustentáveis nas regiões em que atuam (AERTS et al, 2007; ALLEN; RAHMAN, 1985; BERGEK; NORRMAN, 2008; GRIBALDI; GRANDI, 2005; OCDE, 2010; SCHWARTZ; GOTHNER, 2009; SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010; UDELL, 1990; RATINHO et al. 2010a, 2010b). Dados do ano de 2012 apontam que no mundo existem aproximadamente 7.000 incubadoras (NBIA, 2013). No Brasil, há 384 incubadoras e 2.640 incubadas (ANPROTEC/MCTI, 2012). A importância das incubadoras para as empresas incubadas é evidenciada por seu rápido aumento em todo o mundo, sobretudo, como geradora de negócios (UDELL, 1990; RATINHO 2011; RATINHO, 2010a; HENRIQUES, 2010; OCDE de 1997 , EC 2002) e pelo investimento público dos governos (SCHWARTZ; GOTHNER 2009). No Brasil, o financiamento público dos Parques Tecnológicos (PqT) e Incubadoras cabe principalmente ao governo federal que responde por R$ 18,2 milhões - 54%, seguidos, pelos governos estaduais e municipais que respondem por R$ 11,5 milhões - 34%. A iniciativa privada financia R$ 3,8 milhões - 12% do total de financiamentos (CDT/UnB/SETEC/MCTI, 2013). Em média, no mundo, 70% das incubadoras recebem alguma forma de subsídio (NBIA, 2014). Enquanto motores de inovação, promoção e formação de novos negócios econômicos, sociais e sustentáveis nas regiões em que atuam (AERTS et al, 2007; ALLEN; RAHMAN, 1985; BERGEK; NORRMAN, 2008; GRIBALDI; GRANDI, 2005; OCDE, 2010; SCHWARTZ; GOTHNER, 2009; SCILLITOE; CHAKRABARTI, 2010; UDELL, 1990; RATINHO et al. 2010a, 2010b), mostra-se necessário atentar para o caráter de inovações sustentáveis. Já na década de 1970, esta proposta surge como resposta crítica aos limites malthusianos de crescimento defendido pelo Clube de Roma, que apontava que a industrialização, a produção de alimentos e a poluição mereceriam uma atenção especial, pois estariam em colapso econômico e social no século 21 (MEADOWS, 1972). Em termos de incubadoras e incubadas, segundo Fonseca e Jabbour (2012), tais instituições devem ter instrumentos à sua disposição para avaliar sua sustentabilidade além 2 dos limites econômicos e efetivamente contribuir para melhoria contínua da gestão e desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis (AERTS et al ., 2007; HILLARY, 2004; POTTS, 2010). Estudos clássicos e contemporâneos sobre incubadoras enfocam questões relacionadas à tecnologia, retorno econômico, stakeholders (clientes, governo e políticas, universidades, empresas, etc.), processos, dentre outros (AERTS et al ., 2007; ABDUH et al, 2007; ALLEN,1988; LEE; OSTERYOUNG,2004; MARKLEY; MCNAMARA,1994; MARTIN,1997; MIAN,1997), contudo visando estabelecer uma relação entre as incubadoras e a produção de inovações sustentáveis por parte de suas incubadas. Esse estudo procura responder a seguinte questão de pesquisa: Qual a relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas? Como objetivo geral: o estudo visa analisar a relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis das suas incubadas. Com essa perspectiva, incorpora-se a incubadoras e incubadas o tema do desenvolvimento de inovações sustentáveis como centro de discussão para a compreensão das configurações estabelecidas no Estado do Ceará. Têm-se como unidade de análise as 06 (seis) incubadoras das 08 (oito) que fazem parte da Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC), a saber: Incubadora de Empresas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IE-IFCE); Espaço de Desenvolvimento de Empresas de Tecnologia da Universidade de Fortaleza (EDETEC); Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC); Incubadora Tecnológica do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (INTECE CENTEC); Incubadora do Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação (INCUBATIC); e, Incubadora do Parque Tecnológico do Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (PARTEC-NUTEC). O artigo está estruturado como segue: A primeira seção apresenta a teoria e as hipóteses sobre Incubadoras e Incubadas no Brasil e no Estado do Ceará, Empreendimento, processo e Gestão; A segunda seção apresentará o modelo CERNE usado e uma ampliação sob a perspectiva das Inovações Sustentáveis; A terceira seção consta a metodológica; em seguida, discussão dos resultados; considerações; e, referências. Incubadoras e Incubadas: panorama e contexto do Estado do Ceará Estudos precursores sobre aglomerações de empresas são creditados a Alfred Marshall, por sua obra “Princípios de Economia”, na década de 1920. Em suas pesquisas, Marshall se prendia, em geral, a localização das indústrias, geralmente relacionadas a condicionantes geográficos, físicos, climáticos, fatores de solo e do mercado consumidor (MARSHALL, 2006). Enquanto aglomeração de empresas, o modelo precursor do processo de incubação de empresas, como conhecido hoje, surgiu em 1959 no Estado de Nova Iorque (EUA), quando uma das fábricas da Massey Ferguson faliu, deixando um significativo número de residentes novaiorquinos desempregados. Joseph Mancuso, comprador das instalações da fábrica, resolveu sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços (ANPROTEC, 2014a). Meados da década de 1960 e início da década de 1970 são tidos como marco para o surgimento de incubadoras, incubadas, parques de ciência e tecnologia, e de mecanismos similares. Os Estados Unidos, na Universidade de Stanford na Califórnia e posteriormente o “Vale do Silício”, e a Inglaterra, através do Parque Tecnológico de Cambridge, foram os países pioneiros neste tipo de empreendimento (KAPLAN; PERINNEAL, 2000). No Brasil, as primeiras incubadoras surgiram a partir da década de 1980, quando por iniciativa do então presidente do CNPq, Professor Lynaldo Cavalcanti, cinco fundações tecnológicas foram criadas, em Campina Grande (PB), Manaus (AM), São Carlos (SP), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC) (ANPROTEC, 2014a). 3 Segundo Hansen et al, (2000), uma evolução do modelo clássico de incubadoras, denominado de redes de incubadoras, representa um modelo de organização fundamentalmente novo e duradouro excepcionalmente adequado para empresas em crescimento na economia da Internet. As redes de incubadoras compartilham certas características com outras incubadoras principalmente, promovem um espírito de empreendedorismo e oferecem economias de escala, proporcionam as start-ups acesso preferencial e competitivo a uma rede de stakeholders em potencial. Além disso, algumas redes de incubadoras dispõem de sistemas para incentivar networking, dando suporte as start-ups, por exemplo, para se reunir com parceiros de negócios em potencial, dentre outros (HANSEN et al, 2000). No Brasil, há cerca de 16 (dezesseis) estados (Acre, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul) e o Distrito Federal, dentre outros, que possuem Redes de Incubadoras (ANPROTEC, 2014a). A seguir será apresentada uma breve descrição da Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC) com dados das respectivas incubadoras, incubadas e área de atuação. A. Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC). Criada em 2002 e constituída em 2008 a associação Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará (RIC) abriga as nove incubadoras de empresas desse Estado (RIC, 2014). A RIC é uma Pessoa Jurídica de Direito Privado, de fins não lucrativos, com autonomia administrativa e financeira, constituída nos termos da lei civil e doravante segundo o que rege o seu Estatuto será denominada “RIC” (RIC,2014). O Quadro 1, pela representatividade, apresenta os sujeitos (incubadoras e incubadas) usados para o estudo do objeto supracitado. Quadro 1 - Rede de Incubadoras de Empresas do Estado do Ceará (RIC). Incubadora Nº de Incubadas Incubadora de Empresas do Instituto Federal de Educação, Ciência 13 e Tecnologia do Ceará (IE-IFCE) Espaço de Desenvolvimento de Empresas de Tecnologia da 12 Universidade de Fortaleza (EDETEC) Incubadora de Empresas da Universidade Estadual do Ceará – 9 INCUBAUECE Incubadora Tecnológica do Instituto Centro de Ensino Tecnológico 25 (INTECE - CENTEC) Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC) 13 Incubadora do Parque Tecnológico do Núcleo de Tecnologia 5 Industrial do Ceará (PARTEC-NUTEC). Incubadora do Instituto de Tecnologia da Informação e 4 Comunicação (INCUBATIC) Incubadora de Cooperativas Populares de Autogestão do Ceará 21 Fonte: RIC (2014). Tipo de Atuação Mista Tecnológica Tecnológica Mista Tecnológica Mista Tecnológica Tradicional A seguir, será exibida uma breve apresentação de cada uma das 06 (seis) incubadoras estudadas de um total de 08 (oito) pertencentes à RIC. A.1. Incubadora de Empresas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IE-IFCE) A Incubadora de Empresas do IFCE está em atividade há 10 (dez) anos e, desde então, assume um papel relevante dentro do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE, sendo uma ação pedagógica de formação empreendedora voltada a alunos e exalunos da instituição, cuja missão é contribuir de forma sustentável para o desenvolvimento do Ceará, na criação de empresas inovadoras, por meio das atividades estruturadas e ambientes empreendedores. A Incubadora tem como visão ser reconhecida em nível nacional como um lócus de referência de desenvolvimento e consolidação de empresas IE/IFCE (2014). 4 O objetivo geral da Incubadora de Empresas do IFCE é alavancar a disseminação do empreendedorismo inovador por meio da troca de experiências e de tecnologia por parte das empresas do programa de incubação do IFCE, contribuindo com a política de geração de emprego e renda no Estado do Ceará. Segundo o IE/IFCE (2014), em 2012, foi realizado um processo seletivo de novos empreendimentos e, com isso, o número de empresas saltou de 08 (oito) para 13 (treze). Das atuais empresas, 08 (oito) são empresas incubadas de tecnologia: Segue abaixo a relação das empresas incubadas de tecnologia, bem como uma rápida descrição de cada uma delas: Quadro 2 – Incubadas da Incubadora do IFCE Nome Setor Produtos Adapter Tecnologia AED Tecnologia . Convermídia DAT Tec. da Inf. (TI) TI Pesquisa e desenvolvimento na área de sistemas embarcados. Desenvolvimento de produtos eletrônicos voltados à automação e eletrônica, responsável pela criação do Mototaxímetro e do Portátil. TI Desenvolvimento de software para jogos eletrônicos; ENERGIA Fornecimento de produtos e soluções inovadoras e automação de processos e serviços no setor de energia elétrica Líukin ENERGIA Empresa voltada à automação residencial no setor de energia elétrica responsável pelo Medidor Inteligente de Rede Elétrica (MIRE) PolivalenTI TI Empresa destinada à área de tecnologia da informação, envolvendo o desenvolvimento de sistemas, ou softwares. RA3 Pesq. E Des. Empresa voltada à área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) (P&D); criou o sistema para gerenciamento remoto de cargas (GRC) VAAG Metal Empresa atuante na área de Pesq. Des. Inov. (P, D & I), mecânica voltado à produção e fornecimento de equipamentos de telemetria. Fonte: IFCE, Incubadora (2014). Tempo de Incubação 2 anos 2 anos 2 anos 1 ano 1 ano 3 anos 2 anos 2 anos A.2. Incubadora de empresas de base tecnológica da Universidade de Fortaleza – EDETEC A incubadora de empresas de base tecnológica da Universidade de Fortaleza, mantida pela Fundação Edson Queiroz, denominada de Espaço de Desenvolvimento de Empresas de Tecnologia (EDETEC), foi formalmente instituída em 12 de fevereiro de 2009, embora a Universidade de Fortaleza já apresentasse desde 2004 uma experiência de incubação de empresa, por meio de um programa de incubação de empresas apoiado pelo SEBRAE naquele ano (UNIFOR/EDETEC, 2014). A EDETEC tem como objetivo de atuação a incubação de empreendimentos orientados para a geração e uso intenso de tecnologia. Atualmente o EDETEC apresenta a possibilidade de abrigar 08 (oito) novos empreendimentos em um espaço físico de aproximadamente 600 m², as escolhas das incubadas são realizadas através de editais específicos divulgados em jornais de grande circulação, no meio acadêmico e entidades de fomentadoras de empreendimentos empresariais (UNIFOR/EDETEC, 2014). Quadro 03: empresas presentes na EDETEC Nome Setor ARMTEC Tecnologia Automação e Robótica em Robótica Ltda. Wikinova Soluções Tecnologia da Inovadoras Ltda. Informação G4flex Comércio e Tecnologia da Serviço de Informática Informação e Ltda. Telecomunicações Fonte: UNIFOR/EDETEC (2014) Produtos Máquinas e Equipamentos Tempo Incubação 7 anos Programa de Computadores 2 anos Programa de Computadores Equipamentos de Informática e de 2 anos 5 A.4. Incubadora do Parque de Desenvolvimento Tecnológico - PADETEC O PADETEC é uma das mais antigas incubadoras do Brasil, já tendo incubado 99 empresas e graduado 35. Presta consultoria e faz transferência de tecnologia para empresas nacionais e estrangeiras. Desenvolve pesquisas para lançamento de novos produtos no mercado, com apoio da FINEP, PETROBRAS, BNB, SEBRAE e CNPq entre outros (UFCE/ PADETEC, 2014). O PADETEC mantém estreito relacionamento com Instituições no Estado do Ceará e outros Estados, destacando-se trabalhos em conjunto com as Universidades locais (UFC, UECE e UNIFOR), convênios com as Universidades Federais da Bahia e Pernambuco. No final do ano de 2013 o PADETEC contava com 21 (vinte e uma) empresas a ele vinculadas, segue sucinta descrição do perfil dessas empresas: Quadro 04 - Incubadas do PADETEC Nome Setor Mpr Alimentos Queijos Don Afonso Cyber Alimentício Siac Inovaeduc Metal mecânico Mecânica eletrônica TI fina Alimentos funcionais Cohibra Química Biotrends Me Biotecnologia Emetech Automação Embratron Eletrônica Fix Produtos Alimentício Eletrônica, mecânica fina Gene Energia eólica Geomk Ti Othon Alimentícia Fonte: PADETEC (2014) e Produção e comercialização de produtos de panificação funcionais. Queijos tipo provolone, queijos desidratados com linhaça e sem lactose. Sistema de Resgate Automático para Passageiros Presos em Elevadores - SRA e Sistema de Autossuficiência Energética. Vitrines interativas e automação de vitrines e lojas. Desenvolvimento de soluções tecnológicas, formação de profissionais, consultoria em tecnologia da informação em apoio à educação. Pré-mistura funcionais, Pães, Bolos, Biscoitos e massas funcionais. Produtos Naturais e fitoterápicos Extração do óleo da proteína do coco a partir de frutos maduros pelo processo enzimático - aquoso Produtos e processos biotecnológicos. Recuperação de áreas impactadas. Válvulas hidráulicas magnéticas e adaptação de sensores comerciais para medições da umidade de solos Localizadores GPS, sistema de rastreamento pessoal e automotivo. Equipamento para gelar instantaneamente latinhas de bebidas diversas. Aerogerador na faixa de potência de 5 KW a 50 KW. Geomarketing. PRATOS CONGELADOS A BASE DE PEIXE Tempo de Incubação 01 ano 01 ano 01 ano 01 ano 01 ano 06 meses 01 ano 01 ano 03 anos 03 anos 03 anos 01ano 02 anos 02 anos A.5. Incubadora Tecnológica do Instituto CENTEC – INTECE A Incubadora Tecnológica do Instituto CENTEC – INTECE é fruto de uma iniciativa ousada e pioneira no interior do estado. Nascida de uma parceria firmada entre CENTEC e SEBRAE, em 2002, através do edital de Implantação de Incubadoras de Empresas, foram implantadas, simultaneamente, 06 (seis) unidades da INTECE, situadas nos municípios de Limoeiro do Norte, Sobral, Quixeramobim, Crateús, Aracati e Juazeiro do Norte (CENTEC/INTECE, 2014). A seguir, de acordo com CENTEC/INTECE (2014), segue sucinta descrição do perfil dessas empresas: 6 Quadro 05 – Incubadas INTECE Nome Setor Geragri Sandálias d’lourdes Indove Agronegócio Calçadista Produção de alimentos utilizando tecnologia. Produção de calçados e artigos em geral. Tempo de Incubação 02 anos 01 ano Químico Produção de produtos de higiene. 01 ano Palmilha ortopédica Autoterm Piscis Saúde Produção de palmilhas ortopédicas utilizando tecnologia. Produção de sistema de refrigeração solar. Produção de biocombustível e óleo a partir das vísceras de peixe. Fabricação de argamassa. 01 ano 01 ano Fabricação de peças voltadas para o setor elétrico. Produção de sorvetes Fabricação de calçados Produção de laticínios em geral. 01 ano 01 ano 01 ano 01 ano Desenvolvimento de soluções e sistemas. 02 anos Metal mecânica Meio ambiente Argamasso do Construção civil vale Klc Metal mecânico Sorvegel Alimentício Madry power Calçados Laticínios Alimentício milha Rav Ti tecnologia Fonte: CENTEC/INTECE (2014) Produtos 01 ano 02 anos A.6. Incubadora de Empresas do Instituto de Tecnologia da Informação e Comunicação – INCUBATIC Fundada em 1996, a Incubadora de Software – INCUBATIC começou sua atuação através de um edital específico com a seleção de 5 projetos: Condor; D´arte; DMS Lenz; Miro; Soft&Book. A Instituição tem como missão estimular a criação de empresas da área de tecnologia da informação e comunicação de base tecnológica e o desenvolvimento de softwares e hardwares de interesse regional e como visão de futuro pretende ser capaz de implantar parques tecnológicos na região, apoiar a criação de outras incubadoras com certificação CERNE e efetuar transferência de tecnologia para empresas nacionais e estrangeiras nos setores de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação), através de seus laboratórios de TIC. No Plano Diretor, para o triênio 2012-2014, estão definidas as metas com relação à infraestrutura física, equipamentos, formação e/ou treinamento de pessoal especializado, incubação de empresas, implantação e/ou desenvolvimento de projetos de da área de TIC. Todas as atividades deverão ocorrer em íntima relação com órgãos governamentais, empresariais, atividades-fim da Universidade (ensino, pesquisa e extensão) e voltadas para a melhoria da qualidade de vida da sociedade (INCUBATIC, 2014). Quadro 06: incubadas INCUBATIC Nome Setor Itopsolution Tec. da Inf. e Com. (Tic) Iblue Tic Inpid Tic Newcomex Tic Universus Tic Produtos Desenvolvimento empresas. de aplicativos para Desenvolvimento de softwares e soluções para o setor de energia eólica. Programa de Computadores e Equipamentos de Informática Empresa trabalha com o desenvolvimento de soluções facilitadoras para o desembaraço aduaneiro online, tanto para importação como exportação. Desenvolvimento de plataformas para educação à distância Tempo de Incubação 01 ano 01 ano 02 anos 02 anos 02 anos Fonte: INCUBATIC (2014) 7 A.7. Incubadora do Parque Tecnológico do NUTEC – PARTEC Iniciou suas atividades em outubro de 1998, sendo uma incubadora de natureza pública, por ser um programa da Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará – NUTEC, vinculado à Secretaria de Ciência e Tecnologia e Educação Superior do Estado do Ceará – SECITECE (NUTEC/PARTEC, 2014). O NUTEC PARTEC acolhe também empreendimentos nas áreas de tecnologias apropriadas ao Estado do Ceará. Atualmente a incubadora possui 04 (quatro) colaboradores Quadro 07: Incubadas PARTEC Nome Setor Capitão mourão Alimentício Ekipar Biocombustível Inovagro Agroindústria Olveq Químico Policlay Químico/alimentos Produtos Produção de caranguejos com tecnologia Produção de biocombustível a partir do peixe Trabalha com pesquisas e desenvolvimento de produtos derivados do princípio ativo da folha da graviola. A empresa trabalha com inovação na destoxificação da torta de mamona em escala industrial, para viabilizar seu uso como ração animal. produção e comercialização de produtos minerais não metálicos Tempo de Incubação 01 ano 01 ano 02 anos 02 anos 02 anos Fonte: NUTEC/PARTEC (2014) O objetivo estratégico da RIC é Consolidar as incubadoras de empresas no Estado do Ceará, apoiando a criação de novas incubadoras e fomentando a inclusão de empresas incubadas no mercado através da competitividade e sustentabilidade das empresas graduadas, proporcionando geração de emprego e renda. Inovação O Lucro Empresarial pode explicar o acúmulo de riquezas, já que “sem lucro não há desenvolvimento e, sem desenvolvimento não há lucro.” Mas, também, explica porque um inovador pode ser privado de seu lucro. Vale salientar que, as novas tecnologias que propiciam uma esperança de lucro não podem ter: declínio de preço; acessão do custo do serviço do trabalho; demanda crescente ao ponto de prejudicar a lucratividade (SCHUMPETER,1988). Nesse sentido, o processo de inovar é crucial e as vantagens competitivas das firmas resultam basicamente de sua habilidade em fazer coisas úteis, difíceis de serem imitadas e melhor do que seus concorrentes, o que reflete sua capacidade em inovar (PAVITT, 1992). Inseridas nesse contexto, incubadas e incubadoras são consideradas uma importante fonte de inovação, tecnologia e comercialização do crescimento econômico a nível local, regional e nacional por acadêmicos e formuladores de políticas (AABOEN, 2009; AERTS et al ., 2007; BRUNEEL et al, 2012; FONSECA; JABBOUR, 2011; RATINHO; HENRIQUES, 2010; SCHWARTZ; HORNYCH, 2010). A comercialização rápida de novas tecnologias e inovação são objetivos fundamentais para incubadoras e empresas incubadas. Em primeiro lugar, o sucesso de uma incubadora depende da capacidade de suas incubadas desenvolverem novos produtos e processos e para obter estes no mercado rapidamente. Em segundo lugar, rápida comercialização do mercado é importante para as incubadas ganhar (1) fluxo de caixa inicial, (2) a quota de mercado mais cedo, (3) internacionalizar mais rapidamente e (4) aumentar a probabilidade de sobrevivência (Schoonhoven et al., 1990; Ramos et al, 2011;. Carbonell e Rodrigues, 2006). No entanto, pesquisas mostram que há muita heterogeneidade entre incubadoras e empresas de incubadas, mas o interesse econômico (AERTS et al., 2007;BERGEK; NORRMAN, 2008) ainda prevalece em detrimento da busca por inovações sustentáveis 8 (FONSECA; JABBOUR, 2012; HILLARY, 2004; POTTS, 2010), corroborando as missões e visões defendidas pelas incubadoras de inserir o empreendedorismo inovador na economia nacional. Sustentabilidade A partir de uma linha de desenvolvimentismo, Gudynas (2009), destaca que a América do Sul vive uma ampliação de práticas extrativistas tradicionais ora sob a égide do petróleo e seus derivados, ora pelos mesmo produtos e práticas ditos convencionais, mas, em ambos, com o mesmo poder degenerado. Sob tais circunstancias e outras ao redor do mundo, pactuamos da observação de Banerjee (2011) que é necessário olhar para as questões, definições, práticas organizacionais e políticas públicas sobre sustentabilidade e responsabilidade social utilizando uma análise crítica com ações reais globais e não apenas intencionais, pontuais, obscuras, conflitantes e inadequadamente transferidas para seus stakeholders. Robinson (2004) ressalta que é preciso avançar no conceito e entendimento de sustentabilidade e responsabilidade iniciado na década de 60. Partir de uma preocupação utilitarista e romântica para uma prática integradora dos diversos setores e representações alterando comportamentos e decisões particulares para comunitários. Caso contrário, um risco óbvio é que a sustentabilidade empresa torna-se apenas uma fachada conveniente tendo pouco significado substancial (LANGE, et al. 2012). Em particular, essa regra vale para incubadoras e incubadas (HILLARY, 2004; POTTS, 2010), portanto as incubadoras devem ter instrumentos à sua disposição para avaliar o seu desempenho ambiental, e esses instrumentos devem ajudar a facilitar a melhoria contínua de sua gestão e do seu impacto ambiental. Acerca da relação em estudo, seguem as proposições: proposição 1a: Os “Processos” da incubadora, a partir do componente “Sustentabilidade” e proxy “viabilidade econômica”, contribui para promoção de inovações sustentáveis de suas incubadas; proposição 1b: Os “Processos” da incubadora, a partir do componente “Sustentabilidade” e proxy “socialmente justa”, contribui para promoção de inovações sustentáveis de suas incubadas; proposição 1c: Os “Processos” da incubadora, a partir do componente “Sustentabilidade” e proxy “ambientalmente correta”, contribui para promoção de inovações sustentáveis de suas incubadas. O MODELO CERNE (CENTRO DE REFERÊNCIA PARA APOIO A NOVOS EMPREENDIMENTOS) O Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos (Cerne) é uma plataforma que visa promover a melhoria expressiva nos resultados das incubadoras de diferentes setores de atuação. Para isso, determina boas práticas a serem adotadas em diversos processos-chave, que estão associados a níveis de maturidade (Cerne 1 a 4) conforme Figura 1. Figura 1- Níveis de maturidade do Modelo CERNE Fonte: Anprotec (2014b), com adaptações. 9 O objetivo do Modelo Cerne é oferecer uma plataforma de soluções, de forma a ampliar a capacidade da incubadora em gerar, sistematicamente, empreendimentos inovadores bem sucedidos. Esse modelo de incubação de empresas busca suprir a necessidade das incubadoras em ampliar a capacidade de geração sistemática de empreendimentos de sucesso (ANPROTEC, 2014b). Segundo a Anprotec (2014b) o conjunto de categorias sobre os quais os processos e práticas estão estruturados é: 1) Foco nos empreendimentos: a ação da incubadora deve ser focada na agregação de valor para os empreendimentos apoiados. Assim, toda a atenção da equipe de gestão da incubadora deve ser no sentido de identificar dificuldades e oportunidades, de forma a acelerar e ampliar o sucesso dos empreendimentos; 2) Foco nos processos: os processos utilizados pela incubadora influenciam os resultados obtidos. Dessa forma, para melhorar os resultados finais (número de empresas graduadas, taxa de sucesso, entre outros) a incubadora deve focar nos processos que definem esses resultados; 3) Ética: as ações da incubadora e das empresas incubadas devem estar em sintonia com os valores da sociedade; 4) Sustentabilidade: a incubadora deve ser economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta; 5) Responsabilidade: a incubadora deve responder por suas ações e omissões, agindo de maneira ativa para melhorar a sociedade da qual faz parte; 6) Melhoria contínua: este princípio implica que a incubadora deve aprimorar, continuamente, seus processos e resultados; 7) Desenvolvimento humano: a incubadora deve dar prioridade à evolução pessoal e profissional dos membros da equipe de gestão, enfatizando a autogestão e o autocontrole; e, 8) Gestão transparente e participativa: as ações da incubadora devem ser realizadas de forma colaborativa. Adicionalmente, todos os processos e resultados devem ser informados de forma transparente aos diferentes atores do processo de inovação. MODELO DE ANÁLISE O modelo de análise baseia-se na categoria Processos, componente Sustentabilidade e respectivos proxies: viabilidade econômica; socialmente justa e ambientalmente correta, conforme ilustração da Figura 2 (ANPROTEC, 2014b). Figura 2- Modelo de análise Fonte: Anprotec (2014b), com adaptações. Há um horizonte bastante vasto e divergente de indicadores usados em pesquisas com o objetivo de determinar padrões, criticar práticas, e ou evidenciar o desempenho e a sustentabilidade das incubadoras e incubadas (ALLEN; MCCLUSKEY, 1990; AERTS et al., 2007), mas poucas, como o modelo de análise em uso e o framework de Chan e Lau (2005), recomendam que os serviços e apoio de incubadoras considerem os processos como categoria de análise, e ainda quase nenhum as questões relacionadas a inovações sustentáveis. Nesse sentido, justifica-se o uso nessa pesquisa da categoria Processos, do componente Sustentabilidade e respectivos proxys: viabilidade econômica; socialmente justa e ambientalmente correta é estudada através do Modelo CERNE (ANPROTEC, 2014b). 10 Para o modelo de análise adotado, foram atribuídas, para cada componente da categoria analítica, referências que balizarão a avaliação, conforme o Quadro 08. Quadro 08 - Referências analíticas para os componentes da categoria processo Categoria Componente Proxies do Componente Viabilidade econômica Processo/Modelo CERNE (ANPROTEC, 2014b). Socialmente justa Sustentabilidade Ambientalmente correta Referência Pouca Média Muita Pouca Média Muita Pouca Média Muita Fonte: Anprotec (2014b), com adaptações. Os resultados subsidiaram ao pesquisador para o julgamento criterioso e atribuição direta de um conceito relativo ao nível de relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas. Após essas valorações foi possível uma leitura ampliada da relação supracitada o qual poderá ser julgado em termos de aproximação ou em nível de adesão aos referenciais de inovação e sustentabilidade disponíveis. METODOLOGIA DA PESQUISA Metodologicamente o estudo balizou-se por algumas das categorias e tipologias para classificação dos estudos científicos, propostas por Babbie (1998), Gil (1991), Richardson (1989), Vergara (2008) e Yin (2007) no intuito de alcançar os objetivos aqui estabelecidos. Define-se a presente investigação como um estudo de base qualitativa, ex-post facto, de corte transversal, de caráter descritivo e também explicativo, caracterizada pela abordagem do método de estudo de caso múltiplo. A investigação adota como nível de análise para investigação o organizacional (CHANLAT, 1993). Para não comprometer o objeto da pesquisa, foram considerados intencionalmente, 6 (seis) incubadoras de um total de 8 (oito) pertencentes a RIC e 2 (duas) incubadas aleatoriamente escolhidas para validar as posições das incubadas. Estabeleceu-se como unidades de observação nessa pesquisa, conforme define Babbie (1998), sujeitos ocupantes de posições de direção ou coordenação, entre os quais, os diretores ou coordenadores de incubadoras e incubadas, observados com o conteúdo de suas falas analisadas, entrevistados pessoalmente ou on-line. Em adição e com vistas à obtenção de novas percepções, foram considerados também como sujeitos alguns stakeholders como clientes, fornecedores, pesquisadores e representantes da sociedade civil organizada que mantem ou recebem influencia da relação incubadora e incubadas. O Quadro 9 discrimina em cada instituição as quantidades de sujeitos de pesquisa por categoria de unidade de observação e por instrumento de coleta utilizado. Quadro 9 - Quantidade de sujeitos de pesquisa por unidade de observação Unidades de observação Unidades Entrevistas Questionário e análise de conteúdo de análise de material on- line Diretores IE-IFCE EDETEC PADETEC INTECE CENTEC INCUBATIC PARTEC-NUTEC Totais Stakeholder s 01 01 01 01 Diretores 01 01 01 01 Coord. de área 01 01 01 01 01 01 06 01 01 06 01 01 06 Totais Conselheiro 01 01 01 01 Coord. de área 01 01 01 01 01 01 01 01 06 06 06 06 01 01 06 01 01 06 01 01 06 06 06 36 Fonte: Próprio autor 11 A aproximação realizada permitiu a coleta de dados e de evidências relativa à pergunta levantada, seja pela obtenção de respostas detalhadas ou mesmo pela captação de atitudes e sensações dos sujeitos, especialmente em função das suas próprias experiências no campo de estudo. Assim, os dados coletados por meio das entrevistas, incluindo os grupos focais, bem como a parte documental relativa aos relatórios e planilhas das incubadas e incubadoras, foram todos tratados e analisados sob o ângulo qualitativo, enquanto que os dados provenientes dos questionários receberam o tratamento quantitativo adequado aos objetivos dessa investigação. Paralelamente a esse processo fez-se a análise documental de regulamentações e relatórios publicados ou relacionados a instituições que interagem com as incubadoras e incubadas no Estado do Ceará, a saber: Lei Nº. 14.016, de 10 de dezembro de 2007, tendo como finalidade reunir os produtores e demandantes de CT&I; Regulamentação de incentivo à inovação tecnológica das empresas localizadas no Estado do Ceará, através da Lei nº. 14.220, de 16 de outubro de 2008, refletindo as diretrizes estabelecidas na legislação federal, Lei nº. 10.973, de 02 de dezembro de 2004; Regulamentação do Fundo de Inovação Tecnológica do Ceará – FIT, através do Decreto nº. 29.742, de 19 de maio de 2009; Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), através da nova configuração do Sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado normalizada com as leis nº. 14.016/2007 e nº. 14.220/2008 e outros órgãos como: Universidade Estadual do Ceará (UECE), Universidade Vale do Acaraú (UVA) e Universidade Regional do Cariri (URCA), tendo essas instituições experimentado um forte avanço nos seus investimentos. A Universidade Estadual do Ceará (UECE), a Universidade Regional do Cariri (URCA) e a Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Anprotec, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) (BARRETO; MENEZESRIC, 2014; RIC,2014). DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Essa seção tem como objetivo sintetizar as análises realizadas no âmbito das seis unidades investigadas, de modo a se obter um conhecimento comparativo das mesmas. Ao recorrer à simultaneidade no estudo de casos múltiplos, as análises realizadas em separado, são colocadas em paralelo a fim de se explicar as correspondências o ideal e o realizado pelas incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas. a. Resultado sobre os processos das incubadoras, sustentabilidade e referidos proxies Foram encontradas as seguintes evidências, ao serem analisadas as relações das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas, a saber: 1) Sobre a viabilidade econômica, A1a, assim como relatado na pesquisa de Chan e Lau (2005), essa relação não ficou claramente estabelecida, pois mesmo as incubadoras possuindo a sustentabilidade e viabilidade econômica das suas empresas incubadas como posto central das suas existências e colocarem esses aspectos como objetivos centrais a serem perseguidos. Algumas das empresas graduadas possuem dificuldades em manterem-se sustentáveis no mercado, mesmo tratando-se de empresas que possuem potencial de inovação no seu âmago e utilizarem mais tecnologias nos seus processos produtivos do que a media nacional de micro e pequenas empresas. 2) verificou-se uma similaridade de respostas entre os gestores das incubadoras, incubadas, diretoria da RIC e demais stakeholders, em um entendimento uniforme de que os processos destas instituições ao analisar o componente sustentabilidade, tanto nos discursos como nos documentos, respondem mediano para a A1b. 12 3) Por fim, em sua maioria, as incubadoras, mesmo não agindo na prática em sua totalidade, demostraram ter uma alta preparação e consciência ambiental e esta age positivamente para a A1c. Isto é, um dos pré-requisitos para que um empreendimento venha a fazer parte de um processo de incubação, ele deve estar atentado para a preocupação com a sustentabilidade, observando os aspectos ligados a produção racional, quanto a utilização de materiais sustentáveis, com matérias primas reutilizáveis e promovendo ao meio ambiente, a utilização de materiais reciclados e promovendo políticas socialmente responsáveis. Fato que diferencia a RIC de outras redes e conglomerado de incubadoras das demais regiões. Mesmo se destacando ao promover acesso a conhecimentos às incubadoras e incubadas da (RIC) também tem grande influência e projetos relevantes que como ao de analisar a relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas. CONCLUSÃO Ao final é possível inferir que a relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas, apesar de harmoniosa, carece de um repensar em termos do foco principal econômico para um foco sustentável. Consequentemente há uma contribuição moderada para promoção de inovações sustentáveis de suas incubadas e são percebidas pelo nível significativo de preparação e consciência ambiental das entidades estuda. Esta pesquisa, por se tratar de um estudo de casos múltiplos, ficou restrita às descrições das categorias, componentes e relações organizacionais com o entendimento do desenvolvimento regional conforme as definições operacionais das categorias de análise utilizadas. Portanto, embora sejam possíveis reproduções análogas em outros contextos, os resultados e conclusões aqui expostos não podem ser generalizados ou extrapolados às demais regiões, incubadoras e incubadas menos a outros segmentos e organizações e relação das incubadoras do Ceará no desenvolvimento de inovações sustentáveis de suas empresas incubadas. REFERÊNCIAS AABOEN, L. Explaining incubators using firm analogy.Technovation. Ed.29. Vol.10. p.657–670, 2009. ABDUH, M., D'SOUZA, C.; QUAZI, A.; BURLEY, H.T. Investigating and classifying clients' satisfaction with business incubator services. Managing Service Quality. ed.17.p. 74–91, 2007. AERTS, K.; MATTHYSSENS, P.; VANDENBEMPT, K. Critical role and screening practices of European business incubators. Technovation ed. 27. Vol. 5. p. 254-267. 2007. ALLEN, D.N.; RAHMAN S. Small business incubators: a positive environment for entrepreneurship. Journal of Small Business Management. ed.23. vol.3. p.12-22. 1985. ALLEN, D.N. 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