Indicador Riqueza Específica de Avifauna Nidificante Descrição Indicador sobre o valor de Riqueza Específica (número de espécies presente) para as comunidades de avifauna nidificante em várias categorias de paisagem do Concelho de Matosinhos (nível III da Carta de Ocupação de Solos). Metodologia Este indicador pretende quantificar a riqueza específica existente entre as comunidades de avifauna nidificante em várias categorias de paisagem (Nível III da Carta de Ocupação de Solos) do Concelho de Matosinhos. A estratégia amostral foi a definida para efeitos de amostragem e prospecção de biodiversidade em ecossistemas terrestres: foi utilizada uma grelha regular com quadrículas de 0,25km2 (Datum 73 Hayford Gauss IPCC), representada sobre fotografia aérea; a selecção das quadrículas baseou-se num esquema de amostragem aleatório estratificado, considerando também as áreas de RAN e REN identificadas no território. Como tema estratificador principal foi utilizado um indicador sintético de pressão humana previamente calculado para o Concelho de Matosinhos; foram seleccionadas no total 20 células da grelha, sendo o número de células por classe de pressão humana proporcional à representatividade dessa classe no concelho, e assegurando também que todas as classes de pressão humana estariam representadas por pelo menos três células da grelha. Foram excluídas as células correspondentes ao nível mínimo de pressão humana (classe 1), por incluírem maioritariamente áreas marinhas; complementarmente, foi ainda calculada para cada uma destas a percentagem de área ocupada por cada classe de ocupação do solo (nível III de detalhe), com base na cartografia de ocupação do solo produzida para o Concelho de Matosinhos; assim, as 20 células seleccionadas maximizam a dispersão pelas classes de ocupação do solo e pelas classes de pressão humana. A inventariação da avifauna nidificante baseou-se no registo das espécies de aves observadas em pontos de observação. No conjunto das 20 quadrículas realizaram-se 40 pontos de observação, correspondendo, em média, a dois pontos de observação por quadrícula (entre um a três pontos de observação por quadrícula). A localização dos pontos no interior das quadrículas foi feita de forma não-aleatória, tendo em conta aspectos como a acessibilidade de locais e evitar contagens duplas (registo dos mesmos indivíduos em pontos de observação diferentes). Para evitar as contagens duplas manteve-se uma distância mínima de 150 metros entre pontos de amostragem. Em cada ponto de observação foi efectuado um período de contagem de 10 minutos, durante o qual foram registadas todas as espécies de aves observadas (avistadas ou escutadas) e o respectivo número de indivíduos (excluindo indivíduos em “flyover”). As visitas aos pontos de observação (uma por ponto) foram efectuadas no final do mês de Maio de 2013, período que coincide com parte da época de nidificação das espécies que se reproduzem na área amostrada. As visitas foram realizadas em condições de céu limpo, temperaturas amenas (entre 10 ºC e 20 ºC) e sem vento, durante o período entre 15 minutos antes do nascer do Sol e 3,5 horas após o nascer do Sol, correspondendo ao período de maior actividade para maioria das espécies-alvo. Nos pontos de observação também foram registados indivíduos em "flyover" (aves em voo alto não evidenciando qualquer relação com o habitat presente no ponto de observação). Procedeu-se ainda ao registo de qualquer espécie de ave observada nas deslocações entre os pontos (registos adicionais). Estes dois tipos de registos não foram considerados para o presente indicador, servindo apenas para a complementar a lista de espécies presentes no concelho de Matosinhos. Esta exclusão justifica-se pela natureza não sistemática deste tipo de registos, permitindo uma comparação mais fiável entre pontos de observação independentes. A riqueza específica (S) para cada categoria de paisagem ou quadrícula foi calculada tendo em conta os registos das várias espécies efectuados para cada ponto de observação. Assim, os valores indicados para cada categoria ou quadrícula referem-se a valores médios de riqueza específica dos respectivos pontos de amostragem. O valor obtido para as 20 quadrículas prospectadas poderá ser generalizado para a área do concelho através de um exercício de modelação ecológica. O valor atribuído a cada quadrícula corresponderá ao valor estimado a partir de Modelos Lineares Generalizados (GLM) calibrados para a variável resposta S, usando um conjunto alargado de variáveis independentes potencialmente relevantes para a compreensão do padrão observado. Para valorar a riqueza específica, foi utilizada uma escala de 5 valores. A cada valor absoluto de riqueza específica foi atribuído um valor (1-5) consoante a seguinte escala: Valoração S min. S máx. 1 0 4 2 5 8 3 9 12 4 13 16 5 17 20 Para que a riqueza específica seja adequadamente representada pela escala de valoração, esta deverá reflectir a metodologia sistemática definida para recolha de dados (pontos de observação de 10 minutos). Para isto foi aplicado um estimador de riqueza específica total aos resultados de cada ponto de observação realizado. Assim, escolheu-se o estimador Jackknife de primeira ordem, de acordo com a seguinte fórmula: S(J1) = S + f1, em que f1 corresponde ao número de espécies representadas por um único indivíduo. O valor mais elevado de S(J1) obtido para um ponto de observação foi de 18, pelo que este valor foi utilizado para definir as classes de valoração. Dado que o indicador de riqueza específica é obrigatoriamente expresso por números inteiros, arredondou-se por excesso para 20 de forma a criar as cinco classes referidas acima. Os valores de riqueza específica analisados (valores médios por categoria de paisagem e valores por ponto de observação) referem-se sempre a valores observados, tendo-se utilizado o estimador unicamente na definição das classes de valoração. Em valorações futuras, e para possibilitar a comparação da valoração, o intervalo correspondente ao valor 5 deverá manter o valor mínimo e alterar o valor máximo em função de novos dados. Gotelli, N. J. and R. K. Colwell. (2011). Estimating species richness. Pages 39-54 in A. E. Magurran and B. J. McGill, editors. Frontiers in measuring biodiversity. Oxford University Press, New York Gregory, R. D., Gibbons, D. W. & Donald, P. F. (2004). Bird census and survey techniques. In Sutherland, W. J., Newton, I. & Green, R. Bird ecology and conservation: a handbook of techniques. Oxford University Press Howe, R.W., G.J. Niemi, S.J. Lewis, & D.A. Welsh. (1997). A standard method for monitoring songbird populations in the Great Lakes Region. Passenger Pigeon 59(3):183-194 Objectivos Este indicador será usado para caracterizar a situação actual da avifauna nidificante, avaliar alterações com o tempo, e dar informação para gestão do território. Estrategicamente, a meta para este indicador será melhorar o seu valor, a nível do concelho, num prazo de 5 anos e, tomando como referência o valor mais elevado em cada estrato, proceder por forma a aproximar o valor das restantes quadrículas desse valor mais elevado. Periodicidade Cada avaliação deste indicador deverá contemplar 3 campanhas complementares, uma por ano, sendo assim a periodicidade trienal. Fonte Câmara Municipal de Matosinhos, FCUP, CIIMAR, CIBIO Unidades de Medida Riqueza Específica: Número de espécies de aves por categoria de paisagem Valoração: Adimensional Riqueza específica média 12 10 8 6 4 2 0 Categorias de paisagem (Nível III da Carta de Ocupação de Solos) Valores médios de Riqueza Específica (nº de espécies) média de avifauna nidificante para as categorias de paisagem (Nível III da Carta de Ocupação de Solos) amostradas no Concelho de Matosinhos Mapa de valoração da riqueza específica de avifauna nidificante do concelho de Matosinhos nas 20 quadrículas amostradas. Campo Descritivo O valor médio de riqueza específica, quantificado de forma global para todos os pontos de contagem, é de aproximadamente 7. Relativamente às categorias de paisagem amostradas, os valores médios mais elevados foram obtidos nas categorias “Vegetação esparsa” (11), “Matos” (10) e “Culturas temporárias de regadio” (aproximadamente 9). Os valores médios mais baixos foram obtidos nas categorias ”Florestas de folhosas” (6) e “Praias, dunas e areais” (aproximadamente 5). O ponto de contagem com menor riqueza específica foi efectuado na categoria “Praias, dunas e areais” (3), enquanto que o ponto com maior riqueza específica observada se encontra na categoria “Culturas temporárias de regadio” (12). O valor médio de valoração da riqueza específica obtido de forma global para todas as categorias de paisagem foi de 2,25. Todas as categorias de paisagem obtiveram uma valoração de 2 ou 3 (seguindo a escala definida anteriormente). As categorias que obtiveram valores mais elevados na escala de valoração foram “Culturas temporárias de regadio”, “Matos” e “Vegetação esparsa”. Embora a reduzida variabilidade observada nos resultados da valoração para este indicador não permita tirar conclusões sólidas, verifica-se que as três categorias classificadas como 3 apresentaram geralmente uma elevada heterogeneidade de elementos físicos naturais e artificiais, o que provavelmente potencia a ocupação do espaço por um maior número de espécies. A quantidade e a qualidade dos dados não permitiu obter um resultado robusto do exercício de modelação, pelo que não se apresenta a espacialização da carta de valoração abrangendo a totalidade do concelho. Uma recolha de dados mais abrangente deverá ser considerada no futuro (ver “Periodicidade”).