Indicador Espécies de mamíferos com estatuto de conservação "ameaçado" Descrição Indicador sobre a presença de espécies de mamíferos com estatuto de conservação "ameaçado" nas comunidades mamíferos do Concelho de Matosinhos. Metodologia Este indicador pretende quantificar o número de espécies com estatuto de conservação "ameaçado" presentes nas comunidades de mamíferos do Concelho de Matosinhos. Este número foi estimado tendo em conta os registos de presença das várias espécies por quadrícula amostrada (n=20) e o seu estatuto de conservação, constante no "Livro Vermelho do Vertebrados de Portugal" (Cabral et al. 2005). Consideraram-se espécies com estatuto de conservação "ameaçado" as classificadas como Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN) e Vulnerável (VU). A estratégia amostral foi a definida para efeitos de amostragem e prospecção de biodiversidade em ecossistemas terrestres: foi utilizada uma grelha regular com quadrículas de 0,25km2 (Datum 73 Hayford Gauss IPCC), representada sobre fotografia aérea; a selecção das quadrículas baseou-se num esquema de amostragem aleatório estratificado, considerando também as áreas de RAN e REN identificadas no território. Como tema estratificador principal foi utilizado um indicador sintético de pressão humana previamente calculado para o Concelho de Matosinhos; foram seleccionadas no total 20 células da grelha, sendo o número de células por classe de pressão humana proporcional à representatividade dessa classe no concelho, e assegurando também que todas as classes de pressão humana estariam representadas por pelo menos três células da grelha. Foram excluídas as células correspondentes ao nível mínimo de pressão humana (classe 1), por incluírem maioritariamente áreas marinhas; complementarmente, foi ainda calculada para cada uma destas a percentagem de área ocupada por cada classe de ocupação do solo (nível III de detalhe), com base na cartografia de ocupação do solo produzida para o Concelho de Matosinhos; assim, as 20 células seleccionadas maximizam a dispersão pelas classes de ocupação do solo e pelas classes de pressão humana. A inventariação de micromamíferos foi realizada através de captura com armadilhas tipo Sherman (adequadas para capturar pequenos roedores e insectívoros) e observação de indícios de presença (túneis/tocas, dejectos e restos de alimento). Cada uma das 20 quadrículas foi prospectada para recolher informação sobre indícios de presença e habitat mais adequado à armadilhagem. Esta decorreu no início de Junho de 2013. Em cada quadrícula as armadilhas permaneceram durante três noites, procedendo-se a duas verificações diárias (manhã e tarde). As armadilhas foram colocadas em linha, espaçadas 10 metros entre si. O número de armadilhas utilizadas por quadrícula variou entre 3 e 12, de acordo com a área de habitat propício à armadilhagem (terreno em pousio, herbáceas densas e matos, onde a densidade de micromamíferos é mais elevada). Os iscos usados foram pedaços de maçã fresca, renovados todas as tardes, e mistura de aveia com sardinha em óleo. A inventariação de carnívoros foi realizada através de prospecção intensiva de cada quadrícula, para observação de indícios de presença (dejectos e restos de alimento). A inventariação decorreu no início de Junho de 2013. No caso dos dejectos, para assegurar uma identificação correta foram medidos os dejectos e verificou-se o conteúdo para determinar o tipo de dieta. Na impossibilidade de definir a espécie, foi só identificada a família (e.g. Mustelídeos). Para a inventariação dos morcegos foram realizadas amostragens nos dias 12 e 13 de Maio e no dia 12 de Junho de 2013. Em cada quadrícula foi realizado um ponto de escuta com a duração de 10 minutos, tendo sido registadas as vocalizações de morcegos com recurso a um detector de ultra-sons (D-240x da Pettersson Elektronik AB), acoplado a um gravador áudio (Zoom H2 da Samson). Os registos foram posteriormente analisados utilizando o software BatSound v3.31 (Pettersson Elektronik AB). Em cada registo procedeu-se, quando possível, à identificação das espécies presentes. Esta metodologia é frequentemente utilizada em estudos de actividade de morcegos. No entanto, existem limitações a ser consideradas, tais como na detectabilidade e na identificação de algumas espécies. Optou-se por agrupar as espécies com vocalizações de características semelhantes. O valor obtido para as 20 quadrículas prospectadas poderá ser generalizado para a área do concelho através de um exercício de modelação ecológica. O valor atribuído a cada quadrícula corresponderá ao valor estimado a partir de Modelos Lineares Generalizados (GLM) calibrados para a variável resposta, usando um conjunto alargado de variáveis independentes potencialmente relevantes para a compreensão do padrão observado. Para valorar a presença de espécies com estatuto de conservação "ameaçado", foi utilizada uma escala de 5 valores. A cada valor absoluto de número de espécies com estatuto de conservação "ameaçado" foi atribuído um valor (1-5) consoante a seguinte escala: Valoração 1 2 3 4 5 min. 0 2 4 6 8 máx. 1 3 5 7 ≥9 A escala de valoração foi definida com base no conjunto de espécies dos três grupos de mamíferos referidos com estatuto de conservação "ameaçado" cuja ocorrência foi dada como possível ou confirmada no Norte de Portugal continental. Chegou-se assim a um total de 9 espécies. Esta selecção permite definir um conjunto de espécies com estatuto de conservação "ameaçado" cuja ocorrência na área do concelho de Matosinhos possa ser dada como provável num eventual cenário de melhoria das condições ambientais. Em valorações futuras o intervalo correspondente ao valor 5 deverá manter o valor mínimo e alterar o valor máximo em função de novos dados. Referências: Cabral, M.J. (coord.); J. Almeida, P.R. Almeida, T. Delliger, N. Ferrand de Almeida, M.E. Oliveira, J.M. Palmeirim, A.I. Queirós, L. Rogado, M. Santos-Reis (eds.) (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa. 659p. Objectivos Este indicador será usado para caracterizar a situação atual da comunidade de mamíferos, avaliar alterações com o tempo, e dar informação para gestão do território. Estrategicamente, a meta para este indicador será melhorar o seu valor, a nível do concelho, num prazo de 5 anos e, tomando como referência o valor mais elevado em cada estrato, proceder por forma a aproximar o valor das restantes quadrículas desse valor mais elevado. Periodicidade Cada avaliação deste indicador deverá contemplar 3 campanhas complementares, uma por ano, sendo assim a periodicidade trienal. Fonte Câmara Municipal de Matosinhos, FCUP, CIIMAR, CIBIO Unidades de Medida Espécies com estatuto de conservação "ameaçado": Número de espécies por quadrícula Valoração: Adimensional Mapa de valoração da presença de espécies de mamíferos com estatuto de conservação "ameaçado" no Concelho de Matosinhos para as 20 quadrículas amostradas. Campo Descritivo Este indicador apresenta um valor de 0 (zero) para todas as quadrículas uma vez que ainda não foi observada qualquer espécie de mamífero com estatuto de conservação "ameaçado"; assim, na escala de valoração corresponde o valor 1 para todas as quadrículas. Será de referir o registo em 13 quadrículas do grupo de espécies P. pygmaeus/M. schreibersii, a segunda com estatuto de conservação "ameaçado" (VU), mas as suas vocalizações não são distinguíveis das da primeira. Assim não é possível ter a certeza da presença de M. schreibersii na área de estudo. Este resultado parece indicar que o concelho de Matosinhos, provavelmente devido à forte pressão humana, não possui uma capacidade de suporte adequada para espécies sensíveis, permitindo apenas a ocorrência, pelo menos em números passíveis de ser facilmente amostrados, de espécies mais adaptadas a ambientes mais humanizados. No entanto, é de assinalar a presença de uma espécie considerada endémica da Península Ibérica, Talpa occidentalis. A quantidade e a qualidade dos dados não permitiu obter um resultado robusto do exercício de modelação, pelo que não se apresenta a espacialização da carta de valoração abrangendo a totalidade do concelho. Uma recolha de dados mais abrangente deverá ser considerada no futuro (ver “Periodicidade”).