VARIAÇÕES ESPACIAIS NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE PEIXES DO RESERVATÓRIO DE NOVA PONTE Bárbara Sanches O estudo: “Variações espaciais na estrutura da comunidade de peixes do reservatório de Nova Ponte (rio Araguari, bacia do Alto Paraná)”, teve como objetivos: - Caracterizar a estrutura da comunidade de peixes no reservatório de Nova Ponte determinando para isto os seguintes parâmetros: composição ictiofaunística, abundância em número e biomassa, riqueza, diversidade e similaridade entre pontos de amostragem; - Verificar a influência de variáveis físico-químicas e morfométricas (de habitat) dos pontos amostrados na abundância da ictiofauna; - Definir o número mínimo de pontos necessários para amostrar representativamente a ictiofauna do reservatório de Nova Ponte. Metodologia A comunidade de peixes do reservatório de Nova Ponte (rio Araguari, bacia do Alto Paraná), foi caracterizada em relação à composição, abundância e riqueza em espécies, bem como foi avaliada a influência de algumas variáveis físico-químicas e de hábitat na abundância das principais espécies. A ictiofauna foi amostrada em 40 pontos selecionados aleatoriamente. Foram utilizadas redes de emalhar, com tamanhos de malha entre 3 e 16 cm e comprimento de 20 metros, armadas em cada ponto aos pares durante um tempo de exposição de 15 horas. Para complemento qualitativo das capturas, foram realizados arrastos marginais em cada um dos 40 pontos. Paralelamente, foram obtidos para cada ponto medidas de profundidade da coluna d’água e transparência da água, e também obtidas amostras de água para a avaliação dos parâmetros: Fósforo, Clorofila α, dióxido de carbono e trióxido de carbono. Também foram estimadas características de habitat (distúrbio humano, total de macrófitas, tipo de substrato, inclinação das margens e abrigo para peixes), além de verificada a posição de cada ponto em relação à localização em regiões abertas ou na desembocadura de tributários. A divisão do reservatório em regiões lacustre, intermediária e fluvial foi realizada utilizando-se os valores de turbidez medidos em cada um dos pontos e a representação da refletância obtida a partir de imagens do sensor TM a bordo do Satélite Landsat 5. Resultados Foram capturados um total de 2463 exemplares com redes de emalhar e 12474 exemplares com redes de arrasto, distribuídos em 5 ordens, 13 famílias e 37 espécies. As espécies mais abundantes numericamente foram: Iheringichthys labrosus, Pimelodus maculatus, Astyanax fasciatus, Schizodon nasutus e Galeocharax knerii, que juntas representaram 72,8% das capturas totais. Foram registradas diferenças significativas na abundância, riqueza e diversidade entre regiões do reservatório. Diferenças significativas na abundância entre regiões, foram obtidas para Astyanax fasciatus, Astyanax altiparanae, Galeocharax knerii, Leporinus friderici, Hoplias intermedius, Pimelodus maculatus e Schizodon nasutus, Leporinus sp.e Hypostomus sp.. Não foram registradas diferenças significativas nas capturas entre as regiões para Iheringichthys labrosus, Pygocentrus nattereri, e Cichla piquiti. A maior similaridade foi registrada entre as regiões intermediária e fluvial e menor entre a fluvial e lacustre, o que ressalta a diferença em termos de capturas entre a região lacustre e as demais. Foram identificados agrupamentos na abundância correspondentes aos pontos das três regiões do reservatório, além de uma variação não aleatória nos padrões de captura, indicando que existem diferenças significativas na abundância entre regiões, provavelmente relacionadas a um gradiente longitudinal. Considerando as variáveis abióticas, locais de maior turbidez e menor inclinação das margens foram agrupados e segregados dos demais, sendo quase todos pertencentes à região fluvial. Pontos da região lacustre apresentaram uma tendência a possuir maior inclinação das margens, maior transparência e menor concentração de clorofila α. Informe Técnico Peixe Vivo - nº 9 - junho de 2015 - Projeto:Desenvolvimento de índices de integridade biótica para avaliação de qualidade ambiental e subsídio para a restauração de hábitats em áreas de soltura de alevinos VARIAÇÕES ESPACIAIS NA ESTRUTURA DA COMUNIDADE DE PEIXES DO RESERVATÓRIO DE NOVA PONTE Bárbara Sanches Algumas espécies estiveram associadas ao aumento da turbidez (Leporinus sp., Prochilodus lineatus, Leporinus friderici e Hypostomus sp.), enquanto outras (Hoplias intermedius, Leporinus octofasciatus e Cichla piquiti) foram características de pontos de maior transparência da água. Os resultados indicam que existe um gradiente longitudinal em relação à composição e abundância da ictiofauna no reservatório de Nova Ponte. Ficha Técnica Coordenador Cemig: João de Magalhães Lopes Coordenador Suplente: Fernanda de Oliveira Silva Coordenador UFMG: Marcos Callisto Instituições Envolvidas: Cemig, UFMG, UFLA, CEFET-MG, PUC-MG, Oregon State University e US Environmental Protection Agency (EUA), FUNDEP (fundação gestora). Equipe: Paulo dos Santos Pompeu, Gilmar Bastos Santos, Volney Vono (in memorian), Carlos Bernardo Mascarenhas Alves, Hersília Santos, técnicos de nível superior e estudantes de graduação e de pósgraduação. Informe Técnico Peixe Vivo - nº 9 - junho de 2015 - Projeto:Desenvolvimento de índices de integridade biótica para avaliação de qualidade ambiental e subsídio para a restauração de hábitats em áreas de soltura de alevinos