IPC (2003/04) :: Entender o Utilizador – Modelos Sociais
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4. Entender o Utilizador – Modelos
Sociais
(Aula Teórica 4 – apresentação adaptada do sítio de [Preece et al 2002])
• O conhecimento produzido pela Sociologia é
relevante na construção de sistemas
interactivos.
• É importante entender os problemas de
comunicação dos utilizadores individuais nos
seus ambientes sociais.
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Modelos Sociais
• A forma como as pessoas interagem entre si
influencia o desenvolvimento de Modelos
Conceptuais para interacção.
• Deseja-se por exemplo:
– Facilitar a comunicação e a socialização entre as
pessoas.
– Permitir trabalho cooperativo.
– Permitir o entretenimento e aprendizagem conjunta.
• Em suma, toda a interacção entre as pessoas é
importante!
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Diálogos
• Há vários mecanismos e regras que são
empregues durante um diálogo para permitir a
comunicação.
• Há dois tipos:
– Regras que definem o que as pessoas dizem (o
carácter das suas contribuições).
– Regras para decidir quem fala.
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O carácter das contribuições...
•
•
•
•
•
Qualidade (veracidade da informação)
Quantidade (nível de detalhe)
Relevância
Estilo (sucinto, ordenado, claro, etc.)
Novidade
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Quem fala agora?
(Sacks, Schegloff & Jefferson, 1974)
1. A vez de falar é composta por unidades. O ouvinte
consegue prever quando é que a unidade do orador
vai terminar.
2. O orador que detém a vez de falar tem o direito de
utilizar uma unidade; no final da unidade o orador pode
dar o direito ou obrigação de falar a outro dos
intervenientes.
3. Se o orador actual não seleccionar alguém para
continuar o diálogo então qualquer interveniente pode
ficar com a vez. O primeiro interessado fica com a vez;
se ninguém quiser continuar o orador actual continua
com a vez.
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Pistas verbais e não-verbais
• “Já é mesmo tarde” e “Não lhe tomo mais
tempo” são sinónimos de vontade de terminar o
diálogo.
• Olhar para o relógio indica vontade de terminar
o diálogo.
• Fixar os olhos do orador actual é sinónimo de
pretensão de tomar a vez.
• Levantar as sobrancelhas indica que se quer
uma oportunidade para dizer algo.
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Mais algumas regras
• Muletas verbais
– uh-uh, humm e ahh
• Fórmulas de despedida
– Até logo, até à próxima, vemo-nos qualquer dia, ...
• Desentendimentos no diálogo
– Quando o ouvinte não compreende o orador o orador
repete enfatizando a parte não compreendida.
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Comunicação Mediada por
Computador
• A CMC (Comunicação Mediada por
Computador):
– Comunicação Síncrona
– Comunicação Assíncrona
– CMC com outras actividades
• Algumas soluções CMC nunca funcionaram, por
exemplo o videofone. Porquê?
• Ver exemplo do «Hipermirror».
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Quais as regras da CMC?
• Aplicam-se as regras de
conversação face-a-face?
• Há mais
desentendimentos?
• Como é que as pessoas
recuperam?
–
–
–
–
–
Telefone?
Correio electrónico?
Mensagens?
SMS?
Videofone?
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Implicações no projecto
• Como suportar o diálogo entre participantes
distantes?
• Foram desenvolvidas muitas aplicações:
– Correio electrónico, vídeo-conferência, videofone,
mensagens instantâneas, salas de chat, ambientes
cooperativos virtuais, etc.
• São efectivos?
• Simulam ou estendem formas humanas de
estabelecer diálogos?
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Comunicação Síncrona
• Os diálogos são suportados em tempo-real através de voz e texto
• Exemplos: vídeo-conferência e salas de chat.
• Benefícios
– Permite a continuidade da informação.
– Na vídeo-conferência a visualização de todos os intervenientes permite
avaliar as pistas não-verbais.
– As salas de chat permitem que utilizadores tímidos se desinibam.
• Problemas
– As limitações tecnológicas limitam a qualidade da vídeo-conferência.
– É difícil estabelecer contacto visual com imagens de outras pessoas.
– No anonimato das salas de chat os comportamentos dos intervenientes
podem não os mais adequados.
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Videofones UMTS?
• Os solavancos, sombras e
quebras vão desaparecer?
• Será possível estabelecer
contacto de olho e ler os lábios
numa imagem tão pequena?
• Será socialmente aceitável falar
para uma imagem na palma da
mão?
The VP-210” VisualPhone: a mobile video phone developed by the
japanese company Kyocera Corporation
Source: http://www.kyocera.co.jp/news/1999/9905/0003-e.asp
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Comunicação Assíncrona
• Ocorre em lugares diferentes em instantes diferentes.
• Correio electrónico e grupos de discussão
• Benefícios
–
–
–
–
Disponível em qualquer lugar em qualquer altura.
Flexibilidade no acesso.
Mais poderoso pois é possível enviar para várias pessoas.
Permite dizer as coisas de uma forma mais fácil.
• Problemas
–
–
–
–
Flamming
Spamming
Sobrecarga de mensagens
Falsas expectativas sobre a chegada de uma resposta
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Correio Electrónico
• Como iniciar e terminar uma
mensagem?
• A quem se dirige a
mensagem?
• Que se deseja com a
mensagem?
• Que nível de
formalidade/informalidade?
• Exemplos:
– Bruknet e Luknet (1988)
– FEUP estágios UK (2001)
– FEUP (2002)
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Correio Electrónico
Sr. eng.Falcão e Cunha,
Venho relembrar, após ter falado consigo
acerca da manutenção de frequencia das
aulas practicas de circuitos logicos dado o
facto de no ano anterior não ter podido
frequentar porque me encontrava em
erasmus.conforme combinado envio este
mail.Refiro tambem dois colegas meus que
se encontram na mesma situação e me
pediram para lhe dar a conhecer a sua
situação,os seus nº são;cccNNNNN e
cccNNNNN,respectivamente Silva Silva e
Santos Santos.
Despeço-me respeitosamente, na
expectativa de uma resposta breve.
Afonso Afonso
cccNNNNN
Mensagem recebida 2003
Nomes fictícios
No mini-teste de hoje da cadeira de SI, na 4ª
pergunta, a minha opção nao corresponde com a
correcçao que o professor realizou, sendo que eu
optei por dizer que numa Base de Dados
Operacional, um campo de quantidade nao
necessita de uma copia de segurança, devendo
estar armazenado num unico local na Base de
Dados, esta foi a minha opção, pois achei que se o
registo tivesse uma cópia de segurança, ou essa
cópia era actualizada constantemente, o que
implicava que se houvesse um erro no registo,
também a cópia teria um erro, ou então se a cópia
fosse actualizada de tempos em tempos, como se
trata de uma Base de Dados Operacional e de um
campo de quantidades, a cópia certamente estaria
de tal modo desactualizada que não teria qualquer
actualidade.
Por esta razao, acho que a minha resposta no miniteste está correcta.
Mensagem recebida 2002
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Marcação de Reuniões
• Que requisitos deve ter um sistema de
marcação de reuniões por forma a substituir o
trabalho de secretariado?
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Novas tecnologias de comunicação
• Tentar suportar mais do que comunicação facea-face.
• Disponibilizar novas maneiras de interagir e
dialogar.
• Alguns exemplos:
–
–
–
–
Mensagens SMS
Salas de chat
Ambientes cooperativos virtuais
Media spaces
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Hipermirror
(Morikawa and Maesako, 1998)
• Permite às pessoas
sentirem que estão no
mesmo espaço virtual,
embora estejam em
espaços físicos distintos.
A senhora de
branco está numa
sala diferente das
restantes pessoas
– As pessoas em lugares
diferentes são colocadas
na mesma janela de forma
a parecer que estão no
mesmo lugar.
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Ambientes cooperativos virtuais
Um jardim no topo de um prédio em BowieWorld: um ambiente cooperativo
virtual, suportado por Worlds.com. Os utilizadores participam através de uma
personagem. Há centenas de personagens para escolher incluindo pinguins e
pessoas reais. A partir do momento em que a personagem entra num mundo
pode explorá-lo e conversar com outras personagens.
Fonte: www.worlds.com/bowie
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Percepção dos outros
• Envolve saber quem está à nossa volta, o que
está a acontecer e quem está a falar com quem.
• Percepção periférica
– Focar a nossa atenção no que está na periferia da
nossa visão.
– Ouvir e ver em excesso – permite acompanhar o que
os outros estão a fazer sem recorrer a pistas
específicas.
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Projectar tecnologias para suportar
maior percepção
• Disponibilizar percepção sobre outras pessoas
que estão em lugares remotos.
• Media spaces – “estender o mundo das
secretárias, cadeiras, paredes e tectos”
(Adaptado de Harrison et al, 1997)
– Exemplo: Portholes.
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PortHoles
(Xerox PARC)
• Imagens actualizadas regularmente das pessoas nos
seus gabinetes de dia e de noite.
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Sistemas de Notificação
• Os utilizadores notificam os outros ao invés de
estarem constantemente a ser monitorizados (cf
Portholes).
• Disponibilizar informação sobre objectos
partilhados e evolução de tarefas cooperativas.
• Exemplo: Babble.
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Babble
(IBM, Erickson et al, 1999)
As pessoas
mais activas
na conversa
estão no zona
central do
círculo.
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Estruturas Conceptuais
• Linguagem / Acção (Winograd e Flores 1986).
– Baseada na Teoria dos Actos de Linguagem (Speech
act Theory).
• Cognição distribuída (Hutchins 1995)
– Procura corrigir o modelo do processador humano de
informação adicionando-lhe os contextos sociais.
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Quem deve controlar
• Um dos dilemas de quem desenvolve sistemas CMC é o
nível de controlo que deve ser deixado aos utilizadores.
• Por exemplo, ao implementar um sistema de gestão de
documentos para um projecto, deve ser deixado ao
cuidado dos utilizadores o protocolo para retirar
documentos para alteração, ou pelo contrário o sistema
deve implementar um controlo apertado sobre quem
pode alterar e quando? Trata-se de um protocolo social
...
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O que ficou na cabeça
• No final deste capítulo os alunos devem saber:
• A forma como as pessoas comunicam e cooperam influencia
o desenvolvimento de modelos conceptuais para interacção
e influencia o desenho da interacção.
• Referência: Capítulo 4 [Preece et al 2002]
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Exercícios Práticos
1º Estudar no serviço de Web Mail da FEUP a gestão de
calendários e agendas. Este serviço permite marcações
de reuniões de várias pessoas? Indique vantagens e
desvantagens dos serviços.
2º Estudar os novos serviços de envio de fotografias a
partir de telemóveis. Este serviço terá sucesso?
3º Estudar os ambientes de conversação na Internet.
Como podia melhorar estes ambientes para criar
situações sociais mais aceitáveis?
4º Estudar um sistema de marcação de reuniões por forma
a substituir esse trabalho de secretariado.
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