ANDRÉ FERNANDES DE ASSIS SILVA DISPOSITIVOS MECÂNICOS UTILIZADOS PARA A VERTICALIZAÇÃO DE SEGUNDOS MOLARES PERMANENTES INFERIORES MESIALIZADOS CONTAGEM 2011 ANDRÉ FERNANDES DE ASSIS SILVA DISPOSITIVOS MECÂNICOS PARA A VERTICALIZAÇÃO DE SEGUNDOS MOLARES PERMANENTES INFERIORES MESIALIZADOS Monografia apresentada à Clínica Integrada de Odontologia como pré-requisito para obtenção do título de especialista. Orientadora: Profa. Ana Beatriz Maia Esper CONTAGEM 2011 ANDRÉ FERNANDES DE ASSIS SILVA Monografia intitulada de “Dispositivos mecânicos utilizados para a verticalização de segundos molares permanentes inferiores mesializados” apresentada e aprovada pela banca examinadora composta pelos seguintes professores: Aprovado em: BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________ Ana Beatriz Maia Esper Prof. Orientadora ___________________________________________________________ Renato Gomes Andrade Prof. Dr. ___________________________________________________________ Louise Cristina Cambraia Reis Alvarenga Prof. Dr. 20 de agosto de 2011. Dedicatória Agradeço a Deus, presente em minha vida, proporcionando realizar meus objetivos. A meus pais, verdadeiros amigos, parceiros que compartilham meus ideais , incentivando-me a prosseguir em busca de novas conquistas A compreensão de minha querida filha Júlia e minha companheira Bel, meu carinho especial. Aos professores e funcionários da GAPO pelo desempenho do curso e aos meus colegas que tão bem me acolheram. Tudo isso foi muito importante para conquistar mais uma vitória, novos projetos, mais conhecimentos. A todos minha gratidão e meu carinho. André Fernandes A. Silva LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Alça em “T”.................................................................................12 Figura 2 – Mola de verticalização preconizada por Orton & Jones............15 Figura 3 – Alça de Verticalização piggyback..............................................16 Figura 4 - Molas com mecanismo tip back.................................................17 Figura 5 - Aparelho Distal Jet. ...................................................................19 Figura 6 - Sistema de forças cantilever......................................................21 Figura 7 - A - TSVM 1. B – TSVM 2...........................................................22 Figura 8 - Mola radicular gerando efeito de verticalização e intrusão........25 Figura 9- Utilização de miniimplante na área retromolar............................27 Figura 10 – Miniimplantes posicionados....................................................32 Figura 11 - Alça simplificada para verticalização de molar inferior............35 SUMÁRIO RESUMO SUMMARY 1. INTRODUÇÃO............................................................................................08 2. PROPOSIÇÃO............................................................................................10 3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................11 4. DISCUSSÃO...............................................................................................37 5. CONCLUSÕES..........................................................................................41 REFERÊNCIAS ...........................................................................................42 RESUMO A impactação mesial dos molares permanentes inferiores é um problema freqüente na clinica ortodôntica, tendo como causas a perda precoce ou anquilose de segundo molar decíduo; perda do primeiro molar permanente por cárie ou periodontite; discrepância no comprimento do arco; inclinação de irrupção; crescimento inadequado da mandíbula e insuficiente reabsorção óssea na borda anterior do ramo da mandíbula. Várias técnicas foram apresentadas para verticalização dos molares inferiores, sendo que as mais utilizadas foram os cantilevers, Distal Jet e miniimplantes, a depender do profissional para selecionar o aparelho de verticalização adequando ao caos de acordo com a geometria da má-posição e mecânica. Palavras-Chave: Verticalização dentária; Ortodontia corretiva. SUMMARY The mesial impaction of permanent lower molars is a frequent orthodontics clinical problem and has the following causes: early lost of deciduous teeth or anquilous of second molar deciduous; lost of first molar permanent by caries or periodontal disease; discrepancy of arc length; proclination of irruption; inadequate mandibular growing and insufficient resorption of anterior border of mandible ramus. Many techniques were presents to lower molars uprighting being the most used the cantilevers, Distal Jet and micro-implants, depending by the professional select one of these for each specific case appropriating to the bad position geometry and mechanics. Key-words: Tooth movement; Orthodontics corrective. 8 1 INTRODUÇÃO Existe uma grande preocupação da Odontologia quanto às inclinações dentais decorrentes da perda dos dentes vizinhos, tanto a inclinação do longo eixo do dente, quanto à extrusão do antagonista. Grande parte dos casos impossibilita a reabilitação oclusal, impedindo a confecção de próteses ou colocação de implantes. A etiologia da verticalizacao dental está relacionada com a inclinação de molares inferiores, isoladamente ou em conjunto, quando existe a perda precoce de um ou mais dentes anteriores adjacentes ou de molares decíduos ou permanentes, anodontia dos segundos pré-molares, irrupção ectópica ou ainda a utilização prolongada de placa lábio ativa ou ancoragem extrabucal, que resulta em retenção de segundos e terceiros molares. Outros fatores podem ocorrer como: inclinação de irrupção e discrepância do comprimento do arco, entre outras causas. O diagnóstico da mesializacao dos segundos molares é bem simples, realizado pelo exame físico e análise radiográfica. Sendo que, a época normal para a irrupção seria até os 13 anos para os inferiores e até os 14 anos para os superiores. Assim, se até nessa época algum dos segundos molares não estiver irrompido, deve-se suspeitar de que algo no local esteja impedindo a irrupção. Com esses métodos seria possível fazer a estimativa do espaço presente, avaliar o padrão de crescimento mandibular e observar a posição dental intra-ósseo. 9 Quando este problema está instalado, o ideal é colocar este dente em sua correta posição o mais cedo possível, possibilitando o alinhamento das raízes perpendiculares ao plano oclusal de forma que resista melhor as forças oclusais e facilite o plano de inserção da prótese ou implante paralela ao longo eixo do dente, bem como diminuir a perda periodontal na mesial do dente inclinado. Portanto, a verticalização de molares impactados, com abertura ou fechamento do espaço, por meio de recursos cirúrgicos e ortodônticos, possui vantagens funcionais, periodontais e restauradoras. Muitas maneiras de correção são apresentadas, sendo importante considerar dentre elas, todos os aspectos biomecânicos envolvidos, extraindo o que existe de melhor em cada uma das técnicas. Os microparafusos ortodônticos também podem ser utilizados para verticalização dos molares inferiores de forma simples e eficaz, evitando a componente de força extrusiva indesejável. A estratégia é modificada conforme o tipo de verticalização, que pode ser associada ao fechamento ou à abertura de espaços. Desta forma, a adoção da verticalização é uma conduta segura e pouco invasiva, resultando em maior conforto ao paciente, assim este trabalho propõe a estudar os recursos biomecânicos mais utilizados para que o paciente possa melhorar sua função mastigatória para uma posterior reabilitação dental. 10 2 PROPOSIÇÃO A proposta do presente trabalho foi realizar uma revisão de literatura sobre os recursos biomecânicos mais utilizados para a correção de molares inferiores inclinados mesialmente. 11 3 REVISÃO DE LITERATURA Romeo & Burstone (1977) utilizaram as molas do sistema tip back com fio de aço retangular 0.018” x 0.025” além de helicóides para conseguir simultaneamente a verticalização e efeito intrusivo nos incisivos. Os autores utilizaram uma força vertical e um momento de força necessário para verticalização de um molar, dois molares ou um grupo de molares e prémolares. Para a verticalização adequada de dois molares e pré-molares tornase necessário uma magnitude do momento de mais ou menos 2.500 gr.mm. Quando se considera que a média da extensão do braço do cantilever é em torno de 15 mm, é preciso aplicar uma força de aproximadamente 165 gramas para conseguir o momento desejado. Esta força intrusiva na unidade de ancoragem anterior produzirá normalmente um efeito de verticalização dos dentes posteriores antes da intrusão dos anteriores. Embora a força extrusiva provoque a erupção do molar, uma apropriada força oclusal, minimiza este efeito. Quando o paciente apresenta padrão facial excessivamente vertical com tendência à mordida aberta deve-se ter muita precaução para evitar efeitos indesejáveis. O centro de rotação, por localizar-se à distal da raiz do molar gera rotação e extrusão dos molares, abertura de espaço e aumento do comprimento do arco. O gancho do cantilever posicionado entre canino e incisivo lateral (centro de resistência do segmento anterior) ou localizado um pouco mais para distal do centro de resistência evita a protrusão do segmento anterior. 12 Tuncay et al. (1980) , Sakima et al. (1999) propuseram uma alça simples em T para verticalizar um molar. Para verticalizar dois molares, os autores usaram um arco segmentado com alças duplas em T. Demonstraram a mola em “T” simples ou dupla que pode ser utilizada na verticalização de molares com resultados satisfatórios. Recomendaram para a confecção da mola o fio retangular de aço .018” x .025” introduzindo na extremidade do fio uma dobra com efeito gable de aproximadamente 30º, para garantir a verticalização (Figura 1). Figura 1 - Alça em “T”. Fonte: Sakima et al., 1999. Roberts et al. (1982) indicaram a mola segmentada de Burstone para correção radicular e para a verticalização de molares inferiores. Sugeriram ainda ancoragem no segmento anterior e arco lingual soldado ou colado de canino a canino ou em pré-molares, colando-o também à superfície lingual dos 13 incisivos. Devem ser colados braquetes na face vestibular dos caninos e prémolares, associados ao arco lingual, passando-se um fio de estabilização em suas ranhuras. Este fio deveria ser travado em suas extremidades. No canino deve ser utilizado braquete com ranhuras duplas. Esta mola proposta apresenta duas porções, a anterior, inserida na ranhura mais gengival do canino, e a posterior, inserida ao tubo do molar inclinado. Para a construção desta mola foram utilizados três passos. O primeiro foi a construção propriamente dita, em que se formavam dois helicóides em um fio de aço de 0,018" X 0,025". Após este passo, seguiram-se as pré-ativações que dependiam do momento e força desejados, do material utilizado na construção da mola, e da distância entre os acessórios. As ativações teriam a mesma grandeza nas porções anterior e posterior se as forças verticais de extrusão e intrusão não fossem desejadas para nenhum dos segmentos. A curva de compensação que constituiu no terceiro passo, evitaria a ação de forças verticais. Portanto, as vantagens do uso desta mola seriam o controle da extrusão do molar verticalizado, a ativação realizada fora da cavidade bucal, e poucos ajustes oclusais durante o período de ação da mola. Além disso, a posição da mola no nível gengival não prejudicaria a oclusão e causaria desconforto mínimo ao paciente. Simon (1984) demonstrou a importância da verticalização dos molares inferiores inclinados mesialmente, descreveu uma técnica prática para realizar a verticalização. Realizou um relato de caso clínico na qual citou a técnica utilizada e enfatizou a importância da verticalização do molar. A técnica utilizada consistiu em uma ancoragem de segundo pré-molar inferior esquerdo ao segundo pré-molar direito com fio de aço. É colado um tubo 0,022”x 0,025” 14 no molar paralelo a superfície oclusal, é confeccionada uma mola com um helicóide com fio retangular de aço 0,018” x 0,022” de aço que é ativado quando encaixado no segmento anterior na região de canino e primeiro prémolar. À medida que o molar verticaliza há necessidade de ajustes oclusais, uma vez que ocorre extrusão do mesmo. Avaliou que houve melhora na inflamação gengival, facilitação para remoção da placa bacteriana no molar e aumento da altura óssea alveolar. O tratamento teve duração de três meses com efetiva correção radicular. Após nove meses do término do tratamento verificou-se uma formação óssea e diminuição do defeito ósseo na região da superfície mesial do molar. Lang (1985) projetou um dispositivo que consiste em uma alça com gancho para distal com fio de aço pesado (.034”), soldado no tubo vestibular para distalizar o segundo molar inclinado através de alasticks colocados desde o gancho até o botão colado na superfície oclusal do dente (Figura 2). A vantagem deste aparelho é a facilidade de construção, de ativação, além do movimento de correção ser rápido e bastante direcionado, sem provocar rotações. Esse dispositivo pode ser utilizado com eficácia quando pretende-se desimpactar molares à custa de movimento mésio-distal. Essas molas têm como características a aplicação de forças horizontais na coroa dos molares. Toda força aplicada distante do centro de resistência do dente tende a causar uma tendência rotacional (momento), que por sua vez, provoca a desinclinação desejada. Orton & Jones (1987) descreveram uma mola para desimpactação de segundos e terceiros molares inferiores que foi utilizada em molares que apresentavam impactação leve a severa, não associada a rotações ou 15 inclinações vestíbulo-linguais. A mola de verticalização foi construída em fio de aço de 0,018" X 0,025" ou 0,017" X 0,025" para ranhura de 0,022" ou 0,017" X 0,022" para ranhura de 0,018" mesial do tubo molar e helicóide associado a um braço apoiado no sulco mésio-vestibular do primeiro molar permanente inferior e fixado com resina. Depois de ativada esta alça, o molar inclinou concomitantemente com a extrusão do dente impactado. Observaram que em 10% dos casos ocorreu intrusão excessiva do dente de ancoragem, o que seria evitado com o uso de maior número de dentes no segmento de ancoragem. Concluíram que essa mola elevou a margem mesial do molar impactado até a oclusão funcional e foi reativada a cada seis semanas, sobrecorrigindo a inclinação do molar impactado. O tempo de correção por meio dessa mola foi de quatro a 12 meses de tratamento (Figura 2). Figura 2 – Mola de verticalização preconizada por Orton & Jones. Fonte: Sakima et al., 1999. Kogod & Kogod (1991) selecionaram três casos clínicos nas quais foram utilizadas mecânicas com alças para a verticalização de molares do tipo piggyback. Estas alças foram confeccionadas com o fio de aço redondo 0,018” 16 e produz força distal e de verticalização. A mola apresenta quatro alças: a. alças de acabamento. b. alças para ativação. c. alça em “U” vertical. d. extremidade final (para inserir na mesial do molar impactado). Ao amarrar firmemente o segmento com as quatro alças sobre o segmento de estabilização (do primeiro molar até região de prémolares), inserindo a extremidade final da alça na ameia entre o primeiro molar e o segundo molar inclinado ocorrerá a ativação da mola. Em duas a quatro semanas ativando uma vez por semana, será possível observar o inicio da verticalização com distalização do molar impactado (Figura 3). Figura 3 – Alça de Verticalização piggyback. Fonte: Sakima et al., 1999. Weilland et al. (1992) sugeriram a utilização de mola helicoidal para a verticalização de molares com extrusão. Para o controle da extrusão, durante a verticalização, indicaram uma segunda mola helicoidal, a ser ativada no setor de ancoragem. A mola de verticalização proposta foi construída de fio de aço de calibre 0,016" X 0,022." ou de fio 0,017” X 0,025" TMA, com presença de helicóide. Para evitar os efeitos de extrusão promovidos por esta mola, 17 empregou-se mola simples. Para ancoragem utilizaram arco lingual de fios espiralados de canino a canino ou de pré-molar a pré-molar, associado a braquetes de Edgewise colados a caninos (com a presença de ranhura vertical) e pré-molares. Esses braquetes inseriam-se em um segmento de fio 0,018" X 0,025" para ranhura de 0,018", e fio 0,021" X 0,025" para ranhura de 0,022". A mola simples de estabilização foi inserida em um dos tubos do molar, estendendo-se até o primeiro pré-molar; a mola de verticalização propriamente dita foi inserida do segundo tubo do molar até a ranhura vertical do canino. Ao ativar a mola mesial do molar com carga de 20g, mais do que a mola distal, o resultado seria força de intrusão do molar (Figura 4). Figura 4 - Molas com mecanismo tip back. FONTE: Sakima et al., 1999. Carano et al. (1996) utilizaram o mecanismo Distal Jet para verticalização de molares. Este dispositivo utiliza um tubo de 0,036” soldado na banda do pré-molar, paralelo ao plano oclusal, mas abaixo da região edentada, a maneira não interfirir na oclusão. Sugeriram orientar o tubo de maneira que um fio, com dobra em baioneta pudesse deslizar dentro do tubo com acesso pela abertura distal. Assim, o fio e banda molar foram mantidos unidos, mas estão livres para rotacionar ao redor de eixo em comum. Os autores sugeriram colocar um parafuso com trava ajustável e mola aberta, de Níquel Titânio, de 18 150g de força sobre o tubo. Sugeriram ainda conectar os pré-molares com arco lingual soldado para formar uma unidade de ancoragem. Quando a trava foi movida distalmente, a mola foi comprimida e foi aplicada força de distalização. Sendo assim, o Distal Jet inferior promoveu controle do movimento molar com insignificante componente extrusivo, além de ser confortável e pouco volumoso. Salientaram que a verticalização de molares inferiores é o objetivo de tratamento comum em casos com finalidade protética. A extensão da área edêntula pode dificultar o controle dos movimentos extrusivos ou laterais com fio convencional, se o fio for de liga flexível de aço inoxidável retangular. Relataram ainda três casos clínicos, sendo que o primeiro era de um paciente de 45 anos com comprometimento periodontal do segundo molar esquerdo que foi extraído, e o terceiro molar foi verticalizado com o Distal Jet em três meses. No segundo caso, um paciente de 42 anos, portador de segundo e terceiro molares inferiores esquerdos inclinados, o terceiro molar foi extraído e o segundo molar verticalizado em quatro meses com o uso do Distal Jet. Outro paciente de 31 anos fez uso bilateral do Distal Jet por três meses para verticalizar os segundos molares inferiores. Portanto, esse dispositivo seria indicado para casos em que próteses exigiam verticalização do molar, pois o Distal Jet permite controle absoluto do movimento do molar, com componente de extrusão insignificante, sendo relativamente confortável, de fácil instalação e dispensa a cooperação do paciente (Figura 5). 19 FIgura 5 - Aparelho Distal Jet. Fonte: Carano et al., 1997. Melsen et al. (1996) verificaram que o espaço para irrupção do segundo e terceiro molares inferiores depende de vários fatores: da borda anterior do ramo, migração mesial da dentição inferior no desenvolvimento pós-natal, a migração do primeiro molar inferior depois da esfoliação do segundo molar decíduo. Tratamento ortodôntico preventivo com expansão sagital ou terapia 20 com placa lábio ativa (PLA) ou aparelho extra-oral (AEB) como prevenção da migração mesial do primeiro molar, podendo deixar o segundo molar inclinado mesialmente (impactação), caso a aparatologia seja usada por um longo período. A correção da inclinação mesial dos molares pode ser feita com algum tipo de aparelho existente, mas o importante é a correção do molar nos três planos ocorra (sagital, vertical e transversal). Só existe um sistema de força correto e é aquele que passa pelo centro de resistência. A situação mais simples de se corrigir é aquela onde a verticalização do molar poderá provocar á extrusão dental, já a mais completa é quando se tem que instruir o molar além de verticalizar. Os autores descreveram algumas opções de tratamento que são: 1) Para a verticalização com extração: Molas de verticalização tipo cantilever curta ou longa, uma vez que o comprimento do cantilever interfira no movimento do molar, quanto mais curto o braço do cantilever maior será o componente extrusiva do molar e quanto mais longo menor a extrusão (momento é igual à força x distância). 2) Para a verticalização sem extração: associa-se um arco de estabilização passando na distal do tubo molar inclinado, exercendo uma força intrusiva e oposta à força de ativação da mola de ativação usando um segundo cantilever. 3) Para verticalização com intrusão. É muito difícil de conseguir e somente será possível em paciente cujo padrão muscular é forte e a força oclusal ajuda a neutralizar a extrusão. Neste caso são utilizados dois cantilever cruzados que conseguem produzir tanto momento de verticalização como a força de intrusão de molares, são confeccionados com TMA 0,017”x 0,025”. Uma mola longa é inserida no tubo do molar é estendido até o segmento anterior e o segundo cantilever é inserido no tubo cruz fixado nos pré-molares e estendido até a região distal do segundo molar que produz um componente intrusivo anulando o efeito extrusivo do primeiro cantilever (Figura 6). 21 Figura 6 - Sistema de forças cantilever. FONTE: Sakima et al., 1999. Capelluto & Lauweryns (1997) desenvolveram uma técnica denominada Técnica Simples de Verticalização de Molar (TSVM), que foi planejada para verticalização de molares sem extrusão. Foram desenvolvidos dois modelos discretamente diferentes. No TSVM 1, um tubo de 0,018” x 0,025” foi soldado cervicalmente ao tubo do molar, paralelo ao plano oclusal (com um tubo duplo do molar, pode ser utilizado o tubo auxiliar gengival). Um tubo mais curto, com 0,018” x 0,025” foi soldado horizontalmente à aleta disto cervical do braquete do pré-molar. Os tubos exibiram zero graus de torque para evitar interferência gengival. O componente ativo da mola de verticalização constitui-se de um fio superelástico 0,016” x 0,022” de NiTi que produziu força leve e contínua durante o tratamento. Este fio se estendeu da abertura mesial do tubo do premolar até a distal do tubo do molar. No desenho do TSVM 2, o tubo do premolar foi soldado verticalmente às aletas cervicais do braquete. O fio de níquel titânio se estende da gengival do tubo do pré-molar até a terminação distal do tubo do molar. Uma vez inserido nos tubos, o fio foi ativado puxando-o em direção mesial, para fora do tubo do molar. Qualquer excesso de fio foi então cortado e as terminações foram dobradas e cobertas com cimento de 22 ionômero de vidro para evitar irritação. Esta ativação aumentou a tensão interna no fio, logo aumentando as forças, binários e momentos. Também gerou força de distalização horizontal contra o molar como reação à tração mesial do fio (Figura 7). Figura 7 – A - TSVM 1 com tubos horizontais no molar e pré-molar. B – TSVM 2 com tubo horizontal no molar e tubo vertical no pré-molar. Fonte: Capelluto e Lauweryns (1997). Queiroz (1997) reportou que o uso de arco parcial possui como vantagens: a) utilizar fio com secção transversal menor para desinclinar dente impactado; b) manter fio de maior seção transversal (mais pesado) para estabilizar o arco dentário e o primeiro molar; c) facilitar troca de arcos e a ativação fora da boca. As vantagens para o uso de arco total passivo seriam: a) preservar o nivelamento alcançado; b) manter características originais do arco dentário antes do nivelamento; c) controlar a ancoragem do primeiro molar. Para as alças horizontais as vantagens seriam: a) diminuir as injúrias aos tecidos moles; b) evitar deslizamento do braquete no fio; c) ajudar no controle axial do dente. Para a colagem de braquete na face oclusal do segundo molar impactado há a facilidade do uso das alças horizontais que não permitem a extrusão do dente a ser desinclinado e ajudam no controle axial do dente. Giancotti & Cozza (1998) utilizaram uma alça dupla com fios de NiTi para realizar a distalização simultânea de primeiros e segundos molares. Para este método seguiram os seguintes procedimentos: a) bandagem de molares e prémolares; b) colocação de um arco contínuo até a região de primeiros molares; c) dois arcos segmentados bilateralmente do segundo pré-molar ao segundo molar. Foram instalados tubos 23 com pontos de parada, com objetivo de aumentar o comprimento do fio e o efeito de distalização, colocados para distal do primeiro pré-molar e mesial do primeiro molar (5mm à distal do tubo) no fio do arco contínuo. No arco segmentado seria colocado um ponto de parada distal do segundo pré-molar e mesial do segundo molar (5mm à distal do tubo). Seria ainda utilizada placa lábio ativa para evitar a extrusão quando combinado o uso de elástico de Classe II para promover o aumento da ancoragem anterior e evitar a vestíbuloversão dos incisivos superiores. Shellhart & Oestele (1999) observaram que a verticalização de molares pode ter benefícios significantes para os pacientes, uma delas é o beneficio periodontal com a verticalização dos molares é eliminar a pseudobolsa formada na mesial da raiz do dente, proporcionando um controle de placas mais efetivo já que não ocorrerá mais acúmulo na região que antes ocorria, já em relação à prótese, o beneficio é devido ocorrer uma melhor resolução dos planos mesiodistal entre os dentes (abrindo espaço), uma formação óssea satisfatória para confecção de implante além de proporcionar um conteúdo oclusal mais adequado com um arco antagonista, não deixando assim o dente antagonista extruir. A intrusão só é aceitável se o dente verticalizado não fosse restaurado ou quando não se deseja uma abertura anterior da mordida, além de causar um aumento na profundidade da bolsa periodontal preexistente. Para tanto desenvolveram um aparelho que consiste em duas molas verticalizadoras de molares (cursores), na qual uma é invertida e presa na distal do molar a ser verticalizado para que não ocorra extrusão apenas verticalização. Sakima et al. (1999) verificaram que quando o molar encontra-se extruído a verticalização é frequentemente realizada com a mecânica que utiliza inclinação para posterior, utilizando as alças ou molas segmentadas que se encaixam no molar inclinado e se estendem até a região anterior (no 24 segmento anterior do arco). Neste tipo de mecânica o centro de rotação se situa na região distal do segundo molar e conforme a ação da alça ou mola se evidencia, produz-se momento negativo, resultando a verticalização com força extrusiva no segmento posterior, acompanhado de pequena abertura de espaço. Para confecção destas molas utilizam-se fios de secção retangular de aço inoxidável ou de TMA (titânio-molibidênio). O sistema utilizado para verticalizar com intrusão seria o sistema de duas molas cantilever ou as duas molas Tip Back cruzada que conseguem produzir tanto o momento de verticalização como a força de intrusão dos molares. As molas são confeccionadas com fios TMA .017” x .025”. Um cantilever longo inserido no tubo molar é estendido até o segmento anterior à distal dos incisivos laterais, liberando um momento de verticalização associado à força de extrusão no molar. Um segundo cantilever inserido no tubo em cruz ou cruzeta fixado entre pré-molares ou entre pré-molar e canino é estendido até a região distal do 2° molar que produz um componente de força intrusiva no molar, eliminando o efeito indesejável de extrusão no molar e um momento anterior provocado pelo primeiro cantilever. Para se evitar uma inclinação vestibular da coroa, a força intrusiva pode ser aplicada por vestibular e por lingual. O sistema utilizando cantilever é definido como estaticamente determinado pois o sistema de força é totalmente previsível e sempre a força é liberada em apenas um ponto de aplicação (em uma das extremidades do cantilever (Figura 8). 25 Figura 8 - Mola radicular gerando efeito de verticalização e intrusão. Fonte: Sakima et al., 1999. Dainesi et al. (2000) reportaram caso clínico de indivíduo do gênero masculino, 14 anos, leucoderma, que apresentava bom perfil facial, sem assimetrias e com selamento labial, maloclusão Classe I de Angle, com mordida cruzada posterior bilateral, trespasse horizontal de três milímetros e vertical de quatro milímetros, sem desvio de linha média e sem curva de Spee. Foi escolhida a terapia ortodôntica corretiva, associada a molas soldadas nas bandas dos primeiros molares inferiores para realizar a verticalização dos segundos molares inferiores. Para aumentar a ancoragem e produzir verticalização efetiva, foi adicionado um arco lingual de Nance à terapia ortodôntica e os terceiros molares inferiores foram mantidos até o término da verticalização. 26 A mecânica ortodôntica para a verticalização dos segundos molares inferiores foi utilizada por 1,5 anos. Após a inclusão destes dentes no arco, finalizou-se o tratamento ortodôntico e realizado um ajuste da oclusão. Portanto, o processo de verticalização dos segundos molares inferiores ao utilizar uma mecânica ortodôntica mostrou ser seguro e eficaz, sem causar anquilose ou reabsorções radiculares e ósseas, com pouco desconforto ao paciente, preservando a vitalidade pulpar e sem produzir extrusão dental excessiva destes dentes. Os terceiros molares inferiores não interferiram na mecânica de verticalização, podendo-se mantê-los, como conduta cautelosa, até que o procedimento de verticalização pudesse acontecer satisfatoriamente. Freitas et al. (2001) avaliaram a literatura quanto aos aparelhos e técnicas para verticalização dos molares, que variam conforme a necessidade do caso. Indicaram para a verticalização que permite extrusão a utilização do aparelho com mola helicoidal; na verticalização para manutenção do dente em posição ou para intruí-lo, deve-se usar mola para correção radicular de Burstone, aparelho com alça em T e o aparelho com duas molas helicoidais com o mesmo princípio mecânico atuando em sentidos contrários. Para verticalizar os segundos molares retidos pode-se usar mola helicoidal com gancho, a mola espiral comprimida ou uma mola em forma de dedo, ativada por mola em espiral. Relataram ainda que o tempo de tratamento para verticalização de molares variou de acordo com cada autor, entre dois e 12 meses. Park et al. (2002) reportaram que, para se obter a verticalização com abertura de espaço, as mecânicas são mais simplificadas, pois o momento gerado através de binários aplicados na coroa, promove a rotação do molar em 27 torno do centro de resistência, com mesialização da raiz e distalização da coroa, sendo, contudo, importante avaliar a necessidade do controle da extrusão. Para a obtenção deste movimento é necessário confeccionar sistema de força que promova verticalização associado à força de intrusão, o que pode ser alcançado de forma simples com a instalação de microparafuso localizado na região posterior ao molar inclinado, em que cola-se botão na face oclusal ou na mesial do molar e fixa-se ligadura elástica do botão ao microparafuso. O elástico traciona o molar para distal com componente de intrusão devido ao vetor de força ser inclinado. Essa estratégia deve cuidar para que o elástico não escape da face oclusal do dente, e a verticalização pode ser feita também com molares inclinados para lingual, bastando para isto, posicionar o microparafuso por vestibular e conectá-lo ao molar através de elásticos. Como o vetor de força passa a vestibular do centro de resistência, o molar tenderá a intruir e vestibularizar (Figura 9). Figura 9- Utilização de miniimplante na área retromolar. Fonte: Park et al., 2002. 28 Fiorelli et al. (2003) reportaram que determinados movimentos ortodônticos são mais difíceis de serem obtidos. Citaram como exemplos de movimentos difíceis: o movimento de translação do dente no fechamento de espaço, a intrusão e verticalização de molares e a intrusão e retração dos dentes anteriores com movimento lingual de raiz. Para os autores, as diferenças não são causadas pelas variações nas reações dos tecidos para estes diferentes tipos de movimentos dentários, mas pelo local do ponto de aplicação de força necessário para estes sistemas de força. Eles descreveram um procedimento prático para o planejamento mecânico, em que o princípio básico foi que o sistema de força necessário para um movimento específico de um dente pode ser calculado. Este sistema de força pode ser expresso por três sistemas equivalentes: 1) Um vetor de força simples pode ser localizado no espaço em relação a um dado sistema coordenado; 2) O centro de resistência de uma unidade dental pode ser movimentado e; 3) O sistema de força em relação ao braquete. Os autores demonstraram as possíveis soluções mecânicas para a geração de vetores de força fora da área de ação do aparelho ortodôntico convencional. Um aparelho que contenha uma combinação de dois bem definidos cantilevers ou molas, ou ambos, foi desenvolvido baseado nos cálculos de vetores. Um aparelho ortodôntico estatisticamente determinado incorporando cantilevers ou molas com dois diferentes, mas acessíveis pontos de aplicação de força podem ser desenvolvidos para liberar todo tipo de sistema de força com um grande grau de reprodutibilidade e controle. Esta mecânica de dois vetores oferece soluções eficientes e efetivas para casos de soluções difíceis, desde que todas as vantagens dos sistemas estatisticamente determinados sejam utilizadas nos aparelhos ortodônticos. O planejamento de cada mecânica deve ser cuidadosamente executado usando métodos matemáticos, pois até um 29 pequeno desvio numa direção da força ou na magnitude pode ter um impacto significante na resultante do vetor. Park et al. (2004) indicaram a colocação de miniimplantes, para evitar contato com as raízes, posicionados em um ângulo de 30-40º com o longo eixo dos dentes. Devido a raiz palatina do segundo molar superior ser um pouco distal do centro da coroa, o miniimplante deveria ser posicionado na metade distal do espaço interdental entre as raízes do primeiro e segundo molares. O mini-implante inferior poderia ser inserido no osso alveolar imediatamente vestibular a coroa do segundo molar para produzir uma força diretamente vestibular e uma força intrusiva sem qualquer aparelho ortodôntico na unidade de ancoragem. O clínico deveria ter cuidado para não rotacionar os dentes durante a correção, contudo, este sistema de força controla apenas o modo e direção do movimento do dente. Di Matteo et al. (2005) utilizaram um método para verticalizar os molares inferiores inclinados para mesial, miniimplantes, como ancoragem, posicionados na linha obliqua externa da mandíbula atrás dos dentes. Selecionaram três indivíduos entre 40 e 48 anos de idade, sendo dois do gênero feminino e um do masculino que apresentavam molares inclinados mesialmente, posicionados posteriormente às áreas edêntulas em ambos os lados da mandíbula. Estes pacientes foram tratados ortodonticamente durante um período de seis e 12 meses. Os miniimplantes foram posicionados bilateralmente, sob anestesia local, este procedimento cirúrgico foi simples e poderia ser feito facilmente pelo ortodontista. Após uma semana, aplicaram-se cargas ortodônticas entre 150 e 200 gramas/força por meio de elásticos. As dimensões e formas dos miniimplantes provaram ser apropriadas e sua 30 remoção, após o tratamento, foi feita sem dificuldade. O resultado foi à redução de tempo para verticalizar os molares sem efeitos colaterais sobre os outros dentes. Concluíram que, o uso de miniimplantes mostrou ser uma boa alternativa para ancoragem ortodôntica efetiva, na verticalização dos molares inferiores. Araújo et al. (2006) salientaram que a verticalização dos molares inferiores está recomendada quando acontece inclinação acentuada destes dentes, devido à perda de unidades adjacentes ou em casos de impactação de segundos molares inferiores. Dependendo do grau de angulação que o dente em questão se encontre, e levando em consideração o seu volume radicular, este tipo de movimentação pode tornar-se difícil. A possibilidade de utilização dos miniimplantes com carga imediata tem modificado a abordagem clínica e biomecânica deste problema. Seja para evitar movimentações indesejadas nas unidades de ancoragem, seja para impedir a extrusão do próprio molar, a utilização de um ou mais miniimplantes ortodônticos pode ser de grande auxílio. Uma das opções para a inserção de miniimplantes com o intuito de desimpactar e/ou verticalizar molares é a região retromolar. Neste caso o ponto de ancoragem fica posicionado distalmente da unidade em questão, ocorrendo assim abertura de espaço. A ativação ortodôntica pode ser realizada através de molas fechadas, elásticos em cadeia ou em fio, do implante a um acessório fixado, onde for possível (faces distal, oclusal ou mesial), no dente a ser movimentado. Não existindo espaço para a instalação do dispositivo, devido à ausência de mucosa ceratinizada na região, o miniimplante pode ficar submerso e se utilizar fio de amarrilho metálico como elo de ligação com o meio externo, de forma a possibilitar a ativação do sistema. Quando a intenção 31 é verticalizar um molar, fechando o espaço, pode-se lançar mão de um miniimplante numa região mais anterior. Neste caso, o ponto de aplicação de força poderá ser um fio inserido por distal no braquete do molar, que passe abaixo do seu centro de resistência, devendo-se, neste caso, ter atenção especial com a profundidade do vestíbulo, evitando-se desconforto por parte do paciente. Miao & Zhong (2006) indicaram a utilização de um mini-gancho, simples de construir e ativar, colado na distal da superfície de um molar impactado horizontalmente ou na superfície oclusal de um molar impactado mesialmente, até que o gancho abra-se mesialmente. A exposição cirúrgica é necessária apenas se uma impactação horizontal for tão severa que o molar não tenha erupcionado por completo. Em tal caso, a superfície distal do molar impactado deveria ser exposta apenas o suficiente para colar o mini-gancho. O contorno baixo do mini-gancho elimina a necessidade de um aparelho removível para alcançar a dimensão vertical e evitar o contato oclusal com os molares opostos. Devido o mini-gancho ser inclinado em um ângulo de 90º, este se fecha seguramente até mola ser empurrada, normalmente sem colar. Até que o minigancho seja colado na superfície oclusal do molar impactado, nenhuma exposição cirúrgica ser necessária, reduzindo a de infecção ou trauma. A regeneração do osso alveolar normal faz com que esta técnica especialmente adequada para pacientes com terceiros molares inferiores impactados e primeiros molares perdidos. Melo et al. (2007) indicaram a instalação de dois miniimplantes, posicionados verticalmente ao osso alveolar, mesiais ao molar a ser verticalizado. Os dois miniimplantes foram colocados próximos entre si e 32 unidos por meio de resina fotopolimerizável, simulando uma coroa provisória, na qual foi colado um braquete. Tornou-se indispensável à utilização de dois miniimplantes unidos para evitar que o momento de força, gerado como reação da força aplicada, resultasse no afrouxamento do parafuso. A mola de verticalização foi confeccionada com fio de aço 0,017” X 0,025”, com abertura de espaço, de forma bem rápida e segura (Figura 10). Figura 10 – Miniimplantes posicionados. Fonte: Melo et al. (2007). Queiroz (2007) relatou que o diagnóstico da impactação dos segundos molares é relativamente simples. Considera-se que, a época normal para a irrupção seria até aos 13 anos para os inferiores e até aos 14 anos para os superiores. Sendo assim, se até nessa época algum dos segundos molares não estiver irrompido, deve-se suspeitar de que algo, no local, esteja impedindo sua irrupção. O problema pode ser reconhecido pelo exame físico e análise 33 radiográfica. Por esses meios seria possível fazer a estimativa do espaço disponível, a avaliação do padrão de crescimento mandibular e a observação do posicionamento dentário intra-ósseo. Sawicka et al. (2007) demonstraram um caso clínico de um indivíduo de 14 anos de idade, gênero feminino, com impactações bilaterais parciais dos segundos molares inferiores, com relação molar em Classe l, apinhamento leve no segmento anterior e rotação distal de ambos os caninos inferiores e o primeiro pré-molar inferior direito. O plano de tratamento foi de natureza cirúrgica-ortodôntica. O primeiro procedimento cirúrgico foi de expor a porção vestibular do dente impactado e cimentar com adesivo um tubo à superfície exposta. O segundo estágio, a germectomia dos terceiros molares, foi executado após a verticalização ortodôntica ter sido alcançada. O plano de tratamento ortodôntico envolveu a verticalização e extrusão de ambos os segundos molares e a terapia com aparelho fixo apenas no arco inferior. Um pôntico em balanço, de TMA de 0,017” X .0,025” foi inserido em cada tubo vestibular do segundo molar e enganchado distalmente aos caninos com uma força de 50grs. O pôntico em balanço tinha 30mm de comprimento e liberou um momento de 1500g.mm. A ancoragem foi mantida pelo segmento anterior com um fio metálico inseridos entre os caninos e por retentor lingual. A inclinação satisfatória do segundo molar inferior foi conseguida bilateralmente após cinco meses de tratamento e a germectomia dos terceiros molares foi executada. Concluíram que a adequada avaliação clínica, radiológica, biomecânica e uma boa seleção do aparelho, podem produzir um tratamento com sucesso. 34 Souza et al. (2008) mostraram um caso clínico de um paciente adulto, do gênero masculino, com 48 anos, que apresentava perda prematura de primeiros e segundos molares inferiores direito e esquerdo e foi indicado para verticalização de molar. As perdas dentais resultaram em severa inclinação e migração do terceiro molar inferior direito e, conseqüentemente, acúmulo de biofilme e inflamação gengival na região mesial com histórico de desordem temporomandibular proveniente de extensa migração mesial de terceiro molar inferior associado à utilização de prótese inadequada. Uma alça simplificada, confeccionada com segmento de fio de aço .018”x.025” T.M.A que foi utilizada para verticalização de molar inferior, que permitiu a aplicação de forças suaves e evitando a extrusão dental. Após o alinhamento dos incisivos inferiores, uma contenção 3 x 3 foi usada para estabilização anterior e, só então, a alça de verticalização foi instalada no paciente. Quatro meses após iniciar a ativação, um arco .de fio de aço 016” x .025” NiTi foi inserido pela mesial na entrada principal do tubo duplo. Este arco foi adaptado como sobrefio na região anterior junto ao arco retangular. As forças utilizadas para verticalização variaram entre 35 a 40 gramas/ força em todas ativações. A verticalização foi concluída no período de seis meses, sendo o paciente direcionado para área de prótese, onde foi confeccionada a prótese provisória e posteriormente a prótese parcial removível superior por encaixe por pela disponibilidade de altura suficiente para sua adaptação enfatizaram em seus estudos. Concluíram que nesta apresentação de caso clínico, o mecanismo de verticalização de molar inferior permitiu uma melhor resposta da movimentação dental, evitou alterações verticais da oclusão e possíveis problemas de desordens temporomandibulares por má adaptação protética (Figura 11). 35 Figura 11 - Alça simplificada para verticalização de molar inferior. FONTE: Souza et al., 2008. Bezerra et al. (2008) afirmaram que a verticalização de molar com fechamento de espaço normalmente exige pouco mais de complexidade na mecânica, pois além de exercer momento para efetuar a verticalização e o controle da extrusão, deve-se efetuar força de mesialização da coroa. O momento isolado gerado pelo binário aplicado em um tubo do molar provoca a rotação do dente em torno do centro de resistência e promove o deslocamento da coroa para distal. Essa tendência de movimento da coroa para distal pode ser anulada através da contenção da coroa por fio de amarrilho, que proporciona a verticalização com o centro de rotação na coroa. Tal mecânica pode ser aplicada de maneira simplificada, utilizando segmento de fio e mniimplante instalado à mesial do molar. Este segmento de fio é inserido na distal do molar, onde a extremidade do fio pode ficar localizada abaixo cio centro de resistência. A aplicação de uma força na extremidade deste fio, através de uma mola apoiada no microparafuso, proporciona a passagem da linha de ação de força apicalmente ao centro de resistência, resultando em verticalização e mesialização. Quanto mais apicalmente a linha de ação de força passar em relação ao centro de resistência, maior a tendência de rotação 36 e menor o componente de mesialização, o que pode promover movimento de verticalização com abertura de espaço na distai do molar. Essa abordagem permite promover bom controle do movimento ântero-posterior, mas pode provocar rotação mesiolingual da coroa, já que a força passa vestibularmente em relação ao cento de resistência. Para conter esta tendência, deve-se instalar um fio guia com o intuito de impedir a rotação, mas que não impeça o movimento de verticalização. 37 4 DISCUSSÃO A verticalizacao de dentes permanentes é uma ocorrência clínica comum que montagem do aparelho corretivo pode envolver qualquer dente no arco dentário. Os dentes mais frequentemente impactados, em ordem, são os terceiros molares superiores e inferiores, caninos superiores e segundos prémolares inferiores, mas também pode acontecer com os segundos molares inferiores (SAKIMA et al., 1999; FREITAS et al., 2001). A etiologia da mesializacao do segundo molar inferior é multifatorial. Envolvendo distúrbios fisiológicos no desenvolvimento dentário e no crescimento mandibular, inversão da sequência de erupção, iatrogenias (bandas mal adaptadas, uso prolongado de AEB e PLA), pode estar relacionada também a um ângulo goníaco fechado, prognatismo alveolar inferior, além de más formações dentals como dilacerações radiculares ou mesmo taurodontismo (QUEIROZ, 1997; 2007; FREITAS et al., 2001). O diagnóstico e o plano de tratamento envolvem avaliação clínica, radiográfica, biomecânica e seleção adequada de aparelhos para o sucesso da mecanoterapia (QUEIROZ, 1997; 2007; FREITAS et al., 2001; DI MATTEO et al., 2005). As verticalizacoes unilaterais de segundos molares são mais comuns do que as bilaterais e ocorrem com maior freqüência na mandíbula do que na maxila. Acometem mais homens do que mulheres e mais o lado direito do que o esquerdo. A inclinação mesial dos segundos molares inferiores impactados é 38 muito mais comum do que a inclinação distal; isto provavelmente ocorre devido à angulação mesial inicial do germe dentário em desenvolvimento (SAKIMA et al., 1999). As vantagens da verticalização de um molar impactado são funcionais, periodontais e restauradoras. O benefício periodontal da verticalização do molar é a eliminação da pseudobolsa, que facilita o controle de placa bacteriana na área. Possibilita, além disso, o alinhamento das raízes perpendiculares ao plano oclusal de forma que o dente resista melhor às forças oclusais estndo de acordo com os estudos de Roberts et al. (1982); Weiland et al. (1992) e Sakima et al. (1999). O momento adequado para se tratar essas impactações é quando o paciente tem de 11 a 14 anos de idade, durante o início da adolescência, quando a formação radicular do segundo molar ainda é incompleta, apresentando força eruptiva, ou antes que o terceiro molar complete seu desenvolvimento (QUEIROZ, 1997; 2007). Entre os recursos propostos para a verticalização de molares inferiores estão os aparelhos removíveis. Esses dispositivos são de fácil construção e proporcionam ancoragem eficiente, porém o sucesso da movimentação dentária depende da eficiência biomecânica e da colaboração do paciente ao usá-lo. Os autores Romeo & Burstone (1977) e Sakima et al. (1999) indicaram as molas do sistema com inclinação para posterior para alcançar simultaneamente a verticalização dos molares e efeito intrusivo nos incisivos. Tuncay et al. (1980) utilizaram segmentos de arco com alça em “T” dupla para dentes que requeriam movimentos de verticalização e mesialização. Roberts et al. (1982) e Freitas et al. (2001) usaram a mola segmentada de Burstone para 39 a correção radicular e para a verticalização de molares inferiores. Kogod & Kogod (1991) utilizaram mecânicas com alças para a verticalização de molares do tipo piggyback. Weilland et al. (1992) sugeriram a utilização de mola helicoidal para a verticalização de molares com extrusão. Já Carano et al. (1996) idealizaram o Distal Jet e indicaram para casos em que próteses exigiam uma verticalização do molar. Existe controle absoluto do movimento do molar, com componente de extrusão insignificante, sendo relativamente confortável, pequeno, de fácil instalação e dispensa a cooperação do paciente. Capelutto & Lauweryns (1997) desenvolveram técnica denominada Técnica Simples de Verticalização de Molar (TSVM) que foi planejada para verticalização de molares sem extrusão. Giancotti & Cozza (1998) utilizaram uma alça dupla com fios de NiTi. Dentre outras mecânicas que prioriza o controle vertical, o sistema que utiliza duas molas cantilevers, também chamadas de cursores de verticalização, foram utilizados por Melsen et al. (1996); Sakima et al. (1999) e Shellhart & Oestele (1999), estas conseguem produzir tanto o momento de verticalização como uma força de intrusão nos molares anulando assim o componente de extrusão. Sendo que, quando se deseja extrusão do molar para abrir a mordida, os autores preconizaram o uso somente do primeiro cantilever. Existe outro tipo de tratamento para dentes impactados que demonstre uma inclinação mais severa e requeira métodos cirúrgicos ou erupção assistida ortodôntica e cirurgicamente. Incluem o reposicionamento cirúrgico com ou sem extração do terceiro molar ou extração do segundo molar impactado para permitir seja a erupção do terceiro molar ou transplante do terceiro molar para o alvéolo do segundo molar. Estando de acordo com os estudos de Sawicka et 40 al. (2007) que também utilizaram a verticalização cirúrgica de segundos molares inferiores por ser um procedimento simples, rápido, com morbidade mínima e um bom prognóstico, a longo prazo. Analisando os dispositivos descritos e sua biomecânica, pode-se considerar que as molas de verticalização com componente extrusivo, do tipo pôntico com balanço levam certa vantagem sobre os arcos contínuos com alças, pois as forças de reação ficam distribuídas no segmento anterior (mais dentes) e não somente nos dentes vizinhos ao molar a ser verticalizado (ROMEO & BURSTONE, 1977; SAWICKA et al., 2007). Para os investigadores Park et al. (2004); Di Matteo et al. (2005); Araújo et al. (2006) e Melo et al. (2007), o desenvolvimento dos dispositivos transitórios de ancoragem esquelética (miniimplantes) surgiu como alternativa de ancoragem para o movimento de verticalização dos molares, sendo que os mesmos impedem o efeito indesejado nos dentes de ancoragem ou a extrusão do próprio molar que é um dos fatores críticos dentro do planejamento ortodôntico, que determina, na maioria das vezes, o sucesso ou não da terapia planejada. Com a utilização dos miniimplantes formou-se novo conceito de ancoragem dentro da Ortodontia. Sendo assim, como existem disponíveis na literatura diferentes tipos de mecanismos de correção para verticalizar os molares inferiores inclinados mesialmente cabe ressaltar a relatividade do tempo de tratamento, pois ocorre grande variação individual em cada caso, devido aos diversos aspectos envolvidos como posição, resposta favorável ao tratamento, colaboração, presença dos terceiros molares, mecânica adequada, entre outros. 41 5 CONCLUSÕES Após análise da revisão literária parece lícito concluir que: A inclinação mesial dos molares é uma situação muito comum na clínica odontológica e sua correção é muito importante para restabelecimento da saúde periodontal e equilíbrio oclusal. O procedimento a ser adotado é a verticalização, que pode ser realizada de diversas formas, utilizando um dos inúmeros dispositivos desenvolvidos especificamente para este fim. A escolha da mecânica a ser empregada depende do conhecimento da biomecânica e da indicação de cada uma. Entre os vários dispositivos os mais utilizados para a correção de molares inclinados foram os cantilevers, Distal Jet e miniimplantes. 42 REFERÊNCIAS ARAÚJO T.M.; NASCIMENTO, M.H.A.; BEZERRA, F.; SOBRAL, M.C. Ancoragem esquelética em Ortodontia com miniimplantes. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial; v.11, n. 4, p. 126-156, 2006. BEZERRA, F.J.B.; VILLELA, H.M.; SOARES, A.P.F. Planejamento ortodônticocirúrgico para utilização de ancoragem esquelética com microparafusos autoperfurantes. In: Carvalho PSP. A Excelência do Planejamento em Implantodontia. p. 267-279, Ed. Santos. 2008. CAPELLUTO, E; LAUWERYNS, I. A simple technique for molar uprighting. J Clin Orthod, Hempstead, v.31, n.2, p.119-125, 1997. CARANO, A.; TESTA, M.; SICILIANO, G. The Distal Jet uprighting lowers molars. J Clin Orthod, Hempstead, v.30, n.12, p.707 -710, Dec.1996. DAINESI, E.A.; JANSON, G.R.P.; HENRIQUES, J.F.C.; KAWACHI, M.Y.; PINZAN, A. Verticalização de segundos molares inferiors impactados. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.5, n.3, p. 52-57, maio-jun. 2000. DI MATTEO, R.C.; VILLA, N.; SENDYK, W.R. Movimentação de molares inferiores ancorados em mini-parafusos. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.10, n.4, p. 52-68, Jul./Ago. 2005. 43 FIORELLI, G. et al. Two –vector mechanics. Prog Orthod, v. 4, n. 2, p. 62-73, 2003. FREITAS, J. R.; RAMALHO, S. A.; VEDOVELLO FILHO, M.; VEDOVELLO, S. A. S. Verticalização dos segundos molares inferiores. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.6, n.36, p. 449-456, Nov. Dez. 2001. GIANCOTTI, A; COZZA, P. Nickel Titanium Double-Loop system for simultaneous distalization of first and second molars._J Clin Orthod, Hempstead, n.32, p.255-260, 1998. KOGOD, M.; KOGOD, H.S. Molar uprighting with the piggyback buccal sectional arch wire technique. Am J Orthod, Saint Louis, n.99, p.276-280, Mar. 1991. LANG, R. Uprighting partially impacted molars. J Clin Orthod, Hempstead, n.19, p.646-650, Sep. 1985. MELO, A.C.M.; ZIMMERMANN, L.L.; CHIAVINI, P.C.R.; BELAVER, E.S.; LEAL H.A.; THOME, G. O uso de miniimplantes como ancoragem - planejamento ortodôntico/cirúrgico. Rev Clin Ortodon Dental Press; v.5, n.6, p. 21-28, 2007. 44 MELSEN, B.; FIORELLI, G.; BERGAMINI, A. Uprighting of Lower Molars. J Clin Orthod, Boulder, v.30, n.11, p.640-645, 1996. MIAO, Y.Q.; ZHONG, H. An uprighting appliance for impacted mandibular second and third molars. J Clin Orthod, Hempstead, n.40, n.2, p.110-116, Feb. 2006. ORTON, H.S.; JONES, S.P. Correction of mesially impacted lower second and third molars. J Clin Orthod, Hempstead, n.21, n.3, p.176-181, Mar. 1987. PARK, H.S.; KWON, O.W.; SUNG, J.H. Uprighting second molars with microimplant anchorage. J Clin Orthod, Boulder, v.38, n. 2, p.100-103, Feb. 2004. PARK, H.S.; KYUNG, H.M.; SUNG, J.H. A simple method of molar uprighting with micro-implant anchorage. J Clin Orthod, Boulder, v.36, n.10, p.592-596, Oct. 2002. QUEIROZ, R. R. Verticalização de segundos molares permanentes inferiores impactados. Rev Paul Odontol, São Paulo, v.19, n. 5, p.33-38, Set./Out.1997. QUEIROZ, R. R. Verticalização de segundos molares permanentes inferiores impactados. In: ABREU NETO, H.F.; SABER, M. Diagnóstico, Planejamento e Condutas clínicas na Técnica Ortodôntica. Ed. Santos, 2007, p. 173-82. ROBERTS, W. W.; CHACKER, M. C.; BURSTONE, C. J. Segmental approach to mandibular molar uprighting. Am J Orthod, Saint Louis, v.81, n.3, p. 177184, Mar. 1982. ROMEO, D. A.; BURSTONE, C. J. Tip-back mechanics. Am J Orthod, St. Louis, v. 72, n. 4, p. 414-421, Oct. 1977. 45 SAKIMA, T.; MARTINS, L.M.; SAKIMA, M.T.; TERADA, H.H.; KAWAKAMI, Y.R.; OZAWA, T. Alternativas mecânicas na verticalização de molares. Sistemas de força liberados pelos aparelhos. Rev Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v.4, n.1, p. 79-100, Jan./Fev. 1999. SAWICKA, M.; RACKA-PILSZAK, B.; ROSNOWSKA-MAZURKIEWICZ, A. Uprighting partially impacted permanent second molars. Angle Orthod, Appleton, v. 77, n. 1, p. 148-154, Jan. 2007. SHELLHART, W.C.; OESTERLE, L.J. Uprighting molars without extrusion. J Am Dent Assoc, v.130, p.381-385, Mar. 1999. SIMON, R.L. Rationale and practical technique for uprighting mesially inclined molars. J Prosthet Dent., v.52, n.2 p.256-259, Aug. 1984. SOUZA, R.A.; NOUER, D.F.; MAGNANI, M.B.B.A.; SIQUEIRA, V.C.V.; PEREIRA NETO, J.S. Reabilitação protética após verticalização de terceiro molar com severa inclinação. Ortodontia, v. 41, n.2, p. 291-294, 2008. TUNCAY, O. C. et al. Molar uprighting with T-loop spring. J Am Dent Assoc, Chicago, v.100, n.6, p. 863-866, June 1980. WEILAND, F.J.; BANTLEON, H.P.; DROSCHL, H. Molar uprighting with crossed tipback springs. J Clin Orthod; v.4, n. 26, p. 335-337, 1992.