ANDRÉ FERNANDES DE ASSIS SILVA
DISPOSITIVOS MECÂNICOS UTILIZADOS PARA A
VERTICALIZAÇÃO DE SEGUNDOS MOLARES PERMANENTES
INFERIORES MESIALIZADOS
CONTAGEM
2011
ANDRÉ FERNANDES DE ASSIS SILVA
DISPOSITIVOS MECÂNICOS PARA A VERTICALIZAÇÃO DE
SEGUNDOS MOLARES PERMANENTES INFERIORES
MESIALIZADOS
Monografia apresentada à Clínica Integrada de
Odontologia como pré-requisito para obtenção
do título de especialista.
Orientadora: Profa. Ana Beatriz Maia Esper
CONTAGEM
2011
ANDRÉ FERNANDES DE ASSIS SILVA
Monografia
intitulada
de
“Dispositivos
mecânicos
utilizados
para
a
verticalização de segundos molares permanentes inferiores mesializados”
apresentada e aprovada pela banca examinadora composta pelos seguintes
professores:
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________________
Ana Beatriz Maia Esper
Prof. Orientadora
___________________________________________________________
Renato Gomes Andrade
Prof. Dr.
___________________________________________________________
Louise Cristina Cambraia Reis Alvarenga
Prof. Dr.
20 de agosto de 2011.
Dedicatória
Agradeço a Deus, presente em minha vida, proporcionando realizar meus
objetivos.
A meus pais, verdadeiros amigos, parceiros que compartilham meus ideais ,
incentivando-me a prosseguir em busca de novas conquistas
A compreensão de minha querida filha Júlia e minha companheira Bel, meu
carinho especial.
Aos professores e funcionários da GAPO pelo desempenho do curso e aos
meus colegas que tão bem me acolheram.
Tudo isso foi muito importante para conquistar mais uma vitória, novos
projetos, mais conhecimentos.
A todos minha gratidão e meu carinho.
André Fernandes A. Silva
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Alça em “T”.................................................................................12
Figura 2 – Mola de verticalização preconizada por Orton & Jones............15
Figura 3 – Alça de Verticalização piggyback..............................................16
Figura 4 - Molas com mecanismo tip back.................................................17
Figura 5 - Aparelho Distal Jet. ...................................................................19
Figura 6 - Sistema de forças cantilever......................................................21
Figura 7 - A - TSVM 1. B – TSVM 2...........................................................22
Figura 8 - Mola radicular gerando efeito de verticalização e intrusão........25
Figura 9- Utilização de miniimplante na área retromolar............................27
Figura 10 – Miniimplantes posicionados....................................................32
Figura 11 - Alça simplificada para verticalização de molar inferior............35
SUMÁRIO
RESUMO
SUMMARY
1. INTRODUÇÃO............................................................................................08
2. PROPOSIÇÃO............................................................................................10
3. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................11
4. DISCUSSÃO...............................................................................................37
5. CONCLUSÕES..........................................................................................41
REFERÊNCIAS ...........................................................................................42
RESUMO
A impactação mesial dos molares permanentes inferiores é um problema
freqüente na clinica ortodôntica, tendo como causas a perda precoce ou
anquilose de segundo molar decíduo; perda do primeiro molar permanente por
cárie ou periodontite; discrepância no comprimento do arco; inclinação de
irrupção; crescimento inadequado da mandíbula e insuficiente reabsorção
óssea na borda anterior do ramo da mandíbula. Várias técnicas foram
apresentadas para verticalização dos molares inferiores, sendo que as mais
utilizadas foram os cantilevers, Distal Jet e miniimplantes, a depender do
profissional para selecionar o aparelho de verticalização adequando ao caos de
acordo com a geometria da má-posição e mecânica.
Palavras-Chave: Verticalização dentária; Ortodontia corretiva.
SUMMARY
The mesial impaction of permanent lower molars is a frequent orthodontics
clinical problem and has the following causes: early lost of deciduous teeth or
anquilous of second molar deciduous; lost of first molar permanent by caries or
periodontal disease; discrepancy of arc length; proclination of irruption;
inadequate mandibular growing and insufficient resorption of anterior border of
mandible ramus. Many techniques were presents to lower molars uprighting
being the most used the cantilevers, Distal Jet and micro-implants, depending
by the professional select one of these for each specific case appropriating to
the bad position geometry and mechanics.
Key-words: Tooth movement; Orthodontics corrective.
8
1 INTRODUÇÃO
Existe uma grande preocupação da Odontologia quanto às inclinações
dentais decorrentes da perda dos dentes vizinhos, tanto a inclinação do longo
eixo do dente, quanto à extrusão do antagonista. Grande parte dos casos
impossibilita a reabilitação oclusal, impedindo a confecção de próteses ou
colocação de implantes.
A etiologia da verticalizacao dental está relacionada com a inclinação de
molares inferiores, isoladamente ou em conjunto, quando existe a perda
precoce de um ou mais dentes anteriores adjacentes ou de molares decíduos
ou permanentes, anodontia dos segundos pré-molares, irrupção ectópica ou
ainda a utilização prolongada de placa lábio ativa ou ancoragem extrabucal,
que resulta em retenção de segundos e terceiros molares. Outros fatores
podem ocorrer como: inclinação de irrupção e discrepância do comprimento do
arco, entre outras causas.
O diagnóstico da mesializacao dos segundos molares é bem simples,
realizado pelo exame físico e análise radiográfica. Sendo que, a época normal
para a irrupção seria até os 13 anos para os inferiores e até os 14 anos para os
superiores. Assim, se até nessa época algum dos segundos molares não
estiver irrompido, deve-se suspeitar de que algo no local esteja impedindo a
irrupção. Com esses métodos seria possível fazer a estimativa do espaço
presente, avaliar o padrão de crescimento mandibular e observar a posição
dental intra-ósseo.
9
Quando este problema está instalado, o ideal é colocar este dente em
sua correta posição o mais cedo possível, possibilitando o alinhamento das
raízes perpendiculares ao plano oclusal de forma que resista melhor as forças
oclusais e facilite o plano de inserção da prótese ou implante paralela ao longo
eixo do dente, bem como diminuir a perda periodontal na mesial do dente
inclinado. Portanto, a verticalização de molares impactados, com abertura ou
fechamento do espaço, por meio de recursos cirúrgicos e ortodônticos, possui
vantagens funcionais, periodontais e restauradoras.
Muitas maneiras de correção são apresentadas, sendo importante
considerar dentre elas, todos os aspectos biomecânicos envolvidos, extraindo o
que existe de melhor em cada uma das técnicas. Os microparafusos
ortodônticos também podem ser utilizados para verticalização dos molares
inferiores de forma simples e eficaz, evitando a componente de força extrusiva
indesejável. A estratégia é modificada conforme o tipo de verticalização, que
pode ser associada ao fechamento ou à abertura de espaços.
Desta forma, a adoção da verticalização é uma conduta segura e pouco
invasiva, resultando em maior conforto ao paciente, assim este trabalho propõe
a estudar os recursos biomecânicos mais utilizados para que o paciente possa
melhorar sua função mastigatória para uma posterior reabilitação dental.
10
2 PROPOSIÇÃO
A proposta do presente trabalho foi realizar uma revisão de literatura
sobre os recursos biomecânicos mais utilizados para a correção de molares
inferiores inclinados mesialmente.
11
3 REVISÃO DE LITERATURA
Romeo & Burstone (1977) utilizaram as molas do sistema tip back com
fio de aço retangular 0.018” x 0.025” além de helicóides para conseguir
simultaneamente a verticalização e efeito intrusivo nos incisivos. Os autores
utilizaram uma força vertical e um momento de força necessário para
verticalização de um molar, dois molares ou um grupo de molares e prémolares. Para a verticalização adequada de dois molares e pré-molares tornase necessário uma magnitude do momento de mais ou menos 2.500 gr.mm.
Quando se considera que a média da extensão do braço do cantilever é em
torno de 15 mm, é preciso aplicar uma força de aproximadamente 165 gramas
para conseguir o momento desejado. Esta força intrusiva na unidade de
ancoragem anterior produzirá normalmente um efeito de verticalização dos
dentes posteriores antes da intrusão dos anteriores. Embora a força extrusiva
provoque a erupção do molar, uma apropriada força oclusal, minimiza este
efeito. Quando o paciente apresenta padrão facial excessivamente vertical com
tendência à mordida aberta deve-se ter muita precaução para evitar efeitos
indesejáveis. O centro de rotação, por localizar-se à distal da raiz do molar gera
rotação e extrusão dos molares, abertura de espaço e aumento do
comprimento do arco. O gancho do cantilever posicionado entre canino e
incisivo lateral (centro de resistência do segmento anterior) ou localizado um
pouco mais para distal do centro de resistência evita a protrusão do segmento
anterior.
12
Tuncay et al. (1980) , Sakima et al. (1999) propuseram uma alça simples
em T para verticalizar um molar. Para verticalizar dois molares, os autores
usaram um arco segmentado com alças duplas em T. Demonstraram a mola
em “T” simples ou dupla que pode ser utilizada na verticalização de molares
com resultados satisfatórios. Recomendaram para a confecção da mola o fio
retangular de aço .018” x .025” introduzindo na extremidade do fio uma dobra
com efeito gable de aproximadamente 30º, para garantir a verticalização
(Figura 1).
Figura 1 - Alça em “T”.
Fonte: Sakima et al., 1999.
Roberts et al. (1982) indicaram a mola segmentada de Burstone para
correção radicular e para a verticalização de molares inferiores. Sugeriram
ainda ancoragem no segmento anterior e arco lingual soldado ou colado de
canino a canino ou em pré-molares, colando-o também à superfície lingual dos
13
incisivos. Devem ser colados braquetes na face vestibular dos caninos e prémolares, associados ao arco lingual, passando-se um fio de estabilização em
suas ranhuras. Este fio deveria ser travado em suas extremidades. No canino
deve ser utilizado braquete com ranhuras duplas. Esta mola proposta
apresenta duas porções, a anterior, inserida na ranhura mais gengival do
canino, e a posterior, inserida ao tubo do molar inclinado. Para a construção
desta mola foram utilizados três passos. O primeiro foi a construção
propriamente dita, em que se formavam dois helicóides em um fio de aço de
0,018" X 0,025". Após este passo, seguiram-se as pré-ativações que
dependiam do momento e força desejados, do material utilizado na construção
da mola, e da distância entre os acessórios. As ativações teriam a mesma
grandeza nas porções anterior e posterior se as forças verticais de extrusão e
intrusão não fossem desejadas para nenhum dos segmentos. A curva de
compensação que constituiu no terceiro passo, evitaria a ação de forças
verticais. Portanto, as vantagens do uso desta mola seriam o controle da
extrusão do molar verticalizado, a ativação realizada fora da cavidade bucal, e
poucos ajustes oclusais durante o período de ação da mola. Além disso, a
posição da mola no nível gengival não prejudicaria a oclusão e causaria
desconforto mínimo ao paciente.
Simon (1984) demonstrou a importância da verticalização dos molares
inferiores inclinados mesialmente, descreveu uma técnica prática para realizar
a verticalização. Realizou um relato de caso clínico na qual citou a técnica
utilizada e enfatizou a importância da verticalização do molar. A técnica
utilizada consistiu em uma ancoragem de segundo pré-molar inferior esquerdo
ao segundo pré-molar direito com fio de aço. É colado um tubo 0,022”x 0,025”
14
no molar paralelo a superfície oclusal, é confeccionada uma mola com um
helicóide com fio retangular de aço 0,018” x 0,022” de aço que é ativado
quando encaixado no segmento anterior na região de canino e primeiro prémolar. À medida que o molar verticaliza há necessidade de ajustes oclusais,
uma vez que ocorre extrusão do mesmo. Avaliou que houve melhora na
inflamação gengival, facilitação para remoção da placa bacteriana no molar e
aumento da altura óssea alveolar. O tratamento teve duração de três meses
com efetiva correção radicular. Após nove meses do término do tratamento
verificou-se uma formação óssea e diminuição do defeito ósseo na região da
superfície mesial do molar.
Lang (1985) projetou um dispositivo que consiste em uma alça com
gancho para distal com fio de aço pesado (.034”), soldado no tubo vestibular
para distalizar o segundo molar inclinado através de alasticks colocados desde
o gancho até o botão colado na superfície oclusal do dente (Figura 2). A
vantagem deste aparelho é a facilidade de construção, de ativação, além do
movimento de correção ser rápido e bastante direcionado, sem provocar
rotações. Esse dispositivo pode ser utilizado com eficácia quando pretende-se
desimpactar molares à custa de movimento mésio-distal. Essas molas têm
como características a aplicação de forças horizontais na coroa dos molares.
Toda força aplicada distante do centro de resistência do dente tende a causar
uma tendência rotacional (momento), que por sua vez, provoca a desinclinação
desejada.
Orton & Jones (1987) descreveram uma mola para desimpactação de
segundos e terceiros molares inferiores que foi utilizada em molares que
apresentavam impactação leve a severa, não associada a rotações ou
15
inclinações vestíbulo-linguais. A mola de verticalização foi construída em fio de
aço de 0,018" X 0,025" ou 0,017" X 0,025" para ranhura de 0,022" ou 0,017" X
0,022" para ranhura de 0,018" mesial do tubo molar e helicóide associado a um
braço apoiado no sulco mésio-vestibular do primeiro molar permanente inferior
e fixado com resina. Depois de ativada esta alça, o molar inclinou
concomitantemente com a extrusão do dente impactado. Observaram que em
10% dos casos ocorreu intrusão excessiva do dente de ancoragem, o que seria
evitado com o uso de maior número de dentes no segmento de ancoragem.
Concluíram que essa mola elevou a margem mesial do molar impactado até a
oclusão funcional e foi reativada a cada seis semanas, sobrecorrigindo a
inclinação do molar impactado. O tempo de correção por meio dessa mola foi
de quatro a 12 meses de tratamento (Figura 2).
Figura 2 – Mola de verticalização preconizada por Orton & Jones.
Fonte: Sakima et al., 1999.
Kogod & Kogod (1991) selecionaram três casos clínicos nas quais foram
utilizadas mecânicas com alças para a verticalização de molares do tipo
piggyback. Estas alças foram confeccionadas com o fio de aço redondo 0,018”
16
e produz força distal e de verticalização. A mola apresenta quatro alças: a. alças
de acabamento. b. alças para ativação. c. alça em “U” vertical. d. extremidade final (para inserir
na mesial do molar impactado).
Ao amarrar firmemente o segmento com as quatro
alças sobre o segmento de estabilização (do primeiro molar até região de prémolares), inserindo a extremidade final da alça na ameia entre o primeiro molar
e o segundo molar inclinado ocorrerá a ativação da mola. Em duas a quatro
semanas ativando uma vez por semana, será possível observar o inicio da
verticalização com distalização do molar impactado (Figura 3).
Figura 3 – Alça de Verticalização piggyback.
Fonte: Sakima et al., 1999.
Weilland et al. (1992) sugeriram a utilização de mola helicoidal para a
verticalização de molares com extrusão. Para o controle da extrusão, durante a
verticalização, indicaram uma segunda mola helicoidal, a ser ativada no setor
de ancoragem. A mola de verticalização proposta foi construída de fio de aço
de calibre 0,016" X 0,022." ou de fio 0,017” X 0,025" TMA, com presença de
helicóide. Para evitar os efeitos de extrusão promovidos por esta mola,
17
empregou-se mola simples. Para ancoragem utilizaram arco lingual de fios
espiralados de canino a canino ou de pré-molar a pré-molar, associado a
braquetes de Edgewise colados a caninos (com a presença de ranhura vertical)
e pré-molares. Esses braquetes inseriam-se em um segmento de fio 0,018" X
0,025" para ranhura de 0,018", e fio 0,021" X 0,025" para ranhura de 0,022". A
mola simples de estabilização foi inserida em um dos tubos do molar,
estendendo-se até o primeiro pré-molar; a mola de verticalização propriamente
dita foi inserida do segundo tubo do molar até a ranhura vertical do canino. Ao
ativar a mola mesial do molar com carga de 20g, mais do que a mola distal, o
resultado seria força de intrusão do molar (Figura 4).
Figura 4 - Molas com mecanismo tip back.
FONTE: Sakima et al., 1999.
Carano et al. (1996) utilizaram
o mecanismo Distal Jet para
verticalização de molares. Este dispositivo utiliza um tubo de 0,036” soldado na
banda do pré-molar, paralelo ao plano oclusal, mas abaixo da região edentada,
a maneira não interfirir na oclusão. Sugeriram orientar o tubo de maneira que
um fio, com dobra em baioneta pudesse deslizar dentro do tubo com acesso
pela abertura distal. Assim, o fio e banda molar foram mantidos unidos, mas
estão livres para rotacionar ao redor de eixo em comum. Os autores sugeriram
colocar um parafuso com trava ajustável e mola aberta, de Níquel Titânio, de
18
150g de força sobre o tubo. Sugeriram ainda conectar os pré-molares com arco
lingual soldado para formar uma unidade de ancoragem. Quando a trava foi
movida distalmente, a mola foi comprimida e foi aplicada força de distalização.
Sendo assim, o Distal Jet inferior promoveu controle do movimento molar com
insignificante componente extrusivo, além de ser confortável e pouco
volumoso. Salientaram que a verticalização de molares inferiores é o objetivo
de tratamento comum em casos com finalidade protética. A extensão da área
edêntula pode dificultar o controle dos movimentos extrusivos ou laterais com
fio convencional, se o fio for de liga flexível de aço inoxidável retangular.
Relataram ainda três casos clínicos, sendo que o primeiro era de um paciente
de 45 anos com comprometimento periodontal do segundo molar esquerdo que
foi extraído, e o terceiro molar foi verticalizado com o Distal Jet em três meses.
No segundo caso, um paciente de 42 anos, portador de segundo e terceiro
molares inferiores esquerdos inclinados, o terceiro molar foi extraído e o
segundo molar verticalizado em quatro meses com o uso do Distal Jet. Outro
paciente de 31 anos fez uso bilateral do Distal Jet por três meses para
verticalizar os segundos molares inferiores. Portanto, esse dispositivo seria
indicado para casos em que próteses exigiam verticalização do molar, pois o
Distal Jet permite controle absoluto do movimento do molar, com componente
de extrusão insignificante, sendo relativamente confortável, de fácil instalação e
dispensa a cooperação do paciente (Figura 5).
19
FIgura 5 - Aparelho Distal Jet.
Fonte: Carano et al., 1997.
Melsen et al. (1996) verificaram que o espaço para irrupção do segundo
e terceiro molares inferiores depende de vários fatores: da borda anterior do
ramo, migração mesial da dentição inferior no desenvolvimento pós-natal, a
migração do primeiro molar inferior depois da esfoliação do segundo molar
decíduo. Tratamento ortodôntico preventivo com expansão sagital ou terapia
20
com placa lábio ativa (PLA) ou aparelho extra-oral (AEB) como prevenção da
migração mesial do primeiro molar, podendo deixar o segundo molar inclinado
mesialmente (impactação), caso a aparatologia seja usada por um longo
período. A correção da inclinação mesial dos molares pode ser feita com algum
tipo de aparelho existente, mas o importante é a correção do molar nos três
planos ocorra (sagital, vertical e transversal). Só existe um sistema de força
correto e é aquele que passa pelo centro de resistência. A situação mais
simples de se corrigir é aquela onde a verticalização do molar poderá provocar
á extrusão dental, já a mais completa é quando se tem que instruir o molar
além de verticalizar. Os autores descreveram algumas opções de tratamento
que são: 1) Para a verticalização com extração: Molas de verticalização tipo cantilever curta
ou longa, uma vez que o comprimento do cantilever interfira no movimento do molar, quanto
mais curto o braço do cantilever maior será o componente extrusiva do molar e quanto mais
longo menor a extrusão (momento é igual à força x distância). 2) Para a verticalização sem
extração: associa-se um arco de estabilização passando na distal do tubo molar inclinado,
exercendo uma força intrusiva e oposta à força de ativação da mola de ativação usando um
segundo cantilever. 3) Para verticalização com intrusão. É muito difícil de conseguir e somente
será possível em paciente cujo padrão muscular é forte e a força oclusal ajuda a neutralizar a
extrusão. Neste caso são utilizados dois cantilever cruzados que conseguem produzir tanto
momento de verticalização como a força de intrusão de molares, são confeccionados com TMA
0,017”x 0,025”. Uma mola longa é inserida no tubo do molar é estendido até o segmento
anterior e o segundo cantilever é inserido no tubo cruz fixado nos pré-molares e estendido até
a região distal do segundo molar que produz um componente intrusivo anulando o efeito
extrusivo do primeiro cantilever (Figura
6).
21
Figura 6 - Sistema de forças cantilever.
FONTE: Sakima et al., 1999.
Capelluto & Lauweryns (1997) desenvolveram uma técnica denominada
Técnica Simples de Verticalização de Molar (TSVM), que foi planejada para
verticalização de molares sem extrusão. Foram desenvolvidos dois modelos
discretamente diferentes. No TSVM 1, um tubo de 0,018” x 0,025” foi soldado
cervicalmente ao tubo do molar, paralelo ao plano oclusal (com um tubo duplo
do molar, pode ser utilizado o tubo auxiliar gengival). Um tubo mais curto, com
0,018” x 0,025” foi soldado horizontalmente à aleta disto cervical do braquete
do pré-molar. Os tubos exibiram zero graus de torque para evitar interferência
gengival. O componente ativo da mola de verticalização constitui-se de um fio
superelástico 0,016” x 0,022” de NiTi que produziu força leve e contínua
durante o tratamento. Este fio se estendeu da abertura mesial do tubo do
premolar até a distal do tubo do molar. No desenho do TSVM 2, o tubo do
premolar foi soldado verticalmente às aletas cervicais do braquete. O fio de
níquel titânio se estende da gengival do tubo do pré-molar até a terminação
distal do tubo do molar. Uma vez inserido nos tubos, o fio foi ativado puxando-o
em direção mesial, para fora do tubo do molar. Qualquer excesso de fio foi
então cortado e as terminações foram dobradas e cobertas com cimento de
22
ionômero de vidro para evitar irritação. Esta ativação aumentou a tensão
interna no fio, logo aumentando as forças, binários e momentos. Também
gerou força de distalização horizontal contra o molar como reação à tração
mesial do fio (Figura 7).
Figura 7 – A - TSVM 1 com tubos horizontais no molar e pré-molar. B – TSVM 2 com
tubo horizontal no molar e tubo vertical no pré-molar.
Fonte: Capelluto e Lauweryns (1997).
Queiroz (1997) reportou que o uso de arco parcial possui como
vantagens: a) utilizar fio com secção transversal menor para desinclinar dente impactado; b)
manter fio de maior seção transversal (mais pesado) para estabilizar o arco dentário e o
primeiro molar; c) facilitar troca de arcos e a ativação fora da boca. As vantagens para o uso de
arco total passivo seriam: a) preservar o nivelamento alcançado; b) manter características
originais do arco dentário antes do nivelamento; c) controlar a ancoragem do primeiro molar.
Para as alças horizontais as vantagens seriam: a) diminuir as injúrias aos tecidos moles; b)
evitar deslizamento do braquete no fio; c) ajudar no controle axial do dente. Para a colagem de
braquete na face oclusal do segundo molar impactado há a facilidade do uso das alças
horizontais que não permitem a extrusão do dente a ser desinclinado e ajudam no controle
axial do dente.
Giancotti & Cozza (1998) utilizaram uma alça dupla com fios de NiTi
para realizar a distalização simultânea de primeiros e segundos molares. Para
este método seguiram os seguintes procedimentos: a) bandagem de molares e prémolares; b) colocação de um arco contínuo até a região de primeiros molares; c) dois arcos
segmentados bilateralmente do segundo pré-molar ao segundo molar. Foram instalados tubos
23
com pontos de parada, com objetivo de aumentar o comprimento do fio e o efeito de
distalização, colocados para distal do primeiro pré-molar e mesial do primeiro molar (5mm à
distal do tubo) no fio do arco contínuo. No arco segmentado seria colocado um ponto de
parada distal do segundo pré-molar e mesial do segundo molar (5mm à distal do tubo). Seria
ainda utilizada placa lábio ativa para evitar a extrusão quando combinado o uso de elástico de
Classe II para promover o aumento da ancoragem anterior e evitar a vestíbuloversão dos
incisivos superiores.
Shellhart & Oestele (1999) observaram que a verticalização de molares
pode ter benefícios significantes para os pacientes, uma delas é o beneficio
periodontal com a verticalização dos molares é eliminar a pseudobolsa formada
na mesial da raiz do dente, proporcionando um controle de placas mais efetivo
já que não ocorrerá mais acúmulo na região que antes ocorria, já em relação à
prótese, o beneficio é devido ocorrer uma melhor resolução dos planos mesiodistal entre os dentes (abrindo espaço), uma formação óssea satisfatória para
confecção de implante além de proporcionar um conteúdo oclusal mais
adequado com um arco antagonista, não deixando assim o dente antagonista
extruir. A intrusão só é aceitável se o dente verticalizado não fosse restaurado
ou quando não se deseja uma abertura anterior da mordida, além de causar
um aumento na profundidade da bolsa periodontal preexistente. Para tanto
desenvolveram um aparelho que consiste em duas molas verticalizadoras de
molares (cursores), na qual uma é invertida e presa na distal do molar a ser
verticalizado para que não ocorra extrusão apenas verticalização.
Sakima et al. (1999) verificaram que quando o molar encontra-se
extruído a verticalização é frequentemente realizada com a mecânica que
utiliza inclinação para posterior, utilizando as alças ou molas segmentadas que
se encaixam no molar inclinado e se estendem até a região anterior (no
24
segmento anterior do arco). Neste tipo de mecânica o centro de rotação se
situa na região distal do segundo molar e conforme a ação da alça ou mola se
evidencia, produz-se momento negativo, resultando a verticalização com força
extrusiva no segmento posterior, acompanhado de pequena abertura de
espaço. Para confecção destas molas utilizam-se fios de secção retangular de
aço inoxidável ou de TMA (titânio-molibidênio). O sistema utilizado para
verticalizar com intrusão seria o sistema de duas molas cantilever ou as duas
molas Tip Back cruzada que conseguem produzir tanto o momento de
verticalização como a força de intrusão dos molares. As molas são
confeccionadas com fios TMA .017” x .025”. Um cantilever longo inserido no
tubo molar é estendido até o segmento anterior à distal dos incisivos laterais,
liberando um momento de verticalização associado à força de extrusão no
molar. Um segundo cantilever inserido no tubo em cruz ou cruzeta fixado entre
pré-molares ou entre pré-molar e canino é estendido até a região distal do 2°
molar que produz um componente de força intrusiva no molar, eliminando o
efeito indesejável de extrusão no molar e um momento anterior provocado pelo
primeiro cantilever. Para se evitar uma inclinação vestibular da coroa, a força
intrusiva pode ser aplicada por vestibular e por lingual. O sistema utilizando
cantilever é definido como estaticamente determinado pois o sistema de força é
totalmente previsível e sempre a força é liberada em apenas um ponto de
aplicação (em uma das extremidades do cantilever (Figura 8).
25
Figura 8 - Mola radicular gerando
efeito de verticalização e intrusão.
Fonte: Sakima et al., 1999.
Dainesi et al. (2000) reportaram caso clínico de indivíduo do gênero
masculino, 14 anos, leucoderma, que apresentava bom perfil facial, sem
assimetrias e com selamento labial, maloclusão Classe I de Angle, com
mordida cruzada posterior bilateral, trespasse horizontal de três milímetros e
vertical de quatro milímetros, sem desvio de linha média e sem curva de Spee.
Foi escolhida a terapia ortodôntica corretiva, associada a molas soldadas nas
bandas dos primeiros molares inferiores para realizar a verticalização dos
segundos molares inferiores. Para aumentar a ancoragem e produzir verticalização efetiva, foi adicionado um arco lingual de Nance à terapia ortodôntica e
os terceiros molares inferiores foram mantidos até o término da verticalização.
26
A mecânica ortodôntica para a verticalização dos segundos molares inferiores
foi utilizada por 1,5 anos. Após a inclusão destes dentes no arco, finalizou-se o
tratamento ortodôntico e realizado um ajuste da oclusão. Portanto, o processo
de verticalização dos segundos molares inferiores ao utilizar uma mecânica
ortodôntica mostrou ser seguro e eficaz, sem causar anquilose ou reabsorções
radiculares e ósseas, com pouco desconforto ao paciente, preservando a
vitalidade pulpar e sem produzir extrusão dental excessiva destes dentes. Os
terceiros molares inferiores não interferiram na mecânica de verticalização,
podendo-se mantê-los, como conduta cautelosa, até que o procedimento de
verticalização pudesse acontecer satisfatoriamente.
Freitas et al. (2001) avaliaram a literatura quanto aos aparelhos e
técnicas para verticalização dos molares, que variam conforme a necessidade
do caso. Indicaram para a verticalização que permite extrusão a utilização do
aparelho com mola helicoidal; na verticalização para manutenção do dente em
posição ou para intruí-lo, deve-se usar mola para correção radicular de
Burstone, aparelho com alça em T e o aparelho com duas molas helicoidais
com o mesmo princípio mecânico atuando em sentidos contrários. Para
verticalizar os segundos molares retidos pode-se usar mola helicoidal com
gancho, a mola espiral comprimida ou uma mola em forma de dedo, ativada
por mola em espiral. Relataram ainda que o tempo de tratamento para
verticalização de molares variou de acordo com cada autor, entre dois e 12
meses.
Park et al. (2002) reportaram que, para se obter a verticalização com
abertura de espaço, as mecânicas são mais simplificadas, pois o momento
gerado através de binários aplicados na coroa, promove a rotação do molar em
27
torno do centro de resistência, com mesialização da raiz e distalização da
coroa, sendo, contudo, importante avaliar a necessidade do controle da
extrusão. Para a obtenção deste movimento é necessário confeccionar sistema
de força que promova verticalização associado à força de intrusão, o que pode
ser alcançado de forma simples com a instalação de microparafuso localizado
na região posterior ao molar inclinado, em que cola-se botão na face oclusal ou
na mesial do molar e fixa-se ligadura elástica do botão ao microparafuso. O
elástico traciona o molar para distal com componente de intrusão devido ao
vetor de força ser inclinado. Essa estratégia deve cuidar para que o elástico
não escape da face oclusal do dente, e a verticalização pode ser feita também
com molares inclinados para lingual, bastando para isto, posicionar o
microparafuso por vestibular e conectá-lo ao molar através de elásticos. Como
o vetor de força passa a vestibular do centro de resistência, o molar tenderá a
intruir e vestibularizar (Figura 9).
Figura 9- Utilização de miniimplante na área retromolar.
Fonte: Park et al., 2002.
28
Fiorelli et al. (2003) reportaram que determinados movimentos
ortodônticos são mais difíceis de serem obtidos. Citaram como exemplos de
movimentos difíceis: o movimento de translação do dente no fechamento de
espaço, a intrusão e verticalização de molares e a intrusão e retração dos
dentes anteriores com movimento lingual de raiz. Para os autores, as
diferenças não são causadas pelas variações nas reações dos tecidos para
estes diferentes tipos de movimentos dentários, mas pelo local do ponto de
aplicação de força necessário para estes sistemas de força. Eles descreveram
um procedimento prático para o planejamento mecânico, em que o princípio
básico foi que o sistema de força necessário para um movimento específico de
um dente pode ser calculado. Este sistema de força pode ser expresso por três
sistemas equivalentes: 1) Um vetor de força simples pode ser localizado no espaço em
relação a um dado sistema coordenado; 2) O centro de resistência de uma unidade dental
pode ser movimentado e; 3) O sistema de força em relação ao braquete.
Os autores
demonstraram as possíveis soluções mecânicas para a geração de vetores de
força fora da área de ação do aparelho ortodôntico convencional. Um aparelho
que contenha uma combinação de dois bem definidos cantilevers ou molas, ou
ambos, foi desenvolvido baseado nos cálculos de vetores. Um aparelho
ortodôntico estatisticamente determinado incorporando cantilevers ou molas
com dois diferentes, mas acessíveis pontos de aplicação de força podem ser
desenvolvidos para liberar todo tipo de sistema de força com um grande grau
de reprodutibilidade e controle. Esta mecânica de dois vetores oferece
soluções eficientes e efetivas para casos de soluções difíceis, desde que todas
as vantagens dos sistemas estatisticamente determinados sejam utilizadas nos
aparelhos ortodônticos. O planejamento de cada mecânica deve ser
cuidadosamente executado usando métodos matemáticos, pois até um
29
pequeno desvio numa direção da força ou na magnitude pode ter um impacto
significante na resultante do vetor.
Park et al. (2004) indicaram a colocação de miniimplantes, para evitar
contato com as raízes, posicionados em um ângulo de 30-40º com o longo eixo
dos dentes. Devido a raiz palatina do segundo molar superior ser um pouco
distal do centro da coroa, o miniimplante deveria ser posicionado na metade
distal do espaço interdental entre as raízes do primeiro e segundo molares. O
mini-implante inferior poderia ser inserido no osso alveolar imediatamente
vestibular a coroa do segundo molar para produzir uma força diretamente
vestibular e uma força intrusiva sem qualquer aparelho ortodôntico na unidade
de ancoragem. O clínico deveria ter cuidado para não rotacionar os dentes
durante a correção, contudo, este sistema de força controla apenas o modo e
direção do movimento do dente.
Di Matteo et al. (2005) utilizaram um método para verticalizar os molares
inferiores
inclinados
para
mesial,
miniimplantes,
como
ancoragem,
posicionados na linha obliqua externa da mandíbula atrás dos dentes.
Selecionaram três indivíduos entre 40 e 48 anos de idade, sendo dois do
gênero feminino e um do masculino que apresentavam molares inclinados
mesialmente, posicionados posteriormente às áreas edêntulas em ambos os
lados da mandíbula. Estes pacientes foram tratados ortodonticamente durante
um período de seis e 12 meses. Os miniimplantes foram posicionados
bilateralmente, sob anestesia local, este procedimento cirúrgico foi simples e
poderia ser feito facilmente pelo ortodontista. Após uma semana, aplicaram-se
cargas ortodônticas entre 150 e 200 gramas/força por meio de elásticos. As
dimensões e formas dos miniimplantes provaram ser apropriadas e sua
30
remoção, após o tratamento, foi feita sem dificuldade. O resultado foi à redução
de tempo para verticalizar os molares sem efeitos colaterais sobre os outros
dentes. Concluíram que, o uso de miniimplantes mostrou ser uma boa
alternativa para ancoragem ortodôntica efetiva, na verticalização dos molares
inferiores.
Araújo et al. (2006) salientaram que a verticalização dos molares
inferiores está recomendada quando acontece inclinação acentuada destes
dentes, devido à perda de unidades adjacentes ou em casos de impactação de
segundos molares inferiores. Dependendo do grau de angulação que o dente
em questão se encontre, e levando em consideração o seu volume radicular,
este tipo de movimentação pode tornar-se difícil. A possibilidade de utilização
dos miniimplantes com carga imediata tem modificado a abordagem clínica e
biomecânica deste problema. Seja para evitar movimentações indesejadas nas
unidades de ancoragem, seja para impedir a extrusão do próprio molar, a
utilização de um ou mais miniimplantes ortodônticos pode ser de grande
auxílio. Uma das opções para a inserção de miniimplantes com o intuito de
desimpactar e/ou verticalizar molares é a região retromolar. Neste caso o ponto
de ancoragem fica posicionado distalmente da unidade em questão, ocorrendo
assim abertura de espaço. A ativação ortodôntica pode ser realizada através de
molas fechadas, elásticos em cadeia ou em fio, do implante a um acessório
fixado, onde for possível (faces distal, oclusal ou mesial), no dente a ser
movimentado. Não existindo espaço para a instalação do dispositivo, devido à
ausência de mucosa ceratinizada na região, o miniimplante pode ficar
submerso e se utilizar fio de amarrilho metálico como elo de ligação com o
meio externo, de forma a possibilitar a ativação do sistema. Quando a intenção
31
é verticalizar um molar, fechando o espaço, pode-se lançar mão de um
miniimplante numa região mais anterior. Neste caso, o ponto de aplicação de
força poderá ser um fio inserido por distal no braquete do molar, que passe
abaixo do seu centro de resistência, devendo-se, neste caso, ter atenção
especial com a profundidade do vestíbulo, evitando-se desconforto por parte do
paciente.
Miao & Zhong (2006) indicaram a utilização de um mini-gancho, simples
de construir e ativar, colado na distal da superfície de um molar impactado
horizontalmente ou na superfície oclusal de um molar impactado mesialmente,
até que o gancho abra-se mesialmente. A exposição cirúrgica é necessária
apenas se uma impactação horizontal for tão severa que o molar não tenha
erupcionado por completo. Em tal caso, a superfície distal do molar impactado
deveria ser exposta apenas o suficiente para colar o mini-gancho. O contorno
baixo do mini-gancho elimina a necessidade de um aparelho removível para
alcançar a dimensão vertical e evitar o contato oclusal com os molares opostos.
Devido o mini-gancho ser inclinado em um ângulo de 90º, este se fecha
seguramente até mola ser empurrada, normalmente sem colar. Até que o minigancho seja colado na superfície oclusal do molar impactado, nenhuma
exposição cirúrgica ser necessária, reduzindo a de infecção ou trauma. A
regeneração do osso alveolar normal faz com que esta técnica especialmente
adequada para pacientes com terceiros molares inferiores impactados e
primeiros molares perdidos.
Melo et al. (2007) indicaram a instalação de dois miniimplantes,
posicionados verticalmente ao osso alveolar, mesiais ao molar a ser
verticalizado. Os dois miniimplantes foram colocados próximos entre si e
32
unidos por meio de resina fotopolimerizável, simulando uma coroa provisória,
na qual foi colado um braquete. Tornou-se indispensável à utilização de dois
miniimplantes unidos para evitar que o momento de força, gerado como reação
da força aplicada, resultasse no afrouxamento do parafuso. A mola de
verticalização foi confeccionada com fio de aço 0,017” X 0,025”, com abertura
de espaço, de forma bem rápida e segura (Figura 10).
Figura 10 – Miniimplantes posicionados.
Fonte: Melo et al. (2007).
Queiroz (2007) relatou que o diagnóstico da impactação dos segundos
molares é relativamente simples. Considera-se que, a época normal para a
irrupção seria até aos 13 anos para os inferiores e até aos 14 anos para os
superiores. Sendo assim, se até nessa época algum dos segundos molares
não estiver irrompido, deve-se suspeitar de que algo, no local, esteja impedindo
sua irrupção. O problema pode ser reconhecido pelo exame físico e análise
33
radiográfica. Por esses meios seria possível fazer a estimativa do espaço
disponível, a avaliação do padrão de crescimento mandibular e a observação
do posicionamento dentário intra-ósseo.
Sawicka et al. (2007) demonstraram um caso clínico de um indivíduo de
14 anos de idade, gênero feminino, com impactações bilaterais parciais dos
segundos molares inferiores, com relação molar em Classe l, apinhamento leve
no segmento anterior e rotação distal de ambos os caninos inferiores e o
primeiro pré-molar inferior direito. O plano de tratamento foi de natureza
cirúrgica-ortodôntica. O primeiro procedimento cirúrgico foi de expor a porção
vestibular do dente impactado e cimentar com adesivo um tubo à superfície
exposta. O segundo estágio, a germectomia dos terceiros molares, foi
executado após a verticalização ortodôntica ter sido alcançada. O plano de
tratamento ortodôntico envolveu a verticalização e extrusão de ambos os
segundos molares e a terapia com aparelho fixo apenas no arco inferior. Um
pôntico em balanço, de TMA de 0,017” X .0,025” foi inserido em cada tubo
vestibular do segundo molar e enganchado distalmente aos caninos com uma
força de 50grs. O pôntico em balanço tinha 30mm de comprimento e liberou um
momento de 1500g.mm. A ancoragem foi mantida pelo segmento anterior com
um fio metálico inseridos entre os caninos e por retentor lingual. A inclinação
satisfatória do segundo molar inferior foi conseguida bilateralmente após cinco
meses de tratamento e a germectomia dos terceiros molares foi executada.
Concluíram que a adequada avaliação clínica, radiológica, biomecânica e uma
boa seleção do aparelho, podem produzir um tratamento com sucesso.
34
Souza et al. (2008) mostraram um caso clínico de um paciente adulto,
do gênero masculino, com 48 anos, que apresentava perda prematura de
primeiros e segundos molares inferiores direito e esquerdo e foi indicado para
verticalização de molar. As perdas dentais resultaram em severa inclinação e
migração do terceiro molar inferior direito e, conseqüentemente, acúmulo de
biofilme e inflamação gengival na região mesial com histórico de desordem
temporomandibular proveniente de extensa migração mesial de terceiro molar
inferior associado à utilização de prótese inadequada. Uma alça simplificada,
confeccionada com segmento de fio de aço .018”x.025” T.M.A que foi utilizada
para verticalização de molar inferior, que permitiu a aplicação de forças suaves
e evitando a extrusão dental. Após o alinhamento dos incisivos inferiores, uma
contenção 3 x 3 foi usada para estabilização anterior e, só então, a alça de
verticalização foi instalada no paciente. Quatro meses após iniciar a ativação,
um arco .de fio de aço 016” x .025” NiTi foi inserido pela mesial na entrada
principal do tubo duplo. Este arco foi adaptado como sobrefio na região anterior
junto ao arco retangular. As forças utilizadas para verticalização variaram entre
35 a 40 gramas/ força em todas ativações. A verticalização foi concluída no
período de seis meses, sendo o paciente direcionado para área de prótese,
onde foi confeccionada a prótese provisória e posteriormente a prótese parcial
removível superior por encaixe por pela disponibilidade de altura suficiente para
sua adaptação enfatizaram em seus estudos. Concluíram que nesta
apresentação de caso clínico, o mecanismo de verticalização de molar inferior
permitiu uma melhor resposta da movimentação dental, evitou alterações
verticais da oclusão e possíveis problemas de desordens temporomandibulares
por má adaptação protética (Figura 11).
35
Figura 11 - Alça simplificada para verticalização de molar inferior.
FONTE: Souza et al., 2008.
Bezerra et al. (2008) afirmaram que a verticalização de molar com
fechamento de espaço normalmente exige pouco mais de complexidade na
mecânica, pois além de exercer momento para efetuar a verticalização e o
controle da extrusão, deve-se efetuar força de mesialização da coroa. O
momento isolado gerado pelo binário aplicado em um tubo do molar provoca a
rotação do dente em torno do centro de resistência e promove o deslocamento
da coroa para distal. Essa tendência de movimento da coroa para distal pode
ser anulada através da contenção da coroa por fio de amarrilho, que
proporciona a verticalização com o centro de rotação na coroa. Tal mecânica
pode ser aplicada de maneira simplificada, utilizando segmento de fio e
mniimplante instalado à mesial do molar. Este segmento de fio é inserido na
distal do molar, onde a extremidade do fio pode ficar localizada abaixo cio
centro de resistência. A aplicação de uma força na extremidade deste fio,
através de uma mola apoiada no microparafuso, proporciona a passagem da
linha de ação de força apicalmente ao centro de resistência, resultando em
verticalização e mesialização. Quanto mais apicalmente a linha de ação de
força passar em relação ao centro de resistência, maior a tendência de rotação
36
e menor o componente de mesialização, o que pode promover movimento de
verticalização com abertura de espaço na distai do molar. Essa abordagem
permite promover bom controle do movimento ântero-posterior, mas pode
provocar rotação mesiolingual da coroa, já que a força passa vestibularmente
em relação ao cento de resistência. Para conter esta tendência, deve-se
instalar um fio guia com o intuito de impedir a rotação, mas que não impeça o
movimento de verticalização.
37
4 DISCUSSÃO
A verticalizacao de dentes permanentes é uma ocorrência clínica
comum que montagem do aparelho corretivo pode envolver qualquer dente no
arco dentário. Os dentes mais frequentemente impactados, em ordem, são os
terceiros molares superiores e inferiores, caninos superiores e segundos prémolares inferiores, mas também pode acontecer com os segundos molares
inferiores (SAKIMA et al., 1999; FREITAS et al., 2001).
A etiologia da mesializacao do segundo molar inferior é multifatorial.
Envolvendo
distúrbios
fisiológicos
no
desenvolvimento
dentário
e
no
crescimento mandibular, inversão da sequência de erupção, iatrogenias
(bandas mal adaptadas, uso prolongado de AEB e PLA), pode estar
relacionada também a um ângulo goníaco fechado, prognatismo alveolar
inferior, além de más formações dentals como dilacerações radiculares ou
mesmo taurodontismo (QUEIROZ, 1997; 2007; FREITAS et al., 2001). O
diagnóstico e o plano de tratamento envolvem avaliação clínica, radiográfica,
biomecânica e seleção adequada de aparelhos para o sucesso da
mecanoterapia (QUEIROZ, 1997; 2007; FREITAS et al., 2001; DI MATTEO et
al., 2005).
As verticalizacoes unilaterais de segundos molares são mais comuns do
que as bilaterais e ocorrem com maior freqüência na mandíbula do que na
maxila. Acometem mais homens do que mulheres e mais o lado direito do que
o esquerdo. A inclinação mesial dos segundos molares inferiores impactados é
38
muito mais comum do que a inclinação distal; isto provavelmente ocorre devido
à angulação mesial inicial do germe dentário em desenvolvimento (SAKIMA et
al., 1999).
As vantagens da verticalização de um molar impactado são funcionais,
periodontais e restauradoras. O benefício periodontal da verticalização do
molar é a eliminação da pseudobolsa, que facilita o controle de placa
bacteriana na área. Possibilita, além disso, o alinhamento das raízes
perpendiculares ao plano oclusal de forma que o dente resista melhor às forças
oclusais estndo de acordo com os estudos de Roberts et al. (1982); Weiland et
al. (1992) e Sakima et al. (1999).
O momento adequado para se tratar essas impactações é quando o
paciente tem de 11 a 14 anos de idade, durante o início da adolescência,
quando a formação radicular do segundo molar ainda é incompleta,
apresentando força eruptiva, ou antes que o terceiro molar complete seu
desenvolvimento (QUEIROZ, 1997; 2007).
Entre os recursos propostos para a verticalização de molares inferiores
estão os aparelhos removíveis. Esses dispositivos são de fácil construção e
proporcionam ancoragem eficiente, porém o sucesso da movimentação
dentária depende da eficiência biomecânica e da colaboração do paciente ao
usá-lo. Os autores Romeo & Burstone (1977) e Sakima et al. (1999) indicaram
as
molas
do
sistema
com
inclinação
para
posterior
para
alcançar
simultaneamente a verticalização dos molares e efeito intrusivo nos incisivos.
Tuncay et al. (1980) utilizaram segmentos de arco com alça em “T” dupla para
dentes que requeriam movimentos de verticalização e mesialização. Roberts et
al. (1982) e Freitas et al. (2001) usaram a mola segmentada de Burstone para
39
a correção radicular e para a verticalização de molares inferiores. Kogod &
Kogod (1991) utilizaram mecânicas com alças para a verticalização de molares
do tipo piggyback. Weilland et al. (1992) sugeriram a utilização de mola
helicoidal para a verticalização de molares com extrusão. Já Carano et al.
(1996) idealizaram o Distal Jet e indicaram para casos em que próteses
exigiam uma verticalização do molar. Existe controle absoluto do movimento do
molar, com componente de extrusão insignificante, sendo relativamente
confortável, pequeno, de fácil instalação e dispensa a cooperação do paciente.
Capelutto & Lauweryns (1997) desenvolveram técnica denominada Técnica
Simples de Verticalização de Molar (TSVM) que foi planejada para
verticalização de molares sem extrusão. Giancotti & Cozza (1998) utilizaram
uma alça dupla com fios de NiTi.
Dentre outras mecânicas que prioriza o controle vertical, o sistema que
utiliza
duas
molas
cantilevers,
também
chamadas
de
cursores
de
verticalização, foram utilizados por Melsen et al. (1996); Sakima et al. (1999) e
Shellhart & Oestele (1999), estas conseguem produzir tanto o momento de
verticalização como uma força de intrusão nos molares anulando assim o
componente de extrusão. Sendo que, quando se deseja extrusão do molar para
abrir a mordida, os autores preconizaram o uso somente do primeiro cantilever.
Existe outro tipo de tratamento para dentes impactados que demonstre
uma inclinação mais severa e requeira métodos cirúrgicos ou erupção assistida
ortodôntica e cirurgicamente. Incluem o reposicionamento cirúrgico com ou
sem extração do terceiro molar ou extração do segundo molar impactado para
permitir seja a erupção do terceiro molar ou transplante do terceiro molar para
o alvéolo do segundo molar. Estando de acordo com os estudos de Sawicka et
40
al. (2007) que também utilizaram a verticalização cirúrgica de segundos
molares inferiores por ser um procedimento simples, rápido, com morbidade
mínima e um bom prognóstico, a longo prazo.
Analisando os dispositivos descritos e sua biomecânica, pode-se
considerar que as molas de verticalização com componente extrusivo, do tipo
pôntico com balanço levam certa vantagem sobre os arcos contínuos com
alças, pois as forças de reação ficam distribuídas no segmento anterior (mais
dentes) e não somente nos dentes vizinhos ao molar a ser verticalizado
(ROMEO & BURSTONE, 1977; SAWICKA et al., 2007).
Para os investigadores Park et al. (2004); Di Matteo et al. (2005); Araújo
et al. (2006) e Melo et al. (2007), o desenvolvimento dos dispositivos
transitórios de ancoragem esquelética (miniimplantes) surgiu como alternativa
de ancoragem para o movimento de verticalização dos molares, sendo que os
mesmos impedem o efeito indesejado nos dentes de ancoragem ou a extrusão
do próprio molar que é um dos fatores críticos dentro do planejamento
ortodôntico, que determina, na maioria das vezes, o sucesso ou não da terapia
planejada. Com a utilização dos miniimplantes formou-se novo conceito de
ancoragem dentro da Ortodontia.
Sendo assim, como existem disponíveis na literatura diferentes tipos de
mecanismos de correção para verticalizar os molares inferiores inclinados
mesialmente cabe ressaltar a relatividade do tempo de tratamento, pois ocorre
grande variação individual em cada caso, devido aos diversos aspectos
envolvidos como posição, resposta favorável ao tratamento, colaboração,
presença dos terceiros molares, mecânica adequada, entre outros.
41
5 CONCLUSÕES
Após análise da revisão literária parece lícito concluir que:
A inclinação mesial dos molares é uma situação muito comum na
clínica
odontológica e sua correção é muito importante para restabelecimento
da saúde periodontal e equilíbrio oclusal.
O procedimento a ser adotado é a verticalização, que pode ser realizada de
diversas formas, utilizando um dos inúmeros dispositivos desenvolvidos
especificamente para este fim. A escolha da mecânica a ser empregada
depende do conhecimento da biomecânica e da indicação de cada uma.
Entre os vários dispositivos os mais utilizados para a correção de
molares inclinados foram os cantilevers, Distal Jet e miniimplantes.
42
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