Título: SOCIOPSICOMOTRICIDADE RAMAIN-THIERS Tema: Outros Autor responsável por apresentar o Trabalho: KATHLEEN DE ARAUJO LIMA CARDOSO Autor(es) adicionais: ELEIDE FELIX Financiador: Resumo: A Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers é uma metodologia relativamente nova, se comparada às metodologias tradicionais. Trata-se de uma técnica brasileira, nascida da experiência de Solange Thiers com o método francês Ramain. Simone Ramain trouxe o seu método para o Brasil em 1967. Ele era composto por propostas de psicocinética, gráficos e manuais, conhecidos hoje como psicomotricidade. Os trabalhos eram aplicados em grupos, em nível pedagógico. Na década de 1980, o método Ramain brasileiro, com base nas práticas com grupos, verificou a enorme influência do emocional sobre a expressão motora obrigando Solange Thiers a procurar auxílio na Sociologia, na Psicologia, na Psicanálise, na Antropologia e na Medicina. O Ramain brasileiro já se individualizava e se distinguia do Ramain francês. Na sua procura por teorias que explicassem a repetição dos fenômenos que aconteciam nos grupos, Solange Thiers encontrou na presença do inconsciente as respostas, que a levaram para o estudo da Psicologia. Além disso, as questões grupais conduziram-na a um aprofundamento da Socioanálise. A visão de um indivíduo uno, corpóreo, cognitivo, psíquico e social exigia um método que compreendesse diversas ciências. Assim sendo, Solange Thiers cunhava a Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers que propunha a harmonização do sujeito uno, numa terapia integral. A Ramain-Thiers apresenta um gênero de proposta que possibilita a terapia de grupo assim como o trabalho corporal. O método propicia desta maneira o surgimento de um instrumento eficaz para a emergência do emocional e dos níveis mais profundos da personalidade em qualquer ambiente terapêutico. Ele tem como objetivos o desenvolvimento da atenção interiorizada, do processo criativo, a busca da autonomia e a mudança de atitude. As propostas da Metodologia Ramain-Thiers apresentam semelhanças com as tarefas dos grupos operativos de Pichon-Rivière. Existe a presença constante de um período de decodificação do que é proposto, seguido da entrada ou não na tarefa em si. Isso possibilita o surgimento de mecanismos de resistência à mudança, de medos de perda e do desconhecido, através das ansiedades que impedem ou não o cumprimento das propostas. Outro objetivo da técnica é tornar consciente conflitos e resistências que foram recalcados, em algum momento, na vida do indivíduo. Este material recalcado é atualizado através da transferência, mas, diferentemente da técnica psicanalítica, além do verbal, utiliza-se o gestual, o corporal e a relação do indivíduo com os desenhos e material usado na proposta. O simbolismo em Ramain-Thiers facilita o surgimento do conflito ou desejo inconsciente através da essência da proposta gráfica. Segundo Solange Thiers, (1994) os desenhos desencadeiam a regressão, mobilizando os recalques que são os arquétipos primitivos, isto é, símbolos que formam o inconsciente coletivo, e que só podem ser entendidos dentro de um "setting" terapêutico e por quem saiba interpretá-los. O trabalho corporal em Ramain-Thiers é imprescindível, totaliza a visão que temos do sujeito, quando somado à psicomotricidade diferenciada e à verbalização. As sessões podem conter propostas com outros materiais como instrumentos musicais, água, fios, alimentos e música com vários ritmos. Utiliza-se também materiais variados, como bolas e tecidos, para trabalhar limite corporal, além das atividades de reconhecimento de estruturas corpórea criadas por Solange Thiers. A Metodologia Ramain-Thiers, através de suas inúmeras técnicas, dispõe-se a fomentar o desenvolvimento integral do indivíduo nos seus lados afetivo, social, motor e intelectual, por meio da vivência das propostas que facilitam a solução de novas experiências, inovando as resoluções conhecidas e estimulando o processo criativo.