Teatro Grego Origens do Teatro Grego • Sua origem está ligada aos mitos gregos arcaicos e à religião grega. • A mitologia grega é formada por numerosos deuses imortais e antropomórficos, isto é, que têm a forma e o temperamento humano; • Suas origens encontram-se nas ações que prendem os homens aos deuses e os deuses ao homem: elas estão nos rituais de sacrifício, dança e culto. • A palavra mitologia está ligada a um conjunto de narrativas da vida, das aventuras, viagens, afetos e desafetos dos mitos, dos deuses, dos heróis. DIONÍSIO O deus Dionísio • Dioniso, deus, da vegetação e do vinho, era homenageado pelos primitivos habitantes da Grécia, através de procissões que procuram relembrar toda a sua vida. • Estes cortejos reuniam toda a população e eram realizados na época da colheita da uva, como uma forma de agradecimento pela abundância da vegetação. • O homem primitivo acreditava que esta homenagem ao deus garantiria sempre uma colheita abundante. O deus Dionísio • Nestas procissões dionisíacas contava-se a história de Dioniso, de uma forma semelhante às procissões da Semana Santa cristã, onde a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo são relembradas. • O que inicialmente era um bando de gente cantando e dançando, com o passar do tempo vai se transformando em grandiosas representações da vida do deus. O deus Dionísio • Estas procissões reunia toda a comunidade em coros cantados( ditirambos), com os participantes vestidos de bodes (Dioniso transformado), ninfas (ou bacantes) e sátiros (metade homem/metade animal) • O coro se divide em semi-coros que passam a dialogar entre si. Estes semi-coros passam a ter um líder - o corifeu. Dioniso visitando um poeta cômico. Relevo em mármore do século I d.C. Observe-se, à direita, o cortejo de sátiros do Deus. Dioniso, envelhecido, está aparentemente bêbado. Abaixo do poeta, em uma plataforma, quatro máscaras. Tespis- o 1º Ator • Porém, mesmo com todas estas inovações, a história do deus continuava sendo narrada, sempre na terceira pessoa, com muito respeito e distanciamento. • Até que em 534 a.C., um corifeu chamado Téspis, resolve encarnar o personagem Dioniso, e transforma a narração em um discurso proferido na primeira pessoa: _ Eu sou Dioniso . Dionísio e o Teatro Grego • O Teatro Grego foi marcado pelos sagrados festivais em homenagem a Dioniso, o deus do vinho, da vegetação e do crescimento, da procriação e da vida exuberante. • Quando os ritos dionisíacos se desenvolveram e resultaram na tragédia e na comédia, ele se tornou o deus do teatro. • Ele é a fonte da sensualidade e da crueldade, da vida procriadora e da destruição letal. Essa dupla natureza do deus, encontrou expressão fundamental na tragédia grega. O Público( platéia) • A multidão reunida no teatro não era meramente espectadora, mas participante, no sentido mais literal. • O público participava ativamente do ritual teatral, religioso, inseria-se na esfera dos deuses e compartilhava o conhecimento das grandes conexões mitológicas. • Ler teatro, ou melhor, literatura dramática, não abarca todo o fenômeno compreendido por essa arte. • É nele indispensável que o público veja algo, no caso o ator, que define a especificidade do teatro. A TRAGÉDIA GREGA • A tragédia grega parte da concepção grega do equilíbrio, harmonia e simetria e defende que cada pessoa tem um métron, uma medida ideal. • Quando alguém ultrapassava seu métron, seja acima ou abaixo dele, estaria tentando se equiparar aos deuses e receberia por parte deles a "cegueira da razão“. A TRAGÉDIA GREGA • Como ensinou Aristóteles, a tragédia era vista pelos gregos como educativa. • Tinha a função de ensinar as pessoas a buscar a sua medida ideal, não pendendo para nenhum dos extremos de sua própria personalidade. A TRAGÉDIA GREGA • Para ele, a função principal da tragédia era a catarse, descrita por ele como o processo de reconhecer a si mesmo como num espelho e ao mesmo tempo se afastar do reflexo, como que "observando a sua vida" de fora. • Tal processo permitiria que as pessoas lidassem com problemas não resolvidos e refletissem no seu dia-adia, exteriorizando suas emoções e internalizando pensamentos racionais. A TRAGÉDIA GREGA • A catarse ocorreria quando o herói passasse da felicidade para a infelicidade por "errar o alvo", saindo da sua medida ideal. • Os componentes dramáticos da tragédia arcaica eram um prólogo que explicava a história prévia, o cântico de entrada do coro, o relato dos mensageiros na trágica virada do destino e o lamento das vítimas. Os Concursos • Os preparativos dos concursos dramáticos, onde as tragédias concorriam, eram responsabilidade do arconte(oficial do Estado), que decidia tanto as questões artísticas quanto organizacionais. • As tragédias inscritas no concurso eram submetidas a ele, que selecionava três tetralogias , das quais apenas uma sairia como vencedora. Os Concursos • Finalmente, o arconte indicava a cada poeta um corega, algum cidadão ateniense rico que pudesse financiar um espetáculo, cobrindo não apenas os custos de ensaiar e vestir o coro, mas também os horários do diretor do coro (corus didascalus)e os custos com a manutenção de todos os envolvidos. • O prêmio concedido era uma coroa de louros e uma quantia em dinheiro nada desprezível (como compensação pelos gastos anteriores), e a imortalidade nos arquivos do Estado. Os Concursos • Os concursos dramáticos do século V a.C. exigiam novas obras a cada festival. • As Grandes Dionisíacas, em março, eram a princípio reservadas exclusivamente para a tragédia, enquanto os escritores de comédias competiam nas Lenéias, em janeiro. • Porém, na época de Aristófanes, os dois tipos de peças eram qualificáveis para ambos os festivais. Os Concursos • Ao entrar no auditório, cada espectador recebia um pequeno ingresso de metal (symbolon), com o número do assento gravado. Era totalmente gratúito. • Nas fileiras mais baixas, logo na frente, lugares de honra (proedria) esperavam o sacerdote de Dioniso, as autoridades e convidados especiais. Ali também ficavam os juízes, os coregas e os autores. • Uma seção separada era reservada aos homens jovens (efebos), e as mulheres sentavam-se nas fileiras mais acima. A Acústica X Máscaras • O menor sussurro era levado aos assentos mais distantes, graças a magnífica acústica do teatro ao ar livre da Antigüidade • A máscara – geralmente feita de linho revestido de estuque, prensada em moldes de terracota – amplificava o poder da voz, conferindo tanto ao rosto como às palavras um efeito distanciador. Os Cenários • As exigências cenográficas de Ésquilo(poeta fundador da tragédia grega)ainda eram bastante modestas:estruturas simples e rústicas de madeira, decorados com panos coloridos, serviam de montanhas, casas, palácios, acampamentos ou muros de cidade. • Essas construções de madeira, que também abrigavam um camarim para os atores, são a origem do termo skene (cabana ou barraca), que passou por esta forma primitiva, pelo teatro helenístico e romano, até o conceito atual de cena. Os Figurinos/ Adereços • Foi Ésquilo quem introduziu as máscaras de planos largos e solenes. • O traje do ator trágico consistia geralmente no quíton, túnica jônica ou dórica, usada no Grécia antiga e um manto, e do característico cothurnus, uma bota alta com cadarço e sola grossa. Dramaturgos Gregos (Os Tragediógrafos) • É a Ésquilo que a tragédia grega antiga deve a perfeição artística e formal, que permaneceria como um padrão para todo o futuro. • Escreveu ao todo noventa tragédias; destas, setenta e nove títulos chegaram até nós, mas dentre eles conservaram-se apenas sete peças. • Toda a sua obra anterior a 472 a.C., quando “Os Persas” foi encenada pela primeira vez, está perdida. Dramaturgos Gregos (Os Tragediógrafos • Sófocles - (496 a 406 a.C aproximadamente) – Principal Texto: “Édipo Rei”. • Sófocles escreveu verdadeiras composições poéticas à democracia, pregando abertamente que somente ela poderia aproximar os homens dos deuses. • Dos cento e vinte três dramas que escreveu, apenas sete tragédias e os restos de uma sátira chegaram até nós. Dramaturgos Gregos (Os Tragediógrafos • Eurípedes- (484 a 406 a.C aproximadamente) – Principal Texto: “As Troianas”. • Eurípedes dizia que o coração feminino era um abismo que podia ser preenchido com o poder do amor ou o poder do ódio. • É visto por muitos como o primeiro psicólogo, pois se dedicava ao estudo das emoções na alma humana, principalmente nas mulheres. • Aristóteles o chamou de o "maior dos trágicos", porque suas obras conduziam a uma reflexão - catarse - que os demais trágicos não conseguiam. Comédia Grega • A comédia grega, ao contrário da tragédia, não tem um ponto culminante, mas dois. • O primeiro se deve a Aristófanes, e acompanha o cume da tragédia nas últimas décadas dos grandes trágicos Sófocles e Eurípedes; • O segundo pico da comédia grega ocorreu no período helenístico com Menandro, que novamente deu a ela importância histórica. Comédia Grega • A origem da comédia, de acordo com a Poética de Aristóteles, reside nas cerimônias fálicas e canções que, eram ainda comuns em muitas cidades. • A palavra “comédia” é derivada dos komos, orgias noturnas nas quais os cavalheiros da sociedade ática se despojavam de toda a sua dignidade por alguns dias, em nome de Dioniso, e saciavam toda a sua sede de bebida, dança e amor. Comédia Grega • O grande festival dos komasts era celebrado em janeiro (mais tarde a época do concurso de comédias) nas Lenéias, um tipo ruidoso de carnaval. • As máscaras da Comédia Antiga vão desde as Grotescas cabeças de animais até os retratos caricaturais. Comédia Grega • Com a morte de Aristófanes, a era de ouro da comédia política antiga chegou ao fim. • Os próprios historiadores da literatura na Antiguidade já haviam percebido quão grande era o declive entre as comédias de Aristófanes e as de seus sucessores, e traçaram uma nítida linha divisória, atribuindo tudo o que veio depois de Aristófanes, até o reinado de Alexandre, o Grande, a uma nova categoria - a “Comédia Média” (mese). Comédia Grega • A comédia agora se retirava das alturas da sátira política para o menos arriscado campo da vida cotidiana. • Em vez de deuses, generais, filósofos e de chefes de governo, ela satirizava pequenos funcionários gabolas, cidadãos bem de vida, peixeiros, cortesãs famosas e alcoviteiros. • A Comédia Média não apresentou nenhuma inovação, no que diz respeito a técnicas cênicas e cenografia. Comédia Grega • No final do século IV a.C. ergueu-se de novo um mestre: Menandro. • Ele assinala um segundo ápice, da comédia da Antiguidade: a nea (“nova” comédia), cuja força reside na caracterização, na motivação das mudanças internas, na avaliação cuidadosa do bem e do mal, do certo e do errado. Comédia Grega • A personagem, conforme ele diz em sua comédia “A Arbitragem”, é o fator essencial no desenvolvimento humano e, portanto também no curso da ação. • O coro, que já na Comédia Média havia sido posto de lado, desapareceu completamente nas obras de Menandro. • Menandro foi o único dos grandes dramaturgos da Antigüidade que viveu para ver o teatro de Dioniso terminado.