“O olhar da Vigilância
Sanitária”
Karla Giacomin, MSc
Secretaria Municipal de Saúde - Belo Horizonte - MG
Nenhum conflito de interesses
 “Insanidade
é continuar a fazer as
coisas da mesma forma e esperar
um resultado diferente”
Albert Einstein
O olhar antigo
Quando se fala em velhice, em que você
pensa?
 Quando se fala em idosos
institucionalizados, em que você pensa?
 Quando se fala em Vigilância Sanitária,
em que você pensa?
 Para você quem é o fiscal sanitário que
monitora as instituições de idosos?
 Qual é a sua formação?

Reflexões sobre a realidade das
ILPI’s
O que sabemos de fato?
 De que ILPI falamos?
 Quais são os nossos parâmetros?

O reforço à imagem negativa da ILPI
afasta ainda mais o familiar “n” vezes
culpado pela fragilidade do idoso e
pela sua própria impossibilidade de cuidar.
Moradia e Arranjos familiares
<1 % dos
idosos
moram em
ILPI’s
IDOSOS
99% vivem na
comunidade:
16% moram sozinhos
65% moram com
filhos
Lima-Costa, 2004;
Giacomin et al, 2007;
IBGE, 2008
Reflexões sobre a realidade das
ILPI’s
A culpa da(s) família(s)
 A precariedade de cuidados nas ILPI’s
 Também está desassistido o idoso que
vive em uma família que não possui
condições de cuidar dele

O idoso que mora em ILPI
Em Belo Horizonte, não há ILPI’s públicas
 1680 idosos moram em ILPI’s
 1073 em ILPI’s ditas de caráter
filantrópico
 A Assistência Social utiliza vagas a partir
de conveniamento das ILPI’s à PBH.
 Elas recebem alimentos para todos os
internos, assistência pelo SUS, pelo Vida
Ativa e R$120,00 per capita/mês por idoso
dependente

Belo Horizonte
População: 2.375.329 (est. 2005)
População idosa: 220.000
(est.2006)
SUS-BH
• 146 Centros de Saúde
• 509 Equipes de Saúde da
Família
• 7 Unidades de Pronto
Atendimento
• 4 Unidades Referência
Secundária
• 2 Núcleos de Apoio em
Reabilitação
• 2 Centros de Reabilitação
Distritos sanitários
A assistência à ILPI no âmbito do
SUS/BH
Para o SUS/BH, a ILPI é um domicílio.
 O cuidado à saúde do idoso considera
indicadores de fragilidade e de risco
sociossanitário.
 Estar institucionalizado é um dos critérios
de fragilidade.
 A assistência a ILPI’s filantrópicas é uma
das metas de assistência pactuadas no
SUS-BH (Pacto pela Vida) (2006)

O papel da VISA

A principal função da VISA é eliminar ou
minimizar o risco sanitário envolvido na
produção, circulação e consumo de certos
produtos, processos e serviços Lucchese, 2006
 Assegurar
critérios mínimos para o
funcionamento das ILPIs, com fins de
prevenção e redução dos riscos à
saúde dos idosos.
Moura et al, SIMBRAVISA, 2006
A Vigilância Sanitária
Papel
Pioneirismo na fiscalização de
ILPI’s
O papel da VISA-BH
 Garantir
um atendimento digno à
população idosa, por meio de
instalações físicas em condições
adequadas de habitabilidade, higiene
e segurança, avançando na inspeção
do cuidado e dos procedimentos.

Padronizar as ações de fiscalização e
vigilância sanitária em ILPIs no município.
Moura et al, SIMBRAVISA, 2006
Reflexões sobre a Vigilância
Sanitária - BH
Pioneirismo na legislação com acúmulo de
experiências.
 1ª legislação sobre o funcionamento de
ILPI’s no âmbito do município
 Lei construída a partir de discussão
intersetorial que incluiu a SBGG, a SSVP,
representantes de ILPI’s privadas, de
universidades, da PBH.

A realidade heterogênea exige posturas eqüitativas.
ADAPTAÇÃO DA ESTRUTURA
FÍSICA
 Área
isolada para fumo;
 Pisos anti-derrapantes;
 Bate-macas;
 Escadas adaptadas;
 Cômodos
de convivência
 Corrimãos
 Guarda-corpo
 Maçanetas de alavanca
 Quartos separados por sexos
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
 Separadas
por sexo;
 Barras de apoio;
 Elevador de vasos;
 Banho assistido.
Vigilância Sanitária - BH
Perfil das ILPI's vistoriadas pela VISA-BH
30 (46,1%)
Particulares
35 (53,9 %)
Caráter
filantrópico
Moura et al, SIMBRAVISA, 2006
Histórico

1999/2000: Vistorias realizadas em parceria
com a Saúde do Idoso e a VISA
2006: Código de Saúde e informatização
 2007: a Saúde do Idoso realiza encontros
periódicos com o grupo de fiscais e
estimula o grupo a rever o processo de
incorporação de ILPI’s na rotina fiscal

Algumas particularidades
A VISA não trabalha na informalidade
 Ela está sempre pautada em dispositivos
legais
 Ela se recusa a falar, a menos que seja
por meio de relatórios de vistorias
 Todos os anos, 2 vezes por ano, as ILPI’s
são fiscalizadas e é elaborado um grande
relatório que é enviado à Promotoria
 Saúde do Idoso é pedido que cada
Regional elabore o seu relatório fiscal
sobre o que mudou no seu olhar

A fiscalização de ILPI’s não é a
única obrigação dos fiscais.

Os mesmos fiscais também fiscalizam
alimentos – desde a manipulação,
armazenamento, distribuição, até a
investigação de surtos alimentares,
saneamento básico, funerárias, academias
de ginástica, clubes recreativos,
laboratórios, lavanderias, criação de
animais, consultórios, piercing e
tatuagens, drogarias, clínicas, hospitais,
entre outros.
Quem são os fiscais
Homens e mulheres, na faixa de 30 a 60
anos
 Formação profissional diversificada:
Direito, Fisioterapia, Belas Artes, Serviço
Social, Administração de Empresas,
Ciências Contábeis, Psicologia, Ciências
Biológicas, História e Magistério.
 Essa multiplicidade de olhar se revela na
fiscalização.

O princípio das
fiscalizações
Alimentos e parte física
Documentos
Procedimentos
A equipe do maior distrito sanitário
de Belo Horizonte reconhece:

“Até o início de 2000, foram realizadas
visitas de rotina nos chamados “asilos”
(...) voltadas para a manipulação dos
alimentos e principalmente para
adequação da parte física dos
estabelecimentos” (GERVIS-NO).
Das condições de funcionamento das
ILPI’s no momento da aplicação da
PM052/2000
 “As ações regionalizadas se iniciaram, e
nenhuma das instituições (fiscalizadas)
se encontrava em condições de possuir o
Alvará Sanitário”.

(GERVIS-B)
No início das fiscalizações
descentralizadas:

“As irregularidades eram gritantes e
ligadas a praticamente todos os aspectos
contemplados pelas normas legais”
(GERVIS-NO)

“Outro grande problema é a existência de
grande quantidade de alimentos
vencidos encontrados nas Instituições”
(GERVIS-N)
As irregularidades mais freqüentes:
Falta de documentos, como o Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços
de Saúde (PGRSS), o Projeto
Arquitetônico, o Alvará de Autorização
Sanitária e a Caderneta de Inspeção;
 Ausência de registro dos
procedimentos, como prontuários
médicos e rotinas escritas, ou sua
execução incorreta, como a guarda de
medicamentos nos quartos dos idosos e
não em dispensários adequados;

(GERVIS-NO)
 Fluxo
cruzado em lavanderias e em
salas de manipulação de alimentos;
 Incompatibilidade
do espaço físico
com as limitações e necessidades dos
idosos, como a falta de barras de apoio e
de elevadores de vaso, escadas
inadequadas e sem segurança, iluminação
e ventilação precárias, e paredes sem
impermeabilização;

Deficiência do quadro de funcionários,
como falta de Responsável Técnico, de
cuidadores, de médico, e de outros
profissionais de saúde”.
(GERVIS-NO)
As estratégias dos fiscais
Capacitação dos fiscais
Antecipação e adequação
dos dispositivos legais
Integração
As estratégias utilizadas pelos fiscais:

Aproximação:
 Saúde
 Assistência Social
 Academia – Formação em
Gerontologia
 Processo do cuidado
O trabalho em parceria
“A VISA BH como um todo vem buscando a
aproximação com:
 os gestores, através de fóruns, com setores
técnicos no âmbito da SMSA (como Atenção
ao Idoso),
 equipes da Unidades Básicas de Saúde do
respectivo distrito sanitário
 outras secretarias temáticas que atuam no
cuidado do idoso;
 Promotoria do Idoso,
 NUGG – UFMG (Núcleo de Geriatria e
Gerontologia da UFMG)”

(GERVIS-VN)
A evolução das
fiscalizações
Centralizada
Descentralizada
Fiscal sozinho
Dupla de fiscais
A evolução da fiscalização:

“Nesse processo, trabalhando de forma
educativa na maioria das atuações e
usando o poder de polícia sanitária
quando necessário, foram prevenidos e
combatidos: surtos de escabiose – o
maior deles chegou a acometer inclusive a
própria fiscal responsável!!! - , em sua
maioria resultantes de fluxo cruzado nas
lavanderias; situações de maus tratos e
negligência; infecções alimentares;
(GERVIS-NO)
quedas, entre outros”
A evolução da fiscalização:

Outra equipe reforça: “(A VISA-BH atua)
no sentido tanto de capacitação, quanto
de intervenção e aprimoramento da
execução das atividades”.
(GERVIS-VN)
O sistema de gestão informatizado,
implantado na VISA-BH (2005)

“Com a implantação do Sistema
Informatizado, através do Palm Top
(computador de mão), a atuação fiscal
se projetará sobre o cumprimento dos itens
imprescindíveis do Roteiro de Inspeção
Sanitária. Assim, associado ao progresso
das Instituições quanto à adequação aos
dispositivos legais, é possível afirmar que
num futuro próximo, novos Alvarás serão
concedidos no segundo semestre deste ano
em novas vistorias”
(GERVIS-B)
Evolução do nível de exigência
dos itens vistoriados
Imprescindível
Necessário
Recomendável
Informativo
A evolução da legislação na esfera
municipal :

“Nesse ano (2005), tem início a
reformulação do Código Sanitário de
Belo Horizonte com o objetivo de
melhorar a qualidade da prestação de
serviços de assistência ao idoso
institucionalizado”
(GERVIS-NE)
As decisões colegiadas

“Houve também a criação de um grupo
intersetorial com participação dos fiscais
da VISA, Técnicos da Assistência Social e
Atenção ao Idoso, realizando vistorias
conjuntas em todas as instituições
conveniadas”
(GERVIS-L)
A fiscalização sanitária
revela a desigualdade social
Público assistido
Recursos
Processos
Perfil dos dirigentes
A população assistida nas ILPI’s
filantrópicas:
 “A
população assistida é basicamente
pobre, não contribui com muitos
recursos, efetivamente o valor é
referente aos 70% da aposentadoria,
não possui planos de saúde, sendo
na quase totalidade usuários do
SUS”.
(GERVIS-VN)
A população assistida pelas
ILPI’s particulares :
 “A
grande maioria possui vínculos
familiares, planos de saúde, médicos
particulares de referência e é da
classe média, que busca esta opção
de cuidado devido à restrição do
espaço físico, à maior participação da
mulher no mercado de trabalho e às
mudanças do modelo familiar”.
(GERVIS-CS)
Praça da Liberdade
Praça Sete
A mesma lei
para realidades
distintas
Nas instituições privadas, o fiscal
sanitário reconhece:

“As adequações às normas da Portaria
052/2000 como elevadores, rampas,
corrimãos, recursos humanos foram
atendidas, e, de um modo geral, o
cuidado prestado ao idoso (...) atendem à
legislação. Em todas elas existem
profissionais de reabilitação, e os
serviços são bem diversificados indo desde
musicoterapia, oficina de memória, taichi-chuan, piscinas a salão de beleza.
Algumas funcionam como ILPI e Casa-Dia,
simultaneamente”.
(GERVIS-CS)
Enquanto nas instituições de caráter
filantrópico:

“Algumas ILPI’s filantrópicas
funcionavam como “vilas” e a entidade
mantenedora oferecia somente o abrigo.

Eram encontrados, nos quartos, fogões,
tábuas de passar roupas, botijões de gás
e muitos outros objetos que ofereciam
risco aos moradores, quer pela sua
natureza ou pelo acúmulo”.
(GERVIS-NO)
Nas instituições privadas, o perfil
dos dirigentes é profissional

“Os proprietários geralmente são
mulheres empresárias e em 80%
(oitenta por cento) destas instituições elas
têm especialização em gerontologia.
Observa-se também que 60% (sessenta
por cento) possuem outras casas dentro
da Regional (...) ou em outras regionais,
fazendo do cuidado ao idoso uma
empresa de prestação de serviços
com fins muito lucrativos”.
(GERVIS-CS)
A improvisação das equipes de cuidado e
da coordenação das ILPI’s filantrópicas
“A questão dos recursos humanos é
a mais crítica enfrentada por estas
instituições, reflexo por vezes de falta de
melhor capacitação administrativa e de
conhecimento específico relativo aos
cuidados.
 O emprego constante de profissionais
voluntários, sem vínculo formal com as
instituições é um entrave para que
melhores resultados pudessem ser
obtidos.

(GERVIS-VN)
Belo Horizonte
Parque Municipal
Lagoa da Pampulha
A administração e a gestão da
instituição:
A argumentação (...) dos dirigentes para
não contratar profissionais é o valor ‘per
capita’ pago para manutenção dos
cuidados aos idosos, muito aquém das
necessidades dos mesmos”.
 “Entre as não são licenciadas, nota-se que,
em geral, a maior dificuldade é providenciar
os documentos mais complexos
(PGRSS, Projeto Arquitetônico e Projeto do
Corpo de Bombeiros), e/ou conformar seu
quadro de funcionários às exigências
(GERVIS-NO)
legais”.

Os efeitos da fiscalização
Melhorias
Intervenções
Cuidado
Todos os fiscais concordam que houve
avanços desde a PM052/2000 e que eles
influíram não apenas na vida
administrativa,
mas também na
qualidade do ambiente.

“Apesar de todas as dificuldades
enfrentadas não podemos deixar de
relatar os avanços alcançados no período.
Onde os abrigos tornaram-se locais
mais salubres, acessíveis,
humanizados”.
(GERVIS-VN).

“De forma geral, de 2003 em diante, houve
melhora expressiva das condições de
funcionamento das instituições.
Primeiramente, as características físicas
sofreram mudanças significativas, (...) no que
se refere a segurança, acessibilidade,
privacidade e higiene.
(GERVIS-NO)
“Nas instituições filantrópicas foram notórias
as adequações promovidas nas reformas
realizadas pela PBH. Posteriormente, de
forma gradativa, os recursos humanos foram
incrementados:
 mais ILPI’s começaram a contar efetivamente
com Responsável Técnico, com médico de
referência, com profissionais de enfermagem
e, algumas, com outros profissionais de
saúde, com cuidadores de idosos, o que, (...)
culminou em melhora da qualidade do
cuidado com o idoso institucionalizado”.

(GERVIS-NO)
O ritmo das evoluções positivas
também foi desigual:


“Tal evolução foi paulatina- às vezes
morosa- e variável entre as instituições.
Algumas apresentaram avanços
estrondosos apenas nos últimos meses,
indo da iminência da interdição à conquista
do Alvará de Autorização Sanitária em
menos de um ano. Há aquelas que
alcançaram um bom padrão de qualidade,
há dois ou três anos; enquanto outras vêm
se adequando lentamente desde o início
das fiscalizações”.
(GERVIS-NO)

“As instituições Vicentinas vêm
gradativamente se conscientizando de
que a assistência prestada deve ser
qualificada, mais responsável,
estabelecendo vínculos permanentes com
os profissionais da área de saúde,
garantindo assistência integral aos idosos.
Com relação à parte física dos
estabelecimentos muitas conquistas já
foram realizadas”.
(GERVIS-NE)
A necessidade de fiscalização
permanente

“Há dificuldade de encontrar os protocolos
constando as avaliações médicas e dos
demais profissionais da área de saúde
atualizados. O que ocorre normalmente, é
que (após exigido) em uma vistoria o
protocolo está organizado, mas na seguinte
aparece totalmente desatualizado e
desorganizado, o que dificulta para a
fiscalização sanitária saber se o idoso está
tendo acesso adequado aos profissionais de
saúde”.
(GERVIS-N)
A negociação
Reconhecimento de limites
Definição de prazos
Cumprimento das normas
Reconhecimento das dificuldades e de
prazos para o cumprimento da norma

“Os responsáveis legais pela instituição
foram intimados a comparecer à Gerência
da Vigilância Sanitária (...) em
24/12/2004, 13/04/2005, 25/05/2005 e
em 23/03/2007, com o intuito de elaborar
um Termo de compromisso entre a
ILPI e a VISA-BH e um organograma
para cumprimento do mesmo”
(GERVIS-O em ação fiscal em
uma das maiores ILPI’s,
que atende a 93 idosos).

“Os principais problemas apontados e
discutidos em reuniões entre a ILPI e a
equipe fiscal foram:
 número
insuficiente de funcionários,
tanto do pessoal de enfermagem quanto
auxiliares de serviços gerais;
 falta de manual de normas e rotinas para
todos os setores do estabelecimento, datado
e assinado pelo responsável técnico;
(resultado das reuniões entre a
equipe fiscal e a mesma ILPI).
falta de cronograma de capacitação e
atualização dos funcionários de todos os
setores da instituição;
 falta de rotinas específicas para o setor de
cozinha;
 falta de barreira física entre as áreas suja e
limpa da lavanderia;
 falta de identificação e data de validade das
almotolias;
 falta de abastecimento de papel toalha e
sabão líquido, principalmente nas instalações
sanitárias dos funcionários.

(resultado das reuniões entre a
equipe fiscal e a mesma ILPI).
Motivos que
justificaram a interdição
Imediata
Temporária
Definitiva
Motivos de interdição definitiva e
imediata:

“Encontramos uma situação crítica que
exigiu ação imediata: as proprietárias da
instituição não haviam feito registro
formal da empresa; ocupavam duas casas
lado a lado, com risco de acidentes
iminente, não havia (...) acessibilidade,
havia pessoas com diversos graus de
deficiência e não foi comprovado qualquer
registro de atendimento dos moradores
por equipes de saúde e/ou de reabilitação.
(GERVIS-VN)
O mau cuidado

Foi registrado que em um período de
quatro meses de funcionamento houve
três óbitos, ficando inclusive um falecido
durante todo o dia no quarto junto ao
outros atendidos, estes fatos foram
denunciados à Promotoria.
(GERVIS-VN).
A alimentação era precariíssima:
encontramos alimentos mal
acondicionados, frutas e legumes
apodrecidos. Os idosos não tinham lugar
próprio para alimentação como refeitório.
Comiam em bacias plásticas, deitados ou
sentados nas suas camas. Houve denúncia
de utilização de móveis e utensílios de
moradores para a montagem da
instituição.
 Os idosos e moradores adultos foram
encaminhados as suas famílias e/ou
outras instituições asilares”

(GERVIS-VN).
A negligência dos gestores
Foi razão para a interdição definitiva, por
meio de ação fiscal, imediata, como
pode ser visto no relato desta equipe:
 “Uma das instituições foi interditada,
dadas as condições da parte física e a
precariedade dos cuidados. Nela, uma das
residentes foi encontrada com a perna
fraturada, não havendo recebido (até a
chegada da fiscal - nenhum tipo de)
cuidados médicos; apenas analgésicos”.

(GERVIS-N)
Interdição após algum tempo de
acompanhamento:
 “Neste
percurso, duas instituições
foram interditadas, ambas de caráter
filantrópico, que durante todos estes
anos não apresentaram mudanças
significativas no atendimento
oferecido aos idosos, e, portanto,
não se adequaram à legislação
sanitária, além de oferecer riscos
aos internos”.
(GERVIS-B)
Fechamento por decisão da própria
entidade mantenedora:
 “Nesse
ano uma entidade filantrópica
com aproximadamente 20 anos de
existência decidiu encerrar suas
atividades no local, pois não
conseguiu se adequar às normas
da PM 052/00”.
(GERVIS-NE)
Quem foge à lei...
 Uma
estratégia das entidades que não
conseguem ou não se dispõem a
realizar as adequações necessárias é a
migração para outro bairro dentro do
município ou para municípios vizinhos.
(GERVIS-B)

“Uma das instituições interditadas muda de
endereços constantemente, o que gera novas
vistorias sanitárias, porém, não vem sendo
possível caracterizá-la como ILPI, pela falta
total de documentação, e nada pôde ser feito
pela VISA, a não ser o fato de encaminhar o
ocorrido ao Ministério Público para
providências cabíveis”
(GERVIS-B)
As perspectivas: O olhar
do fiscal muda de lugar...
Do espaço físico para o espaço
do cuidado
Projeto Bem-Viver: adequação
à funcionalidade
 “Nas
duas instituições (filantrópicas),
os imóveis, assemelham-se a grandes
alas com quartos com mais de 10
(dez) pessoas. A readequação dos
espaços, aproximando-os mais da
semelhança de residência é outro
desafio a realizar.
(GERVIS-VN)
A
necessidade de uma equipe mínima
de profissionais nas diversas áreas de
atuação das instituições vem sendo o
fator primordial para as ações da
Vigilância Sanitária: (...) a
sensibilização dos dirigentes das
ILPI’S para alocarem recursos
(financeiros e humanos) e para a
busca de parcerias permanentes para
suprir o atendimento qualificado aos
idosos”
(GERVIS-VN)

O Projeto Bem-Viver é uma iniciativa da
SMSA, SMAS e SSVP para a melhoria do
cuidado institucional, a partir da
adequação do perfil da instituição ao
perfil de idosos que pode cuidar,
conforme aparece no relato de uma
equipe: “Em 2006, o Lar dos Idosos foi
escolhido como projeto piloto para o
Projeto Bem Viver, projeto este que visa à
otimização do uso das vagas nas ILPI’s
filantrópicas (projeto em andamento)”.
(GERVIS-O)
A institucionalização pelo olhar do
fiscal

“Mesmo com recursos financeiros para se
garantir serviços de qualidade, a
institucionalização, com certeza, não é uma
solução ideal. A falta de privacidade e o
sentimento de abandono para o idoso que
viveu toda sua vida rodeado por uma família
numerosa e por crianças, faz com que esta
mudança não seja aceita. A
institucionalização não é uma opção pessoal,
mas a cada dia que passa, a única
alternativa desta (nova) família”
(GERVIS-CS)
ATÉ ONDE CHEGAMOS
Vistoria de 200% das ILPI’s ao ano;
 Adaptação da parte física de todas as
ILPI’s visando a segurança e o conforto do
idoso;
 Adequação
dos procedimentos e dos
recursos humanos;
 Diagnóstico dos pontos críticos
 Criação
de grupo intersetorial para
discussão e decisão colegiada sobre os
impasses encontrados pela VISA e pela
assistência social.

O futuro
 Fiscalização
permanente
 Monitoramento do risco baseado em
indicadores
 Perfil de ILI’s adequado ao perfil dos
idosos que ela assiste
 Profissionalização dos cuidados
 Projeto Bem Viver
 Código de Saúde
Compreensão
A profissionalização do cuidado nas
ILPI’s acabará por exigir:
 a abertura da ILPI para a comunidade,
 uma equipe de cuidados própria,
disponível e comprometida com a
população que ali vive,
 a inclusão do idoso nas decisões da
rotina da ILPI e
 a atualização sistemática do plano
terapêutico.

Compreensão


A questão da ILPI não é uma questão da
saúde ou da assistência social.
É uma questão da cidade e de como a
cidade quer que sejam tratadas as
pessoas que precisam de cuidados, que a
família não pode ou não consegue
oferecer.

Até aqui, nós falamos:
A ILPI faz o que o Estado e a
família deveriam fazer.
É preciso mudar o paradigma:
A ILPI faz o que é papel da ILPI
do nosso tempo fazer.
Belo Horizonte
Minas Gerais / Brasil
Obrigada!
AVANÇOS FUTUROS
NO CÓDIGO DE SAÚDE
 Protocolo
de Avaliação do Idoso
Institucionalizado;
 Protocolo de reavaliação periódica
(trimestral/anual);
 Proporcionalidade entre o nº de
cuidadores de idosos e a população
atendida;
 Vínculo existente entre o recurso
humano e a instituição;
AVANÇOS FUTUROS
NO CÓDIGO DE SAÚDE
 Proibição
do fracionamento prévio dos
medicamentos;
 Notificação compulsória mensal –
(vacinação, diarréia, escabiose, úlcera
de decúbito, desidratação, internação,
tentativa de suicídio e óbito);
 Exigência de quipamentos essenciais
para o controle da saúde dos idosos.
Download

Como vem sendo realizado o atendimento no âmbito da