Faculdade de Viçosa - FDV Engenharia Ambiental Degradação de Fungicidas DEA 230 – Microbiologia e Bioquímica Aplicadas Professora: Narah Vitarelli • Fungicidas são utilizados no combate ao ataque de fungos em plantas cultivadas; • benzimidazóis são os mais conhecidos devido à sua eficácia no controle de fitopatógenos; • 1° composto desenvolvido (em 1961): tiabendazol, vermífugo (medicina humana e veterinária); • outros posteriormente introduzidos: -antihelminticos -> frebendazol, mebendazol, oxibendazol e parabendazol (medicina veterinária) - antitumores em mamíferos -> nocodazol e • benomil: fungicida e acaricida extensivamente usado na agricultura -> seu destino no ambiente não está completamente esclarecido! Problemas conhecidos: • o uso contínuo desses produtos na agricultura tem resultado no surgimento de linhagens resistentes de patógenos; • grande quantidade do produto chega ao solo e contamina lençóis freáticos, principalmente aqueles mais resistentes e recalcitrantes. Benzimidazóis: Principais Fungicidas utilizados em sistemas agrícolas benomil carbendazim Ação dos benzimidazóis: interferem na divisão celular dos fungos agindo negativamente no crescimento micelial Microrganismos x Benzamidazóis • Solo: sistema vivo que suporta associações microbianas benéficas e patogênicas • estas associações são muito sensíveis a distúrbios físicos e químicos; • os microrganismos podem usar os fungicidas como substrato, tirando energia ou utilizando-os como nutrientes para o metabolismo; • o equilíbrio microbiano na rizosfera é influenciado pelo fungicida aplicado; • os efeitos do fungicida nos microrganismos do solo são diferentes de acordo com as condições físicas, químicas e biológicas do solo; Microrganismos x Benzamidazóis reduzir as populações de fungos patogênicos Ação objetiva dos fungicidas: porém Reduzem também populações de outros microrganismos (responsáveis pela manutenção da fertilidade do solo: mineralização da matéria orgânica, solubilizadores de fosfato, simbiontes, ...) Reduzem também populações micorrízicas (principalmente Endogne e Glomus, em cultivos de cevada, milho, cebola, soja e trigo) Destino ambiental dos fungicidas Depende das características físicas e químicas dos produtos usados, além da quantidade e frequência do uso, associado com as condições meteorológicas Os fungicidas benzimidazóis: aplicados diretamente no solo, em sementes ou na parte aérea das plantas Os fungicidas benzimidazóis: ↑ frequência de uso -> surgimentos linhagens resistentes (poucos estudos a respeito, apesar do grande uso de benzimidazóis) Persistência e Degradação dos Benzimidazóis A velocidade de dissipação do fungicida na solução do solo depende da natureza do fungicida e das condições bióticas e abióticas do solo Solos tratados com benomil: fungicida presente de 3 a 12 meses depois da aplicação A concentração de benomil reduziu rapidamente em solos ricos em húmus Carbendazim: resíduo do benomil biológicamente ativo no solo Estudos recentes enfatizam a persistência do carbendazim ao invés do bendomil: carbendazim resistiu à degradação e permaneceu no solo após MUITOS meses Persistência e Degradação dos Benzimidazóis Não há literatura sobre a persistência do bendomil na água. Embora seja comprovadamente resistente no solo parece ser baixa a probabilidade do carbendazim chegar às camadas mais profundas do solo, devido a sua forte adsorção e baixa permeabilidade Degradação Microbiana dos Benzimidazóis Os mecanismos exatos de adaptação microbiana às moléculas de fungicidas no solo não são completamente esclarecidos São limitadas as informações sobre a degradação microbiana do benomil e do carbendazim Helweg (1973): 4 linhagens bacterianas e 2 fúngicas em solos tratados com benomil utilizaram o fungicida como fonte de nitrogênio e degradaram o composto após 2 meses Degradação Microbiana dos Benzimidazóis Helweg (1977): microrganismos são os principais responsáveis pela degradação do benomil e do carbendazim no solo, porém pode ocorrer imobilização não biológica Helweg (1977): os processos de rápida degradação dos fungicidas ativos em metabólitos não tóxicos são essenciais para a manutenção de um ambiente seguro e não poluído. Método para isolar microrganismos degradadores dos benzimidazóis Método de enriquecimento do solo com benomil: eficiente para isolar microrganismos degradadores do carbendazim. O fungo Alternaria alternata (habitante natural do solo) utiliza o carbendazim como fonte de carbono -> taxa de degradação = 66% em 2 dias A. alternata não é inibida por benzimidazóis e são considerados potentes agentes de descontaminação ambiental (especialmente porque esses fungicidas são utilizados extensivamente na agricultura) Biorremediação de Fungicidas MANEJO INTEGRADO: utilização de um agente de biocontrole associado com doses reduzidas do fungicida O fungicida enfraquece a atividade do patógeno e, ao mesmo tempo, é suscetível à degradação pelo fungo biorremediador Ex: linhagens mutantes de Trichoderma harzianum resistentes aos fungicidas (benomil, metílico e benzimidazol) T. harzianum utilizam o carbendazim como fonte de carbono e são capazes de degradar 50% do produto em 4 dias Importância da biorremediação: biodegradação do fungicida nos primeiros dias não deixando resíduos altamente tóxicos no solo Fungicidas e Toxicologia Cuidados do aplicador: equipamento de segurança, máscara, luvas e roupa especializada. Intoxicações: via oral, respiratória, dérmica e olhos Sintomas: • dermatite, faringite, bronquite e conjutivite; • perda do tonus muscular; • efeitos sobre o SNC: convulsões, mudanças comportamentais; • hiperplasia da tireóide; • tumores pulmonares; • alterações cromossômicas