Bruno de Oliveira Fonseca Liga de Diabetes UNIUBE 11/06/2012 Síndrome caracterizada pela gestação associada à hiperglicemia, devido a um defeito absoluto ou relativo na secreção de insulina ou um defeito em sua ação. 1909: 1922: Insulina humana 1970: Mortalidade materna: 45% Perdas fetais:65% Mortalidade materna: < 2% Mortalidade fetal: 3% • Importante principalmente nos diabetes tipos I e II • Orientar quanto às alterações metabólicas normais da gestação • Avaliar e informar os riscos relacionados ao diabetes e à gestação • Controle glicêmico estrito visando valores de hemoglobina glicada < 6. 1o Trimestre: poucas necessidades calóricas. Organismo materno: conserva glicose e há formação de tecido gorduroso e glicogênio hepático. Maior produção de insulina (anabólica): ação do Estrogênio e Progesterona Alterações metabólicas na gestante normal • 2 e 3o Trimestres: Aumento das necessidades energéticas Aumento da resistência periférica à insulina (catabólica) ( Aumento do hPL, peptídeos placentários e cortisol ) Diminuição dos depósitos de glicogênio hepático Aumento da produção de glicose e gordura Consulta pré-concepcional Riscos Maternos Riscos Fetais HAS Retinopatia Nefropatia ( IRC/ Pré-Eclâmpsia) Bacteriúria assintomática PNA Malformações fetais* Macrossomia Polidrâmnio Hipoglicemia SDR Óbito fetal * Cardiovasculares, sistema nervoso central, gastrintestinal, geniturinário e musculoesquelético Hipertensão Arterial • Complicação frequente • • Relacionada ao tipo do diabetes: Tipo I – Dç renal preexistente Tipo II – Sd. Metabólica Associa-se a maior risco de doença cardiovascular, retinopatia e nefropatia Retinopatia diabética • Relacionada à duração do diabetes • Pode se agravar durante a gestação e no 1º ano pós parto ( Gestante deve ser avisada na consulta pré-concepcional) • Necessário avaliação de retina com exame de fundo de olho - Se retinopatia – indicada fotocoagulação a laser • Controle glicêmico e pressórico – estabilização da retinopatia Nefropatia diabética • Principal causa de IRC • Na gestação pode ocorrer aumento significativo da proteinúria. (Gestante deve ser avisada na consulta pré-concepcional) • • Necessita avaliação do clearance de creatinina e taxa de filtração glomerular na presença de macroalbuminúria. Controle glicêmico e pressórico – melhor forma de evitar evolução DM1 : deficiência completa da secreção de insulina por destruição das células pancreáticas DM2: deficiência na secreção e ação da insulina predominando a resistência periférica à insulina DM gestacional : na gestação há aumento tanto na resistência periférica à insulina quanto na produção de insulina, assim quando a função pancreática não é suficiente para vencer essa resistência ocorre o DMG. Classificação do DM diagnosticado na gestação* DM pregresso desconhecido: Apresenta na 1ª consulta 1 dos critérios para diagnóstico de diabetes fora da gravidez: a) Glicemia de jejum > 126mg/dL. b) Hemoglobina glicada > 6,5%. c) Glicemia ocasional > 200mg/dL. DM Gestacional: Valor da glicemia de jejum na 1ª consulta entre 92 e 125mg/dL * International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups, 2010 0,2% das gestações 0,3% das gestações Chegará a 17% das 8% das gestações gestações (HAPO) • • • Hyperglycemia and Adverse Pregnancy Outcome (HAPO) N Engl J Med 2008 Prospectivo, observacional, multicêntrico e cego 25.000 gestantes Observou correlação positiva entre glicemia de jejum, 1ª e 2ª hora pós TTGO de 75gr com: - peso do recém-nascido - hipoglicemia neonatal - percentual de gordura corporal do RN Glicemia de jejum na 1ª consulta pré-natal. Interpretação dos valores de glicemia em jejum na 1ª consulta SOCIEDADE International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups VALORES Interpretação/Conduta > 126mg/dL Diabetes mellitus pregresso 92-125mg/dL Diabetes gestacional < 92mg/dL Realizar teste de tolerância oral à glicose de 75g entre 24 e 28 semanas Teste de tolerância à glicose oral (TTGO) de 75g Ingestão de 75g de glicose anidra diluída em 100 a 200 ml de água e medidas de glicemia de jejum, após 1 e 2 horas de ingestão da glicose. Deve ser realizado entre 24 e 28 semanas para as pacientes que ainda não tiveram diagnóstico de Diabetes (gestacional ou não) firmado. Valores do TTGO para diagnóstico de diabetes gestacional Jejum > 92mg/dL 1 hora > 180mg/dL 2 horas >153mg/dL 2010 - International Association of Diabetes and Pregnancy Study Groups 2011 – American Diabetes Association Seguimento pré-natal Consultas frequentes com intervalos entre 7 e 21 dias dependendo do controle glicêmico e das complicações maternas Controle dos níveis glicêmicos Exames de rotina de pré-natal (sangue e urina) Proteinúria 24 horas, Uréia, Creatinina, clearance de creatinina Ecocardiograma fetal a partir da 20° semana Hemoglobina glicosilada 6/6 semanas Rastrear cardiopatia isquêmica Eletrocardiografia Ecocardiografia ( se DM com vasculopatia) Fundo de Olho Seguimento pré-natal CTG: a partir da 30° semana de gestação de 3/3 dias. Se internada diariamente. Ultrassom do 1° trimestre: para datar a gestação e para avaliação da translucência nucal. Seguimento pré-natal Ultrassom do 2° trimestre: morfológico Seguimento pré-natal Ultrassom do 3° trimestre Visa à euglicemia Dieta: fracionada em 6 refeições, sendo 40 a 50% de carboidratos, 30 a 35% de lipídeos e 15 a 20% de proteínas. Exercícios físicos: podem trazer benefícios em DM2 e DMG, mas em DM1 pode levar à hipoglicemia. Insulina – NPH e Regular Dose de NPH: - DMG: 0,4 a 0,5 U/Kg/dia divididos em 50% pela manhã, 25% no almoço e 25% a noite. - DM2 que não usava insulina: 0,5 a 0,6U/Kg/d no 1° trimestre; 0,7 a 0,8U/Kg/d no 2° trimestre e 0,9 a 1 U/Kg/d no 3° trimestre divididos em 3 doses. Hipoglicemiantes orais: Gliburida e a metformina mostram-se seguras em alguns estudos porém necessitam estudos maiores para uso rotineiro. TRABALHOS CIENTÍFICOS: Hellmuth E, Damm P, Molsted-Pedersen L. Oral hypoglycaemic agents in 118 diabetic pregnancies. Diabet Med 2000; 17(7): 507-11 Elliott BD, Schenker S, Langer O, Johnson R, Prihoda T. Comparative placental transport of oral hypoglycemic agents in humans: a model of human placental drug transfer. Am J Obstet Gynecol 1994; 171(3): 653-60 Tratamento Insulina lispro: Empregada na gestação desde 1996. Mostra-se relativamente segura, com passagem transplacentária mínima e sem evidências de teratogenicidade. TRABALHO CIENTÍFICO: Wyatt JW, Frias JL, Hoyme HE, et al. Congenital anomaly rate i offspring of mothers with diabetes treated with insulin lispro during pregnancy. Diabet Med 2005; 22(6): 803-7. Monitorização glicêmica: Em 40 semanas - se há bom controle glicêmico e sem repercussões fetais. Antecipado - se nefropatia diabética importante, retinopatia proliferativa, dificuldade de controle metabólico, sinais de sofrimento fetal. Mas raramente antes de 37 semanas. Insulina NPH: ¼ a ½ da dose Controle Soro com dextro de 2/2 horas Glicosado 5% Manter a glicemia em torno de 100mg/dL Parto vaginal: Via preferencial Cesariana: Se contra-indicações como peso fetal superior a 4.000g. Controle glicêmico: 4/4 horas DMG: Insulina suspensa e dieta livre Consulta 7 e 40 dias pós-parto Avaliação metabólica Encaminhada à Endocrinologia DM1: Retornam os esquemas de insulina pré-gravídico ou reduz à metade a dose do final da gestação. DM2: Retornam os hipoglicemiantes orais ou reduz à metade a dose de insulina do final da gestação.