11.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( X ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA EM PARASITOLOGIA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, NA CIDADE DE PONTA GROSSA, PARANÁ 1 HIRT, Cleide MINÉ, Júlio César 2 BORBA, Luciana Maria 3 MACIEL, Margarete Aparecida Salina 4 SIMIONATTO, Mackelly RESUMO – Dentre os principais agravos infecciosos destacam-se as doenças parasitárias, um grave problema de saúde pública com prevalência maior em regiões sócio-economicamente desfavorecidas. As enteroparasitoses podem afetar o equilíbrio nutricional, pois interferem na absorção de nutrientes, induzem sangramento intestinal, reduzem a ingestão alimentar e ainda podem causar complicações significativas, como obstrução intestinal, prolapso retal e formação de abscessos, em caso de uma superpopulação, podendo levar o indivíduo à morte. A susceptibilidade às enteroparasitoses varia, dentre outros fatores, com as condições econômicas da população. Com o objetivo de fornecer a avaliação diagnóstica referente às enteroparasitoses aos alunos de uma instituição educacional no município de Ponta Grossa, Paraná, foram realizados, por meio das técnicas de Machado (centrífugo-flutuo-sedimentação dos elementos parasitários em contato com solução de sulfato de zinco) e de Hoffman, Pons e Janer (sedimentação espontânea dos elementos parasitários em suspensão fecal filtrada), 24 Exames Parasitológicos de Fezes. O número reduzido de amostras se deve ao fato da redução do número de internos no referido Instituto. Mesmo assim a frequência de enteroparasitos encontrada foi de 50% sendo que em seis amostras detectaram-se associação entre dois, três ou quatro parasitos intestinais. Os enteroparasitos mais frequentes foram, Entamoeba coli e Endolimax nana, que muito embora sejam considerados protozoários não patogênicos, denotam o consumo de água ou alimentos contaminados com detritos fecais. Em relação aos parasitos patogênicos, Ascaris lumbicoides, Trichuris trichiura e Giardia lamblia foram os mais frequentes. Dois alunos que se apresentavam parasitados estavam também com discreta anemia. Diante desses resultados, medidas que envolvem a prática da educação em saúde e para a saúde devem estar a serviço da comunidade, visando o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida desses estudantes, bem como o acompanhamento do estado de saúde dos mesmos. Apoio: SETI/Fundação Araucária. PALAVRAS CHAVE – Enteroparasitoses. Exame Parasitológico de Fezes. Saúde. 1 Estudante do 5° ano do Curso de Farmácia da UEPG, bolsista extensionista pelo Programa de Apoio a Ações Afirmativas para Inclusão Social em Atividades de Extensão – BEC (SETI/Fundação Araucária), [email protected] 2 Doutora, Professora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UEPG. 3 Doutora, Professora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UEPG. 4 Mestre, Professora do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da UEPG. 11.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido 2 Introdução As doenças parasitárias (causadas por protozoários e helmintos) estão correlacionadas problemas de Saúde Pública de primeira grandeza nos países em desenvolvimento. Afetam principalmente populações em situação de carência socioeconômica, mas também, indivíduos com alguma deficiência imunológica (crianças, gestantes, idosos e indivíduos com graves patologias infecto-metabólicas) e aqueles que vivem em ambientes de precárias condições de saneamento básico (UCHOA, 2001). Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que 3,5 bilhões de pessoas são portadoras de parasitoses, e destas, 450 milhões apresentam-se doentes, sendo a maioria crianças. (MONTRESOR et al, 2002). No Brasil, as doenças parasitárias são bastante frequentes, especialmente entre crianças e as principais consequências são: diarreia, má absorção de nutrientes, anemia ferropriva e dificuldades no que diz respeito ao aprendizado intelecto-motor (KUNZ et al., 2008). Em decorrência de seus hábitos higiênicos, muitas vezes inadequados, e da não maturidade imunológica, as crianças em idade escolar são as mais atingidas e prejudicadas pelas doenças parasitárias (BARATA, 2000; MORRONE et al., 2004). Vários estudos sobre esse tema têm sido conduzidos no Estado do Paraná e mostram frequências de enteroparasitoses bastante diversificadas, mas sempre consideráveis do ponto de vista epidemiológico: no Centro de Educação Infantil do distrito Águas de Jurema, em Iretama-PR, onde estudam crianças de 0 a 5 anos, encontrou-se frequência de parasitos intestinais de 43,74%, sendo o parasito patogênico mais incidente a Giardia lamblia (31,25%) (MAMUS et al, 2008); Em uma comunidade do município de Guarapuava, amostras de fezes analisadas de crianças e adolescentes de 0 a 15 anos apresentaram 60,59% de positividade, sendo os parasitos mais frequentes a Giardia intestinalis (50,73%) e o Ascaris lumbricoides (15,27%) (PITTNER et al, 2007); Em um bairro carente de Londrina, MARQUES et al.(2002) encontraram positividade no exame Parasitológico de Fezes de 67% das crianças desse bairro e o protozoário não patogênico Endolimax nana foi o mais prevalente (24,2%); em Ponta Grossa num estudo conduzido no ano de 2011 por TEIXEIRA, BRITO e BORBA, 23,48% dos estudantes de Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) estavam parasitados e os parasitos mais diagnosticados foram Giardia lamblia (30,6%) e Entamoeba coli (29,8%). Objetivos Com o objetivo fornecer a avaliação diagnóstica relacionada às parasitoses intestinais , por meio da realização de Exame Parasitólogico de Fezes, aos alunos de uma instituição educacional na cidade de Ponta Grossa, Paraná, desenvolveu-se este projeto de Extensão Universitária. Ainda, de acordo com a avaliação diagnóstica, propõe-se realização de promoção de medidas de Educação em Saúde para contribuir com a diminuição da frequência das enteroparasitoses entre os escolares. Metodologia O trabalho foi realizado, durante o ano de 2012, com alunos internos e semi-internos de uma instituição educacional, no município de Ponta Grossa, no estado do Paraná. Tal Instituto atende crianças e adolescentes que apresentam dificuldades socioeconômico-familiares com média de idade de 11,2 anos. Para a coleta das amostras fecais foram distribuídos coletores universais e após a colheita do espécime fecal, o mesmo foi conduzido e analisado no Laboratório de Parasitologia do Laboratório Universitário de Análises Clínicas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (LUAC – UEPG). Os exames Parasitológicos de Fezes foram executados pelos alunos (graduandos de Farmácia), professores e técnicos participantes do Projeto de Extensão Universitária supracitado . Foram utilizados os métodos qualitativos de Machado, cujo princípio é a centrífugo-flutuo-sedimentação dos elementos parasitários em contato com solução de sulfato de zinco e o de Hoffman, Pons e Janer que tem como princípio metodológico a sedimentação espontânea dos elementos parasitários em suspensão fecal filtrada. 11.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido 3 Resultados Foram realizados 24 Exames Parasitológicos de Fezes por meio das metodologias anteriormente citadas. O número bastante reduzido de amostras é se deve ao fato da redução do número de internos na instituição, fruto de novas decisões judiciais que visam o retorno da criança e/ou adolescente ao convívio familiar. Do total de amostras, 12 (50%) apresentaram-se positivas para enteroparasitos, sendo que 10 apresentaram-se positivas para protozoários (em verde) e quatro para helmintos (em azul), cuja distribuição de espécies está disposta na Figura 01. Houve associação de parasitos intestinais, mostrada na Figura 02, em 6 amostras. A associação mais frequente foi entre os helmintos Trichuris trichiura e Ascaris lumbricoides. Essa associação parasitária é bastante frequente devido ao ciclo biológico desses geo-helmintos estar relacionado com a via oro-fecal de transmissão. Figura 1 – Frequência de Enteroparasitos em alunos de uma instituição educacional de Ponta Grossa – PR, 2012. Figura 02: Associação de enteroparasitos em alunos de uma instituição educacional de Ponta Grossa – PR, 2012. Com relação aos enteroparasitos mais frequentes nesse estudo observa-se as espécies de amebas não patogênicas Entamoeba coli e Endolimax nana, que mesmo não causando doença parasitária no indivíduo são indicativos de contaminação fecal da fonte alimentar e/ou da água de consumo. A distribuição dos protozoários em relação ao total de amostras positivas é mostrada na Figura 03. 11.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido 4 Figura 03: Distribuição dos protozoários parasitos em alunos de uma instituição educacional de Ponta Grossa – PR, 2012. Dois alunos que se apresentaram parasitados eram portadores de anemia discreta. A alta frequência de parasitos encontrados nesse estudo chama atenção e vai de encontro aos índices observados em estudos conduzidos no Estado do Paraná sobre frequência de enteroparasitoses. Segundo COSTA-MACEDO (1999), a prevalência de parasitoses intestinais está intimamente associada às precárias condições sócio-econômicas e ambientais. Tal afirmação pode ser reforçada quando analisada a situação de saneamento da região em que residem essas crianças, bem como a ausência de medidas profiláticas presentes no cotidiano das famílias. Para a redução dos índices de enteroparasitas, a melhoria da educação sanitária é condição essencial. Sendo assim, torna-se imprescindível o investimento em educação para a melhoria da qualidade e das condições de vida desses alunos. (ORLANDINI e MATSUMOTO, 2009). Conclusões Diante dos resultados apresentados, é patente que na população estudada há uma preocupante frequência de indivíduos parasitados. Mesmo que em 50% dos casos haja parasitose por protozoários não patogênicos, devem-se envidar esforços para que medidas de educação em saúde estejam disponíveis a esses alunos com o intuito de reduzir o índice de parasitoses entre eles. Assim, terão plena capacidade de desenvolver-se intelectualmente e com boa qualidade de vida. Referencias BARATA, R. B. Cem anos de endemias e epidemias. Ciência & Saúde Coletiva, v. 5, n. 2, p. 333345, 2000. COSTA-MACEDO L.; COSTA M. C. E.; ALMEIDA, L. M. Ascaris lumbricoides in infants: a population-based study in Rio de Janeiro, Brazil. Cad Saude Publica, v. 15, n. 1, p. 173-8, 1999 HOFFMANN W. A., PONS J. A., JANER J. L. The Sedimentation – concentration method in Schistosomiasis mansoni. Journal Publ. Hlth, Puerto Rico., 9:281-298, 1934. KUNZ, J. M. O. et al. Parasitas intestinais em crianças de escola municipal de Florianópolis, SC–Educação ambiental e em saúde, Biotemas v. 21, n. 4, p. 157-162, 2008. ISSN 2175-7925. MAMUS, C. N. C.; MOITINHO, A. C. C.; GRUBE, C. C.; et al. Enteroparasitoses em um Centro Educacional Infantil do Muncípio de Iretama/Pr. SaBios: Revista Saúde e Biol., Campo Mourão, v. 3, n. 1, p. 39-44 jan./jun. 2008. 11.° CONEX – Apresentação Oral – Resumo Expandido 5 MARQUEZ, A. S.; HASENACK, B. S.; TRAPP, E. H.; et al. Prevalência de enteroparasitoses em crianças de um bairro de baixa renda de Londrina – Paraná. Ver. Ciências Biológicas e Saúde, Londrina, n. 4, p. 55-59, 2002. MONTRESOR A.; CROMPTON, D. W.; GYORKOS, T. W.; SAVIOLI, L. Helminth control in schoolage children: a guide for managers of control programmes. Geneva: WHO; 2002. MORRONE, F. B. et al. Study of enteroparasites infection frequency and chemotherapeutic agents used in pediatric patients in a community living in Porto Alegre, RS, Brazil. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 46, n. 2, p. 77-80, 2004. ISSN 0036-4665 ORLANDINI, M. R.; MATSUMOTO, L. S. PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS EM ESCOLARES. Monografia de Conclusão de Curso – Universidade Estadual do Norte do Paraná, 2009. PITTNER, E.; MORAES, I. F.; SANCHES, H. F.; et al. Enteroparasitoses em Crianças de uma Comunidade Escolar na Cidade de Guarapuava, PR. Revista Salus, Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 97100, jan./jun.2007. UCHÔA, C. et al. 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