40 Diário Económico Quinta-feira 25 Janeiro 2007 Saúde Universidades Advogados Carreiras Inovação & Tecnologia Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Carreiras PUB RECRUTAMENTO GESTÃO As pessoas certas para avaliar competências em engenharia Desenvolver a capacidade de fazer fusões e aquisições ■ O mercado tinha uma lacuna, diz a Michael Page Portugal, por isso, a partir de agora, a empresa de assessoria em recrutamento e selecção de quadros médios e superiores apresenta uma nova divisão dedicada ao campo da engenharia. Na Michael Page Engineering & Property, os consultores também são oriundos da esfera da engenharia. ■ O ‘private equity’, as exigências dos investidores e a globalização, são as forças que reformulam o espaço dinâmico das fusões e aquisições. Esta é uma das conclusões do relatório “Corporate Fight Back: five disciplines to win in M&A”, da Deloitte. O estudo revela que os gestores são frequentemente “vencidos” pelos investidores privados. Ana Rita Guerra [email protected] Se mais gestores utilizassem este método para lidar com as suas equipas de trabalho, Portugal não estaria na cauda dos ‘rankings’ de produtividade. E haveria muito menos profissionais a queixar-se dos seus colegas. O facto é que nem todos gostamos de nos levantar bem cedo e começar a trabalhar quando o cheiro do café ainda nem invadiuoscorredoresdaempresa. Há pessoas vespertinas, há quem deteste chegar atrasado, há quem deixe tudo para a última hora. E há quem não aceite pacificamente que os colegas deixem tudo para a última hora. Embora ninguém se identifique inteiramente com os estereótipos, é possível perceber quais as tendências mais fortes de cada personalidade e aprender a tirar partido delas. Como? Muitas empresas recorrem ao trabalho de duas norte-americanas Katharine Briggs e a filha Isabel Briggs Myers -, que por alturas da Segunda Guerra Mundial construíram uma plataforma de análise, a que deram o nome de “Myers-Briggs Type Indicator” (MBTI). Sofia Calheiros, directora associada da Conceito O2 (uma das poucas empresas portuguesas que têm profissionais certificados em MBTI), explica que “as equipas e as pessoas podem passar a ser muito mais eficientes, porque mais tolerantes e capazes de aproveitar as suas complementaridades”, após a aplicação deste tipo de testes. Mas Sofia Calheiros adverte, no enPUB PORQUE HÁ PESSOAS que não cumprem prazos ou não têm ideias O que fazer com este perfil? tanto, que “não é por fazer o teste que se evolui”. O mais importante é “o desenvolvimento que se faz a partir dele e, isso, pode requerer várias sessões individuais e em equipa”. O caso da Microsoft Poucas empresas em Portugal são tantas vezes classificadas como exemplares, não só em tácticas de gestão mas também em sucesso nos indicadores de ‘performance’, como a subsidiária portuguesa da Microsoft. Há cerca de ano e meio, numa reunião da divisão Business and Marketing Organization, surgiu a ideia de realizar um testeMyers-Briggsdentroda equipa, para melhorar os índices de’ performance’. Carlos Lacerda, director da divisão, já tinha contactado com a metodologia na casamãe e achou que valia a pena seguir a sugestão. A estrutura europeia da Microsoft pensou o mesmo, e até aceitou financiar a iniciativa na sua quase totalidade. Mas o grupo de 20 profissionais não se limitou a seguir os padrões MBTI. Realizou uma auditoria prévia, submeteuse a ‘coaching’ individual e de equipa, procedeu a várias avaliações e realizou testes comparativos. Nofinaldoprocesso,quedemorou mais ou menos um ano a ser concluído, a divisão sentiu progressos tão significativos que levantou a possibilidade de estender o processo a toda a Microsoft Por- tugal. “Criámos um projecto cujo objectivo era aumentar a coesão da equipa, a qualidade do trabalho em conjunto”, continua Carlos Lacerda, qualificando os resultados como “excelentes”. Conhecer e agir Um dos pontos mais importantes a reter é que não basta olhar para os resultados e Quinta-feira 25 Janeiro 2007 Diário Económico 41 CARREIRAS O QUE SIGNIFICAM AS SUAS PREFERÊNCIAS 1 Introversão /Extroversão (’Introvert/Extravert’) ■ Refere-se às atitudes e mostra como uma pessoa orienta e recebe a sua energia. Na atitude extrovertida, a pessoa coloca o seu foco no outro e nas coisas. Os introvertidos focam-se nos seus próprios pensamentos e impressões. compreendê-los. Será necessário agir em função deles. Perceber que não há comportamentos certos e errados. Sofia Calheiros sublinha que “ambos os pólos de uma preferência são igualmente válidos, cada um na sua esfera”. Carlos Lacerda concorda que um dos principais benefícios do método é o “conhecimento das diferenças e o desenvolvimento da sua aceitação”. Como é que isso pode dar um ‘input’ positivo à produtividade? Ao conhecer as características dos colegas, cada profissional aprende a tirar o melhor partido delas. Aquilo que antes era um factor de irritação - por exemplo um colaborador que se dispersa e não consegue entregar um plano dentro do prazo -, passa a ser tolerado, compreendido e contornado. Isto quando “a pessoa entende que aquele tipo de acção tem por trás o seu perfil” e, portanto, deixa de interpretar os comportamentos como hostis. O MBTI centra-se também no conhecimento que o profissional tem de si e das suas acções. “O principal benefício é fazermos uma disrupção na execução do dia-adia e pararmos para nos conhecer melhor, apercebermo-nos de que existem diferenças entre nós, e elas não são más, são interessantes”. O gestor considera mesmo 2 Razão /Emoção (’Thinking/Feeling’) 3 Sensação /Intuição (’Sensing/Intuition’) ■ Prende-se com a tomada de decisões. As pessoas racionais fazem escolhas baseadas no “verdadeiro ou falso” e na causa-efeito. As emocionais decidem com base em valores e avaliações subjectivas, no “mais ou menos” e no “melhor ou pior”. Quando os racionais ou emocionais são, ao mesmo tempo, extrovertidos, confiam nas fontes externas e aceitam regras e procedimentos. Se são introvertidos, confiam nas suas próprias ideias para se organizarem. ■ São as funções não Aquilo que era um factor de irritação – um colaborador que não consegue entregar um plano dentro do prazo –, passa a ser compreendido e contornado. qualidade de cada equipa não depende apenas do gestor, Carlos Lacerda afirma que o grupo tem de acreditar em si e nas suas capacidades. O gestor, neste processo, deve actuar como “facilitador”. Ainda de acordo com o responsável da Microsoft, qualquer tipo de organização poderá beneficiar com um processo desta natureza tanto empresas privadas como entidades públicas. “Acho que se atingiria um nível de produtividade maior”, confirma, referindo que esse patamar se atinge “porque as pessoas se integram melhor no ambiente”. Ainda assim, Lacerda adverte que este sistema “não é a solução para tudo” e que competirá depois à gestão e às equipas evoluir na rota que consideram correcta. “É só uma ferramenta de diagnóstico”, remata o gestor. Sofia Calheiros indica, igualmente, que “podem ser tomadas muitas acções em função dos objectivos do programa”, por exemplo, passar a treinar a resolução de problemas com novas metodologias ou adequar a liderança ao tipo de colaboradores que se comanda. E o retorno do investimento é garantido: “quando se trata de uma equipa de topo o impacto pode ser muito forte e ter um resultado elevadíssimo”. ■ que este conhecimento melhora o bem-estar pessoal e, portanto, facilita a interacção na equipa. Benefícios para os gestores As coisas tornam-se mais simples quando o responsável por um grupo sabe com que tipo de colaboradores está a lidar. Ciente de que a racionais, relacionadas com a forma como se processa a informação. As pessoas sensoriais concentram-se no presente e na informação concreta recebida pelo sentidos. As intuitivas centram-se no futuro, olhando para as possibilidades. Preferem receber dados através do subconsciente. Tipos de personalidade segundo Myers-Briggs Perfil O que diz sobre as suas atitudes Potencialidade profissional ESFJ ISTJ ESTJ ISFJ ESFP ENFP ISFP INFP ESTP ENFJ INFJ INTJ ISTP INTP ENTJ ENTP Extrovertido,Sensorial,Emocional,Avaliador Introvertido,Sensorial,Racional,Avaliador Extrovertido,Sensorial,Racional,Avaliador Introvertido,Sensorial,Emocional,Avaliador Extrovertido,Sensorial,Emocional,Compreensivo Extrovertido,Intuitivo,Emocional,Compreensivo Introvertido,Sensorial,Emocional,Compreensivo Introvertido,Intuitivo,Emocional,Compreensivo Extrovertido,Sensorial,Racional,Compreensivo Extrovertido,Intuitivo,Emocional,Avaliador Introvertido,Intuitivo,Emocional,Avaliador Introvertido,Intuitivo,Racional,Avaliador Introvertido,Sensorial,Racional,Compreensivo Introvertido,Intuitivo,Racional,Compreensivo Extrovertido,Intuitivo,Racional,Avaliador Extrovertido,Intuitivo,Racional,Compreensivo Vendedor/Fornecedor Cargoderesponsabilidadeedever,comopolícia Administrador/Supervisor Conservador/Segurança Animador Jornalista/Empreendedor/Desportista Artista Investigador/Médico Promotor/Publicitário Pedagogo Autor/Advogado Cientista Artesão/Escultor Arquitecto Cargodechefia Inventor/Inovador Fonte: Myers-Briggs Type Indicator 4 Avaliar /Compreender (’Judging/Perceiving’) ■ As pessoas que preferem avaliar gostam de organização e planeamento. Aqueles que apostam na compreensão são mais flexíveis e espontâneos. Os que avaliam com funções racionais ou emocionais extrovertidas, preferem prosseguir passo-a-passo, confiando nas regras que existem. São sobretudo sensoriais ou intuitivos de forma introvertida na forma como percepcionam. Os que usam mais a compreensão preferem deixar as opções em aberto. Benefícios ■ O uso dos tipos MBTI aumenta o conforto pessoal em relação ao estilo de trabalho de cada um. ■ Estrutura as diferenças normais existentes entre as pessoas, tais como estilo de comunicação, gestão do tempo ou estilo de supervisão que preferem. ■ Permite a identificação da nossa forma individual de desenvolvimento. ■ Providencia dados para análise da cultura organizacional. ■ Permite a compreensão da diversidade que existe nas empresas/equipas. Como se define o perfil ■ O teste de personalidade tem 93 perguntas, para identificar preferências pessoais. Diferencia-se de testes ‘standard’ porque classifica as pessoas conforme os seus tipos preferidos - os que se manifestam quando o indivíduo está no seu ambiente natural, sem ‘stress’ profissional. Ou seja, se uma pessoa é muito organizada no trabalho, mas em férias tem a casa virada ao contrário, então este é o seu tipo preferencial. A grelha de análise divide os perfis em dicotomias: extroversão/introversão, razão/emoção, sensação/intuição e avaliação/compreensão. Cada participante recebe um acrónimo de quatro letras, sendo que há 16 diferentes. Como passar da telefonista Chegar à fala com a pessoa que lhe interessa pode ser uma dor de cabeça. Basta dar um passo em falso para que uma telefonista ou secretária se tornem obstáculos inultrapassáveis. Para evitar os lacónicos “o senhor doutor não pode”, “não está”, ou “está em reunião”, basta seguir algumas técnicas. Se não conhece o seu interlocutor, o ideal é Evite frases agendar uma reunião. como: “se calhar Caso não seja possível, fale com uma voz segu- estou a ra, e nunca dê a enten- incomodá-lo” ou der que não conhece a pessoa em questão. Evi- “tem um minuto te frases como: “se ca- para mim?” lhar estou a incomodálo” ou “tem um minuto para mim?”. Se quiser a atenção da pessoa que está do outro lado da linha, deve ir directo ao assunto ou propor à partida voltar a ligar se estiver a falar num mau momento. Mais. Para evitar mal entendidos informe-se sobre o seu interlocutor e a empresa, e escolha o tom de voz e as palavras adequadas. Sobretudo, evite as pausas e não hesite em confirmar se o estão a ouvir com frases do género “está de acordo?” ou “o que pensa sobre este assunto?”. De qualquer modo, seja agradável e recorra ao humor. Ajuda a quebrar o gelo e até lhe pode abrir algumas portas. ■ Os mitos da liderança Quem disse que um líder tem de parecer o super-homem? Que tem de ter cara de mau, que não pode cometer erros e que, ainda por cima, tem de ter ar de chefe (se é que existe)? Nada disso. Para ser um bom líder, o que interessa é o que se faz e não o que se parece. Ou seja, deve-se ser carismático q.b., ter consciência das próprias limitações, “A equipa colhe saber ouvir e saber deos louros, legar. E, em caso algum deve-se ser autoritário o gestor recebe para impor respeito. as culpas.” Pelo contrário, quando um líder é realmente brilhante, as pessoas seguem-no sem saber porquê. Sempre que for preciso, “não tenha medo de arregaçar as mangas e intervir”. Trabalhar ao lado da equipa vai dar-lhe uma boa perspectiva da relação com o cliente e torná-lo mais disponível e confiável aos olhos dos seus colaboradores. Sobretudo, saiba escolher a pessoa certa para a tarefa certa. Isto é, não escolha um colaborador para desempenhar uma determinada tarefa, pelo simples facto de que está disponível. Mais. Quando considerar que o desempenho de um elemento da equipa é insuficiente, diga-o. Pelo contrário, quando o trabalho for bom, não hesite em atribuir os louros aos seus colaboradores. Lembre-se sempre da máxima que diz que “a equipa colhe os louros, o gestor recebe as culpas”. Faz parte. ■ Fonte: “O gestor brilhante”, de Nic Peeling, Editorial Presença.